Calliandra spinosa - Uma Nativa Que Encanta

Uma espécie nativa que encanta...
Sergivaldo Costa

Sergivaldo Costa – Bonsai Nativos do Nordeste – Cabedelo - PB
Nome Popular: Umari-bravo, umarizeiro-
bravo, umarizeiro, caliandra.
Nome Científico: Calliandra spinosa
Ducke, da família das Leguminosas
Mimosóideas.
Origem: A Calliandra spinosa é uma
espécie tropical brasileira, habita nos
Sertões Nordestinos, com forte
predominância no Estado do Ceará,
em áreas onde o solo, impermeável e
pedregoso, é pobre em nutrientes.

Características
Arbusto de aspecto singularíssimo,
de galhos tortuosos, excessivamente
ramificados, com folhinhas miúdas,
muitas vezes inteiramente cobertos
de perfumadas flores com estames
brancos muito compridos.
Essas flores assumem, ao murchar,
uma coloração avermelhada que
propicia a esses arbustos, um
magnífico aspecto.

No Nordeste Brasileiro não existem as Quatro Estações bem definidas. Nosso
Inverno é caracterizado por um período de chuvas, enquanto que o Verão
caracteriza-se por um longo período de estiagem ou seca.

No Inverno (Chuvas)
Durante o período das chuvas e até
enquanto o solo mantem-se úmido, as
folhas da Calliandra spinosa são de um
verde intenso, brilhante. De forma
análoga, assim se comportam os bonsai
quando regados adequadamente
Seus galhos, enquanto ramos finos,
alongam-se e caem em queda livre,
dando o aspecto singular de um "estilo
chorão".
Nos exemplares mais jovens e menores,
a massa foliar adquire um formato
arredondado, compacto, lembrando um
trabalho de topiaria.

Nos períodos da seca, em seu
habitat natural, a Calliandra spinosa
perde todas suas folhas, o que nos
permite classificá-la como uma
espécie caducifólia, deixando à
vista toda beleza da textura da sua
casca e, especialmente, a estrutura
tortuosa do seu caule e galhos,
elementos bastante valorizados por
nós, bonsaistas.
Essa é a melhor Estação para se
fazer coletas pois possibilita uma
melhor avaliação do material a ser
extraído e menor tempo de
recuperação.
No Verão, Estiagem

Ambiente Natural (1)
A Calliandra spinosa tem como habitat natural os solos pedregosos e pobres em
nutrientes do Sertão Nordestino, predominantemente no Estado do Ceará.
Onde proliferam as Calliandras spinosas, apenas cactáceas e outras espécies
xerófitas conseguem sobreviver.

Ambiente Natural (2)
Os espécimes com troncos mais grossos normalmente são encontrados em
terrenos que acumulam água durante o período das chuvas (lagoas).

a) A partir de sementes (Misho) – É o método que requer o maior tempo para a
formação do bonsai. Entretanto, é bastante prazeroso pois nos permite acompanhar,
passo a passo, o desenvolvimento da planta, bem como o controle absoluto da idade
da mesma.
Considerando que a Calliandra spinosa produz uma grande quantidade de
sementes, é um método que deve ser bastante explorado.
Além disso, é um método que muito contribui para a preservação e disseminação da
espécie
Formas de Obtenção (1)

b) A partir de estacas (Sashiki) - A Calliandra spinosa “pega” facilmente a
partir de estacas. O ideal é que sejam escolhidas estacas com boa
formação (textura e movimento) e que sejam saudáveis, isto é, vivas e
recém cortadas.
Seleção da estaca Preparação Resultado

c) A partir de Alporquia (Toriki) - Esse método, bem mais eficaz que a estaquia,
também proporciona a aquisição de excelentes bonsais.
Geralmente, adquirimos algumas plantas que possuem galhos com excelente
movimento mas que, face ao projeto que elaboramos para nosso bonsai, temos que
eliminá-los. Nesses casos, por questão de segurança, é preferível fazer uma
alporquia ao invés de simples estaquia, principalmente para galhos mais grossos.

d) YAMADORI (plantas coletadas na natureza) – É um dos métodos mais
compensadores para se obter um bonsai de qualidade. Na natureza, há plantas que
são verdadeiras obras de arte e que são excelentes para o cultivo do bonsai.
Entretanto, devemos sempre respeitar o meio ambiente, não retirando árvores em
excesso e sem qualidades que se prestem à pratica do bonsai, quer por falta de
conhecimentos técnicos ou mero interesse comercial.

