1) A desencarnação ocorre quando o espírito se desprende do corpo físico após a morte, conservando seu perispírito e retornando à vida espiritual.
2) O processo de separação da alma e do corpo ocorre gradualmente, dos pés para a cabeça.
3) Fatores como a causa da morte e o grau de evolução espiritual influenciam a desencarnação e o período de perturbação que se segue. Espíritos mais evoluídos tendem a se recuperar mais rápid
1. DESENCARNAÇÃO
I - DEFINIÇÃO
Ao encarnar, o espirito se liga a matéria através de seu perispírito e sob a influência do principio
vital.
Quando o corpo não mais lhe puder oferecer condições de permanência, o perispírito se desligara
dele e o espirito, liberto, retornara ao mundo espiritual.
Desencarnação, portanto, e o processo pelo qual o espirito se desprende do corpo, em virtude
da cessação da vida orgânica e, conservando o seu perispirito, volta a vida espirita.
Se para a ciência materialista, a morte e o fim de tudo, para a Ciência Espirita e o recomeço, e a
continuação da vida Espiritual, da verdadeira vida.
A alma pode se desprender do corpo físico momentaneamente e continuar ligada a ele por cordões
fluídicos. E o que acontece no sono, no estado de coma, na catalepsia ou durante o transe mediúnico.
Quando ha o rompimento total e irreversível do cordão fluídico da o que se chama morte ou
desencarne.
A desencarnação pode ser:
Providencial
(ou no
momento
certo)
e aquela que ocorre dentro do período pré-planejado de existência do indivíduo,
podendo o mesmo contar ou não com a ajuda dos amigos espirituais, dependendo da
vida que levou, ou seja, dependendo do seu merecimento.
Antecipada
e aquela em que o indivíduo retorna ao plano espiritual antes do tempo marcado para
o desencarne. Pode contar ou não com o auxilio do Alto dependendo do motivo da
antecipação. Se teve uma vida de lutas e sacrifícios ingentes em favor do próximo,
esgotando mais cedo suas forcas vitais, será socorrido. Ha, no entanto, aqueles que
procuram deliberadamente a morte, nos vícios, nas paixões desenfreadas, na
intemperança, nas contendas inúteis, no suicídio, etc, não merecendo qualquer socorro
por parte dos espíritos ate que o arrependimento lhes banhe o intimo.
Adiada
e aquela em que ha um maior prolongamento da vida física, para que o desencarne
não venha a afetar os planos do Alto ou do próprio desencarnante (quando ele o
merece). André Luiz nos conta o caso de "Albina", em "Obreiros da Vida Eterna", que
nos serve de exemplo.
Coletiva
e aquela que se verifica geralmente com um grande numero de pessoas que tem um
karma em comum. São as mortes que ocorrem nos desastres aero-rodoviários ou em
incêndios, terremotos, etc...
No momento da morte, a alma se desprende gradualmente, não se escapa como pássaro cativo a
que se restitua subitamente a liberdade. Nos espíritos mais elevados e mais rápido, enquanto que
para aqueles que levaram uma vida toda material e sensual e mais lento. Nesse instante, a alma
experimenta uma perturbação, um torpor que paralisa momentaneamente as suas faculdades e que
pode ser maior ou menor dependendo da elevação do espirito.
II - SEPARAÇÃO DA ALMA E DO CORPO
O desprendimento do perispirito em relação ao corpo :
a) opera-se gradualmente, pois os laços fluídicos que o ligam ao corpo não se quebram mas se
desatam ;
b) processa-se dos pés para a cabeça, sendo o cérebro o ultimo ponto a se desligar.
No instante da agonia, quando esse desligamento esta se processando, o desencarnante costuma
ter uma visão panorâmica, rápida e resumida mas viva e fiel, dos pontos principais da existência
terrena que esta findando.
Logo após a desencarnação, o espirito entra em um estado de perturbação espiritual. Como
estava acostumado as impressões dos órgãos dos sentidos físicos, fica confuso, como quem desperta
de um longo sono e ainda não se habituou, de novo, ao ambiente onde se encontra. A lucidez das
idéias e a lembrança do passado irão voltando, a medida que se destrói a influencia da matéria.
2. III - O QUE INFLUI NO PROCESSO DA DESENCARNAÇÃO
O processo todo da desencarnação e reintegração a vida espirita dependera:
a) Das circunstâncias da morte do corpo
Nas mortes por velhice, a carga vital foi-se esgotando pouco a pouco e, por isso, o desligamento
tende a ser natural e fácil e o espirito poderá superar logo a fase de perturbação.
Nas mortes por doença prolongada, o processo de desligamento também e feito pouco a pouco,
com o esgotamento paulatino da vitalidade orgânica, e o espirito vai-se preparando psicologicamente
para a desencarnação e se ambientando com o mundo espiritual que, as vezes, ate começa a
entrever, porque suas percepções estão transcendendo ao corpo.
