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ISSN 1413-389X Trends in Psychology / Temas em Psicologia – 2014, Vol. 22, nº 1, 207-222
DOI: 10.9788/TP2014.1-16
Ensino Sem Erro e Aprendizagem de Discriminação
Raquel Maria de Melo1
Departamento de Processos Psicológicos Básicos da Universidade de Brasília,
Brasília, Distrito Federal, Brasil
João dos Santos Carmo
Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos,
São Carlos, São Paulo, Brasil
Elenice S. Hanna
Departamento de Processos Psicológicos Básicos da Universidade de Brasília,
Brasília, Distrito Federal, Brasil
Resumo
O termo aprendizagem sem erro tem sido utilizado para se referir, de maneira ampla, à programação
de contingências de ensino que resultam em desempenhos precisos ou com pouco erro. A ocorrência
de erros durante a aprendizagem tem sido considerada uma parte importante e necessária à aprendiza-
gem na cultura e no meio acadêmico. Na Análise do Comportamento os erros e suas implicações para
a aprendizagem são investigados em estudos sobre controle de estímulos e os resultados indicam que
erros podem interferir na precisão de desempenhos já aprendidos, gerar comportamentos emocionais,
esquiva da tarefa e/ou do professor. Neste estudo, são apresentados diferentes procedimentos de mo-
dificação gradual de estímulos para ensinar discriminações, que podem gerar aprendizagem sem erro,
e os fatores que afetam a eficácia dessas contingências de ensino. Esses procedimentos necessitam ser
mais amplamente divulgados, por serem contribuições importantes da Análise do Comportamento para
contextos aplicados, especialmente para o desenvolvimento de tecnologias de ensino quando métodos
tradicionais fracassam.
Palavras-chave: Ensino sem erro, modelagem de estímulos, esvanecimento, dica atrasada.
Errorless Learning and Discrimination Learning
Abstract
The term errorless learning is largely used to refer to programming teaching contingencies which result
in accurate performances or learning without errors. The occurrence of errors during learning has been
considered an important and necessary part of learning in cultural and academic contexts. Errors and
their implications for learning are investigated in behavioral analytic studies on stimuli control and their
results indicate that errors can affect the accuracy of an already established performance, generate emo-
tional behaviors, and avoidance of the task or teacher. The present study describes different procedures
1
Endereço para correspondência: Departamento de Processos Psicológicos Básicos, Instituto de Psicologia,
Universidade de Brasília, Campus Universitário Darci Ribeiro, Brasília, DF, Brasil 70910-900. E-mail:
melo.rm@gmail.com, carmojs@gmail.com e elenicehanna@gmail.com
Os autores são pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT-ECCE), este apoiado pelo
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) no âmbito do Edital 15/2008, com auxílio do Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq; #573972/2008-7) e da Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP; #2008/57705-8).
Melo, R. M., Carmo, J. S., Hanna, E. S.208
with gradual stimulus change, to teach discrimination skills with none or few errors, and the factors that
affect the efficacy of those discriminative training. Such procedures are a relevant contribution from
behavior analysis to applied contexts, especially for the development of educational technologies when
traditional methods fail.
Keywords: Errorless instruction, stimulus shaping, fading, delayed prompt.
Aprendizaje Sin Error y la Discriminación Aprendizaje
Resumen
El término aprendizaje sin error se ha utilizado para referirse, en general, la programación de contingen-
cias de enseñanza que se traducen en rendimientos precisos o con poco errores. La ocurrencia de errores
durante el aprendizaje se ha considerado importante y necesario para el aprendizaje en la cultura y en la
academia. En el Análisis de la Conducta errores y sus implicaciones para el aprendizaje son investigados
en los estudios sobre control de estímulos y los resultados indican que errores puede afectar la precisión
de rendimiento ya aprendido, generar comportamientos emocionales, evitación de la tarea o del maes-
tro. En este texto, se presentarán diferentes procedimientos de modificación gradual de estímulos para
enseñar la discriminación, que puede generar el aprendizaje sin error y los factores que afectan la efec-
tividad de estas contingencias. Estos procedimientos deben difundirse más ampliamente, constituyen
importantes contribuciones para contextos de análisis aplicado del comportamiento, especialmente para
el desarrollo de tecnologías educativas cuando fallan los métodos tradicionales.
Palabras clave: Enseñanza sin error, moldeamiento de control de estímulos, desvanecimiento, inductor
demorado.
O termo aprendizagem sem erro se refere,
de maneira ampla, a um conjunto de procedi-
mentos de ensino que resultam em desempenhos
precisos ou com pouco erro. Diferentes perspec-
tivas da psicologia atribuem aos erros uma fun-
ção positiva no processo de aprendizagem, es-
pecialmente no contexto acadêmico. Na Análise
do Comportamento os erros e suas implicações
para a aprendizagem são investigados em estu-
dos sobre controle de estímulos e os resultados
indicam que erros podem interferir na precisão
de desempenhos já aprendidos e gerar compor-
tamentos emocionais. Nesse artigo, inicialmen-
te serão revisadas algumas concepções do erro
como parte inerente do processo de aprendiza-
gem. Posteriormente, serão caracterizadas pro-
gramações de contingências de ensino de dis-
criminações que reduzem a ocorrência de erros,
fundamentadas em estudos empíricos da Análise
do Comportamento, e analisados fatores que fa-
vorecem a sua eficácia.
A noção de que a ocorrência de erros é be-
néfica para a aprendizagem constitui-se em uma
explicação culturalmente aceita. A expressão
“errando é que se aprende” é comumente men-
cionada para se referir ao processo de modifica-
ção de comportamento inerente à aprendizagem.
No meio acadêmico, os erros geralmente são
considerados parte do processo de aprendiza-
gem e se constituem em oportunidades para a
aquisição de novos comportamentos. Este modo
de pensar pressupõe que as respostas incorre-
tas fornecem ao aprendiz “informações” úteis
sobre como corrigi-las e emitir o desempenho
correto. O erro, em contexto de avaliação, pode
indicar onde o aprendiz se encontra no processo
de aprendizagem ou desenvolvimento (La Tail-
le, 1997; Piaget, 1976; Queiroz, Dias, Chagas &
Nepomoceno, 2011).
O interesse pela função dos erros no proces-
so de aquisição de novos comportamentos pode
ser evidenciado em estudos de diferentes pers-
pectivas teóricas. As investigações sobre memó-
ria da Psicologia Cognitiva ilustram a relação
entre os erros e a aquisição de conhecimento.
