1. FATEC CARLOS DRUMOND DE ANDRADE
Cynthia Maria Joaquim Batista dos Santos
RA 0029625
TRABALHO DE GRADUAÇÃO INTERDISCIPLINAR
PLANEJAMENTO DA COLEÇÃO “NEGRO É LINDO”:
PRIMAVERA-VERÃO 2012/2013
SÃO PAULO
2012
2. Cynthia Maria Joaquim Batista dos Santos
PLANEJAMENTO DA COLEÇÃO “NEGRO É LINDO”:
PRIMAVERA-VERÃO 2012/2013
Trabalho de Graduação Interdisciplinar do Curso de Tec-
nologia de Design de Moda, apresentado à Faculdade de
Tecnologia Carlos Drummond de Andrade – Campus Ta-
tuapé.
Orientadora: Profª. Mercia Lopes
SÃO PAULO
2012
3. Cynthia Maria Joaquim Batista dos Santos
PLANEJAMENTO DA COLEÇÃO “NEGRO É LINDO”:
PRIMAVERA-VERÃO 2012/2013
Trabalho de Graduação Interdisciplinar apresentado à Faculdade de Tecnologia Car-
los Drummond de Andrade, aprovado pela Banca Examinadora
BANCA EXAMINADORA
__________________________
__________________________
__________________________
__________________________
SÃO PAULO
2012
4. DEDICATÓRIA
Dedico à realização desse Trabalho de Graduação Interdisciplinar aos meus docen-
tes, familiares e amigos que disponibilizaram seu tempo me ouvindo e me auxiliando
no desenvolvimento desse projeto.
5. AGRADECIMENTO
Agradeço meus pais Roberto e Silvia, meu marido Michael, meus cunhados Gledson
e Marcela, meus irmãos João Vitor e Carolina, a todos meus amigos e parentes que
compreenderam minha ausência, aos donos e funcionários das marcas Pegada Pre-
ta e Cresposim por me passarem um pouco de suas experiências no mercado de
moda voltado ao público negro e a todos que de uma forma direta ou indireta colabo-
raram para a realização desse projeto.
6. “Primeiramente, encontre algo que você goste tanto de fazer que não se importe de
fazê-lo sem receber nada por isso; aprenda então a fazê-lo tão bem que as pessoas
se sintam felizes em lhe pagar para que faça.”
Walt Disney
7. RESUMO
A coleção, “Negro é Lindo” tem como propósito apresentar todas as etapas usadas
no planejamento de uma coleção. O objetivo desta é trazer a discussão acadêmica à
metodologia do planejamento e da criação de uma coleção. A construção foi estabe-
lecida por meio de leituras e reflexões teóricas, bem como observações comporta-
mentais do público escolhido e do mercado que atende suas necessidades. Trazen-
do definições de design, produto e as etapas de planejamento, essa coleção tem um
apelo cultural e artístico voltado ao público negro.
Palavras-chaves: Negros, Metodologia de Desenvolvimento de Coleção, arte, cultu-
ra, design, produto.
8. ABSTRACT
The collection, "Black is Beautiful" aims to present all the steps used in planning a
collection. The purpose of this is to bring the academic discussion of the
methodology of planning and creating a collection. The construction was established
through readings and theoretical reflections as well as behavioral observations of the
chosen audience and the market that meets your needs. Bringing definitions of
design, product and planning stages, this collection has an appealing cultural and
artistic geared towards black.
Keywords: Black, Collection Development Methodology, art, culture, design,
product.
9. SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................10
2. BRIEFING....................................................................................................11
2.1 Perfil Da Empresa...........................................................................11
2.2 Quem Somos..................................................................................11
2.3 Público Alvo....................................................................................12
3. DESENVOLVIMENTO................................................................................13
3.1 Planejamento De Coleção..............................................................13
3.1.1 Reunião De Planejamento................................................13
3.1.2 Cronograma......................................................................14
3.1.3 Mix De Produto/ Mix De Moda..........................................14
3.1.4 Pesquisa De Tendências..................................................15
3.2 Inspiração............................................................................16
3.2.1 Painel De Inspiração.........................................................16
3.2.2 História Da Arte.................................................................17
3.2.3 História Da Indumentária..................................................19
3.3 Cartelas De Cores/ Aviamentos/ Tecidos......................................25
3.3.1 Cores................................................................................25
3.3.2 Aviamentos.......................................................................26
3.3.3 Tecidos.............................................................................26
3.4 Design De Produto.........................................................................27
3.4.1 Desenhos.........................................................................27
3.4.2 Esboços............................................................................27
3.4.3 Desenho De Moda............................................................28
3.4.4 Desenho Técnico..............................................................30
3.4.5 Estampas e Bordados......................................................33
3.4.6 Ficha Técnica...................................................................35
3.5 Lançamento/ Divulgação................................................................37
3.5.1 Release.............................................................................37
3.6 Visual Merchandising......................................................................38
3.7 Contabilidade E Custos..................................................................39
METODOLOGIA ...........................................................................................42
CONCLUSÃO..................................................................................................43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................44
ANEXOS..........................................................................................................46
APÊNDICES....................................................................................................54
10. 10
1. INTRODUÇÃO
A moda de uma forma romântica de ver é uma representação artística de ex-
pressar sentimentos e despertar sentidos seguindo ou não as tendências sugeridas.
Como designer sei, que desenvolver um produto é muito mais que projetar algo que
satisfaça uma necessidade e que estimule prazer, tenho que ter a ciência de que a
moda é um fenômeno sociocultural que influencia cada vez mais as pessoas e o
mundo em si. Pensando nisso que nesse Trabalho de Graduação Interdisciplinar tem
como propósito planejar uma coleção que deixe bem claro essa minha visão.
Para a concepção da coleção “Negro é Lindo” foram feitas análises sobre a
história do negro no Brasil, sobre o crescimento do mercado direcionado ao público
negro e do interesse dos consumidores por esses produtos, contradizendo o que
disse um agente do jornal inglês Daily Mail, que por sinal gerou muita polêmica, on-
de diz: “os negros no Brasil são pobres e não consomem moda”. E após essas cole-
tas a coleção foi desenvolvida dentro da metodologia utilizada para o planejamento
de uma coleção.
