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c o m i t e p e l a r e f u n d a c a o i v @ y a h o o . c o m . b r - c o m i t e p e l a r e f u n d a c a o i v . b l o g s p o t . c o m - 
l u t a p e l a b a s e 2 0 1 3 @ g m a i l . c o m - h t t p s : / / w w w . f a c e b o o k . c o m / C o m i t e P e l a R e f u n d a c a o I V 
O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA 
ANTES DE 1946 PLANO DA ONU DE 1947 1949-1967 2010 
O sionismo, sustentado pela cova de bandidos da ONU e do imperialismo ianque, invade e ocupa 
a nação palestina, massacrando e expulsando de sua terra a operários e camponeses 
5-8-2014 Apresentação 
Npublicadas o s e g u i n t e d o s s i ê e s p e c i a l f o r a m uma seleção de artigos 
históricos sobre a questão Palestina. O 
leitor encontrará um artigo intitulado “A revolução palestina 
e a teoria-programa da revolução permanente” que trata 
sobre a revolução palestina do ano 2000, uma polêmica 
sobre a suposta “classe operária israelense” e o artigo 
chamado “Párias em sua própria terra” que demonstra 
como se impôs na história o estado sionista-fascista de 
Israel como gendarme do imperialismo na região. 
Nesse último artigo, o leitor entenderá o processo 
de formação desse “porta-aviões” do imperialismo que é o 
estado de Israel, entrando a sangue e fogo na região, 
expulsando as massas palestinas de suas terras, 
provocando sua diáspora, condenando-as a viver em 
campos de refugiados no Líbano, na Síria e na Jordânia, 
ou ficando confinados nesses verdadeiros campos de 
concentração que são Gaza e Cisjordânia. 
Mas, as massas palestinas nunca aceitaram viver 
nessas condições. Sempre lutaram e resistiram como 
puderam contra o ocupante sionista. Desde os campos de 
concentração na Jordânia nos anos 70 começaram um 
levantamento que foi massacrado pelo exército jordano 
sob o mando do rei Hussein naquele país, deixando mais 
de 20 mil mortos. Outro massacre perpetrado às massas 
palestinas deu-se em 1982 no Líbano, nos campos de 
refugiados de Sabra e Chatila, nas mãos da burguesia 
maronita libanesa com a cumplicidade do exército sírio 
que também estava no Líbano, e com a participação do 
exército sionista, que ingressou no Líbano e ocupou o sul 
desse país até o ano 2000. 
Mas, apesar dos massacres e dos confinamentos 
nos campos de concentração de Gaza e Cisjordânia, as 
massas palestinas nunca se renderam perante o ocupante 
sionista e sempre se negaram a reconhecê-lo. Foi assim 
que, nestes verdadeiros guetos, em 1987 começou a 
denominada “Intifada”, quer dizer, a resistência das 
massas palestinas contra o estado sionista-fascista de
2 
Israel na última linha, sem mais armamento do que 
pedras – que era o que tinham em abundância – contra o 
quinto exército com maior poderio militar do mundo. 
A burguesia palestina da OLP, que tinha se 
colocado na frente destes movimentos, manteve seus 
organismos armados e manteve todo seu armamento e 
arsenal separado das massas. Cuidou muito bem de que 
as massas ficassem desarmadas nos enfrentamentos 
contra o sionismo. Porque só pretendia ser uma 
burguesia administradora dos campos de concentração 
de Gaza e Cisjordânia e não a destruição de Israel e a 
libertação das massas palestinas. E isso se viu quando, 
depois da derrota sofrida no Iraque à imposição da 
invasão de Bush pai em 1993, Yasser Arafat – líder da 
OLP naquele momento – se reuniu em Oslo com o 
primeiro ministro israelense, sob o comando do 
imperialismo, e assinou um pacto que reconhecia o 
Estado de Israel e colocava a existência de dois estados 
na Palestina. 
A OLP então acabou reconhecendo o estado de 
Israel e aceitou o plano de “dois estados”, mas as massas 
palestinas nunca fizeram isso. Nem reconhecem o 
estado de Israel, nem aceitaram os acordos de Oslo e o 
plano de dois estado, por isso foram contra os que o 
queriam impor em seu interior – a OLP e a burguesia 
palestina –, as massas se levantaram novamente no ano 
2000 contra o invasor sionista. Mas desta vez, foram 
buscar as armas para enfrentá-lo. Para isso assaltaram 
as delegacias da OLP. Isso significa que as massas 
passavam da resistência para entrar em revolução, já 
que com suas ações independentes derrubaram o 
controle da burguesia palestina, se armavam e jogavam 
fora o plano dos “dois estados”. Enquanto, as massas 
palestinas no sul do Líbano se insurrecionavam e 
expulsavam o invasor sionista dali. 
Foi uma grandiosa revolução das massas 
palestinas no ano 2000, que passavam da resistência à 
revolução, que foi depois esmagada por um golpe 
contrarrevolucionário direto do sionismo, sob o comando 
do imperialismo e, sobre essa base, tentar impor às 
massas palestinas o plano dos “dois estados”. 
Mas, as massas palestinas continuaram – e no dia 
Palestinos despejados de suas terras 
de hoje ainda continuam – sem render-se, sem submeter-se 
ao plano dos “dois estados” e sem reconhecer o 
estado de Israel. O demostraram no ano 2006 quando 
derrotaram ao exército sionista no sul do Líbano. O 
demonstraram quando nesse ano e no ano seguinte 
começaram a não aceitar o submetimento à OLP, 
movimento que foi canalizado pelo Hamas em Gaza e 
pela frente popular do stalinismo apoiando a OLP e 
reconhecendo o estado de Israel na Cisjordânia. O 
demonstraram quando se negaram a assinar o 
reconhecimento do estado de Israel, ainda depois de 
anos de cerco a Gaza e ainda depois do massacre como 
foi o Chumbo Fundido de 2008. As massas palestinas 
sempre se mantiveram na resistência contra o ocupante 
sionista. 
Isso se vê hoje: as massas palestinas resistindo o 
massacre e a ofensiva do sionismo, sob o comando do 
imperialismo. E assim como 
acontecera no ano 2000, é 
preciso passar da resistência à 
revolução! É preciso tirar de cima 
as burguesias palestinas que 
reconhecem o estado de Israel e 
buscam pactuar com ele e aplicar 
o plano dos “dois estados”! É 
preciso conquistar o armamento 
generalizado para enfrentar o 
sionismo, e fazê-lo desde todas 
as frentes! Guerra total contra o 
o c u p a n t e s i o n i s t a ! P e l a 
destruição do estado sionista-fascista 
de Israel! Por uma 
Palestina livre, laica, democrática 
e não racista com capital em 
Jerusalém! É preciso levar a 
revolução ao triunfo sobre a base 
da expulsão do estado sionista do 
rio Jordão até o mar! 
Acampamento de refugiados palestinos expulsos de suas terras pelo sionismo em 1948
O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA 3 
Reproduzimos aqui extratos de um artigo publicado originalmente em Democracia Obrera Nº 11 da Argentina, do 
dia 16 de abril de 2002, no momento que havia começado a ofensiva contrarrevolucionária que, na forma de guerra de 
extermínio, o Estado de Israel lançara naquele momento para esmagar a sangue e fogo a heroica resistência palestina 
iniciada no ano 2000. Neste artigo, o leitor poderá encontrar a definição de nossa corrente sobre o caráter da luta 
nacional do povo palestino, qual é a sua força motora, e qual foi a mecânica da revolução e da contrarrevolução na 
Palestina a princípios do século XXI. 
Abril 2002 
A REVOLUÇÃO PALESTINA E A TEORIA-PROGRAMA DA REVOLUÇÃO 
Anacional longa luta do povo palestino por sua libertação contra o Estado sionista-fascista de 
Israel que, como gendarme do imperialismo, 
ocupou e usurpou a Palestina em 1948, é a expressão labiríntica 
da luta de uma das classes operárias mais exploradas do mundo 
para acabar com as condições inauditas de superexploração às 
quais tem sido submetidas pelo imperialismo, o sionismo, e 
também pelos capachos das burguesias árabes. 
A força motora da luta nacional do povo palestino, que 
manteve essa luta viva durante mais de 50 anos, são a classe 
operária e os camponeses palestinos. Pelo contrário, a 
burguesia nacional palestina e outras burguesias árabes do 
Oriente Médio, sócias menores do imperialismo na exploração 
e submissão de suas próprias classes operárias e povos, 
entregaram a luta nacional do povo palestino, estabeleceram 
pactos e acordos com o Estado de Israel e o imperialismo, 
jogando um papel de controlar e manter submetido o povo 
palestino – como a burguesia síria e libanesa no Líbano, e a 
jordana, que exploram e oprimem milhões de trabalhadores 
palestinos que vivem nesse países em acampamentos de 
refugiados – e utilizando essa luta como moeda de troca nos 
negócios com o imperialismo por sua taxa na renda petroleira, 
como as burguesias egípcia, iraniana, iraquiana, etc. 
Demonstra assim que a classe operária é a única 
classe verdadeiramente nacional, a única interessada em 
destruir o Estado de Israel e recuperar a terra palestina 
usurpada, a única que pode levar até o final – acaudilhando 
os camponeses e o conjunto da nação oprimida – a luta 
contra o Estado de Israel e o imperialismo, porque não têm 
nenhum interesse que as ate a eles. A luta pela libertação 
nacional, pela destruição do Estado Sionista e a conquista 
do estado palestino laico, democrático e não racista, está 
indissoluvelmente ligada à revolução social, à expropriação 
de sua própria burguesia nacional e ao imperialismo que a 
sustenta. 
A MECÂNICA DA REVOLUÇÃO PALESTINA: 
DA REVOLTA À REVOLUÇÃO 
Esta forma labiríntica – da luta de libertação nacional – 
que o combate da classe operária e os explorados palestinos 
adquiriu desde a imposição do Estado de Israel em 1948, se 
expressou, desde meados dos anos 80 e até princípios dos '90, 
no que se chamou a “Intifada”. 
A “Intifada” foi uma revolta, isto é, uma enorme luta 
política de massas, mas defensiva, protagonizada pela classe 
operária e os explorados palestinos que resistiram 
historicamente, “na última trincheira”, as condições inauditas 
de superexploração e de escravidão impostas a sangue e fogo 
pelo Estado de Israel, enfrentando-se diariamente nas ruas, 
armados só com pedras, com as tropas genocidas do exército 
israelense, massas cercadas e entregues a cada passo por Arafat 
e a OLP. 
Os acordos contrarrevolucionários de Oslo, impostos 
em 1993, tiveram o objetivo de submeter a Intifada e impedir 
que essa persistente resistência acabasse por transformar-se em 
revolução aberta. Conseguiram impor às massas palestinas sob 
a base do triunfo contrarrevolucionário conquistado pelas 
potências imperialistas com a derrota militar e a destruição do 
Iraque com os bombardeios na guerra do Golfo em 1991, que 
foi um duro golpe assentado às massas palestinas e à luta 
antiimperialista dos trabalhadores e dos explorados de todo 
Oriente Médio. 
Ainda assim, esse triunfo contrarrevolucionário não foi 
suficiente para esmagar a luta da classe operária e do povo 
palestino, mas sim para submeter sua heroica resistência e 
permitir que Arafat e a burguesia nacional palestina 
impusessem os acordos de Oslo sobre a base de promessas 
demagógicas acerca de um futuro “estado palestino”, 
entregando expressamente a bandeira histórica da luta pela 
destruição do Estado de Israel e por uma Palestina laica, 
democrática e não racista, reconhecendo ao Estado de Israel e 
aceitando transformar-se em gendarme e carcereiro de seu 
próprio povo. 
Assim se impôs a farsa dos “territórios autônomos” 
controlados por Arafat e a polícia palestina. A presença 
imperialista direta no Oriente Médio, o estado gendarme de 
Israel, as burguesias síria e jordana que submetem o povo 
palestino no Líbano e Jordânia, acrescentou-se um novo 
mecanismo de coerção contra as massas palestinas: a 
Autoridade Nacional Palestina e sua polícia, encarregadas de 
garantir que a classe operária e o povo palestino vivam nesses 
campos de concentração que são os territórios autônomos, para 
que pudessem continuar sendo utilizadas como mão de obra 
escrava pela burguesia sionista, os monopólios imperialistas e 
as burguesias árabes, e que a própria burguesia palestina ficasse 
com uma fatia dessa exploração. Esse foi o dispositivo de 
controle que funcionou até setembro de 2000. 
Foi precisamente contra esse dispositivo, 
motorizadas pelas condições selvagens de superexploração 
e penúrias inauditas, que se levantou nesse ano a classe 
operária e os explorados palestinos. 
Mas desta vez, não foi uma luta defensiva, de 
resistência, cercadas pela direção de Arafat, senão que, 
rompendo o cerco e o controle de Arafat e da OLP, e 
inclusive do Hamas, Hezbollah e da Jihad, irromperam 
numa luta ofensiva, uma insurreição espontânea, 
enfrentando diretamente a burguesia nacional palestina, 
sua ANP e sua polícia: quer dizer, dando início a uma 
grandiosa revolução operária e camponesa contra a 
superexploração dos trabalhadores e do povo na Palestina e 
no Líbano, e anticolonial, tomando em suas mãos a luta pela 
destruição do Estado sionista-fascista de Israel. 
A primeira fase da revolução se iniciou em maio de 
2000, não na Palestina mas no sul do Líbano. Ali se levantaram 
os trabalhadores e o povo palestino dos acamamentos de 
refugiados, derrotando e desarmando as milícias cristãs – 
aliadas e agentes de Israel –, se armaram e obrigaram o exército 
sionista a fugir em debandada e humilhado, ficando o sul do 
Líbano sob seu controle.
4 
No final do mês de setembro desse ano, a 
revolução irrompe abertamente nos próprios 
territórios autônomos, com uma insurreição 
espontânea, com uma greve geral indefinida, com 
enfrentamentos nas ruas contra a polícia de Arafat, 
nos quais os trabalhadores e os explorados 
acabaram assaltando e tomando as delegacias 
palestinas e justiçando os agentes de inteligência do 
sionismo, dividindo a polícia, pegando as armas e 
colocando em pé suas milícias dos acampamentos. 
Foi uma insurreição espontânea das massas 
q u e p a s s o u p o r c i m a d a s d i r e ç õ e s 
contrarrevolucionárias e destruiu os acordos de 
Oslo, suas instituições e seus mecanismos de 
coerção, dividiu a burguesia sionista arredor de 
como enfrentar e derrotar as massas, e fez ressurgir 
com força a luta antiimperialista das massas de 
Oriente Médio, que o imperialismo tinha 
conseguido tirar da cena desde a guerra do Golfo. No entanto, 
sem um plano organizado, sem objetivos claros e sem uma 
direção revolucionária na sua frente, a classe operária e os 
explorados não conseguiram fazer-se do poder, que voltou para 
as mãos da burguesia. 
A burguesia palestina da OLP reconhecendo o 
estado de Israel nos acordos de Oslo de 1993 
Mas, frente ao antigo aparato estatal e suas instituições 
destruídas, as massas estabeleceram seu próprio poder de fato 
nos acampamentos e cidades palestinas – o das massas armadas 
e suas milícias – dando lugar ao surgimento de uma situação de 
duplo poder. Poderíamos dizer, fazendo uma analogia – com 
todos os limites que isso implica – que se tratou de uma 
revolução de tipo “fevereiro” (pela revolução de fevereiro de 
1917 na Rússia), no sentido de uma insurreição espontânea, que 
destruiu o poder do inimigo sem conseguir tomar o poder, e 
instaura um regime de duplo poder. 
Assim, a grandiosa revolução palestina iniciada em 
2000, irrompe desde o começo encabeçada pela classe 
operária acaudilhando os camponeses e o conjunto da 
nação oprimida, e ao deixar destruídos os acordos de Oslo, 
seus mecanismos de coerção da ANP e sua banda de homens 
armados que eram o dique de contenção do enfrentamento 
com o Estado de Israel, retoma imediatamente e num 
patamar superior a luta pela libertação nacional contra o 
usurpador sionista e por essa via, contra o imperialismo. 
A revolução palestina concentra dessa maneira a tarefa 
democrático-revolucionária e antiimperialista da libertação 
nacional, com as tarefas da revolução contra a própria 
burguesia, com a classe operária acaudilhando os camponeses 
pobres e o povo pobre. 
Precisamente porque se trata de uma grandiosa 
revolução operária e camponesa, a primeira grande revolução 
do século XXI, é que, inevitavelmente provocou no outro polo, 
a contrarrevolução que adquiriu a forma de uma verdadeira 
guerra de extermínio. Todas as correntes liquidacionista e 
centristas que usurpam as bandeiras da IV Internacional e que 
tentam ocultar essa grandiosa revolução falando de uma nova 
“Intifada”, como se fosse uma luta de resistência, defensiva, 
hoje não podem explicar o por que de semelhante ofensiva 
contrarrevolucionária e guerra de extermínio lançada por Israel 
e o imperialismo. Ao negar a revolução são incapazes de 
explicar que o estado sionista e o imperialismo deveram lançar 
a ofensiva contrarrevolucionária atual precisamente porque 
Arafat e a OLP se demonstraram incapazes de frear as massas e 
estrangular desde dentro sua revolução. 
Hoje, essa tem enfrentado um momento decisivo, em 
sua fase de guerra civil e nacional da classe operária e do povo 
palestino, ao qual Israel e o imperialismo responderam com 
uma brutal ofensiva militar contrarrevolucionária para tentar 
esmagá-la. Para derrotar esta ofensiva, é necessário armar todos 
os trabalhadores e o povo palestino, centralizar as milícias dos 
acampamentos e colocar em pé uma só revolução e guerra 
nacional palestina nos territórios da Palestina, Líbano e 
Jordânia. 
Para Arafat e a burguesia nacional palestina – 
igualmente a burguesia árabe e o resto dos países muçulmanos 
da Ásia e África – são incapazes de levar adiante estas tarefas; 
de levar a luta nacional até a vitória, posto que isso significaria 
colocar em perigo não só a dominação imperialista e do estado 
de Israel, senão que também sua própria propriedade privada e 
seu domínio como sócias menores do imperialismo. 
Por isso, para derrotar a contraofensiva do Estado de 
Israel e do imperialismo, é preciso derrotar a política das 
direções nacionalistas burguesas e pequeno-burguesas, romper 
toda subordinação a burguesia do Líbano e da Jordânia, e 
conquistar uma direção proletária da guerra, a única que terá as 
mãos livres para organizar as enormes forças dos trabalhadores 
e dos explorados na Palestina e em toda a região, para atacar os 
interesses imperialistas e das burguesias árabes, e para chamar 
os trabalhadores e os povos oprimidos de toda a região e 
levantar-se em uma só luta contra o Estado de Israel e o 
imperialismo. 
Só com uma direção proletária da guerra – quer dizer, 
sob a direção da classe operária acaudilhando os camponeses e 
o conjunto da nação oprimida – poderá se garantir a derrota 
militar do Estado de Israel, sua destruição e a conquista de um 
estado palestino laico, democrático e não racista em todo o 
território histórico da Palestina onde possam conviver 
pacificamente os trabalhadores e camponeses de qualquer etnia 
e religião, o que só pode conseguir-se sob um governo operário 
e camponês das massas palestinas autoorganizadas e armadas. 
O CARÁTER INTERNACIONAL 
DA REVOLUÇÃO PALESTINA 
O estado sionista-fascista de Israel é o dispositivo 
contrarrevolucionário, o gendarme central das potências 
imperialistas em todo Oriente Médio. Foi criado não só para 
expulsar de sua terra, dividir e explorar a classe operária e o 
povo palestino, senão como enclave imperialista para garantir a 
submissão dos trabalhadores e dos povos oprimidos de toda a 
região, e dessa maneira, o controle por parte das potências 
imperialistas das enormes reservas e das rotas do petróleo, e em 
particular, do imperialismo ianque como potência dominante. 
Por isso, a tarefa da destruição desse estado enclave do 
imperialismo é uma tarefa não só da classe operária e do povo 
palestino, senão que do proletariado e dos explorados do
O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA 5 
Oriente Médio e dos países árabes e muçulmanos da África e da 
Ásia. 
A heroica revolução da classe operária e do povo 
palestino empurra a luta antiimperialista das massas exploradas 
de toda a região, contra o imperialismo e o Estado de Israel. 
Milhões de explorados do Líbano, Jordânia, Egito, Iraque, 
Líbia, Tunísia, Marrocos, etc., ganham as ruas exigindo armas 
para defender a revolução palestina, que se abram as fronteiras 
para irem combater, que se rompam as relações com Israel e se 
ataquem seus interesses e os do imperialismo. Desde o início da 
revolução palestina, da mesma maneira que perante a guerra 
contra Afeganistão, e hoje perante o choque direto da revolução 
e da contrarrevolução na Palestina, os trabalhadores e os 
explorados da região lutam por unir suas fileiras em uma só luta 
contra o imperialismo e o Estado de Israel. Mas, esse combate 
se choca a cada passo com a política das respectivas burguesias 
nacionais, sócias menores do imperialismo, que correram, 
encabeçadas pela arquireacionária burguesia saudita, a apoiar o 
plano contrarrevolucionário de “dois estados” da ONU para 
salvar o sionismo e garantir a escravização das massas 
palestinas e do Oriente Médio. 
É assim que a revolução palestina, ao empurrar a luta 
antiimperialista das massas no Oriente Médio, empurra ao 
mesmo tempo o enfrentamento direto da classe operária desses 
países contra os capachos das burguesias árabes e seus regimes 
e governos. Quer dizer, que coloca a seu interior a 
transformação da luta antiimperialista em revolução social 
contra as burguesias nacionais, o seu derrotamento e a 
expropriação do imperialismo e da burguesia nativa, e a 
imposição de governos operários-camponeses. 
O problema nacional palestino e a libertação dessa 
classe operária da exploração, resolve-se então não só na 
Palestina, senão em todo o Oriente Médio, na luta 
revolucionária das massas contra o imperialismo, por expulsá-lo 
da região e expropriá-lo, pela destruição do Estado de Israel, 
e por derrotar e expropriar as burguesias lacaias, impondo 
governos operários-camponeses em todos os países da região, 
no caminho de uma Federação de Repúblicas Operário- 
Camponesas do Oriente Médio. 
A classe operária e o povo palestino fazem parte dos 
mais de 1500 milhões de trabalhadores e camponeses dos países 
árabes e muçulmanos que, desde o Norte da África até o 
Cáucaso e a Ásia Central, vivem sobre um território que conta 
com as maiores reservas de petróleo e gás do planeta, mas 
afundados na mais abjeta miséria e superexploração por parte 
do imperialismo e das burguesias nativas. Por trás do problema 
religioso do islamismo, se oculta a existência no Oriente Médio 
e na Ásia Central, de uma classe operária terrivelmente 
superexplorada, migrante, com operários que se trasladam país 
por país para trabalhar nas jazidas petroleiras e nas refinarias 
dos monopólios imperialistas e de seus sócios menores das 
burguesias árabes, vivendo em condições infra-humanas nos 
acampamentos, rodeados por mercenários armados até os 
dentes, por tropas dos exércitos das burguesias nativas ou 
diretamente pelas tropas imperialistas, como na Arábia Saudita. 
