O Hospital Regional de Alto Vale possui uma dívida de R$15 milhões que vem crescendo R$300-400 mil por mês. Apesar de medidas de economia, o diretor da Fusavi diz que a única solução é um repasse de verbas do governo estadual. O hospital também vem avaliando fechar o programa de residência médica para cortar custos.
1. Rio do Sul, 21 a 28 de abril de 2011 Pág.5
Dívida do Hospital Regional é de R$ 15 milhões
Mesmo com os programas de economia implantados na instituição, a dívida cresce entre R$ 300 e R$ 400 mil ao mês.
No período em que o governador car com o ônus é possível sim que o hospi-
Raimundo Colombo usou para se inteirar da tal tome essa decisão para redução de cus-
situação administrativa e financeira do go- tos”, argumenta Schulle.
verno do Estado, a dívida do Hospital Regi-
onal Alto Vale aumentou cerca de R$ 1 mi- Boicote no plantão?
lhão de reais. Nesses 120 dias, a direção da A denúncia encaminhada ao jornal A Ci-
Fundação de Saúde do Alto Vale do Itajaí dade, de que os médicos plantonistas boi-
(Fusavi) e a diretoria do hospital administra cotaram o plantão do final de semana entre
a dívida que cresce sistematicamente na or- 8 e 10 de abril foi desmentida, tanto pelo
dem de R$ 300 mil a R$ 400 mil por mês. Se- diretor da instituição, como pelo presiden-
gundo o presidente da Fusavi, Vilson te da Fusavi. Os dois preferem acreditar que
Schulle, a dívida líquida atual é de cerca de a falta dos médicos foi motivada por outro
R$ 15 milhões. motivo.
Questionado sobre uma solução para esse De acordo com Oliveira, ocorreu uma co-
problema, Schulle é enfático ao afirmar: “Não incidência. Neste final de semana, uma pro-
há outra solução se não houver um repasse fissional de saúde casou em outra cidade e
de verbas para custeio”. O último convênio os médicos participaram desse evento fes-
para custeio, que é o principal problema ad- tivo. “Houve um pouco de stress no fecha-
ministrativo, foi firmado em 2007, com um mento da escala dos médicos para o plan-
repasse de verbas de R$ 2 milhões. tão, mas o problema foi bem administrado
Segundo Schulle, desde a época de cam- pelo diretor técnico e não prejudicou o aten-
panha, o governador Raimundo Colombo dimento”.
está ciente da problemática do Hospital Re- Os três médicos que não se apresenta-
gional. A direção entende o pedido desse ram ao plantão e não justificaram suas au-
prazo, porém, considera urgente a audiência sências não poderão receber nenhuma pe-
com o chefe do executivo estadual logo no nalidade pelo ocorrido. “Esses médicos não
início do mês de maio. “O prefeito Milton têm vinculo empregatício com o hospital e
Hobus é o interlocutor desse processo”, ex- Segundo Vilson Schulle, não há outra solução se não houver um repasse de
não há como penalizar esses profissio- verbas para custeio.
plica. nais”, explica Schulle.
O presidente da Fusavi se compromete em
aguardar o encerramento do prazo, porém, estruturais e administrativos em parceria com dução de despesas vinculadas ao atendi-
adverte que se não houver a vontade ex-
Medidas de economia todos os colaboradores. mento médico”, explica Schulle. Outra di-
pressa do governador em prestar auxílio fi- Desde o início do ano, o hospital vem Foi estabelecido um grupo de trabalho no ficuldade é a redução da folha de paga-
nanceiro a direção terá que decidir por solu- adotando medidas de redução de gastos Hospital Regional Alto Vale que ficará respon- mento e dos honorários médicos.
