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INTRODUÇÃO


      A didáctica andragógica reveste-se, hoje, de uma grande importância tendo

em conta a situação de guerra que o país viveu. Muitos adultos não puderam

estudar naquela época, por terem sido enquadrados nas forças armadas.


      É importante ter presente os procedimentos andragógicos para alcançar êxito

no ensino que se pretende: ensinar os adultos. Contudo, não bastam apenas

procedimentos    andragógicos,    são   necessárias    políticas   educativas   mais

abrangentes, que vão desde o recrutamento de professores até ao seu treinamento,

pois que, não deve ser qualquer indivíduo a desempenhar esta espinhosa tarefa de

orientar os adultos. À esta classe de pessoas a didáctica pedagógica nada significa

para eles, pois que, eles trazem consigo um manancial de conhecimentos

resultantes da experiência.




OBJECTIVOS


      O presente artigo visa os seguintes objectivos: Definir a andragogia e

identificar a importância da didáctica andragógica no ensino de adultos; diferenciar

pedagogia da andragogia; indicar o caminho que permite ao aluno adulto a

aprender; identificar aquilo que o aluno adulto aprende; e, finalmente, analisar a

realidade do adulto no ensino universitário, tendo em conta a natureza do país: pós

guerra.




DESENVOLVIMENTO

                                         2
A pessoa humana passa fundamentalmente por três fases do seu

desenvolvimento      e   consequentemente     nestas   fases   dão-se,   também,   as

aprendizagens. Para este estudo abordar-se-á estas três fases:


   a) A fase da infância: aqui ela é dependente dos pais, dos professores ou de

        uma pessoa adulta que está ao seu lado. E tudo que lhe vai ensinando é

        correcto; nesta fase a criança é conduzida pelos adultos, sobretudo pelo

        professor e o que ensina. A imagem do professor é muito importante na sua

        vida; chega até certo ponto a pôr em causa o que os pais ensinam. Ela imita

        tudo que recebe pelos sentidos.


   b)     A fase da adolescência: é a chamada fase das interrogações, buscando a

        identidade nas pessoas adultas; é a fase dos conflitos. O adolescente não é

        adulto mas quer comportar-se como o fosse.


   c) A fase adulta: apresenta-se como o momento em que o homem se sente

        independente. O tempo lhe foi ensinando, acumulou muita experiência de

        vida. Ele agora aprende com os seus erros. É o período das escolhas

        significativas para a sua vida.


        Estas etapas evolutivas da vida do homem, muitas vezes, são ignoradas

pelas escolas e universidades. A experiência (sobretudo em Angola) demonstra que

a forma como se ensina a criança é a mesma a ser feita ao ensinar o adulto. Usa-se

as mesmas técnicas didácticas, a mesma pedagogia, ignorando que a palavra

pedagogia significava educação ou ensino das crianças da língua grega (paidos =

criança). Tendo em conta a situação de guerra que Angola viveu, muitos adultos,

enquanto jovens na época, não tiveram a oportunidade de estudarem. Neste

                                          3
momento já é possível, contudo, enfrentam muitas dificuldades, pois que, o

tratamento que se dá a uma criança será o mesmo para o adulto. Para se

compreender esta questão é conveniente responder a seguinte questão.




O que é andragogia?

      A andragogia (dos grego: andros=adulto e gogos=educar), é um caminho

educacional que busca compreender o adulto desde todos os componentes

humanos e decidir como um ente psicológico, biológico e social. Busca promover o

aprendizado através da experiência fazendo que a vivência estimule e transforme o

conteúdo, impulsionando a assimilação. A andragogia significa “ensino para

adultos”. É a arte de ensinar aos adultos que não são aprendizes sem experiências,

pois o conhecimento vem da realidade (escola da vida). Esse aluno busca desafios e

soluções de problemas que farão diferenças em suas vidas. Busca na realidade

académica a realização tanto profissional como pessoal e aprende melhor quando o

assunto é de valor imediato e significativo para o adulto. A professora Artemis a

respeito afirma: “A aprendizagem significativa: quando o ensino é endereçado a

adultos, a aprendizagem deve estar ligada ao contexto cotidiano do aluno, dando-lhe

condições de aplicação imediata” (p. 10, 2008). Aproveitando esta abordagem

apresentam-se algumas inquietações em relação ao curso de Ciências Políticas e

Administração Pública, isto referente algumas cadeiras como: História do

Pensamento Político Brasileiro e Ciências Políticas Aplicadas no Contexto Brasileiro.

Cf: Matriz Curricular Oficial de Julho de 2009. Segundo a concepção que se tem

estas disciplinas foram concebidas para os estudantes brasileiros. Como fica a

                                          4
situação dos estudantes de outros países? Sugere-se, que estas duas disciplinas

fossem mais abertas para facilitar qualquer estudante, independentemente do país.


      Assim compreendida, a andragogia busca procedimentos abrangentes.

Permitindo ao adulto aprender não o insignificante, mas sim, o significante, o

referente.


      Larrosa e Kohan, na apresentação da coleção “Educação: experiência e

sentido” acentuam a importância do aprendizado cuja base deve ser a experiência,

ao afirmarem: “A experiência, e não a verdade, é o que dá sentido `a educação.

Educamos para transformar o que sabemos, não para transmitir o que é sabido” (p,

5, 2007).