Isso é o que negam e tentam ocultar os liquidacionistas 
renegados do trotskismo que, com o argumento de que o 
islamismo seria reacionário e retrógrado, se negaram a apoiar a 
nação afegã oprimida frente a guerra de colonização do 
imperialismo anglo-ianque, como fez o LPP do Paquistão, e 
condenaram, por serem islamistas, os milicianos 
antiimperialistas que foram combater no Afeganistão, que eram 
precisamente esses operários migrantes e também os 
camponeses superexplorados. 
O triunfo da revolução e da guerra civil dos 
trabalhadores e do povo palestino daria um enorme impulso a 
luta antiimperialista da classe operária e os camponeses dos 
países árabes e muçulmanos, e colocaria imediatamente em 
questão o controle das rotas do petróleo por parte do 
imperialismo, a presença de suas tropas e bases militares na 
região, e a ocupação do Afeganistão. Daria um enorme impulso 
a luta do povo checheno contra a opressão da grande burguesia 
russa, sócia menor dos monopólios imperialistas no saque das 
riquezas petroleiras e de gás do Cáucaso, a dos trabalhadores e 
explorados muçulmanos das ex-repúblicas soviéticas da Ásia 
Central como Turcomenistão, Cazaquistão, Uzbequistão, onde 
o imperialismo ianque ficou com o petróleo e o gás após seu 
triunfo no Afeganistão. Ou seja, daria um grande impulso às 
massas muçulmanas dos ex-estados operários em liquidação 
contra a opressão da grande burguesia russa, de suas próprias 
burguesias, e contra a ofensiva das potências imperialistas por 
colonizar os antigos estados operários, o que colocaria na 
ordem do dia a luta pela derrota das burguesias 
restauracionistas, e pela restauração da ditadura do proletariado 
sob formas revolucionárias. 
AS TAREFAS ANTIIMPERIALISTAS DA CLASSE 
OPERÁRIA DAS POTÊNCIAS IMPERIALISTAS 
FRENTE A REVOLUÇÃO E A GUERRA CIVIL E 
NACIONAL PALESTINA 
Mas, a tarefa da destruição do Estado de Israel é 
também uma tarefa fundamental da classe operária das 
potências imperialistas, que são as que o criaram, o sustentam e 
financiam como seu gendarme. Se a revolução palestina e a luta 
antiimperialista das massas da região é derrotada, serão as 
burguesias imperialistas ianque e europeias, que se fortalecerão 
para passar o ataque contra suas próprias classes operárias, em 
um nível superior aos que já aconteceram após o triunfo 
imperialista na guerra dos Balcãs, ou mais recentemente contra 
Afeganistão. 
(...) 
Por isso, é de vida ou morte, então, para a classe 
operária das potências imperialistas europeias e dos Estados 
Unidos tomar em suas mãos a luta pelo triunfo da classe 
operária e do povo palestino e pela derrota militar do exército 
sionista genocida, isto é, pela destruição do Estado de Israel. É 
de vida ou morte tomar em suas mãos as tarefas 
antiimperialistas, cujo primeiro dever é o de enfrentar a sua 
própria burguesia imperialista e apoiar efetiva e ativamente a 
luta pela libertação nacional dos trabalhadores das colônias e 
semicolônias. Como diz o Programa de Transição: “Será dever 
do proletariado internacional ajudar os países oprimidos em 
sua guerra contra os opressores (...) A derrota de todo governo 
imperialista na luta (...) contra um país colonial é o mal menor. 
Os operários dos países imperialistas, no entanto, não podem 
ajudar a um país antiimperialista a través de seus próprios 
governos, sejam quais forem as relações diplomáticas e 
militares entre os dois países em um dado momento. Se os 
governos se encontram em uma aliança temporal, e pela 
essência mesma da questão, incerta, o proletariado do país 
imperialista segue permanecendo em uma oposição de classe 
perante seu governo, e sustenta ao 'aliado' não imperialista 
através de seus próprios métodos, quer dizer, pelos métodos da 
luta de classes internacional”. 
Esse é o único caminho verdadeiramente anticapitalista 
para a classe operária das potências imperialistas: não se pode 
ser anticapitalista, se não se é antiimperialista; ou seja, se não se
6 
enfrenta, em primeira instância, a suas próprias burguesias 
imperialistas. Se continuarem pelo caminho que lhes marcam 
as burocracias sindicais, os socialdemocratas, stalinistas, 
Verdes, e também os renegados do trotskismo que os chamam a 
apoiar a política de “paz no Oriente Médio, dois estados e 
intervenção da ONU”, a classe operária das potências 
imperialistas ficarão novamente atadas a suas próprias 
burguesias, e essas estarão em melhores condições para passar o 
ataque contra suas conquistas, com privatizações, 
flexibilização e demissões massivas, como as que se preparam 
na Europa e no Japão. 
Por isso, enfrentar a sua própria burguesia imperialista 
significa uma guerra sem quartel contra a aristocracia e as 
burocracias operárias dos Estados Unidos e das potências 
europeias – contra a burocracia sindical da AFL-CIO norte-americana, 
da TUC inglesa, da CGT e da CFDT francesas, da 
CGIL e demais centrais italianas, da burocracia dos sindicatos 
alemães, contra a socialdemocracia e o stalinismo –, agentes de 
suas próprias burguesias imperialistas e defensoras de suas 
aventuras colonialistas e de rapina, posto que vivem das 
migalhas dos superlucros que essas obtêm da superexploração 
dos trabalhadores das colônias e das semicolônias. 
Por isso, nós trotskistas, lutamos – seguindo a gloriosa 
tradição da III Internacional de Lenin e Trotsky, e da IV 
Internacional – para que a classe operária das potências 
europeias tome em suas mãos suas tarefas antiimperialistas, ou 
seja, em primeiro lugar para que unifique suas fileiras com os 
milhões de trabalhadores imigrantes árabes e muçulmanos 
provenientes do Oriente Médio, do Norte da África e da Ásia, 
que são tratados como párias nos países europeus da mesma 
forma que o são seus irmãos de classe na Palestina. Para isso, 
lutamos para que levantem as demandas dos trabalhadores 
imigrantes e tomem em suas mãos, ativamente, a luta pelo 
triunfo da classe operária e o povo palestino, e pela derrota 
militar do Estado de Israel e seu exército genocida, enfrentando 
o plano contrarrevolucionário dos “dois estados” da ONU, e às 
aristocracias e burocracias operárias, aos socialdemocratas, aos 
stalinistas, às direções burguesas e pequeno-burguesas do 
movimento globalifóbico – e também aos pablistas renegados 
do trotskismo – que as apoiam. Da mesma maneira, lutamos 
para que a classe operária dos Estados Unidos retome o 
caminho da luta antiimperialista contra a guerra de Vietnã, 
detendo as perseguições aos trabalhadores de origem árabe e 
muçulmana, rompendo com a burocracia sindical da AFL-CIO 
que apoia a Bush em sua “guerra contra o terrorismo” enquanto 
deixa passar as milhões de demissões e a mais brutal 
flexibilização contra os trabalhadores norte-americanos. 
Lutamos porque os trabalhadores das potências 
imperialistas sustentem a classe operária e o povo palestino 
“por seus próprios métodos” – como diz o Programa de 
Transição –, quer dizer, lutando por deter desde o interior das 
potências imperialistas a maquinaria de guerra de seu estado 
gendarme de Israel, paralisando mediante a greve, o boicote, a 
mobilização e os piquetes, todo envio de armas e mantimentos 
necessários para vencer. Lutamos para que o proletariado dos 
países imperialistas retome a tradição internacionalista da 
guerra civil e da revolução espanhola, tomando em suas mãos a 
tarefa de convocar e organizar brigadas de operários 
internacionalistas prontos para ir combater na Palestina. 
Publicamos a seguir “Párias em sua própria terra”, artigo que foi reproduzido pela primeira vez no Boletim de Informações 
Operárias Internacionais Nº 1 – Segunda Época de novembro do ano 2000, mas que depois foi ampliado e publicado em sua 
versão definitiva no Suplemento Especial de Democracia Obrera Número 34, de janeiro de 2009. Esse artigo, então, foi finalizado 
em sua versão definitiva quando a questão palestina novamente voltava a colocar-se no centro do cenário mundial após o massacre 
do sionismo, comandado pelo açougueiro imperialista Obama, na denominada operação Chumbo Fundido. 
O seguinte artigo constitui uma versão e explicação desde o ponto de vista histórico da instalação do estado sionista-fascista de 
Israel ocupando a nação palestina e confinando seu povo nos campos de concentração de Gaza e Cisjordânia. É um artigo para 
contribuir na compreensão do papel do estado de Israel como gendarme do imperialismo na região e desmascarar o mito da 
suposta “terra prometida” e “nação judaica sem estado” que “teria direitos bíblicos para instalar-se na Palestina”, que não são 
mais do que enganações para justificar a existência e o acionar do estado sionista como “porta-aviões” do imperialismo na terra 
palestina para assegurar as rotas de petróleo e manter submetidas as massas exploradas da região. 
Janeiro de 2009 
OS TRABALHADORES E O POVO PALESTINO SOB A BOTA DO IMPERIALISMO E DO ESTADO SIONISTA-FASCISTA 
DE ISRAEL 
PÁRIAS NA SUA PRÓPRIA TERRA 
Sessenta anos de massacres e tentativas de extermínio pelas mãos do Estado sionista-fascista de Israel; sessenta 
anos de luta indomável da classe operária e do povo palestino pela libertação de sua nação ocupada 
Pcolônia alestina foi até a metade do século XX uma inglesa. Mas quando o imperialismo 
inglês entrou em sua etapa de decadência e 
começou a retirar-se de parte de seus domínios após a segunda 
guerra mundial, o comando passou para as mãos do 
imperialismo ianque. Mas ao contrário de mantê-la como 
protetorado, as potências imperialistas, encabeçadas pelos 
EUA, idearam a criação do Estado de Israel, encobrindo dessa 
maneira – com o manto “humanitário” de dar terra para uma 
suposta “nação judaica” que a teria perdido – o estabelecimento 
de um dispositivo militar, uma cunha para controlar as massas 
oprimidas do Oriente Médio e do Magreb (Norte da África) – 
que começavam um processo de luta revolucionária para 
libertar suas nações da colonização britânica e francesa – e ao 
mesmo tempo, assegurar o acesso e o controle das rotas do 
petróleo. 
“Sinto que o presidente (dos Estados Unidos, NdeR) 
será o novo Moisés que fará nascer o menino de Israel no 
deserto” (1), declarava um homem do congresso norte-americano 
ao sair de uma reunião com o presidente ianque. 
O “novo e democrático Moisés”, o imperialismo 
ianque, sustentava e sustenta econômica e militarmente a 
constituição e permanência do Estado sionista-fascista de 
Israel. Só nesse financiamento se baseia o mito do “milagre” 
israelense. Para sua criação e sustentação, o imperialismo 
apoiou-se e apoia-se no sionismo que é um movimento político 
dirigido pela burguesia financeira de origem judaica, a mesma 
que, no sionismo que é um movimento político dirigido pela
O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA 7 
burguesia financeira de origem judaica, a mesma que, como o 
magnata Rothschild, não duvidou em financiar o estado fascista 
alemão a meados do século XX. 
O sionismo, surgido na Europa no final do século XIX 
detrás da bandeira de “um povo sem terra para uma terra sem 
povo” e escolhendo a Palestina sobre a base das “tradições 
bíblicas”, foi apoiado desde um primeiro momento pela grande 
burguesia financeira judaica. Essa impulsionava o 
estabelecimento de uma “pátria” para seus “irmãos” na 
Palestina porque temia que a corrente de emigração das massas 
judaicas, produto da fome e da miséria, desde a Europa Oriental 
até a Ocidental, produzissem uma onda antissemita que 
voltasse contra si. Ao mesmo tempo, a burguesia sionista 
enxergava nesta saída uma maneira de afastar essas massas 
pobres e despossuídas da influência e agitação revolucionárias. 
O sionismo foi assim um fenômeno oposto ao dos 
trabalhadores e intelectuais europeus de origem judaica que 
abraçaram a causa da classe operária, que foram parte das lutas 
revolucionárias na Europa e como tais, caíram sob o fascismo e 
desenvolveram gestos heroicos como o de gueto de Varsóvia. 
A burguesia sionista que tinha se apoiado inicialmente 
no imperialismo britânico (o “Moisés anterior”), consciente de 
que esse, ainda que vitorioso, tinha saído enfraquecido da II 
Guerra Mundial, vai em busca de seu “novo Moisés”, o 
imperialismo norte-americano que, a sangue e fogo, cira o 
Estado sionista-fascista, racista de Israel, impondo esse enclave 
imperialista armado até os dentes como gendarme na região, e 
concretizando a mentira sionista de “uma terra sem povo para 
um povo sem terra”. 
Porque de nenhuma maneira a Palestina era “uma terra 
sem povo”. Por isso, para concretizar a criação do enclave 
sionista, era necessário expulsar a maioria dos palestinos e 
expropriar seus bens. “Quando ocupemos a terra... 
expropriaremos pouco a pouco a propriedade privada nos 
Estados que nos outorguem. Tentaremos desanimar a 
população pobre afastando-a além da fronteira, procurando 
emprego para ela nos países intermédios e negando-lhe 
qualquer emprego em nosso país... tanto o processo de 
expropriação quanto de eliminação dos pobres deverá levar-se 
adiante discretamente e com circunspecção.” Declarava 
Theodor Herzl, um dos fundadores do sionismo. 
No dia 29 de novembro de 1947 se “legitima” a partição 
da Palestina e o estabelecimento do Estado israelense por meio 
da votação da ONU – um verdadeiro ministério de colônias do 
imperialismo; a mesma ONU que aprovou o ataque ao Iraque 
em 1991, ao Kossovo e à Sérvia, e ao Afeganistão em 2001; a 
mesma ONU que sustentou a invasão inglesa nas Malvinas, a 
que encobre a ocupação no Haiti e sua transformação em um 
protetorado ianque, e a que cobre com um manto de “unidade da 
comunidade mundial” a defesa dos interesses de rapina do 
imperialismo e santifica suas sanguinárias intervenções 
militares em todo o mundo com o argumento da defesa da 
“democracia”. 
A criação do Estado de Israel contou também com a 
colaboração da burocracia stalinista que apoiou a partição e 
ocupação da Palestina. Assim, a traidora burocracia cumpria 
fi r m e m e n t e n o O r i e n t e M é d i o , c o m o p a c t o 
contrarrevolucionário de Yalta assinado na saída da II Guerra 
Mundial com os imperialistas ianques e britânicos. 
O extermínio e a expulsão do povo palestino de sua 
própria nação 
Essa resolução e o novo plano de ocupação e 
estabelecimento de um Estado judaico na Palestina se 
realizaram sobre a base da terrível derrota sofrida pelas massas 
palestinas com o esmagamento da heroica insurreição que 
protagonizaram desde 1936 até 1939 lutando contra o domínio 
imperialista francês e inglês. Para esmagar esta insurreição, que 
começou com a greve geral que durou seis meses, o 
imperialismo utilizou a metade dos efetivos de todo o exército 
inglês, que nesse momento era um dos mais poderosos do 
mundo. Milhares de palestinos morreram, detidos e 
condenados à forca e a prisão. 
Mas o povo palestino voltou a levantar-se em 1947, 
contra a partição e ocupação de sua nação pelo estado sionista. 
Sucederam-se greves e manifestações de protesto. 
Para esmagar e aniquilar a resistência do povo 
palestino, o “novo Moisés” norte-americano e o sionismo 
fascista lançaram uma campanha terrorista. “A única solução é 
uma Palestina, ou pelo menos uma Palestina Ocidental sem 
árabes. E não tem outro caminho que transferir todos os árabes 
desde aqui aos países vizinhos, transferi-los todos: nem uma 
aldeia, nem uma tribo devem ficar.” (3). O plano fascista se 
aplicou sistematicamente, apelando às matanças massivas 
aldeia por aldeia, casa por casa, fábrica por fábrica. Como 
exemplo, no dia 31 de dezembro de 1947, na refinaria de 
petróleo de Haifa onde vinham se desenvolvendo lutas 
conjuntas de operários árabes e judeus contra a patronal 
imperialista, um comando do Irgun (4) jogou bombas e 
metralhou uma fila de operários árabes que estava na porta da 
refinaria lutando por trabalho. Centenas de operários foram 
mortos e feridos. 
No dia 9 de abril de 1948, unidades especiais da 
Haganá (exército “extraoficial” do sionismo) 
tomaram a aldeia de Deir Yassin, e percorreram 
casa por casa, jogando granadas dentro delas, e 
degolando os sobreviventes, exterminaram 
todos os moradores civis, dos quais a maioria 
eram mulheres, idosos e crianças. 
O líder da organização terrorista 
sionista Irgun, Manachem Begin, depois 
primeiro ministro israelense, descrevia assim 
esse plano de extermínio: “Todas as forças 
judaicas avançavam através de Haifa como 
faca na manteiga. Os árabes fugiam em pânico 
gritando: 'Deir Yassin!'... Esse êxodo massivo 
logo deveio em uma enlouquecida e 
incontrolável fuga.” 
No dia 14 de maio de 1948, sobre a base 
do extermínio e da expulsão de milhões de 
Tropas fascistas do sionismo na guerra de 1973 palestinos, era proclamado o Estado de Israel.
8 
A guerra “árabe-israelense” de 1948-49 
Egito, Jordânia, Síria, Iraque e outros países árabes, 
declararam guerra ao estado de Israel. Ante isso, Estados 
Unidos, Grão Bretanha, França, com o apoio de seus serventes 
da burocracia stalinista, acabaram de armar até os dentes o 
exército sionista. 
Para demonstrar sua lealdade ao pacto de Yalta e 
Potsdam e seu papel contrarrevolucionário, a burocracia 
stalinista enviou armas e aviões aos sionistas através do 
intermédio da Checoslováquia. Escrevia-se assim, com sangue 
palestino, uma das páginas mais obscuras da traição stalinista à 
revolução mundial. 
Depois de alguns meses de combate, em 1949 os 
exércitos convencionais dos países árabes sofriam uma 
humilhante derrota na guerra que foi chamada de “guerra árabe-israelense”. 
Como resultado, o Estado de Israel terminava de 
ocupar o conjunto da nação palestina, salvo uma pequena faixa 
da Cisjordânia e de Belém que, segundo a resolução da ONU, 
junto com Jerusalém Oriental, devia ficar sob a jurisdição da 
covarde burguesia jordana e sua sanguinária monarquia. 
É que era impossível derrotar militarmente, em uma 
guerra de exércitos convencionais, o estado sionista armado e 
sustentado financeiramente por todas as potências 
imperialistas. Para ganhar a guerra e impedir a imposição de 
Israel, era necessário sublevar e armar a classe operária e as 
massas exploradas – e em primeiro lugar, as massas palestinas 
refugiadas na Jordânia, Líbano, Síria, etc. – de todo Oriente 
Médio, do Egito até o Iraque, em uma mesma e única guerra 
nacional contra o ocupante sionista e seus amos imperialistas. 
Mas, as covardes burguesias árabes jamais poderiam fazer isso. 
Como toda burguesia nacional – ou seja, classe proprietária, 
sócia menor do imperialismo –, as burguesias árabes temiam e 
temem mais a luta antiimperialista e revolucionária das massas 
que o imperialismo e seu gendarme sionista, porque sabem que 
a classe operária e os explorados armados não se limitarão em 
expulsar e expropriar os imperialistas e o estado sionista, senão 
que atacarão também sua própria propriedade privada. 
Assim, as burguesias árabes davam a primeira de 
muitas punhaladas pelas costas do povo palestino, e o 
entregavam no “altar” do sistema capitalista imperialista. E não 
somente isso, também anexaram as únicas terras que ficavam ao 
povo palestino: Egito anexou a Faixa de Gaza, e Jordânia, por 
sua vez, ficou com a Cisjordânia. 
A “Nakba” palestina 
Assim, com uma verdadeira catástrofe (“Nakba”) 
contra o povo palestino, se fabricou a “terra sem povo” que 
conclamava o sionismo. Depois, o estado israelense aplicava a 
“lei de propriedade das pessoas ausentes”, segundo a qual o 
palestino que estava “ausente” perdia todas suas propriedades 
por estarem abandonadas. 
Só pelo fato de ser palestino, se perdia o direito de ter 
propriedades e qualquer outro direito. Esses direitos só estavam 
reservados pela lei aos habitantes de origem judaica, embora 
nunca tenham vivido na Palestina até então, e se negava esse 
direito aos que tinham habitado essas terras por séculos. 
Converteram assim à classe operária e ao povo palestino em 
estrangeiros e párias em sua própria terra. 
As guerras de 1967 e1973: O estado sionista em 
busca da terra, água e escravos palestinos 
Como enclave imperialista, o Estado sionista-fascista 
de Israel construiu-se sobre a base da expulsão dos palestinos e 
da implantação massiva da população de crença judaica e de 
convicção sionista transplantada artificialmente desde todos os 
confins da terra: desde Estados Unidos, Argentina, Alemanha, 
mas sobre tudo, desde os estados do Leste europeu 
transformados em estados operários deformados depois da 
segunda guerra mundial, dos quais afluíram centenas de 
milhares de burgueses e pequeno-burgueses de crença judaica 
fugindo da expropriação da burguesia nessas nações. Estes 
últimos judeus “ashkenazi”, conformam hoje a elite burguesa 
do estado sionista. 
Para abrigar semelhante fluxo de população, o estado 
necessitava e necessita cada vez mais terra e fontes de água. Da 
mesma maneira, depois de expulsar ou transformar em párias 
despossuídos em sua própria terra os palestinos, o estado 
sionista necessitava dessa população como mão de obra escrava 
para que trabalhassem em suas fábricas, nas das transnacionais 
imperialistas e na construção de aquedutos, estradas, etc. e em 
suas terras. 
Para consegui-lo e para afirmar seu papel de gendarme, 
este enclave imperialista impulsionou uma série de guerras. A 
primeira, impulsionada de maneira escusa pelo imperialismo 
britânico e francês, foi em 1956 contra o Egito, no momento que 
Nasser tinha nacionalizado o Canal de Suez. Ocupou 
imediatamente a península do Sinai, embora depois se retirou 
dela uma vez acabada a guerra. 
Em 1967, o Estado de Israel lançou, contra o Egito, a 
chamada “guerra dos seis dias”. Nela, voltou a ocupar a 
península do Sinai e chegou a 100 Km do Cairo. Acabada a 
guerra, retrocedeu mas se apropriou da Faixa de Gaza e de sua 
população de refugiados palestinos assentado nos 
acampamentos; se apropriou também da Cisjordânia, e tomou o 
controle de Jerusalém Oriental, assegurando assim milhões de 
trabalhadores palestinos, que foram explorados como mão de 
obra escrava. Ao mesmo tempo, se garantiu as fontes de água 
mais importantes da região, ocupando o território sírio das 
chamadas Colinas do Golã, e na margem esquerda do rio Jordão 
que separa a Cisjordânia da Jordânia. 
O Egito burguês de Annuar Al Sadat tentou, em 1973, 
recuperar a Faixa de Gaza, na chamada “Guerra do Yom 
Kippur” (Ano novo judaico). Depois de serem derrotados pelo 
estado sionista armado até os dentes pelo imperialismo, Sadat 
acabou sendo o primeiro governante burguês de Oriente Médio 
a reconhecer o estado sionista-fascista de Israel. Como se isso 
fosse pouco, mais uma punhalada pelas costas contra o povo 
palestino e contra a classe operária e os explorados de todo 
Oriente Médio. 
