O documento discute a importância da andragogia, ou ensino para adultos, no contexto de Angola após a guerra, quando muitos adultos não tiveram a oportunidade de estudar quando jovens. Ele define andragogia, diferencia-a da pedagogia, e discute como os métodos andragógicos, focados na experiência do aluno, são mais adequados para ensinar adultos do que métodos tradicionais.
1 questes selecionadas para o concurso dos professores 2013. jeannette
A pertinencia da andragogia e
1. INTRODUÇÃO
A didáctica andragógica reveste-se, hoje, de uma grande importância tendo
em conta a situação de guerra que o país viveu. Muitos adultos não puderam
estudar naquela época, por terem sido enquadrados nas forças armadas.
É importante ter presente os procedimentos andragógicos para alcançar êxito
no ensino que se pretende: ensinar os adultos. Contudo, não bastam apenas
procedimentos andragógicos, são necessárias políticas educativas mais
abrangentes, que vão desde o recrutamento de professores até ao seu treinamento,
pois que, não deve ser qualquer indivíduo a desempenhar esta espinhosa tarefa de
orientar os adultos. À esta classe de pessoas a didáctica pedagógica nada significa
para eles, pois que, eles trazem consigo um manancial de conhecimentos
resultantes da experiência.
OBJECTIVOS
O presente artigo visa os seguintes objectivos: Definir a andragogia e
identificar a importância da didáctica andragógica no ensino de adultos; diferenciar
pedagogia da andragogia; indicar o caminho que permite ao aluno adulto a
aprender; identificar aquilo que o aluno adulto aprende; e, finalmente, analisar a
realidade do adulto no ensino universitário, tendo em conta a natureza do país: pós
guerra.
DESENVOLVIMENTO
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2. A pessoa humana passa fundamentalmente por três fases do seu
desenvolvimento e consequentemente nestas fases dão-se, também, as
aprendizagens. Para este estudo abordar-se-á estas três fases:
a) A fase da infância: aqui ela é dependente dos pais, dos professores ou de
uma pessoa adulta que está ao seu lado. E tudo que lhe vai ensinando é
correcto; nesta fase a criança é conduzida pelos adultos, sobretudo pelo
professor e o que ensina. A imagem do professor é muito importante na sua
vida; chega até certo ponto a pôr em causa o que os pais ensinam. Ela imita
tudo que recebe pelos sentidos.
b) A fase da adolescência: é a chamada fase das interrogações, buscando a
identidade nas pessoas adultas; é a fase dos conflitos. O adolescente não é
adulto mas quer comportar-se como o fosse.
c) A fase adulta: apresenta-se como o momento em que o homem se sente
independente. O tempo lhe foi ensinando, acumulou muita experiência de
vida. Ele agora aprende com os seus erros. É o período das escolhas
significativas para a sua vida.
Estas etapas evolutivas da vida do homem, muitas vezes, são ignoradas
pelas escolas e universidades. A experiência (sobretudo em Angola) demonstra que
a forma como se ensina a criança é a mesma a ser feita ao ensinar o adulto. Usa-se
as mesmas técnicas didácticas, a mesma pedagogia, ignorando que a palavra
pedagogia significava educação ou ensino das crianças da língua grega (paidos =
criança). Tendo em conta a situação de guerra que Angola viveu, muitos adultos,
enquanto jovens na época, não tiveram a oportunidade de estudarem. Neste
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3. momento já é possível, contudo, enfrentam muitas dificuldades, pois que, o
tratamento que se dá a uma criança será o mesmo para o adulto. Para se
compreender esta questão é conveniente responder a seguinte questão.
O que é andragogia?
A andragogia (dos grego: andros=adulto e gogos=educar), é um caminho
educacional que busca compreender o adulto desde todos os componentes
humanos e decidir como um ente psicológico, biológico e social. Busca promover o
aprendizado através da experiência fazendo que a vivência estimule e transforme o
conteúdo, impulsionando a assimilação. A andragogia significa “ensino para
adultos”. É a arte de ensinar aos adultos que não são aprendizes sem experiências,
pois o conhecimento vem da realidade (escola da vida). Esse aluno busca desafios e
soluções de problemas que farão diferenças em suas vidas. Busca na realidade
académica a realização tanto profissional como pessoal e aprende melhor quando o
assunto é de valor imediato e significativo para o adulto. A professora Artemis a
respeito afirma: “A aprendizagem significativa: quando o ensino é endereçado a
adultos, a aprendizagem deve estar ligada ao contexto cotidiano do aluno, dando-lhe
condições de aplicação imediata” (p. 10, 2008). Aproveitando esta abordagem
apresentam-se algumas inquietações em relação ao curso de Ciências Políticas e
Administração Pública, isto referente algumas cadeiras como: História do
Pensamento Político Brasileiro e Ciências Políticas Aplicadas no Contexto Brasileiro.
