1. Nova Época
31 de Agosto
de 2014
Preço: R$ 3,00
Solidário: R$ 5,00
Dossiê
Palestina
Porta-voz do Comitê
Revolucionário Operário
e Juvenil pela
Autoorganização
(CROJA)
Aderente da FLTI Coletivo
pela IV Internacional
c o m i t e p e l a r e f u n d a c a o i v @ y a h o o . c o m . b r - c o m i t e p e l a r e f u n d a c a o i v . b l o g s p o t . c o m -
l u t a p e l a b a s e 2 0 1 3 @ g m a i l . c o m - h t t p s : / / w w w . f a c e b o o k . c o m / C o m i t e P e l a R e f u n d a c a o I V
O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA
ANTES DE 1946 PLANO DA ONU DE 1947 1949-1967 2010
O sionismo, sustentado pela cova de bandidos da ONU e do imperialismo ianque, invade e ocupa
a nação palestina, massacrando e expulsando de sua terra a operários e camponeses
5-8-2014 Apresentação
Npublicadas o s e g u i n t e d o s s i ê e s p e c i a l f o r a m uma seleção de artigos
históricos sobre a questão Palestina. O
leitor encontrará um artigo intitulado “A revolução palestina
e a teoria-programa da revolução permanente” que trata
sobre a revolução palestina do ano 2000, uma polêmica
sobre a suposta “classe operária israelense” e o artigo
chamado “Párias em sua própria terra” que demonstra
como se impôs na história o estado sionista-fascista de
Israel como gendarme do imperialismo na região.
Nesse último artigo, o leitor entenderá o processo
de formação desse “porta-aviões” do imperialismo que é o
estado de Israel, entrando a sangue e fogo na região,
expulsando as massas palestinas de suas terras,
provocando sua diáspora, condenando-as a viver em
campos de refugiados no Líbano, na Síria e na Jordânia,
ou ficando confinados nesses verdadeiros campos de
concentração que são Gaza e Cisjordânia.
Mas, as massas palestinas nunca aceitaram viver
nessas condições. Sempre lutaram e resistiram como
puderam contra o ocupante sionista. Desde os campos de
concentração na Jordânia nos anos 70 começaram um
levantamento que foi massacrado pelo exército jordano
sob o mando do rei Hussein naquele país, deixando mais
de 20 mil mortos. Outro massacre perpetrado às massas
palestinas deu-se em 1982 no Líbano, nos campos de
refugiados de Sabra e Chatila, nas mãos da burguesia
maronita libanesa com a cumplicidade do exército sírio
que também estava no Líbano, e com a participação do
exército sionista, que ingressou no Líbano e ocupou o sul
desse país até o ano 2000.
Mas, apesar dos massacres e dos confinamentos
nos campos de concentração de Gaza e Cisjordânia, as
massas palestinas nunca se renderam perante o ocupante
sionista e sempre se negaram a reconhecê-lo. Foi assim
que, nestes verdadeiros guetos, em 1987 começou a
denominada “Intifada”, quer dizer, a resistência das
massas palestinas contra o estado sionista-fascista de
2. 2
Israel na última linha, sem mais armamento do que
pedras – que era o que tinham em abundância – contra o
quinto exército com maior poderio militar do mundo.
A burguesia palestina da OLP, que tinha se
colocado na frente destes movimentos, manteve seus
organismos armados e manteve todo seu armamento e
arsenal separado das massas. Cuidou muito bem de que
as massas ficassem desarmadas nos enfrentamentos
contra o sionismo. Porque só pretendia ser uma
burguesia administradora dos campos de concentração
de Gaza e Cisjordânia e não a destruição de Israel e a
libertação das massas palestinas. E isso se viu quando,
depois da derrota sofrida no Iraque à imposição da
invasão de Bush pai em 1993, Yasser Arafat – líder da
OLP naquele momento – se reuniu em Oslo com o
primeiro ministro israelense, sob o comando do
imperialismo, e assinou um pacto que reconhecia o
Estado de Israel e colocava a existência de dois estados
na Palestina.
A OLP então acabou reconhecendo o estado de
Israel e aceitou o plano de “dois estados”, mas as massas
palestinas nunca fizeram isso. Nem reconhecem o
estado de Israel, nem aceitaram os acordos de Oslo e o
plano de dois estado, por isso foram contra os que o
queriam impor em seu interior – a OLP e a burguesia
palestina –, as massas se levantaram novamente no ano
2000 contra o invasor sionista. Mas desta vez, foram
buscar as armas para enfrentá-lo. Para isso assaltaram
as delegacias da OLP. Isso significa que as massas
passavam da resistência para entrar em revolução, já
que com suas ações independentes derrubaram o
controle da burguesia palestina, se armavam e jogavam
fora o plano dos “dois estados”. Enquanto, as massas
palestinas no sul do Líbano se insurrecionavam e
expulsavam o invasor sionista dali.
Foi uma grandiosa revolução das massas
palestinas no ano 2000, que passavam da resistência à
revolução, que foi depois esmagada por um golpe
contrarrevolucionário direto do sionismo, sob o comando
do imperialismo e, sobre essa base, tentar impor às
massas palestinas o plano dos “dois estados”.
Mas, as massas palestinas continuaram – e no dia
Palestinos despejados de suas terras
de hoje ainda continuam – sem render-se, sem submeter-se
ao plano dos “dois estados” e sem reconhecer o
estado de Israel. O demostraram no ano 2006 quando
derrotaram ao exército sionista no sul do Líbano. O
demonstraram quando nesse ano e no ano seguinte
começaram a não aceitar o submetimento à OLP,
movimento que foi canalizado pelo Hamas em Gaza e
pela frente popular do stalinismo apoiando a OLP e
reconhecendo o estado de Israel na Cisjordânia. O
demonstraram quando se negaram a assinar o
reconhecimento do estado de Israel, ainda depois de
anos de cerco a Gaza e ainda depois do massacre como
foi o Chumbo Fundido de 2008. As massas palestinas
sempre se mantiveram na resistência contra o ocupante
sionista.
Isso se vê hoje: as massas palestinas resistindo o
massacre e a ofensiva do sionismo, sob o comando do
imperialismo. E assim como
acontecera no ano 2000, é
preciso passar da resistência à
revolução! É preciso tirar de cima
as burguesias palestinas que
reconhecem o estado de Israel e
buscam pactuar com ele e aplicar
o plano dos “dois estados”! É
preciso conquistar o armamento
generalizado para enfrentar o
sionismo, e fazê-lo desde todas
as frentes! Guerra total contra o
o c u p a n t e s i o n i s t a ! P e l a
destruição do estado sionista-fascista
de Israel! Por uma
Palestina livre, laica, democrática
e não racista com capital em
Jerusalém! É preciso levar a
revolução ao triunfo sobre a base
da expulsão do estado sionista do
rio Jordão até o mar!
Acampamento de refugiados palestinos expulsos de suas terras pelo sionismo em 1948
3. O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA 3
Reproduzimos aqui extratos de um artigo publicado originalmente em Democracia Obrera Nº 11 da Argentina, do
dia 16 de abril de 2002, no momento que havia começado a ofensiva contrarrevolucionária que, na forma de guerra de
extermínio, o Estado de Israel lançara naquele momento para esmagar a sangue e fogo a heroica resistência palestina
iniciada no ano 2000. Neste artigo, o leitor poderá encontrar a definição de nossa corrente sobre o caráter da luta
nacional do povo palestino, qual é a sua força motora, e qual foi a mecânica da revolução e da contrarrevolução na
Palestina a princípios do século XXI.
Abril 2002
A REVOLUÇÃO PALESTINA E A TEORIA-PROGRAMA DA REVOLUÇÃO
Anacional longa luta do povo palestino por sua libertação contra o Estado sionista-fascista de
Israel que, como gendarme do imperialismo,
ocupou e usurpou a Palestina em 1948, é a expressão labiríntica
da luta de uma das classes operárias mais exploradas do mundo
para acabar com as condições inauditas de superexploração às
quais tem sido submetidas pelo imperialismo, o sionismo, e
também pelos capachos das burguesias árabes.
A força motora da luta nacional do povo palestino, que
manteve essa luta viva durante mais de 50 anos, são a classe
operária e os camponeses palestinos. Pelo contrário, a
burguesia nacional palestina e outras burguesias árabes do
Oriente Médio, sócias menores do imperialismo na exploração
e submissão de suas próprias classes operárias e povos,
entregaram a luta nacional do povo palestino, estabeleceram
pactos e acordos com o Estado de Israel e o imperialismo,
jogando um papel de controlar e manter submetido o povo
palestino – como a burguesia síria e libanesa no Líbano, e a
jordana, que exploram e oprimem milhões de trabalhadores
palestinos que vivem nesse países em acampamentos de
refugiados – e utilizando essa luta como moeda de troca nos
negócios com o imperialismo por sua taxa na renda petroleira,
como as burguesias egípcia, iraniana, iraquiana, etc.
Demonstra assim que a classe operária é a única
classe verdadeiramente nacional, a única interessada em
destruir o Estado de Israel e recuperar a terra palestina
usurpada, a única que pode levar até o final – acaudilhando
os camponeses e o conjunto da nação oprimida – a luta
contra o Estado de Israel e o imperialismo, porque não têm
nenhum interesse que as ate a eles. A luta pela libertação
nacional, pela destruição do Estado Sionista e a conquista
do estado palestino laico, democrático e não racista, está
indissoluvelmente ligada à revolução social, à expropriação
de sua própria burguesia nacional e ao imperialismo que a
sustenta.
A MECÂNICA DA REVOLUÇÃO PALESTINA:
DA REVOLTA À REVOLUÇÃO
Esta forma labiríntica – da luta de libertação nacional –
que o combate da classe operária e os explorados palestinos
adquiriu desde a imposição do Estado de Israel em 1948, se
expressou, desde meados dos anos 80 e até princípios dos '90,
no que se chamou a “Intifada”.
A “Intifada” foi uma revolta, isto é, uma enorme luta
política de massas, mas defensiva, protagonizada pela classe
operária e os explorados palestinos que resistiram
historicamente, “na última trincheira”, as condições inauditas
de superexploração e de escravidão impostas a sangue e fogo
pelo Estado de Israel, enfrentando-se diariamente nas ruas,
armados só com pedras, com as tropas genocidas do exército
israelense, massas cercadas e entregues a cada passo por Arafat
e a OLP.
Os acordos contrarrevolucionários de Oslo, impostos
em 1993, tiveram o objetivo de submeter a Intifada e impedir
que essa persistente resistência acabasse por transformar-se em
revolução aberta. Conseguiram impor às massas palestinas sob
a base do triunfo contrarrevolucionário conquistado pelas
potências imperialistas com a derrota militar e a destruição do
Iraque com os bombardeios na guerra do Golfo em 1991, que
foi um duro golpe assentado às massas palestinas e à luta
antiimperialista dos trabalhadores e dos explorados de todo
Oriente Médio.
Ainda assim, esse triunfo contrarrevolucionário não foi
suficiente para esmagar a luta da classe operária e do povo
palestino, mas sim para submeter sua heroica resistência e
permitir que Arafat e a burguesia nacional palestina
impusessem os acordos de Oslo sobre a base de promessas
demagógicas acerca de um futuro “estado palestino”,
entregando expressamente a bandeira histórica da luta pela
destruição do Estado de Israel e por uma Palestina laica,
democrática e não racista, reconhecendo ao Estado de Israel e
aceitando transformar-se em gendarme e carcereiro de seu
próprio povo.
