O documento descreve a jornada de Dave rumo ao perdão de si mesmo e dos outros. Após correspondência com o autor, Dave percebeu que sua prisão era mental, não física, e que o perdão o libertaria da culpa e do medo. Sua transformação foi notada por outros, e ele acabou sendo libertado da prisão física também. Isso ilustra como o perdão oferece paz e felicidade.
1. L I Ç Ã O 1 3 - S é r i e d e E x e r c í c i o s " A d e u s à
C u l p a "
O PERDÃO ME OFERECE TUDO O QUE EU QUERO
Será que pode imaginar como é acordar sem preocupações ou
ansiedades, sem medos, sem estar preso a culpas ou
arrependimentos do passado, sem dúvidas ou incertezas sobre o
futuro? Será que pode se imaginar acordando perfeitamente feliz, em
paz e amoroso? Tudo isso é possível quando perdoamos
completamente, desde quando o perdão nos oferece tudo que
queremos.
AMNÉSIA CELESTIAL
O que aconteceria se todos nós fechássemos nossos olhos por um
instante e perdoássemos o mundo e tudo que existe nele -
despertando apenas com o amor em nossa consciência? Imagine
esse despertar como um processo de renascimento no qual não
haveria recordação de qualquer medo, culpa, ou dor que algum dia
você tivesse experimentado. Deixe que sua mente compreenda o
conceito que Dr. William Thetford chama de "amnésia celestial", um
estado em que a única experiência que existe no seu banco de
memória é o amor que deu e recebeu. E esse amor não tem passado,
presente, ou futuro, porque estamos falando do amor de Deus, que é
imutável e eterno.
2. O amor de Deus está dentro de nós, quer estejam nossos olhos
fechados, ou abertos, quer estejamos dormindo, ou despertos. Está
sempre lá; sempre esteve lá; e sempre estará lá.
A LUZ DO AMOR
Se quiser, é possível que extenda os limites de sua imaginação
agora mesmo. Comece sentindo como é sair da prisão auto-imposta
do ego-mente, que fabrica pensamentos de ataque, desespero e onde
a morte parece inevitável. Sinta como se torna leve à medida em que
vai se descartando da gravidade e do peso do medo, do pecado, da
culpa e da dor. Delicie-se com o sentido de liberdade que é seu,
enquanto se sente levado para um mundo sem julgamento e culpa,
um mundo onde ninguém mais ataca, mas simplesmente ama o outro.
Não há nada que temer, porque pecado, culpa e dor não são reais
aqui. Por um momento apenas, desperte para a verdade de quem
você é e reconheça que sua única identidade é ser amor. Permita-se
sentir a alegria ilimitada e a paz de saber que é sempre amado por
Deus e que está unido a ele e a todas as suas criações, através do
amor. Pois a verdade é que somos amor e sendo assim, somos
doadores de milagres uns para os outros. Como foi explicado no
Capítulo 1, milagres são definidos como mudanças na percepção que
removem os bloqueios à consciência da presença do amor em nossas
vidas.
DESPERTANDO
3. O que acabei de descrever não precisa ser uma experiência
imaginária. A luz do amor de Deus está dentro de nós agora e não
precisamos esperar por "um amanhã melhor" para experimentar a paz
e a felicidade em nossas vidas, hoje.
A alegria do céu pode ser nossa, agora - não como se fôsse um
lugar, mas como uma sentimento de unidade, um estado de ligação
total e perfeita. Tudo que precisamos fazer é despertar de nosso sono
e reconhecer que o estado desperto em que pensávamos estar, não
passava de um sonho - um sonho de um mundo ilusório, no qual
separação e ataque parecem ser reais.
A Bíblia nos diz, por exemplo, que Adão foi posto para dormir um
sono profundo, do qual nunca despertou. Parece que nós, como Adão,
estivemos dormindo por muito tempo, até agora e que nosso
despertar, ou renascimento, depende de nossa disponibilidade para
nos desapegar da dor, da culpa e do medo que têm nos afligido. Pois
é o nosso apego à dor, culpa e medo que nos impede de enxergar a
luz de Deus - nosso verdadeira realidade - em nossos irmãos e em
nós mesmos.
RETIRANDO A PRISÃO DE NOSSA MENTE
Gostaria de partilhar com vocês a estória de um homem que entrou
na minha vida para demonstrar o milagre do amor que tem origem no
perdão.
4. Desde a publicação do meu livro, Amar é Libertar-se do Medo,
acostumei-me a receber muitas cartas de elogios de pessoas que
acharam que lhes ajudou a viver. Um dia, porém, recebi uma carta de
um homem que chamarei de Dave. Dave me falou que tinha acabado
de ler Amar é Libertar-se do Medo e que ele era o pior livro que já
lera. Continuou me falando que estava numa solitária, numa prisão de
segurança máxima e que se eu tivesse sofrido as brutalidades que ele
tinha, dos guardas da prisão, também estaria convencido de há coisas
que pessoas fazem que são imperdoáveis. Terminou me dizendo que
eu devia ser um psiquiatra louco vivendo nas nuvens.