      Ainda na busca da definição, Marquez (1998) numa palestra aquando do

Primeiro Encontro Nacional de Educação e Pensamento, na República Dominicana,

cita: “A andragogia na essência é um estilo de vida, sustentado a partir de

concepções de comunicação, respeito e ética, através de um alto nível de

consciência e compromisso social”. Complementa ainda: “As regras são diferentes,

o mestre (facilitador) e os alunos (participantes) sabem que têm diferentes funções,

mas não há superioridade e inferioridade, normalmente não é o mesmo que

acontece na educação com crianças”. No ensino aos adultos deve-se fazer um

círculo, o professor deve estar despojado dos seus títulos académicos para que os

alunos não se afastem do professor. O seu discurso deve fundamentar-se no

pensamento de Freire (2005) na sua obra “Pedagogia do Oprimido” quando afirma:

“Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam

entre si, mediatizado pelo mundo” (p.78).


                                            5
Pensando desta forma ganhar-se-á mais homens formados e úteis à

sociedade. As teorias organizacionais, demonstram este facto, ao diferenciarem o

chefe do líder. O facilitador deve rever-se na figura do líder. Procurar que os alunos

se aproximem a si.


      Depois de se ter procurado definir o conceito de andragogia, examina-se

agora a questão: Como ensinar os adultos?


      Ensinar adultos não é uma tarefa fácil, exige do facilitador uma preparação

adequada, ferramentando-se com instrumentos, procedimentos, técnicas que o

permitirá realizar adequadamente a sua actividade. Burlev (1985) apud Castro (p.

14, 2008) enfatizou o uso de métodos andragógicos para o treinamento de

educadores de adultos.


      Para ensinar o adulto exige-se não somente domínio de conhecimentos,

conteúdos ou da matéria, mas e sobretudo, a descoberta de novas maneiras para

transmitir os mesmos conhecimentos. Conhecemos pessoas que sabem a

Matemática, mas que, não conseguem transmiti-la aos outros. A Andragogia supera

a questão da metodologia e centra-se fundamentalmente na postura do líder do

processo, daquele que facilita o ensino. Pensa-se que, para se abordar a questão

inicialmente levantada convinha reflectir-se na seguinte questão: de que tipo de

docente necessita-se para o ensino de adultos?


      Mais recentemente (2010), o Ministério da Educação de Angola lançou um

concurso público para o recrutamento de docentes, cujas listas dos apurados foram

afixadas nas Administrações Municipais e publicadas nos jornais. Estes docentes

entram para a carreira de professor. Este recrutamento pode ser considerado algo

                                          6
de positivo ou negativo? O ensino de adultos vai beneficiar-se de quantos

professores? Que critério de selecção fez-se para o ensino de adultos? Estas e

outras questões poderiam ser feitas tendo em conta a questão inicialmente

levantada: de que tipo de professores necessitam para o ensino de adulto?

Qualquer? Certamente que não. Os autores como Goecks e Kipnis (2003) acreditam

que o recrutamento de novos professores deve levar em conta as duas coisas: a

experiência académica e profissional.


                          Hoje para determinados cursos, o conhecimento
                          profissional tem um peso muito grande, mas este
                          professor pode não ter bagagem educacional. Por outro
                          lado, existe uma tradição da valorização da titulação, que
                          as vezes não atende ao conhecimento prático do mercado
                          explicam.
      A solução deveria ser a maior oferta de cursos preparatórios para o docente,

seja ele oriundo do meio académico ou profissional. A constatação feita é que

muitos jovens professores apurados vão para as salas de aulas, mesmo no ensino

geral, sem uma preparação, a única exigência é apenas a titulação.


      Respondendo a questão: como ensinar os adultos? Cardoso (1999) no seu

artigo “Andragogia: ensinando o adulto a aprender”, demonstra que, a principal

ferramenta da mudança é o método que é andragógico.


      No referido artigo, Rocha apud Cardoso (1999) avança que, o método

expositivo, tradicional nas salas de aulas não é suficiente para o adulto, já que tem

uma base de conhecimentos sedimenta. Ele faz o uso de uma alegoria para fazer

compreender esta questão, compara o cérebro de uma criança a uma área vasta e

vazia que se vai construindo com novos conhecimentos; o do adulto não tem mais




                                          7
áreas vazias, sendo então necessário um método que primeiro destrua o que já

existe para liberar espaço para novos aprendizados.


                          O adulto precisa aprender a partir de suas experiências e
                          quem ensina não pode ter a postura de professor; tem de
                          ser um mediador do processo de aprendizagem. Ele leva
                          o adulto a perceber e a sistematizar conhecimentos,
                          segundo Rocha (1999), da Dorsey Rocha e Associados.
       Rocha apud Cardoso (1999) afirma ainda que, durante as aulas expositivas o
adulto se fragmenta.
                           Ele ouve e, ao mesmo tempo, vai passando na sua
                          cabeça um filme com seus pensamentos, preconceitos,
                          aversões e gostos. Esses sentimentos dizem: eu não
                          acredito nisso; que babuquice!, o que estou fazendo aqui?
                          E funcionam como uma verdadeira barreira para o
                          aprendizado.
      O facilitador deve empregar todos os esforços que permita ao aluno adulto a

partejar as suas ideias, aquilo que conhece pelo trabalho diário, encontrando assim

uma relação simbiótica entre o que aprende e o que faz. O aprendido deve ter um

referente. É necessário que o facilitador vá às expectativas do aluno. Assim, pode-se

usar a maiêutica e a ironia, dois caminhos que Sócrates usou para ajudar os jovens

atenienses a darem partos às suas ideias. Pelo primeiro método se constrói as

experiências que eles trazem, trocam entre si, e pelo segundo se destrói todas as

imagens falsas que o adulto pode ter, as ideias falsas formadas. É preciso mostrar

ao adulto que é capaz de fazer muito mais do que ele pode imaginar. Aristóteles

chama esta maneira de conceber as coisas, de acto (ser) e potência (vir a ser).