Assim se impôs a farsa dos “territórios autônomos”
controlados por Arafat e a polícia palestina. A presença
imperialista direta no Oriente Médio, o estado gendarme de
Israel, as burguesias síria e jordana que submetem o povo
palestino no Líbano e Jordânia, acrescentou-se um novo
mecanismo de coerção contra as massas palestinas: a
Autoridade Nacional Palestina e sua polícia, encarregadas de
garantir que a classe operária e o povo palestino vivam nesses
campos de concentração que são os territórios autônomos, para
que pudessem continuar sendo utilizadas como mão de obra
escrava pela burguesia sionista, os monopólios imperialistas e
as burguesias árabes, e que a própria burguesia palestina ficasse
com uma fatia dessa exploração. Esse foi o dispositivo de
controle que funcionou até setembro de 2000.
Foi precisamente contra esse dispositivo,
motorizadas pelas condições selvagens de superexploração
e penúrias inauditas, que se levantou nesse ano a classe
operária e os explorados palestinos.
Mas desta vez, não foi uma luta defensiva, de
resistência, cercadas pela direção de Arafat, senão que,
rompendo o cerco e o controle de Arafat e da OLP, e
inclusive do Hamas, Hezbollah e da Jihad, irromperam
numa luta ofensiva, uma insurreição espontânea,
enfrentando diretamente a burguesia nacional palestina,
sua ANP e sua polícia: quer dizer, dando início a uma
grandiosa revolução operária e camponesa contra a
superexploração dos trabalhadores e do povo na Palestina e
no Líbano, e anticolonial, tomando em suas mãos a luta pela
destruição do Estado sionista-fascista de Israel.
A primeira fase da revolução se iniciou em maio de
2000, não na Palestina mas no sul do Líbano. Ali se levantaram
os trabalhadores e o povo palestino dos acamamentos de
refugiados, derrotando e desarmando as milícias cristãs –
aliadas e agentes de Israel –, se armaram e obrigaram o exército
sionista a fugir em debandada e humilhado, ficando o sul do
Líbano sob seu controle.
4. 4
No final do mês de setembro desse ano, a
revolução irrompe abertamente nos próprios
territórios autônomos, com uma insurreição
espontânea, com uma greve geral indefinida, com
enfrentamentos nas ruas contra a polícia de Arafat,
nos quais os trabalhadores e os explorados
acabaram assaltando e tomando as delegacias
palestinas e justiçando os agentes de inteligência do
sionismo, dividindo a polícia, pegando as armas e
colocando em pé suas milícias dos acampamentos.
Foi uma insurreição espontânea das massas
q u e p a s s o u p o r c i m a d a s d i r e ç õ e s
contrarrevolucionárias e destruiu os acordos de
Oslo, suas instituições e seus mecanismos de
coerção, dividiu a burguesia sionista arredor de
como enfrentar e derrotar as massas, e fez ressurgir
com força a luta antiimperialista das massas de
Oriente Médio, que o imperialismo tinha
conseguido tirar da cena desde a guerra do Golfo. No entanto,
sem um plano organizado, sem objetivos claros e sem uma
direção revolucionária na sua frente, a classe operária e os
explorados não conseguiram fazer-se do poder, que voltou para
as mãos da burguesia.
A burguesia palestina da OLP reconhecendo o
estado de Israel nos acordos de Oslo de 1993
Mas, frente ao antigo aparato estatal e suas instituições
destruídas, as massas estabeleceram seu próprio poder de fato
nos acampamentos e cidades palestinas – o das massas armadas
e suas milícias – dando lugar ao surgimento de uma situação de
duplo poder. Poderíamos dizer, fazendo uma analogia – com
todos os limites que isso implica – que se tratou de uma
revolução de tipo “fevereiro” (pela revolução de fevereiro de
1917 na Rússia), no sentido de uma insurreição espontânea, que
destruiu o poder do inimigo sem conseguir tomar o poder, e
instaura um regime de duplo poder.
Assim, a grandiosa revolução palestina iniciada em
2000, irrompe desde o começo encabeçada pela classe
operária acaudilhando os camponeses e o conjunto da
nação oprimida, e ao deixar destruídos os acordos de Oslo,
seus mecanismos de coerção da ANP e sua banda de homens
armados que eram o dique de contenção do enfrentamento
com o Estado de Israel, retoma imediatamente e num
patamar superior a luta pela libertação nacional contra o
usurpador sionista e por essa via, contra o imperialismo.
A revolução palestina concentra dessa maneira a tarefa
democrático-revolucionária e antiimperialista da libertação
nacional, com as tarefas da revolução contra a própria
burguesia, com a classe operária acaudilhando os camponeses
pobres e o povo pobre.
Precisamente porque se trata de uma grandiosa
revolução operária e camponesa, a primeira grande revolução
do século XXI, é que, inevitavelmente provocou no outro polo,
a contrarrevolução que adquiriu a forma de uma verdadeira
guerra de extermínio. Todas as correntes liquidacionista e
centristas que usurpam as bandeiras da IV Internacional e que
tentam ocultar essa grandiosa revolução falando de uma nova
“Intifada”, como se fosse uma luta de resistência, defensiva,
hoje não podem explicar o por que de semelhante ofensiva
contrarrevolucionária e guerra de extermínio lançada por Israel
e o imperialismo. Ao negar a revolução são incapazes de
explicar que o estado sionista e o imperialismo deveram lançar
a ofensiva contrarrevolucionária atual precisamente porque
Arafat e a OLP se demonstraram incapazes de frear as massas e
estrangular desde dentro sua revolução.
Hoje, essa tem enfrentado um momento decisivo, em
sua fase de guerra civil e nacional da classe operária e do povo
palestino, ao qual Israel e o imperialismo responderam com
uma brutal ofensiva militar contrarrevolucionária para tentar
esmagá-la. Para derrotar esta ofensiva, é necessário armar todos
os trabalhadores e o povo palestino, centralizar as milícias dos
acampamentos e colocar em pé uma só revolução e guerra
nacional palestina nos territórios da Palestina, Líbano e
Jordânia.
Para Arafat e a burguesia nacional palestina –
igualmente a burguesia árabe e o resto dos países muçulmanos
da Ásia e África – são incapazes de levar adiante estas tarefas;
de levar a luta nacional até a vitória, posto que isso significaria
colocar em perigo não só a dominação imperialista e do estado
de Israel, senão que também sua própria propriedade privada e
seu domínio como sócias menores do imperialismo.
Por isso, para derrotar a contraofensiva do Estado de
Israel e do imperialismo, é preciso derrotar a política das
direções nacionalistas burguesas e pequeno-burguesas, romper
toda subordinação a burguesia do Líbano e da Jordânia, e
conquistar uma direção proletária da guerra, a única que terá as
mãos livres para organizar as enormes forças dos trabalhadores
e dos explorados na Palestina e em toda a região, para atacar os
interesses imperialistas e das burguesias árabes, e para chamar
os trabalhadores e os povos oprimidos de toda a região e
levantar-se em uma só luta contra o Estado de Israel e o
imperialismo.
Só com uma direção proletária da guerra – quer dizer,
sob a direção da classe operária acaudilhando os camponeses e
o conjunto da nação oprimida – poderá se garantir a derrota
militar do Estado de Israel, sua destruição e a conquista de um
estado palestino laico, democrático e não racista em todo o
território histórico da Palestina onde possam conviver
pacificamente os trabalhadores e camponeses de qualquer etnia
e religião, o que só pode conseguir-se sob um governo operário
e camponês das massas palestinas autoorganizadas e armadas.
O CARÁTER INTERNACIONAL
DA REVOLUÇÃO PALESTINA
O estado sionista-fascista de Israel é o dispositivo
contrarrevolucionário, o gendarme central das potências
imperialistas em todo Oriente Médio. Foi criado não só para
expulsar de sua terra, dividir e explorar a classe operária e o
povo palestino, senão como enclave imperialista para garantir a
submissão dos trabalhadores e dos povos oprimidos de toda a
região, e dessa maneira, o controle por parte das potências
imperialistas das enormes reservas e das rotas do petróleo, e em
particular, do imperialismo ianque como potência dominante.
Por isso, a tarefa da destruição desse estado enclave do
imperialismo é uma tarefa não só da classe operária e do povo
palestino, senão que do proletariado e dos explorados do
5. O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA 5
Oriente Médio e dos países árabes e muçulmanos da África e da
Ásia.
A heroica revolução da classe operária e do povo
palestino empurra a luta antiimperialista das massas exploradas
de toda a região, contra o imperialismo e o Estado de Israel.
Milhões de explorados do Líbano, Jordânia, Egito, Iraque,
Líbia, Tunísia, Marrocos, etc., ganham as ruas exigindo armas
para defender a revolução palestina, que se abram as fronteiras
para irem combater, que se rompam as relações com Israel e se
ataquem seus interesses e os do imperialismo. Desde o início da
revolução palestina, da mesma maneira que perante a guerra
contra Afeganistão, e hoje perante o choque direto da revolução
e da contrarrevolução na Palestina, os trabalhadores e os
explorados da região lutam por unir suas fileiras em uma só luta
contra o imperialismo e o Estado de Israel. Mas, esse combate
se choca a cada passo com a política das respectivas burguesias
nacionais, sócias menores do imperialismo, que correram,
encabeçadas pela arquireacionária burguesia saudita, a apoiar o
plano contrarrevolucionário de “dois estados” da ONU para
salvar o sionismo e garantir a escravização das massas
palestinas e do Oriente Médio.
É assim que a revolução palestina, ao empurrar a luta
antiimperialista das massas no Oriente Médio, empurra ao
mesmo tempo o enfrentamento direto da classe operária desses
países contra os capachos das burguesias árabes e seus regimes
e governos. Quer dizer, que coloca a seu interior a
transformação da luta antiimperialista em revolução social
contra as burguesias nacionais, o seu derrotamento e a
expropriação do imperialismo e da burguesia nativa, e a
imposição de governos operários-camponeses.
O problema nacional palestino e a libertação dessa
classe operária da exploração, resolve-se então não só na
Palestina, senão em todo o Oriente Médio, na luta
revolucionária das massas contra o imperialismo, por expulsá-lo
da região e expropriá-lo, pela destruição do Estado de Israel,
e por derrotar e expropriar as burguesias lacaias, impondo
governos operários-camponeses em todos os países da região,
no caminho de uma Federação de Repúblicas Operário-
Camponesas do Oriente Médio.
A classe operária e o povo palestino fazem parte dos
mais de 1500 milhões de trabalhadores e camponeses dos países
árabes e muçulmanos que, desde o Norte da África até o
Cáucaso e a Ásia Central, vivem sobre um território que conta
com as maiores reservas de petróleo e gás do planeta, mas
afundados na mais abjeta miséria e superexploração por parte
do imperialismo e das burguesias nativas. Por trás do problema
religioso do islamismo, se oculta a existência no Oriente Médio
e na Ásia Central, de uma classe operária terrivelmente
superexplorada, migrante, com operários que se trasladam país
por país para trabalhar nas jazidas petroleiras e nas refinarias
dos monopólios imperialistas e de seus sócios menores das
burguesias árabes, vivendo em condições infra-humanas nos
acampamentos, rodeados por mercenários armados até os
dentes, por tropas dos exércitos das burguesias nativas ou
diretamente pelas tropas imperialistas, como na Arábia Saudita.
Isso é o que negam e tentam ocultar os liquidacionistas
renegados do trotskismo que, com o argumento de que o
islamismo seria reacionário e retrógrado, se negaram a apoiar a
nação afegã oprimida frente a guerra de colonização do
imperialismo anglo-ianque, como fez o LPP do Paquistão, e
condenaram, por serem islamistas, os milicianos
antiimperialistas que foram combater no Afeganistão, que eram
precisamente esses operários migrantes e também os
camponeses superexplorados.