Com peças urbanas, feitas de tecidos com composição de algodão e utilizan-
do materiais alternativos, trago em cada peça não só a cultura afro, mas também a
representação do artesanato contemporâneo. A modelagem feminina é feita com
riscos simples e mais amplos, o que nos remete aos estilos usados nos anos 70,
época em que chegou ao Brasil o movimento negro mais popular iniciado no EUA, o
Black-Power. Já as peças masculinas são inspiradas no estilo old school que utiliza
muito as camisetas com estampas expressivas. O uso das cores é uma das caracte-
rísticas da marca e não podem ficar de fora nessa coleção, que traz uma cartela ins-
pirada nos estilos musicais afro.
O objetivo desse projeto é mostrar uma nova opção de mercado e de produtos
com grande demanda e aceitação, mas ainda com grande falta de interesse e quali-
ficação.
Tenho um comprometimento sustentável, que explora os três campos: cultural
com o fornecimento das informações sobre cultura; econômico que leva a um cres-
cimento sólido e permanente e ambiental onde uso materiais naturais e alternativos,
procurando assim agredir o menos possível o meio ambiente.
11. 11
2. BRIEFING
O briefing tem como objetivo deixar claro o conceito da coleção, ele possibilita
refletir sobre o produto em relação ao mercado e principalmente em relação ao con-
sumidor.
No briefing estão presentes informações que direcionarão na criação dos pro-
dutos, pois ele é um painel onde estão presentes as cores, texturas, formas e várias
outras informações importantes.
2.1 PERFIL DA EMPRESA
Empresa: Etnia
2.2 QUEM SOMOS
A grife Etnia foi criada de forma simples, visando atender a procura do negro
por produtos de moda que o represente, que sejam desenvolvidos de acordo com o
seu tipo físico, seu tom de pele e a sua cultura.
Além da preocupação cultural, também temos uma preocupação com o mun-
do em que vivemos, por isso utilizamos alguns materiais alternativos que para muito
são taxados como lixo, unido assim design e artesanato.
12. 12
2.3 PÚBLICO ALVO
Nosso mercado potencial é constituído por homens e mulheres entre a faixa
etária de 20 a 35 anos, na grande maioria, afrodescendentes que se identificam com
a marca e os produtos apresentados.
13. 13
3. DESENVOLVIMENTO
3.1 PLANEJAMENTO DE COLEÇÃO
Para se planejar uma coleção é preciso estar atento não só as tendências,
mas sim em todo o mundo ao seu redor, pois uma coleção não se restringe apenas
a cartela de cores, aviamentos e tecidos. Ela tem que atender as necessidades e
expectativas do público alvo, além de passar a identidade da marca, criando assim
fidelidade.
O planejamento de uma coleção deve estar alinhado aos objetivos da em-
presa. Não se restringe à cartela de cores, a tecidos e aviamentos. É um
processo muito mais complexo, pois envolve as necessidades do consumi-
dor, as necessidades e o foco da empresa, cronograma de atividades, pro-
cessos de desenvolvimento de produto, custos diretos de produtos, pesqui-
sa de tendências de consumo e tendências de moda. Além disso, a empre-
sa deve se manter fiel ao estilo da marca, isto é, ter uma identidade que fa-
ça com que o consumidor crie vínculos com ela. Deve se concentrar em ati-
vidades que resultem no desenvolvimento de uma coleção adequada ao
público-alvo, dentro de suas expectativas. (Valeska Nakad: 2010,p.10)
O planejamento de uma coleção se dá a partir de um conjunto de informações
colhidas por todos os departamentos que compõem a empresa e essas são apre-
sentadas na reunião de planejamento.
3.1.1 REUNIÃO DE PLANEJAMENTO
A reunião de planejamento é o primeiro passo para o desenvolvimento de uma
coleção, nela estão presentes os diretores da empresa, os gerentes de marketing,
comerciais, de produção e os estilistas.
De acordo com Treptow (2007 apud Pires 2000) a reunião de planejamento:
“visa definir a quantidade de peças que a coleção terá a distribuição das peças no
mix de produtos, o cronograma, tempo de comercialização, capital de giro disponível
e potencial de faturamento”.
Em março foi feita uma reunião de planejamento onde foi definido o tema e e-
laborado um cronograma, organizando todas as atividades que terá termino na pri-
meira semana de setembro.
14. 14
3.1.2 CRONOGRAMA
Um cronograma é uma tabela que varia de acordo com a realidade de cada
empresa e pode ser livremente adaptado, é elaborado geralmente pelo o diretor da
empresa e serve para organizar todas as atividades previstas e estipular as datas de
execução.
Segundo Treptow (2007) a elaboração dele é muito importante em qualquer
projeto para que seja concluído dentro do prazo estipulado, por isso é necessário
que seja seguido à risca.
Abaixo podemos ver o cronograma seguido para o desenvolvimento dessa co-
leção.
3.1.3 MIX DE PRODUTO/ MIX DE MODA
O mix de produto define quais serão os produtos oferecidos na empresa, ele
fica aberto a alterações, permitindo que seja reduzido ou ampliado.
Ao elaborar-se uma coleção deve-se considerar qual o mix que a empresa
já possui e definir, na reunião de discussão, se será mantido, reduzido ou
ampliado. Caso o mix sofra alterações, o designer ou profissional de marke-
ting deverão argumentar qual produto sugere que seja incluído ou retirado
do mix da empresa.
(Treptow:2007)
O mix de moda divide esses produtos em três categorias (básico, fashion e
vanguarda).
O que define o tamanho de uma coleção são as estratégias de comercializa-
ção adotadas pela empresa.
15. 15
MIX DE PRODUTO / MIX
Básico Fashion Vanguarda Total
DE MODA (vestuário)
Short 1 0 2 3
Vestido 1 0 1 2
Calça fem. 1 0 1 2
Regata 2 0 0 2
Saia 0 0 2 2
Blusa 0 0 1 1
Bermuda 2 0 0 2
Camiseta 1 0 3 4
Calça masc. 1 1 0 2
Total 9 1 10 20
45,00% 5,00% 50,00% 100,00%
MIX DE PRODUTO / MIX
Básico Fashion Vanguarda Total
DE MODA (acessórios)
Colares 0 0 4 4
Cabelo 0 0 2 2
Brincos 2 0 2 4
Calçados 0 0 2 2
Total 2 0 10 12
16,00% 0,00% 84,00% 100,00%
3.1.4 PESQUISA DE TENDENCIAS
Para o estilista a pesquisa é uma coisa que tem que ser constante para que
se de inicio ao processo de criação.
