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Forma Pará – Óbidos
Aula 4 (quinta-feira – 22/09)
“História e Memória”
Texto 4:
BARROS, José D’Assunção. Memória e História: uma
discussão conceitual. Tempos Históricos, volume 15, 1º
semestre de 2011, p. 317-343.
 “O objetivo é traçar uma visão panorâmica das
discussões historiográficas em torno desta questão,
refletindo sobre o conceito de Memória, desde os
primórdios desta reflexão nas ciências sociais e na
historiografia contemporânea, e abordando
questionamentos que têm sido mais recentemente
propostos por filósofos, cientistas sociais e
historiadores” (BARROS, 2011, p. 317).
1. Memória e história: interações e delineamentos
conceituais;
2. A constituição de um conceito;
3. Lugares de memória: mais um aporte conceitual;
4. Questões contemporâneas e problemas da memória;
5. Historiografia e memória: a memória como fonte
histórica.
1. MEMÓRIA E HISTÓRIA: INTERAÇÕES E DELINEAMENTOS
CONCEITUAIS
 Em uma concepção geral, a Memória represente o processo parcial e
limitado de recordar acontecimentos passados ou o que o sujeito
representa como passado;
 Do ponto de vista biológico, a memória humana (memória recente
ou permanente) é marcada por esquecimentos, distorções,
reconstruções, omissões e hesitações;
 Existe uma visão vulgar que concebe a Memória como um depósito
estático de dados, que recebe uma atualização mecânica de
vestígios;
 Todas estas significações acima costumam qualificar a Memória
Individual e acaba reverberando na Memória coletiva;
 A partir desta compreensão limitada de memória coletiva,
enquanto depósito de informações e lembranças passivas, esta
seria o oposto da História, compreendido como um campo do
conhecimento problematizador;
 Deste modo, a Memória poderia ser uma fonte no trabalho crítico
da historiografia;
 Tal perspectiva da memória como depósito estático de dados e
informações do passado, consagrada por José Honório Rodrigues,
no livro Filosofia e História, já é bastante datada e ultrapassada;
 Nos últimos anos, a concepção de psicólogos, biólogos e
neurologistas sobre a Memória individual modificou-se bastante
ao entendê-la de maneira ativa e dinâmica, na ordenação e na
releitura dos vestígios;
 Esta leitura renovada da Memória individual também repercutiu na
ressignificação da Memória coletiva;
 Foi a partir desta ressignificação que a Memória coletiva passou a
ser considerada de uma maneira renovada pela historiografia;
 Deste modo, a memória não mais apenas concebida como “registro
de acontecimentos pela experiência humana”, mas passa a ser
compreendida enquanto “construção de referenciais sobre o passado
e sobre o presente de diferentes grupos sociais e sob a perspectiva
de diferentes grupos sociais, ancorados nas tradições e intimamente
associados a mudanças culturais” (BARROS, 2011, p. 320);
 A questão da Memória passou a ser considerada em função da
dialética entre lembrança e esquecimento e, partir disso, a
ampliação teórica do uso da Memória como fonte história;
 No entanto, é importante compreender a formação do conceito de
Memória coletiva;
2. A Constituição de um conceito
 O sociólogo francês Maurice Halbwachs foi o pioneiro na discussão
sobre a memória coletiva no âmbito das ciências sociais;
 Suas principais obras foram Os Contextos Sociais da Memória
(1925) e A Memória Coletiva (1950);
 Halbwachs considerava que as lembranças eram organizadas de
duas formas: a) a memória individual a partir do ponto de vista de
uma pessoa; b) a memória coletiva no interior de uma determinada
sociedade;
 Ao mesmo tempo que concebia a intercâmbio entre memória
individual e memória coletiva;
 Sua contribuição fundamental foi identificar uma dimensão social
que interliga a memória individual e a memória coletiva;
 “(...) se no caso da Memória Individual são os indivíduos que, em
última instância, realizam o ato de lembrar, seriam os grupos sociais
que determinariam o que será lembrado, e como será lembrado”