O papel das burguesias árabes nos massacres 
contra o povo palestino 
Para concretizar seu plano, o estado sionista não teve 
problema em aliar-se com os governos burgueses árabes como 
os de Egito – como já temos visto –, o Líbano e Jordânia. Ao rei 
Houssein da Jordânia lhe corresponde ter provocado em 
setembro de 1970 uma chacina de 20 mil refugiados palestinos 
enquanto as forças israelenses, com apoio da frota ianque no 
Mediterrâneo, os bombardeavam. 
Em 1982, cerca de 3.000 refugiados palestinos, em sua 
maioria idosos, mulheres e crianças, foram assassinados nos 
acampamentos de Sabra e Chatila em Beirute, em um operativo 
dirigido pelo general sionista Ariel Sharon, naquele momento 
Ministro de Defesa israelense, comandando a seus aliados, os 
milicianos falangistas organizados pela fração burguesa da 
minoria cristã maronita libanesa. Depois desse massacre, o 
estado sionista ocupou o sul do Líbano até o ano 2000.
O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA 9 
1987-1993: a heroica resistência da “Intifada” 
e a imposição dos acordos 
contrarrevolucionários de Oslo 
Massacrados, desterrados, presos em verdadeiros 
guetos e condenados a viver como párias em sua própria terra, o 
genocídio do povo palestino é um dos maiores deste século. 
Mas também, um dos gestos mais heroicos do proletariado 
internacional é a indomável luta e resistência da classe operária 
e do povo palestino por libertar sua nação ocupada pelo 
gendarme sionista. 
Sem dúvida, a chamada “Intifada” – guerra das pedras – 
iniciada em 1986-87, é um de seus episódios mais 
significativos. Foram quase 7 anos de luta e resistência dos 
explorados palestinos. Todos os dias, crianças de 8 ou 9 anos, 
jovens, adultos, mulheres, idosos, se enfrentavam nos 
acampamentos e guetos palestinos com as tropas do exército 
sionista. Armados só com pedras, que é a única coisa em 
abundância nas terras estéreis e desérticas dos “bantustões” 
que estão confinados. 
Novamente ficou claro, na Intifada, o nefasto papel da 
burguesia nacional palestina, com Arafat e a OLP na cabeça. 
Primeiro se dedicaram a “glorificar”, do exílio na Tunísia a 
resistência da Intifada, mas cuidaram muito bem de garantir que 
as massas continuem desarmadas, e que continuassem tendo só 
pedras em suas mãos para enfrentar os tanques, os blindados, os 
fuzis, os mísseis e demais armamentos sofisticados do estado 
sionista. E depois, quando ainda assim não conseguiram 
controlar a rebelião das massas que, a cada passo, ameaçavam 
transformar-se em luta ofensiva e revolucionária, fincaram uma 
nova e decisiva punhalada pelas costas do povo palestino. 
Assim, em 1993 e depois da destruição com 
bombardeios do Iraque na primeira guerra do Golfo, se 
impunham os acordos contrarrevolucionários de Oslo, nos 
quais Arafat e a OLP entregaram a luta histórica pela destruição 
do estado sionista-fascista de Israel – ou seja, a luta pela 
libertação palestina –, em troca de ser essa fração da burguesia 
palestina a encarregada de escravizar o povo palestino nos 
campos de concentração de Gaza e Cisjordânia, tudo isso 
apresentado como passos adiante na “conquista” de um “estado 
palestino” convivendo com o estado sionista usurpador da terra 
palestina. Se impunha assim um enorme dispositivo 
contrarrevolucionário que se somava ao existente gendarme 
sionista, para estrangular a resistência palestina. 
Acordo de Camp David em 1979 de reconhecimento do estado de Israel 
2000-2002: a magnífica revolução das 
massas palestinas; seu estrangulamento por parte 
de Arafat e a OLP, e seu esmagamento nas mãos do 
exército genocida de Sharon e Bush 
Esse pacto contrarrevolucionário de Oslo foi o que as 
massas palestinas fizeram estourar pelos ares quando em 
setembro de 2000, iniciaram sua heroica revolução, tomando e 
ocupando as delegacias da Autoridade Nacional Palestina 
(ANP) na Cisjordânia, desarmando a sua polícia, armando-se e 
retomando, por essa via, a luta nacional contra o ocupante 
sionista. 
Essa enorme revolução que deu a luz ao século XXI foi 
estrangulada desde dentro pela burguesia palestina. Uma nova 
punhalada pelas costas à luta do povo palestino por sua 
libertação nacional. 
Mas, o que não conseguiram Arafat e companhia com 
sua política conciliadora com o ocupante sionista e de 
colaboração de classes, era terminar de desarmar as massas 
palestinas dos acampamentos que, de fato, tinham estabelecido 
um regime de duplo poder. 
Perante o fracasso de seu agente (a burguesia palestina) 
em desarmar as massas palestinas, foram o imperialismo ianque 
e o próprio exército sionista que tomaram em suas mãos essa 
tarefa. 
Em 2002, depois de massacrar no Afeganistão e 
enquanto se preparava a guerra contra Iraque, o exército 
genocida de Sharon e Bush entrou a sangue e fogo nas cidades e 
acampamentos palestinos da Cisjordânia. A resistência dos 
combatentes dos acampamentos e cidades palestinas foi 
aguerrida e heroica. Mas, entregues mais uma vez pela 
burguesia palestina, só tinham fuzis para enfrentar os aviões, os 
tanques, os mísseis e a maquinaria das tropas genocidas 
sionistas. Jenin, Hebron e demais cidades palestinas foram 
reduzidas a escombros, e sob eles ficaram milhares e milhares 
de combatentes, mulheres 
e crianças palestinas, 
enquanto Arafat e os 
“ministros” da chamada 
Autoridade Nacional 
Palestina ficavam em 
resguardo em sua “sede de 
governo” em Ramallah. 
O símbolo infame 
do esmagamento desta 
heroica revolução é sem 
d ú v i d a o M u r o d o 
opróbrio que cercou o 
campo de concentração da 
Cisjordânia, construído 
com cimento provido ao 
Estado de Israel pela 
p r ó p r i a b u r g u e s i a 
palestina e levantando 
com suas próprias mãos 
pelos operários palestinos 
escravos custodiados por 
soldados fascistas do 
exército sionista.
10 
O plano da “Folha de Rota” fracassou pela atolação 
das tropas ianques nas mãos da 
heroica resistência iraquiana 
Com as tropas atoladas, as potências imperialistas, o 
estado sionista, junto com Arafat e Al Fatah, começaram a 
c o l o c a r e m p é o p l a n o p a r a u m n o v o p a c t o 
contrarrevolucionário: a chamada “Folha de Rota” que 
aprofundava o plano de impor uma caricatura de “estado 
palestino” na Cisjordânia e em Gaza, ou seja, em dois campos 
de concentração sem continuidade territorial, rodeados pelo 
exército sionista. 
Esse novo plano – apoiado não só pelos governos 
imperialistas, senão também, vergonhosamente, pelos 
renegados do trotskismo do SU (Secretariado Unificado, NdeT) 
que, com seus “eurodeputados” Krivine e demais, votaram a 
favor nesse covil de bandidos que é o “parlamento” europeu – 
terminou fracassando graças a heroica resistência das massas 
iraquianas que atolaram as tropas ianques. 
A última pedra da lápide da “Folha de Rota” a colocou a 
guerra nacional das massas palestinas e do sul do Líbano que no 
ano 2006 derrotaram e fizeram fugir o exército sionista 
genocida. 
Fascismo, frente popular e burguesias 
nativas pechinchando com 
o imperialismo 
Para impedir que a derrota militar do sionismo no sul do 
Líbano nas mãos das massas abrisse novamente as portas da 
revolução palestina, vemos em ação, novamente, a fascismo, a 
frente popular, e as burguesias nativas “nacionalistas” que 
pechincham com o imperialismo. 
Assim, a partir de 2006-2007 se impôs na Cisjordânia 
uma administração da frente popular clássica – ou seja, com o 
imperialismo diretamente por trás – de Al Fatah e Abu Mazen, 
sustentado pelo Partido Comunista palestino, atuando como 
carcereiros de seu próprio povo, e pactuando com o estado 
sionista-fascista. 
Por sua vez, em Gaza, para conter a insurreição das 
massas que derrotaram o Al Fatah em maio-junho de 2007, se 
impunha uma administração nas mãos do Hamas, ou seja, da 
outra fração da burguesia palestina que, lançando foguetes e 
controlando de forma ferrenha as massas, tentam negociar com 
o imperialismo e seu gendarme sionista para que lhe permitam 
jogar o mesmo papel de carcereiro do povo palestino que Al 
Fatah joga na Cisjordânia. 
Frente popular na Cisjordânia; administração do 
campo de concentração nas mãos da burguesia nativa em Gaza, 
e fascismo – com o estado sionista impondo o bloqueio e cerco 
total contra Gaza para quebrar por fome as massas palestinas 
que tinham ousado derrotar e expulsar a burguesia 
colaboracionista de Al Fatah –; é o que vem atuando na 
Palestina, preparando o caminho para a atual ofensiva 
m a s s a c r a d o r a d o s i o n i s m o e p a r a o s p a c t o s 
contrarrevolucionários que hoje preparam Sarkozy, Mubarak, 
os aiatolás iranianos, a ONU e Obama que se apressa em ser o 
sucessor de Bush. 
Mas, ainda sob estas terríveis condições, as indomáveis 
massas palestinas não se deram por vencidas. Assim, em 
fevereiro de 2008, a classe operária e os explorados palestinos 
de Gaza, desesperados após dois anos de bloqueio total, se 
levantaram e jogaram abaixo, com suas próprias mãos, o muro 
de Rafah, para poder conseguir comida, água, remédios, e para 
poder unir sua luta com a dos operários e explorados do Egito, 
que estavam protagonizando, ao mesmo tempo, um verdadeiro 
auge proletário contra o regime e o governo ditatorial e 
repressor do lacaio Mubarak. 
Mais uma vez, foram as burguesias nacionais as que 
deram uma punhalada pelas costas. Assim, vimos as tropas do 
exército burguês de Mubarak junto aos milicianos de Hamas, 
voltando a levantar, juntos, o muro de Rafah, voltando a garantir 
o confinamento das massas palestinas dentro da Faixa de Gaza, 
um verdadeiro campo de concentração a céu aberto, que hoje foi 
reduzido a escombros pelo ataque genocida de Obama-Bush e o 
estado sionista-fascista de Israel. 
NOTAS: 
(1) Máxime Rodison, “Israel, a colonial-Settler State?”, 
Monad Press, New York, 1973, página 102. 
(2) “The Complete Diaries of Theodor Herzl”, Volume 1, 
página 88. 
(3) Jon Rothschild, “How the Arabs Where Out of 
Palestine”, International Press, Volume 11 Nº 38, New 
York, 1973, página 1206. 
(4) Irgún: Organização terrorista sionista-fascista cuja 
juventude gritava, marchando com camisas marrons… 
“Alemanha para Hitler, Itália para Mussolini, 
Palestina para nós!” (M. Rodison, “Israel…” Idem, 
página 108). 
Notas citadas por “Revista de América”, Dezembro de 1973. 
O atual presidente ianque Obama e o atual primeiro ministro de Israel Netanyahu
O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA 11 
Publicamos a seguir uma polêmica realizada no ano 2001, ao calor da revolução palestina, com um companheiro da 
Romênia arredor do reconhecimento ou não da suposta “classe operária israelense” e uma “nação judaica” nas terras 
palestinas. Ela começa com uma carta onde se define que não existe essa tal nação israelense, senão que Israel é um 
estado gendarme e que a suposta classe operária israelense é uma classe média armada para esmagar os explorados 
palestinos – a verdadeira classe operária – com métodos de guerra civil, quer dizer, fascista. Esta carta tem um anexo 
por contra da revisão feita do escrito do marxismo de Abraham Leon “A concepção materialista da questão judaica” 
arredor do mesmo ponto da suposta “classe operária israelense”. 
Esta polêmica feita no ano 2001 com o companheiro da Romênia tem valor para polemizar hoje com as dezenas de 
organizações da esquerda no mundo que querem fazer passar uma podre e reacionária aristocracia operária, 
construída sobre bases fascistas, como o é o Histadrut, como representante da suposta “classe operária israelense”. 
Porque a burocracia contrarrevolucionária do Histadrut agrupa forças que, com as armas na mão, combatem a nação 
e o povo palestino submetido em campos de concentração. Ali está a única e verdadeira classe operária da nação 
palestina, nos guetos de Gaza e Cisjordânia, com 30% de desemprego, que trabalham como escravos nas 
transnacionais ianque-sionistas e estão na diáspora, como mão de obra precária, na Jordânia e no Líbano. 
13 de Abril de 2001 
Carta para um companheiro trotskista da Romênia confundido pelo acionar 
contrarrevolucionário do sionismo 
Estimado camarada: 
Abordamos a discussão que temos pendente com você 
em relação a grandiosa revolução palestina – que após 8 meses 
de iniciada não foi submetida – e a “questão judaica”. 
Efetivamente, as diferenças que separam-nos perante esse fato 
crucial e álgido da luta de classes mundial são profundas. Assim 
como você manifesta, que da resolução desse fato dependerá o 
futuro de nossa relação política, posto que, segundo nosso 
entendimento, e como temos manifestado publicamente e por 
escrito em diversos materiais, a revolução palestina se 
transformou numa divisora de águas que separa claramente 
revisionistas, oportunistas e centristas, dos revolucionários. Ali 
estão, para confirmá-lo, as correntes oportunistas que usurpam 
as bandeiras do trotskismo, como a LCR francesa e seu 
“eurodeputado” Alain Krivine, viajando para Oriente Médio 
para ajudar a sua própria burguesia imperialista a convencer os 
palestinos das “bondades” do plano contrarrevolucionário de 
Clinton de partição definitiva da Palestina e a criação de uma 
ficção de “estado palestino” ao lado do estado sionista fascista 
de Israel, que não seria outra coisa que um verdadeiro gueto, um 
campo de concentração. Assim temos visto ao deputado 
Altamira e o PO (Partido Obrero de Argentina, NdeT) negar-se 
a levantar a destruição do Estado de Israel, e ajoelhando-se 
diretamente ante o sionismo e o plano Clinton, por dar tão só 
alguns exemplos. 
É uma divisora de águas posto que, ou se está pelo 
triunfo da revolução palestina, pela destruição do estado 
sionista-fascista de Israel e pela imposição de um Estado 
Palestino laico, democrático e não racista sob um governo 
operário e camponês das massas armadas e autoorganizadas; ou 
bem, já seja feito abertamente ou de forma oculta, se apoia uma 
ou outra via, pelas posições imperialistas de que existem “duas 
nações” e aí se acaba aos pés do plano de Clinton e do sionismo. 
Nós do COTP (CI) [Comitê Organizador do Trotskismo 
Principista – Quarta Internacional] declaramos uma verdadeira 
guerra contra todos aqueles que tentam sujar as limpas 
bandeiras da IV Internacional colocando-as aos pés do 
sionismo e do imperialismo. 
Lamentavelmente, camarada, perante a revolução 
palestina, é claro que com a posição que enuncia no seu 
documento fica claro que você do outro lado da divisora de 
águas, aos pés do sionismo – posição que esperamos 
firmemente que seja produto da confusão, da nefasta influência 
da tradição das correntes centristas e oportunistas que se 
colocaram, há anos, aos pés do sionismo, e que tem levado a IV 
Internacional à crise e degeneração, usurpando e sujando suas 
bandeiras. Por isso, travamos este debate, para aportar e 
clarificar a discussão, dissipar a nefasta influência do 
oportunismo e chegar na verdade. 
E, diferente das caricaturas da Internacional dois e 
meia que o PO tenta colocar de pé, fazemos esse debate público, 
de cara para a vanguarda e ao movimento trotskista 
internacional, não só no nosso Boletim Interno de Discussão 
Internacional, senão também em nossos materiais públicos, 
reproduzindo seus documentos e nossa resposta, que como vê 
não sob o título de “Correspondência com um centrista da 
Romênia”, como você diz na sua carta. Nós trotskistas não 
temos nada para ocultar: se debatemos publicamente com 
correntes com as quais temos diferenças estratégias totais e de 
princípios, como é no caso de “En defensa del Marxismo” da 
Espanha. Como não o faríamos com um camarada como você, 
com o qual temos dado lutas em comum e com quem temos 
conquistado importantes acordos estratégicos! 
Uma posição que considera o estado sionista-fascista 
de Israel como um estado-nação a mais de 
uma suposta “nação judaica” 
O primeiro que chama a atenção no seu documento é 
que, ao longo de seis páginas dedicadas fundamentalmente à 
“questão judaica”, você jamais questiona um fato qualitativo: o 
da criação do Estado sionista fascista de Israel em 1947-48. 
Como pode falar, no ano 2001, da “questão judaica” sem 
sequer fazer menção a criação a sangue e fogo do Estado 
sionista-fascista de Israel, baseado na expulsão do povo 
palestino de sua terra, do massacre e do esmagamento, do 
confisco de suas terras e moradias, do boicote aos 
produtores palestinos, da expulsão do proletariado 
palestino das fábricas em primeira instância para 
transformá-lo em um enorme exército industrial de reserva 
e, depois de alguns anos, reincorporá-lo na produção como 
mão de obra muito barata, em condição de escravo recuso 
em guetos e sob um regime de terror fascista! 
Como pode falar da “questão judaica” depois de 1948 
sem sequer mencionar a ocupação da Palestina por parte de um 
exército invasor armado até os dentes pelo imperialismo norte-americano, 
a criação de um estado de caráter particular: um 
estado artificial, enclave do imperialismo, sustentado 
economicamente, financeira e militarmente por ele, para que 
faça seu papel de gendarme na região e resguarde o controle das 
vitais rotas do petróleo, e para garantir o esmagamento e
12 
submissão do conjunto do povo palestino e do conjunto 
dos povos árabes! 
Não pronunciar-se a respeito da gênese e do 
caráter do Estado de Israel, e sobre a questão nacional 
palestina, e dizer alegremente “estou pela destruição do 
estado sionista de Israel” é, no mínimo, uma total 
irresponsabilidade. A criação de dito estado na saída da 
s e g u n d a g u e r r a m u n d i a l f o i p a r t e d o p a c t o 
contrarrevolucionário de Yalta e Potsdam. Nesse pacto, a 
burocracia stalinista contrarrevolucionária jogou o papel 
de contenção da revolução mundial, impedindo o triunfo 
da revolução, na saída da guerra nos países imperialistas 
europeus (França, Itália, Alemanha, Grécia), e 
comprometendo-se a contê-la no leste da Europa. 
A criação do Estado sionista-fascista de Israel 
como enclave do imperialismo e seu gendarme no Oriente 
Médio, alimentado com bilhões de dólares por ano pelo 
imperialismo, transformado em um estado fabricante e 
exportador de armas, para garantir o esmagamento do 
povo palestino e o controle da revolução dos povos árabes 
– com total acordo e apoio da burocracia stalinista – por parte de 
dito pacto. 
Camisa de um soldado sionista “um tiro, dois mortos” 
Então, camarada, como pode falar hoje, a começos do 
século XXI, da “questão judaica” por fora disso?! Como se 
pode continuar discutindo o “problema nacional do povo 
judeu” sem tomar em conta que a burguesia sionista, apoiada, 
armada e financiada pelo imperialismo armou há mais de 
cinquenta anos esse estado gendarme?! 
E, no entanto, você nem sequer menciona esses fatos 
inegáveis da gênese e do caráter do Estado de Israel, e se refere a 
ele como se fosse um “estado nacional” a mais, porque você 
parte da definição que teria uma suposta “nação judaica” que 
teria que morar.. no mesmo território que o povo palestino!! 
Você coloca: 
“Estou pela revolução socialista na Palestina. Apoio 
criticamente a qualquer levante ou revolução que não seja 
dirigida por um partido tipo bolchevique-leninista. Estou pela 
destruição do Estado sionista de Israel. Estou pela livre 
determinação das nacionalidades. Estou pela união dos 
proletários de qualquer nacionalidade, para lutar contra o 
Estado sionista e contra as burguesias de Oriente Médio.” 
(negrito nosso). 
Quando você fala da “livre determinação das 
nacionalidades”, o que está dizendo é que hoje, no território da 
Palestina, tem uma “nação judaica” que tem direito a estar nesse 
território, ao qual a grandiosa revolução palestina em sua luta 
por expulsar ao invasor e por destruir esse estado gendarme, 
estaria lesionando seu “direito à livre determinação”. Isso é, 
nem mais nem menos, que o mito de “Um povo sem terra” sobre 
a qual se baseia o sionismo! 
Toda sua preocupação ao longo de seis páginas é o 
“direito à livre determinação” da suposta “nação judaica”! 
Você, partindo do mito sionista da existência de uma 
“nação judaica sem terra”, considera o estado sionista fascista 
de Israel como um estado nacional burguês a mais, e não como o 
que é, um enclave do imperialismo, como são, por exemplo, as 
ilhas Malvinas ou Gibraltar. Perguntamos então: Por que não 
levanta o “direito à autodeterminação” dos kelpers nas 
Malvinas, os usurpadores imperialistas ingleses que estão ali a 
um século? Com a posição que você tem perante o Estado 
sionista-fascista de Israel, a guerra de Malvinas de 1982 deveria 
ter-se alinhado com sua Majestade e sua frota real, em defesa do 
“direito de autodeterminação” dos kelpers que os argentinos 
estariam violando ao ocupar militarmente as ilhas!! 
Camarada, sobre esse ponto você tem que pronunciar-se 
claramente. Senão, é você quem deve demonstrar que 
Palestina é o território que – por “vontade divina”, por 
“tradição” ou sei lá qual razão estranha! Corresponderia a 
suposta “nação judaica” da qual você fala, posição que leva 
imediatamente a definir que, se tem “duas nações”, uma 
“judaica” e outra palestina corresponderia então que tenha 
“dois estados”, isto é, nem mais nem menos, que a posição do 
Plano Clinton. 
Contra essa posição, cabe aqui corretamente colocar a 
afirmação de Trotsky referindo-se a África do Sul na década de 
30 sob o regime britânico e do Apartheid que diz: “... as 
posições sul-africanas da Grã Britânia constituem um domínio 
só desde o ponto de vista da minoria branca. Desde o ponto de 
vista da maioria negra, África do Sul é uma colônia 
escravizada”. 
Da mesma maneira, o Estado de Israel é um “estado 
nacional” só desde o ponto de vista do imperialismo e do 
sionismo, que lamentavelmente hoje também é o seu: desde o 
ponto de vista dos trabalhadores e o povo palestino, 
Palestina é hoje uma colônia escravizada. 
Por essa razão, sua afirmação de que está “pela 
destruição do estado sionista de Israel”, não significa que está 
pelo triunfo da insurreição nacional dos trabalhadores e do povo 
palestino, pela derrota, e pela expulsão do invasor sionista, e 
pela imposição, sobre as ruínas desse enclave imperialista, de 
um Estado Palestino laico, democrático e não racista, sob um 
governo operário e camponês das massas palestinas insurretas, 
o único sob o qual poderão conviver pacificamente os 
trabalhadores palestinos, judeus e de qualquer religião, 
questões essas que você não coloca de modo algum. 