Ebbinghaus (1885/1913) verificou que uma das
Ensino Sem Erro e Aprendizagem de Discriminação 209
variáveis responsáveis pelo desenvolvimento da
habilidade para recordar listas de sílabas sem
sentido (e.g., DAX, BUP, LOC) é o número de
repetições das listas. As primeiras repetições
estavam associadas com mais erros, e à medida
que a retenção aumentava, os erros diminuíam
gradualmente.
Na teoria do desenvolvimento cognitivo
proposta por Piaget é enfatizada a função dos
erros no processo de aquisição de novos conhe-
cimentos, como pode ser observado na seguinte
afirmação:
Com efeito, do ponto de vista da invenção
um erro corrigido pode ser mais fecundo
que um êxito imediato, porque a compara-
ção da hipótese falsa e suas consequências
proporciona novos conhecimentos, e a com-
paração entre erros dá lugar a novas idéias.
(Piaget, 1976, pp. 60-61)
De acordo com essa perspectiva, ao se depa-
rar com um problema a criança utiliza esquemas
cognitivos que já possui e formula hipóteses a
respeito de alternativas de solução e de sequên-
cias de ação. Correções na forma de compreen-
der o problema e de como resolvê-lo são gradu-
almente efetuadas em função dos acertos e dos
desequilíbrios na estrutura de conhecimentos
gerados pelos erros. Pressupõe-se que ocorreu
a construção de novos conhecimentos quando
a solução é descoberta e o problema é solucio-
nado (La Taille, 1997; Macedo, 1995; Queiroz
et al., 2011). Assim, nessa perspectiva, os erros
fazem parte da construção de conhecimentos do
aprendiz, são oportunidades para contrastar for-
mas anteriores de compreender um problema e
elaborar novas hipóteses, e compete ao professor
promover situações que produzam conflitos no
sistema cognitivo do aprendiz (Macedo, 1994;
Pinto, 2000).
Na perspectiva de precursores da Análise do
Comportamento, estudos como os de Thorndike
fornecem evidências do interesse pela relação
entre a aprendizagem e a ocorrência de erros, da
análise da precisão do desempenho em função
de mudanças em variáveis ambientais. Segundo
a lei do efeito proposta por Thorndike (1911),
todos os animais, inclusive o homem, aprendem
associações entre estímulo e resposta que são
influenciadas pelos resultados ou consequências
de satisfação ou de desconforto das respostas. As
respostas que geram desconforto podem ser en-
tendidas como erros em vários contextos.
A descrição da aprendizagem em termos de
manutenção de respostas que produzem deter-
minados efeitos e diminuição da ocorrência de
respostas que não produzem tais resultados, ou
erradas, explicitada na Lei do Efeito de Thorn-
dike, está presente em contextos escolares que
destacam aspectos da situação que afetam o que
o aprendiz é capaz de fazer e explicam a apren-
dizagem como um processo de aquisição por
tentativa-e-erro.
Na Análise do Comportamento, os erros e
suas implicações para a aprendizagem têm sido
investigados no âmbito de estudos sobre controle
de estímulos, mais especificamente sobre a aqui-
sição de discriminações. O procedimento padrão
de treino discriminativo envolve o reforçamento
diferencial o qual é frequentemente denominado
de tentativa-e-erro. Reforçar diferencialmente
implica em apresentar determinada consequên-
cia para a ocorrência de uma resposta na presen-
ça de um estímulo (S+ ou SD
- ésse-dê), e não
apresentá-la quando a mesma resposta ocorre na
presença de outro(s) estímulo(s) (S- ou S
- ésse-
-delta; Bijou, 1995; Catania, 1998/1999; Matos,
1981; Sério, Andery, Gioia & Micheletto, 2002).
Em situações de discriminação, portanto, respos-
tas ao S+ são denominadas de acertos e respostas
ao S-, de erros.
A diminuição na ocorrência de erros, ou res-
postas em S-, é considerada, por alguns autores,
como condição necessária para a aprendizagem
de discriminações (e.g., Keller & Schoenfeld,
1950/1974; Spence, 1937). Em uma situação de
aprendizagem, inicialmente as respostas são pro-
váveis na presença de diferentes estímulos. Em
decorrência do procedimento de reforçamento
diferencial, as respostas na presença do S+ (acer-
tos) aumentam de frequência e deixam de ocor-
rer na presença do S- (erros). O reforçamento de
uma resposta, no início do processo, aumenta a
probabilidade de ocorrência dessa e de outras
respostas na situação presente e na presença de
outros estímulos semelhantes. A diferenciação
do responder que ocorre no treino discriminati-
Melo, R. M., Carmo, J. S., Hanna, E. S.210
vo é, segundo Keller e Schoenfeld, decorrente
da não apresentação do reforço (extinção) como
consequência de respostas na presença do S-,
reduzindo a probabilidade de ocorrência dessas
respostas. Neste sentido, a aquisição de uma dis-
criminação implica em redução da ocorrência de
respostas erradas.
Por outro lado, existem resultados de estu-
dos que permitem questionar a importância do
erro para a aquisição de discriminações. Diver-
sos estudos mostram que a ocorrência de erros
durante o treino discriminativo pode ser influen-
ciada por variáveis de procedimento caracteriza-
das por alterações nos estímulos antecedentes,
como por exemplo, a diferença entre o S+ e o
S- (Frick, 1948; Raben, 1949); a redução gradu-
al da diferença entre S+ e S- (Lawrence, 1952;
Schlosberg & Solomon, 1943); e a quantidade de
exposição a tentativas com apenas o S+, antes da
apresentação sucessiva do S+ e do S- (Skinner,
1938). Considerando as evidências sobre a rela-
ção entre os erros e manipulações nos estímulos
antecedentes, Terrace (1963) realizou um estudo
com pombos, para avaliar o efeito da quantidade
de treino das respostas na presença do S+, antes
da introdução do S-, e da diferença entre o S+ e
S-, na aquisição de discriminação de cor (S+ :
Vermelho; S- : Verde). Foi utilizado um proce-
dimento de treino sucessivo e os sujeitos foram
expostos a uma das quatro condições experimen-
tais: (a) Treino Constante com apresentação do
S+e do S- durante todo treino (tentativa-e-erro);
(b) Treino Constante com a apresentação do S-
após algumas sessões de treino com a apresen-
tação apenas do S+; (c) Treino Progressivo com
introdução gradual do S- (mudanças progressi-
vas do brilho, duração e cor do S-); (d) Treino
Progressivo com introdução gradual do S- após
sessões de treino com a apresentação apenas do
S+. Nos Treinos Progressivos, denominados de
esvanecimento (fading), a duração da apresen-
tação do S- aumentou gradualmente e a inten-
sidade da luz mudou de escuro para verde cada
vez mais forte até que diferisse do S+ apenas
pela cor. Os treinos progressivos resultaram em
poucas respostas na presença do S- e mais erros
ocorreram para os sujeitos expostos ao Treino
Constante, principalmente quando a cor verde
(S-) era introduzida após sessões de treino com
apresentação apenas da cor vermelha (S+). Foi
verificado também que uma história de aprendi-
zagem com erros resultou em persistência dos
erros e gerou subprodutos emocionais. Terrace
concluiu que a aquisição de uma discriminação
pode e deve ocorrer sem erros.