A pesquisa de tendências, no entanto é importante para o desenvolvimento de
uma coleção porque serve de suporte para atender as necessidades que estão em
evidência.
Pesquisa de tendência: consiste na construção de conceitos e ideias atra-
vés da coleta de informações da investigação de comportamento. A indús-
tria têxtil transforma as informações em conjuntos de elementos, a cerca de
perfis, estilos que serão tendências ou organiza características e elementos
para cada perfil e estilo de vida diferente. (Braga: 2007)
Com o tempo a algumas empresas perceberam a exigências do mercado e di-
recionaram seus produtos a um público especifico com isso novas estratégias se
fazem necessárias, pois esses consomem por afinidade, sendo assim, os temas são
desenvolvidos de acordo com o estilo de vida do público direcionado.
De acordo com Vicente-Richard (1989) a indústria percebeu que não poderia
mais ir só em direção do mercado usando as tendências para “guiá-lo”, notou que o
16. 16
público está cada vez mais exigente, a fim de ditar a moda, de acordo com as suas
afinidades. Começaram então a ditar cada vez menos tendências especificas e su-
gerem temas que se enquadra ao estilo de vida desses consumidores.
Foram feitas pesquisas de tendências, porém os produtos não são sazonais,
por tanto essas pesquisas não influenciaram diretamente nas escolhas para a defini-
ção do tema e desenvolvimento da nossa coleção.
3.2 INSPIRAÇÃO
A inspiração pode vir de qualquer lugar. Sendo assim, o designer tem que es-
tar sempre atento ao seu redor.
Treptow (2007 apud Jones 2002) que mostra bem isso, que o designer deve
manter os olhos e os ouvidos atentos aos lugares por onde passa, as coisas que vê
e ouve e acima de tudo deve observar as mudanças que acompanham a sociedade.
É a partir dessa inspiração que o designer ou a equipe de criação tem que ter
sensibilidade para definir o tema.
A coleção é inspirada na beleza do negro, na forma diferenciada que ele se
veste, na cultura musical afro, nas representações artísticas contemporâneas e nas
cores do Brasil.
3.2.1 PAINEL DE INSPIRAÇÃO
17. 17
3.2.2 HISTÓRIA DA ARTE
De acordo com Treptow (2009) coleção é um conjunto de produtos previstos
para determinada época do ano, esses produtos possuem harmonia entre si. E ge-
ralmente a relação é de acordo com o tema escolhido, o público que a empresa a-
tende e a identidade da marca.
A coleção, “Negro é Lindo”, se divide em dois segmentos: um masculino que é
voltado para a música negra e um feminino que é voltado para a beleza das orna-
mentações afro, no modo diferenciado do negro se vestir.
Feita com tecidos de composição de algodão e materiais alternativos (que pa-
ra muitos são taxados como lixo), como discos de HD, retalhos de tecidos, garrafas
pets e componentes de uma televisão, a coleção tem como referência a história da
criadora, que sempre teve uma vivência com o artesanato, que cresceu vendo a mãe
e a avó costurando, crochetando e tricotando, além de um grande entendimento com
a sua cultura e descendência.
As obras da artista plástica Taís Ribeiro, assim como sua história, possuem
muita ligação com a coleção apresentada, nela é possível encontrar detalhes em
crochê, riscos simples e um embasamento histórico resgatado da infância.
Em uma entrevista (LOPES, 2011) a artista comenta “tinha uma profunda a-
tração pelas amostras de crochê de minha mãe, pelos carretéis de linha, pelas má-
quinas de costura e tricô...”.
As peças da coleção assim como as obras da artista, são expressas com opo-
sições de cores que se contrastam entre si, contraste também que ocorre entre a
pele negra e elas. Atendendo assim o interesse público direcionado, que tem em seu
histórico um fascínio por cores.
Produzidos de forma artesanal os produtos da coleção “Negro é Lindo” deixa
claro a quem os consome, os sentimentos de quem os criou, assim com as obras da
Taís que relatou na mesma entrevista que seu trabalho começa a partir do momento
que se apaixonou por algum material.
A importância dessa coleção para a moda é que foge da sazonalidade e pas-
sa a ser um produto menos efêmero, que traz em cada peça uma história, uma
conscientização e um apelo artístico, sustentável e cultural.
19. 19
3.2.3 HISTÓRIA DA INDUMENTÁRIA
Pinturas e documentos que retratam os negros na época que foram trazidos
para o Brasil, numa viagem sem volta, podemos perceber que sempre houve uma
forma diferenciada de se apresentar, tanto em relação as cores como nas ornamen-
tações.
Johann Moritz Rugendas_Viagem Pitoresca ao Brasil_ 1835
Jongo-Rugendas
Joham Moritz Rugendas _Festa de Nossa Senhora do Rosário a Padroeira dos Negros
20. 20
É cada vez mais significativo o número de brasileiros que vem dando aten-
ção à necessidade fundamental de olharmos a nossa história também a par-
tir da perspectiva dos descendentes dos africanos, que aqui apontaram ao
longo de séculos e que se panaram definitivamente na formação da nossa
identidade. Araújo (2005)
Essa citação é comprovada com os vários movimentos negros, que originaram
muitos estilos que marcaram ainda mais essa diferenciação.
Nos anos 70 chegou ao Brasil o movimento mais difundido mundialmente, o
Black-Power, onde além dos estilos diferenciados na indumentária também apresen-
taram maior aceitação dos negros com os suas diferenciações físicas e culturais.
21. 21
No final dos anos 80 começo dos 90 começa no Brasil, mais precisamente em
São Paulo o movimento Hip-hop onde apresentou novas mudanças.
23. 23
Nos dias de hoje os negros juntam na sua forma de se vestir trajes diversos
que acabam contando sua história por apontarem traços e componentes que assu-
mem a sua ancestralidade.
25. 25
3.3 CARTELAS DE CORES/ AVIAMENTOS/ TECIDOS
As cartelas devem ser elaboradas de acordo com o tema escolhido e as cores
e materiais oferecidos pelos fornecedores.
De acordo com Treptow (2007) a cartela de cores para ter melhor visualização
de ve ser apresentada sobre o fundo branco respeitando uma margem de 1cm entre
uma cor e outra.
É muito importante que essas cores sejam apresentadas com nomes ou códi-
gos.