Nas mortes violentas (acidentes, desastres, assassinatos, suicídios, etc.) o rompimento dos laços
que ligam o espirito ao corpo e brusco e o espirito pode sofrer com isso e a perturbação tende a ser
maior. Em casos excepcionais (como o de alguns suicidas), o espirito poderá sentir-se "preso" ao
corpo que se decompõe, o que lhe causara dolorosas impressões.
b) Do grau de evolução do espirito desencarnante
De modo geral, quanto mais espiritualizado o desencarnante, mais facilmente consegue
desvencilhar-se do corpo físico já sem vida. Quanto mais material e sensual tiver sido sua existência,
mais difícil e demorado e o desprendimento.
A perturbação natural por se sentir desencarnado e menos dolorosa para o espirito evoluído. Quase
que imediatamente ele reconhece sua situação, porque, de certa forma, já vinha se libertando da
matéria antes mesmo de cessar a vida orgânica (vivia mais pelo e para o espirito). Logo retoma a
consciência de si mesmo, percebe o ambiente em que se encontra e vê os espíritos ao seu redor.
Para o espirito pouco evoluído, apegado a matéria, sem cultivo das suas faculdades espirituais, a
perturbação e difícil, demorada, sendo acompanhada de ansiedade, angustia, e podendo durar dias,
meses e ate anos.
O conhecimento do Espiritismo ajuda muito o Espirito na desencarnação, porque não desconhecera
o que se esta passando e poderá favorecer o processo, sem se angustiar desnecessariamente e
procurando recuperar-se mais rápido da natural perturbação. Entretanto, a pratica do bem e a
consciência pura e que pode assegurar um despertar pacifico na Pátria Espiritual.
IV - A AJUDA ESPIRITUAL
A bondade divina, que sempre prevê e prove o que precisamos, também não nos falta na
desencarnação.
Por toda a parte, ha Bons Espíritos que, cumprindo os designos divinos, se dedicam a tarefa de
auxiliar na desencarnação os que estão retornando a vida espirita.
Alguns amigos e familiares (desencarnados antes) costumam vir receber e ajudar o desencarnante
na sua passagem para o outro lado da vida, o que lhe da muita confiança, calma e, também, alegria
pelo reencontro.
Todos receberão essa ajuda, normalmente, se não apresentarem problemas pessoais e
comprometimento com espíritos inferiores. Em caso contrario, o desencarnante as vezes não percebe
nem assimila a ajuda ou e privado dessa assistência, ficando a mercê de espíritos inimigos e
inferiores, ate que os limites da lei divina imponham um basta a ação destes e o Espirito rogue e possa
receber e perceber a ajuda espiritual.
V - DEPOIS DA MORTE
Após desligar-se do corpo material, o espirito conserva sua individualidade, continua sendo ele
mesmo com seus defeitos e virtudes.
Sua situação feliz ou não, na vida espirita será conseqüência da sua existência terrena e de suas
obras. Os bons sentem-se felizes e no convívio de amigos; os maus sofrem a conseqüência de seus
atos; os medianos experimentam as situações de seu pouco preparo espiritual.
Através do perispirito, conserva a aparência da ultima encarnação, já que assim se mentaliza. Mais
tarde, se o puder e desejar, a modificara.
Depois da fase de transição, poderá estudar, trabalhar e preparar-se para nova existência a fim de
3. continuar evoluindo.
Sorte das crianças após a morte
Como nada puderam fazer de bom ou de mal, a situação das crianças no Alem e a que merecem
de acordo com a existência anterior.
Umas "crescem" fluidicamente, perispiritualmente; outras, que precisarão reencarnar em breve,
conservam a forma infantil. A forma infantil também pode ser adotada por um Espirito que se quer
fazer reconhecido assim.
As vezes, essas curtas existências terrenas são complemento de uma encarnação antecedente e
constituem prova para os pais.
VI - COMEMORAÇÕES FÚNEBRES
Nos velórios, o espirita não se desespera; mantém-se em atitude respeitosa, pois sabe que o
espirito desencarnante esta em delicada fase de desprendimento do corpo e de transformação de sua
existência. Não usa velas, coroas, flores, pois o espirito não precisa dessas exterioridades; mas
procura oferecer o que o desencarnante realmente precisa: respeito a sua memória, orações,
pensamentos carinhosos em favor de sua paz e amparo no mundo espiritual. E fraterno com os
familiares e amigos do desencarnante, ajudando-os no que puder.
O espirita não adota luxo nem ostentação para o sepultamento nem se preocupa em erigir
túmulos.
Mas lembra com afeto os entes queridos já desencarnados, procurando honra-los com atos bons e
caridosos em sua homenagem, orando sempre pelo seu bem estar e progresso espiritual.
A oração pelos desencarnados pode ser feita onde estivermos, não e indispensável ir aos
cemitérios, porque as vibrações alcançam o espirito, onde quer que ele esteja.
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Livros Consultados:
- O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Perguntas: 68, 149-153, 154-165, 197-199, 320-329.
- A Gênese, Allan Kardec, Cap. XI, itens 18/22.
- O Regresso ( O Retorno a Vida Espiritual segundo o Espiritismo ), de Ariovaldo Caversan / Geziel Andrade.