Os resultados previamente relatados ques-
tionam, portanto, o pressuposto de que os erros
são inerentes ao processo de aprendizagem e de-
monstram que a ocorrência de erros está relacio-
nada com o procedimento de ensino utilizado,
ou seja, com o planejamento da contingência de
ensino. Adicionalmente, demonstram que os er-
ros podem prejudicar ou retardar a aquisição de
discriminações.
O trabalho de Terrace (1963) suscitou in-
vestigações adicionais e interesse tanto teórico
quanto para a aplicação, sugerindo mudança em
antigas concepções de aprendizagem que enfa-
tizam o “erro”. Os resultados obtidos por Terra-
ce foram replicados com crianças pré-escolares
(Goldiamond & Moore, 1964; Griffiths & Gri-
ffiths, 1976), crianças autistas (Rincover, 1978;
Schreibman & Charlop, 1981), indivíduos com
retardo mental (Sidman & Stoddard, 1966, 1967;
Strand, 1989), e adultos (Baker & Osgood, 1954;
Fields, 1981). No ensino de discriminações têm
sido empregados estímulos como: cores, linhas
com diferentes inclinações, formas geométricas
(e.g., círculo-elipse; círculo-triângulo), tama-
nho, letras, símbolos Braille, dentre outros.
Na literatura sobre controle de estímulos,
o termo aprendizagem sem erro é utilizado no
contexto de procedimentos de modificação gra-
dual de estímulos que resultam em desempenhos
precisos, com nenhum ou pouco erro, quando
comparado com o procedimento de tentativa-e-
-erro. McIlvane e Dube (1992) sugerem que to-
dos esses procedimentos modelam o controle de
estímulo sendo, por isso, chamados de procedi-
mentos de modelagem de controle de estímulos.
A demonstração de que a aprendizagem
pode ocorrer sem erro ou com poucos erros é
uma contribuição significativa para a análise das
contingências de ensino que geram muitos erros,
como é o caso do ensino de matemática (Carmo,
2003), para o desenvolvimento de tecnologias de
Ensino Sem Erro e Aprendizagem de Discriminação 211
ensino sem erro (Skinner, 1968/1972) e para in-
divíduos com baixa resistência à frustração, com
atraso no desenvolvimento ou que fracassam
com os métodos tradicionais (Grow, Carr, Ko-
dak, Jostad & Kisamore, 2011; Hanney & Tiger,
2012; Jerome, Frantino & Sturmey, 2007; Muel-
ler, Palkovic & Maynard, 2007; Sidman, 2010;
Stoddard, de Rose & McIlvane, 1986; Stoddard,
McIlvane & de Rose, 1987). Os procedimentos
de ensino sem erro geram discriminações em cur-
to espaço de tempo e com menos erros do que
os procedimentos tradicionais. Os erros, mesmo
ocasionais, podem interferir na precisão de de-
sempenhos já aprendidos, gerar comportamentos
de esquiva, tanto da tarefa quanto do professor
(e.g., recusas em responder e participar de ativi-
dades propostas), e respostas emocionais (e.g.,
agitação na cadeira, expressões faciais de desa-
grado; Matos, 1995; Stoddard et al., 1986).
Procedimentos que diminuem a probabilida-
de de aprendizagem com erros também têm sido
associados com melhor desempenho em estudos
sobre memória com adultos e crianças (e.g., An-
derson & Craik, 2006; Hammer, Tempelmann &
Münte, 2013; Warmington, Hich & Gathercole,
2013) e utilizados como estratégias de reabilita-
ção para indivíduos que apresentam déficits de
memória e amnésia (e.g., Baddeley & Wilson,
1994; Clare, Wilson, Carter, Roth & Hodges,
2002) e com esquizofrenia (Kern et al., 2009).
Entretanto, tais estratégias não serão detalhadas
uma vez que não envolvem procedimentos de
mudança gradual nos estímulos apresentados em
tarefas de ensino de discriminações e, portanto,
estão além dos objetivos do presente artigo.
No Brasil, entretanto, a divulgação dos pro-
cedimentos de ensino de discriminações sem
erros é modesta, sendo ainda restrita às pesqui-
sas desenvolvidas no meio acadêmico e predo-
minante na literatura estrangeira, com poucas
publicações em português (e.g., Alves, Assis,
Kato & Brino, 2011; Kato & Maranhão, 2012;
Postalli, Almeida, Canovas & de Souza, 2008;
Sidman, 1985; Stoddard et al., 1986; Stoddard
et al., 1987). A repercussão de possíveis apli-
cações, mesmo de trabalhos de qualidade como
o de Iñesta (1972/1980), que apresenta suges-
tões claras e sistemáticas para o ensino de de-
sempenhos relevantes para as séries iniciais do
ensino fundamental, tais como leitura, escrita e
operações matemáticas, é inexpressiva. Torna-
-se relevante, portanto, ampliar a divulgação dos
diferentes procedimentos de ensino sem erro e
dos fatores relevantes para a efetividade de tais
treinos discriminativos.
Procedimentos de Ensino sem Erro
Uma análise da literatura sobre controle de
estímulos mostra que procedimentos de aprendi-
zagem sem erro podem ser utilizados para ensi-
nar discriminações simples ou condicionais. A
essência dos primeiros procedimentos propostos
como contingências de ensino sem erro estava
na mudança gradual em dimensões dos estímu-
los antecedentes, sendo utilizado como termo
genérico procedimentos de esvanecimento. Atu-
almente se sabe que outros procedimentos que
não incluem a modificação gradual dos estímu-
los (e.g., exclusão) podem também evitar a ocor-
rência de erros.
Procedimentos de ensino sem erro apresen-
tam como principais características: (a) modifi-
cação gradual em dimensões dos estímulos (e.g.,
cor, tamanho, forma, brilho) utilizados no treino
discriminativo, podendo ocorrer no S+, no S- ou
no S+ e no S-; e (b) redução das diferenças entre
os estímulos das discriminações inicial e final.
No início do treino discriminativo geralmente
são utilizados estímulos que já controlam o res-
ponder diferencial. Ao longo das etapas de en-
sino são efetuadas modificações, de forma gra-
dual, em uma ou mais dimensões de pelo menos
um desses estímulos. Como resultado, poderia
haver mudança no controle de estímulo das di-
mensões inicias para as finais do S+ e do S- com
a ocorrência de uma quantidade mínima de erros
ao longo do treino discriminativo.