O tecido é a principal matéria-prima de uma confecção. E a cartela de tecidos
visa mostrar os materiais uados na coleção.
A cartela de tecidos é feita com amostras dos tecidos utilizados apresentando
as texturas, composições e espessuras. Esses tecidos devem estar de acordo com a
estação e o tema proposto.
Para uma coleção equilibrada em tecidos e cores recomenda-se que o desig-
ner desenvolva uma tabela, onde cruza as informações, para avaliar se todas as co-
res propostas na cartela de cores estão sendo utilizadas nos tecidos escolhidos.
(TREPTOW: 2007, p.126)
Os aviamentos compõem as peças podendo ter função componente ou função
decorativa, além de ter visibilidade aparente ou não aparente.
3.3.1 CORES
As cores são inspiradas nos estilos musicais afro.
26. 26
3.3.2 AVIAMENTOS
FUNÇÃO VISIBILIDADE
Componente Decorativo Aparente Não Aparente
Linhas100% algo- Etiqueta externa Botões. Entretela.
dão; informando local
Etiqueta de com- de origem.
posição, de tama-
nho e de CNPJ;
Etiqueta de instru-
ções de conser-
vação.
Fonte: Treptow (2007, p. 130)
3.3.3 TECIDOS
Pensando em agredir menos o planeta em que vivemos todos os tecidos utili-
zados são de composição de algodão.
27. 27
3.4 DESIGN DE PRODUTO
3.4.1 DESENHOS
Desenhar é muito importante para os profissionais que decidem trabalhar com
criação.
Após a definição do tema, elaboradas as cartelas de cores, tecidos e aviamen-
tos, inicia-se uma nova etapa para o designer, a da criação dos modelos. A partir
desse momento são elaborados propostas através de rabiscos que são denomina-
dos esboços.
3.4.2 ESBOÇOS
Para se chegar a uma peça final são precisos vários esboços para que se
possa amadurecer a ideia.
Um esboço não tem compromisso estético ou comercial. TREPTOW (2007,p.
140) diz que: “[...] ele serve para que o designer transfira para o papel, de maneira
rápida, uma série de ideias. Muitas vezes pode ser apenas um lado da peça dese-
nhando (direito ou esquerdo) ou mesmo uma anotação por escrito”.
Foram feito vários esboços para que definíssemos os produtos finais.
28. 28
3.4.3 DESENHO DE MODA
O desenho de moda ou croqui é um tipo de desenho estilizado que usa a es-
trutura humana como base. Geralmente as pequenas e micro confecções acabam
por não usá-los.
De acordo com TREPTOW (2007) a utilização do croqui é importante para que
os departamentos de marketing e vendas consigam visualizar o produto e as combi-
nações existentes entre as peças da coleção. Ela também mostra que o quão é im-
portante essa representação em manequins, pois com as posturas, a composição
dos acessórios e as combinações é que o designer transmite a relação das peças
com o tema.
30. 30
3.4.4 DESENHO TÉCNICO
Os desenhos técnicos apresentam as peças de forma simétrica e especificam
os detalhes da peça, como costura posição dos aviamentos, pences, aberturas, re-
cortes, etc.
Ele tem como objetivo auxiliar os departamentos de modelagem e pilotagem,
por isso a importância de se desenhar frente e costas com todos os detalhes.
TREPTOW (2007) resalta que não utilização de cores e que nos casos que
nas peças que apresentam composições de várias cores, essas devem vir especifi-
cadas por escrito cada cor a ser confeccionada.
33. 33
3.4.5 ESTAMPAS E BORDADOS
Numa coleção as estampas podem aparecer de duas formas corridas sobre o
tecido estampado ou localizadas que aparecem em lugares específicos. E o borda-
dos aparecem da mesma forma que as estampas localizadas.
TREPTOW (2007) alerta que para se desenvolver um bordado ou estampa é
de extrema importância observar as tecnologias disponíveis.
Nessa coleção utilizamos estampas corridas e localizadas como podem ser
vistas abaixo:
Estampas Localizadas
35. 35
3.4.6 FICHA TÉCNICA
A ficha técnica é um documento que é dividido em duas partes: uma que vai
para o departamento comercial onde contém informações administrativas e que auxi-
liam nas compras, formação de preço, cálculos de insumo necessários, etc. e outra
que contém o desenho técnico e as informações para a confecção do produto.
TREPTOW (2007, p.165) diz que:
O preenchimento da ficha técnica é, geralmente, tarefa destinada a assis-
tente do designer ou estagiários, mas a supervisão desse trabalho é res-
ponsabilidade do designer ou do setor de engenharia do produto. Erros ou
falta de precisão no preenchimento dos dados da ficha técnica podem acar-
retar inúmeros problemas, como compra errada de insumos (referências
trocadas, quantidade excedente ou insuficiente) e falhas na determinação
de custo do produto.
37. 37
3.5 LANÇAMENTO/ DIVULGAÇÃO
3.5.1 RELEASE
É um texto de linguagem jornalística onde é usado para fazer uma apresenta-
ção a imprensa. Esse texto é apresentado para divulgação da coleção, dos eventos
de lançamento e etc.
TREPTOW (2007) define release como textos de divulgação, que normalmen-
te são acompanhados de fotos enviados à imprensa.
No dia 05 de setembro a grife Etnia apresenta na Casa das Caldeiras a nova
coleção Primavera-Verão 2012/2013, Negro é Lindo. A coleção se divide em dois
segmentos: As peças masculinas são voltadas para a música negra e as femininas
trazem a beleza das ornamentações afro, no modo diferenciado do negro se vestir.
As peças são limitadas, feitas de forma artesanal, como materiais de composição
natural e materiais alternativos.
42. 42
METODOLOGIA
A realização desse trabalho se deu através de pesquisas em site, livros, revis-
tas, documentos acadêmicos e visitas técnicas. Todo esse processo ajudou nas co-
letas de dados sobre o tema e também sobre o público alvo.
Os livros utilizados foram obtidos em bibliotecas públicas e privadas, além de
materiais presentes em meu acervo pessoal.
A compra dos materiais foram feitas na região da R. 25 de março e na região
do Brás. Não tive problemas em encontrar os materiais desejados.
O processo de desenvolvimento dos produtos foi realizado por mim de forma
manual e utilizando de ferramentas tecnológicas com máquina de costura e um a
mini furadeira.
A sandália apresentada foi customizada, mas passou por processo de lixagem
e pintura manual, o laço foi costurado na máquina.
