O documento discute vários fatores que contribuem para a satisfação no trabalho, incluindo se a atividade é agradável, as relações com colegas e chefias, e possibilidades de evolução na carreira. Também sugere que em busca de maior qualidade de vida, alguns trabalhadores migram de cargos administrativos para postos operacionais.
2. Cada um de nós gosta de exercer uma atividade remunerada, a que poderá chamar um
trabalho. Isto, porém, não é pacífico nem simples de acontecer.
Para além dos valores económicos e financeiros em causa terem que compensar o esforço
despendido, as viagens, o vestuário e outros investimentos necessários, há ainda outras
componentes em causa:
- a atividade em si que exerço, é-me agradável e sinto-me realizado com a mesma? Consigo
neste trabalho utilizar todos os meus recursos ou capacidades naturais? Ou pelo contrário faço
tarefas rotineiras, mecânicas, não me permitindo liberdade de expressão ou de criatividade,
das quais eu gosto?
- a envolvente social é agradável? Os colegas e as chefias são simpáticas, acolhedoras e
colaboradoras, tendo em vista o alcance dos objetivos da organização num ambiente
agradável a todos? Ou pelo contrário, há uma competição desenfreada, pelas avaliações, pelas
promoções, pelos prémios, ou porque um colega mais velho ou mais qualificado, a exercer as
mesmas funções tem um salário várias vezes superior ao meu, por exemplo?
- o enquadramento físico, a nível de condições de trabalho é igualmente fulcral. Nos últimos
anos, a formação e a inspeção por parte de entidades publicas e privadas em termos de
higiene, medicina e segurança no trabalho tem aumentado, mas, ainda deixa muito a desejar
em muitos locais que são sempre esquecidos …
- há possibilidades de formação interna ou financiada pela entidade patronal? Seja em áreas
de interesse direto do desempenho atual das suas funções, seja em áreas do interesse pessoal
do trabalhador. Torna-se um fator importante e motivador!
- a carreira é estagnada ou permite evolução? Pode-se mudar de carreira, ainda que por
concurso e tendo alguma formação ad-hoc, ou ficamos sempre no mesmo trabalho a ter as
mesmas tarefas, ad eternum?
Porque a resposta a estas questões nem sempre é a melhor, cada vez mais vejo exemplos de
trabalhadores de colarinho branco (designação para os trabalhadores administrativos nos anos
90 na literatura anglo-saxónica) que decidem, por motivos diversos passar a ser trabalhadores
de colarinho azul (designação para os trabalhadores operários, agricultores e todos os demais
em que é frequente sujar as mãos e outras partes do corpo no seu trabalho, de acordo com a
literatura antes indicada). Os rendimentos podem ser menores, no início.
A nível de stress, ansiedade, assédio moral e outros problemas laborais, mais notados nos
meios administrativos, e nas profissões mais bem remuneradas, seguramente que com essa
transição, esses trabalhadores ganham anos de vida e uma melhor qualidade de vida.
Afinal, todos precisamos uns dos outros. Numa sociedade, como a nossa, todos os dias são
necessários os varredores de rua e os coletores dos resíduos urbanos, os padeiros e
pasteleiros, as forças da ordem, os médicos, enfermeiros e afins, os professores, auxiliares e