Alguns aspectos devem ser observados
durante a etapa de planejamento de uma con-
tingência de ensino sem erro. As manipulações
nos estímulos devem ser definidas previamente
pelo instrutor (experimentador ou terapeuta) a
partir da verificação do que o aprendiz é capaz
de fazer, da identificação dos estímulos que já
controlam o seu comportamento, de reforçado-
Melo, R. M., Carmo, J. S., Hanna, E. S.212
res potenciais e da constatação de que o proce-
dimento mais simples de reforçamento diferen-
cial foi ineficaz (Eckert & Browder, 1997; Etzel
& LeBlanc, 1979). A escolha do procedimento
deve ser feita considerando-se as características
individuais do aprendiz, e o programa deve ser
cuidadosamente planejado no que se refere à se-
leção dos estímulos iniciais e finais, a definição
do número de passos de mudança gradual e do
critério de aprendizagem a ser adotado.
A literatura descreve pelo menos três pro-
cedimentos de ensino sem erro que serão apre-
sentados e analisados neste artigo: (a) esvaneci-
mento; (b) modelagem de estímulo; e (b) dica
atrasada.
Esvanecimento (fading). O esvanecimento
caracteriza-se pela mudança gradativa em uma
ou mais dimensões físicas (e.g., intensidade, ta-
manho, cor) de pelo menos um dos estímulos
discriminativos (S+, S- ou S+ e S-). Inicia-se o
treino com uma tarefa de discriminação que o
aprendiz já domina, sendo apresentados estímu-
los que se diferenciam em mais de uma dimen-
são, e é comum a apresentação apenas do S+ na
primeira tentativa de treino, a fim de aumentar a
probabilidade de respostas corretas (e.g., Gollin
& Savoy, 1968; Sidman & Stoddard, 1966; Ter-
race, 1963). Em etapas sucessivas, modificações
graduais ao longo de um contínuo são efetuadas
em pelo menos um dos estímulos iniciais até
que sejam apresentados os estímulos da discri-
minação final (ou critério), previamente defini-
da como a que deverá ser ensinada. A diferença
entre uma ou mais dimensões do S+ e do S- é
progressivamente reduzida.
A forma mais comum de esvanecimento
envolve a mudança gradual na dimensão inten-
sidade (e.g., Gollin & Savoy, 1968; Sidman &
Stoddard, 1967). Um dos estímulos (S+ ou S-)
permanece constante durante todo o treino en-
quanto o outro é gradualmente introduzido, au-
mentando-se progressivamente a sua intensidade
até se tornar igual à do estímulo mantido constan-
te. A Figura 1 (Painel a) apresenta cinco etapas
de uma sequência de mudança gradual efetuada
no S- de um treino discriminativo entre círculo
(S+) e triângulo (S-). Na tentativa inicial, é apre-
sentado apenas o S+ com as dimensões na for-
ma final (e.g., intensidade, forma e tamanho) e o
outro estímulo (S-) está ausente (e.g., apresenta-
ção de um cartão em branco). Progressivamente,
a intensidade do triângulo (S-) aumenta até se
igualar ao S+ na etapa final. Tal procedimento
tem sido denominado de fading in, esvanecimen-
to aditivo ou introdução gradual de estímulo.
S+ S- S+ S-
Estímulos
Iniciais
Estímulos
Finais
Mudanças
Graduais
(a) (b)
Figura 1. Exemplo de pares de estímulos de um proce-
dimento de esvanecimento (Painel a) e do procedimen-
to de modelagem de estímulos (Painel b).
O procedimento de esvanecimento pode in-
cluir a introdução ou retirada de estímulos que já
controlam o responder discriminado (chamados
de dica ou prompt) aos estímulos da discrimi-
nação final (Lancioni & Smeets, 1986). A dica
se refere tanto a um estímulo adicionado, como
à apresentação de uma dimensão do estímulo,
que não é a alvo da discriminação, de maneira
ressaltada ou exagerada. A dica é um estímulo
suplementar não diretamente relacionado com a
tarefa, mas inserido nela porque já controla o de-
sempenho a ser ensinado (Touchette & Howard,
1984). A sobreposição por si só não se caracte-
riza como um procedimento de ensino sem erro.
Em associação com o esvanecimento, no entan-
to, ilustra uma de suas variações, a remoção gra-
dual de estímulo, procedimento denominado de
fading out.
Iñesta (1972/1980) apresenta diversos
exemplos desses procedimentos para treinar re-
Ensino Sem Erro e Aprendizagem de Discriminação 213
Na tentativa final são apresentados o S+ e o S-
da discriminação final, o círculo e o triângulo.
De forma semelhante ao esvanecimento,
a modelagem de estímulo pode ser combinada
com a sobreposição de uma dica. Etzel, LeBlanc,
Schilmoeller e Stella (1981) utilizaram a deno-
minação sobreposição e modelagem de estímulo
para se referir à situação em que a modelagem é
efetuada no elemento que é adicionado ao estí-
mulo da discriminação final, para diferenciar esse
procedimento da modelagem de estímulo em que
o estímulo inicial é transformado no estímulo
complexo final a partir de mudanças na sua con-
figuração. No procedimento descrito por Etzel et
al. (1981) foram acrescentados aos estímulos da
discriminação final (figuras que se diferenciavam
pelo ângulo de inclinação entre linhas,  e ) dois
elementos, um cachorro conectado por uma linha
à figura com ângulo  (S+) e um balão conectado
por uma linha à figura com ângulo  (S-). Ao lon-
go das etapas de mudança dos elementos adicio-
nados, o balão se desprendia e se deslocava para
cima até desaparecer e a forma do cachorro se
modificava para representá-lo como se estivesse
cavando um buraco, colocando a cabeça e a se-
guir partes cada vez maiores do corpo até entrar
completamente no buraco e desaparecer. Na so-
breposição e modelagem de estímulos, portanto,
são sobrepostos aos estímulos da discriminação
final (S+ e S- ou apenas S+ ou S-) estímulos adi-
cionais que já controlam responder diferencial.
A topografia dos estímulos adicionados é pro-
gressivamente modificada até serem incorpora-
dos aos estímulos finais ou removidos por partes.