O colar com discos de HD foi o único a ter uma das etapas com processos
tecnológicos, os demais foram feitos totalmente de forma artesanal.
Não houveram grandes dificuldades para o desenvolvimento das peças, nem
para a elaborar a coleção dentro do tema escolhido, porém no desenvolvimento do
projeto escrito foram encontradas algumas dificuldades. Mas com muito esforço e
dedicação o projeto foi concluído.
43. 43
CONCLUSÃO
A realização desse trabalho prova que a frase citada no inicio do agente do
jornal inglês Daily Mail não corresponde com a verdade. A coleção mostra que o ne-
gro consome moda sim, mas o que ocorre é que na indústria da moda, tanto nacio-
nal quanto internacional, ainda são encontrados problemas nos produtos apresenta-
dos, as analises que realizei as cartelas de cores apresentadas para a próxima tem-
porada de Primavera-Verão vem com quase todas as cores em tons pasteis e mais
sóbrias, o que durante as pesquisas que realizei não condiz com a preferência dos
negros na hora de se produzirem, que dão preferência a cores fortes que contrastam
com o seu tom de pele.
O mercado da moda direcionado ao público negro vem aumentando, devido
também a maior aceitação do negro com si próprio. Por isso a importância de apoiar
e desenvolver produtos que atendam essa demanda, traçando assim um novo dire-
cionamento para o mundo da moda.
O objetivo dessa coleção é mostrar que esses novos produtos de moda de-
vem ser mais explorados para que tomem as ruas com personalidade.
44. 44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, Emanuel. Brasileiro, Brasileiros. São Paulo: Prefeitura da Cidade de São
Paulo, 2005
ARMSTRONG, Gary e KOTLER, Philip. Princípios de marketing. 9.ed. São Paulo:
Pearson Education, 2003.
BRAGA, Iara Mesquita da Silva. Pesquisa e Criação em Moda. Buenos Aires, Ar-
gentina: Actas de Diseño Nº11, 2011.
ESTADÃO. http://blogs.estadao.com.br/divirta-se/tag/feira-preta/
FEGHALLI, Marta Kasknar; DWYER, Daniela. As engrenagens da moda. Rio de
Janeiro: Ed. Senac Rio, 2004.
Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=8471&
catid=159&Itemid=75
KOTLER, Philip. Marketing de A a Z: 80 conceitos que todo profissional precisa
saber. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
LOPES, Rosana de Oliveira. O ensino da arte: a relevância da escolha de ima-
gens para o desenvolvimento da apreciação estética e aquisição de cultura.
USP – Maria Antonia, 2011.
MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas, São Paulo: Martins Fontes, 2002
O Confeccionista. Entrevista: Valeska Nakad. Ano 1 n°4, rev. Janeiro/ fevereiro
2010, p. 10-12
SEBRAE. Guia do Empreendedor. SEBRAE/PB, 2005
45. 45
SERRA, F. A. R. TORRES, M. C. S. e TORRES, A. P. Administração Estratégica:
conceitos, roteiro prático e casos. Rio de Janeiro : Reichamnn e Affonso Editores,
2004.
TREPTOW, Doris. Inventando moda: planejamento de coleção. 3. ed. Brusque:
D. Treptow, 2007.
VICENT-RICHARD, Françoise. Espirais da moda. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1989.
46. 46
ANEXOS
1. MS NOTÍCIAS: Pesquisa do Ipea diz que mais brasileiros se assumem ne-
gros
Na opinião da coordenadora de Políticas para a Promoção da Igualdade Racial de
Mato Grosso do Sul (Cppir/MS), Raimunda Luzia de Brito, os brasileiros estão se
assumindo negros devido a sua autoestima e também por ter grandes personalida-
des negras no poder. "O presidente (dos Estados Unidos, Barack Hussein Obama),
da maior potência do mundo é negro. O atleta do século (Edson Arantes do Nasci-
mento), Pelé é negro e brasileiro. Então, a autoestima do negro foi levantada. O que
faltava muito era referência", explica Brito ao comentar sobre a divulgação do estudo
"Dinâmica Demográfica da População Negra Brasileira", pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea).
A pesquisa divulgada pelo Ipea na ultima quinta-feira (23), em Brasília (DF), mostra
que mais brasileiros estão se assumindo como negros.
Raimunda Brito diz que é importante também ressaltar que a população negra e in-
dígena aumentou nos últimos anos. Segundo ela, as pessoas estão se amando
mais. "Então elas se assumem. Hoje é importante você ver o adolescente se assu-
mir como negro. Porque ele tem referências". Ela ainda cita como grande referência
para o movimento negro, o nome da ministra da Secretaria de Políticas de Promoção
da Igualdade Racial (Seppir), da Presidência da República, a socióloga gaúcha Lui-
za Bairros. "A nossa meta é trazê-la ao Mato Grosso do Sul. Porque nós estamos no
Ano Internacional dos Afrodescendentes".
Censo
De acordo com as informações do Ipea, os dados do Censo 2010, que começaram a
ser divulgados no final do ano passado, revelam que houve uma mudança significa-
tiva na configuração da população brasileira ao longo do século. As transformações
foram registradas em todas as regiões do país e em todos os grupos sociais e raci-
ais, embora com diferentes velocidades. Uma delas, no entanto, chamou atenção no
último levantamento apresentado: pela primeira vez na história do Censo, as pesso-
as que se declaram brancas são menos da metade da população.
Pela classificação do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 97 mi-
lhões de pessoas se dizem negras (pretas ou pardas) contra 91 milhões de pessoas
47. 47
brancas. Outras cerca de 2,5 milhões se consideram amarelos ou indígenas. Os
brancos ainda são a maioria (47%) da população, mas a quantidade de pessoas que
se declaram assim caiu em relação a 2000. Em números absolutos, foi também a
única categoria que diminuiu de tamanho. Como resultado, a taxa de crescimento da
população negra na última década foi de 2,5% ao ano e a da branca aproximou-se
de zero.
Estudo
Segundo o estudo "Dinâmica Demográfica da População Negra Brasileira", divulga-
do na quinta-feira (12) pelo IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), dois
fatores devem ter contribuído para essa reviravolta. Primeiro, nota-se um aumento
do número de pessoas que agora se declaram pardas e que antes preferiam dizer
que eram brancas. Segundo, apesar de uma queda geral na taxa de fecundidade
das brasileiras, as mulheres negras ainda são as que mais têm filhos.