Aquilo que somos e a capacidade que temos de poder vir a ser. Há uma enorme

potencialidade na pessoa adulta que o tornará num verdadeiro profissional

competente.




                                          8
Pensa-se que o processo de aprendizagem do adulto passa necessariamente

pela mudança que se deve fazer a nível do seu padrão de valores. Aquele valor ao

qual ele acredita, dificilmente ele deixará de acreditar nele, para acreditar noutro

sem uma verdadeira explicação. Para quem quer mudar, Rocha apud Cardoso

(1999), ensina o caminho das pedras: “o primeiro item que é trabalhado é a

flexibilidade. Quanto mais flexível o adulto for, mais capacidade de aprendizado ele

terá”, esclarece.


       De acordo com Rocha apud Cardoso (1999), há três palavras-chave por onde

se inicia o aprendizado: o conhecimento (o adulto deseja e sabe que precisa mudar),

habilidade (ele tem a capacidade para mudar) e a atitude. Nessa última,

estabelecida de acordo com os valores de cada um, é onde reside o desafio. É a

atitude que precisa ser mudada. Aí é que entra a andragogia: ensinar como é que se

muda. O adulto precisará desaprender a atitude indesejada. Por isso, a andragogia

tem como sinónimo”desequilibrar”.


       Na educação andragógica a actividade educacional do adulto centra-se na

aprendizagem e não no ensino, onde o aprendiz adulto é agente próprio de

produção do seu saber e deve decidir sobre o que pretende aprender. Com esta

observação pretende-se afirmar que, sendo modos diferentes de aprendizagem, os

métodos usados no processo de aprendizagem devem ser também diferentes. No

fim deve-se observar como é que o adulto aprende e não se deve avaliar a sua

capacidade de aprendizagem. A aprendizagem deve incidir mais na participação do

aluno nas tarefas, isto é, no “modus operandi” do aluno.




                                          9
O estudante adulto deve ser motivado a abordar este ou aquele assunto. O

conhecimento deve servi-lo para mudar o seu estado inicial de vida. Ele deverá

saber qual é a utilidade de um dado conhecimento, o que irá fazer com aquilo que

ele aprendeu; quais são os benefícios que advém de conhecer isto e não conhecer

aquilo; porque é que é necessário adquirir aquele conhecimento. Ele não está aí

para preencher os espaços vazios que estão na sua cabeça mas sim para mudar a

sua vida e a dos outros.


      Os adultos acumulam muitas experiências, são detentores de um leque de

conhecimentos, estas experiências podem ser aproveitadas para serem partilhadas

em grupos permitindo assim que alguns enriqueçam com o que vem dos outros e

vice-versa. Assim todos ensinam e todos aprendem. Não há professores nem alunos

mas, aprendiz – aprendiz. Aquele que tinha medo porá fim a ele. Os estudantes

tímidos deixarão de sê-los, ajudando-os a emitirem os seus pontos de vistas.


      Tendo em conta a capacidade criadora do professor e dos alunos se vão

propondo novas situações e possíveis soluções. Pode-se simular problemas reais e

discutirem os mesmos. Por exemplo numa aula de Filosofia da Religião, pedir aos

alunos para encontrar algumas saídas para o fenómeno da proliferação religiosa em

Angola, etc.


      Segundo o professor da Faculdade de Educação e Director do Centro de

Educação       à   Distância   da   UnB,   Bernardo   Kipnis   (2003),   a   Andragogia,

essencialmente, prega que se devem criar maneiras novas para que o aluno

aprenda. “O que varia são as condições dele. O professor deve pensar em como




                                            10
trabalhar para que o aluno se sinta motivado e interessado no que está aprendendo.

Para isto, o diferencial será a experiência de vida e a bagagem deste autor”. Explica.


       A postura mais “democrática” do professor é o que cria o ambiente

andragógico em sala de aula e exige ainda mais liderança por parte dele, a respeito

Goecks (2003) afirma: “em uma situação destes, pensando friamente, é muito mais

fácil virar baderna do que em uma sala onde o professor é ditatorial. O docente

precisa ter seu foco bem determinado e não deixar que a decisão livre saia do eixo”.


       Hoje, até, no ensino pré-escolar a disposição das carteiras dizem muita coisa,

por isso, aconselha-se no ensino de adulto a disposição de carteiras em forma

circular de modo a permitir que ninguém fique de fora. Quando se levanta uma

questão todas as respostas devem ser consideradas, tirando assim em cada uma

delas um aspecto positivo, evitando afirmações inibidoras, tais como está errado,

falso etc.


       Convém também abordar a questão dos currículos. No ensino das pessoas

adultas o currículo deve ajustar-se às suas necessidades de aprendizagem, isto pelo

facto deles serem estudantes independentes cuja formação deve ser direccionada.

As suas aprendizagens devem colocar-se em dois pólos: alunos que são capazes de

gerirem-se e gerirem a independência que possuem com o objectivo de aplicarem

no quotidiano o aprendido. Este deve orientar-se para a resolução dos problemas

diários de carácter pessoal e profissional. E por outro o pólo do professor que deve

ser um verdadeiro facilitador no processo de ensino e aprendizagem o que permitirá

que o aprendiz aplique e transforme o conhecimento em acção. Aqui estabelece-se

relações não mais verticais mas horizontais de “EU-TU” entre o facilitador e o


                                          11
aprendiz vivenciando juntos as mesmas experiências. Como se disse anteriormente,

aqui a metodologia de ensino fundamenta-se na motivação e na experiência dos

aprendizes adultos. Assim, os alunos adultos aprendem através da partilha de

conceitos significantes, com referência a sua vida quotidiana. Este facto permitirá

que os alunos participem nos processos de decisão e de compreensão dos

currículos e dos objectivos de ensino. Segundo a andragogia, o ensino deve levar

em conta a experiência de vida do aluno, a sua situação (se ele trabalha ou não, por

exemplo) e como o conteúdo que está sendo passado pode ser discutido pensando-

se no quotidiano e nas situações da vida. “Para isso não há técnicas, há diversas

experiências que podem ser desenvolvidas a partir da atitude do professor”, afirma

Goecks (2003). Estas experiências devem contemplar não só o ensino em si, mas

também o sistema de avaliação, do qual o aluno também pode ajudar no

planeamento. Assim, eles sentir-se-ão estimulados pelo facto de integrarem no

grupo de trabalho.