(BARROS, 2011, p. 322);
 Outra dimensão apontada por ele: a Memória (individual e coletiva)
estava circunscrita no tempo e no espaço;
 No ensaio Memória Coletiva e Memória Histórica, Halbwachs
trabalhava com outros dois conceitos: “memória autobiográfica” e
“memória histórica”;
 A “memória histórica” significa aquela com conteúdo histórico
compartilhada pelos indivíduos da sociedade e não se confunde com
a historiografia;
 A “memória autobiográfica” refere-se aquela formada pelo
indivíduo em sua trajetória;
 A “memória histórica” é mais ampla e densa que a “memória
autobiográfica”;
 Em suas reflexões sobre a Memória coletiva, Halbwachs estabelece
duas distinções entre Memória e História:
a) Primeira distinção: a Memória seria marcada pela “continuidade”
(permanência) temporal; a História consiste na “descontinuidade”
(mudança) temporal;
“No contexto de uma compreensão da História como sucessão de
estruturas, o papel da memória coletiva adquire extrema relevância,
exatamente porque pode cumprir uma função social de religar
tradições e re-estabelecer continuidade que a historiografia não
oferece (BARROS, 2011, p. 325_
 Segunda distinção: a existência de uma única História (fluxo
histórico e totalidade histórica) em contraste com diversas
Memórias coletivas;
 A concepção de história de Halbwachs ainda estava pautada em
uma perspectiva positivista de “história universal”; talvez
perspectiva seria criticada pela produção de histórias plurais;
 No entanto, a ideia de diversas memórias coletivas não estaria
muito longe da perspectiva de histórias plurais;
 A proposta de Halbwachs tem sido alvo de críticas e
reconsiderações;
 Michel Pollack tem problematizado a memória nacional como uma
forma de memória coletiva marcada pela uniformização e
homogeneização social e cultural que exclui etnias, grupos e
identidades subalternizadas.
3. LUGARES DE MEMÓRIA: MAIS UM APORTE CONCEITUAL
 O conceito de Memória coletiva, desenvolvido por Halbwachs,
tomou novos contornos e delineamentos ao encontrar a noção de
“lugares de memória”;
 O conceito de Memória coletiva procurava demonstrar a dimensão
social da constituição da memória, dando ênfase na interação entre
o indivíduo e os grupos sociais;
 Por sua vez, o conceito de “lugares de memória” apresentou novas
dimensões para a Memória coletiva:
“Através de que ambientes, de que recursos, de que práticas e
representações, de que suportes materiais se produz e se difunde a
memória coletiva” (BARROS, 2011, p. 329);
 O conceito de “lugares de memória” foi formulado por Pierre Nora
em uma publicação coletiva em sete volumes sobre a Memória
Social na França;
 Na leitura de Pierre Nora, ao utilizar-se do verbete de Jacques Le
Goff sobre “Memória”, a memória coletiva era compreendida em
uma dupla perspectiva:
(a) o que resta do passado na experiência vivida pelos grupos
sociais;
(b) E a partir da experiência vivida o que os grupos sociais fazem do
passado;
 Nesse sentido, o conceito de “lugares de memória” vai preocupa-
se ao mesmo tempo com o que foi preservado da experiência
humana passada e com o que os grupo sociais fazem com a
experiência preservada que ficou registrada nas práticas culturais e
na materialidade espacial e social;
 Em função desta definição, Pierre Nora também estabeleceu uma
tipologia exemplificativa (não exaustiva) de “lugares da
memória”:
- Lugares topográficos: arquivos, bibliotecas e museus;
- Lugares monumentais: cemitérios e arquiteturas;
- Lugares simbólicos: comemorações, peregrinações, aniversários
ou emblemas;
- Lugares funcionais: manuais, autobiografias ou associações;
 Os “lugares de memória” compreendem também as dimensões
micro e macro sociais; por exemplo, os grupos familiares e suas
genealogias e álbuns de fotografias ou as grandes Nações e seus
museus e arquivos;
 As “Instituições-Memória”: os grandes arquivos e museus
nacionais;
 Os lugares de memória “simbólicos”: a comemoração a exemplo
da comemoração anual da tomada da Bastilha em 14 de julho; e as