"A cada Censo, observamos um número maior de pessoas se declarando pardas.
Há um enegrecimento da população brasileira por causa de uma maior valorização
das suas condições raciais e étnicas", ressaltou Ana Amélia Camarano, autora do
estudo. "A valorização dos negros se deve não apenas a políticas do governo, mas
também a ações do movimento negro que datam de décadas e que ganharam corpo
nos últimos anos", completou.
"O grande aumento da população brasileira nos últimos dez anos foi devido ao au-
mento da população negra", disse Mário Theodoro, secretário-executivo da Secreta-
ria de Promoção de Políticas de Igualdade Racial. "Isso mostra em uma parte cres-
cimento democráfico maior e por outro o maior reconhecimento dos negros como
tais, como cidadãos pretos ou pardos. A população está se sentindo mais pertencen-
te a esse grupo."
O número médio de filhos tidos por uma mulher negra ao final da vida reprodutiva
passou de 2,7 filhos para 2,1. Entre as brancas, essa taxa caiu de 2,2 para 1,6. Nos
dois casos, a taxa de fecundidade ficou abaixo do nível de reposição, o que ressalta
um envelhecimento da população.
Também fica muito clara uma diferença na mortalidade entre os grupos. As mortes
entre os brancos estão mais concentradas nas idades avançadas e são resultado de
neoplasias (câncer). Já entre os negros morre-se mais entre os jovens de 15 a 29
anos, principalmente entre os homens, por conta de causas externas, como aciden-
48. 48
tes e mortes violentas (agressões).
As mortes por causas externas são muito mais comuns entre a população masculi-
na. Entre os negros, as principais causas de óbito são os homicídios e, entre os
brancos, os acidentes de trânsito.
"A violência entre os jovens negros explodiu nos últimos anos", afirmou disse Mário
Theodoro. "De 98 para 2008, uma diferença que era de 30% entre as mortes de jo-
vens brancos e de jovens negros passou para 140%. Todo o aumento nessa faixa
se deu com a população negra. Pode ser que a população negra esteja sendo mais
afeta à violência até por questões de preconceito e de discriminação não só da polí-
cia como de toda a criminalidade."
Os aspectos da mortalidade no Brasil foram mudando ao longo dos anos. Houve
uma queda importante nos óbitos por doenças infecto-parasitárias, o que demonstra
uma melhora na qualidade de vida da população, enquanto as mortes por doenças
cardiovasculares e causas externas aumentaram, o que ressalta uma mudança im-
portante na rotina do brasileiro.
E, independentemente do sexo ou da raça, as doenças do aparelho circulatório fo-
ram as que mais mataram brasileiros. Elas representaram 28,5% dos óbitos dos ho-
mens brancos e 25% dos homens negros. Entre as mulheres, a proporção ficou em
torno de 33% nos dois grupos.
Também vale ressaltar o aumento considerável das mortes por acidentes de trans-
porte, que hoje representam 35,3% das mortes por causas externas entre os bran-
cos e aproximadamente um quarto entre os negros
Ipea - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
2. ENTREVISTA COM TAIS RIBEIRO
1) Desde de quando se interessa por arte?
Olha, eu sempre gostei de desenhar, desde que me lembro.
E tinha preferência por desenho de observação, mesmo quando criança.
Achava complicado inventar desenhos, embora fizesse isto às vezes.
Além disto, acho importante comentar que eu tinha uma profunda atração pelas a-
mostras de crochê de minha mãe, pelos carretéis de linha, pelas máquinas de costu-
ra e tricô...
49. 49
Eu brincava com estas coisas por horas, sozinha e quietinha, desde muito pequena.
2) Como é o seu processo de criação?
Não costumo fazer projetos, maquetes, testes, essas coisas.
Normalmente, começo um trabalho por algo que me apaixone.
Pode ser uma linha de uma certa cor, um tecido de uma certa textura, um desenho
de alguma toalha.
Penduro este primeiro fragmento no meu compensado de madeira e a partir de
"conversas" com este primeiro passo, estabeleço o que vem a seguir.
Normalmente, só escolho um passo adiante. Vez ou outra, consigo vislumbrar mais
de uma ação, mas é raro.
Tenho uma incrível necessidade de ver a coisa pronta pra entender como se porta.
3) Por exemplo, nos trabalhos apresentados na exposição Tripé, você intitulou os
trabalhos de acordo com algum elemento marcante neles, estou certa? Foram estes
elementos que conduziram a produção ou foram colocados depois e se tornaram
fortes por acaso?
Está certíssima. A história desses títulos, em especial, é bastante curiosa.
Falei de leve sobre isto nos e-mails que enviei pro Josué.
A princípio, os trabalhos desta série não tinham títulos.
Pra conseguir me localizar melhor entre tantos "sem título", escolhi algum elemento
de cada um e usei como referência, sobretudo nos nomes dos arquivos das imagens
digitalizadas.
Conversando com o Zé Bento Ferreira, que escreveu sobre o meu trabalho quando
expus no CCSP, ele sugeriu que usasse essas referências como títulos e eu gostei
da ideia.
Achei absolutamente adequado para aquela etapa de minha pesquisa.
Então, a escolha dos títulos foi posterior; não necessariamente foram trabalhos que
começaram pelos elementos que os nominam.
Nem posso dizer que eles foram determinantes pro conjunto porque, uma vez inicia-
da a produção, todos os elementos se influenciam. O resultado acontece pela rela-
ção de todos os elementos.
4) Que artista inspira você?
50. 50
Muitos artistas me inspiram, ainda que não tenham necessariamente a ver com a
minha pesquisa.
Iberê, por exemplo. Não sou essa expressionista trágica, mas a paixão que ele tinha
pelo trabalho, a ligação dele com a produção, me inspira.
Adoro Mira Schendel e Amílcar de Castro. Não importa quantas retrospectivas fa-
çam, irei a todas.
E vejo conexões com o meu trabalho, embora com resultados diferentes.
Chorei, de verdade, em uma exposição do Morandi, anos atrás, no MASP.
Também chorei em uma do Piranesi, anos atrás, na Pinacoteca.
Estes são os primeiros que me vêm, os velhinhos. :)
Gosto de gente mais nova também, mas preferi colocar os 5 primeiros que me vie-
ram à mente.
