O documento descreve um projeto no Presídio Central de Porto Alegre que fornece atividades culturais e educacionais para presos em tratamento de drogas. O projeto é liderado por uma advogada voluntária e tem como objetivo promover a expressão e consciência dos direitos dos presos. As atividades incluem oficinas de fotografia, shows musicais e uma biblioteca jurídica. O projeto tem melhorado a convivência entre os presos e dado a eles esperança para o futuro depois de cumprirem suas penas.
2. 02/07/2015 Projeto em galeria do Presídio Central integra presos em tratamento de drogas
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Projeto em galeria do Presídio Central integra
presos em tratamento de drogas
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O que está preso é o corpo, não a mente. As palavras que abrem este texto formariam nada mais do
que uma frase de efeito, não fosse a dedicação de uma jovem de 30 anos, advogada, jornalista, mestre
em Direito e voluntária no Presídio Central de Porto Alegre.
Movida pela convicção de que não existe direito se não houver prática, há dois anos Carmela Grüne
visita semanalmente o presídio considerado o pior da América Latina para desenvolver um projeto
que garanta aos detentos liberdade, pelo menos, para se expressar.
— Por que as pessoas que estão presas precisam ser infelizes? Por que as memórias desse tempo no
cárcere precisam ser apagadas? — questiona.
Criada em 2011, com apoio do Ministério Público do Estado (MP) e da Superintendência dos Serviços
Penitenciários (Susepe), para atender presidiários em tratamento de dependência química, a galeria
batizada com o sugestivo nome de "Luz no cárcere" era o espaço que Carmela buscava desde 2010
para poder agir no Presídio Central. Como era preciso reorganizar a forma como os presos usavam o
tempo, Carmela, que já visitava semanalmente a área administrativa do Central, achou uma brecha
para colocar cultura e cidadania na agenda dos detentos.
Os encontros são sempre registrados em fotos e vídeos, captados e editados por Carmela, com ajuda
do realizador audiovisual João Antônio Teixeira Junior, 24 anos, também voluntário.
— Uma coisa é dar a máquina, outra coisa é trabalhar o interior deles e saber o que eles vão transmitir
com aquela máquina. Aí eles começam a ver como eles são capazes de dizer o que pensam com
legitimidade — frisa Carmela.
A consciência sobre os próprios direitos é tema frequente de discussão nas visitas de Carmela, que
montou uma biblioteca com livros jurídicos para que os apenados possam se aprofundar no assunto.
Outras intervenções da jovem no ambiente são bem mais sutis. Um espelho foi colocado na sala de
convivências da galeria E1 — onde estão 61 presos — para que eles possam se ver. Fotos da turma
estão fixadas em um painel para gerar mapas de memória. As grades da sala foram cobertas com
cortinas brancas. O verdeescuro até a metade das paredes deu lugar ao branco, com a participação
dos presos na pintura. Um mutirão levou grafiteiros à galeria para colorir o muro do pátio com arte.
Uma vez por mês, uma banda faz show na E1.
Talvez o resultado mais simbólico desse ressignificado do espaço prisional seja percebido na
convivência entre os detentos. Muitos ali eram pequenos traficantes, vendiam droga para sustentar o
vício. Alguns mataram, outros roubaram, há quem tenha matado e roubado por causa da droga.
Vieram de um período obscuro em que "eliminar" o outro era questão de sobrevivência. Hoje,
enaltecem a solidariedade. Fazem questão de mostrar como cada um ajuda o outro com os
conhecimentos que tem, seja uma receita de bolo ou assessoramento jurídico. É isso que os faz agora
melhores do que antes. É isso que lhes dá esperança de amanhã voltar para a rua melhor do que
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