Cf: Matriz Curricular Oficial de Julho de 2009. Segundo a concepção que se tem
estas disciplinas foram concebidas para os estudantes brasileiros. Como fica a
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4. situação dos estudantes de outros países? Sugere-se, que estas duas disciplinas
fossem mais abertas para facilitar qualquer estudante, independentemente do país.
Assim compreendida, a andragogia busca procedimentos abrangentes.
Permitindo ao adulto aprender não o insignificante, mas sim, o significante, o
referente.
Larrosa e Kohan, na apresentação da coleção “Educação: experiência e
sentido” acentuam a importância do aprendizado cuja base deve ser a experiência,
ao afirmarem: “A experiência, e não a verdade, é o que dá sentido `a educação.
Educamos para transformar o que sabemos, não para transmitir o que é sabido” (p,
5, 2007).
Ainda na busca da definição, Marquez (1998) numa palestra aquando do
Primeiro Encontro Nacional de Educação e Pensamento, na República Dominicana,
cita: “A andragogia na essência é um estilo de vida, sustentado a partir de
concepções de comunicação, respeito e ética, através de um alto nível de
consciência e compromisso social”. Complementa ainda: “As regras são diferentes,
o mestre (facilitador) e os alunos (participantes) sabem que têm diferentes funções,
mas não há superioridade e inferioridade, normalmente não é o mesmo que
acontece na educação com crianças”. No ensino aos adultos deve-se fazer um
círculo, o professor deve estar despojado dos seus títulos académicos para que os
alunos não se afastem do professor. O seu discurso deve fundamentar-se no
pensamento de Freire (2005) na sua obra “Pedagogia do Oprimido” quando afirma:
“Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam
entre si, mediatizado pelo mundo” (p.78).
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5. Pensando desta forma ganhar-se-á mais homens formados e úteis à
sociedade. As teorias organizacionais, demonstram este facto, ao diferenciarem o
chefe do líder. O facilitador deve rever-se na figura do líder. Procurar que os alunos
se aproximem a si.
Depois de se ter procurado definir o conceito de andragogia, examina-se
agora a questão: Como ensinar os adultos?
Ensinar adultos não é uma tarefa fácil, exige do facilitador uma preparação
adequada, ferramentando-se com instrumentos, procedimentos, técnicas que o
permitirá realizar adequadamente a sua actividade. Burlev (1985) apud Castro (p.
14, 2008) enfatizou o uso de métodos andragógicos para o treinamento de
educadores de adultos.
Para ensinar o adulto exige-se não somente domínio de conhecimentos,
conteúdos ou da matéria, mas e sobretudo, a descoberta de novas maneiras para
transmitir os mesmos conhecimentos. Conhecemos pessoas que sabem a
Matemática, mas que, não conseguem transmiti-la aos outros. A Andragogia supera
a questão da metodologia e centra-se fundamentalmente na postura do líder do
processo, daquele que facilita o ensino. Pensa-se que, para se abordar a questão
inicialmente levantada convinha reflectir-se na seguinte questão: de que tipo de
docente necessita-se para o ensino de adultos?
Mais recentemente (2010), o Ministério da Educação de Angola lançou um
concurso público para o recrutamento de docentes, cujas listas dos apurados foram
afixadas nas Administrações Municipais e publicadas nos jornais. Estes docentes
entram para a carreira de professor. Este recrutamento pode ser considerado algo
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6. de positivo ou negativo? O ensino de adultos vai beneficiar-se de quantos
professores? Que critério de selecção fez-se para o ensino de adultos? Estas e
outras questões poderiam ser feitas tendo em conta a questão inicialmente
levantada: de que tipo de professores necessitam para o ensino de adulto?
Qualquer? Certamente que não. Os autores como Goecks e Kipnis (2003) acreditam
que o recrutamento de novos professores deve levar em conta as duas coisas: a
experiência académica e profissional.