Estas consignas democrático-revolucionárias de 
destruição do Estado de Israel e de Palestina laica, democrática 
e não racista, jogam hoje o mesmo papel de motor da luta 
revolucionária das massas palestinas que jogou a consigna 
“República Negra” na África do Sul do Apartheid, o de 
concentrar a luta pela libertação nacional desse povo. Com 
certeza que estas consignas devem levantar-se como parte de 
um programa que se articule com as demandas mais urgentes 
das massas, com a necessidade de atacar a propriedade privada 
dos capitalistas, com a luta pelos soviets e pelo armamento do 
proletariado, e pela luta por um governo operário e camponês. 
Mas sua negativa ao levantar estas consignas 
democrático-revolucionárias, sua afirmação da “unidade dos 
trabalhadores palestinos e judeus” em geral, sem colocar que a 
única possibilidade de convivência pacífica dos trabalhadores
O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA 13 
de qualquer religião passa pela destruição do Estado de Israel e 
pela imposição de uma Palestina laica, democrática e não 
racista sob um governo operário e camponês, sua afirmação da 
necessidade de uma “revolução socialista na Palestina” em 
geral, é uma confirmação de que você nega o caráter nacional da 
revolução palestina e é uma verdadeira bofetada na cara dos 
heroicos trabalhadores e o povo palestino e de sua atual 
revolução, como desenvolvemos mais adiante. Isto é assim 
porque, se você fala de uma suposta “nação judaica”, se você 
defende seu “direito à autodeterminação”, isso não pode 
significar mais do que a manutenção do Estado de Israel, 
embora, reformando-o, tirando seu caráter sionista e 
confessional e transformando-o em um “estado palestino” nos 
atuais campos de concentração. Nem mais nem menos que a 
mesma posição que sustenta o altamirismo e sua internacional 
dois e meia, uma das correntes mais abertamente pró-sionistas 
que usurpam as bandeiras do trotskismo! Nem mais nem menos 
que aposição do Plano Clinton, que do “eurodeputado” Alain 
Krivine da LCR foi defender fervorosamente no Oriente Médio 
em nome da IV Internacional! 
Assim, você rompe totalmente com a posição 
revolucionária que a IV Internacional levantava em 1948 frente 
a criação do Estado de Israel – enfrentando o stalinismo que 
apoiava sua criação –, que partia justamente da luta contra a 
divisão e ocupação da Palestina, pela expulsão do 
imperialismo, suas tropas e seus enviados, pela independência 
da Palestina, por uma Palestina de caráter nacional árabe: 
“Abaixo a divisão da Palestina! Por uma Palestina árabe, 
unida e independente, com plenos direitos de minoria nacional 
para a comunidade judaica! Abaixo a intervenção imperialista 
na Palestina! Fora do país todas as tropas estrangeiras, os 
'mediadores' e 'observadores' das Nações Unidas! Pelo direito 
das massas de dispor delas mesmas! Pela eleição de uma 
Assembleia Constituinte com sufrágio universal e secreto! Pela 
revolução agrária!” (Quatrième Internationale, Junho de 
1948). E o Grupo Trotskista Palestino, denunciando desde o 
começo o caráter de enclave imperialista do Estado Sionista que 
se tentava criar, e jamais falando de nenhuma suposta “nação 
judaica” dizia que “o imperialismo ianque ganhou um agente 
direto: a burguesia sionista que, por esse fato se tornou 
completamente dependente do capital americano e da política 
americana. Daqui em diante o imperialismo ianque terá uma 
justificativa para intervir militarmente no Levante cada vez que 
o ache conveniente (...) a consequência inevitável deste guerra 
será a dependência total do sionismo ao imperialismo norte-americano” 
(Idem). 
Você diz: “me assusta comprovar que em base do 
acordo sobre a questão palestina e judaica, com uma posição 
terrivelmente equivocada, se tenha produzido a fusão entre a 
LOI e o CIOS, e se tenha produzido a aproximação com os 
camaradas estadunidenses e ucranianos”. Você se assusta com 
uma fusão revolucionária em base de uma posição 
revolucionária frente a grandiosa revolução palestina que é total 
e absolutamente continuidade da posição levantada pela IV 
Internacional de 1948, mas você não se assusta em nada que, 
com fundamentos similares aos quais você dá sobre a suposta 
“nação judaica” ou a “unidade da classe operária judaica e a 
classe operária palestina” – que rompem absolutamente com 
aquela posição da IV Internacional –, oportunistas traidores 
como Krivine passem pelo Oriente Médio exaltando as 
vantagens do Plano Clinton, o que o legislador Altamira e o PO 
se coloquem abertamente como a “autêntica esquerda sionista” 
Por isso, lhe sugerimos que deixe de ocultar sua 
capitulação ao sionismo falando da “destruição do Estado 
sionista de Israel”, e seja coerente: se você considera que hoje 
na Palestina existem duas nações e que ambas têm direito ao 
mesmo território, então sua posição não pode ser outra que a da 
“Paz”, tem que alinhar-se com o grupo sionista “Paz Agora” e 
com o grupo sionista altamirista de Israel, para levantar juntos a 
luta pelos dois estados: um estado judaico democrático e um 
“estado palestino” coexistindo ao seu lado no qual as massas 
palestinas teriam a tarefa de fazer uma revolução contra a 
burguesia nacionalista de Arafat, deixando em paz a burguesia 
sionista e o imperialismo!!! 
Do altamirismo ao morenismo há somente 
um passo, e no companheiro romeno isso fica claro 
Camarada, há menos de um ano você foi desse 
engendro oportunista que a falácia da Internacional dois e meia 
de Altamira e do PO pela porta grande, dando uma corretíssima 
e valente luta pública contra o método dos “acordos 
internacionais” diplomáticos e sem princípios que são 
utilizados como cobertura das capitulações nacionais 
respectivas do PO e dos grupos que compõem essa falácia 
centrista, contra o cretinismo parlamentar de Altamira e do PO, 
lutando por uma visão científica e um programa revolucionário 
para os ex-estados operários em liquidação. Lamentavelmente, 
hoje, frente a um feito qualitativo como é a revolução palestina, 
que divide águas e separa o branco do preto – como toda grande 
revolução – os oportunistas e centristas dos revolucionários, 
volta para a Internacional dois e meia de Altamira pela janela, 
levantando para além de alguns matizes, a mesma posição 
completamente capituladora ao sionismo, ao imperialismo, e ao 
Plano Clinton. 
Mas, você não somente volta como alguém que 
caminhou em círculos ao ponto de partida do altamirismo, 
senão que de uma hora para outra se transforma no mais 
consequente dos morenistas. Vejamos. 
A segunda questão que chama poderosamente a 
atenção no seu documento é que você jamais menciona o 
imperialismo, nem seu papel na criação e no sustento do 
Estado sionista fascista de Israel – do que como já 
explicamos, tampouco diz nada, nem a este último como 
gendarme e enclave do imperialismo. 
Se você considera que o Estado de Israel, criado pelo 
imperialismo, é mais um estado nacional burguês normal, então 
o que está dizendo é que o capitalismo, em sua época 
imperialista pode resolver integra e efetivamente a 
“questão judaica”, dando a este “povo sem terra” uma 
nação própria. 
Assim, de um só passo, se transforma no mais 
consequente dos morenistas. Nahuel Moreno revisou 
precisamente a teoria da revolução permanente, para terminar 
na sua concepção etapista da “revolução democrática” e 
levantou precisamente, que as potências imperialistas 
“democráticas” (EUA, França, Inglaterra), na segunda guerra 
mundial haviam tido um papel “progressivo”, combatendo ao 
fascismo e libertando a França e a Itália de sua ocupação. Dizia 
que Trotsky havia se enganado, que somente havia definido a 
guerra como uma guerra interimperialista e de agressão ao 
Estado Operário Russo por sua vez, e não quis ver que era 
fundamentalmente uma “guerra de regimes” de “democracia 
contra o fascismo”. 
Você é a corroboração viva de que, do altamirismo ao 
morenismo há somente um passo (ainda que isto deixe loucos 
os altamiristas que se acham imunizados permanentemente 
contra o “vírus morenista”). Raciocina com o mesmo método: 
contra a “solução” do imperialismo alemão, “fascista”, à 
questão judaica, quer dizer o extermínio físico, o
14 
imperialismo ianque e o britânico – os imperialismos 
democráticos triunfantes na guerra –, deram uma saída 
progressiva, resolveram total e efetivamente a questão judaica, 
concedendo o status de “nação” e cedendo um território que, 
ainda que os sionistas o neguem e falem de uma “terra sem povo 
para um povo sem terra”, estava habitado pela nação palestina, 
sua legítima dona. 
Isto é, você está nos dizendo que, longe de ser reação 
em toda a linha, o imperialismo pode jogar um papel 
progressivo!!! É a ruptura total com a teoria leninista do 
imperialismo que diz “O imperialismo é a época do capital 
financeiro e dos monopólios, os quais introduzem em todas as 
partes a tendência à dominação e não à liberdade. Qualquer 
que seja o regime político, o resultado dessa tendência é a 
reação em toda a linha e uma intensificação extrema dos 
antagonismos neste terreno. Se intensificou notavelmente o 
jugo da opressão nacional e a tendência às anexações não são 
senão a violação do direito das nações à autodeterminação” 
(Lenin, O imperialismo fase superior do capitalismo, 1916, 
negritos nossos). 
Ao invés do que afirma Lenin, você, ao considerar o 
Estado de Israel como um estado nacional burguês a mais, você 
considera que o imperialismo, com a criação deste estado, 
r e a l i z o u o d i r e i t o d a s u p o s t a “ n a ç ã o j u d a i c a ” à 
autodeterminação. Esse fato, de partir que o imperialismo jogou 
um papel progressivo resolvendo a “questão judaica” com a 
criação do Estado de Israel, é o que faz que você reconheça a 
suposta “nação judaica”, e os descendentes dos sionistas 
usurpadores de 1948, o direito burguês de herança, quer dizer 
que, pelo fato de haver mantido no tempo a custa do mais feroz 
massacre e opressão sobre o povo palestino, e graças ao 
sustento das potências imperialistas, você reconhece como um 
“direito adquirido” de considerar-se uma “nação”!!! 
De todas as maneiras, em honra à verdade cabe 
esclarecer que Nahuel Moreno, a pesar de sua total revisão da 
teoria-programa da revolução permanente, a favor da teoria 
semietapista da “revolução democrática”, jamais chegou no 
caso da questão nacional palestina e da atitude frente ao Estado 
de Israel a uma posição pró-sionista como a que você está 
levantando. Moreno levantava a luta pela destruição do estado 
de Israel e pela imposição de uma Palestina laica, democrática e 
não racista mas – com sua visão semi-etapista da revolução, 
com uma primeira etapa de “revolução democrática” – separava 
estas consignas da luta pela imposição de um governo operário 
e camponês baseado na auto-organização e no armamento das 
massas palestinas, e terminava assim capitulando 
à direção nacionalista burguesa palestina de Arafat 
e da OLP. Você camarada, rompe com a tese 
marxista sobre o imperialismo para passar a visão 
morenista do “papel progressivo” das potências 
imperialistas “democráticas”, e rompe também 
com as resoluções revolucionárias da III 
Internacional que já dizia em 1920 em suas Teses e 
adições sobre os problemas nacional e colonial, 
falando especificamente da Palestina como 
exemplo para demonstrar que o imperialismo é 
incapaz de resolver as legitimas demandas das 
nacionalidades oprimidas: c) A necessidade de 
explicar infatigavelmente e desmascarar 
continuamente ante as grandes massas 
trabalhadoras de todos os países, sobre tudo dos 
trabalhadores, o engano que as potências 
imperialistas utilizam sistematicamente, as quais, 
sob o aspecto de estados politicamente 
independentes, criam na realidade estados desde 
todo ponto de vista subjugados por eles no sentido econômico, 
financeiro e militar. Como um exemplo flagrante dos enganos 
praticados contra a classe trabalhadora nos países submetidos 
pelo esforço combinado do imperialismo dos 'aliados' e da 
burguesia de tal ou qual nação, podemos citar o assunto dos 
sionistas na palestina, país no qual, sob o pretexto de criar um 
estado judaico, ali onde os judeus são uma minoria 
insignificante, o sionismo livrou à população autóctone dos 
trabalhadores árabes a exploração da Inglaterra...”. (negritos 
nossos). Mas, sua ruptura com o marxismo revolucionário do 
século XX não se detém neste ponto, em seu afã de capitulação 
ao sionismo. Sua posição de que o imperialismo havia resolvido 
a “questão judaica” com a criação do Estado de Israel, rompe 
total e completamente com a teoria-programa da revolução 
permanente, que parte precisamente de que na época 
imperialista, as tarefas democráticas e nacionais que a 
burguesia deixou inconclusas – isto é, o problema agrário e o 
problema nacional nas colônias e semicolônias, e a “questão 
judaica” tanto enquanto o assentamento da época imperialista 
adotou e deixou inconcluso o processo de assimilação dos 
judeus às classes fundamentais da sociedade capitalista – só 
podem ser resolvidas pelo triunfo da revolução proletária e pela 
imposição da ditadura do proletariado. Assim, dizem as teses da 
dita Teoria: “Teses 2: Com respeito aos países de 
desenvolvimento burguês atrasado e em particular dos 
coloniais e semicoloniais, a teoria da revolução permanente 
significa que a resolução íntegra e efetiva de seus fins 
democráticos e de sua emancipação nacional tão somente pode 
conceber por meio da ditadura do proletariado, empunhando 
este o poder como caudilho da nação oprimida e, antes de tudo 
de suas massas camponesas.” 
E apesar da defesa que pretende fazer de Abraham Leon 
em seu documento – mal interpretando-o, mudando a cada 
passo o conteúdo e inclusive a forma do que este diz, ignorando 
fatos de caráter históricos sucedidos depois que fora 
assassinado, como é a criação do Estado de Israel em 1948, 
como demonstramos em artigo a parte –, destrói 
sistematicamente o principal fundamento da posição marxista 
revolucionária frente a “questão judaica”: que esta não pode 
ser resolvida pelo capitalismo em sua etapa imperialista, e 
que somente pode ser resolvida pela revolução proletária 
triunfante no terreno mundial. E esta não é somente a 
posição de Abraham Leon, senão que é a de Lenin, Trotsky e 
todo o marxismo revolucionário do século XX. 
Massacre do sionismo ao povo palestino de Deir Yasin, 1948
O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA 15 
Uma posição que nega o caráter nacional da 
revolução palestina por sua independência 
Você diz que a LOI-CI, ao sustentar que os judeus não são 
uma nação sustentaria que “por isso, o conflito atual do Oriente 
Médio não tem nenhum tipo de conotação nacional ou 
nacionalista”. Isto é completamente falso: isso que você chama 
o “conflito atual”, quer dizer, a revolução em curso e a grande 
luta do povo palestino por sua independência e para expulsar o 
usurpador e destruir o Estado de Israel, é uma luta de libertação 
nacional desse povo subjugado e colonizado pelo imperialismo 
e seu gendarme sionista. É você quem nega que há uma única 
nação na Palestina: os trabalhadores e o povo palestino! Esta 
heroica luta nacional da única nação que existe ali, a Palestina, é 
a que você tenta ocultar, enquanto se preocupa pelos “direitos” 
da suposta “nação judaica”. 
E isso fica claro quando, ao longo de seis páginas do seu 
documento não existe para você o povo palestino, não 
menciona sua grande luta por sua libertação nacional, não fala 
de sua heroica revolução atual, não levanta a luta pelo seu 
triunfo. 
Pelo contrario, você nos fala – como citamos mais 
acima – de que está por uma “revolução socialista na 
Palestina” em geral. Quer dizer, nos fala de uma revolução 
que não teria nenhum caráter nacional: Para você, portanto, 
não se trata de que triunfe a atual insurreição palestina, que 
destrua o estado sionista-fascista de Israel e imponha sobre suas 
ruínas um Estado de caráter nacional palestino laico, 
democrático e não racista – consignas democrático-revolucionárias 
motoras das lutas das massas palestinas depois 
de 1948, da mesma maneira que a IV Internacional levantava 
em 1948 a luta por uma Palestina Árabe, unida e independente – 
o que, sem dúvida, só pode conseguir sobre um governo 
operário e camponês das massas palestinas insurretas. 
Você tenta esconder-se falando de “revolução socialista 
na Palestina” em geral, para negar o caráter nacional palestino 
da revolução. Por isso, e como já vimos, renega do programa da 
destruição do Estado de Israel e da imposição de uma Palestina 
laica, democrática e não racista, uma grande tarefa estrutural 
antiimperialista que, na Palestina joga o mesmo papel que a luta 
pela libertação nacional em qualquer país semicolonial ou 
colonial, da mesma maneira que a consigna de “República 
Negra” na África do Sul do Apartheid. Assim, dizia Trotsky 
sobre o caráter nacional da revolução sul-africana: “Nestas 
condições, a república sul-africana surgirá antes de tudo como 
'República Negra'; sem dúvida que isso não exclui a total 
igualdade para os brancos ou relações fraternais entre ambas 
raças; dependerá fundamentalmente da conduta que adotem 
os brancos, mais é obvio que a maioria predominante da 
população, libertada de sua dependência escravizadora, 
colocará seu traço no estado. 
Dado que uma revolução vitoriosa mudará 
radicalmente não somente a relação de forças entre as classes 
senão que também a relação entre as raças e garantirá aos 
negros o lugar que lhes corresponde no estado de acordo ao seu 
número, a revolução social terá na África do Sul também um 
caráter nacional”. (Trotsky, Teses Sul-africanas, 20 de abril de 
1935, negrito nosso). 
Da mesma maneira, a revolução social na Palestina tem 
um caráter nacional, posto que uma revolução vitoriosa, 
destruindo o estado sionista-fascista de Israel, garantirá aos 
trabalhadores e ao povo palestino – libertado de sua 
dependência escravista – o local que lhes corresponde em um 
estado de caráter nacional palestino, laico, democrático e não 
racista, que inclua a “total igualdade ou relações fraternais” 
com os trabalhadores judeus, cristãos ou de qualquer religião, o 
qual dependerá fundamentalmente da conduta que estes 
últimos adotem. 
Com certeza que, com dizemos no nosso BIOI Nº 1, 
Segunda Época, as consignas de destruição do Estado de Israel, 
e a imposição de um Estado Palestino laico, democrático e não 
racista devem levantar-se como parte de um “programa que 
articule junto com as demandas dos trabalhadores e as massas 
contra a miséria, o desemprego e seus padecimentos inauditos, 
com as consignas que ataquem a propriedade privada dos 
monopólios imperialistas e da própria burguesia palestina, o 
desenvolvimento dos Conselhos Operários e das milícias 
operárias e a necessidade de um governo operário e camponês. 
Se as massas se mobilizam e lutam por esse programa 
identificarão cada vez mais esse Estado Palestino laico, 
democrático e não racista com a república operária”. 
Mas, da mesma forma como dizia Trotsky para África 
do Sul, hoje na Palestina “(...) Deixar de lado ou enfraquecer 
as consignas nacionais para não chocar com os chauvinistas 
brancos nas fileiras da classe trabalhadora – neste caso, com a 
suposta “classe operária judaica de Israel” – seria, com certeza, 
um oportunismo criminal. As teses colocam de maneira 
admirável que esses 'socialistas' que lutam pelos privilégios 
dos brancos temos que assinalá-los como os maiores inimigos 
da revolução” (Idem, negrito nosso). 
Você, camarada, lamentavelmente, hoje, perante a 
revolução Palestina, tem escolhido, por agora – e, acreditamos 
nós que confundido, e por isso o chamamos para a reflexão – a 
trincheira equivocada: se colocou do lado desses “socialistas” 
que, como Krivine, como Altamira e seu grupo em Israel, 
defendem os privilégios dos sionistas; ou seja, tem-se colocado 
na trincheira dos maiores inimigos dessa grandiosa revolução. 
A suposta “classe operária israelense”: uma 
camada arrogante e privilegiada de aristocracia 
operária sionista, aliada ao imperialismo e à 
burguesia sionista e sustento de 
um estado fascista 
Queremos aclarar que, de parte nossa, foi 
completamente de propósito que colocamos nas nossas 
declarações que a única classe operária que existe hoje no 
Estado sionista-fascista de Israel é a classe operária palestina: 
sabíamos que era a única forma de deixar ao nu todos os pró-sionistas 
que usurpam as bandeiras da IV Internacional – 
inclusive aqueles que quiseram ocultar sua capitulação ao 
sionismo falando em geral sobre a “destruição do Estado de 
Israel” –, que iam colocar o grito no céu imediatamente em 
defesa dos direitos da suposta “classe operária israelense”. 
Mas, vejamos então o que é essa suposta “classe 
operária israelense” da qual você fala. A suposta “classe 
operária judaica” do Estado sionista-fascista de Israel, não 
é senão uma camada arrogante e privilegiada de 
aristocratas operários sionistas, aliados ao imperialismo e à 
burguesia sionista, comprados e pagos com os superlucros 
que a burguesia sionista e os monopólios imperialistas 
obtêm com a superexploração da classe operária palestina, 
e das colônias e semicolônias, para que sustentem e 
defendam o Estado de Israel e sua burguesia para que estes 
possam cumprir seu papel de gendarmes do imperialismo 
na região. 
Sua posição de falar em geral de uma suposta “classe 
operária israelense” nega o leninismo de A a Z, posto que, 
segundo sabemos os revolucionários, a classe operária não é 
uma classe homogênea, senão que a chegada da época 
imperialista produz o surgimento da aristocracia e da 
burocracia operária nas fileiras do proletariado. Assim, diz 
Lenin:
16 
“... o monopólio dá superlucros, quer dizer, um excesso de 
lucros por cima dos normais, acostumados, do capitalismo em 
todo o mundo. Os capitalistas podem gastar uma parte desses 
superlucros (inclusive uma parte não pequena) para corromper 
seus operários, criando algo assim como uma aliança (...) dos 
operários de um país com seus capitalistas contra os demais 
países (...) por uma parte, a tendência da burguesia e dos 
oportunistas em converterem um punhado de nações mais 
ricas, mais privilegiadas, nos eternos parasitas sobre o corpo 
do restante da humanidade, a dormir 'sobre os louros' da 
exploração dos negros, dos índios, etc., os mantendo sujeitos 
por meio do militarismo moderno, provido de uma magnífica 
técnica destrutora. 
Por outra parte, a tendência das massas, que são mais 
oprimidas do que antes, que suportam todos os martírios das 
guerras imperialistas; tendência a jogar sobre seus ombros 
esse jugo, a derrubar a burguesia. A história do movimento 
operário se desenvolverá agora inevitavelmente na luta entre 
estas tendências. Porque a primeira tendência não é o resultado 
do acaso, senão que tem um 'fundamento econômico' (...) O 
mais importante é que tem maturado e se tem produzido a 
separação econômica de um setor da aristocracia operária 
para a burguesia. Esse fato econômico, esta mutação na 
relação entre as classes encontrará sem especial 'dificuldade' 
uma ou outra forma política.” (V. I. Lenin, O Imperialismo e a 
Cisão do Socialismo, 1916). Esse fato econômico encontrou ao 
longo do século XX, sua expressão política no surgimento dos 
partidos operários contrarrevolucionários, primeiro na 
socialdemocracia, depois no stalinismo, e também nas correntes 
centristas e oportunistas que se adaptam a eles, e por essa via, à 
aristocracia operária. 