O triunfo da revolução e da guerra civil dos
trabalhadores e do povo palestino daria um enorme impulso a
luta antiimperialista da classe operária e os camponeses dos
países árabes e muçulmanos, e colocaria imediatamente em
questão o controle das rotas do petróleo por parte do
imperialismo, a presença de suas tropas e bases militares na
região, e a ocupação do Afeganistão. Daria um enorme impulso
a luta do povo checheno contra a opressão da grande burguesia
russa, sócia menor dos monopólios imperialistas no saque das
riquezas petroleiras e de gás do Cáucaso, a dos trabalhadores e
explorados muçulmanos das ex-repúblicas soviéticas da Ásia
Central como Turcomenistão, Cazaquistão, Uzbequistão, onde
o imperialismo ianque ficou com o petróleo e o gás após seu
triunfo no Afeganistão. Ou seja, daria um grande impulso às
massas muçulmanas dos ex-estados operários em liquidação
contra a opressão da grande burguesia russa, de suas próprias
burguesias, e contra a ofensiva das potências imperialistas por
colonizar os antigos estados operários, o que colocaria na
ordem do dia a luta pela derrota das burguesias
restauracionistas, e pela restauração da ditadura do proletariado
sob formas revolucionárias.
AS TAREFAS ANTIIMPERIALISTAS DA CLASSE
OPERÁRIA DAS POTÊNCIAS IMPERIALISTAS
FRENTE A REVOLUÇÃO E A GUERRA CIVIL E
NACIONAL PALESTINA
Mas, a tarefa da destruição do Estado de Israel é
também uma tarefa fundamental da classe operária das
potências imperialistas, que são as que o criaram, o sustentam e
financiam como seu gendarme. Se a revolução palestina e a luta
antiimperialista das massas da região é derrotada, serão as
burguesias imperialistas ianque e europeias, que se fortalecerão
para passar o ataque contra suas próprias classes operárias, em
um nível superior aos que já aconteceram após o triunfo
imperialista na guerra dos Balcãs, ou mais recentemente contra
Afeganistão.
(...)
Por isso, é de vida ou morte, então, para a classe
operária das potências imperialistas europeias e dos Estados
Unidos tomar em suas mãos a luta pelo triunfo da classe
operária e do povo palestino e pela derrota militar do exército
sionista genocida, isto é, pela destruição do Estado de Israel. É
de vida ou morte tomar em suas mãos as tarefas
antiimperialistas, cujo primeiro dever é o de enfrentar a sua
própria burguesia imperialista e apoiar efetiva e ativamente a
luta pela libertação nacional dos trabalhadores das colônias e
semicolônias. Como diz o Programa de Transição: “Será dever
do proletariado internacional ajudar os países oprimidos em
sua guerra contra os opressores (...) A derrota de todo governo
imperialista na luta (...) contra um país colonial é o mal menor.
Os operários dos países imperialistas, no entanto, não podem
ajudar a um país antiimperialista a través de seus próprios
governos, sejam quais forem as relações diplomáticas e
militares entre os dois países em um dado momento. Se os
governos se encontram em uma aliança temporal, e pela
essência mesma da questão, incerta, o proletariado do país
imperialista segue permanecendo em uma oposição de classe
perante seu governo, e sustenta ao 'aliado' não imperialista
através de seus próprios métodos, quer dizer, pelos métodos da
luta de classes internacional”.
Esse é o único caminho verdadeiramente anticapitalista
para a classe operária das potências imperialistas: não se pode
ser anticapitalista, se não se é antiimperialista; ou seja, se não se
6. 6
enfrenta, em primeira instância, a suas próprias burguesias
imperialistas. Se continuarem pelo caminho que lhes marcam
as burocracias sindicais, os socialdemocratas, stalinistas,
Verdes, e também os renegados do trotskismo que os chamam a
apoiar a política de “paz no Oriente Médio, dois estados e
intervenção da ONU”, a classe operária das potências
imperialistas ficarão novamente atadas a suas próprias
burguesias, e essas estarão em melhores condições para passar o
ataque contra suas conquistas, com privatizações,
flexibilização e demissões massivas, como as que se preparam
na Europa e no Japão.
Por isso, enfrentar a sua própria burguesia imperialista
significa uma guerra sem quartel contra a aristocracia e as
burocracias operárias dos Estados Unidos e das potências
europeias – contra a burocracia sindical da AFL-CIO norte-americana,
da TUC inglesa, da CGT e da CFDT francesas, da
CGIL e demais centrais italianas, da burocracia dos sindicatos
alemães, contra a socialdemocracia e o stalinismo –, agentes de
suas próprias burguesias imperialistas e defensoras de suas
aventuras colonialistas e de rapina, posto que vivem das
migalhas dos superlucros que essas obtêm da superexploração
dos trabalhadores das colônias e das semicolônias.
Por isso, nós trotskistas, lutamos – seguindo a gloriosa
tradição da III Internacional de Lenin e Trotsky, e da IV
Internacional – para que a classe operária das potências
europeias tome em suas mãos suas tarefas antiimperialistas, ou
seja, em primeiro lugar para que unifique suas fileiras com os
milhões de trabalhadores imigrantes árabes e muçulmanos
provenientes do Oriente Médio, do Norte da África e da Ásia,
que são tratados como párias nos países europeus da mesma
forma que o são seus irmãos de classe na Palestina. Para isso,
lutamos para que levantem as demandas dos trabalhadores
imigrantes e tomem em suas mãos, ativamente, a luta pelo
triunfo da classe operária e o povo palestino, e pela derrota
militar do Estado de Israel e seu exército genocida, enfrentando
o plano contrarrevolucionário dos “dois estados” da ONU, e às
aristocracias e burocracias operárias, aos socialdemocratas, aos
stalinistas, às direções burguesas e pequeno-burguesas do
movimento globalifóbico – e também aos pablistas renegados
do trotskismo – que as apoiam. Da mesma maneira, lutamos
para que a classe operária dos Estados Unidos retome o
caminho da luta antiimperialista contra a guerra de Vietnã,
detendo as perseguições aos trabalhadores de origem árabe e
muçulmana, rompendo com a burocracia sindical da AFL-CIO
que apoia a Bush em sua “guerra contra o terrorismo” enquanto
deixa passar as milhões de demissões e a mais brutal
flexibilização contra os trabalhadores norte-americanos.
Lutamos porque os trabalhadores das potências
imperialistas sustentem a classe operária e o povo palestino
“por seus próprios métodos” – como diz o Programa de
Transição –, quer dizer, lutando por deter desde o interior das
potências imperialistas a maquinaria de guerra de seu estado
gendarme de Israel, paralisando mediante a greve, o boicote, a
mobilização e os piquetes, todo envio de armas e mantimentos
necessários para vencer. Lutamos para que o proletariado dos
países imperialistas retome a tradição internacionalista da
guerra civil e da revolução espanhola, tomando em suas mãos a
tarefa de convocar e organizar brigadas de operários
internacionalistas prontos para ir combater na Palestina.
Publicamos a seguir “Párias em sua própria terra”, artigo que foi reproduzido pela primeira vez no Boletim de Informações
Operárias Internacionais Nº 1 – Segunda Época de novembro do ano 2000, mas que depois foi ampliado e publicado em sua
versão definitiva no Suplemento Especial de Democracia Obrera Número 34, de janeiro de 2009. Esse artigo, então, foi finalizado
em sua versão definitiva quando a questão palestina novamente voltava a colocar-se no centro do cenário mundial após o massacre
do sionismo, comandado pelo açougueiro imperialista Obama, na denominada operação Chumbo Fundido.
O seguinte artigo constitui uma versão e explicação desde o ponto de vista histórico da instalação do estado sionista-fascista de
Israel ocupando a nação palestina e confinando seu povo nos campos de concentração de Gaza e Cisjordânia. É um artigo para
contribuir na compreensão do papel do estado de Israel como gendarme do imperialismo na região e desmascarar o mito da
suposta “terra prometida” e “nação judaica sem estado” que “teria direitos bíblicos para instalar-se na Palestina”, que não são
mais do que enganações para justificar a existência e o acionar do estado sionista como “porta-aviões” do imperialismo na terra
palestina para assegurar as rotas de petróleo e manter submetidas as massas exploradas da região.
Janeiro de 2009
OS TRABALHADORES E O POVO PALESTINO SOB A BOTA DO IMPERIALISMO E DO ESTADO SIONISTA-FASCISTA
DE ISRAEL
PÁRIAS NA SUA PRÓPRIA TERRA
Sessenta anos de massacres e tentativas de extermínio pelas mãos do Estado sionista-fascista de Israel; sessenta
anos de luta indomável da classe operária e do povo palestino pela libertação de sua nação ocupada
Pcolônia alestina foi até a metade do século XX uma inglesa. Mas quando o imperialismo
inglês entrou em sua etapa de decadência e
começou a retirar-se de parte de seus domínios após a segunda
guerra mundial, o comando passou para as mãos do
imperialismo ianque. Mas ao contrário de mantê-la como
protetorado, as potências imperialistas, encabeçadas pelos
EUA, idearam a criação do Estado de Israel, encobrindo dessa
maneira – com o manto “humanitário” de dar terra para uma
suposta “nação judaica” que a teria perdido – o estabelecimento
de um dispositivo militar, uma cunha para controlar as massas
oprimidas do Oriente Médio e do Magreb (Norte da África) –
que começavam um processo de luta revolucionária para
libertar suas nações da colonização britânica e francesa – e ao
mesmo tempo, assegurar o acesso e o controle das rotas do
petróleo.
“Sinto que o presidente (dos Estados Unidos, NdeR)
será o novo Moisés que fará nascer o menino de Israel no
deserto” (1), declarava um homem do congresso norte-americano
ao sair de uma reunião com o presidente ianque.
O “novo e democrático Moisés”, o imperialismo
ianque, sustentava e sustenta econômica e militarmente a
constituição e permanência do Estado sionista-fascista de
Israel. Só nesse financiamento se baseia o mito do “milagre”
israelense. Para sua criação e sustentação, o imperialismo
apoiou-se e apoia-se no sionismo que é um movimento político
dirigido pela burguesia financeira de origem judaica, a mesma
que, no sionismo que é um movimento político dirigido pela
7. O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA 7
burguesia financeira de origem judaica, a mesma que, como o
magnata Rothschild, não duvidou em financiar o estado fascista
alemão a meados do século XX.
O sionismo, surgido na Europa no final do século XIX
detrás da bandeira de “um povo sem terra para uma terra sem
povo” e escolhendo a Palestina sobre a base das “tradições
bíblicas”, foi apoiado desde um primeiro momento pela grande
burguesia financeira judaica. Essa impulsionava o
estabelecimento de uma “pátria” para seus “irmãos” na
Palestina porque temia que a corrente de emigração das massas
judaicas, produto da fome e da miséria, desde a Europa Oriental
até a Ocidental, produzissem uma onda antissemita que
voltasse contra si. Ao mesmo tempo, a burguesia sionista
enxergava nesta saída uma maneira de afastar essas massas
pobres e despossuídas da influência e agitação revolucionárias.
O sionismo foi assim um fenômeno oposto ao dos
trabalhadores e intelectuais europeus de origem judaica que
abraçaram a causa da classe operária, que foram parte das lutas
revolucionárias na Europa e como tais, caíram sob o fascismo e
desenvolveram gestos heroicos como o de gueto de Varsóvia.
A burguesia sionista que tinha se apoiado inicialmente
no imperialismo britânico (o “Moisés anterior”), consciente de
que esse, ainda que vitorioso, tinha saído enfraquecido da II
Guerra Mundial, vai em busca de seu “novo Moisés”, o
imperialismo norte-americano que, a sangue e fogo, cira o
Estado sionista-fascista, racista de Israel, impondo esse enclave
imperialista armado até os dentes como gendarme na região, e
concretizando a mentira sionista de “uma terra sem povo para
um povo sem terra”.
Porque de nenhuma maneira a Palestina era “uma terra
sem povo”. Por isso, para concretizar a criação do enclave
sionista, era necessário expulsar a maioria dos palestinos e
expropriar seus bens. “Quando ocupemos a terra...
expropriaremos pouco a pouco a propriedade privada nos
Estados que nos outorguem. Tentaremos desanimar a
população pobre afastando-a além da fronteira, procurando
emprego para ela nos países intermédios e negando-lhe
qualquer emprego em nosso país... tanto o processo de
expropriação quanto de eliminação dos pobres deverá levar-se
adiante discretamente e com circunspecção.” Declarava
Theodor Herzl, um dos fundadores do sionismo.