Hoje para determinados cursos, o conhecimento
profissional tem um peso muito grande, mas este
professor pode não ter bagagem educacional. Por outro
lado, existe uma tradição da valorização da titulação, que
as vezes não atende ao conhecimento prático do mercado
explicam.
A solução deveria ser a maior oferta de cursos preparatórios para o docente,
seja ele oriundo do meio académico ou profissional. A constatação feita é que
muitos jovens professores apurados vão para as salas de aulas, mesmo no ensino
geral, sem uma preparação, a única exigência é apenas a titulação.
Respondendo a questão: como ensinar os adultos? Cardoso (1999) no seu
artigo “Andragogia: ensinando o adulto a aprender”, demonstra que, a principal
ferramenta da mudança é o método que é andragógico.
No referido artigo, Rocha apud Cardoso (1999) avança que, o método
expositivo, tradicional nas salas de aulas não é suficiente para o adulto, já que tem
uma base de conhecimentos sedimenta. Ele faz o uso de uma alegoria para fazer
compreender esta questão, compara o cérebro de uma criança a uma área vasta e
vazia que se vai construindo com novos conhecimentos; o do adulto não tem mais
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7. áreas vazias, sendo então necessário um método que primeiro destrua o que já
existe para liberar espaço para novos aprendizados.
O adulto precisa aprender a partir de suas experiências e
quem ensina não pode ter a postura de professor; tem de
ser um mediador do processo de aprendizagem. Ele leva
o adulto a perceber e a sistematizar conhecimentos,
segundo Rocha (1999), da Dorsey Rocha e Associados.
Rocha apud Cardoso (1999) afirma ainda que, durante as aulas expositivas o
adulto se fragmenta.
Ele ouve e, ao mesmo tempo, vai passando na sua
cabeça um filme com seus pensamentos, preconceitos,
aversões e gostos. Esses sentimentos dizem: eu não
acredito nisso; que babuquice!, o que estou fazendo aqui?
E funcionam como uma verdadeira barreira para o
aprendizado.
O facilitador deve empregar todos os esforços que permita ao aluno adulto a
partejar as suas ideias, aquilo que conhece pelo trabalho diário, encontrando assim
uma relação simbiótica entre o que aprende e o que faz. O aprendido deve ter um
referente. É necessário que o facilitador vá às expectativas do aluno. Assim, pode-se
usar a maiêutica e a ironia, dois caminhos que Sócrates usou para ajudar os jovens
atenienses a darem partos às suas ideias. Pelo primeiro método se constrói as
experiências que eles trazem, trocam entre si, e pelo segundo se destrói todas as
imagens falsas que o adulto pode ter, as ideias falsas formadas. É preciso mostrar
ao adulto que é capaz de fazer muito mais do que ele pode imaginar. Aristóteles
chama esta maneira de conceber as coisas, de acto (ser) e potência (vir a ser).
Aquilo que somos e a capacidade que temos de poder vir a ser. Há uma enorme
potencialidade na pessoa adulta que o tornará num verdadeiro profissional
competente.
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8. Pensa-se que o processo de aprendizagem do adulto passa necessariamente
pela mudança que se deve fazer a nível do seu padrão de valores. Aquele valor ao
qual ele acredita, dificilmente ele deixará de acreditar nele, para acreditar noutro
sem uma verdadeira explicação. Para quem quer mudar, Rocha apud Cardoso
(1999), ensina o caminho das pedras: “o primeiro item que é trabalhado é a
flexibilidade. Quanto mais flexível o adulto for, mais capacidade de aprendizado ele
terá”, esclarece.
De acordo com Rocha apud Cardoso (1999), há três palavras-chave por onde
se inicia o aprendizado: o conhecimento (o adulto deseja e sabe que precisa mudar),
habilidade (ele tem a capacidade para mudar) e a atitude. Nessa última,
estabelecida de acordo com os valores de cada um, é onde reside o desafio. É a
atitude que precisa ser mudada. Aí é que entra a andragogia: ensinar como é que se
muda. O adulto precisará desaprender a atitude indesejada. Por isso, a andragogia
tem como sinónimo”desequilibrar”.
Na educação andragógica a actividade educacional do adulto centra-se na
aprendizagem e não no ensino, onde o aprendiz adulto é agente próprio de
produção do seu saber e deve decidir sobre o que pretende aprender. Com esta
observação pretende-se afirmar que, sendo modos diferentes de aprendizagem, os
métodos usados no processo de aprendizagem devem ser também diferentes. No
fim deve-se observar como é que o adulto aprende e não se deve avaliar a sua
capacidade de aprendizagem. A aprendizagem deve incidir mais na participação do
aluno nas tarefas, isto é, no “modus operandi” do aluno.