A criação fictícia, a sangue e fogo, do Estado sionista-fascista 
de Israel, implicou a compra dessa camada de 
aristocratas operários sionistas privilegiados, para atuarem 
junto à pequena burguesia sionista, como força de choque 
contra o proletariado palestino. Por isso, a qualificação que 
fazemos do Estado sionista de Israel como “fascista” – sobre a 
que você não se pronuncia nem faz menção –, não é uma 
qualificação sentimental, ditada pelo horror dos massacres, do 
genocídio, da reclusão dos palestinos em guetos e campos de 
concentração, de sua redução à escravidão e ao apartheid, senão 
que é uma caraterização científica: é um estado criado 
artificialmente sobre a base da utilização – por parte do capital 
financeiro imperialista e da grande burguesia sionista –, da 
pequena-burguesia sionista (dentre ela, os colonos judeus 
fascistas) e a aristocracia operária (organizada nos sindicatos 
fascistas como é a Histadrut) como força de choque para 
esmagar a classe operária e o povo palestino. 
A suposta “classe operária israelense” que você tão 
arduamente define, não tem nada que invejar da aristocracia 
operária branca na África do Sul do apartheid. Assim dizia Leon 
Trotsky: “o proletariado do país está constituído por párias 
negros atrasados, e por uma privilegiada, arrogante, casta de 
brancos. Aqui reside a principal dificuldade (...) O pior crime 
de parte dos revolucionários seria fazer a menor concessão aos 
privilégios e preconceitos dos brancos. Quem entregue embora 
o dedo mindinho ao demônio do chauvinismo, está perdido.” 
(Sobre as Teses sul-africanas – à seção sul-africana, 
10/04/1935). 
Da mesma maneira, hoje na Palestina o que tem é um 
proletariado constituído por párias palestinos reduzidos a 
escravatura, e uma privilegiada e arrogante casta de aristocracia 
operária sionista comprada pelo imperialismo e pela burguesia. 
Nestas circunstâncias, pregar a “unidade” da classe operária em 
geral significa fazer conceder tudo aos privilégios e 
preconceitos dessa aristocracia operária sionista, significa dar-lhe 
não o dedo mindinho, senão o braço completo ao demônio 
do chauvinismo, que, lamentavelmente, é o que você está 
fazendo hoje com a posição que sustenta no seu documento. 
Uma política para submeter a classe operária e o 
povo palestino revolucionários à aristocracia 
operária sionista que sustenta o Estado de Israel, 
ou um programa revolucionário para impulsionar o 
surgimento dos soviets e do armamento do 
proletariado e para preparar a insurreição triunfante 
do proletariado e do povo palestino? 
Do seu documento, camarada – como já temos citado –, 
parece deduzir-se que você apoiaria (embora criticamente por 
não estar dirigida por um partido tipo bolchevique-leninista) a 
revolução palestina hoje em curso. Mas, como sabe todo 
revolucionário sério, não basta declarar o apoio geral perante 
uma revolução: nós trotskistas levantamos um programa 
revolucionário e uma estratégia para que o proletariado e os 
oprimidos possam levá-la ao triunfo. 
E aqui está o problema mais sério com você, camarada, 
posto que todo o “programa” que você levanta perante essa 
grandiosa revolução se limita a generalidade de “revolução 
socialista na Palestina, destruição do Estado sionista de Israel e 
unidade dos trabalhadores palestinos com os judeus”. Isso não é 
sério, camarada! Diga quando, perante 
qual revolução, o trotskismo e a IV 
Internacional se limitaram a levantar 
semelhante caricatura de “programa 
revolucionário”! É você quem tem que 
demostrar que o trotskismo interveio 
com um “programa” da “revolução 
socialista e unidade” em geral na 
revolução chinesa de 1925-27, na 
revolução espanhola de 1931-1936, na 
revolução francesa, na Alemanha, 
etc.! 
Fica claro que, não nos 
cansaremos de repetir, a revolução 
palestina – como toda grande 
revolução – divide águas, posto que o 
que define quem é revolucionário e 
quem não, é o programa que se 
levanta perante a revolução. 
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Revolução Palestina e Marxismo Revolucionário

  • 1. Nova Época 31 de Agosto de 2014 Preço: R$ 3,00 Solidário: R$ 5,00 Dossiê Palestina Porta-voz do Comitê Revolucionário Operário e Juvenil pela Autoorganização (CROJA) Aderente da FLTI Coletivo pela IV Internacional c o m i t e p e l a r e f u n d a c a o i v @ y a h o o . c o m . b r - c o m i t e p e l a r e f u n d a c a o i v . b l o g s p o t . c o m - l u t a p e l a b a s e 2 0 1 3 @ g m a i l . c o m - h t t p s : / / w w w . f a c e b o o k . c o m / C o m i t e P e l a R e f u n d a c a o I V O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA ANTES DE 1946 PLANO DA ONU DE 1947 1949-1967 2010 O sionismo, sustentado pela cova de bandidos da ONU e do imperialismo ianque, invade e ocupa a nação palestina, massacrando e expulsando de sua terra a operários e camponeses 5-8-2014 Apresentação Npublicadas o s e g u i n t e d o s s i ê e s p e c i a l f o r a m uma seleção de artigos históricos sobre a questão Palestina. O leitor encontrará um artigo intitulado “A revolução palestina e a teoria-programa da revolução permanente” que trata sobre a revolução palestina do ano 2000, uma polêmica sobre a suposta “classe operária israelense” e o artigo chamado “Párias em sua própria terra” que demonstra como se impôs na história o estado sionista-fascista de Israel como gendarme do imperialismo na região. Nesse último artigo, o leitor entenderá o processo de formação desse “porta-aviões” do imperialismo que é o estado de Israel, entrando a sangue e fogo na região, expulsando as massas palestinas de suas terras, provocando sua diáspora, condenando-as a viver em campos de refugiados no Líbano, na Síria e na Jordânia, ou ficando confinados nesses verdadeiros campos de concentração que são Gaza e Cisjordânia. Mas, as massas palestinas nunca aceitaram viver nessas condições. Sempre lutaram e resistiram como puderam contra o ocupante sionista. Desde os campos de concentração na Jordânia nos anos 70 começaram um levantamento que foi massacrado pelo exército jordano sob o mando do rei Hussein naquele país, deixando mais de 20 mil mortos. Outro massacre perpetrado às massas palestinas deu-se em 1982 no Líbano, nos campos de refugiados de Sabra e Chatila, nas mãos da burguesia maronita libanesa com a cumplicidade do exército sírio que também estava no Líbano, e com a participação do exército sionista, que ingressou no Líbano e ocupou o sul desse país até o ano 2000. Mas, apesar dos massacres e dos confinamentos nos campos de concentração de Gaza e Cisjordânia, as massas palestinas nunca se renderam perante o ocupante sionista e sempre se negaram a reconhecê-lo. Foi assim que, nestes verdadeiros guetos, em 1987 começou a denominada “Intifada”, quer dizer, a resistência das massas palestinas contra o estado sionista-fascista de
  • 2. 2 Israel na última linha, sem mais armamento do que pedras – que era o que tinham em abundância – contra o quinto exército com maior poderio militar do mundo. A burguesia palestina da OLP, que tinha se colocado na frente destes movimentos, manteve seus organismos armados e manteve todo seu armamento e arsenal separado das massas. Cuidou muito bem de que as massas ficassem desarmadas nos enfrentamentos contra o sionismo. Porque só pretendia ser uma burguesia administradora dos campos de concentração de Gaza e Cisjordânia e não a destruição de Israel e a libertação das massas palestinas. E isso se viu quando, depois da derrota sofrida no Iraque à imposição da invasão de Bush pai em 1993, Yasser Arafat – líder da OLP naquele momento – se reuniu em Oslo com o primeiro ministro israelense, sob o comando do imperialismo, e assinou um pacto que reconhecia o Estado de Israel e colocava a existência de dois estados na Palestina. A OLP então acabou reconhecendo o estado de Israel e aceitou o plano de “dois estados”, mas as massas palestinas nunca fizeram isso. Nem reconhecem o estado de Israel, nem aceitaram os acordos de Oslo e o plano de dois estado, por isso foram contra os que o queriam impor em seu interior – a OLP e a burguesia palestina –, as massas se levantaram novamente no ano 2000 contra o invasor sionista. Mas desta vez, foram buscar as armas para enfrentá-lo. Para isso assaltaram as delegacias da OLP. Isso significa que as massas passavam da resistência para entrar em revolução, já que com suas ações independentes derrubaram o controle da burguesia palestina, se armavam e jogavam fora o plano dos “dois estados”. Enquanto, as massas palestinas no sul do Líbano se insurrecionavam e expulsavam o invasor sionista dali. Foi uma grandiosa revolução das massas palestinas no ano 2000, que passavam da resistência à revolução, que foi depois esmagada por um golpe contrarrevolucionário direto do sionismo, sob o comando do imperialismo e, sobre essa base, tentar impor às massas palestinas o plano dos “dois estados”. Mas, as massas palestinas continuaram – e no dia Palestinos despejados de suas terras de hoje ainda continuam – sem render-se, sem submeter-se ao plano dos “dois estados” e sem reconhecer o estado de Israel. O demostraram no ano 2006 quando derrotaram ao exército sionista no sul do Líbano. O demonstraram quando nesse ano e no ano seguinte começaram a não aceitar o submetimento à OLP, movimento que foi canalizado pelo Hamas em Gaza e pela frente popular do stalinismo apoiando a OLP e reconhecendo o estado de Israel na Cisjordânia. O demonstraram quando se negaram a assinar o reconhecimento do estado de Israel, ainda depois de anos de cerco a Gaza e ainda depois do massacre como foi o Chumbo Fundido de 2008. As massas palestinas sempre se mantiveram na resistência contra o ocupante sionista. Isso se vê hoje: as massas palestinas resistindo o massacre e a ofensiva do sionismo, sob o comando do imperialismo. E assim como acontecera no ano 2000, é preciso passar da resistência à revolução! É preciso tirar de cima as burguesias palestinas que reconhecem o estado de Israel e buscam pactuar com ele e aplicar o plano dos “dois estados”! É preciso conquistar o armamento generalizado para enfrentar o sionismo, e fazê-lo desde todas as frentes! Guerra total contra o o c u p a n t e s i o n i s t a ! P e l a destruição do estado sionista-fascista de Israel! Por uma Palestina livre, laica, democrática e não racista com capital em Jerusalém! É preciso levar a revolução ao triunfo sobre a base da expulsão do estado sionista do rio Jordão até o mar! Acampamento de refugiados palestinos expulsos de suas terras pelo sionismo em 1948
  • 3. O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA 3 Reproduzimos aqui extratos de um artigo publicado originalmente em Democracia Obrera Nº 11 da Argentina, do dia 16 de abril de 2002, no momento que havia começado a ofensiva contrarrevolucionária que, na forma de guerra de extermínio, o Estado de Israel lançara naquele momento para esmagar a sangue e fogo a heroica resistência palestina iniciada no ano 2000. Neste artigo, o leitor poderá encontrar a definição de nossa corrente sobre o caráter da luta nacional do povo palestino, qual é a sua força motora, e qual foi a mecânica da revolução e da contrarrevolução na Palestina a princípios do século XXI. Abril 2002 A REVOLUÇÃO PALESTINA E A TEORIA-PROGRAMA DA REVOLUÇÃO Anacional longa luta do povo palestino por sua libertação contra o Estado sionista-fascista de Israel que, como gendarme do imperialismo, ocupou e usurpou a Palestina em 1948, é a expressão labiríntica da luta de uma das classes operárias mais exploradas do mundo para acabar com as condições inauditas de superexploração às quais tem sido submetidas pelo imperialismo, o sionismo, e também pelos capachos das burguesias árabes. A força motora da luta nacional do povo palestino, que manteve essa luta viva durante mais de 50 anos, são a classe operária e os camponeses palestinos. Pelo contrário, a burguesia nacional palestina e outras burguesias árabes do Oriente Médio, sócias menores do imperialismo na exploração e submissão de suas próprias classes operárias e povos, entregaram a luta nacional do povo palestino, estabeleceram pactos e acordos com o Estado de Israel e o imperialismo, jogando um papel de controlar e manter submetido o povo palestino – como a burguesia síria e libanesa no Líbano, e a jordana, que exploram e oprimem milhões de trabalhadores palestinos que vivem nesse países em acampamentos de refugiados – e utilizando essa luta como moeda de troca nos negócios com o imperialismo por sua taxa na renda petroleira, como as burguesias egípcia, iraniana, iraquiana, etc. Demonstra assim que a classe operária é a única classe verdadeiramente nacional, a única interessada em destruir o Estado de Israel e recuperar a terra palestina usurpada, a única que pode levar até o final – acaudilhando os camponeses e o conjunto da nação oprimida – a luta contra o Estado de Israel e o imperialismo, porque não têm nenhum interesse que as ate a eles. A luta pela libertação nacional, pela destruição do Estado Sionista e a conquista do estado palestino laico, democrático e não racista, está indissoluvelmente ligada à revolução social, à expropriação de sua própria burguesia nacional e ao imperialismo que a sustenta. A MECÂNICA DA REVOLUÇÃO PALESTINA: DA REVOLTA À REVOLUÇÃO Esta forma labiríntica – da luta de libertação nacional – que o combate da classe operária e os explorados palestinos adquiriu desde a imposição do Estado de Israel em 1948, se expressou, desde meados dos anos 80 e até princípios dos '90, no que se chamou a “Intifada”. A “Intifada” foi uma revolta, isto é, uma enorme luta política de massas, mas defensiva, protagonizada pela classe operária e os explorados palestinos que resistiram historicamente, “na última trincheira”, as condições inauditas de superexploração e de escravidão impostas a sangue e fogo pelo Estado de Israel, enfrentando-se diariamente nas ruas, armados só com pedras, com as tropas genocidas do exército israelense, massas cercadas e entregues a cada passo por Arafat e a OLP. Os acordos contrarrevolucionários de Oslo, impostos em 1993, tiveram o objetivo de submeter a Intifada e impedir que essa persistente resistência acabasse por transformar-se em revolução aberta. Conseguiram impor às massas palestinas sob a base do triunfo contrarrevolucionário conquistado pelas potências imperialistas com a derrota militar e a destruição do Iraque com os bombardeios na guerra do Golfo em 1991, que foi um duro golpe assentado às massas palestinas e à luta antiimperialista dos trabalhadores e dos explorados de todo Oriente Médio. Ainda assim, esse triunfo contrarrevolucionário não foi suficiente para esmagar a luta da classe operária e do povo palestino, mas sim para submeter sua heroica resistência e permitir que Arafat e a burguesia nacional palestina impusessem os acordos de Oslo sobre a base de promessas demagógicas acerca de um futuro “estado palestino”, entregando expressamente a bandeira histórica da luta pela destruição do Estado de Israel e por uma Palestina laica, democrática e não racista, reconhecendo ao Estado de Israel e aceitando transformar-se em gendarme e carcereiro de seu próprio povo. Assim se impôs a farsa dos “territórios autônomos” controlados por Arafat e a polícia palestina. A presença imperialista direta no Oriente Médio, o estado gendarme de Israel, as burguesias síria e jordana que submetem o povo palestino no Líbano e Jordânia, acrescentou-se um novo mecanismo de coerção contra as massas palestinas: a Autoridade Nacional Palestina e sua polícia, encarregadas de garantir que a classe operária e o povo palestino vivam nesses campos de concentração que são os territórios autônomos, para que pudessem continuar sendo utilizadas como mão de obra escrava pela burguesia sionista, os monopólios imperialistas e as burguesias árabes, e que a própria burguesia palestina ficasse com uma fatia dessa exploração. Esse foi o dispositivo de controle que funcionou até setembro de 2000. Foi precisamente contra esse dispositivo, motorizadas pelas condições selvagens de superexploração e penúrias inauditas, que se levantou nesse ano a classe operária e os explorados palestinos. Mas desta vez, não foi uma luta defensiva, de resistência, cercadas pela direção de Arafat, senão que, rompendo o cerco e o controle de Arafat e da OLP, e inclusive do Hamas, Hezbollah e da Jihad, irromperam numa luta ofensiva, uma insurreição espontânea, enfrentando diretamente a burguesia nacional palestina, sua ANP e sua polícia: quer dizer, dando início a uma grandiosa revolução operária e camponesa contra a superexploração dos trabalhadores e do povo na Palestina e no Líbano, e anticolonial, tomando em suas mãos a luta pela destruição do Estado sionista-fascista de Israel. A primeira fase da revolução se iniciou em maio de 2000, não na Palestina mas no sul do Líbano. Ali se levantaram os trabalhadores e o povo palestino dos acamamentos de refugiados, derrotando e desarmando as milícias cristãs – aliadas e agentes de Israel –, se armaram e obrigaram o exército sionista a fugir em debandada e humilhado, ficando o sul do Líbano sob seu controle.