No dia 29 de novembro de 1947 se “legitima” a partição
da Palestina e o estabelecimento do Estado israelense por meio
da votação da ONU – um verdadeiro ministério de colônias do
imperialismo; a mesma ONU que aprovou o ataque ao Iraque
em 1991, ao Kossovo e à Sérvia, e ao Afeganistão em 2001; a
mesma ONU que sustentou a invasão inglesa nas Malvinas, a
que encobre a ocupação no Haiti e sua transformação em um
protetorado ianque, e a que cobre com um manto de “unidade da
comunidade mundial” a defesa dos interesses de rapina do
imperialismo e santifica suas sanguinárias intervenções
militares em todo o mundo com o argumento da defesa da
“democracia”.
A criação do Estado de Israel contou também com a
colaboração da burocracia stalinista que apoiou a partição e
ocupação da Palestina. Assim, a traidora burocracia cumpria
fi r m e m e n t e n o O r i e n t e M é d i o , c o m o p a c t o
contrarrevolucionário de Yalta assinado na saída da II Guerra
Mundial com os imperialistas ianques e britânicos.
O extermínio e a expulsão do povo palestino de sua
própria nação
Essa resolução e o novo plano de ocupação e
estabelecimento de um Estado judaico na Palestina se
realizaram sobre a base da terrível derrota sofrida pelas massas
palestinas com o esmagamento da heroica insurreição que
protagonizaram desde 1936 até 1939 lutando contra o domínio
imperialista francês e inglês. Para esmagar esta insurreição, que
começou com a greve geral que durou seis meses, o
imperialismo utilizou a metade dos efetivos de todo o exército
inglês, que nesse momento era um dos mais poderosos do
mundo. Milhares de palestinos morreram, detidos e
condenados à forca e a prisão.
Mas o povo palestino voltou a levantar-se em 1947,
contra a partição e ocupação de sua nação pelo estado sionista.
Sucederam-se greves e manifestações de protesto.
Para esmagar e aniquilar a resistência do povo
palestino, o “novo Moisés” norte-americano e o sionismo
fascista lançaram uma campanha terrorista. “A única solução é
uma Palestina, ou pelo menos uma Palestina Ocidental sem
árabes. E não tem outro caminho que transferir todos os árabes
desde aqui aos países vizinhos, transferi-los todos: nem uma
aldeia, nem uma tribo devem ficar.” (3). O plano fascista se
aplicou sistematicamente, apelando às matanças massivas
aldeia por aldeia, casa por casa, fábrica por fábrica. Como
exemplo, no dia 31 de dezembro de 1947, na refinaria de
petróleo de Haifa onde vinham se desenvolvendo lutas
conjuntas de operários árabes e judeus contra a patronal
imperialista, um comando do Irgun (4) jogou bombas e
metralhou uma fila de operários árabes que estava na porta da
refinaria lutando por trabalho. Centenas de operários foram
mortos e feridos.
No dia 9 de abril de 1948, unidades especiais da
Haganá (exército “extraoficial” do sionismo)
tomaram a aldeia de Deir Yassin, e percorreram
casa por casa, jogando granadas dentro delas, e
degolando os sobreviventes, exterminaram
todos os moradores civis, dos quais a maioria
eram mulheres, idosos e crianças.
O líder da organização terrorista
sionista Irgun, Manachem Begin, depois
primeiro ministro israelense, descrevia assim
esse plano de extermínio: “Todas as forças
judaicas avançavam através de Haifa como
faca na manteiga. Os árabes fugiam em pânico
gritando: 'Deir Yassin!'... Esse êxodo massivo
logo deveio em uma enlouquecida e
incontrolável fuga.”
No dia 14 de maio de 1948, sobre a base
do extermínio e da expulsão de milhões de
Tropas fascistas do sionismo na guerra de 1973 palestinos, era proclamado o Estado de Israel.
8. 8
A guerra “árabe-israelense” de 1948-49
Egito, Jordânia, Síria, Iraque e outros países árabes,
declararam guerra ao estado de Israel. Ante isso, Estados
Unidos, Grão Bretanha, França, com o apoio de seus serventes
da burocracia stalinista, acabaram de armar até os dentes o
exército sionista.
Para demonstrar sua lealdade ao pacto de Yalta e
Potsdam e seu papel contrarrevolucionário, a burocracia
stalinista enviou armas e aviões aos sionistas através do
intermédio da Checoslováquia. Escrevia-se assim, com sangue
palestino, uma das páginas mais obscuras da traição stalinista à
revolução mundial.
Depois de alguns meses de combate, em 1949 os
exércitos convencionais dos países árabes sofriam uma
humilhante derrota na guerra que foi chamada de “guerra árabe-israelense”.
Como resultado, o Estado de Israel terminava de
ocupar o conjunto da nação palestina, salvo uma pequena faixa
da Cisjordânia e de Belém que, segundo a resolução da ONU,
junto com Jerusalém Oriental, devia ficar sob a jurisdição da
covarde burguesia jordana e sua sanguinária monarquia.
É que era impossível derrotar militarmente, em uma
guerra de exércitos convencionais, o estado sionista armado e
sustentado financeiramente por todas as potências
imperialistas. Para ganhar a guerra e impedir a imposição de
Israel, era necessário sublevar e armar a classe operária e as
massas exploradas – e em primeiro lugar, as massas palestinas
refugiadas na Jordânia, Líbano, Síria, etc. – de todo Oriente
Médio, do Egito até o Iraque, em uma mesma e única guerra
nacional contra o ocupante sionista e seus amos imperialistas.
Mas, as covardes burguesias árabes jamais poderiam fazer isso.
Como toda burguesia nacional – ou seja, classe proprietária,
sócia menor do imperialismo –, as burguesias árabes temiam e
temem mais a luta antiimperialista e revolucionária das massas
que o imperialismo e seu gendarme sionista, porque sabem que
a classe operária e os explorados armados não se limitarão em
expulsar e expropriar os imperialistas e o estado sionista, senão
que atacarão também sua própria propriedade privada.
Assim, as burguesias árabes davam a primeira de
muitas punhaladas pelas costas do povo palestino, e o
entregavam no “altar” do sistema capitalista imperialista. E não
somente isso, também anexaram as únicas terras que ficavam ao
povo palestino: Egito anexou a Faixa de Gaza, e Jordânia, por
sua vez, ficou com a Cisjordânia.
A “Nakba” palestina
Assim, com uma verdadeira catástrofe (“Nakba”)
contra o povo palestino, se fabricou a “terra sem povo” que
conclamava o sionismo. Depois, o estado israelense aplicava a
“lei de propriedade das pessoas ausentes”, segundo a qual o
palestino que estava “ausente” perdia todas suas propriedades
por estarem abandonadas.
Só pelo fato de ser palestino, se perdia o direito de ter
propriedades e qualquer outro direito. Esses direitos só estavam
reservados pela lei aos habitantes de origem judaica, embora
nunca tenham vivido na Palestina até então, e se negava esse
direito aos que tinham habitado essas terras por séculos.
Converteram assim à classe operária e ao povo palestino em
estrangeiros e párias em sua própria terra.
As guerras de 1967 e1973: O estado sionista em
busca da terra, água e escravos palestinos
Como enclave imperialista, o Estado sionista-fascista
de Israel construiu-se sobre a base da expulsão dos palestinos e
da implantação massiva da população de crença judaica e de
convicção sionista transplantada artificialmente desde todos os
confins da terra: desde Estados Unidos, Argentina, Alemanha,
mas sobre tudo, desde os estados do Leste europeu
transformados em estados operários deformados depois da
segunda guerra mundial, dos quais afluíram centenas de
milhares de burgueses e pequeno-burgueses de crença judaica
fugindo da expropriação da burguesia nessas nações. Estes
últimos judeus “ashkenazi”, conformam hoje a elite burguesa
do estado sionista.
Para abrigar semelhante fluxo de população, o estado
necessitava e necessita cada vez mais terra e fontes de água. Da
mesma maneira, depois de expulsar ou transformar em párias
despossuídos em sua própria terra os palestinos, o estado
sionista necessitava dessa população como mão de obra escrava
para que trabalhassem em suas fábricas, nas das transnacionais
imperialistas e na construção de aquedutos, estradas, etc. e em
suas terras.
Para consegui-lo e para afirmar seu papel de gendarme,
este enclave imperialista impulsionou uma série de guerras. A
primeira, impulsionada de maneira escusa pelo imperialismo
britânico e francês, foi em 1956 contra o Egito, no momento que
Nasser tinha nacionalizado o Canal de Suez. Ocupou
imediatamente a península do Sinai, embora depois se retirou
dela uma vez acabada a guerra.
Em 1967, o Estado de Israel lançou, contra o Egito, a
chamada “guerra dos seis dias”. Nela, voltou a ocupar a
península do Sinai e chegou a 100 Km do Cairo. Acabada a
guerra, retrocedeu mas se apropriou da Faixa de Gaza e de sua
população de refugiados palestinos assentado nos
acampamentos; se apropriou também da Cisjordânia, e tomou o
controle de Jerusalém Oriental, assegurando assim milhões de
trabalhadores palestinos, que foram explorados como mão de
obra escrava. Ao mesmo tempo, se garantiu as fontes de água
mais importantes da região, ocupando o território sírio das
chamadas Colinas do Golã, e na margem esquerda do rio Jordão
que separa a Cisjordânia da Jordânia.
O Egito burguês de Annuar Al Sadat tentou, em 1973,
recuperar a Faixa de Gaza, na chamada “Guerra do Yom
Kippur” (Ano novo judaico). Depois de serem derrotados pelo
estado sionista armado até os dentes pelo imperialismo, Sadat
acabou sendo o primeiro governante burguês de Oriente Médio
a reconhecer o estado sionista-fascista de Israel. Como se isso
fosse pouco, mais uma punhalada pelas costas contra o povo
palestino e contra a classe operária e os explorados de todo
Oriente Médio.
O papel das burguesias árabes nos massacres
contra o povo palestino
Para concretizar seu plano, o estado sionista não teve
problema em aliar-se com os governos burgueses árabes como
os de Egito – como já temos visto –, o Líbano e Jordânia. Ao rei
Houssein da Jordânia lhe corresponde ter provocado em
setembro de 1970 uma chacina de 20 mil refugiados palestinos
enquanto as forças israelenses, com apoio da frota ianque no
Mediterrâneo, os bombardeavam.
Em 1982, cerca de 3.000 refugiados palestinos, em sua
maioria idosos, mulheres e crianças, foram assassinados nos
acampamentos de Sabra e Chatila em Beirute, em um operativo
dirigido pelo general sionista Ariel Sharon, naquele momento
Ministro de Defesa israelense, comandando a seus aliados, os
milicianos falangistas organizados pela fração burguesa da
minoria cristã maronita libanesa. Depois desse massacre, o
estado sionista ocupou o sul do Líbano até o ano 2000.
9. O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA 9
1987-1993: a heroica resistência da “Intifada”
e a imposição dos acordos
contrarrevolucionários de Oslo
Massacrados, desterrados, presos em verdadeiros
guetos e condenados a viver como párias em sua própria terra, o
genocídio do povo palestino é um dos maiores deste século.
Mas também, um dos gestos mais heroicos do proletariado
internacional é a indomável luta e resistência da classe operária
e do povo palestino por libertar sua nação ocupada pelo
gendarme sionista.