      Na educação pedagógica os alunos devem adaptar-se ao currículo concebido

pelas instâncias superiores (Ministério de Educação), mas na educação andragógica

o aluno é (ou deveria ser) chamado a colaborar na organização do currículo, mas na

realidade angolana o aluno “não é tido nem achado”.


      Conclui-se desta forma esta abordagem com os cinco pressupostos de

Linderman apud Goecks, (2003 em “The Meaning of Adult Education” (1926). Ele

identificou cinco pressupostos chave para a educação de adultos e que mais tarde

transformaram-se em suporte de pesquisas. Hoje eles fazem parte dos fundamentos

da moderna teoria de aprendizagem de adulto.



                                         12
1- Adultos são motivados a prender à medida em que
experimentam que suas necessidades e interesses serão
satisfeitos. Por isto estes são os pontos mais apropriados
para se iniciar a organização das actividades de
aprendizagens do adulto;
2- A orientação da aprendizagem do adulto está centrada
na vida; por isso as unidades apropriadas para se
organizar seu programa de aprendizagem são as
situações de vida e não as disciplinas;
3- A experiência é a mais rica fonte para o adulto
aprender; por isto, o centro da metodologia da educação
do adulto é a análise das experiências;
4- Adultos têm profundas necessidades de serem auto
dirigidos; por isto, o papel do professor é engajar-se no
processo de mútua investigação com os alunos e não
apenas transmitir-lhes seu conhecimento e depois avaliá-
los;
5- As diferenças individuais entre pessoas crescem com a
idade; por isto, a educação de adultos deve considerar as
diferenças de estilo, tempo, lugar e ritmo de
aprendizagem.




              13
Como ensinar o adulto universitário?

      Os alunos universitários em Angola debatem-se em larga medida com a

questão: como devem ser ensinados? A constatação feita é que a maior parte destes

estudantes são adultos tendo em conta a situação de guerras com o qual o país se

debateu. Eles enfrentam um grande dilema: ou se adaptam ao ensino pedagógico

amarrado aos currículos, ao professor que sabe tudo, deixando assim morrer as

suas experiências, iniciativas, dependendo totalmente do professor; ou mantém os

seus planos e ideias, suas metas e trajectórias, opondo-se as imposições e

buscando seus próprios caminhos; só que, agindo desta forma serão penalizados

com notas baixas, já que não seguem o caminho traçado pela instituição e pelo

professor que os achará de desafiadores.


      Assim, sugere-se o seguinte: é necessário introduzir novos conceitos

andragógicos nos currículos e abordagens didácticas dos cursos superiores e a

prática propriamente andragógica. Devido à mistura que ainda se regista com jovens

estudantes não se deve colocar de lado os procedimentos didácticos, mostrando-

lhes o que aprende e indicando-lhes o caminho a ser seguido.




CONCLUSÃO


      A andragogia é arte de compreender para se poder ensinar os adultos os

adultos a partir das experiências.



                                           14
No ensino de adulto deve-se estimular o auto didactismo, a capacidade de

estudo individual e colectivo. Os estudantes adultos devem sentir-se responsáveis

pelo seu aprendizado e a necessidade dos mesmos conhecimentos para a sua vida.


      Estimulá-los, mostrando-os que se eles aprenderem, o país de facto terá

profissionais competentes, capazes, seguros daquilo que vão fazer e que a

sociedade pode contar com eles.


      É necessário formar professores adequados para responderem as exigências

que este tipo de ensino se propõe.


      Os programas e planos de ensino devem ser mais inclusivos, isto é, os alunos

devem participar da sua elaboração. O ensino deve estar virado para o aluno adulto




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


      CASTRO, Artemis Nogueira. Didáctica e andragogia. Rio de Janeiro: editora
      GPS, 2008.
      CAVALCANTI, Roberto de Albuquerque: Andragogia: A aprendizagem nos
      adultos. In Revista de Clínica Cirúrgica da Paraíba 1999. Disponível:
      www.soldeyaga.jex.com.br/ Acesso: 28/07/2010.
      CARDOSO, Margot. Ensinando o adulto a aprender. In Revista de Clínica
      Cirúrgica da Paraíba. Nº 6, Ano V, (Julho de 1999). Disponível:
      www.soldeyaga.jex.com.br/ Acesso: 28/07/2010.
      FREIRE, Paulo: Pedagogia do oprimido. Paz e Terra. 40ª Rio de Janeiro,
      2005.
      GOECKS, Rodrigo. Educação de adultos: uma abordagem andragógica,
      Janeiro de 2003. Disponível em: www.serprofesoruniversitario.pro.br. Acesso:
      23/09/2010.
      HAMZE, Amélia. Andragogia e a arte de ensinar aos adultos. Disponível:
      www.scribd.com/ Acesso: 28/07/2010.