A escolha entre a utilização do esvaneci-
mento ou da modelagem de estímulos requer
uma análise cuidadosa da discriminação a ser
ensinada. Estudos anteriores que compararam os
dois procedimentos relataram que a modelagem
de estímulo gera a aprendizagem de discrimina-
ções mais precisas quando a discriminação alvo
envolve a forma dos estímulos. Dificuldade de
ensino de discriminações com o procedimento
de esvanecimento está relacionada ao fato de
que, em geral, a dimensão manipulada ao lon-
go das etapas do procedimento é diferente da-
quela definida como critério da discriminação
final (Etzel & LeBlanc, 1979; Schilmoeller et
pertórios verbais em crianças com atraso no de-
senvolvimento. Em um dos exemplos, o ensino
de responder diferencial às palavras impressas
bolo e bola é iniciado com a apresentação ape-
nas das figuras, considerando-se que as crianças
prontamente nomeiam as figuras. Ao longo das
tentativas sucessivas, gradativamente os estímu-
los finais são introduzidos (palavras impressas:
bolo e bola). A introdução das letras, uma a uma,
pode ser efetuada aumentando-se gradualmente
a intensidade das linhas, iniciando com linhas
pontilhadas, passando para tracejadas e final-
mente contínuas. Nesta etapa intermediária, a
nomeação ocorre na presença do estímulo com-
posto palavra impressa – figura. A seguir, ini-
cia-se a remoção gradual da figura. Na situação
final, a criança estará dizendo “bolo” diante da
palavra bolo e “bola” diante de bola tendo sido,
portanto, modificado o controle dos estímulos
iniciais (figuras) para os estímulos finais (pala-
vras impressas).
Modelagem de Estímulo (stimulus shaping).
A modelagem de estímulo se refere ao proce-
dimento que modifica gradualmente a topogra-
fia (configuração ou forma) do(s) estímulo(s)
inicial(is) até que eles adquiram a forma dos
estímulos da discriminação final (Etzel & Le-
Blanc, 1979; Schilmoeller, Schilmoeller, Etzel
& LeBlanc, 1979). O treino inicia-se com estí-
mulos fisicamente distintos e que já controlam
desempenho discriminado, sendo geralmente
utilizados estímulos familiares; manipulações
progressivas são efetuadas na forma dos estímu-
los iniciais, de tal maneira que ao término das
etapas de mudança os estímulos apresentam a
forma dos estímulos da discriminação final, pre-
viamente determinados. Os estímulos iniciais e
finais compartilham uma mesma dimensão críti-
ca que permite a diferenciação entre o S+ e o S-.
Em um exemplo de procedimento para ensi-
nar a discriminação entre círculo (S+) e triângu-
lo (S-), a modelagem de estímulo inicia-se com
a apresentação de estímulos com formas distin-
tas tais como uma maçã (S+) e uma árvore (S-;
Figura 1, Painel b). A configuração da árvore é
modificada gradualmente até a forma de um tri-
ângulo, enquanto que a forma da maçã é mudada
progressivamente para a forma de um círculo.
Melo, R. M., Carmo, J. S., Hanna, E. S.214
al., 1979). Esta distinção entre dimensão mani-
pulada e dimensão da discriminação final pode
ser verificada analisando-se os exemplos apre-
sentados nos painéis a e b da Figura 1. No es-
vanecimento (Painel a) a dimensão modificada
é a intensidade da linha de contorno das figuras.
As discriminações iniciais, por isso, podem ser
feitas com base na diferença da intensidade das
linhas, enquanto que a discriminação final, que
deve ser aprendida, envolve a forma dos estímu-
los. Na modelagem de estímulo (Painel b), a di-
mensão modificada desde o início é a forma dos
estímulos, passando do formato de maçã e arvo-
re para formas cada vez mais próximas às formas
de círculo e triângulo, que são os estímulos fi-
nais. O sucesso no ensino de discriminações com
esses procedimentos depende, portanto, de um
planejamento de contingência que desde o iní-
cio focalize o controle pela dimensão relevante,
partindo-se de estímulos que o aprendiz já seja
capaz de discriminar. Outras variáveis importan-
tes serão discutidas posteriormente.
Dica Atrasada (delayed prompting). O pro-
cedimento de dica atrasada foi desenvolvido por
Touchette (1971) e se refere à modificação gra-
dual do intervalo entre a apresentação dos estí-
mulos da discriminação final e da apresentação
da dica se a resposta não ocorrer. Inicialmente, a
dica é sobreposta (apresentada simultaneamente)
a um dos estímulos da discriminação final (S+
ou S-) e, ao longo das etapas de ensino, interpõe-
-se um tempo para que a resposta ocorra entre
a apresentação dos estímulos finais e da dica.
Este tempo é gradualmente aumentado até que
a dica possa ser removida definitivamente, quan-
do as respostas passam a ocorrer antes da sua
apresentação (Graff & Green, 2004; Touchette
& Howard, 1984). São frequentemente utiliza-
dos como dica por um professor, por exemplo,
o apontar a alternativa correta, a colocação de
uma cor, figura, instruções verbais, gestos, ajuda
física ou o modelo da resposta a ser emitida.
Seria um procedimento de dica atrasada
no ensino da discriminação círculo-triângulo, a
apresentação dos dois estímulos finais e imedia-
tamente (após 0,1 s) o S- desaparece do cenário,
ficando apenas o círculo que deve ser escolhi-
do. Após um pequeno intervalo (importante para
separar as tentativas), apresentam-se novamente
os estímulos finais, agora atrasando a retirada do
triângulo por um tempo um pouco maior (0,5s
por exemplo) e novamente, se a resposta não
ocorrer durante esse intervalo, retira-se o S- do
cenário.
Em um segundo exemplo deste procedi-
mento, pode-se utilizar como dica, ao ensinar
discriminações entre orientações diferentes de
formas geométricas ( - S+ e  - S-), uma
seta na cor vermelha () para indicar a escolha
correta. Os estímulos da discriminação final são
apresentados ao longo de todo o treino e a dica
aparece, inicialmente, junto com os outros estí-
mulos. A escolha do S+ em uma tentativa resulta
em reforçamento e no aumento do atraso entre a
apresentação dos estímulos correto e incorreto e
da dica. Erros produzem a diminuição do atraso.
Ao longo das tentativas, os atrasos aumentam
gradualmente, até que a seta seja completamente
removida.
Procedimentos de ensino sem erro são es-
pecialmente úteis para crianças com dificulda-
de de aprendizagem, quando erros recorrentes
acontecem. Os procedimentos têm se mostrado
úteis para ensinar discriminações entre estímu-
los gráficos (e.g., Griffiths & Griffiths, 1976;
Melo, de Jesus & Hanna, 2005; Schilmoeller et
al., 1979), que é uma habilidade relevante para
a aprendizagem de desempenhos mais comple-
xos que requerem diferenciação de formas, tais
como ler e escrever. Em uma revisão de 30 es-
tudos empíricos que utilizaram a dica atrasada,
Browder, Ahlgrim-Delzell, Spooner, Mims e
Baker (2009) verificaram a efetividade desse
procedimento para ensinar reconhecimento de
palavras e figuras para indivíduos com atraso no
desenvolvimento e recomendaram a sua aplica-
ção em contextos escolares.