Sem dúvida, a chamada “Intifada” – guerra das pedras –
iniciada em 1986-87, é um de seus episódios mais
significativos. Foram quase 7 anos de luta e resistência dos
explorados palestinos. Todos os dias, crianças de 8 ou 9 anos,
jovens, adultos, mulheres, idosos, se enfrentavam nos
acampamentos e guetos palestinos com as tropas do exército
sionista. Armados só com pedras, que é a única coisa em
abundância nas terras estéreis e desérticas dos “bantustões”
que estão confinados.
Novamente ficou claro, na Intifada, o nefasto papel da
burguesia nacional palestina, com Arafat e a OLP na cabeça.
Primeiro se dedicaram a “glorificar”, do exílio na Tunísia a
resistência da Intifada, mas cuidaram muito bem de garantir que
as massas continuem desarmadas, e que continuassem tendo só
pedras em suas mãos para enfrentar os tanques, os blindados, os
fuzis, os mísseis e demais armamentos sofisticados do estado
sionista. E depois, quando ainda assim não conseguiram
controlar a rebelião das massas que, a cada passo, ameaçavam
transformar-se em luta ofensiva e revolucionária, fincaram uma
nova e decisiva punhalada pelas costas do povo palestino.
Assim, em 1993 e depois da destruição com
bombardeios do Iraque na primeira guerra do Golfo, se
impunham os acordos contrarrevolucionários de Oslo, nos
quais Arafat e a OLP entregaram a luta histórica pela destruição
do estado sionista-fascista de Israel – ou seja, a luta pela
libertação palestina –, em troca de ser essa fração da burguesia
palestina a encarregada de escravizar o povo palestino nos
campos de concentração de Gaza e Cisjordânia, tudo isso
apresentado como passos adiante na “conquista” de um “estado
palestino” convivendo com o estado sionista usurpador da terra
palestina. Se impunha assim um enorme dispositivo
contrarrevolucionário que se somava ao existente gendarme
sionista, para estrangular a resistência palestina.
Acordo de Camp David em 1979 de reconhecimento do estado de Israel
2000-2002: a magnífica revolução das
massas palestinas; seu estrangulamento por parte
de Arafat e a OLP, e seu esmagamento nas mãos do
exército genocida de Sharon e Bush
Esse pacto contrarrevolucionário de Oslo foi o que as
massas palestinas fizeram estourar pelos ares quando em
setembro de 2000, iniciaram sua heroica revolução, tomando e
ocupando as delegacias da Autoridade Nacional Palestina
(ANP) na Cisjordânia, desarmando a sua polícia, armando-se e
retomando, por essa via, a luta nacional contra o ocupante
sionista.
Essa enorme revolução que deu a luz ao século XXI foi
estrangulada desde dentro pela burguesia palestina. Uma nova
punhalada pelas costas à luta do povo palestino por sua
libertação nacional.
Mas, o que não conseguiram Arafat e companhia com
sua política conciliadora com o ocupante sionista e de
colaboração de classes, era terminar de desarmar as massas
palestinas dos acampamentos que, de fato, tinham estabelecido
um regime de duplo poder.
Perante o fracasso de seu agente (a burguesia palestina)
em desarmar as massas palestinas, foram o imperialismo ianque
e o próprio exército sionista que tomaram em suas mãos essa
tarefa.
Em 2002, depois de massacrar no Afeganistão e
enquanto se preparava a guerra contra Iraque, o exército
genocida de Sharon e Bush entrou a sangue e fogo nas cidades e
acampamentos palestinos da Cisjordânia. A resistência dos
combatentes dos acampamentos e cidades palestinas foi
aguerrida e heroica. Mas, entregues mais uma vez pela
burguesia palestina, só tinham fuzis para enfrentar os aviões, os
tanques, os mísseis e a maquinaria das tropas genocidas
sionistas. Jenin, Hebron e demais cidades palestinas foram
reduzidas a escombros, e sob eles ficaram milhares e milhares
de combatentes, mulheres
e crianças palestinas,
enquanto Arafat e os
“ministros” da chamada
Autoridade Nacional
Palestina ficavam em
resguardo em sua “sede de
governo” em Ramallah.
O símbolo infame
do esmagamento desta
heroica revolução é sem
d ú v i d a o M u r o d o
opróbrio que cercou o
campo de concentração da
Cisjordânia, construído
com cimento provido ao
Estado de Israel pela
p r ó p r i a b u r g u e s i a
palestina e levantando
com suas próprias mãos
pelos operários palestinos
escravos custodiados por
soldados fascistas do
exército sionista.
10. 10
O plano da “Folha de Rota” fracassou pela atolação
das tropas ianques nas mãos da
heroica resistência iraquiana
Com as tropas atoladas, as potências imperialistas, o
estado sionista, junto com Arafat e Al Fatah, começaram a
c o l o c a r e m p é o p l a n o p a r a u m n o v o p a c t o
contrarrevolucionário: a chamada “Folha de Rota” que
aprofundava o plano de impor uma caricatura de “estado
palestino” na Cisjordânia e em Gaza, ou seja, em dois campos
de concentração sem continuidade territorial, rodeados pelo
exército sionista.
Esse novo plano – apoiado não só pelos governos
imperialistas, senão também, vergonhosamente, pelos
renegados do trotskismo do SU (Secretariado Unificado, NdeT)
que, com seus “eurodeputados” Krivine e demais, votaram a
favor nesse covil de bandidos que é o “parlamento” europeu –
terminou fracassando graças a heroica resistência das massas
iraquianas que atolaram as tropas ianques.
A última pedra da lápide da “Folha de Rota” a colocou a
guerra nacional das massas palestinas e do sul do Líbano que no
ano 2006 derrotaram e fizeram fugir o exército sionista
genocida.
Fascismo, frente popular e burguesias
nativas pechinchando com
o imperialismo
Para impedir que a derrota militar do sionismo no sul do
Líbano nas mãos das massas abrisse novamente as portas da
revolução palestina, vemos em ação, novamente, a fascismo, a
frente popular, e as burguesias nativas “nacionalistas” que
pechincham com o imperialismo.
Assim, a partir de 2006-2007 se impôs na Cisjordânia
uma administração da frente popular clássica – ou seja, com o
imperialismo diretamente por trás – de Al Fatah e Abu Mazen,
sustentado pelo Partido Comunista palestino, atuando como
carcereiros de seu próprio povo, e pactuando com o estado
sionista-fascista.
Por sua vez, em Gaza, para conter a insurreição das
massas que derrotaram o Al Fatah em maio-junho de 2007, se
impunha uma administração nas mãos do Hamas, ou seja, da
outra fração da burguesia palestina que, lançando foguetes e
controlando de forma ferrenha as massas, tentam negociar com
o imperialismo e seu gendarme sionista para que lhe permitam
jogar o mesmo papel de carcereiro do povo palestino que Al
Fatah joga na Cisjordânia.
Frente popular na Cisjordânia; administração do
campo de concentração nas mãos da burguesia nativa em Gaza,
e fascismo – com o estado sionista impondo o bloqueio e cerco
total contra Gaza para quebrar por fome as massas palestinas
que tinham ousado derrotar e expulsar a burguesia
colaboracionista de Al Fatah –; é o que vem atuando na
Palestina, preparando o caminho para a atual ofensiva
m a s s a c r a d o r a d o s i o n i s m o e p a r a o s p a c t o s
contrarrevolucionários que hoje preparam Sarkozy, Mubarak,
os aiatolás iranianos, a ONU e Obama que se apressa em ser o
sucessor de Bush.
Mas, ainda sob estas terríveis condições, as indomáveis
massas palestinas não se deram por vencidas. Assim, em
fevereiro de 2008, a classe operária e os explorados palestinos
de Gaza, desesperados após dois anos de bloqueio total, se
levantaram e jogaram abaixo, com suas próprias mãos, o muro
de Rafah, para poder conseguir comida, água, remédios, e para
poder unir sua luta com a dos operários e explorados do Egito,
que estavam protagonizando, ao mesmo tempo, um verdadeiro
auge proletário contra o regime e o governo ditatorial e
repressor do lacaio Mubarak.
Mais uma vez, foram as burguesias nacionais as que
deram uma punhalada pelas costas. Assim, vimos as tropas do
exército burguês de Mubarak junto aos milicianos de Hamas,
voltando a levantar, juntos, o muro de Rafah, voltando a garantir
o confinamento das massas palestinas dentro da Faixa de Gaza,
um verdadeiro campo de concentração a céu aberto, que hoje foi
reduzido a escombros pelo ataque genocida de Obama-Bush e o
estado sionista-fascista de Israel.
NOTAS:
(1) Máxime Rodison, “Israel, a colonial-Settler State?”,
Monad Press, New York, 1973, página 102.
(2) “The Complete Diaries of Theodor Herzl”, Volume 1,
página 88.
(3) Jon Rothschild, “How the Arabs Where Out of
Palestine”, International Press, Volume 11 Nº 38, New
York, 1973, página 1206.
(4) Irgún: Organização terrorista sionista-fascista cuja
juventude gritava, marchando com camisas marrons…
“Alemanha para Hitler, Itália para Mussolini,
Palestina para nós!” (M. Rodison, “Israel…” Idem,
página 108).
Notas citadas por “Revista de América”, Dezembro de 1973.
O atual presidente ianque Obama e o atual primeiro ministro de Israel Netanyahu
11. O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA 11
Publicamos a seguir uma polêmica realizada no ano 2001, ao calor da revolução palestina, com um companheiro da
Romênia arredor do reconhecimento ou não da suposta “classe operária israelense” e uma “nação judaica” nas terras
palestinas. Ela começa com uma carta onde se define que não existe essa tal nação israelense, senão que Israel é um
estado gendarme e que a suposta classe operária israelense é uma classe média armada para esmagar os explorados
palestinos – a verdadeira classe operária – com métodos de guerra civil, quer dizer, fascista. Esta carta tem um anexo
por contra da revisão feita do escrito do marxismo de Abraham Leon “A concepção materialista da questão judaica”
arredor do mesmo ponto da suposta “classe operária israelense”.
Esta polêmica feita no ano 2001 com o companheiro da Romênia tem valor para polemizar hoje com as dezenas de
organizações da esquerda no mundo que querem fazer passar uma podre e reacionária aristocracia operária,
construída sobre bases fascistas, como o é o Histadrut, como representante da suposta “classe operária israelense”.
Porque a burocracia contrarrevolucionária do Histadrut agrupa forças que, com as armas na mão, combatem a nação
e o povo palestino submetido em campos de concentração. Ali está a única e verdadeira classe operária da nação
palestina, nos guetos de Gaza e Cisjordânia, com 30% de desemprego, que trabalham como escravos nas
transnacionais ianque-sionistas e estão na diáspora, como mão de obra precária, na Jordânia e no Líbano.
13 de Abril de 2001
Carta para um companheiro trotskista da Romênia confundido pelo acionar
contrarrevolucionário do sionismo
Estimado camarada:
Abordamos a discussão que temos pendente com você
em relação a grandiosa revolução palestina – que após 8 meses
de iniciada não foi submetida – e a “questão judaica”.
Efetivamente, as diferenças que separam-nos perante esse fato
crucial e álgido da luta de classes mundial são profundas. Assim
como você manifesta, que da resolução desse fato dependerá o
futuro de nossa relação política, posto que, segundo nosso
entendimento, e como temos manifestado publicamente e por
escrito em diversos materiais, a revolução palestina se
transformou numa divisora de águas que separa claramente
revisionistas, oportunistas e centristas, dos revolucionários. Ali
estão, para confirmá-lo, as correntes oportunistas que usurpam
as bandeiras do trotskismo, como a LCR francesa e seu
“eurodeputado” Alain Krivine, viajando para Oriente Médio
para ajudar a sua própria burguesia imperialista a convencer os
palestinos das “bondades” do plano contrarrevolucionário de
Clinton de partição definitiva da Palestina e a criação de uma
ficção de “estado palestino” ao lado do estado sionista fascista
de Israel, que não seria outra coisa que um verdadeiro gueto, um
campo de concentração. Assim temos visto ao deputado
Altamira e o PO (Partido Obrero de Argentina, NdeT) negar-se
a levantar a destruição do Estado de Israel, e ajoelhando-se
diretamente ante o sionismo e o plano Clinton, por dar tão só
alguns exemplos.