“descomemoração” (“contramemória”) entre protestantes e
católicos irlandeses;
 Objetos materiais e textuais da memória: os Dicionários e as
Enciclopédias;
 Pequenos objetos da memória: selos, moedas, medalhas,
bandeiras, placas e inscrições comemorativas;
4. QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS E PROBLEMAS DA
MEMÓRIA
 A Memória tornou-se uma das principais preocupações da
sociedade contemporânea;
 Segundo Andreas Huyssen ocorre uma “inflação da memória”
demonstrada na compulsão pelo arquivo, na monumentalização do
Passado e na busca pelo registro da Memória;
 A “inflação da memória” é atingida, conforme Paul Ricoeur, por
uma produção desigual da memória a respeito dos objetos
rememorados; isto gera “traumatismos da memória” sobre
determinados acontecimentos históricos;
 A assimetria na produção de testemunhos individuais sobre
determinado tema ou período afeta a História do Tempo Presente,
de acordo com Michel Pollack; no entanto, estes depoimentos tem
rompidos silêncios e enfrentam a dialética da Memória e
Esquecimento;
 Outras questões também tem sido levantadas:
(a) A Contaminação da Memória pela História (o exemplo dos
soldados ingleses na IGM)
(b) A Contaminação da História pelas Memórias Coletivas (a relação
entre os movimentos sociais e a historiografia)
 Neste contexto surge a discussão sobre a “história da história”
que assume a análise crítica da manipulação dos fenômenos
históricos pela memória coletiva;
 Outro aspecto refere-se a contaminação da documentação
histórica pela reconstrução da memória coletiva na época que o
documento foi produzido – exemplo da “guerra de memórias”
entre os poderes imperial e senatorial;
5. HISTORIOGRAFIA E MEMÓRIA: A MEMÓRIA COMO
FONTE HISTÓRICA
 A Memória individual e coletiva passou a ser encarada pela
historiografia em função de novos problemas e questionamentos
que possibilitaram a emergência de uma nova modalidade de
História: a História Oral;
 No entanto, a Memória ainda é considerada com ressalvas como
fonte histórica;
 Como considerar a Memória enquanto fonte para a interpretação
histórica?
 As posições dos historiadores sobre os relatos orais modificaram-se
no transcorrer do tempo;
 Século XVIII: pouca credibilidade dos relatos orais devido aos
ideias de objetividade e universalismo do Iluminismo;
 Século XIX: ainda persiste a desconfiança pautada no ideal de
cientificidade e valorização do documento escrito;
 Século XX: a abertura a diversificação das fontes e ampliação das
abordagens teóricas incorporaram o relato oral, principalmente,
para compreender a história das pessoas comuns e das classes
populares;
 Embora tenha uma discussão sobre a origem da História Oral, há o
consenso de que ela se expandiu na década de 1980, sobretudo
pela criação do gravador portátil;
 Portanto, a História Oral tornou-se a abordagem historiográfica
que privilegia a Memória individual e coletiva como fonte
histórica fundamental;
MUITO OBRIGADO
PELAATENÇÃO! =)

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Aula 4_IAE_História e Memória.ppt

  • 1. Forma Pará – Óbidos Aula 4 (quinta-feira – 22/09) “História e Memória”
  • 2. Texto 4: BARROS, José D’Assunção. Memória e História: uma discussão conceitual. Tempos Históricos, volume 15, 1º semestre de 2011, p. 317-343.
  • 3.  “O objetivo é traçar uma visão panorâmica das discussões historiográficas em torno desta questão, refletindo sobre o conceito de Memória, desde os primórdios desta reflexão nas ciências sociais e na historiografia contemporânea, e abordando questionamentos que têm sido mais recentemente propostos por filósofos, cientistas sociais e historiadores” (BARROS, 2011, p. 317).
  • 4. 1. Memória e história: interações e delineamentos conceituais; 2. A constituição de um conceito; 3. Lugares de memória: mais um aporte conceitual; 4. Questões contemporâneas e problemas da memória; 5. Historiografia e memória: a memória como fonte histórica.