  • 4. 4 No final do mês de setembro desse ano, a revolução irrompe abertamente nos próprios territórios autônomos, com uma insurreição espontânea, com uma greve geral indefinida, com enfrentamentos nas ruas contra a polícia de Arafat, nos quais os trabalhadores e os explorados acabaram assaltando e tomando as delegacias palestinas e justiçando os agentes de inteligência do sionismo, dividindo a polícia, pegando as armas e colocando em pé suas milícias dos acampamentos. Foi uma insurreição espontânea das massas q u e p a s s o u p o r c i m a d a s d i r e ç õ e s contrarrevolucionárias e destruiu os acordos de Oslo, suas instituições e seus mecanismos de coerção, dividiu a burguesia sionista arredor de como enfrentar e derrotar as massas, e fez ressurgir com força a luta antiimperialista das massas de Oriente Médio, que o imperialismo tinha conseguido tirar da cena desde a guerra do Golfo. No entanto, sem um plano organizado, sem objetivos claros e sem uma direção revolucionária na sua frente, a classe operária e os explorados não conseguiram fazer-se do poder, que voltou para as mãos da burguesia. A burguesia palestina da OLP reconhecendo o estado de Israel nos acordos de Oslo de 1993 Mas, frente ao antigo aparato estatal e suas instituições destruídas, as massas estabeleceram seu próprio poder de fato nos acampamentos e cidades palestinas – o das massas armadas e suas milícias – dando lugar ao surgimento de uma situação de duplo poder. Poderíamos dizer, fazendo uma analogia – com todos os limites que isso implica – que se tratou de uma revolução de tipo “fevereiro” (pela revolução de fevereiro de 1917 na Rússia), no sentido de uma insurreição espontânea, que destruiu o poder do inimigo sem conseguir tomar o poder, e instaura um regime de duplo poder. Assim, a grandiosa revolução palestina iniciada em 2000, irrompe desde o começo encabeçada pela classe operária acaudilhando os camponeses e o conjunto da nação oprimida, e ao deixar destruídos os acordos de Oslo, seus mecanismos de coerção da ANP e sua banda de homens armados que eram o dique de contenção do enfrentamento com o Estado de Israel, retoma imediatamente e num patamar superior a luta pela libertação nacional contra o usurpador sionista e por essa via, contra o imperialismo. A revolução palestina concentra dessa maneira a tarefa democrático-revolucionária e antiimperialista da libertação nacional, com as tarefas da revolução contra a própria burguesia, com a classe operária acaudilhando os camponeses pobres e o povo pobre. Precisamente porque se trata de uma grandiosa revolução operária e camponesa, a primeira grande revolução do século XXI, é que, inevitavelmente provocou no outro polo, a contrarrevolução que adquiriu a forma de uma verdadeira guerra de extermínio. Todas as correntes liquidacionista e centristas que usurpam as bandeiras da IV Internacional e que tentam ocultar essa grandiosa revolução falando de uma nova “Intifada”, como se fosse uma luta de resistência, defensiva, hoje não podem explicar o por que de semelhante ofensiva contrarrevolucionária e guerra de extermínio lançada por Israel e o imperialismo. Ao negar a revolução são incapazes de explicar que o estado sionista e o imperialismo deveram lançar a ofensiva contrarrevolucionária atual precisamente porque Arafat e a OLP se demonstraram incapazes de frear as massas e estrangular desde dentro sua revolução. Hoje, essa tem enfrentado um momento decisivo, em sua fase de guerra civil e nacional da classe operária e do povo palestino, ao qual Israel e o imperialismo responderam com uma brutal ofensiva militar contrarrevolucionária para tentar esmagá-la. Para derrotar esta ofensiva, é necessário armar todos os trabalhadores e o povo palestino, centralizar as milícias dos acampamentos e colocar em pé uma só revolução e guerra nacional palestina nos territórios da Palestina, Líbano e Jordânia. Para Arafat e a burguesia nacional palestina – igualmente a burguesia árabe e o resto dos países muçulmanos da Ásia e África – são incapazes de levar adiante estas tarefas; de levar a luta nacional até a vitória, posto que isso significaria colocar em perigo não só a dominação imperialista e do estado de Israel, senão que também sua própria propriedade privada e seu domínio como sócias menores do imperialismo. Por isso, para derrotar a contraofensiva do Estado de Israel e do imperialismo, é preciso derrotar a política das direções nacionalistas burguesas e pequeno-burguesas, romper toda subordinação a burguesia do Líbano e da Jordânia, e conquistar uma direção proletária da guerra, a única que terá as mãos livres para organizar as enormes forças dos trabalhadores e dos explorados na Palestina e em toda a região, para atacar os interesses imperialistas e das burguesias árabes, e para chamar os trabalhadores e os povos oprimidos de toda a região e levantar-se em uma só luta contra o Estado de Israel e o imperialismo. Só com uma direção proletária da guerra – quer dizer, sob a direção da classe operária acaudilhando os camponeses e o conjunto da nação oprimida – poderá se garantir a derrota militar do Estado de Israel, sua destruição e a conquista de um estado palestino laico, democrático e não racista em todo o território histórico da Palestina onde possam conviver pacificamente os trabalhadores e camponeses de qualquer etnia e religião, o que só pode conseguir-se sob um governo operário e camponês das massas palestinas autoorganizadas e armadas. O CARÁTER INTERNACIONAL DA REVOLUÇÃO PALESTINA O estado sionista-fascista de Israel é o dispositivo contrarrevolucionário, o gendarme central das potências imperialistas em todo Oriente Médio. Foi criado não só para expulsar de sua terra, dividir e explorar a classe operária e o povo palestino, senão como enclave imperialista para garantir a submissão dos trabalhadores e dos povos oprimidos de toda a região, e dessa maneira, o controle por parte das potências imperialistas das enormes reservas e das rotas do petróleo, e em particular, do imperialismo ianque como potência dominante. Por isso, a tarefa da destruição desse estado enclave do imperialismo é uma tarefa não só da classe operária e do povo palestino, senão que do proletariado e dos explorados do
  • 5. O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA 5 Oriente Médio e dos países árabes e muçulmanos da África e da Ásia. A heroica revolução da classe operária e do povo palestino empurra a luta antiimperialista das massas exploradas de toda a região, contra o imperialismo e o Estado de Israel. Milhões de explorados do Líbano, Jordânia, Egito, Iraque, Líbia, Tunísia, Marrocos, etc., ganham as ruas exigindo armas para defender a revolução palestina, que se abram as fronteiras para irem combater, que se rompam as relações com Israel e se ataquem seus interesses e os do imperialismo. Desde o início da revolução palestina, da mesma maneira que perante a guerra contra Afeganistão, e hoje perante o choque direto da revolução e da contrarrevolução na Palestina, os trabalhadores e os explorados da região lutam por unir suas fileiras em uma só luta contra o imperialismo e o Estado de Israel. Mas, esse combate se choca a cada passo com a política das respectivas burguesias nacionais, sócias menores do imperialismo, que correram, encabeçadas pela arquireacionária burguesia saudita, a apoiar o plano contrarrevolucionário de “dois estados” da ONU para salvar o sionismo e garantir a escravização das massas palestinas e do Oriente Médio. É assim que a revolução palestina, ao empurrar a luta antiimperialista das massas no Oriente Médio, empurra ao mesmo tempo o enfrentamento direto da classe operária desses países contra os capachos das burguesias árabes e seus regimes e governos. Quer dizer, que coloca a seu interior a transformação da luta antiimperialista em revolução social contra as burguesias nacionais, o seu derrotamento e a expropriação do imperialismo e da burguesia nativa, e a imposição de governos operários-camponeses. O problema nacional palestino e a libertação dessa classe operária da exploração, resolve-se então não só na Palestina, senão em todo o Oriente Médio, na luta revolucionária das massas contra o imperialismo, por expulsá-lo da região e expropriá-lo, pela destruição do Estado de Israel, e por derrotar e expropriar as burguesias lacaias, impondo governos operários-camponeses em todos os países da região, no caminho de uma Federação de Repúblicas Operário- Camponesas do Oriente Médio. A classe operária e o povo palestino fazem parte dos mais de 1500 milhões de trabalhadores e camponeses dos países árabes e muçulmanos que, desde o Norte da África até o Cáucaso e a Ásia Central, vivem sobre um território que conta com as maiores reservas de petróleo e gás do planeta, mas afundados na mais abjeta miséria e superexploração por parte do imperialismo e das burguesias nativas. Por trás do problema religioso do islamismo, se oculta a existência no Oriente Médio e na Ásia Central, de uma classe operária terrivelmente superexplorada, migrante, com operários que se trasladam país por país para trabalhar nas jazidas petroleiras e nas refinarias dos monopólios imperialistas e de seus sócios menores das burguesias árabes, vivendo em condições infra-humanas nos acampamentos, rodeados por mercenários armados até os dentes, por tropas dos exércitos das burguesias nativas ou diretamente pelas tropas imperialistas, como na Arábia Saudita. Isso é o que negam e tentam ocultar os liquidacionistas renegados do trotskismo que, com o argumento de que o islamismo seria reacionário e retrógrado, se negaram a apoiar a nação afegã oprimida frente a guerra de colonização do imperialismo anglo-ianque, como fez o LPP do Paquistão, e condenaram, por serem islamistas, os milicianos antiimperialistas que foram combater no Afeganistão, que eram precisamente esses operários migrantes e também os camponeses superexplorados. O triunfo da revolução e da guerra civil dos trabalhadores e do povo palestino daria um enorme impulso a luta antiimperialista da classe operária e os camponeses dos países árabes e muçulmanos, e colocaria imediatamente em questão o controle das rotas do petróleo por parte do imperialismo, a presença de suas tropas e bases militares na região, e a ocupação do Afeganistão. Daria um enorme impulso a luta do povo checheno contra a opressão da grande burguesia russa, sócia menor dos monopólios imperialistas no saque das riquezas petroleiras e de gás do Cáucaso, a dos trabalhadores e explorados muçulmanos das ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central como Turcomenistão, Cazaquistão, Uzbequistão, onde o imperialismo ianque ficou com o petróleo e o gás após seu triunfo no Afeganistão. Ou seja, daria um grande impulso às massas muçulmanas dos ex-estados operários em liquidação contra a opressão da grande burguesia russa, de suas próprias burguesias, e contra a ofensiva das potências imperialistas por colonizar os antigos estados operários, o que colocaria na ordem do dia a luta pela derrota das burguesias restauracionistas, e pela restauração da ditadura do proletariado sob formas revolucionárias. AS TAREFAS ANTIIMPERIALISTAS DA CLASSE OPERÁRIA DAS POTÊNCIAS IMPERIALISTAS FRENTE A REVOLUÇÃO E A GUERRA CIVIL E NACIONAL PALESTINA Mas, a tarefa da destruição do Estado de Israel é também uma tarefa fundamental da classe operária das potências imperialistas, que são as que o criaram, o sustentam e financiam como seu gendarme. Se a revolução palestina e a luta antiimperialista das massas da região é derrotada, serão as burguesias imperialistas ianque e europeias, que se fortalecerão para passar o ataque contra suas próprias classes operárias, em um nível superior aos que já aconteceram após o triunfo imperialista na guerra dos Balcãs, ou mais recentemente contra Afeganistão. (...) Por isso, é de vida ou morte, então, para a classe operária das potências imperialistas europeias e dos Estados Unidos tomar em suas mãos a luta pelo triunfo da classe operária e do povo palestino e pela derrota militar do exército sionista genocida, isto é, pela destruição do Estado de Israel. É de vida ou morte tomar em suas mãos as tarefas antiimperialistas, cujo primeiro dever é o de enfrentar a sua própria burguesia imperialista e apoiar efetiva e ativamente a luta pela libertação nacional dos trabalhadores das colônias e semicolônias. Como diz o Programa de Transição: “Será dever do proletariado internacional ajudar os países oprimidos em sua guerra contra os opressores (...) A derrota de todo governo imperialista na luta (...) contra um país colonial é o mal menor. Os operários dos países imperialistas, no entanto, não podem ajudar a um país antiimperialista a través de seus próprios governos, sejam quais forem as relações diplomáticas e militares entre os dois países em um dado momento. Se os governos se encontram em uma aliança temporal, e pela essência mesma da questão, incerta, o proletariado do país imperialista segue permanecendo em uma oposição de classe perante seu governo, e sustenta ao 'aliado' não imperialista através de seus próprios métodos, quer dizer, pelos métodos da luta de classes internacional”. Esse é o único caminho verdadeiramente anticapitalista para a classe operária das potências imperialistas: não se pode ser anticapitalista, se não se é antiimperialista; ou seja, se não se
  • 6. 6 enfrenta, em primeira instância, a suas próprias burguesias imperialistas. Se continuarem pelo caminho que lhes marcam as burocracias sindicais, os socialdemocratas, stalinistas, Verdes, e também os renegados do trotskismo que os chamam a apoiar a política de “paz no Oriente Médio, dois estados e intervenção da ONU”, a classe operária das potências imperialistas ficarão novamente atadas a suas próprias burguesias, e essas estarão em melhores condições para passar o ataque contra suas conquistas, com privatizações, flexibilização e demissões massivas, como as que se preparam na Europa e no Japão. Por isso, enfrentar a sua própria burguesia imperialista significa uma guerra sem quartel contra a aristocracia e as burocracias operárias dos Estados Unidos e das potências europeias – contra a burocracia sindical da AFL-CIO norte-americana, da TUC inglesa, da CGT e da CFDT francesas, da CGIL e demais centrais italianas, da burocracia dos sindicatos alemães, contra a socialdemocracia e o stalinismo –, agentes de suas próprias burguesias imperialistas e defensoras de suas aventuras colonialistas e de rapina, posto que vivem das migalhas dos superlucros que essas obtêm da superexploração dos trabalhadores das colônias e das semicolônias. Por isso, nós trotskistas, lutamos – seguindo a gloriosa tradição da III Internacional de Lenin e Trotsky, e da IV Internacional – para que a classe operária das potências europeias tome em suas mãos suas tarefas antiimperialistas, ou seja, em primeiro lugar para que unifique suas fileiras com os milhões de trabalhadores imigrantes árabes e muçulmanos provenientes do Oriente Médio, do Norte da África e da Ásia, que são tratados como párias nos países europeus da mesma forma que o são seus irmãos de classe na Palestina. Para isso, lutamos para que levantem as demandas dos trabalhadores imigrantes e tomem em suas mãos, ativamente, a luta pelo triunfo da classe operária e o povo palestino, e pela derrota militar do Estado de Israel e seu exército genocida, enfrentando o plano contrarrevolucionário dos “dois estados” da ONU, e às aristocracias e burocracias operárias, aos socialdemocratas, aos stalinistas, às direções burguesas e pequeno-burguesas do movimento globalifóbico – e também aos pablistas renegados do trotskismo – que as apoiam. Da mesma maneira, lutamos para que a classe operária dos Estados Unidos retome o caminho da luta antiimperialista contra a guerra de Vietnã, detendo as perseguições aos trabalhadores de origem árabe e muçulmana, rompendo com a burocracia sindical da AFL-CIO que apoia a Bush em sua “guerra contra o terrorismo” enquanto deixa passar as milhões de demissões e a mais brutal flexibilização contra os trabalhadores norte-americanos. Lutamos porque os trabalhadores das potências imperialistas sustentem a classe operária e o povo palestino “por seus próprios métodos” – como diz o Programa de Transição –, quer dizer, lutando por deter desde o interior das potências imperialistas a maquinaria de guerra de seu estado gendarme de Israel, paralisando mediante a greve, o boicote, a mobilização e os piquetes, todo envio de armas e mantimentos necessários para vencer. Lutamos para que o proletariado dos países imperialistas retome a tradição internacionalista da guerra civil e da revolução espanhola, tomando em suas mãos a tarefa de convocar e organizar brigadas de operários internacionalistas prontos para ir combater na Palestina. Publicamos a seguir “Párias em sua própria terra”, artigo que foi reproduzido pela primeira vez no Boletim de Informações Operárias Internacionais Nº 1 – Segunda Época de novembro do ano 2000, mas que depois foi ampliado e publicado em sua versão definitiva no Suplemento Especial de Democracia Obrera Número 34, de janeiro de 2009. Esse artigo, então, foi finalizado em sua versão definitiva quando a questão palestina novamente voltava a colocar-se no centro do cenário mundial após o massacre do sionismo, comandado pelo açougueiro imperialista Obama, na denominada operação Chumbo Fundido. O seguinte artigo constitui uma versão e explicação desde o ponto de vista histórico da instalação do estado sionista-fascista de Israel ocupando a nação palestina e confinando seu povo nos campos de concentração de Gaza e Cisjordânia. É um artigo para contribuir na compreensão do papel do estado de Israel como gendarme do imperialismo na região e desmascarar o mito da suposta “terra prometida” e “nação judaica sem estado” que “teria direitos bíblicos para instalar-se na Palestina”, que não são mais do que enganações para justificar a existência e o acionar do estado sionista como “porta-aviões” do imperialismo na terra palestina para assegurar as rotas de petróleo e manter submetidas as massas exploradas da região. Janeiro de 2009 OS TRABALHADORES E O POVO PALESTINO SOB A BOTA DO IMPERIALISMO E DO ESTADO SIONISTA-FASCISTA DE ISRAEL PÁRIAS NA SUA PRÓPRIA TERRA Sessenta anos de massacres e tentativas de extermínio pelas mãos do Estado sionista-fascista de Israel; sessenta anos de luta indomável da classe operária e do povo palestino pela libertação de sua nação ocupada Pcolônia alestina foi até a metade do século XX uma inglesa. Mas quando o imperialismo inglês entrou em sua etapa de decadência e começou a retirar-se de parte de seus domínios após a segunda guerra mundial, o comando passou para as mãos do imperialismo ianque. Mas ao contrário de mantê-la como protetorado, as potências imperialistas, encabeçadas pelos EUA, idearam a criação do Estado de Israel, encobrindo dessa maneira – com o manto “humanitário” de dar terra para uma suposta “nação judaica” que a teria perdido – o estabelecimento de um dispositivo militar, uma cunha para controlar as massas oprimidas do Oriente Médio e do Magreb (Norte da África) – que começavam um processo de luta revolucionária para libertar suas nações da colonização britânica e francesa – e ao mesmo tempo, assegurar o acesso e o controle das rotas do petróleo. “Sinto que o presidente (dos Estados Unidos, NdeR) será o novo Moisés que fará nascer o menino de Israel no deserto” (1), declarava um homem do congresso norte-americano ao sair de uma reunião com o presidente ianque. O “novo e democrático Moisés”, o imperialismo ianque, sustentava e sustenta econômica e militarmente a constituição e permanência do Estado sionista-fascista de Israel. Só nesse financiamento se baseia o mito do “milagre” israelense. Para sua criação e sustentação, o imperialismo apoiou-se e apoia-se no sionismo que é um movimento político dirigido pela burguesia financeira de origem judaica, a mesma que, no sionismo que é um movimento político dirigido pela
  • 7. O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA 7 burguesia financeira de origem judaica, a mesma que, como o magnata Rothschild, não duvidou em financiar o estado fascista alemão a meados do século XX. O sionismo, surgido na Europa no final do século XIX detrás da bandeira de “um povo sem terra para uma terra sem povo” e escolhendo a Palestina sobre a base das “tradições bíblicas”, foi apoiado desde um primeiro momento pela grande burguesia financeira judaica. Essa impulsionava o estabelecimento de uma “pátria” para seus “irmãos” na Palestina porque temia que a corrente de emigração das massas judaicas, produto da fome e da miséria, desde a Europa Oriental até a Ocidental, produzissem uma onda antissemita que voltasse contra si. Ao mesmo tempo, a burguesia sionista enxergava nesta saída uma maneira de afastar essas massas pobres e despossuídas da influência e agitação revolucionárias. O sionismo foi assim um fenômeno oposto ao dos trabalhadores e intelectuais europeus de origem judaica que abraçaram a causa da classe operária, que foram parte das lutas revolucionárias na Europa e como tais, caíram sob o fascismo e desenvolveram gestos heroicos como o de gueto de Varsóvia. A burguesia sionista que tinha se apoiado inicialmente no imperialismo britânico (o “Moisés anterior”), consciente de que esse, ainda que vitorioso, tinha saído enfraquecido da II Guerra Mundial, vai em busca de seu “novo Moisés”, o imperialismo norte-americano que, a sangue e fogo, cira o Estado sionista-fascista, racista de Israel, impondo esse enclave imperialista armado até os dentes como gendarme na região, e concretizando a mentira sionista de “uma terra sem povo para um povo sem terra”. Porque de nenhuma maneira a Palestina era “uma terra sem povo”. Por isso, para concretizar a criação do enclave sionista, era necessário expulsar a maioria dos palestinos e expropriar seus bens. “Quando ocupemos a terra... expropriaremos pouco a pouco a propriedade privada nos Estados que nos outorguem. Tentaremos desanimar a população pobre afastando-a além da fronteira, procurando emprego para ela nos países intermédios e negando-lhe qualquer emprego em nosso país... tanto o processo de expropriação quanto de eliminação dos pobres deverá levar-se adiante discretamente e com circunspecção.” Declarava Theodor Herzl, um dos fundadores do sionismo. No dia 29 de novembro de 1947 se “legitima” a partição da Palestina e o estabelecimento do Estado israelense por meio da votação da ONU – um verdadeiro ministério de colônias do imperialismo; a mesma ONU que aprovou o ataque ao Iraque em 1991, ao Kossovo e à Sérvia, e ao Afeganistão em 2001; a mesma ONU que sustentou a invasão inglesa nas Malvinas, a que encobre a ocupação no Haiti e sua transformação em um protetorado ianque, e a que cobre com um manto de “unidade da comunidade mundial” a defesa dos interesses de rapina do imperialismo e santifica suas sanguinárias intervenções militares em todo o mundo com o argumento da defesa da “democracia”. A criação do Estado de Israel contou também com a colaboração da burocracia stalinista que apoiou a partição e ocupação da Palestina. Assim, a traidora burocracia cumpria fi r m e m e n t e n o O r i e n t e M é d i o , c o m o p a c t o contrarrevolucionário de Yalta assinado na saída da II Guerra Mundial com os imperialistas ianques e britânicos. O extermínio e a expulsão do povo palestino de sua própria nação Essa resolução e o novo plano de ocupação e estabelecimento de um Estado judaico na Palestina se realizaram sobre a base da terrível derrota sofrida pelas massas palestinas com o esmagamento da heroica insurreição que protagonizaram desde 1936 até 1939 lutando contra o domínio imperialista francês e inglês. Para esmagar esta insurreição, que começou com a greve geral que durou seis meses, o imperialismo utilizou a metade dos efetivos de todo o exército inglês, que nesse momento era um dos mais poderosos do mundo. Milhares de palestinos morreram, detidos e condenados à forca e a prisão. Mas o povo palestino voltou a levantar-se em 1947, contra a partição e ocupação de sua nação pelo estado sionista. Sucederam-se greves e manifestações de protesto. Para esmagar e aniquilar a resistência do povo palestino, o “novo Moisés” norte-americano e o sionismo fascista lançaram uma campanha terrorista. “A única solução é uma Palestina, ou pelo menos uma Palestina Ocidental sem árabes. E não tem outro caminho que transferir todos os árabes desde aqui aos países vizinhos, transferi-los todos: nem uma aldeia, nem uma tribo devem ficar.” (3). O plano fascista se aplicou sistematicamente, apelando às matanças massivas aldeia por aldeia, casa por casa, fábrica por fábrica. Como exemplo, no dia 31 de dezembro de 1947, na refinaria de petróleo de Haifa onde vinham se desenvolvendo lutas conjuntas de operários árabes e judeus contra a patronal imperialista, um comando do Irgun (4) jogou bombas e metralhou uma fila de operários árabes que estava na porta da refinaria lutando por trabalho. Centenas de operários foram mortos e feridos. No dia 9 de abril de 1948, unidades especiais da Haganá (exército “extraoficial” do sionismo) tomaram a aldeia de Deir Yassin, e percorreram casa por casa, jogando granadas dentro delas, e degolando os sobreviventes, exterminaram todos os moradores civis, dos quais a maioria eram mulheres, idosos e crianças. O líder da organização terrorista sionista Irgun, Manachem Begin, depois primeiro ministro israelense, descrevia assim esse plano de extermínio: “Todas as forças judaicas avançavam através de Haifa como faca na manteiga. Os árabes fugiam em pânico gritando: 'Deir Yassin!'... Esse êxodo massivo logo deveio em uma enlouquecida e incontrolável fuga.” No dia 14 de maio de 1948, sobre a base do extermínio e da expulsão de milhões de Tropas fascistas do sionismo na guerra de 1973 palestinos, era proclamado o Estado de Israel.
  • 8. 8 A guerra “árabe-israelense” de 1948-49 Egito, Jordânia, Síria, Iraque e outros países árabes, declararam guerra ao estado de Israel. Ante isso, Estados Unidos, Grão Bretanha, França, com o apoio de seus serventes da burocracia stalinista, acabaram de armar até os dentes o exército sionista. Para demonstrar sua lealdade ao pacto de Yalta e Potsdam e seu papel contrarrevolucionário, a burocracia stalinista enviou armas e aviões aos sionistas através do intermédio da Checoslováquia. Escrevia-se assim, com sangue palestino, uma das páginas mais obscuras da traição stalinista à revolução mundial. Depois de alguns meses de combate, em 1949 os exércitos convencionais dos países árabes sofriam uma humilhante derrota na guerra que foi chamada de “guerra árabe-israelense”. Como resultado, o Estado de Israel terminava de ocupar o conjunto da nação palestina, salvo uma pequena faixa da Cisjordânia e de Belém que, segundo a resolução da ONU, junto com Jerusalém Oriental, devia ficar sob a jurisdição da covarde burguesia jordana e sua sanguinária monarquia. É que era impossível derrotar militarmente, em uma guerra de exércitos convencionais, o estado sionista armado e sustentado financeiramente por todas as potências imperialistas. Para ganhar a guerra e impedir a imposição de Israel, era necessário sublevar e armar a classe operária e as massas exploradas – e em primeiro lugar, as massas palestinas refugiadas na Jordânia, Líbano, Síria, etc. – de todo Oriente Médio, do Egito até o Iraque, em uma mesma e única guerra nacional contra o ocupante sionista e seus amos imperialistas. Mas, as covardes burguesias árabes jamais poderiam fazer isso. Como toda burguesia nacional – ou seja, classe proprietária, sócia menor do imperialismo –, as burguesias árabes temiam e temem mais a luta antiimperialista e revolucionária das massas que o imperialismo e seu gendarme sionista, porque sabem que a classe operária e os explorados armados não se limitarão em expulsar e expropriar os imperialistas e o estado sionista, senão que atacarão também sua própria propriedade privada. Assim, as burguesias árabes davam a primeira de muitas punhaladas pelas costas do povo palestino, e o entregavam no “altar” do sistema capitalista imperialista. E não somente isso, também anexaram as únicas terras que ficavam ao povo palestino: Egito anexou a Faixa de Gaza, e Jordânia, por sua vez, ficou com a Cisjordânia. A “Nakba” palestina Assim, com uma verdadeira catástrofe (“Nakba”) contra o povo palestino, se fabricou a “terra sem povo” que conclamava o sionismo. Depois, o estado israelense aplicava a “lei de propriedade das pessoas ausentes”, segundo a qual o palestino que estava “ausente” perdia todas suas propriedades por estarem abandonadas. Só pelo fato de ser palestino, se perdia o direito de ter propriedades e qualquer outro direito. Esses direitos só estavam reservados pela lei aos habitantes de origem judaica, embora nunca tenham vivido na Palestina até então, e se negava esse direito aos que tinham habitado essas terras por séculos. Converteram assim à classe operária e ao povo palestino em estrangeiros e párias em sua própria terra. As guerras de 1967 e1973: O estado sionista em busca da terra, água e escravos palestinos Como enclave imperialista, o Estado sionista-fascista de Israel construiu-se sobre a base da expulsão dos palestinos e da implantação massiva da população de crença judaica e de convicção sionista transplantada artificialmente desde todos os confins da terra: desde Estados Unidos, Argentina, Alemanha, mas sobre tudo, desde os estados do Leste europeu transformados em estados operários deformados depois da segunda guerra mundial, dos quais afluíram centenas de milhares de burgueses e pequeno-burgueses de crença judaica fugindo da expropriação da burguesia nessas nações. Estes últimos judeus “ashkenazi”, conformam hoje a elite burguesa do estado sionista. Para abrigar semelhante fluxo de população, o estado necessitava e necessita cada vez mais terra e fontes de água. Da mesma maneira, depois de expulsar ou transformar em párias despossuídos em sua própria terra os palestinos, o estado sionista necessitava dessa população como mão de obra escrava para que trabalhassem em suas fábricas, nas das transnacionais imperialistas e na construção de aquedutos, estradas, etc. e em suas terras. Para consegui-lo e para afirmar seu papel de gendarme, este enclave imperialista impulsionou uma série de guerras. A primeira, impulsionada de maneira escusa pelo imperialismo britânico e francês, foi em 1956 contra o Egito, no momento que Nasser tinha nacionalizado o Canal de Suez. Ocupou imediatamente a península do Sinai, embora depois se retirou dela uma vez acabada a guerra. Em 1967, o Estado de Israel lançou, contra o Egito, a chamada “guerra dos seis dias”. Nela, voltou a ocupar a península do Sinai e chegou a 100 Km do Cairo. Acabada a guerra, retrocedeu mas se apropriou da Faixa de Gaza e de sua população de refugiados palestinos assentado nos acampamentos; se apropriou também da Cisjordânia, e tomou o controle de Jerusalém Oriental, assegurando assim milhões de trabalhadores palestinos, que foram explorados como mão de obra escrava. Ao mesmo tempo, se garantiu as fontes de água mais importantes da região, ocupando o território sírio das chamadas Colinas do Golã, e na margem esquerda do rio Jordão que separa a Cisjordânia da Jordânia. O Egito burguês de Annuar Al Sadat tentou, em 1973, recuperar a Faixa de Gaza, na chamada “Guerra do Yom Kippur” (Ano novo judaico). Depois de serem derrotados pelo estado sionista armado até os dentes pelo imperialismo, Sadat acabou sendo o primeiro governante burguês de Oriente Médio a reconhecer o estado sionista-fascista de Israel. Como se isso fosse pouco, mais uma punhalada pelas costas contra o povo palestino e contra a classe operária e os explorados de todo Oriente Médio. O papel das burguesias árabes nos massacres contra o povo palestino Para concretizar seu plano, o estado sionista não teve problema em aliar-se com os governos burgueses árabes como os de Egito – como já temos visto –, o Líbano e Jordânia. Ao rei Houssein da Jordânia lhe corresponde ter provocado em setembro de 1970 uma chacina de 20 mil refugiados palestinos enquanto as forças israelenses, com apoio da frota ianque no Mediterrâneo, os bombardeavam. Em 1982, cerca de 3.000 refugiados palestinos, em sua maioria idosos, mulheres e crianças, foram assassinados nos acampamentos de Sabra e Chatila em Beirute, em um operativo dirigido pelo general sionista Ariel Sharon, naquele momento Ministro de Defesa israelense, comandando a seus aliados, os milicianos falangistas organizados pela fração burguesa da minoria cristã maronita libanesa. Depois desse massacre, o estado sionista ocupou o sul do Líbano até o ano 2000.