É uma divisora de águas posto que, ou se está pelo
triunfo da revolução palestina, pela destruição do estado
sionista-fascista de Israel e pela imposição de um Estado
Palestino laico, democrático e não racista sob um governo
operário e camponês das massas armadas e autoorganizadas; ou
bem, já seja feito abertamente ou de forma oculta, se apoia uma
ou outra via, pelas posições imperialistas de que existem “duas
nações” e aí se acaba aos pés do plano de Clinton e do sionismo.
Nós do COTP (CI) [Comitê Organizador do Trotskismo
Principista – Quarta Internacional] declaramos uma verdadeira
guerra contra todos aqueles que tentam sujar as limpas
bandeiras da IV Internacional colocando-as aos pés do
sionismo e do imperialismo.
Lamentavelmente, camarada, perante a revolução
palestina, é claro que com a posição que enuncia no seu
documento fica claro que você do outro lado da divisora de
águas, aos pés do sionismo – posição que esperamos
firmemente que seja produto da confusão, da nefasta influência
da tradição das correntes centristas e oportunistas que se
colocaram, há anos, aos pés do sionismo, e que tem levado a IV
Internacional à crise e degeneração, usurpando e sujando suas
bandeiras. Por isso, travamos este debate, para aportar e
clarificar a discussão, dissipar a nefasta influência do
oportunismo e chegar na verdade.
E, diferente das caricaturas da Internacional dois e
meia que o PO tenta colocar de pé, fazemos esse debate público,
de cara para a vanguarda e ao movimento trotskista
internacional, não só no nosso Boletim Interno de Discussão
Internacional, senão também em nossos materiais públicos,
reproduzindo seus documentos e nossa resposta, que como vê
não sob o título de “Correspondência com um centrista da
Romênia”, como você diz na sua carta. Nós trotskistas não
temos nada para ocultar: se debatemos publicamente com
correntes com as quais temos diferenças estratégias totais e de
princípios, como é no caso de “En defensa del Marxismo” da
Espanha. Como não o faríamos com um camarada como você,
com o qual temos dado lutas em comum e com quem temos
conquistado importantes acordos estratégicos!
Uma posição que considera o estado sionista-fascista
de Israel como um estado-nação a mais de
uma suposta “nação judaica”
O primeiro que chama a atenção no seu documento é
que, ao longo de seis páginas dedicadas fundamentalmente à
“questão judaica”, você jamais questiona um fato qualitativo: o
da criação do Estado sionista fascista de Israel em 1947-48.
Como pode falar, no ano 2001, da “questão judaica” sem
sequer fazer menção a criação a sangue e fogo do Estado
sionista-fascista de Israel, baseado na expulsão do povo
palestino de sua terra, do massacre e do esmagamento, do
confisco de suas terras e moradias, do boicote aos
produtores palestinos, da expulsão do proletariado
palestino das fábricas em primeira instância para
transformá-lo em um enorme exército industrial de reserva
e, depois de alguns anos, reincorporá-lo na produção como
mão de obra muito barata, em condição de escravo recuso
em guetos e sob um regime de terror fascista!
Como pode falar da “questão judaica” depois de 1948
sem sequer mencionar a ocupação da Palestina por parte de um
exército invasor armado até os dentes pelo imperialismo norte-americano,
a criação de um estado de caráter particular: um
estado artificial, enclave do imperialismo, sustentado
economicamente, financeira e militarmente por ele, para que
faça seu papel de gendarme na região e resguarde o controle das
vitais rotas do petróleo, e para garantir o esmagamento e
12. 12
submissão do conjunto do povo palestino e do conjunto
dos povos árabes!
Não pronunciar-se a respeito da gênese e do
caráter do Estado de Israel, e sobre a questão nacional
palestina, e dizer alegremente “estou pela destruição do
estado sionista de Israel” é, no mínimo, uma total
irresponsabilidade. A criação de dito estado na saída da
s e g u n d a g u e r r a m u n d i a l f o i p a r t e d o p a c t o
contrarrevolucionário de Yalta e Potsdam. Nesse pacto, a
burocracia stalinista contrarrevolucionária jogou o papel
de contenção da revolução mundial, impedindo o triunfo
da revolução, na saída da guerra nos países imperialistas
europeus (França, Itália, Alemanha, Grécia), e
comprometendo-se a contê-la no leste da Europa.
A criação do Estado sionista-fascista de Israel
como enclave do imperialismo e seu gendarme no Oriente
Médio, alimentado com bilhões de dólares por ano pelo
imperialismo, transformado em um estado fabricante e
exportador de armas, para garantir o esmagamento do
povo palestino e o controle da revolução dos povos árabes
– com total acordo e apoio da burocracia stalinista – por parte de
dito pacto.
Camisa de um soldado sionista “um tiro, dois mortos”
Então, camarada, como pode falar hoje, a começos do
século XXI, da “questão judaica” por fora disso?! Como se
pode continuar discutindo o “problema nacional do povo
judeu” sem tomar em conta que a burguesia sionista, apoiada,
armada e financiada pelo imperialismo armou há mais de
cinquenta anos esse estado gendarme?!
E, no entanto, você nem sequer menciona esses fatos
inegáveis da gênese e do caráter do Estado de Israel, e se refere a
ele como se fosse um “estado nacional” a mais, porque você
parte da definição que teria uma suposta “nação judaica” que
teria que morar.. no mesmo território que o povo palestino!!
Você coloca:
“Estou pela revolução socialista na Palestina. Apoio
criticamente a qualquer levante ou revolução que não seja
dirigida por um partido tipo bolchevique-leninista. Estou pela
destruição do Estado sionista de Israel. Estou pela livre
determinação das nacionalidades. Estou pela união dos
proletários de qualquer nacionalidade, para lutar contra o
Estado sionista e contra as burguesias de Oriente Médio.”
(negrito nosso).
Quando você fala da “livre determinação das
nacionalidades”, o que está dizendo é que hoje, no território da
Palestina, tem uma “nação judaica” que tem direito a estar nesse
território, ao qual a grandiosa revolução palestina em sua luta
por expulsar ao invasor e por destruir esse estado gendarme,
estaria lesionando seu “direito à livre determinação”. Isso é,
nem mais nem menos, que o mito de “Um povo sem terra” sobre
a qual se baseia o sionismo!
Toda sua preocupação ao longo de seis páginas é o
“direito à livre determinação” da suposta “nação judaica”!
Você, partindo do mito sionista da existência de uma
“nação judaica sem terra”, considera o estado sionista fascista
de Israel como um estado nacional burguês a mais, e não como o
que é, um enclave do imperialismo, como são, por exemplo, as
ilhas Malvinas ou Gibraltar. Perguntamos então: Por que não
levanta o “direito à autodeterminação” dos kelpers nas
Malvinas, os usurpadores imperialistas ingleses que estão ali a
um século? Com a posição que você tem perante o Estado
sionista-fascista de Israel, a guerra de Malvinas de 1982 deveria
ter-se alinhado com sua Majestade e sua frota real, em defesa do
“direito de autodeterminação” dos kelpers que os argentinos
estariam violando ao ocupar militarmente as ilhas!!
Camarada, sobre esse ponto você tem que pronunciar-se
claramente. Senão, é você quem deve demonstrar que
Palestina é o território que – por “vontade divina”, por
“tradição” ou sei lá qual razão estranha! Corresponderia a
suposta “nação judaica” da qual você fala, posição que leva
imediatamente a definir que, se tem “duas nações”, uma
“judaica” e outra palestina corresponderia então que tenha
“dois estados”, isto é, nem mais nem menos, que a posição do
Plano Clinton.
Contra essa posição, cabe aqui corretamente colocar a
afirmação de Trotsky referindo-se a África do Sul na década de
30 sob o regime britânico e do Apartheid que diz: “... as
posições sul-africanas da Grã Britânia constituem um domínio
só desde o ponto de vista da minoria branca. Desde o ponto de
vista da maioria negra, África do Sul é uma colônia
escravizada”.
Da mesma maneira, o Estado de Israel é um “estado
nacional” só desde o ponto de vista do imperialismo e do
sionismo, que lamentavelmente hoje também é o seu: desde o
ponto de vista dos trabalhadores e o povo palestino,
Palestina é hoje uma colônia escravizada.
Por essa razão, sua afirmação de que está “pela
destruição do estado sionista de Israel”, não significa que está
pelo triunfo da insurreição nacional dos trabalhadores e do povo
palestino, pela derrota, e pela expulsão do invasor sionista, e
pela imposição, sobre as ruínas desse enclave imperialista, de
um Estado Palestino laico, democrático e não racista, sob um
governo operário e camponês das massas palestinas insurretas,
o único sob o qual poderão conviver pacificamente os
trabalhadores palestinos, judeus e de qualquer religião,
questões essas que você não coloca de modo algum.
Estas consignas democrático-revolucionárias de
destruição do Estado de Israel e de Palestina laica, democrática
e não racista, jogam hoje o mesmo papel de motor da luta
revolucionária das massas palestinas que jogou a consigna
“República Negra” na África do Sul do Apartheid, o de
concentrar a luta pela libertação nacional desse povo. Com
certeza que estas consignas devem levantar-se como parte de
um programa que se articule com as demandas mais urgentes
das massas, com a necessidade de atacar a propriedade privada
dos capitalistas, com a luta pelos soviets e pelo armamento do
proletariado, e pela luta por um governo operário e camponês.
Mas sua negativa ao levantar estas consignas
democrático-revolucionárias, sua afirmação da “unidade dos
trabalhadores palestinos e judeus” em geral, sem colocar que a
única possibilidade de convivência pacífica dos trabalhadores
13. O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA 13
de qualquer religião passa pela destruição do Estado de Israel e
pela imposição de uma Palestina laica, democrática e não
racista sob um governo operário e camponês, sua afirmação da
necessidade de uma “revolução socialista na Palestina” em
geral, é uma confirmação de que você nega o caráter nacional da
revolução palestina e é uma verdadeira bofetada na cara dos
heroicos trabalhadores e o povo palestino e de sua atual
revolução, como desenvolvemos mais adiante. Isto é assim
porque, se você fala de uma suposta “nação judaica”, se você
defende seu “direito à autodeterminação”, isso não pode
significar mais do que a manutenção do Estado de Israel,
embora, reformando-o, tirando seu caráter sionista e
confessional e transformando-o em um “estado palestino” nos
atuais campos de concentração. Nem mais nem menos que a
mesma posição que sustenta o altamirismo e sua internacional
dois e meia, uma das correntes mais abertamente pró-sionistas
que usurpam as bandeiras do trotskismo! Nem mais nem menos
que aposição do Plano Clinton, que do “eurodeputado” Alain
Krivine da LCR foi defender fervorosamente no Oriente Médio
em nome da IV Internacional!
Assim, você rompe totalmente com a posição
revolucionária que a IV Internacional levantava em 1948 frente
a criação do Estado de Israel – enfrentando o stalinismo que
apoiava sua criação –, que partia justamente da luta contra a
divisão e ocupação da Palestina, pela expulsão do
imperialismo, suas tropas e seus enviados, pela independência
da Palestina, por uma Palestina de caráter nacional árabe:
“Abaixo a divisão da Palestina! Por uma Palestina árabe,
unida e independente, com plenos direitos de minoria nacional
para a comunidade judaica! Abaixo a intervenção imperialista
na Palestina! Fora do país todas as tropas estrangeiras, os
'mediadores' e 'observadores' das Nações Unidas! Pelo direito
das massas de dispor delas mesmas! Pela eleição de uma
Assembleia Constituinte com sufrágio universal e secreto! Pela
revolução agrária!” (Quatrième Internationale, Junho de
1948). E o Grupo Trotskista Palestino, denunciando desde o
começo o caráter de enclave imperialista do Estado Sionista que
se tentava criar, e jamais falando de nenhuma suposta “nação
judaica” dizia que “o imperialismo ianque ganhou um agente
direto: a burguesia sionista que, por esse fato se tornou
completamente dependente do capital americano e da política
americana. Daqui em diante o imperialismo ianque terá uma
justificativa para intervir militarmente no Levante cada vez que
o ache conveniente (...) a consequência inevitável deste guerra
será a dependência total do sionismo ao imperialismo norte-americano”
(Idem).