No Verão, quando as Calliandras spinosas encontram-se totalmente desprovidas
de folhas, tem-se o período mais indicado para se fazer o yamadori. Desta forma, é
possível analisar melhor toda a estrutura da planta, constatar se o material possui
boa qualidade, se possui um bom nebari, movimento de tronco sinuoso, boa
distribuição de galhos e, também, se não está morta.
Com essa convicção em mente, procede-se à eliminação dos galhos mal formados
e que não servirão para o projeto do bonsai em mente.

e) Compra em lojas especializadas e coletadores de plantas – Devido ao
grande sucesso da Calliandra spinosa, a procura por essa espécie aumentou
consideravelmente. Em consequência disto, multiplicou-se o número de pessoas
interessadas em extraí-las da natureza, principalmente objetivando o comércio.
Na hora de comprar, é bom ter em mente alguns critérios básicos:
• Plantas com mais raízes recuperam-se mais rapidamente;
• Não esquecer o valor de um bom nebari;
• Plantas com acentuada conicidade e movimento, principalmente no primeiro
terço da árvore, são meio caminho andado;
• Plantas com troncos e galhos sinuosos são muito mais atraentes;
• Plantas com boa distribuição de galhos oferecem mais alternativas de
estilização;
• Jins, Sharis, Uros e madeira morta, naturais, enriquece ainda mais o bonsai;
• Não adquira plantas que você não consegue enxergar um bonsai nelas.

Cuidados com Plantas Recém Coletadas
• Reduzir as raízes já pensando no tamanho do vaso que o futuro bonsai irá
estar;
• Eliminar galhos malformados e reduzir galhos muito longos, cortando-os e
observando os critérios da proporção;
• Colocar as plantas em um balde ou bacia com água, adicionar Superthriver ou
outro hormônio enraizador e deixar de molho por algumas horas;
• Procure envasar suas plantas no ângulo correto, evitando ângulos retos ou de
180º;
• Ao envasar as plantas, utilize substrato para bonsai;
• Após envasadas, regue-as abundantemente;
• Coloque as plantas em um ambiente protegido da luz solar direta e de
correntes de ar;
• Diariamente, regue as plantas em sua totalidade, substrato e estrutura aérea;
• Somente quando as plantas estiverem completamente recuperadas, adube-as
e as coloque diretamente ao sol.

Onde Cultivar (Situação)
A Calliandra spinosa é uma espécie
que, na natureza, vive sob sol intenso..
Para que se desenvolva saudável e
produzindo flores intensamente, é
necessário que a mesma receba uma
grande quantidade de luz solar,
podendo ser direta, sem nenhuma
proteção ou anteparo, ou filtrada, com
uso de telas de sombreamento.
A falta de luz proporciona folhas com
um verde mais escuro, entretanto os
galhos crescem mais estiolados, com
entrenós largos, pouca ou nenhuma
floração e maior susceptibilidades às
pragas e doenças.

Substrato (1)
Boa retenção de água: O substrato deve manter e reter quantidade suficiente de
água que mantenha a umidade do bonsai entre uma rega e outra;
Boa drenagem: O substrato deve possuir a a capacidade de deixar fluir
rapidamente o excesso da água das regas e das chuvas. Solos compactados ou
com muita matéria orgânica tendem a reter muita umidade, dificultam a aeração no
substrato e propiciam o acúmulo de sais, nocivos à saúde da planta.
Boa aeração: As partículas utilizadas em uma mistura de solo de Bonsai devem
ser de tamanho suficiente para permitir a formação de pequenas lacunas ou bolsas
de ar entre cada partícula. Além da necessidade de oxigênio para as raízes,
também é importante

Substrato (2)
Material utilizado: Utilizar componentes que mais facilmente encontramos em
nossa região: telha ou tijolo picado, pedriscos ou cascalhos de rio, akadama, turfa,
etc.
Proporção dos componentes: Não existe uma fórmula mágica, universal, de
substrato para cultivo de bonsai. O que mais importa é que o composto resultante
possua boa retenção de umidade, boa drenagem, excelente aeração.

Substrato (3)
Exemplos de substratos para Calliandra spinosa que tenho utilizado, com êxito:
• 100% de pedriscos, cascalho de rio, telhas ou tijolos triturados e peneirados,
com estruturas entre 3 a 5mm de diâmetro;
• 80% de pedriscos, cascalho de rio, telhas ou tijolos triturados e peneirados, com
estruturas entre 3 a 5mm de diâmetro + 20% de turfa peneira;
• 50% de pedriscos ou cascalho de rio + 50% de telhas ou tijolos triturados e
peneirados, com estruturas entre 3 a 5mm de diâmetro
• 40% de pedriscos ou cascalho de rio + 40% de telhas ou tijolos triturados e
peneirados, com estruturas entre 3 a 5mm de diâmetro + 20% de turfa peneira;
O tijolo, a telha ou o pedrisco de rio propiciam a drenagem e aeração necessárias
ao bom desenvolvimento das raízes, além de retenção de parte dos micronutrientes
transportados pela água das regas e a turfa, que são restos de folhagens e galhos
decompostos, é excelente na retenção da umidade, além de auxliar na nutrição da
planta.