  • 5. 1. MEMÓRIA E HISTÓRIA: INTERAÇÕES E DELINEAMENTOS CONCEITUAIS  Em uma concepção geral, a Memória represente o processo parcial e limitado de recordar acontecimentos passados ou o que o sujeito representa como passado;  Do ponto de vista biológico, a memória humana (memória recente ou permanente) é marcada por esquecimentos, distorções, reconstruções, omissões e hesitações;  Existe uma visão vulgar que concebe a Memória como um depósito estático de dados, que recebe uma atualização mecânica de vestígios;  Todas estas significações acima costumam qualificar a Memória Individual e acaba reverberando na Memória coletiva;
  • 6.  A partir desta compreensão limitada de memória coletiva, enquanto depósito de informações e lembranças passivas, esta seria o oposto da História, compreendido como um campo do conhecimento problematizador;  Deste modo, a Memória poderia ser uma fonte no trabalho crítico da historiografia;  Tal perspectiva da memória como depósito estático de dados e informações do passado, consagrada por José Honório Rodrigues, no livro Filosofia e História, já é bastante datada e ultrapassada;  Nos últimos anos, a concepção de psicólogos, biólogos e neurologistas sobre a Memória individual modificou-se bastante ao entendê-la de maneira ativa e dinâmica, na ordenação e na releitura dos vestígios;
  • 7.  Esta leitura renovada da Memória individual também repercutiu na ressignificação da Memória coletiva;  Foi a partir desta ressignificação que a Memória coletiva passou a ser considerada de uma maneira renovada pela historiografia;  Deste modo, a memória não mais apenas concebida como “registro de acontecimentos pela experiência humana”, mas passa a ser compreendida enquanto “construção de referenciais sobre o passado e sobre o presente de diferentes grupos sociais e sob a perspectiva de diferentes grupos sociais, ancorados nas tradições e intimamente associados a mudanças culturais” (BARROS, 2011, p. 320);  A questão da Memória passou a ser considerada em função da dialética entre lembrança e esquecimento e, partir disso, a ampliação teórica do uso da Memória como fonte história;  No entanto, é importante compreender a formação do conceito de Memória coletiva;
  • 8. 2. A Constituição de um conceito  O sociólogo francês Maurice Halbwachs foi o pioneiro na discussão sobre a memória coletiva no âmbito das ciências sociais;  Suas principais obras foram Os Contextos Sociais da Memória (1925) e A Memória Coletiva (1950);  Halbwachs considerava que as lembranças eram organizadas de duas formas: a) a memória individual a partir do ponto de vista de uma pessoa; b) a memória coletiva no interior de uma determinada sociedade;  Ao mesmo tempo que concebia a intercâmbio entre memória individual e memória coletiva;
  • 9.  Sua contribuição fundamental foi identificar uma dimensão social que interliga a memória individual e a memória coletiva;  “(...) se no caso da Memória Individual são os indivíduos que, em última instância, realizam o ato de lembrar, seriam os grupos sociais que determinariam o que será lembrado, e como será lembrado” (BARROS, 2011, p. 322);  Outra dimensão apontada por ele: a Memória (individual e coletiva) estava circunscrita no tempo e no espaço;  No ensaio Memória Coletiva e Memória Histórica, Halbwachs trabalhava com outros dois conceitos: “memória autobiográfica” e “memória histórica”;  A “memória histórica” significa aquela com conteúdo histórico compartilhada pelos indivíduos da sociedade e não se confunde com a historiografia;
  • 10.  A “memória autobiográfica” refere-se aquela formada pelo indivíduo em sua trajetória;  A “memória histórica” é mais ampla e densa que a “memória autobiográfica”;  Em suas reflexões sobre a Memória coletiva, Halbwachs estabelece duas distinções entre Memória e História: a) Primeira distinção: a Memória seria marcada pela “continuidade” (permanência) temporal; a História consiste na “descontinuidade” (mudança) temporal; “No contexto de uma compreensão da História como sucessão de estruturas, o papel da memória coletiva adquire extrema relevância, exatamente porque pode cumprir uma função social de religar tradições e re-estabelecer continuidade que a historiografia não oferece (BARROS, 2011, p. 325_
  • 11.  Segunda distinção: a existência de uma única História (fluxo histórico e totalidade histórica) em contraste com diversas Memórias coletivas;  A concepção de história de Halbwachs ainda estava pautada em uma perspectiva positivista de “história universal”; talvez perspectiva seria criticada pela produção de histórias plurais;  No entanto, a ideia de diversas memórias coletivas não estaria muito longe da perspectiva de histórias plurais;  A proposta de Halbwachs tem sido alvo de críticas e reconsiderações;  Michel Pollack tem problematizado a memória nacional como uma forma de memória coletiva marcada pela uniformização e homogeneização social e cultural que exclui etnias, grupos e identidades subalternizadas.