Você diz: “me assusta comprovar que em base do
acordo sobre a questão palestina e judaica, com uma posição
terrivelmente equivocada, se tenha produzido a fusão entre a
LOI e o CIOS, e se tenha produzido a aproximação com os
camaradas estadunidenses e ucranianos”. Você se assusta com
uma fusão revolucionária em base de uma posição
revolucionária frente a grandiosa revolução palestina que é total
e absolutamente continuidade da posição levantada pela IV
Internacional de 1948, mas você não se assusta em nada que,
com fundamentos similares aos quais você dá sobre a suposta
“nação judaica” ou a “unidade da classe operária judaica e a
classe operária palestina” – que rompem absolutamente com
aquela posição da IV Internacional –, oportunistas traidores
como Krivine passem pelo Oriente Médio exaltando as
vantagens do Plano Clinton, o que o legislador Altamira e o PO
se coloquem abertamente como a “autêntica esquerda sionista”
Por isso, lhe sugerimos que deixe de ocultar sua
capitulação ao sionismo falando da “destruição do Estado
sionista de Israel”, e seja coerente: se você considera que hoje
na Palestina existem duas nações e que ambas têm direito ao
mesmo território, então sua posição não pode ser outra que a da
“Paz”, tem que alinhar-se com o grupo sionista “Paz Agora” e
com o grupo sionista altamirista de Israel, para levantar juntos a
luta pelos dois estados: um estado judaico democrático e um
“estado palestino” coexistindo ao seu lado no qual as massas
palestinas teriam a tarefa de fazer uma revolução contra a
burguesia nacionalista de Arafat, deixando em paz a burguesia
sionista e o imperialismo!!!
Do altamirismo ao morenismo há somente
um passo, e no companheiro romeno isso fica claro
Camarada, há menos de um ano você foi desse
engendro oportunista que a falácia da Internacional dois e meia
de Altamira e do PO pela porta grande, dando uma corretíssima
e valente luta pública contra o método dos “acordos
internacionais” diplomáticos e sem princípios que são
utilizados como cobertura das capitulações nacionais
respectivas do PO e dos grupos que compõem essa falácia
centrista, contra o cretinismo parlamentar de Altamira e do PO,
lutando por uma visão científica e um programa revolucionário
para os ex-estados operários em liquidação. Lamentavelmente,
hoje, frente a um feito qualitativo como é a revolução palestina,
que divide águas e separa o branco do preto – como toda grande
revolução – os oportunistas e centristas dos revolucionários,
volta para a Internacional dois e meia de Altamira pela janela,
levantando para além de alguns matizes, a mesma posição
completamente capituladora ao sionismo, ao imperialismo, e ao
Plano Clinton.
Mas, você não somente volta como alguém que
caminhou em círculos ao ponto de partida do altamirismo,
senão que de uma hora para outra se transforma no mais
consequente dos morenistas. Vejamos.
A segunda questão que chama poderosamente a
atenção no seu documento é que você jamais menciona o
imperialismo, nem seu papel na criação e no sustento do
Estado sionista fascista de Israel – do que como já
explicamos, tampouco diz nada, nem a este último como
gendarme e enclave do imperialismo.
Se você considera que o Estado de Israel, criado pelo
imperialismo, é mais um estado nacional burguês normal, então
o que está dizendo é que o capitalismo, em sua época
imperialista pode resolver integra e efetivamente a
“questão judaica”, dando a este “povo sem terra” uma
nação própria.
Assim, de um só passo, se transforma no mais
consequente dos morenistas. Nahuel Moreno revisou
precisamente a teoria da revolução permanente, para terminar
na sua concepção etapista da “revolução democrática” e
levantou precisamente, que as potências imperialistas
“democráticas” (EUA, França, Inglaterra), na segunda guerra
mundial haviam tido um papel “progressivo”, combatendo ao
fascismo e libertando a França e a Itália de sua ocupação. Dizia
que Trotsky havia se enganado, que somente havia definido a
guerra como uma guerra interimperialista e de agressão ao
Estado Operário Russo por sua vez, e não quis ver que era
fundamentalmente uma “guerra de regimes” de “democracia
contra o fascismo”.
Você é a corroboração viva de que, do altamirismo ao
morenismo há somente um passo (ainda que isto deixe loucos
os altamiristas que se acham imunizados permanentemente
contra o “vírus morenista”). Raciocina com o mesmo método:
contra a “solução” do imperialismo alemão, “fascista”, à
questão judaica, quer dizer o extermínio físico, o
14. 14
imperialismo ianque e o britânico – os imperialismos
democráticos triunfantes na guerra –, deram uma saída
progressiva, resolveram total e efetivamente a questão judaica,
concedendo o status de “nação” e cedendo um território que,
ainda que os sionistas o neguem e falem de uma “terra sem povo
para um povo sem terra”, estava habitado pela nação palestina,
sua legítima dona.
Isto é, você está nos dizendo que, longe de ser reação
em toda a linha, o imperialismo pode jogar um papel
progressivo!!! É a ruptura total com a teoria leninista do
imperialismo que diz “O imperialismo é a época do capital
financeiro e dos monopólios, os quais introduzem em todas as
partes a tendência à dominação e não à liberdade. Qualquer
que seja o regime político, o resultado dessa tendência é a
reação em toda a linha e uma intensificação extrema dos
antagonismos neste terreno. Se intensificou notavelmente o
jugo da opressão nacional e a tendência às anexações não são
senão a violação do direito das nações à autodeterminação”
(Lenin, O imperialismo fase superior do capitalismo, 1916,
negritos nossos).
Ao invés do que afirma Lenin, você, ao considerar o
Estado de Israel como um estado nacional burguês a mais, você
considera que o imperialismo, com a criação deste estado,
r e a l i z o u o d i r e i t o d a s u p o s t a “ n a ç ã o j u d a i c a ” à
autodeterminação. Esse fato, de partir que o imperialismo jogou
um papel progressivo resolvendo a “questão judaica” com a
criação do Estado de Israel, é o que faz que você reconheça a
suposta “nação judaica”, e os descendentes dos sionistas
usurpadores de 1948, o direito burguês de herança, quer dizer
que, pelo fato de haver mantido no tempo a custa do mais feroz
massacre e opressão sobre o povo palestino, e graças ao
sustento das potências imperialistas, você reconhece como um
“direito adquirido” de considerar-se uma “nação”!!!
De todas as maneiras, em honra à verdade cabe
esclarecer que Nahuel Moreno, a pesar de sua total revisão da
teoria-programa da revolução permanente, a favor da teoria
semietapista da “revolução democrática”, jamais chegou no
caso da questão nacional palestina e da atitude frente ao Estado
de Israel a uma posição pró-sionista como a que você está
levantando. Moreno levantava a luta pela destruição do estado
de Israel e pela imposição de uma Palestina laica, democrática e
não racista mas – com sua visão semi-etapista da revolução,
com uma primeira etapa de “revolução democrática” – separava
estas consignas da luta pela imposição de um governo operário
e camponês baseado na auto-organização e no armamento das
massas palestinas, e terminava assim capitulando
à direção nacionalista burguesa palestina de Arafat
e da OLP. Você camarada, rompe com a tese
marxista sobre o imperialismo para passar a visão
morenista do “papel progressivo” das potências
imperialistas “democráticas”, e rompe também
com as resoluções revolucionárias da III
Internacional que já dizia em 1920 em suas Teses e
adições sobre os problemas nacional e colonial,
falando especificamente da Palestina como
exemplo para demonstrar que o imperialismo é
incapaz de resolver as legitimas demandas das
nacionalidades oprimidas: c) A necessidade de
explicar infatigavelmente e desmascarar
continuamente ante as grandes massas
trabalhadoras de todos os países, sobre tudo dos
trabalhadores, o engano que as potências
imperialistas utilizam sistematicamente, as quais,
sob o aspecto de estados politicamente
independentes, criam na realidade estados desde
todo ponto de vista subjugados por eles no sentido econômico,
financeiro e militar. Como um exemplo flagrante dos enganos
praticados contra a classe trabalhadora nos países submetidos
pelo esforço combinado do imperialismo dos 'aliados' e da
burguesia de tal ou qual nação, podemos citar o assunto dos
sionistas na palestina, país no qual, sob o pretexto de criar um
estado judaico, ali onde os judeus são uma minoria
insignificante, o sionismo livrou à população autóctone dos
trabalhadores árabes a exploração da Inglaterra...”. (negritos
nossos). Mas, sua ruptura com o marxismo revolucionário do
século XX não se detém neste ponto, em seu afã de capitulação
ao sionismo. Sua posição de que o imperialismo havia resolvido
a “questão judaica” com a criação do Estado de Israel, rompe
total e completamente com a teoria-programa da revolução
permanente, que parte precisamente de que na época
imperialista, as tarefas democráticas e nacionais que a
burguesia deixou inconclusas – isto é, o problema agrário e o
problema nacional nas colônias e semicolônias, e a “questão
judaica” tanto enquanto o assentamento da época imperialista
adotou e deixou inconcluso o processo de assimilação dos
judeus às classes fundamentais da sociedade capitalista – só
podem ser resolvidas pelo triunfo da revolução proletária e pela
imposição da ditadura do proletariado. Assim, dizem as teses da
dita Teoria: “Teses 2: Com respeito aos países de
desenvolvimento burguês atrasado e em particular dos
coloniais e semicoloniais, a teoria da revolução permanente
significa que a resolução íntegra e efetiva de seus fins
democráticos e de sua emancipação nacional tão somente pode
conceber por meio da ditadura do proletariado, empunhando
este o poder como caudilho da nação oprimida e, antes de tudo
de suas massas camponesas.”
E apesar da defesa que pretende fazer de Abraham Leon
em seu documento – mal interpretando-o, mudando a cada
passo o conteúdo e inclusive a forma do que este diz, ignorando
fatos de caráter históricos sucedidos depois que fora
assassinado, como é a criação do Estado de Israel em 1948,
como demonstramos em artigo a parte –, destrói
sistematicamente o principal fundamento da posição marxista
revolucionária frente a “questão judaica”: que esta não pode
ser resolvida pelo capitalismo em sua etapa imperialista, e
que somente pode ser resolvida pela revolução proletária
triunfante no terreno mundial. E esta não é somente a
posição de Abraham Leon, senão que é a de Lenin, Trotsky e
todo o marxismo revolucionário do século XX.
Massacre do sionismo ao povo palestino de Deir Yasin, 1948
15. O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA 15
Uma posição que nega o caráter nacional da
revolução palestina por sua independência
Você diz que a LOI-CI, ao sustentar que os judeus não são
uma nação sustentaria que “por isso, o conflito atual do Oriente
Médio não tem nenhum tipo de conotação nacional ou
nacionalista”. Isto é completamente falso: isso que você chama
o “conflito atual”, quer dizer, a revolução em curso e a grande
luta do povo palestino por sua independência e para expulsar o
usurpador e destruir o Estado de Israel, é uma luta de libertação
nacional desse povo subjugado e colonizado pelo imperialismo
e seu gendarme sionista. É você quem nega que há uma única
nação na Palestina: os trabalhadores e o povo palestino! Esta
heroica luta nacional da única nação que existe ali, a Palestina, é
a que você tenta ocultar, enquanto se preocupa pelos “direitos”
da suposta “nação judaica”.