                                        15
Marquez, Adriana: Andragogía: propuesta política para una cultura
democrática en educación superior. Santo Domingo, República
Dominicana, 1998.
RANCIÈRE, Jacques. Mestre ignorante: cinco lições sobre emancipação
intelectual. Trad. De Lilian do Valle, 2ª edição, 1ª reimp.- Belo Horizonte:
Autêntica, 2007, 192 p.



Luanda, Angola, 20 de Agosto de 2010.



                             Assinatura

                ______________________________

                        César Faria da Silva




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A pertinencia da andragogia e

  • 1. INTRODUÇÃO A didáctica andragógica reveste-se, hoje, de uma grande importância tendo em conta a situação de guerra que o país viveu. Muitos adultos não puderam estudar naquela época, por terem sido enquadrados nas forças armadas. É importante ter presente os procedimentos andragógicos para alcançar êxito no ensino que se pretende: ensinar os adultos. Contudo, não bastam apenas procedimentos andragógicos, são necessárias políticas educativas mais abrangentes, que vão desde o recrutamento de professores até ao seu treinamento, pois que, não deve ser qualquer indivíduo a desempenhar esta espinhosa tarefa de orientar os adultos. À esta classe de pessoas a didáctica pedagógica nada significa para eles, pois que, eles trazem consigo um manancial de conhecimentos resultantes da experiência. OBJECTIVOS O presente artigo visa os seguintes objectivos: Definir a andragogia e identificar a importância da didáctica andragógica no ensino de adultos; diferenciar pedagogia da andragogia; indicar o caminho que permite ao aluno adulto a aprender; identificar aquilo que o aluno adulto aprende; e, finalmente, analisar a realidade do adulto no ensino universitário, tendo em conta a natureza do país: pós guerra. DESENVOLVIMENTO 2
  • 2. A pessoa humana passa fundamentalmente por três fases do seu desenvolvimento e consequentemente nestas fases dão-se, também, as aprendizagens. Para este estudo abordar-se-á estas três fases: a) A fase da infância: aqui ela é dependente dos pais, dos professores ou de uma pessoa adulta que está ao seu lado. E tudo que lhe vai ensinando é correcto; nesta fase a criança é conduzida pelos adultos, sobretudo pelo professor e o que ensina. A imagem do professor é muito importante na sua vida; chega até certo ponto a pôr em causa o que os pais ensinam. Ela imita tudo que recebe pelos sentidos. b) A fase da adolescência: é a chamada fase das interrogações, buscando a identidade nas pessoas adultas; é a fase dos conflitos. O adolescente não é adulto mas quer comportar-se como o fosse. c) A fase adulta: apresenta-se como o momento em que o homem se sente independente. O tempo lhe foi ensinando, acumulou muita experiência de vida. Ele agora aprende com os seus erros. É o período das escolhas significativas para a sua vida. Estas etapas evolutivas da vida do homem, muitas vezes, são ignoradas pelas escolas e universidades. A experiência (sobretudo em Angola) demonstra que a forma como se ensina a criança é a mesma a ser feita ao ensinar o adulto. Usa-se as mesmas técnicas didácticas, a mesma pedagogia, ignorando que a palavra pedagogia significava educação ou ensino das crianças da língua grega (paidos = criança). Tendo em conta a situação de guerra que Angola viveu, muitos adultos, enquanto jovens na época, não tiveram a oportunidade de estudarem. Neste 3
  • 3. momento já é possível, contudo, enfrentam muitas dificuldades, pois que, o tratamento que se dá a uma criança será o mesmo para o adulto. Para se compreender esta questão é conveniente responder a seguinte questão. O que é andragogia? A andragogia (dos grego: andros=adulto e gogos=educar), é um caminho educacional que busca compreender o adulto desde todos os componentes humanos e decidir como um ente psicológico, biológico e social. Busca promover o aprendizado através da experiência fazendo que a vivência estimule e transforme o conteúdo, impulsionando a assimilação. A andragogia significa “ensino para adultos”. É a arte de ensinar aos adultos que não são aprendizes sem experiências, pois o conhecimento vem da realidade (escola da vida). Esse aluno busca desafios e soluções de problemas que farão diferenças em suas vidas. Busca na realidade académica a realização tanto profissional como pessoal e aprende melhor quando o assunto é de valor imediato e significativo para o adulto. A professora Artemis a respeito afirma: “A aprendizagem significativa: quando o ensino é endereçado a adultos, a aprendizagem deve estar ligada ao contexto cotidiano do aluno, dando-lhe condições de aplicação imediata” (p. 10, 2008). Aproveitando esta abordagem apresentam-se algumas inquietações em relação ao curso de Ciências Políticas e Administração Pública, isto referente algumas cadeiras como: História do Pensamento Político Brasileiro e Ciências Políticas Aplicadas no Contexto Brasileiro. Cf: Matriz Curricular Oficial de Julho de 2009. Segundo a concepção que se tem estas disciplinas foram concebidas para os estudantes brasileiros. Como fica a 4
