Crescer é um desafio que se renova a cada dia, até o último!
O grande desafio é crescer sem embrutecer ou descrer...
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1. Crescer
Quando eu crescer, quero ser criança!
Quero conservar a capacidade de me encantar com coisas simples, ter
disposição para repetir várias e várias vezes algo que me dê prazer e ver a vida com
olhos virgens. Lembrar que a sabedoria adquirida com o passar dos anos é boa, mas
tem igual importância a disponibilidade em aprender e tentar. Não ter vergonha de
chorar quando me magoar ou machucar, nem de rir alto e solto quando sentir alegria.
Dançar e cantar quando tiver vontade, do meu jeito e para mim, sem me preocupar
com os outros.
Quero ainda conseguir observar com surpresa e interesse renovado as situações
e pessoas, tendo o prazer de absorver algo com a sensação de ser novo e enriquecedor.
Adaptar-me facilmente e sem preocupações desnecessárias, agindo com a certeza que
o local e a hora para ser feliz é agora, onde estou. Continuar a dormir naturalmente,
sem a necessidade de remédios, um sono pesado que aparece de surpresa e envolve
rápido, de quem não deve e não teme.
Quando eu crescer, quero não ter vergonha de mostrar meus desejos, nem
constrangimento em receber ajuda. Quero falar com as plantas e os animais como
meus iguais, todos seres vivos que merecem o mesmo tratamento digno.
Quero conservar ao máximo a capacidade de ver magia no cotidiano, de viver
um dia como se durasse um ano e um ano como se demorasse uma pequena vida.
Conservar na memória, no nariz, na língua e na pele sensações que me acompanharão
pelo resto da vida, formando sem querer um patrimônio que servirá de alicerce para
erguer minha segurança e confiança.
Quando eu crescer, quero ser um velho com as qualidades de uma criança.
Viver a vida em preto e branco, certo e errado, bom e ruim, sem a enorme zona
cinzenta das relatividades e conveniências que confunde e oprime a maioria dos
adultos.
Mas acima de tudo, espero poder chegar à velhice com os cabelos brancos e os
olhos embaçados e gastos pelo tempo, tendo ainda a capacidade de ver bondade nas
pessoas. E mesmo naquelas que, sabendo que não são boas, ter uma esperança
(quase certeza) que têm bondade em sua essência, mas naquele momento não podem
ou não querem mostrar ou agir de forma certa. E que bastará uma oportunidade para
fazerem o que é correto, de modo a todos se sentirem felizes.
Imagem:
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Autor:
Sylvio Bazote
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