ções mais drásticas, as quais, sável pelo gerenciamento do con- Segundo o presidente da Fusavi, está
não quis adiantar. sumo de energia elétrica, água e te- sendo realizado um intenso trabalho para
lefone. que as pessoas, ao invés de procurarem
Outra função importante da equi- o Pronto Socorro do Hospital Regional,
Residência médica pe é envolver funcionários, paci- procurem as unidades de atendimento
O fechamento do curso de entes, acompanhantes e visitantes, municipais. “Esse atendimento primário
Residência Médica, conveniado num processo de conscientização é de obrigação do município, levando em
com o Centro Universitário para e racionalização do consumo de consideração que o hospital é
o Desenvolvimento do Alto Vale energia elétrica, água e telefone. direcionado aos atendimentos de urgên-
do Itajaí (Unidavi) é uma alter- Para demonstrar que as medidas cia e emergência”, argumenta.
nativa avaliada pela diretoria do apresentam bons resultados, Oli- Com relação ao uso de medicamentos,
hospital e pela Fusavi para re- veira nos mostra dados importan- Schulle afirma que há desperdício: “Esse
dução de custos. tes de economia. Em 2010, o hospi- é o ponto que estamos atacando com mai-
Atualmente, seis residentes tal gastou cerca de R$ 18,7 mil com or ênfase”, explica.
prestam serviços ao hospital. De a conta de água em abril. No mes- A diretoria trabalha com a aplicação do
acordo com o diretor do hospi- mo mês de 2011, caiu para R$ 6,6 protocolo de procedimento médico da
tal, Osmar Arcanjo de Oliveira, mil. A situação se repete em rela- Organização Mundial de Saúde (OMS).
“o médico residente só pode ção ao consumo de energia elétri- Quem comanda esse protocolo é o médi-
atender sendo acompanhado por ca. Em abril de 2010 foram gastos co infectologista do hospital, em parce-
um médico preceptor. O custo cerca de R$ 53,5 mil sendo que o ria com o corpo clínico da instituição.
da Residência Médica para o valor foi reduzido para R$ 39,6 no “Com esta ação, estaremos influencian-
hospital é de cerca de R$ 18 mil mesmo mês de 2011. do diretamente na redução de gastos com
por mês”, explica. No mês de março de 2010, a ins- antibióticos, levando em consideração
O hospital vem mantendo os tituição gastou com telefonia cer- que haverá um maior controle sobre es-
residentes exclusivamente com ca de R$ 6,9 mil, sendo que este tes insumos”, explica o diretor.
recursos próprios. O convênio valor foi reduzido para R$ 2,6 mil, A direção também está implantando
com o Ministério de Educação Segundo Osmar Arcanjo de Oliveira, o custo da Residência Mé- no mesmo mês, em 2011. uma mudança no software de
nunca foi cumprido. “Se for ex- dica para o hospital é de cerca de R$ 18 mil por mês. Outro projeto, idealizado com gerenciamento dos procedimentos médi-
clusivamente para o hospital ar- a Comissão Interna de Preven- cos. Segundo Oliveira, no sistema os
ção de Acidentes (CIPA), tem como obje- médicos copiavam e colavam os prontu-
tivo se adequar a nova Lei da Política Na- ários que eram seguidos pela enferma-
cional de Resíduos Sólidos, que através gem do hospital. “Em algumas situações,
da conscientização busca reduzir em 20% exames que estavam no prontuário ante-
o valor gasto com a destinação do lixo hos- rior eram feitos novamente sem neces-
pitalar. Em abril de 2010, foram gastos para sidade, onerando ainda mais o orçamen-
destinação correta desse lixo, cerca de R$ to do hospital”. Com as alterações nos
14 mil. No mesmo mês de 2011, o gasto foi softwares, os médicos terão que solici-
de R$ 11,7 mil. tar e argumentar, individualmente, os exa-
“Esses resultado são possíveis graças mes que devem ser realizados.
a colaboração dos funcionários do hospi- De acordo com Schulle, “essas inicia-
tal”, agradece Oliveira. tivas mostram que o hospital está fazen-
“Mas, há grande dificuldade para a re- do sua parte”, finaliza.