  • 4. situação dos estudantes de outros países? Sugere-se, que estas duas disciplinas fossem mais abertas para facilitar qualquer estudante, independentemente do país. Assim compreendida, a andragogia busca procedimentos abrangentes. Permitindo ao adulto aprender não o insignificante, mas sim, o significante, o referente. Larrosa e Kohan, na apresentação da coleção “Educação: experiência e sentido” acentuam a importância do aprendizado cuja base deve ser a experiência, ao afirmarem: “A experiência, e não a verdade, é o que dá sentido `a educação. Educamos para transformar o que sabemos, não para transmitir o que é sabido” (p, 5, 2007). Ainda na busca da definição, Marquez (1998) numa palestra aquando do Primeiro Encontro Nacional de Educação e Pensamento, na República Dominicana, cita: “A andragogia na essência é um estilo de vida, sustentado a partir de concepções de comunicação, respeito e ética, através de um alto nível de consciência e compromisso social”. Complementa ainda: “As regras são diferentes, o mestre (facilitador) e os alunos (participantes) sabem que têm diferentes funções, mas não há superioridade e inferioridade, normalmente não é o mesmo que acontece na educação com crianças”. No ensino aos adultos deve-se fazer um círculo, o professor deve estar despojado dos seus títulos académicos para que os alunos não se afastem do professor. O seu discurso deve fundamentar-se no pensamento de Freire (2005) na sua obra “Pedagogia do Oprimido” quando afirma: “Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizado pelo mundo” (p.78). 5
  • 5. Pensando desta forma ganhar-se-á mais homens formados e úteis à sociedade. As teorias organizacionais, demonstram este facto, ao diferenciarem o chefe do líder. O facilitador deve rever-se na figura do líder. Procurar que os alunos se aproximem a si. Depois de se ter procurado definir o conceito de andragogia, examina-se agora a questão: Como ensinar os adultos? Ensinar adultos não é uma tarefa fácil, exige do facilitador uma preparação adequada, ferramentando-se com instrumentos, procedimentos, técnicas que o permitirá realizar adequadamente a sua actividade. Burlev (1985) apud Castro (p. 14, 2008) enfatizou o uso de métodos andragógicos para o treinamento de educadores de adultos. Para ensinar o adulto exige-se não somente domínio de conhecimentos, conteúdos ou da matéria, mas e sobretudo, a descoberta de novas maneiras para transmitir os mesmos conhecimentos. Conhecemos pessoas que sabem a Matemática, mas que, não conseguem transmiti-la aos outros. A Andragogia supera a questão da metodologia e centra-se fundamentalmente na postura do líder do processo, daquele que facilita o ensino. Pensa-se que, para se abordar a questão inicialmente levantada convinha reflectir-se na seguinte questão: de que tipo de docente necessita-se para o ensino de adultos? Mais recentemente (2010), o Ministério da Educação de Angola lançou um concurso público para o recrutamento de docentes, cujas listas dos apurados foram afixadas nas Administrações Municipais e publicadas nos jornais. Estes docentes entram para a carreira de professor. Este recrutamento pode ser considerado algo 6
  • 6. de positivo ou negativo? O ensino de adultos vai beneficiar-se de quantos professores? Que critério de selecção fez-se para o ensino de adultos? Estas e outras questões poderiam ser feitas tendo em conta a questão inicialmente levantada: de que tipo de professores necessitam para o ensino de adulto? Qualquer? Certamente que não. Os autores como Goecks e Kipnis (2003) acreditam que o recrutamento de novos professores deve levar em conta as duas coisas: a experiência académica e profissional. Hoje para determinados cursos, o conhecimento profissional tem um peso muito grande, mas este professor pode não ter bagagem educacional. Por outro lado, existe uma tradição da valorização da titulação, que as vezes não atende ao conhecimento prático do mercado explicam. A solução deveria ser a maior oferta de cursos preparatórios para o docente, seja ele oriundo do meio académico ou profissional. A constatação feita é que muitos jovens professores apurados vão para as salas de aulas, mesmo no ensino geral, sem uma preparação, a única exigência é apenas a titulação. Respondendo a questão: como ensinar os adultos? Cardoso (1999) no seu artigo “Andragogia: ensinando o adulto a aprender”, demonstra que, a principal ferramenta da mudança é o método que é andragógico. No referido artigo, Rocha apud Cardoso (1999) avança que, o método expositivo, tradicional nas salas de aulas não é suficiente para o adulto, já que tem uma base de conhecimentos sedimenta. Ele faz o uso de uma alegoria para fazer compreender esta questão, compara o cérebro de uma criança a uma área vasta e vazia que se vai construindo com novos conhecimentos; o do adulto não tem mais 7
  • 7. áreas vazias, sendo então necessário um método que primeiro destrua o que já existe para liberar espaço para novos aprendizados. O adulto precisa aprender a partir de suas experiências e quem ensina não pode ter a postura de professor; tem de ser um mediador do processo de aprendizagem. Ele leva o adulto a perceber e a sistematizar conhecimentos, segundo Rocha (1999), da Dorsey Rocha e Associados. Rocha apud Cardoso (1999) afirma ainda que, durante as aulas expositivas o adulto se fragmenta. Ele ouve e, ao mesmo tempo, vai passando na sua cabeça um filme com seus pensamentos, preconceitos, aversões e gostos. Esses sentimentos dizem: eu não acredito nisso; que babuquice!, o que estou fazendo aqui? E funcionam como uma verdadeira barreira para o aprendizado. O facilitador deve empregar todos os esforços que permita ao aluno adulto a partejar as suas ideias, aquilo que conhece pelo trabalho diário, encontrando assim uma relação simbiótica entre o que aprende e o que faz. O aprendido deve ter um referente. É necessário que o facilitador vá às expectativas do aluno. Assim, pode-se usar a maiêutica e a ironia, dois caminhos que Sócrates usou para ajudar os jovens atenienses a darem partos às suas ideias. Pelo primeiro método se constrói as experiências que eles trazem, trocam entre si, e pelo segundo se destrói todas as imagens falsas que o adulto pode ter, as ideias falsas formadas. É preciso mostrar ao adulto que é capaz de fazer muito mais do que ele pode imaginar. Aristóteles chama esta maneira de conceber as coisas, de acto (ser) e potência (vir a ser). Aquilo que somos e a capacidade que temos de poder vir a ser. Há uma enorme potencialidade na pessoa adulta que o tornará num verdadeiro profissional competente. 8