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9. O estudante adulto deve ser motivado a abordar este ou aquele assunto. O
conhecimento deve servi-lo para mudar o seu estado inicial de vida. Ele deverá
saber qual é a utilidade de um dado conhecimento, o que irá fazer com aquilo que
ele aprendeu; quais são os benefícios que advém de conhecer isto e não conhecer
aquilo; porque é que é necessário adquirir aquele conhecimento. Ele não está aí
para preencher os espaços vazios que estão na sua cabeça mas sim para mudar a
sua vida e a dos outros.
Os adultos acumulam muitas experiências, são detentores de um leque de
conhecimentos, estas experiências podem ser aproveitadas para serem partilhadas
em grupos permitindo assim que alguns enriqueçam com o que vem dos outros e
vice-versa. Assim todos ensinam e todos aprendem. Não há professores nem alunos
mas, aprendiz – aprendiz. Aquele que tinha medo porá fim a ele. Os estudantes
tímidos deixarão de sê-los, ajudando-os a emitirem os seus pontos de vistas.
Tendo em conta a capacidade criadora do professor e dos alunos se vão
propondo novas situações e possíveis soluções. Pode-se simular problemas reais e
discutirem os mesmos. Por exemplo numa aula de Filosofia da Religião, pedir aos
alunos para encontrar algumas saídas para o fenómeno da proliferação religiosa em
Angola, etc.
Segundo o professor da Faculdade de Educação e Director do Centro de
Educação à Distância da UnB, Bernardo Kipnis (2003), a Andragogia,
essencialmente, prega que se devem criar maneiras novas para que o aluno
aprenda. “O que varia são as condições dele. O professor deve pensar em como
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10. trabalhar para que o aluno se sinta motivado e interessado no que está aprendendo.
Para isto, o diferencial será a experiência de vida e a bagagem deste autor”. Explica.
A postura mais “democrática” do professor é o que cria o ambiente
andragógico em sala de aula e exige ainda mais liderança por parte dele, a respeito
Goecks (2003) afirma: “em uma situação destes, pensando friamente, é muito mais
fácil virar baderna do que em uma sala onde o professor é ditatorial. O docente
precisa ter seu foco bem determinado e não deixar que a decisão livre saia do eixo”.
Hoje, até, no ensino pré-escolar a disposição das carteiras dizem muita coisa,
por isso, aconselha-se no ensino de adulto a disposição de carteiras em forma
circular de modo a permitir que ninguém fique de fora. Quando se levanta uma
questão todas as respostas devem ser consideradas, tirando assim em cada uma
delas um aspecto positivo, evitando afirmações inibidoras, tais como está errado,
falso etc.
Convém também abordar a questão dos currículos. No ensino das pessoas
adultas o currículo deve ajustar-se às suas necessidades de aprendizagem, isto pelo
facto deles serem estudantes independentes cuja formação deve ser direccionada.
As suas aprendizagens devem colocar-se em dois pólos: alunos que são capazes de
gerirem-se e gerirem a independência que possuem com o objectivo de aplicarem
no quotidiano o aprendido. Este deve orientar-se para a resolução dos problemas
diários de carácter pessoal e profissional. E por outro o pólo do professor que deve
ser um verdadeiro facilitador no processo de ensino e aprendizagem o que permitirá
que o aprendiz aplique e transforme o conhecimento em acção. Aqui estabelece-se
relações não mais verticais mas horizontais de “EU-TU” entre o facilitador e o
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11. aprendiz vivenciando juntos as mesmas experiências. Como se disse anteriormente,
aqui a metodologia de ensino fundamenta-se na motivação e na experiência dos
aprendizes adultos. Assim, os alunos adultos aprendem através da partilha de
conceitos significantes, com referência a sua vida quotidiana. Este facto permitirá
que os alunos participem nos processos de decisão e de compreensão dos
currículos e dos objectivos de ensino. Segundo a andragogia, o ensino deve levar
em conta a experiência de vida do aluno, a sua situação (se ele trabalha ou não, por
exemplo) e como o conteúdo que está sendo passado pode ser discutido pensando-
se no quotidiano e nas situações da vida. “Para isso não há técnicas, há diversas
experiências que podem ser desenvolvidas a partir da atitude do professor”, afirma
Goecks (2003). Estas experiências devem contemplar não só o ensino em si, mas
também o sistema de avaliação, do qual o aluno também pode ajudar no
planeamento. Assim, eles sentir-se-ão estimulados pelo facto de integrarem no
grupo de trabalho.