A dica atrasada tem sido utilizada com su-
cesso no ensino do comportamento de seguir
instruções, que é um desempenho relevante no
contexto acadêmico e clínico. Striefel, Wetherby
e Karlan (1979), por exemplo, ensinaram respos-
tas motoras por meio de imitação a adolescentes
com deficiência intelectual. Posteriormente, a
Ensino Sem Erro e Aprendizagem de Discriminação 215
instrução verbal (verbo de ação + substantivo)
era apresentada simultaneamente com o modelo
da resposta motora (dica) executada pelo expe-
rimentador. Respostas corretas resultavam, na
próxima tentativa, em atrasos cada vez maiores
entre a instrução verbal e o modelo apresentado
ao aprendiz. Ao longo do programa foi verifica-
da mudança no controle de estímulo do modelo
executado pelo experimentador para as instru-
ções verbais.
Procedimentos para modelar o controle de
estímulos são frequentemente utilizados na con-
fecção de quadros de uma instrução programa-
da, com o objetivo de aumentar a probabilida-
de de acertos. Os quadros apresentam pequenas
quantidades de informação e são organizados
em uma sequência que avança do mais simples
para o mais complexo. O aprendiz deve emitir
pelo menos uma resposta por quadro. Dicas ou
informações adicionais que já controlam o res-
ponder diferencial ou que “indicam” a resposta a
ser emitida são acrescentadas e, em seguida, es-
vanecidas (Sidman, 2010; Skinner, 1968/1972;
Tabler, Glaser & Schaefer, 1965). Por exemplo,
figuras que indicam a palavra que deverá ser es-
crita (e.g., , ), a parte inicial da palavra (e.g.,
d e _ _), ou um termo ou frase com significado
similar (e.g., Uma dezena de bananas é outro
nome para __ bananas). Ao longo da sequência
de quadros a dica é removida e as respostas pas-
sam a ocorrer diante de novas situações ou estí-
mulos discriminativos.
Fatores que Afetam a Eficácia
de Treinos Discriminativos
Na literatura sobre controle de estímulos,
verifica-se que os estudos que utilizam procedi-
mentos de ensino sem erro, em geral, envolvem
participantes com atraso no desenvolvimento,
tarefas de discriminação simultânea entre estí-
mulos visuais e, geralmente, enfatizam a compa-
ração entre procedimentos distintos. No entanto,
deve-se levar em consideração que vários fatores
afetam a eficácia de qualquer treino discrimina-
tivo. Entre esses fatores estão: (a) o tipo de trei-
no (sucessivo – com as alternativas de escolha
apresentadas separadamente; simultâneo – com
as opções correta e incorretas presentes ao mes-
mo tempo), (b) características dos participantes
(idade, história passada, nível de desenvolvi-
mento), (c) relação entre a(s) dimensão(ões)
em que os estímulos S+ e S- se diferenciam e
a dimensão da discriminação alvo (mesma di-
mensão ou dimensões diferentes), (d) qualidade
física dos estímulos (e.g., nitidez), (e) topografia
da resposta (e.g., apontar, nomear), (f) esquema
de reforçamento utilizado, (g) tipo de reforço e
parâmetros (magnitude, frequência e atraso) do
reforçamento (Harrison, 1991). Adicionalmen-
te, é importante saber quais condições já foram
identificadas como importantes para que os pro-
cedimentos de ensino sem erro sejam eficazes.
A dimensão do estímulo modificada tem
sido apontada como um dos principais fatores
que afetam a precisão da aquisição de discri-
minações (Schilmoeller et al., 1979; Strand &
Morris, 1988). Dimensões relacionadas com o
critério se referem àquelas dimensões críticas
para a discriminação final, enquanto que dimen-
sões não relacionadas com o critério envolvem
modificações em uma dimensão irrelevante para
a discriminação final (Etzel & LeBlanc, 1979).
Ao apresentar a comparação entre esvanecimen-
to e modelagem de estímulos, já apresentamos
exemplo sobre esta questão.
Os termos manipulação intra-estímulo
vs extra-estímulo têm sido também utilizados
(Schreibman, 1975) para indicar a dimensão dos
estímulos antecedentes modificada. Em uma ta-
refa de discriminação das letras E (S+) e F (S-),
por exemplo, apresentar na primeira tentativa a
letra E com o traço inferior maior e mais largo
e, gradualmente reduzir estas dimensões é uma
manipulação intra-estímulo. A sobreposição das
letras em fundos de cores diferentes, vermelho
(E) e verde (F), seguida de esvanecimento das
cores, ilustra uma manipulação extra-estímulo.
Os resultados de estudos que investigaram tais
manipulações mostram que, em geral, mudanças
graduais em dimensões relacionadas com o cri-
tério (Schilmoeller et al., 1979; Strand & Morris,
1988) e de dimensões intra-estímulo (Rincover,
1978; Schreibman, 1975) produziram discrimi-
nações mais precisas. A eficácia deste procedi-
mento é atribuída ao fato de que a dimensão dos
Melo, R. M., Carmo, J. S., Hanna, E. S.216
estímulos iniciais manipulada é também a base
para a discriminação final, mantendo-se ao lon-
go do treino o controle de estímulo por uma mes-
ma dimensão.
A manipulação de dimensões não relacio-
nadas com o critério e de dicas extra-estímulo
tem gerado erros nas etapas finais da aprendi-
zagem de discriminações com procedimento de
ensino “sem erro” (Koegel & Rincover, 1976;
Schwartz, Firestone & Terry, 1971). Quando
tais manipulações são efetuadas, tende a ser es-
tabelecido o controle pela dimensão manipulada
ou pela dica adicionada aos estímulos iniciais.
Ao longo das etapas de mudança gradual, a dica
é gradualmente removida e a diferença entre os
estímulos finais sem a dica pode ser ineficaz
como base para a discriminação. A ocorrência
de respostas incorretas nesse estágio mostra que
a transferência de controle de uma dimensão do
estímulo para outra não ocorreu.