  • 8. Pensa-se que o processo de aprendizagem do adulto passa necessariamente pela mudança que se deve fazer a nível do seu padrão de valores. Aquele valor ao qual ele acredita, dificilmente ele deixará de acreditar nele, para acreditar noutro sem uma verdadeira explicação. Para quem quer mudar, Rocha apud Cardoso (1999), ensina o caminho das pedras: “o primeiro item que é trabalhado é a flexibilidade. Quanto mais flexível o adulto for, mais capacidade de aprendizado ele terá”, esclarece. De acordo com Rocha apud Cardoso (1999), há três palavras-chave por onde se inicia o aprendizado: o conhecimento (o adulto deseja e sabe que precisa mudar), habilidade (ele tem a capacidade para mudar) e a atitude. Nessa última, estabelecida de acordo com os valores de cada um, é onde reside o desafio. É a atitude que precisa ser mudada. Aí é que entra a andragogia: ensinar como é que se muda. O adulto precisará desaprender a atitude indesejada. Por isso, a andragogia tem como sinónimo”desequilibrar”. Na educação andragógica a actividade educacional do adulto centra-se na aprendizagem e não no ensino, onde o aprendiz adulto é agente próprio de produção do seu saber e deve decidir sobre o que pretende aprender. Com esta observação pretende-se afirmar que, sendo modos diferentes de aprendizagem, os métodos usados no processo de aprendizagem devem ser também diferentes. No fim deve-se observar como é que o adulto aprende e não se deve avaliar a sua capacidade de aprendizagem. A aprendizagem deve incidir mais na participação do aluno nas tarefas, isto é, no “modus operandi” do aluno. 9
  • 9. O estudante adulto deve ser motivado a abordar este ou aquele assunto. O conhecimento deve servi-lo para mudar o seu estado inicial de vida. Ele deverá saber qual é a utilidade de um dado conhecimento, o que irá fazer com aquilo que ele aprendeu; quais são os benefícios que advém de conhecer isto e não conhecer aquilo; porque é que é necessário adquirir aquele conhecimento. Ele não está aí para preencher os espaços vazios que estão na sua cabeça mas sim para mudar a sua vida e a dos outros. Os adultos acumulam muitas experiências, são detentores de um leque de conhecimentos, estas experiências podem ser aproveitadas para serem partilhadas em grupos permitindo assim que alguns enriqueçam com o que vem dos outros e vice-versa. Assim todos ensinam e todos aprendem. Não há professores nem alunos mas, aprendiz – aprendiz. Aquele que tinha medo porá fim a ele. Os estudantes tímidos deixarão de sê-los, ajudando-os a emitirem os seus pontos de vistas. Tendo em conta a capacidade criadora do professor e dos alunos se vão propondo novas situações e possíveis soluções. Pode-se simular problemas reais e discutirem os mesmos. Por exemplo numa aula de Filosofia da Religião, pedir aos alunos para encontrar algumas saídas para o fenómeno da proliferação religiosa em Angola, etc. Segundo o professor da Faculdade de Educação e Director do Centro de Educação à Distância da UnB, Bernardo Kipnis (2003), a Andragogia, essencialmente, prega que se devem criar maneiras novas para que o aluno aprenda. “O que varia são as condições dele. O professor deve pensar em como 10
  • 10. trabalhar para que o aluno se sinta motivado e interessado no que está aprendendo. Para isto, o diferencial será a experiência de vida e a bagagem deste autor”. Explica. A postura mais “democrática” do professor é o que cria o ambiente andragógico em sala de aula e exige ainda mais liderança por parte dele, a respeito Goecks (2003) afirma: “em uma situação destes, pensando friamente, é muito mais fácil virar baderna do que em uma sala onde o professor é ditatorial. O docente precisa ter seu foco bem determinado e não deixar que a decisão livre saia do eixo”. Hoje, até, no ensino pré-escolar a disposição das carteiras dizem muita coisa, por isso, aconselha-se no ensino de adulto a disposição de carteiras em forma circular de modo a permitir que ninguém fique de fora. Quando se levanta uma questão todas as respostas devem ser consideradas, tirando assim em cada uma delas um aspecto positivo, evitando afirmações inibidoras, tais como está errado, falso etc. Convém também abordar a questão dos currículos. No ensino das pessoas adultas o currículo deve ajustar-se às suas necessidades de aprendizagem, isto pelo facto deles serem estudantes independentes cuja formação deve ser direccionada. As suas aprendizagens devem colocar-se em dois pólos: alunos que são capazes de gerirem-se e gerirem a independência que possuem com o objectivo de aplicarem no quotidiano o aprendido. Este deve orientar-se para a resolução dos problemas diários de carácter pessoal e profissional. E por outro o pólo do professor que deve ser um verdadeiro facilitador no processo de ensino e aprendizagem o que permitirá que o aprendiz aplique e transforme o conhecimento em acção. Aqui estabelece-se relações não mais verticais mas horizontais de “EU-TU” entre o facilitador e o 11