Rega (1)
Regar abundantemente toda a copa e
superfície do vaso, até que a água
escorra pelos orifícios de drenagem do
mesmo.
Durante o Verão, rega-se tantas vezes
quanto forem necessárias, sempre que o
solo estiver com a superfície levemente
seca.
A Calliandra spinosa "bebe" muita água,
mas não é aconselhável manter seu
substrato encharcado, pois isto favorece
a proliferação de pragas e doenças,
especialmente relacionadas à podridão
de suas raízes ao nível do nebari.

Rega (2)
Na estação das chuvas devemos
suspender as regar, retornado apenas
quando as chuvas pararem e o substrato
estiver com a camada superior levemente
seca.
Em regiões onde chove muito, deve-se ter
o cuidado de não deixar que a planta
permaneça encharcada por muito tempo,
pois além dos problemas relacionados às
pragas e doenças, a textura corticosa da
Calliandra spinosa favorece o
desenvolvimento de musgos e ervas
daninhas, como a "brilhantina" (Pilea
microphylla) o que, além da aparência de
maus tratos, contribui para o
apodrecimento da casca.

Rega(3)
Nesses casos, é aconselhável protegê-la do excesso de chuvas, utilizando um filme
plástico daqueles utilizados em estufas agropecuárias ou, pelo menos, colocá-la
numa varanda, onde a chuva não possa atingi-la diretamente.
DICA: https://ricardopaiva.wordpress.com/2015/05/05/monte-uma-estufa-facil-facil/

Poda (1)
A Calliandra spinosa adora podas, quer sejam radicais ou simplesmente de
manutenção. Outra característica dessa espécie é que sua brotação é intensa nos
pontos onde regularmente é podada.
Poda Radical para Definição da Estrutura Básica – Necessária quando se faz o
yamadori ou quando se adquire uma planta oriunda desse método. Reduzir os
galhos observando as devidas proporções;

Poda de Formação da Copa – Necessária após a completa recuperação da
planta.
• Se a espessura dos galhos forem muito desproporcionais, selecione os mais
saudáveis e bem posicionados, eliminando os demais, arame-os se necessário
for e deixe-os crescer a fim de engrossarem mais;
• Se os galhos forem compatíveis em espessura, faça a seleção, arame-os e
faça as podas devidas e deixe-os crescer novamente;
• E assim o processo continua: Selecionar, cortar, deixar crescer, selecionar...
• Quanto mais se podar a Calliandra spinosa, mais ramificada será a sua
estrutura aérea.
Poda (2)

Adubação
Pela praticidade e resultados obtidos, tenho
utilizado o Osmocote-Plus, 15-9-12, que é um
fertilizante mineral de longa duração (8 a 9
meses).
Aplico diretamente sobre o substrato, quando
não há o risco de que o mesmo seja levado
pela água das regas, ou em copos reciclados
de café.
.

Adubação
Outro produto que tem apresentado bons resultados é o adubo TaeGold,
sobretudo no estímulo à floração, embora sua aplicação requeira reposições
constantes..
.

A Calliandra spinosa é muito
versátil quanto aos estilos e
pode ser conduzida em
praticamente qualquer um
deles. A única ressalva, talvez,
seja quanto ao estilo Ereto
Formal ou Chokan, que requer
um tronco totalmente retilíneo, o
que é praticamente impossível
nessa espécie tipicamente
tropical.
Condução ou Estilização (1)

. Uma espécie nativa que encanta...
Conífera?... Tropical?

Coníferas, possuem crescimento monopodial,
isto é, predomina o crescimento em um único
eixo principal, que cresce verticalmente e os
ramos laterais possuem crescimento lento e
obliquo.

A Calliandra spinosa possui
uma forma de crescimento
simpodial, isto é: várias gemas
participam simultaneamente na
formação de cada eixo ou
galho.

Literato ou Bunjin

Ishisuki (sobre a rocha)

Penjing / Chorão

Meia Cascata (Han-Kengai)

Ereto Informal

Ereto Formal

Varrido pelo vento (Fukinagashi)

“Feliz aquele que transfere o que sabe e
aprende o que ensina.” (Cora Coralina)
Sergivaldo
“Feliz aquele que transfere o que sabe e
aprende o que ensina.” (Cora Coralina)

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