Nos procedimentos de ensino sem erro po-
dem ser efetuadas modificações nas dimensões
dos estímulos definidos como S+ ou S-, ou dos
dois estímulos (S+ e S-), simultaneamente ou
sucessivamente. O estímulo em relação ao qual
serão efetuadas as modificações graduais é outra
variável que pode afetar o desempenho durante
o processo de aprendizagem de uma discrimi-
nação. Os resultados de estudos que avaliaram
o efeito da modificação gradual nos diferentes
estímulos são variados entre os estudos, mas a
maioria relata efeitos sistemáticos. Schreibman e
Charlop (1981) e Stella e Etzel (1986) observa-
ram que a modificação do S+ resultou na apren-
dizagem de discriminações mais rápidas e com
menos erros em comparação com a modificação
do S- (ver também Fields, 1978). Cheney e Stein
(1974) e Strand (1989) verificaram resultados
semelhantes nos treinos com modificação do S+
ou do S- (ver também Zawlocki & Walls, 1983).
Estudos adicionais são necessários, portanto,
para possibilitar conclusões sobre os efeitos des-
sa variável.
Estudos que manipularam a ordem em que
as modificações são efetuadas em S+e em S- su-
gerem que há uma relação entre esta variável e
os desempenhos nos treinos. Nos estudos que
efetuaram modificações sucessivas dos estímu-
los S+ e S-, a modificação do S+ por último tem
sido mais utilizada com a argumentação de que
tal procedimento resulta em controle pelo S+ e
ausência ou poucos erros no treino (e.g., Mc-
Cartney & LeBlanc, 1997; Schilmoeller et al.,
1979). Essa sugestão tem sido apoiada em resul-
tados de estudos que investigaram o movimento
dos olhos durante a aquisição de discriminações
com modificações graduais do S+ e do S-, os
quais ressaltam que o organismo tende a olhar
em direção aos estímulos que estão sendo modi-
ficados (Stella & Etzel, 1986).
Ensino Com e Sem Erro?
Em geral, estímulos utilizados em treinos
discriminativos possuem diversas dimensões
(cor, forma, tamanho, número de traços, etc.).
Quando uma discriminação é adquirida a partir
de um treino discriminativo, não é trivial a per-
gunta “O que foi aprendido?” O responder di-
ferencial ocorre apenas aos estímulos treinados?
Se sim, seria correto, por exemplo, dizer que
houve aprendizagem da discriminação de cor?
Ou aprendeu-se a discriminar aqueles estímu-
los coloridos? Estudos em que procedimentos
de ensino sem erro são utilizados, em geral, não
incluem testes para avaliar a extensão do contro-
le de estímulo estabelecido no treino. Dentre os
poucos experimentos que avaliaram esta questão
e realizando testes, Aeschleman e Higgins (1982)
verificaram que treinos com esvanecimento pro-
duziram desempenhos consistentes em testes de
generalização com novos exemplares dos estí-
mulos (garrafas e jarras), sugerindo a aprendiza-
gem de conceitos. Resultados semelhantes foram
relatados por Van Laarhoven, Johnson, Repp,
Karsh e Lenz (2003) ensinando discriminações
mais complexas (condicionais). Por outro lado,
Melo et al. (2005) mostraram que o uso de mo-
delagem de estímulos e esvanecimento para trei-
nar discriminações de posição (dentro, em cima,
esquerda) resultou em desempenhos próximos
ao acaso em testes diante de estímulos novos.
Desempenhos melhores nos testes foram obti-
dos com o procedimento de tentativa-e-erro, o
que levou os autores a sugerir que, desempenhos
consistentes nos testes de generalização após o
Ensino Sem Erro e Aprendizagem de Discriminação 217
ensino com procedimento sem erro, pode depen-
der da inclusão de um bloco de tentativas com
os S+ e S-, após a etapa de mudança gradual.
A combinação de procedimentos, com mudan-
ça gradual seguido de tentativa-e-erro, parece
necessária para a aquisição das discriminações,
previne subprodutos dos erros e gera controle de
estímulos pelas dimensões relevantes.
No ensino de discriminações, o estabeleci-
mento de controle por parte ou dimensão muito
específica do estímulo treinado é chamado de
controle seletivo de estímulos (Allen & Fuqua,
1985) ou controle restrito (e.g., Dube & McIlva-
ne, 1997) ou superseletividade (e.g., Lovaas &
Schreibman, 1971). Este controle é identificado
quando posteriormente são efetuadas mudanças
nas contingências de reforçamento ou apresenta-
das tarefas mais complexas de teste que deman-
dam que o aprendiz responda com base em mais
de uma dimensão ou em uma dimensão diferente
dos estímulos (Pierce & Epling, 1995; Stromer,
1979). Strand (1989) observou que, após o trei-
no discriminativo inicial, quando a função dos
estímulos S+ e S- foi invertida (reversão da dis-
criminação), crianças com deficiência intelectu-
al tendiam a continuar respondendo ao tamanho
exagerado de um elemento do S+ (dica) do trei-
no original. Gollin e Savoy (1968) verificaram,
após o treino de duas discriminações de forma
com esvanecimento, que os desempenhos preci-
sos nos treinos não foram mantidos quando os
dois pares S+ - S- eram apresentados randomi-
camente em um teste. Ao replicarem o estudo
de Gollin e Savoy, Schilmoeller et al. (1979)
verificaram desempenhos mais precisos nos tes-
tes quando o controle superseletivo foi reduzido
por um treino que utilizava modelagem de estí-
mulos. Tais resultados sugerem que o controle
por dimensões irrelevantes pode ser estabeleci-
do durante as etapas de mudanças graduais que
utilizam dimensões ou dicas irrelevantes para as
discriminações finais ao longo dos treinos com
esvanecimento. Sobre este assunto, existe uma
extensa literatura relacionando superseletividade
com dificuldade de aprendizagem em crianças
com limitação cognitiva e autistas (e.g., Allen &
Fuqua, 1985; Dittlinger & Lerman, 2011; Lova-
as, Koegel & Schreibman, 1979).
Considerações Finais
O conjunto de estudos com os procedi-
mentos e resultados apresentados neste trabalho
mostram evidências de que o erro não é necessá-
rio para a aprendizagem. Quando este é minimi-
zado, evita-se também os seus subprodutos emo-
cionais. Entretanto, a ocorrência de erros pode,
em situação de avaliação, indicar controles por
dimensões irrelevantes dos estímulos e auxiliar
no planejamento instrucional individual. Nesse
sentido, identificar as fontes ambientais gerado-
ras de desempenhos inadequados é fundamental
no planejamento, e também auxilia na superação
de uma concepção amplamente difundida no
meio acadêmico de que a responsabilidade pelo
sucesso ou fracasso recai exclusivamente sobre
o aluno.