5) os materiais que utiliza, tecidos, linhas, toalhinhas de crochê, eram seus ou você
compra para fazer o trabalho?
No caso dos crochês e tricôs, produzo a maioria de acordo com a necessidade dos
trabalhos.
Vez ou outra, uso algum que eu tenha ganhado.
Tecidos e linhas, alguns eu ganho, outros eu compro.
Eventualmente, também uso tinta! :)
Compro pigmentos e preparo com verniz acrílico.
6) A linha é um fio condutor para sua obra?
Sim. Seja qual for a linguagem, minha produção sempre tem conotação extrema-
mente gráfica.
7) O que você está fazendo atualmente?
Tenho desenhado bastante e feito trabalhos que continuam a pesquisa do Tripé.
Estou fazendo um grande e dois pequenos.
É um processo lento por natureza, que se torna mais lento por eu ter que trabalhar
fora.
Vida corrida!
Ah, os títulos!
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Nunca gostei de dá-los, e por muito tempo, meus trabalhos eram "Sem título".
Depois, considerei que "Sem título" também é um título - e pouco prático por não
distinguir os trabalhos.
Sem muita criatividade, resolvi nomear os trabalhos da exposição de formatura com
números, mas em sua forma alfabética.
São os "Um", "Dois"..., em um total de 6 trabalhos.
Depois, comecei a usar alguma frase ou pensamento ou título de música que me
ocorresse durante o processo de construção das pinturas. Fluxo de consciência.
Um pouco mais tarde, gostando mais da ideia de nomear do que de intitular, batizei
várias pinturas com nomes de mulheres, já que pintura é substantivo feminino.
Agora, vamos ao capítulo 2!
Bom, ao longo do caminho, comecei a perceber que a lona reagia à aplicação de
tinta, criando uns volumes na parte de trás do tecido. E estes efeitos variavam de
acordo com a densidade / quantidade / peso das tintas. (Aproveito para dizer que
uso têmpera acrílica que eu mesma preparo o que permite controlar a textura da tin-
ta.) Quis experimentar esta questão, então passei a usar como suporte uma lona
mais delgada, sem impermeabilização. Surgiram franzidos, encolhimentos, disten-
sões, volumes. E o formato do suporte deixou de ser retangular. Ah, sim! Entre a
primeira série e esta, fiz umas pinturas pequenas. Como usei os mesmos carimbos e
matrizes que usava nas de grande porte, as texturas e grafismos ficaram proporcio-
nalmente maiores na nova escala.
Ao voltar para as grandes dimensões, senti necessidade de estourar o tamanho dos
desenhos. Surgiram flores, arabescos e motivos um tanto gigantes.
Os trabalhos deste período têm títulos de que não me recordo agora.
Só para me organizar aqui, usei alguma referência da própria pintura como nome de
arquivo.
Aliás, foi assim que pinturas mais recentes foram batizadas, mas conto melhor no
próximo e-mail.
Bom, agora vamos às próximas, pequenas e últimas duas séries.
A primeira delas começou quando ganhei da minha mãe uma porção de toalhas de
renda, praticamente iguais, de aproximadamente 1 x 1m.
São 4 trabalhos, todos com início em uma dessas toalhas.
52. 52
Como minhas pinturas não tem projeto, sendo criadas durante sua construção, quis
explorar as diferenças que podem surgir partindo do mesmo princípio.
É a série mais curta porque naquela altura eu estava um pouco saturada de malhas -
precisei descansar um pouco.
3. Back to black
por Dado Carvalho
Nove anos se passaram desde que Adriana Barbosa e uma amiga encontraram uma
solução para fugir da pindaíba. O resultado será visto na 10ª Feira Preta, amanhã
(17) e domingo, no Centro de Exposições Imigrantes.
Nos idos de 2002, as duas estavam desempregadas. A solução: procurar todas as
feiras da cidade. A amiga vendia pastéis e Adriana fez um brechó. Até que surgiu a
ideia de criar a própria feira.
Atenção: a feira é preta. Não é ‘negra’ nem ‘afrodescendente’. Tem gente que não
gosta muito do termo ‘preto’, não? “Foi de fato provocativo”, conta Adriana. “Por ser
um país miscigenado, a gente nunca encara o racismo. Vai se deparando com situa-
ções do dia a dia.”Aos números: o Censo aponta que 53,5% da população brasileira
é autodeclarada negra. “A gente é hoje a segunda maior população negra do mun-
do, só perdendo para a Nigéria, que é um país africano”, cita Adriana.
A feira transcendeu a mera montagem de estandes e a questão racial – brancos po-
dem ser expositores desde que seus trabalhos tenham afinidade com a estética ne-
gra. Hoje, há toda uma consultoria sobre empreendedorismo para quem tem boas
ideias. O evento deu tão certo, que começaram a pipocar feiras pretas em outras
cidades (algumas até usaram o mesmo nome!).
Nem tudo são negócios. Além de estandes com produtos e serviços, há debates,
exposições e música. Participam o Clube do Balanço, Izzy Gordon, Criolo e o músico
de Nova Orleans Gary Brown. Em tempo: a festa é negra, mas acolhe gente de to-
das as cores. Dado Carvalho
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ONDE: Rod. dos Imigrantes, Km 1,5, Água Funda, 5067-6767. QUANDO: Sáb.
(17) e dom. (18), 13h/22h. QUANTO: R$ 30. www.feirapreta.com.br
A COR DESSA CIDADE SOU EU | A Feira é só uma vez por ano. Mas alguns
dos parceiros estão sempre por aí
Certa vez, uma amiga de Camila Cardoso comentou: “A gente vai ao shopping, e
tem boneco do Elvis, mas não tem de ídolos negros.” Bastou para que ela tivesse
uma ideia: o trabalho que já era desenvolvido com biscuit (até em programas de TV)
foi facilmente adaptado e assim nasceu a Black Dolls. Agora, sim, dá para encon-
trar bonecos do Stevie Wonder, Tim Maia, James Brown… Galeria 24 de Maio. R.
24 de Maio, 116, República, 3222-6690. 10h/19h.
***
Cris Oliveira fazia tranças em cabelos afro, mas não tinha salão. Juntou duas primas
e um amigo para montar uma barraquinha na primeira Feira Preta. Desde então, o
telefone não parou de tocar. Principalmente depois que ela realizou o sonho de al-
gumas meninas: desenvolveu uma técnica de dreadlocks na qual não precisa cortar
o cabelo quando não quiser mais o visual. R. Eng. Francisco Aze- vedo, 400, Per-
dizes, 2851-8635. 9h/18h (fe- cha dom. e 2ª). www.ciadastrancas.com.br.