E isso fica claro quando, ao longo de seis páginas do seu
documento não existe para você o povo palestino, não
menciona sua grande luta por sua libertação nacional, não fala
de sua heroica revolução atual, não levanta a luta pelo seu
triunfo.
Pelo contrario, você nos fala – como citamos mais
acima – de que está por uma “revolução socialista na
Palestina” em geral. Quer dizer, nos fala de uma revolução
que não teria nenhum caráter nacional: Para você, portanto,
não se trata de que triunfe a atual insurreição palestina, que
destrua o estado sionista-fascista de Israel e imponha sobre suas
ruínas um Estado de caráter nacional palestino laico,
democrático e não racista – consignas democrático-revolucionárias
motoras das lutas das massas palestinas depois
de 1948, da mesma maneira que a IV Internacional levantava
em 1948 a luta por uma Palestina Árabe, unida e independente –
o que, sem dúvida, só pode conseguir sobre um governo
operário e camponês das massas palestinas insurretas.
Você tenta esconder-se falando de “revolução socialista
na Palestina” em geral, para negar o caráter nacional palestino
da revolução. Por isso, e como já vimos, renega do programa da
destruição do Estado de Israel e da imposição de uma Palestina
laica, democrática e não racista, uma grande tarefa estrutural
antiimperialista que, na Palestina joga o mesmo papel que a luta
pela libertação nacional em qualquer país semicolonial ou
colonial, da mesma maneira que a consigna de “República
Negra” na África do Sul do Apartheid. Assim, dizia Trotsky
sobre o caráter nacional da revolução sul-africana: “Nestas
condições, a república sul-africana surgirá antes de tudo como
'República Negra'; sem dúvida que isso não exclui a total
igualdade para os brancos ou relações fraternais entre ambas
raças; dependerá fundamentalmente da conduta que adotem
os brancos, mais é obvio que a maioria predominante da
população, libertada de sua dependência escravizadora,
colocará seu traço no estado.
Dado que uma revolução vitoriosa mudará
radicalmente não somente a relação de forças entre as classes
senão que também a relação entre as raças e garantirá aos
negros o lugar que lhes corresponde no estado de acordo ao seu
número, a revolução social terá na África do Sul também um
caráter nacional”. (Trotsky, Teses Sul-africanas, 20 de abril de
1935, negrito nosso).
Da mesma maneira, a revolução social na Palestina tem
um caráter nacional, posto que uma revolução vitoriosa,
destruindo o estado sionista-fascista de Israel, garantirá aos
trabalhadores e ao povo palestino – libertado de sua
dependência escravista – o local que lhes corresponde em um
estado de caráter nacional palestino, laico, democrático e não
racista, que inclua a “total igualdade ou relações fraternais”
com os trabalhadores judeus, cristãos ou de qualquer religião, o
qual dependerá fundamentalmente da conduta que estes
últimos adotem.
Com certeza que, com dizemos no nosso BIOI Nº 1,
Segunda Época, as consignas de destruição do Estado de Israel,
e a imposição de um Estado Palestino laico, democrático e não
racista devem levantar-se como parte de um “programa que
articule junto com as demandas dos trabalhadores e as massas
contra a miséria, o desemprego e seus padecimentos inauditos,
com as consignas que ataquem a propriedade privada dos
monopólios imperialistas e da própria burguesia palestina, o
desenvolvimento dos Conselhos Operários e das milícias
operárias e a necessidade de um governo operário e camponês.
Se as massas se mobilizam e lutam por esse programa
identificarão cada vez mais esse Estado Palestino laico,
democrático e não racista com a república operária”.
Mas, da mesma forma como dizia Trotsky para África
do Sul, hoje na Palestina “(...) Deixar de lado ou enfraquecer
as consignas nacionais para não chocar com os chauvinistas
brancos nas fileiras da classe trabalhadora – neste caso, com a
suposta “classe operária judaica de Israel” – seria, com certeza,
um oportunismo criminal. As teses colocam de maneira
admirável que esses 'socialistas' que lutam pelos privilégios
dos brancos temos que assinalá-los como os maiores inimigos
da revolução” (Idem, negrito nosso).
Você, camarada, lamentavelmente, hoje, perante a
revolução Palestina, tem escolhido, por agora – e, acreditamos
nós que confundido, e por isso o chamamos para a reflexão – a
trincheira equivocada: se colocou do lado desses “socialistas”
que, como Krivine, como Altamira e seu grupo em Israel,
defendem os privilégios dos sionistas; ou seja, tem-se colocado
na trincheira dos maiores inimigos dessa grandiosa revolução.
A suposta “classe operária israelense”: uma
camada arrogante e privilegiada de aristocracia
operária sionista, aliada ao imperialismo e à
burguesia sionista e sustento de
um estado fascista
Queremos aclarar que, de parte nossa, foi
completamente de propósito que colocamos nas nossas
declarações que a única classe operária que existe hoje no
Estado sionista-fascista de Israel é a classe operária palestina:
sabíamos que era a única forma de deixar ao nu todos os pró-sionistas
que usurpam as bandeiras da IV Internacional –
inclusive aqueles que quiseram ocultar sua capitulação ao
sionismo falando em geral sobre a “destruição do Estado de
Israel” –, que iam colocar o grito no céu imediatamente em
defesa dos direitos da suposta “classe operária israelense”.
Mas, vejamos então o que é essa suposta “classe
operária israelense” da qual você fala. A suposta “classe
operária judaica” do Estado sionista-fascista de Israel, não
é senão uma camada arrogante e privilegiada de
aristocratas operários sionistas, aliados ao imperialismo e à
burguesia sionista, comprados e pagos com os superlucros
que a burguesia sionista e os monopólios imperialistas
obtêm com a superexploração da classe operária palestina,
e das colônias e semicolônias, para que sustentem e
defendam o Estado de Israel e sua burguesia para que estes
possam cumprir seu papel de gendarmes do imperialismo
na região.
Sua posição de falar em geral de uma suposta “classe
operária israelense” nega o leninismo de A a Z, posto que,
segundo sabemos os revolucionários, a classe operária não é
uma classe homogênea, senão que a chegada da época
imperialista produz o surgimento da aristocracia e da
burocracia operária nas fileiras do proletariado. Assim, diz
Lenin:
16. 16
“... o monopólio dá superlucros, quer dizer, um excesso de
lucros por cima dos normais, acostumados, do capitalismo em
todo o mundo. Os capitalistas podem gastar uma parte desses
superlucros (inclusive uma parte não pequena) para corromper
seus operários, criando algo assim como uma aliança (...) dos
operários de um país com seus capitalistas contra os demais
países (...) por uma parte, a tendência da burguesia e dos
oportunistas em converterem um punhado de nações mais
ricas, mais privilegiadas, nos eternos parasitas sobre o corpo
do restante da humanidade, a dormir 'sobre os louros' da
exploração dos negros, dos índios, etc., os mantendo sujeitos
por meio do militarismo moderno, provido de uma magnífica
técnica destrutora.
Por outra parte, a tendência das massas, que são mais
oprimidas do que antes, que suportam todos os martírios das
guerras imperialistas; tendência a jogar sobre seus ombros
esse jugo, a derrubar a burguesia. A história do movimento
operário se desenvolverá agora inevitavelmente na luta entre
estas tendências. Porque a primeira tendência não é o resultado
do acaso, senão que tem um 'fundamento econômico' (...) O
mais importante é que tem maturado e se tem produzido a
separação econômica de um setor da aristocracia operária
para a burguesia. Esse fato econômico, esta mutação na
relação entre as classes encontrará sem especial 'dificuldade'
uma ou outra forma política.” (V. I. Lenin, O Imperialismo e a
Cisão do Socialismo, 1916). Esse fato econômico encontrou ao
longo do século XX, sua expressão política no surgimento dos
partidos operários contrarrevolucionários, primeiro na
socialdemocracia, depois no stalinismo, e também nas correntes
centristas e oportunistas que se adaptam a eles, e por essa via, à
aristocracia operária.
A criação fictícia, a sangue e fogo, do Estado sionista-fascista
de Israel, implicou a compra dessa camada de
aristocratas operários sionistas privilegiados, para atuarem
junto à pequena burguesia sionista, como força de choque
contra o proletariado palestino. Por isso, a qualificação que
fazemos do Estado sionista de Israel como “fascista” – sobre a
que você não se pronuncia nem faz menção –, não é uma
qualificação sentimental, ditada pelo horror dos massacres, do
genocídio, da reclusão dos palestinos em guetos e campos de
concentração, de sua redução à escravidão e ao apartheid, senão
que é uma caraterização científica: é um estado criado
artificialmente sobre a base da utilização – por parte do capital
financeiro imperialista e da grande burguesia sionista –, da
pequena-burguesia sionista (dentre ela, os colonos judeus
fascistas) e a aristocracia operária (organizada nos sindicatos
fascistas como é a Histadrut) como força de choque para
esmagar a classe operária e o povo palestino.
A suposta “classe operária israelense” que você tão
arduamente define, não tem nada que invejar da aristocracia
operária branca na África do Sul do apartheid. Assim dizia Leon
Trotsky: “o proletariado do país está constituído por párias
negros atrasados, e por uma privilegiada, arrogante, casta de
brancos. Aqui reside a principal dificuldade (...) O pior crime
de parte dos revolucionários seria fazer a menor concessão aos
privilégios e preconceitos dos brancos. Quem entregue embora
o dedo mindinho ao demônio do chauvinismo, está perdido.”
(Sobre as Teses sul-africanas – à seção sul-africana,
10/04/1935).
Da mesma maneira, hoje na Palestina o que tem é um
proletariado constituído por párias palestinos reduzidos a
escravatura, e uma privilegiada e arrogante casta de aristocracia
operária sionista comprada pelo imperialismo e pela burguesia.
Nestas circunstâncias, pregar a “unidade” da classe operária em
geral significa fazer conceder tudo aos privilégios e
preconceitos dessa aristocracia operária sionista, significa dar-lhe
não o dedo mindinho, senão o braço completo ao demônio
do chauvinismo, que, lamentavelmente, é o que você está
fazendo hoje com a posição que sustenta no seu documento.
Uma política para submeter a classe operária e o
povo palestino revolucionários à aristocracia
operária sionista que sustenta o Estado de Israel,
ou um programa revolucionário para impulsionar o
surgimento dos soviets e do armamento do
proletariado e para preparar a insurreição triunfante
do proletariado e do povo palestino?
Do seu documento, camarada – como já temos citado –,
parece deduzir-se que você apoiaria (embora criticamente por
não estar dirigida por um partido tipo bolchevique-leninista) a
revolução palestina hoje em curso. Mas, como sabe todo
revolucionário sério, não basta declarar o apoio geral perante
uma revolução: nós trotskistas levantamos um programa
revolucionário e uma estratégia para que o proletariado e os
oprimidos possam levá-la ao triunfo.
E aqui está o problema mais sério com você, camarada,
posto que todo o “programa” que você levanta perante essa
grandiosa revolução se limita a generalidade de “revolução
socialista na Palestina, destruição do Estado sionista de Israel e
unidade dos trabalhadores palestinos com os judeus”. Isso não é
sério, camarada! Diga quando, perante
qual revolução, o trotskismo e a IV
Internacional se limitaram a levantar
semelhante caricatura de “programa
revolucionário”! É você quem tem que
demostrar que o trotskismo interveio
com um “programa” da “revolução
socialista e unidade” em geral na
revolução chinesa de 1925-27, na
revolução espanhola de 1931-1936, na
revolução francesa, na Alemanha,
etc.!
Fica claro que, não nos
cansaremos de repetir, a revolução
palestina – como toda grande
revolução – divide águas, posto que o
que define quem é revolucionário e
quem não, é o programa que se
levanta perante a revolução.
Intifada Palestina