Eu queria muito responder a Dave de uma forma que não fôsse
defensiva. Não queria achar que ele estava me atacando, mas sim
que era um homem desesperado, que sentia-se sem amor em sua
vida e que me implorava amor. Tendo isso em mente, lhe escrevi uma
carta e começamos a nos corresponder regularmente.
Mais ou menos seis meses depois, descobri que tinham me
marcado uma palestra numa cidade que ficava a duas horas de carro
de sua prisão. Telefonei para a direção da mesma e obtive uma
permissão especial para estar com Dave às oito horas, numa manhã
de sábado. Minha intenção era passar um tempo com ele, dando-lhe o
amor que ele tão desesperadamente necessitava, aceitando-o
exatamente como era, sem lhe impor condições, ou querer mudá-lo.
Dave entrou na sala de espera e nos olhamos rapidamente. Então
ele inspirou profundamente e começou a falar sem parar. Seu
5. monólogo se extendeu por mais ou menos cinquenta e cinco minutos.
Em quase toda frase ele estava culpando alguém. Certamente, ele
estava demonstrando a crença do ego de que se alguma coisa vai
errado em sua vida, alguém é culpado por isso.
Culpou seus pais pelo abuso físico e emocional que sofrera quando
criança. Culpou seu pai por ser alcóolatra e ter desertado a família.
Culpou sua mãe por andar com homens e por ter lhe colocado em
lares adotivos e casas de menores abandonados. Culpou a sociedade
pelo fato de ter estado na prisão pela maior parte de sua vida.
Ele me disse que agora estava cumprindo uma sentença por
desfalque, mas que era inocente. Ele não cometera esse crime; as
autoridades prenderam o homem errado. Disse ainda que, porcause
de seu mal comportamento, não seria elegível a sair sob custódia a
não ser depois de no mínimo oito anos.
À medida que nossa hora ira terminando, eu lhe disse que teria que
ir me embora em cinco minutos. E lhe perguntei: "Há alguma coisa
mais que você queira me dizer?" Ele respondeu, "Sim." Falou-me que
queria que lhe mandasse um televisor, quando voltasse para
Califórnia, que fôsse colorida, não preto e branco. Suas razões por
pedir uma colorida eram porque o aparelho colorido parecia obscuro,
mas inequívoco.
Quando estava indo embora, me lembrei de lhe dizer que iria fazer
uma palestra naquele dia, mais tarde. Perguntei-lhe se poderia ser
uma mensageiro para que ele pudesse enviar uma mensagem para a
6. audiência. Sem piscar, ele respondeu, "Diga à sua audiência que,
para ter paz de espírito, a coisa mais importante que se podia fazer
era procurar as pessoas de quem tínhamos mágoas guardades e
perdoá-las."
A resposta de Dave foi uma surpresa enorme para mim, pois era
oposta a tudo que tinha estado dizendo na última hora! Que exemplo
perfeito de como nossas mentes podem estar divididas! E que
importante prova de que há uma parte de nossa mente que sempre
sabe a verdade, mesmo quando o nosso ego está cheio de medo.
Antes de sair, disse a Dave que em nosso Centro de Cura de
Atitudes nós acreditamos que nada é impossível. Muito pelo contrário,
que nossos pensamentos criam nossa realidade e que aquilo em que
acreditamos vai determinar o que vemos. Sugeri que ele, também,
poderia mudar seu sistema de crenças e com isso poderia, muito
antes, estar elegível para sair sob custódia, muito antes que o seu
sistema de crenças atual acreditasse que fôsse possível.
Durante minha palestra, naquele dia, partilhei com a audiência a
experiência que tinha tido com Dave. Disse que nos curamos quando
nos doamos aos outros. Então me ocorreu dar o endereço da prisão
para a audiência, com a sugestão de que qualquer pessoa que
quisesse, poderia lhe escrever. Quando retornei à Califórnia, enviei
para Dave selos postais no valor de cinquenta dólares, ao invés de um
aparelho de TV.
7. Mais ou menos cinco semanas depois, recebi uma carta de Dave,
onde ele me dizia, "Pôxa, Jerry, há pessoas fora de prisão com
problemas piores que os que tenho na prisão." Continou me dizendo
que um grande número de pessoas tinha lhe escrito pedindo-lhe ajuda
e disse ainda "Quem sou eu para tentar ajudar alguém, quando, na
verdade, estou na solitária e nem mesmo na prisão comum posso
estar." Com base no seu passado, Dave estava se julgando um dos
mais culpados e imperdoáveis pessoas vivas.