Na educação pedagógica os alunos devem adaptar-se ao currículo concebido
pelas instâncias superiores (Ministério de Educação), mas na educação andragógica
o aluno é (ou deveria ser) chamado a colaborar na organização do currículo, mas na
realidade angolana o aluno “não é tido nem achado”.
Conclui-se desta forma esta abordagem com os cinco pressupostos de
Linderman apud Goecks, (2003 em “The Meaning of Adult Education” (1926). Ele
identificou cinco pressupostos chave para a educação de adultos e que mais tarde
transformaram-se em suporte de pesquisas. Hoje eles fazem parte dos fundamentos
da moderna teoria de aprendizagem de adulto.
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12. 1- Adultos são motivados a prender à medida em que
experimentam que suas necessidades e interesses serão
satisfeitos. Por isto estes são os pontos mais apropriados
para se iniciar a organização das actividades de
aprendizagens do adulto;
2- A orientação da aprendizagem do adulto está centrada
na vida; por isso as unidades apropriadas para se
organizar seu programa de aprendizagem são as
situações de vida e não as disciplinas;
3- A experiência é a mais rica fonte para o adulto
aprender; por isto, o centro da metodologia da educação
do adulto é a análise das experiências;
4- Adultos têm profundas necessidades de serem auto
dirigidos; por isto, o papel do professor é engajar-se no
processo de mútua investigação com os alunos e não
apenas transmitir-lhes seu conhecimento e depois avaliá-
los;
5- As diferenças individuais entre pessoas crescem com a
idade; por isto, a educação de adultos deve considerar as
diferenças de estilo, tempo, lugar e ritmo de
aprendizagem.
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13. Como ensinar o adulto universitário?
Os alunos universitários em Angola debatem-se em larga medida com a
questão: como devem ser ensinados? A constatação feita é que a maior parte destes
estudantes são adultos tendo em conta a situação de guerras com o qual o país se
debateu. Eles enfrentam um grande dilema: ou se adaptam ao ensino pedagógico
amarrado aos currículos, ao professor que sabe tudo, deixando assim morrer as
suas experiências, iniciativas, dependendo totalmente do professor; ou mantém os
seus planos e ideias, suas metas e trajectórias, opondo-se as imposições e
buscando seus próprios caminhos; só que, agindo desta forma serão penalizados
com notas baixas, já que não seguem o caminho traçado pela instituição e pelo
professor que os achará de desafiadores.
Assim, sugere-se o seguinte: é necessário introduzir novos conceitos
andragógicos nos currículos e abordagens didácticas dos cursos superiores e a
prática propriamente andragógica. Devido à mistura que ainda se regista com jovens
estudantes não se deve colocar de lado os procedimentos didácticos, mostrando-
lhes o que aprende e indicando-lhes o caminho a ser seguido.
CONCLUSÃO
A andragogia é arte de compreender para se poder ensinar os adultos os
adultos a partir das experiências.
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14. No ensino de adulto deve-se estimular o auto didactismo, a capacidade de
estudo individual e colectivo. Os estudantes adultos devem sentir-se responsáveis
pelo seu aprendizado e a necessidade dos mesmos conhecimentos para a sua vida.
Estimulá-los, mostrando-os que se eles aprenderem, o país de facto terá
profissionais competentes, capazes, seguros daquilo que vão fazer e que a
sociedade pode contar com eles.
É necessário formar professores adequados para responderem as exigências
que este tipo de ensino se propõe.
Os programas e planos de ensino devem ser mais inclusivos, isto é, os alunos
devem participar da sua elaboração. O ensino deve estar virado para o aluno adulto
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www.soldeyaga.jex.com.br/ Acesso: 28/07/2010.
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www.soldeyaga.jex.com.br/ Acesso: 28/07/2010.
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Dominicana, 1998.
RANCIÈRE, Jacques. Mestre ignorante: cinco lições sobre emancipação
intelectual. Trad. De Lilian do Valle, 2ª edição, 1ª reimp.- Belo Horizonte:
Autêntica, 2007, 192 p.
Luanda, Angola, 20 de Agosto de 2010.
Assinatura
______________________________
César Faria da Silva
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