  • 12. 3. LUGARES DE MEMÓRIA: MAIS UM APORTE CONCEITUAL  O conceito de Memória coletiva, desenvolvido por Halbwachs, tomou novos contornos e delineamentos ao encontrar a noção de “lugares de memória”;  O conceito de Memória coletiva procurava demonstrar a dimensão social da constituição da memória, dando ênfase na interação entre o indivíduo e os grupos sociais;  Por sua vez, o conceito de “lugares de memória” apresentou novas dimensões para a Memória coletiva: “Através de que ambientes, de que recursos, de que práticas e representações, de que suportes materiais se produz e se difunde a memória coletiva” (BARROS, 2011, p. 329);
  • 13.  O conceito de “lugares de memória” foi formulado por Pierre Nora em uma publicação coletiva em sete volumes sobre a Memória Social na França;  Na leitura de Pierre Nora, ao utilizar-se do verbete de Jacques Le Goff sobre “Memória”, a memória coletiva era compreendida em uma dupla perspectiva: (a) o que resta do passado na experiência vivida pelos grupos sociais; (b) E a partir da experiência vivida o que os grupos sociais fazem do passado;
  • 14.  Nesse sentido, o conceito de “lugares de memória” vai preocupa- se ao mesmo tempo com o que foi preservado da experiência humana passada e com o que os grupo sociais fazem com a experiência preservada que ficou registrada nas práticas culturais e na materialidade espacial e social;  Em função desta definição, Pierre Nora também estabeleceu uma tipologia exemplificativa (não exaustiva) de “lugares da memória”: - Lugares topográficos: arquivos, bibliotecas e museus; - Lugares monumentais: cemitérios e arquiteturas; - Lugares simbólicos: comemorações, peregrinações, aniversários ou emblemas; - Lugares funcionais: manuais, autobiografias ou associações;
  • 15.  Os “lugares de memória” compreendem também as dimensões micro e macro sociais; por exemplo, os grupos familiares e suas genealogias e álbuns de fotografias ou as grandes Nações e seus museus e arquivos;  As “Instituições-Memória”: os grandes arquivos e museus nacionais;  Os lugares de memória “simbólicos”: a comemoração a exemplo da comemoração anual da tomada da Bastilha em 14 de julho; e as “descomemoração” (“contramemória”) entre protestantes e católicos irlandeses;  Objetos materiais e textuais da memória: os Dicionários e as Enciclopédias;  Pequenos objetos da memória: selos, moedas, medalhas, bandeiras, placas e inscrições comemorativas;
  • 16. 4. QUESTÕES CONTEMPORÂNEAS E PROBLEMAS DA MEMÓRIA  A Memória tornou-se uma das principais preocupações da sociedade contemporânea;  Segundo Andreas Huyssen ocorre uma “inflação da memória” demonstrada na compulsão pelo arquivo, na monumentalização do Passado e na busca pelo registro da Memória;  A “inflação da memória” é atingida, conforme Paul Ricoeur, por uma produção desigual da memória a respeito dos objetos rememorados; isto gera “traumatismos da memória” sobre determinados acontecimentos históricos;
  • 17.  A assimetria na produção de testemunhos individuais sobre determinado tema ou período afeta a História do Tempo Presente, de acordo com Michel Pollack; no entanto, estes depoimentos tem rompidos silêncios e enfrentam a dialética da Memória e Esquecimento;  Outras questões também tem sido levantadas: (a) A Contaminação da Memória pela História (o exemplo dos soldados ingleses na IGM) (b) A Contaminação da História pelas Memórias Coletivas (a relação entre os movimentos sociais e a historiografia)
  • 18.  Neste contexto surge a discussão sobre a “história da história” que assume a análise crítica da manipulação dos fenômenos históricos pela memória coletiva;  Outro aspecto refere-se a contaminação da documentação histórica pela reconstrução da memória coletiva na época que o documento foi produzido – exemplo da “guerra de memórias” entre os poderes imperial e senatorial;
  • 19. 5. HISTORIOGRAFIA E MEMÓRIA: A MEMÓRIA COMO FONTE HISTÓRICA  A Memória individual e coletiva passou a ser encarada pela historiografia em função de novos problemas e questionamentos que possibilitaram a emergência de uma nova modalidade de História: a História Oral;  No entanto, a Memória ainda é considerada com ressalvas como fonte histórica;  Como considerar a Memória enquanto fonte para a interpretação histórica?  As posições dos historiadores sobre os relatos orais modificaram-se no transcorrer do tempo;
  • 20.  Século XVIII: pouca credibilidade dos relatos orais devido aos ideias de objetividade e universalismo do Iluminismo;  Século XIX: ainda persiste a desconfiança pautada no ideal de cientificidade e valorização do documento escrito;  Século XX: a abertura a diversificação das fontes e ampliação das abordagens teóricas incorporaram o relato oral, principalmente, para compreender a história das pessoas comuns e das classes populares;  Embora tenha uma discussão sobre a origem da História Oral, há o consenso de que ela se expandiu na década de 1980, sobretudo pela criação do gravador portátil;  Portanto, a História Oral tornou-se a abordagem historiográfica que privilegia a Memória individual e coletiva como fonte histórica fundamental;