  • 9. O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA 9 1987-1993: a heroica resistência da “Intifada” e a imposição dos acordos contrarrevolucionários de Oslo Massacrados, desterrados, presos em verdadeiros guetos e condenados a viver como párias em sua própria terra, o genocídio do povo palestino é um dos maiores deste século. Mas também, um dos gestos mais heroicos do proletariado internacional é a indomável luta e resistência da classe operária e do povo palestino por libertar sua nação ocupada pelo gendarme sionista. Sem dúvida, a chamada “Intifada” – guerra das pedras – iniciada em 1986-87, é um de seus episódios mais significativos. Foram quase 7 anos de luta e resistência dos explorados palestinos. Todos os dias, crianças de 8 ou 9 anos, jovens, adultos, mulheres, idosos, se enfrentavam nos acampamentos e guetos palestinos com as tropas do exército sionista. Armados só com pedras, que é a única coisa em abundância nas terras estéreis e desérticas dos “bantustões” que estão confinados. Novamente ficou claro, na Intifada, o nefasto papel da burguesia nacional palestina, com Arafat e a OLP na cabeça. Primeiro se dedicaram a “glorificar”, do exílio na Tunísia a resistência da Intifada, mas cuidaram muito bem de garantir que as massas continuem desarmadas, e que continuassem tendo só pedras em suas mãos para enfrentar os tanques, os blindados, os fuzis, os mísseis e demais armamentos sofisticados do estado sionista. E depois, quando ainda assim não conseguiram controlar a rebelião das massas que, a cada passo, ameaçavam transformar-se em luta ofensiva e revolucionária, fincaram uma nova e decisiva punhalada pelas costas do povo palestino. Assim, em 1993 e depois da destruição com bombardeios do Iraque na primeira guerra do Golfo, se impunham os acordos contrarrevolucionários de Oslo, nos quais Arafat e a OLP entregaram a luta histórica pela destruição do estado sionista-fascista de Israel – ou seja, a luta pela libertação palestina –, em troca de ser essa fração da burguesia palestina a encarregada de escravizar o povo palestino nos campos de concentração de Gaza e Cisjordânia, tudo isso apresentado como passos adiante na “conquista” de um “estado palestino” convivendo com o estado sionista usurpador da terra palestina. Se impunha assim um enorme dispositivo contrarrevolucionário que se somava ao existente gendarme sionista, para estrangular a resistência palestina. Acordo de Camp David em 1979 de reconhecimento do estado de Israel 2000-2002: a magnífica revolução das massas palestinas; seu estrangulamento por parte de Arafat e a OLP, e seu esmagamento nas mãos do exército genocida de Sharon e Bush Esse pacto contrarrevolucionário de Oslo foi o que as massas palestinas fizeram estourar pelos ares quando em setembro de 2000, iniciaram sua heroica revolução, tomando e ocupando as delegacias da Autoridade Nacional Palestina (ANP) na Cisjordânia, desarmando a sua polícia, armando-se e retomando, por essa via, a luta nacional contra o ocupante sionista. Essa enorme revolução que deu a luz ao século XXI foi estrangulada desde dentro pela burguesia palestina. Uma nova punhalada pelas costas à luta do povo palestino por sua libertação nacional. Mas, o que não conseguiram Arafat e companhia com sua política conciliadora com o ocupante sionista e de colaboração de classes, era terminar de desarmar as massas palestinas dos acampamentos que, de fato, tinham estabelecido um regime de duplo poder. Perante o fracasso de seu agente (a burguesia palestina) em desarmar as massas palestinas, foram o imperialismo ianque e o próprio exército sionista que tomaram em suas mãos essa tarefa. Em 2002, depois de massacrar no Afeganistão e enquanto se preparava a guerra contra Iraque, o exército genocida de Sharon e Bush entrou a sangue e fogo nas cidades e acampamentos palestinos da Cisjordânia. A resistência dos combatentes dos acampamentos e cidades palestinas foi aguerrida e heroica. Mas, entregues mais uma vez pela burguesia palestina, só tinham fuzis para enfrentar os aviões, os tanques, os mísseis e a maquinaria das tropas genocidas sionistas. Jenin, Hebron e demais cidades palestinas foram reduzidas a escombros, e sob eles ficaram milhares e milhares de combatentes, mulheres e crianças palestinas, enquanto Arafat e os “ministros” da chamada Autoridade Nacional Palestina ficavam em resguardo em sua “sede de governo” em Ramallah. O símbolo infame do esmagamento desta heroica revolução é sem d ú v i d a o M u r o d o opróbrio que cercou o campo de concentração da Cisjordânia, construído com cimento provido ao Estado de Israel pela p r ó p r i a b u r g u e s i a palestina e levantando com suas próprias mãos pelos operários palestinos escravos custodiados por soldados fascistas do exército sionista.
  • 10. 10 O plano da “Folha de Rota” fracassou pela atolação das tropas ianques nas mãos da heroica resistência iraquiana Com as tropas atoladas, as potências imperialistas, o estado sionista, junto com Arafat e Al Fatah, começaram a c o l o c a r e m p é o p l a n o p a r a u m n o v o p a c t o contrarrevolucionário: a chamada “Folha de Rota” que aprofundava o plano de impor uma caricatura de “estado palestino” na Cisjordânia e em Gaza, ou seja, em dois campos de concentração sem continuidade territorial, rodeados pelo exército sionista. Esse novo plano – apoiado não só pelos governos imperialistas, senão também, vergonhosamente, pelos renegados do trotskismo do SU (Secretariado Unificado, NdeT) que, com seus “eurodeputados” Krivine e demais, votaram a favor nesse covil de bandidos que é o “parlamento” europeu – terminou fracassando graças a heroica resistência das massas iraquianas que atolaram as tropas ianques. A última pedra da lápide da “Folha de Rota” a colocou a guerra nacional das massas palestinas e do sul do Líbano que no ano 2006 derrotaram e fizeram fugir o exército sionista genocida. Fascismo, frente popular e burguesias nativas pechinchando com o imperialismo Para impedir que a derrota militar do sionismo no sul do Líbano nas mãos das massas abrisse novamente as portas da revolução palestina, vemos em ação, novamente, a fascismo, a frente popular, e as burguesias nativas “nacionalistas” que pechincham com o imperialismo. Assim, a partir de 2006-2007 se impôs na Cisjordânia uma administração da frente popular clássica – ou seja, com o imperialismo diretamente por trás – de Al Fatah e Abu Mazen, sustentado pelo Partido Comunista palestino, atuando como carcereiros de seu próprio povo, e pactuando com o estado sionista-fascista. Por sua vez, em Gaza, para conter a insurreição das massas que derrotaram o Al Fatah em maio-junho de 2007, se impunha uma administração nas mãos do Hamas, ou seja, da outra fração da burguesia palestina que, lançando foguetes e controlando de forma ferrenha as massas, tentam negociar com o imperialismo e seu gendarme sionista para que lhe permitam jogar o mesmo papel de carcereiro do povo palestino que Al Fatah joga na Cisjordânia. Frente popular na Cisjordânia; administração do campo de concentração nas mãos da burguesia nativa em Gaza, e fascismo – com o estado sionista impondo o bloqueio e cerco total contra Gaza para quebrar por fome as massas palestinas que tinham ousado derrotar e expulsar a burguesia colaboracionista de Al Fatah –; é o que vem atuando na Palestina, preparando o caminho para a atual ofensiva m a s s a c r a d o r a d o s i o n i s m o e p a r a o s p a c t o s contrarrevolucionários que hoje preparam Sarkozy, Mubarak, os aiatolás iranianos, a ONU e Obama que se apressa em ser o sucessor de Bush. Mas, ainda sob estas terríveis condições, as indomáveis massas palestinas não se deram por vencidas. Assim, em fevereiro de 2008, a classe operária e os explorados palestinos de Gaza, desesperados após dois anos de bloqueio total, se levantaram e jogaram abaixo, com suas próprias mãos, o muro de Rafah, para poder conseguir comida, água, remédios, e para poder unir sua luta com a dos operários e explorados do Egito, que estavam protagonizando, ao mesmo tempo, um verdadeiro auge proletário contra o regime e o governo ditatorial e repressor do lacaio Mubarak. Mais uma vez, foram as burguesias nacionais as que deram uma punhalada pelas costas. Assim, vimos as tropas do exército burguês de Mubarak junto aos milicianos de Hamas, voltando a levantar, juntos, o muro de Rafah, voltando a garantir o confinamento das massas palestinas dentro da Faixa de Gaza, um verdadeiro campo de concentração a céu aberto, que hoje foi reduzido a escombros pelo ataque genocida de Obama-Bush e o estado sionista-fascista de Israel. NOTAS: (1) Máxime Rodison, “Israel, a colonial-Settler State?”, Monad Press, New York, 1973, página 102. (2) “The Complete Diaries of Theodor Herzl”, Volume 1, página 88. (3) Jon Rothschild, “How the Arabs Where Out of Palestine”, International Press, Volume 11 Nº 38, New York, 1973, página 1206. (4) Irgún: Organização terrorista sionista-fascista cuja juventude gritava, marchando com camisas marrons… “Alemanha para Hitler, Itália para Mussolini, Palestina para nós!” (M. Rodison, “Israel…” Idem, página 108). Notas citadas por “Revista de América”, Dezembro de 1973. O atual presidente ianque Obama e o atual primeiro ministro de Israel Netanyahu
  • 11. O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA 11 Publicamos a seguir uma polêmica realizada no ano 2001, ao calor da revolução palestina, com um companheiro da Romênia arredor do reconhecimento ou não da suposta “classe operária israelense” e uma “nação judaica” nas terras palestinas. Ela começa com uma carta onde se define que não existe essa tal nação israelense, senão que Israel é um estado gendarme e que a suposta classe operária israelense é uma classe média armada para esmagar os explorados palestinos – a verdadeira classe operária – com métodos de guerra civil, quer dizer, fascista. Esta carta tem um anexo por contra da revisão feita do escrito do marxismo de Abraham Leon “A concepção materialista da questão judaica” arredor do mesmo ponto da suposta “classe operária israelense”. Esta polêmica feita no ano 2001 com o companheiro da Romênia tem valor para polemizar hoje com as dezenas de organizações da esquerda no mundo que querem fazer passar uma podre e reacionária aristocracia operária, construída sobre bases fascistas, como o é o Histadrut, como representante da suposta “classe operária israelense”. Porque a burocracia contrarrevolucionária do Histadrut agrupa forças que, com as armas na mão, combatem a nação e o povo palestino submetido em campos de concentração. Ali está a única e verdadeira classe operária da nação palestina, nos guetos de Gaza e Cisjordânia, com 30% de desemprego, que trabalham como escravos nas transnacionais ianque-sionistas e estão na diáspora, como mão de obra precária, na Jordânia e no Líbano. 13 de Abril de 2001 Carta para um companheiro trotskista da Romênia confundido pelo acionar contrarrevolucionário do sionismo Estimado camarada: Abordamos a discussão que temos pendente com você em relação a grandiosa revolução palestina – que após 8 meses de iniciada não foi submetida – e a “questão judaica”. Efetivamente, as diferenças que separam-nos perante esse fato crucial e álgido da luta de classes mundial são profundas. Assim como você manifesta, que da resolução desse fato dependerá o futuro de nossa relação política, posto que, segundo nosso entendimento, e como temos manifestado publicamente e por escrito em diversos materiais, a revolução palestina se transformou numa divisora de águas que separa claramente revisionistas, oportunistas e centristas, dos revolucionários. Ali estão, para confirmá-lo, as correntes oportunistas que usurpam as bandeiras do trotskismo, como a LCR francesa e seu “eurodeputado” Alain Krivine, viajando para Oriente Médio para ajudar a sua própria burguesia imperialista a convencer os palestinos das “bondades” do plano contrarrevolucionário de Clinton de partição definitiva da Palestina e a criação de uma ficção de “estado palestino” ao lado do estado sionista fascista de Israel, que não seria outra coisa que um verdadeiro gueto, um campo de concentração. Assim temos visto ao deputado Altamira e o PO (Partido Obrero de Argentina, NdeT) negar-se a levantar a destruição do Estado de Israel, e ajoelhando-se diretamente ante o sionismo e o plano Clinton, por dar tão só alguns exemplos. É uma divisora de águas posto que, ou se está pelo triunfo da revolução palestina, pela destruição do estado sionista-fascista de Israel e pela imposição de um Estado Palestino laico, democrático e não racista sob um governo operário e camponês das massas armadas e autoorganizadas; ou bem, já seja feito abertamente ou de forma oculta, se apoia uma ou outra via, pelas posições imperialistas de que existem “duas nações” e aí se acaba aos pés do plano de Clinton e do sionismo. Nós do COTP (CI) [Comitê Organizador do Trotskismo Principista – Quarta Internacional] declaramos uma verdadeira guerra contra todos aqueles que tentam sujar as limpas bandeiras da IV Internacional colocando-as aos pés do sionismo e do imperialismo. Lamentavelmente, camarada, perante a revolução palestina, é claro que com a posição que enuncia no seu documento fica claro que você do outro lado da divisora de águas, aos pés do sionismo – posição que esperamos firmemente que seja produto da confusão, da nefasta influência da tradição das correntes centristas e oportunistas que se colocaram, há anos, aos pés do sionismo, e que tem levado a IV Internacional à crise e degeneração, usurpando e sujando suas bandeiras. Por isso, travamos este debate, para aportar e clarificar a discussão, dissipar a nefasta influência do oportunismo e chegar na verdade. E, diferente das caricaturas da Internacional dois e meia que o PO tenta colocar de pé, fazemos esse debate público, de cara para a vanguarda e ao movimento trotskista internacional, não só no nosso Boletim Interno de Discussão Internacional, senão também em nossos materiais públicos, reproduzindo seus documentos e nossa resposta, que como vê não sob o título de “Correspondência com um centrista da Romênia”, como você diz na sua carta. Nós trotskistas não temos nada para ocultar: se debatemos publicamente com correntes com as quais temos diferenças estratégias totais e de princípios, como é no caso de “En defensa del Marxismo” da Espanha. Como não o faríamos com um camarada como você, com o qual temos dado lutas em comum e com quem temos conquistado importantes acordos estratégicos! Uma posição que considera o estado sionista-fascista de Israel como um estado-nação a mais de uma suposta “nação judaica” O primeiro que chama a atenção no seu documento é que, ao longo de seis páginas dedicadas fundamentalmente à “questão judaica”, você jamais questiona um fato qualitativo: o da criação do Estado sionista fascista de Israel em 1947-48. Como pode falar, no ano 2001, da “questão judaica” sem sequer fazer menção a criação a sangue e fogo do Estado sionista-fascista de Israel, baseado na expulsão do povo palestino de sua terra, do massacre e do esmagamento, do confisco de suas terras e moradias, do boicote aos produtores palestinos, da expulsão do proletariado palestino das fábricas em primeira instância para transformá-lo em um enorme exército industrial de reserva e, depois de alguns anos, reincorporá-lo na produção como mão de obra muito barata, em condição de escravo recuso em guetos e sob um regime de terror fascista! Como pode falar da “questão judaica” depois de 1948 sem sequer mencionar a ocupação da Palestina por parte de um exército invasor armado até os dentes pelo imperialismo norte-americano, a criação de um estado de caráter particular: um estado artificial, enclave do imperialismo, sustentado economicamente, financeira e militarmente por ele, para que faça seu papel de gendarme na região e resguarde o controle das vitais rotas do petróleo, e para garantir o esmagamento e
  • 12. 12 submissão do conjunto do povo palestino e do conjunto dos povos árabes! Não pronunciar-se a respeito da gênese e do caráter do Estado de Israel, e sobre a questão nacional palestina, e dizer alegremente “estou pela destruição do estado sionista de Israel” é, no mínimo, uma total irresponsabilidade. A criação de dito estado na saída da s e g u n d a g u e r r a m u n d i a l f o i p a r t e d o p a c t o contrarrevolucionário de Yalta e Potsdam. Nesse pacto, a burocracia stalinista contrarrevolucionária jogou o papel de contenção da revolução mundial, impedindo o triunfo da revolução, na saída da guerra nos países imperialistas europeus (França, Itália, Alemanha, Grécia), e comprometendo-se a contê-la no leste da Europa. A criação do Estado sionista-fascista de Israel como enclave do imperialismo e seu gendarme no Oriente Médio, alimentado com bilhões de dólares por ano pelo imperialismo, transformado em um estado fabricante e exportador de armas, para garantir o esmagamento do povo palestino e o controle da revolução dos povos árabes – com total acordo e apoio da burocracia stalinista – por parte de dito pacto. Camisa de um soldado sionista “um tiro, dois mortos” Então, camarada, como pode falar hoje, a começos do século XXI, da “questão judaica” por fora disso?! Como se pode continuar discutindo o “problema nacional do povo judeu” sem tomar em conta que a burguesia sionista, apoiada, armada e financiada pelo imperialismo armou há mais de cinquenta anos esse estado gendarme?! E, no entanto, você nem sequer menciona esses fatos inegáveis da gênese e do caráter do Estado de Israel, e se refere a ele como se fosse um “estado nacional” a mais, porque você parte da definição que teria uma suposta “nação judaica” que teria que morar.. no mesmo território que o povo palestino!! Você coloca: “Estou pela revolução socialista na Palestina. Apoio criticamente a qualquer levante ou revolução que não seja dirigida por um partido tipo bolchevique-leninista. Estou pela destruição do Estado sionista de Israel. Estou pela livre determinação das nacionalidades. Estou pela união dos proletários de qualquer nacionalidade, para lutar contra o Estado sionista e contra as burguesias de Oriente Médio.” (negrito nosso). Quando você fala da “livre determinação das nacionalidades”, o que está dizendo é que hoje, no território da Palestina, tem uma “nação judaica” que tem direito a estar nesse território, ao qual a grandiosa revolução palestina em sua luta por expulsar ao invasor e por destruir esse estado gendarme, estaria lesionando seu “direito à livre determinação”. Isso é, nem mais nem menos, que o mito de “Um povo sem terra” sobre a qual se baseia o sionismo! Toda sua preocupação ao longo de seis páginas é o “direito à livre determinação” da suposta “nação judaica”! Você, partindo do mito sionista da existência de uma “nação judaica sem terra”, considera o estado sionista fascista de Israel como um estado nacional burguês a mais, e não como o que é, um enclave do imperialismo, como são, por exemplo, as ilhas Malvinas ou Gibraltar. Perguntamos então: Por que não levanta o “direito à autodeterminação” dos kelpers nas Malvinas, os usurpadores imperialistas ingleses que estão ali a um século? Com a posição que você tem perante o Estado sionista-fascista de Israel, a guerra de Malvinas de 1982 deveria ter-se alinhado com sua Majestade e sua frota real, em defesa do “direito de autodeterminação” dos kelpers que os argentinos estariam violando ao ocupar militarmente as ilhas!! Camarada, sobre esse ponto você tem que pronunciar-se claramente. Senão, é você quem deve demonstrar que Palestina é o território que – por “vontade divina”, por “tradição” ou sei lá qual razão estranha! Corresponderia a suposta “nação judaica” da qual você fala, posição que leva imediatamente a definir que, se tem “duas nações”, uma “judaica” e outra palestina corresponderia então que tenha “dois estados”, isto é, nem mais nem menos, que a posição do Plano Clinton. Contra essa posição, cabe aqui corretamente colocar a afirmação de Trotsky referindo-se a África do Sul na década de 30 sob o regime britânico e do Apartheid que diz: “... as posições sul-africanas da Grã Britânia constituem um domínio só desde o ponto de vista da minoria branca. Desde o ponto de vista da maioria negra, África do Sul é uma colônia escravizada”. Da mesma maneira, o Estado de Israel é um “estado nacional” só desde o ponto de vista do imperialismo e do sionismo, que lamentavelmente hoje também é o seu: desde o ponto de vista dos trabalhadores e o povo palestino, Palestina é hoje uma colônia escravizada. Por essa razão, sua afirmação de que está “pela destruição do estado sionista de Israel”, não significa que está pelo triunfo da insurreição nacional dos trabalhadores e do povo palestino, pela derrota, e pela expulsão do invasor sionista, e pela imposição, sobre as ruínas desse enclave imperialista, de um Estado Palestino laico, democrático e não racista, sob um governo operário e camponês das massas palestinas insurretas, o único sob o qual poderão conviver pacificamente os trabalhadores palestinos, judeus e de qualquer religião, questões essas que você não coloca de modo algum. Estas consignas democrático-revolucionárias de destruição do Estado de Israel e de Palestina laica, democrática e não racista, jogam hoje o mesmo papel de motor da luta revolucionária das massas palestinas que jogou a consigna “República Negra” na África do Sul do Apartheid, o de concentrar a luta pela libertação nacional desse povo. Com certeza que estas consignas devem levantar-se como parte de um programa que se articule com as demandas mais urgentes das massas, com a necessidade de atacar a propriedade privada dos capitalistas, com a luta pelos soviets e pelo armamento do proletariado, e pela luta por um governo operário e camponês. Mas sua negativa ao levantar estas consignas democrático-revolucionárias, sua afirmação da “unidade dos trabalhadores palestinos e judeus” em geral, sem colocar que a única possibilidade de convivência pacífica dos trabalhadores