***
Um dia, Maria do Carmo foi participar de um programa de TV e só então a equipe de
beleza percebeu que não havia maquiagem para o seu tom de pele. Ela aproveitou e
criou a Muene Cosméticos. Para isso, fez cursos até em Nápoles. “Me aprofundei
na miscige- nação. Pessoas que são vermelhas, negro com alemão, branco com
índio… É uma mis- tura, que ninguém encontra a cor.” R. 24 de maio, 116, 1 andar,
loja 18, República, 3222- 8667. 9h/19h (sáb., 10h/15h; fecha dom.).
***
“‘Pegada’ quer dizer ‘jeito’, e ‘Preta’ é a nossa cor. Então Pegada Preta é o nosso
jeito preto de fazer as coisas!”, explica o bem-humorado Sidney Álamo. A marca co-
meçou como um grupo de samba-rock, com camisetas personalizadas nas festas. O
público gostou das peças, e Sidney resolveu fazer algumas para vender na Feira.
Hoje, tem duas lojas. R. 24 de Maio, 116, Rua alta, loja 9, 3337-6678. 10h/19h30
(sáb., 9h/18h; fecha dom.) pegapreta.blogspot.com
Fonte: http://blogs.estadao.com.br/divirta-se/tag/feira-preta/
54. 54
APÊNDICES
1. EMPRESA
1.1 DEFINIÇÃO DO NOME DA MARCA
O conceito etnia deriva do grego ethnos, cujo significado é povo. A etnia representa
a consciência de um grupo de pessoas que se diferencia dos outros. Esta diferenci-
ação ocorre em função de aspectos culturais, históricos, linguísticos, raciais, artísti-
cos e religiosos.
1.2 LOGOMARCA
1.3 SUJESTIONADO
Asa= Liberdade
Espada= Povo Guerreiro
Punho=Força e raça
Coroa= Poder e nobreza
Escudo= Defesa contra a opressão dos costumes étnicos estéticos e cultu-
rais.
1.4 OPORTUNIDADES DE NEGÓCIO
A oportunidade de negócio surgiu a partir da ideia de estar e ser diferente, e por a-
creditar que ninguém é igual, que cada um tem sua própria historia e suas próprias
experiências, é que desenvolvemos algumas que são peças únicas e exclusivas.
55. 55
Vimos também que está cada vez maior a procurar de negro por produto de moda
em que se identifique, por isso desenvolvemos produtos onde passamos para as
pessoas a cultura afro e dessa forma, reforçamos a nossa identidade cultural, com
orgulho e respeito.
1.5 PRODUTOS
Os produtos da grife Etnia são feitos em poucas quantidades (grade palito), utilizan-
do algumas técnicas artesanais, visando à individualidade do estilo pessoal. Além
disso, criarmos um produto diferenciado que uni conscientização ambiental, cultural,
beleza e qualidade.
1.6 MISSÃO, VISÃO, VALORES e OBJETIVO
Missão
Oferecer uma moda alternativa com compromisso ambiental, social e cultural.
Visão
Atender as necessidades e a procura do negro por artigos de moda que os repre-
sente e que são desenvolvidos de acordo com o seu tipo físico, tom de pele e cultu-
ra.
Valores
Preservar a cultura negra e brasileira;
Prezar pela satisfação do cliente, fazendo com que ele se sinta único e espe-
cial.
Objetivo
Proporciona ao cliente ter uma marca na qual ele se identifique
1.7 SAZONALIDADE
De acordo com Guia do Empreendedor (2005: p. 17):
Sazonalidade- consiste no aumento ou redução significativa da demanda
de certos produtos em determinada época do ano. Os negócios com maior
sazonalidade oferecem riscos que obrigam os empreendedores a manobras
custosas como manter estoques elevados. Quando em alto grau, é conside-
rado fator negativo na avaliação dos pequenos negócios.
56. 56
No segmento da moda o principio da sazonalidade se aplica no que chamamos de
“temporadas”, ou seja, as coleções lançadas para cada estação seja para as cole-
ções de Verão e Inverno ou as de Primavera-Verão e Outono-Inverno.
Podemos dizer que a moda é completamente sazonal. Por isso, é importante se fa-
zer as pesquisas de tendências. Claro que existem produtos básicos que são aque-
les que não sofrem alterações nas mudanças de estações, como é o caso das peças
básicas e de alguns acessórios. Essas peças podem ser adquiridas e usadas em
qualquer estação, principalmente num país como o nosso de temperaturas instáveis.
Pensando nesse mercado de moda que é tão descartável e efêmero que tentamos
fugir dessa sazonalidade, fazendo com que nossos clientes consumam nossos pro-
dutos por identificação com a marca, desejo ou necessidade e não apenas porque
são peças que seguem as últimas tendências. Até mesmo porque cada uma das
nossas peças conta uma história e retrata um sentimento dentro do tema escolhido
para cada coleção. Temos um comprometimento sustentável, que explora os três
campos: cultural com o fornecimento das informações sobre cultura, econômico que
nos leva a um crescimento sólido e permanente e ambiental onde usamos materiais
naturais e alternativos, procurando assim agredir o menos possível o meio ambiente.
57. 57
2. METODOLOGIA DE DESIGN
Problema= Procura de negros por produtos de moda que o represente;
Definição do problema= Produtos desenvolvidos de acordo com seu tipo físico, tom
de pele e cultura;
Coleta de dados= Mercado em crescimento que apresenta algumas marcas com
produtos semelhantes;
Análise de dados= Muitas dessas marcas não possuem departamento criativo espe-
cializado e não fazem uma modelagem que se adéquam ao tipo físico do público
desejado;
Criatividade= Uso de cores como atrativo, modelagem diferenciada adequada a es-
tética desse público e o apelo cultural pode ser copiado;
Materiais e tecnologia= Tecidos com composição de algodão, risco simples, detalhes
e acabamentos manuais, botões como aviamentos decorativos e acessórios com
materiais alternativos.
Experimentação= Modelagem com ajustes testados e cores aprovadas entre o públi-
co;
Modelo= Ótimo e diferenciado;
Verificação= Aceitação do público direcionado;
Solução final= Valorização estética e cultural.