  • 11. aprendiz vivenciando juntos as mesmas experiências. Como se disse anteriormente, aqui a metodologia de ensino fundamenta-se na motivação e na experiência dos aprendizes adultos. Assim, os alunos adultos aprendem através da partilha de conceitos significantes, com referência a sua vida quotidiana. Este facto permitirá que os alunos participem nos processos de decisão e de compreensão dos currículos e dos objectivos de ensino. Segundo a andragogia, o ensino deve levar em conta a experiência de vida do aluno, a sua situação (se ele trabalha ou não, por exemplo) e como o conteúdo que está sendo passado pode ser discutido pensando- se no quotidiano e nas situações da vida. “Para isso não há técnicas, há diversas experiências que podem ser desenvolvidas a partir da atitude do professor”, afirma Goecks (2003). Estas experiências devem contemplar não só o ensino em si, mas também o sistema de avaliação, do qual o aluno também pode ajudar no planeamento. Assim, eles sentir-se-ão estimulados pelo facto de integrarem no grupo de trabalho. Na educação pedagógica os alunos devem adaptar-se ao currículo concebido pelas instâncias superiores (Ministério de Educação), mas na educação andragógica o aluno é (ou deveria ser) chamado a colaborar na organização do currículo, mas na realidade angolana o aluno “não é tido nem achado”. Conclui-se desta forma esta abordagem com os cinco pressupostos de Linderman apud Goecks, (2003 em “The Meaning of Adult Education” (1926). Ele identificou cinco pressupostos chave para a educação de adultos e que mais tarde transformaram-se em suporte de pesquisas. Hoje eles fazem parte dos fundamentos da moderna teoria de aprendizagem de adulto. 12
  • 12. 1- Adultos são motivados a prender à medida em que experimentam que suas necessidades e interesses serão satisfeitos. Por isto estes são os pontos mais apropriados para se iniciar a organização das actividades de aprendizagens do adulto; 2- A orientação da aprendizagem do adulto está centrada na vida; por isso as unidades apropriadas para se organizar seu programa de aprendizagem são as situações de vida e não as disciplinas; 3- A experiência é a mais rica fonte para o adulto aprender; por isto, o centro da metodologia da educação do adulto é a análise das experiências; 4- Adultos têm profundas necessidades de serem auto dirigidos; por isto, o papel do professor é engajar-se no processo de mútua investigação com os alunos e não apenas transmitir-lhes seu conhecimento e depois avaliá- los; 5- As diferenças individuais entre pessoas crescem com a idade; por isto, a educação de adultos deve considerar as diferenças de estilo, tempo, lugar e ritmo de aprendizagem. 13
  • 13. Como ensinar o adulto universitário? Os alunos universitários em Angola debatem-se em larga medida com a questão: como devem ser ensinados? A constatação feita é que a maior parte destes estudantes são adultos tendo em conta a situação de guerras com o qual o país se debateu. Eles enfrentam um grande dilema: ou se adaptam ao ensino pedagógico amarrado aos currículos, ao professor que sabe tudo, deixando assim morrer as suas experiências, iniciativas, dependendo totalmente do professor; ou mantém os seus planos e ideias, suas metas e trajectórias, opondo-se as imposições e buscando seus próprios caminhos; só que, agindo desta forma serão penalizados com notas baixas, já que não seguem o caminho traçado pela instituição e pelo professor que os achará de desafiadores. Assim, sugere-se o seguinte: é necessário introduzir novos conceitos andragógicos nos currículos e abordagens didácticas dos cursos superiores e a prática propriamente andragógica. Devido à mistura que ainda se regista com jovens estudantes não se deve colocar de lado os procedimentos didácticos, mostrando- lhes o que aprende e indicando-lhes o caminho a ser seguido. CONCLUSÃO A andragogia é arte de compreender para se poder ensinar os adultos os adultos a partir das experiências. 14
  • 14. No ensino de adulto deve-se estimular o auto didactismo, a capacidade de estudo individual e colectivo. Os estudantes adultos devem sentir-se responsáveis pelo seu aprendizado e a necessidade dos mesmos conhecimentos para a sua vida. Estimulá-los, mostrando-os que se eles aprenderem, o país de facto terá profissionais competentes, capazes, seguros daquilo que vão fazer e que a sociedade pode contar com eles. É necessário formar professores adequados para responderem as exigências que este tipo de ensino se propõe. Os programas e planos de ensino devem ser mais inclusivos, isto é, os alunos devem participar da sua elaboração. O ensino deve estar virado para o aluno adulto REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASTRO, Artemis Nogueira. Didáctica e andragogia. Rio de Janeiro: editora GPS, 2008. CAVALCANTI, Roberto de Albuquerque: Andragogia: A aprendizagem nos adultos. In Revista de Clínica Cirúrgica da Paraíba 1999. Disponível: www.soldeyaga.jex.com.br/ Acesso: 28/07/2010. CARDOSO, Margot. Ensinando o adulto a aprender. In Revista de Clínica Cirúrgica da Paraíba. Nº 6, Ano V, (Julho de 1999). Disponível: www.soldeyaga.jex.com.br/ Acesso: 28/07/2010. FREIRE, Paulo: Pedagogia do oprimido. Paz e Terra. 40ª Rio de Janeiro, 2005. GOECKS, Rodrigo. Educação de adultos: uma abordagem andragógica, Janeiro de 2003. Disponível em: www.serprofesoruniversitario.pro.br. Acesso: 23/09/2010. HAMZE, Amélia. Andragogia e a arte de ensinar aos adultos. Disponível: www.scribd.com/ Acesso: 28/07/2010. 15
  • 15. Marquez, Adriana: Andragogía: propuesta política para una cultura democrática en educación superior. Santo Domingo, República Dominicana, 1998. RANCIÈRE, Jacques. Mestre ignorante: cinco lições sobre emancipação intelectual. Trad. De Lilian do Valle, 2ª edição, 1ª reimp.- Belo Horizonte: Autêntica, 2007, 192 p. Luanda, Angola, 20 de Agosto de 2010. Assinatura ______________________________ César Faria da Silva 16