  • 13. O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA 13 de qualquer religião passa pela destruição do Estado de Israel e pela imposição de uma Palestina laica, democrática e não racista sob um governo operário e camponês, sua afirmação da necessidade de uma “revolução socialista na Palestina” em geral, é uma confirmação de que você nega o caráter nacional da revolução palestina e é uma verdadeira bofetada na cara dos heroicos trabalhadores e o povo palestino e de sua atual revolução, como desenvolvemos mais adiante. Isto é assim porque, se você fala de uma suposta “nação judaica”, se você defende seu “direito à autodeterminação”, isso não pode significar mais do que a manutenção do Estado de Israel, embora, reformando-o, tirando seu caráter sionista e confessional e transformando-o em um “estado palestino” nos atuais campos de concentração. Nem mais nem menos que a mesma posição que sustenta o altamirismo e sua internacional dois e meia, uma das correntes mais abertamente pró-sionistas que usurpam as bandeiras do trotskismo! Nem mais nem menos que aposição do Plano Clinton, que do “eurodeputado” Alain Krivine da LCR foi defender fervorosamente no Oriente Médio em nome da IV Internacional! Assim, você rompe totalmente com a posição revolucionária que a IV Internacional levantava em 1948 frente a criação do Estado de Israel – enfrentando o stalinismo que apoiava sua criação –, que partia justamente da luta contra a divisão e ocupação da Palestina, pela expulsão do imperialismo, suas tropas e seus enviados, pela independência da Palestina, por uma Palestina de caráter nacional árabe: “Abaixo a divisão da Palestina! Por uma Palestina árabe, unida e independente, com plenos direitos de minoria nacional para a comunidade judaica! Abaixo a intervenção imperialista na Palestina! Fora do país todas as tropas estrangeiras, os 'mediadores' e 'observadores' das Nações Unidas! Pelo direito das massas de dispor delas mesmas! Pela eleição de uma Assembleia Constituinte com sufrágio universal e secreto! Pela revolução agrária!” (Quatrième Internationale, Junho de 1948). E o Grupo Trotskista Palestino, denunciando desde o começo o caráter de enclave imperialista do Estado Sionista que se tentava criar, e jamais falando de nenhuma suposta “nação judaica” dizia que “o imperialismo ianque ganhou um agente direto: a burguesia sionista que, por esse fato se tornou completamente dependente do capital americano e da política americana. Daqui em diante o imperialismo ianque terá uma justificativa para intervir militarmente no Levante cada vez que o ache conveniente (...) a consequência inevitável deste guerra será a dependência total do sionismo ao imperialismo norte-americano” (Idem). Você diz: “me assusta comprovar que em base do acordo sobre a questão palestina e judaica, com uma posição terrivelmente equivocada, se tenha produzido a fusão entre a LOI e o CIOS, e se tenha produzido a aproximação com os camaradas estadunidenses e ucranianos”. Você se assusta com uma fusão revolucionária em base de uma posição revolucionária frente a grandiosa revolução palestina que é total e absolutamente continuidade da posição levantada pela IV Internacional de 1948, mas você não se assusta em nada que, com fundamentos similares aos quais você dá sobre a suposta “nação judaica” ou a “unidade da classe operária judaica e a classe operária palestina” – que rompem absolutamente com aquela posição da IV Internacional –, oportunistas traidores como Krivine passem pelo Oriente Médio exaltando as vantagens do Plano Clinton, o que o legislador Altamira e o PO se coloquem abertamente como a “autêntica esquerda sionista” Por isso, lhe sugerimos que deixe de ocultar sua capitulação ao sionismo falando da “destruição do Estado sionista de Israel”, e seja coerente: se você considera que hoje na Palestina existem duas nações e que ambas têm direito ao mesmo território, então sua posição não pode ser outra que a da “Paz”, tem que alinhar-se com o grupo sionista “Paz Agora” e com o grupo sionista altamirista de Israel, para levantar juntos a luta pelos dois estados: um estado judaico democrático e um “estado palestino” coexistindo ao seu lado no qual as massas palestinas teriam a tarefa de fazer uma revolução contra a burguesia nacionalista de Arafat, deixando em paz a burguesia sionista e o imperialismo!!! Do altamirismo ao morenismo há somente um passo, e no companheiro romeno isso fica claro Camarada, há menos de um ano você foi desse engendro oportunista que a falácia da Internacional dois e meia de Altamira e do PO pela porta grande, dando uma corretíssima e valente luta pública contra o método dos “acordos internacionais” diplomáticos e sem princípios que são utilizados como cobertura das capitulações nacionais respectivas do PO e dos grupos que compõem essa falácia centrista, contra o cretinismo parlamentar de Altamira e do PO, lutando por uma visão científica e um programa revolucionário para os ex-estados operários em liquidação. Lamentavelmente, hoje, frente a um feito qualitativo como é a revolução palestina, que divide águas e separa o branco do preto – como toda grande revolução – os oportunistas e centristas dos revolucionários, volta para a Internacional dois e meia de Altamira pela janela, levantando para além de alguns matizes, a mesma posição completamente capituladora ao sionismo, ao imperialismo, e ao Plano Clinton. Mas, você não somente volta como alguém que caminhou em círculos ao ponto de partida do altamirismo, senão que de uma hora para outra se transforma no mais consequente dos morenistas. Vejamos. A segunda questão que chama poderosamente a atenção no seu documento é que você jamais menciona o imperialismo, nem seu papel na criação e no sustento do Estado sionista fascista de Israel – do que como já explicamos, tampouco diz nada, nem a este último como gendarme e enclave do imperialismo. Se você considera que o Estado de Israel, criado pelo imperialismo, é mais um estado nacional burguês normal, então o que está dizendo é que o capitalismo, em sua época imperialista pode resolver integra e efetivamente a “questão judaica”, dando a este “povo sem terra” uma nação própria. Assim, de um só passo, se transforma no mais consequente dos morenistas. Nahuel Moreno revisou precisamente a teoria da revolução permanente, para terminar na sua concepção etapista da “revolução democrática” e levantou precisamente, que as potências imperialistas “democráticas” (EUA, França, Inglaterra), na segunda guerra mundial haviam tido um papel “progressivo”, combatendo ao fascismo e libertando a França e a Itália de sua ocupação. Dizia que Trotsky havia se enganado, que somente havia definido a guerra como uma guerra interimperialista e de agressão ao Estado Operário Russo por sua vez, e não quis ver que era fundamentalmente uma “guerra de regimes” de “democracia contra o fascismo”. Você é a corroboração viva de que, do altamirismo ao morenismo há somente um passo (ainda que isto deixe loucos os altamiristas que se acham imunizados permanentemente contra o “vírus morenista”). Raciocina com o mesmo método: contra a “solução” do imperialismo alemão, “fascista”, à questão judaica, quer dizer o extermínio físico, o
  • 14. 14 imperialismo ianque e o britânico – os imperialismos democráticos triunfantes na guerra –, deram uma saída progressiva, resolveram total e efetivamente a questão judaica, concedendo o status de “nação” e cedendo um território que, ainda que os sionistas o neguem e falem de uma “terra sem povo para um povo sem terra”, estava habitado pela nação palestina, sua legítima dona. Isto é, você está nos dizendo que, longe de ser reação em toda a linha, o imperialismo pode jogar um papel progressivo!!! É a ruptura total com a teoria leninista do imperialismo que diz “O imperialismo é a época do capital financeiro e dos monopólios, os quais introduzem em todas as partes a tendência à dominação e não à liberdade. Qualquer que seja o regime político, o resultado dessa tendência é a reação em toda a linha e uma intensificação extrema dos antagonismos neste terreno. Se intensificou notavelmente o jugo da opressão nacional e a tendência às anexações não são senão a violação do direito das nações à autodeterminação” (Lenin, O imperialismo fase superior do capitalismo, 1916, negritos nossos). Ao invés do que afirma Lenin, você, ao considerar o Estado de Israel como um estado nacional burguês a mais, você considera que o imperialismo, com a criação deste estado, r e a l i z o u o d i r e i t o d a s u p o s t a “ n a ç ã o j u d a i c a ” à autodeterminação. Esse fato, de partir que o imperialismo jogou um papel progressivo resolvendo a “questão judaica” com a criação do Estado de Israel, é o que faz que você reconheça a suposta “nação judaica”, e os descendentes dos sionistas usurpadores de 1948, o direito burguês de herança, quer dizer que, pelo fato de haver mantido no tempo a custa do mais feroz massacre e opressão sobre o povo palestino, e graças ao sustento das potências imperialistas, você reconhece como um “direito adquirido” de considerar-se uma “nação”!!! De todas as maneiras, em honra à verdade cabe esclarecer que Nahuel Moreno, a pesar de sua total revisão da teoria-programa da revolução permanente, a favor da teoria semietapista da “revolução democrática”, jamais chegou no caso da questão nacional palestina e da atitude frente ao Estado de Israel a uma posição pró-sionista como a que você está levantando. Moreno levantava a luta pela destruição do estado de Israel e pela imposição de uma Palestina laica, democrática e não racista mas – com sua visão semi-etapista da revolução, com uma primeira etapa de “revolução democrática” – separava estas consignas da luta pela imposição de um governo operário e camponês baseado na auto-organização e no armamento das massas palestinas, e terminava assim capitulando à direção nacionalista burguesa palestina de Arafat e da OLP. Você camarada, rompe com a tese marxista sobre o imperialismo para passar a visão morenista do “papel progressivo” das potências imperialistas “democráticas”, e rompe também com as resoluções revolucionárias da III Internacional que já dizia em 1920 em suas Teses e adições sobre os problemas nacional e colonial, falando especificamente da Palestina como exemplo para demonstrar que o imperialismo é incapaz de resolver as legitimas demandas das nacionalidades oprimidas: c) A necessidade de explicar infatigavelmente e desmascarar continuamente ante as grandes massas trabalhadoras de todos os países, sobre tudo dos trabalhadores, o engano que as potências imperialistas utilizam sistematicamente, as quais, sob o aspecto de estados politicamente independentes, criam na realidade estados desde todo ponto de vista subjugados por eles no sentido econômico, financeiro e militar. Como um exemplo flagrante dos enganos praticados contra a classe trabalhadora nos países submetidos pelo esforço combinado do imperialismo dos 'aliados' e da burguesia de tal ou qual nação, podemos citar o assunto dos sionistas na palestina, país no qual, sob o pretexto de criar um estado judaico, ali onde os judeus são uma minoria insignificante, o sionismo livrou à população autóctone dos trabalhadores árabes a exploração da Inglaterra...”. (negritos nossos). Mas, sua ruptura com o marxismo revolucionário do século XX não se detém neste ponto, em seu afã de capitulação ao sionismo. Sua posição de que o imperialismo havia resolvido a “questão judaica” com a criação do Estado de Israel, rompe total e completamente com a teoria-programa da revolução permanente, que parte precisamente de que na época imperialista, as tarefas democráticas e nacionais que a burguesia deixou inconclusas – isto é, o problema agrário e o problema nacional nas colônias e semicolônias, e a “questão judaica” tanto enquanto o assentamento da época imperialista adotou e deixou inconcluso o processo de assimilação dos judeus às classes fundamentais da sociedade capitalista – só podem ser resolvidas pelo triunfo da revolução proletária e pela imposição da ditadura do proletariado. Assim, dizem as teses da dita Teoria: “Teses 2: Com respeito aos países de desenvolvimento burguês atrasado e em particular dos coloniais e semicoloniais, a teoria da revolução permanente significa que a resolução íntegra e efetiva de seus fins democráticos e de sua emancipação nacional tão somente pode conceber por meio da ditadura do proletariado, empunhando este o poder como caudilho da nação oprimida e, antes de tudo de suas massas camponesas.” E apesar da defesa que pretende fazer de Abraham Leon em seu documento – mal interpretando-o, mudando a cada passo o conteúdo e inclusive a forma do que este diz, ignorando fatos de caráter históricos sucedidos depois que fora assassinado, como é a criação do Estado de Israel em 1948, como demonstramos em artigo a parte –, destrói sistematicamente o principal fundamento da posição marxista revolucionária frente a “questão judaica”: que esta não pode ser resolvida pelo capitalismo em sua etapa imperialista, e que somente pode ser resolvida pela revolução proletária triunfante no terreno mundial. E esta não é somente a posição de Abraham Leon, senão que é a de Lenin, Trotsky e todo o marxismo revolucionário do século XX. Massacre do sionismo ao povo palestino de Deir Yasin, 1948
  • 15. O MARXISMO REVOLUCIONÁRIO E A QUESTÃO PALESTINA 15 Uma posição que nega o caráter nacional da revolução palestina por sua independência Você diz que a LOI-CI, ao sustentar que os judeus não são uma nação sustentaria que “por isso, o conflito atual do Oriente Médio não tem nenhum tipo de conotação nacional ou nacionalista”. Isto é completamente falso: isso que você chama o “conflito atual”, quer dizer, a revolução em curso e a grande luta do povo palestino por sua independência e para expulsar o usurpador e destruir o Estado de Israel, é uma luta de libertação nacional desse povo subjugado e colonizado pelo imperialismo e seu gendarme sionista. É você quem nega que há uma única nação na Palestina: os trabalhadores e o povo palestino! Esta heroica luta nacional da única nação que existe ali, a Palestina, é a que você tenta ocultar, enquanto se preocupa pelos “direitos” da suposta “nação judaica”. E isso fica claro quando, ao longo de seis páginas do seu documento não existe para você o povo palestino, não menciona sua grande luta por sua libertação nacional, não fala de sua heroica revolução atual, não levanta a luta pelo seu triunfo. Pelo contrario, você nos fala – como citamos mais acima – de que está por uma “revolução socialista na Palestina” em geral. Quer dizer, nos fala de uma revolução que não teria nenhum caráter nacional: Para você, portanto, não se trata de que triunfe a atual insurreição palestina, que destrua o estado sionista-fascista de Israel e imponha sobre suas ruínas um Estado de caráter nacional palestino laico, democrático e não racista – consignas democrático-revolucionárias motoras das lutas das massas palestinas depois de 1948, da mesma maneira que a IV Internacional levantava em 1948 a luta por uma Palestina Árabe, unida e independente – o que, sem dúvida, só pode conseguir sobre um governo operário e camponês das massas palestinas insurretas. Você tenta esconder-se falando de “revolução socialista na Palestina” em geral, para negar o caráter nacional palestino da revolução. Por isso, e como já vimos, renega do programa da destruição do Estado de Israel e da imposição de uma Palestina laica, democrática e não racista, uma grande tarefa estrutural antiimperialista que, na Palestina joga o mesmo papel que a luta pela libertação nacional em qualquer país semicolonial ou colonial, da mesma maneira que a consigna de “República Negra” na África do Sul do Apartheid. Assim, dizia Trotsky sobre o caráter nacional da revolução sul-africana: “Nestas condições, a república sul-africana surgirá antes de tudo como 'República Negra'; sem dúvida que isso não exclui a total igualdade para os brancos ou relações fraternais entre ambas raças; dependerá fundamentalmente da conduta que adotem os brancos, mais é obvio que a maioria predominante da população, libertada de sua dependência escravizadora, colocará seu traço no estado. Dado que uma revolução vitoriosa mudará radicalmente não somente a relação de forças entre as classes senão que também a relação entre as raças e garantirá aos negros o lugar que lhes corresponde no estado de acordo ao seu número, a revolução social terá na África do Sul também um caráter nacional”. (Trotsky, Teses Sul-africanas, 20 de abril de 1935, negrito nosso). Da mesma maneira, a revolução social na Palestina tem um caráter nacional, posto que uma revolução vitoriosa, destruindo o estado sionista-fascista de Israel, garantirá aos trabalhadores e ao povo palestino – libertado de sua dependência escravista – o local que lhes corresponde em um estado de caráter nacional palestino, laico, democrático e não racista, que inclua a “total igualdade ou relações fraternais” com os trabalhadores judeus, cristãos ou de qualquer religião, o qual dependerá fundamentalmente da conduta que estes últimos adotem. Com certeza que, com dizemos no nosso BIOI Nº 1, Segunda Época, as consignas de destruição do Estado de Israel, e a imposição de um Estado Palestino laico, democrático e não racista devem levantar-se como parte de um “programa que articule junto com as demandas dos trabalhadores e as massas contra a miséria, o desemprego e seus padecimentos inauditos, com as consignas que ataquem a propriedade privada dos monopólios imperialistas e da própria burguesia palestina, o desenvolvimento dos Conselhos Operários e das milícias operárias e a necessidade de um governo operário e camponês. Se as massas se mobilizam e lutam por esse programa identificarão cada vez mais esse Estado Palestino laico, democrático e não racista com a república operária”. Mas, da mesma forma como dizia Trotsky para África do Sul, hoje na Palestina “(...) Deixar de lado ou enfraquecer as consignas nacionais para não chocar com os chauvinistas brancos nas fileiras da classe trabalhadora – neste caso, com a suposta “classe operária judaica de Israel” – seria, com certeza, um oportunismo criminal. As teses colocam de maneira admirável que esses 'socialistas' que lutam pelos privilégios dos brancos temos que assinalá-los como os maiores inimigos da revolução” (Idem, negrito nosso). Você, camarada, lamentavelmente, hoje, perante a revolução Palestina, tem escolhido, por agora – e, acreditamos nós que confundido, e por isso o chamamos para a reflexão – a trincheira equivocada: se colocou do lado desses “socialistas” que, como Krivine, como Altamira e seu grupo em Israel, defendem os privilégios dos sionistas; ou seja, tem-se colocado na trincheira dos maiores inimigos dessa grandiosa revolução. A suposta “classe operária israelense”: uma camada arrogante e privilegiada de aristocracia operária sionista, aliada ao imperialismo e à burguesia sionista e sustento de um estado fascista Queremos aclarar que, de parte nossa, foi completamente de propósito que colocamos nas nossas declarações que a única classe operária que existe hoje no Estado sionista-fascista de Israel é a classe operária palestina: sabíamos que era a única forma de deixar ao nu todos os pró-sionistas que usurpam as bandeiras da IV Internacional – inclusive aqueles que quiseram ocultar sua capitulação ao sionismo falando em geral sobre a “destruição do Estado de Israel” –, que iam colocar o grito no céu imediatamente em defesa dos direitos da suposta “classe operária israelense”. Mas, vejamos então o que é essa suposta “classe operária israelense” da qual você fala. A suposta “classe operária judaica” do Estado sionista-fascista de Israel, não é senão uma camada arrogante e privilegiada de aristocratas operários sionistas, aliados ao imperialismo e à burguesia sionista, comprados e pagos com os superlucros que a burguesia sionista e os monopólios imperialistas obtêm com a superexploração da classe operária palestina, e das colônias e semicolônias, para que sustentem e defendam o Estado de Israel e sua burguesia para que estes possam cumprir seu papel de gendarmes do imperialismo na região. Sua posição de falar em geral de uma suposta “classe operária israelense” nega o leninismo de A a Z, posto que, segundo sabemos os revolucionários, a classe operária não é uma classe homogênea, senão que a chegada da época imperialista produz o surgimento da aristocracia e da burocracia operária nas fileiras do proletariado. Assim, diz Lenin:
  • 16. 16 “... o monopólio dá superlucros, quer dizer, um excesso de lucros por cima dos normais, acostumados, do capitalismo em todo o mundo. Os capitalistas podem gastar uma parte desses superlucros (inclusive uma parte não pequena) para corromper seus operários, criando algo assim como uma aliança (...) dos operários de um país com seus capitalistas contra os demais países (...) por uma parte, a tendência da burguesia e dos oportunistas em converterem um punhado de nações mais ricas, mais privilegiadas, nos eternos parasitas sobre o corpo do restante da humanidade, a dormir 'sobre os louros' da exploração dos negros, dos índios, etc., os mantendo sujeitos por meio do militarismo moderno, provido de uma magnífica técnica destrutora. Por outra parte, a tendência das massas, que são mais oprimidas do que antes, que suportam todos os martírios das guerras imperialistas; tendência a jogar sobre seus ombros esse jugo, a derrubar a burguesia. A história do movimento operário se desenvolverá agora inevitavelmente na luta entre estas tendências. Porque a primeira tendência não é o resultado do acaso, senão que tem um 'fundamento econômico' (...) O mais importante é que tem maturado e se tem produzido a separação econômica de um setor da aristocracia operária para a burguesia. Esse fato econômico, esta mutação na relação entre as classes encontrará sem especial 'dificuldade' uma ou outra forma política.” (V. I. Lenin, O Imperialismo e a Cisão do Socialismo, 1916). Esse fato econômico encontrou ao longo do século XX, sua expressão política no surgimento dos partidos operários contrarrevolucionários, primeiro na socialdemocracia, depois no stalinismo, e também nas correntes centristas e oportunistas que se adaptam a eles, e por essa via, à aristocracia operária. A criação fictícia, a sangue e fogo, do Estado sionista-fascista de Israel, implicou a compra dessa camada de aristocratas operários sionistas privilegiados, para atuarem junto à pequena burguesia sionista, como força de choque contra o proletariado palestino. Por isso, a qualificação que fazemos do Estado sionista de Israel como “fascista” – sobre a que você não se pronuncia nem faz menção –, não é uma qualificação sentimental, ditada pelo horror dos massacres, do genocídio, da reclusão dos palestinos em guetos e campos de concentração, de sua redução à escravidão e ao apartheid, senão que é uma caraterização científica: é um estado criado artificialmente sobre a base da utilização – por parte do capital financeiro imperialista e da grande burguesia sionista –, da pequena-burguesia sionista (dentre ela, os colonos judeus fascistas) e a aristocracia operária (organizada nos sindicatos fascistas como é a Histadrut) como força de choque para esmagar a classe operária e o povo palestino. A suposta “classe operária israelense” que você tão arduamente define, não tem nada que invejar da aristocracia operária branca na África do Sul do apartheid. Assim dizia Leon Trotsky: “o proletariado do país está constituído por párias negros atrasados, e por uma privilegiada, arrogante, casta de brancos. Aqui reside a principal dificuldade (...) O pior crime de parte dos revolucionários seria fazer a menor concessão aos privilégios e preconceitos dos brancos. Quem entregue embora o dedo mindinho ao demônio do chauvinismo, está perdido.” (Sobre as Teses sul-africanas – à seção sul-africana, 10/04/1935). Da mesma maneira, hoje na Palestina o que tem é um proletariado constituído por párias palestinos reduzidos a escravatura, e uma privilegiada e arrogante casta de aristocracia operária sionista comprada pelo imperialismo e pela burguesia. Nestas circunstâncias, pregar a “unidade” da classe operária em geral significa fazer conceder tudo aos privilégios e preconceitos dessa aristocracia operária sionista, significa dar-lhe não o dedo mindinho, senão o braço completo ao demônio do chauvinismo, que, lamentavelmente, é o que você está fazendo hoje com a posição que sustenta no seu documento. Uma política para submeter a classe operária e o povo palestino revolucionários à aristocracia operária sionista que sustenta o Estado de Israel, ou um programa revolucionário para impulsionar o surgimento dos soviets e do armamento do proletariado e para preparar a insurreição triunfante do proletariado e do povo palestino? Do seu documento, camarada – como já temos citado –, parece deduzir-se que você apoiaria (embora criticamente por não estar dirigida por um partido tipo bolchevique-leninista) a revolução palestina hoje em curso. Mas, como sabe todo revolucionário sério, não basta declarar o apoio geral perante uma revolução: nós trotskistas levantamos um programa revolucionário e uma estratégia para que o proletariado e os oprimidos possam levá-la ao triunfo. E aqui está o problema mais sério com você, camarada, posto que todo o “programa” que você levanta perante essa grandiosa revolução se limita a generalidade de “revolução socialista na Palestina, destruição do Estado sionista de Israel e unidade dos trabalhadores palestinos com os judeus”. Isso não é sério, camarada! Diga quando, perante qual revolução, o trotskismo e a IV Internacional se limitaram a levantar semelhante caricatura de “programa revolucionário”! É você quem tem que demostrar que o trotskismo interveio com um “programa” da “revolução socialista e unidade” em geral na revolução chinesa de 1925-27, na revolução espanhola de 1931-1936, na revolução francesa, na Alemanha, etc.! Fica claro que, não nos cansaremos de repetir, a revolução palestina – como toda grande revolução – divide águas, posto que o que define quem é revolucionário e quem não, é o programa que se levanta perante a revolução. Intifada Palestina