Mas disse, também, que ao escrever para os outros, tentando lhe
ajudar, sentiu que estava se percebendo, a seus pais e guardas de
forma diferente. Estava começando a pensar que as paredes de
cimento não eram a sua prisão, mas que ele estava prisioneiro da
culpa e do medo que existiam em sua mente e que ele permitira que o
imobilizasse. E continuou dizendo que estava admitindo o valor do
perdão, que poderia liberá-lo dessas emoções negativas. Muitos
meses depois, recebi uma carta de um ministro que visitava Dave
regularmente, dizendo-me que estava espantado com a
transformação que observava em Dave.
Mais ou menos um ano depois de minha visita, recebi uma carta de
Dave me contando que iria ter que se apresentar diante dos
responsáveis pela liberdade condicional que gostaria que lhes
enviasse uma carta de recomendação sobre ele. Respondí-lhe que
não achava que pudesse escrever uma recomendação baseada em
apenas uma visita que fizera a ele, mas que teria prazer em escrever
8. aos responsáveis pela prisão, contando-lhes sobre nossa visita e
sobre as cartas que vínhamos trocando.
Dois meses depois recebi um telefonema de Dave. Ele está fora da
prisão, agora e morando com uma das mulheres que se
correspondiam com ele. Ao tentar ajudar Dave, nunca me ocorreu que
acabaria bancando o cupido!
A experiência de Dave ilustra de forma bonita o tema da lição de
hoje. É uma demonstração pessoal da verdade expressa na
passagem seguinte de Um Curso em Milagres:
O Perdão me oferece tudo que eu quero.
O que você poderia querer que o perdão não lhe dê? Quer paz? O
perdão lhe oferece isso. Quer felicidade, uma mente tranquila,
segurança de propósito e um senso de importância e beleza que
trancende o mundo? Quer cuidado e segurança e o calor de uma
proteção segura, sempre? Quer uma calma que não possa ser
perturbada, uma gentileza que nunca possa ser ferida, um conforto
profundo e um descanso tão perfeito que nunca possa ser
atrapalhado?
Tudo isso, o perdão lhe oferece e mais. Brilha nos seus olhos,
quando você desperta e lhe dá alegria para que possa enfrentar o dia.
Alisa a sua testa, enquanto você dorme e descansa em suas
pálpebras para que não sonhe com o medo e o mal, a malícia e a
9. agressão. E quando você despertar novamente, vai lhe oferecer outro
dia de felicidade e paz. Tudo isso o perdão lhe dá e mais.
Passos para Integrar a Lição de Hoje a Nossas
Experiências do Dia-a-Dia
• a. Pergunte-se o seguinte:
- Eu quero mesmo ser feliz?
- Eu quero mesmo viver em paz?
- Quero mesmo amar?
- Quero mesmo me desapegar de cem por cento de meus
ressentimentos passados?
b. Então, pense numa determinada pessoa em sua vida - do
passado, ou do presente - que você sente que possa estar
bloqueando sua consciência de paz e alegria.
c. Pergunte-se se você é realmente capaz de perdoar essa
pessoa pelo que você pensa que ele ou ela fez a você. Se sua
resposta for "sim," prometa que vai começar, imediatamente, a
enxergar essa pessoa de forma diferente - ou seja, através do
amor.
• 1. Pense num incidente - passado ou presente - em que você
sentiu (ou sente) que é responsável por causar dor ou
sofrimento ao outro.
Veja essa pessoa em sua mente completamente curada e
perfeita.
10. • 2. Recorde-se de que sua mente verdadeira só tem
pensamentos de amor. Seja capaz de se perdoar pelos erros
que pensa que cometeu no passado.
• 3. Repita para si mesmo, frequentemente, hoje, "Eu não tenho
que esperar que os outros aceitem o perdão. Eu alegremente
me perdôo.
• 4. Imagine que você tem um chaveiro com centenas de chaves
nele. São chaves que você usou para abrir a porta do dinheiro,
dos barcos, das férias, dos relacionamentos especiais, etc.
Porém, nenhuma delas lhe trouxe a verdadeira paz e a alegria
que esteve buscando. Veja-se jogando fora todas aquelas
chaves. Agora, imagine que está cercado pela luz, que
gradualmente assume a forma de uma chave, na forma de um
ponto de laser. Veja isso como um ponto e perdão e saiba que
ele lhe oferece tudo que você quer.
• 5. Agora que você libertou a si mesmo e aos outros através do
perdão, permita-se experimentar a felicidade e a paz de saber
que é amado para sempre por Deus e que está unido a Ele e a
todos os outros, através do amor.
"Não se defender é tudo que se exige para que a verdade nasça
verdadeiramente em nossas mentes."