Este artigo representa uma contribuição
para a maior difusão deste conhecimento no Bra-
sil, tendo em vista a possibilidade de utilização
dos procedimentos que reduzem a probabilidade
de respostas incorretas, em diferentes contextos
de aplicação, para ensinar: discriminações en-
volvidas em atividades de leitura, como na dis-
criminação de letras com forma semelhante ou
fontes diferentes (e.g, Smeets & Striefel, 1990;
Van Laarhoven et al., 2003); habilidades mate-
máticas para crianças com atraso no desenvolvi-
mento (e.g., Burton, Anderson, Prater & Dyches,
2013); habilidades comunicativas para crianças
autistas (e.g., Ostryn & Wolfe, 2011; Raulston
et al., 2013); no tratamento para esquiva social
(e.g., Harper, Iwata & Camp, 2013), para citar
alguns. É importante salientar que o uso de pro-
cedimentos especiais que demandam um plane-
jamento especial é justificado quando erros são
recorrentes ou para acelerar o ensino de habili-
dades complexas que apresentam muitos erros
na fase inicial de aquisição.
O desenvolvimento de tecnologias de ensi-
no que visem a redução dos erros e seus efei-
tos sobre o desempenho do aprendiz exige, no
entanto, planejamento sistemático, treinamento
de recursos humanos, elaboração de material es-
pecializado, disponibilidade de tempo para apli-
cação e avaliação constante. A aplicação desta
tecnologia poderia assessorar o planejamento e
Melo, R. M., Carmo, J. S., Hanna, E. S.218
a elaboração de material didático, sobretudo nas
séries iniciais e no ensino especial, nas quais se
observa frequentemente dificuldade na aprendi-
zagem de determinadas discriminações visuais
e auditivas, como por exemplo, a diferenciação
entre p/q, d/b e f/v, t/d ou dos símbolos matemá-
ticos das operações aritméticas +/-, +/×, +/÷, =/≠,
≤/≥. A possibilidade de prevenir tais dificuldades
a partir dessas e outras novas metodologias de
ensino pode significar a prevenção ou redução
de dificuldades na alfabetização e do fracasso
escolar no ensino regular ou especial.
O psicólogo escolar, apoiado nos conheci-
mentos advindos de pesquisas básicas e aplica-
das sobre aprendizagem sem erro, ao lidar com
as diferentes relações presentes nas situações de
ensino e de aprendizagem, pode fornecer impor-
tantes elementos à mudança de práticas de ensi-
no, como: superação da visão de que erros são
necessários à aprendizagem; retirada do foco de
responsabilidade no aluno, com indicação das
fontes ambientais geradoras de erro; auxílio na
programação de etapas graduais de ensino com
o objetivo de garantir controle efetivo de respos-
tas adequadas; ampliação das possibilidades de
planejamento eficaz dos professores; ampliação
das possibilidades de uma avaliação da apren-
dizagem a partir da análise da efetividade da
programação de ensino; prevenção de respostas
emocionais geradas e mantidas pela ocorrência
de erros; aumento da motivação de professores
e alunos a partir de programações de ensino que
possibilitam o sucesso ao invés do fracasso na
aprendizagem. Em suma, os estudos sobre apren-
dizagem sem erro contribuem, sobremaneira, à
mudança de foco no trabalho, tanto do psicólogo
escolar quanto dos demais profissionais da edu-
cação, no sentido de centrarem seus esforços na
produção do sucesso dos alunos.
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Recebido: 31/05/2013
1ª revisão: 19/09/2013
2ª revisão: 22/10/2013
Aceite final: 22/10/2013

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Ensino sem erro aprendizagem discriminação

  • 1. ISSN 1413-389X Trends in Psychology / Temas em Psicologia – 2014, Vol. 22, nº 1, 207-222 DOI: 10.9788/TP2014.1-16 Ensino Sem Erro e Aprendizagem de Discriminação Raquel Maria de Melo1 Departamento de Processos Psicológicos Básicos da Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal, Brasil João dos Santos Carmo Departamento de Psicologia da Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, São Paulo, Brasil Elenice S. Hanna Departamento de Processos Psicológicos Básicos da Universidade de Brasília, Brasília, Distrito Federal, Brasil Resumo O termo aprendizagem sem erro tem sido utilizado para se referir, de maneira ampla, à programação de contingências de ensino que resultam em desempenhos precisos ou com pouco erro. A ocorrência de erros durante a aprendizagem tem sido considerada uma parte importante e necessária à aprendiza- gem na cultura e no meio acadêmico. Na Análise do Comportamento os erros e suas implicações para a aprendizagem são investigados em estudos sobre controle de estímulos e os resultados indicam que erros podem interferir na precisão de desempenhos já aprendidos, gerar comportamentos emocionais, esquiva da tarefa e/ou do professor. Neste estudo, são apresentados diferentes procedimentos de mo- dificação gradual de estímulos para ensinar discriminações, que podem gerar aprendizagem sem erro, e os fatores que afetam a eficácia dessas contingências de ensino. Esses procedimentos necessitam ser mais amplamente divulgados, por serem contribuições importantes da Análise do Comportamento para contextos aplicados, especialmente para o desenvolvimento de tecnologias de ensino quando métodos tradicionais fracassam. Palavras-chave: Ensino sem erro, modelagem de estímulos, esvanecimento, dica atrasada. Errorless Learning and Discrimination Learning Abstract The term errorless learning is largely used to refer to programming teaching contingencies which result in accurate performances or learning without errors. The occurrence of errors during learning has been considered an important and necessary part of learning in cultural and academic contexts. Errors and their implications for learning are investigated in behavioral analytic studies on stimuli control and their results indicate that errors can affect the accuracy of an already established performance, generate emo- tional behaviors, and avoidance of the task or teacher. The present study describes different procedures 1 Endereço para correspondência: Departamento de Processos Psicológicos Básicos, Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, Campus Universitário Darci Ribeiro, Brasília, DF, Brasil 70910-900. E-mail: melo.rm@gmail.com, carmojs@gmail.com e elenicehanna@gmail.com Os autores são pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT-ECCE), este apoiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) no âmbito do Edital 15/2008, com auxílio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq; #573972/2008-7) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP; #2008/57705-8).
  • 2. Melo, R. M., Carmo, J. S., Hanna, E. S.208 with gradual stimulus change, to teach discrimination skills with none or few errors, and the factors that affect the efficacy of those discriminative training. Such procedures are a relevant contribution from behavior analysis to applied contexts, especially for the development of educational technologies when traditional methods fail. Keywords: Errorless instruction, stimulus shaping, fading, delayed prompt. Aprendizaje Sin Error y la Discriminación Aprendizaje Resumen El término aprendizaje sin error se ha utilizado para referirse, en general, la programación de contingen- cias de enseñanza que se traducen en rendimientos precisos o con poco errores. La ocurrencia de errores durante el aprendizaje se ha considerado importante y necesario para el aprendizaje en la cultura y en la academia. En el Análisis de la Conducta errores y sus implicaciones para el aprendizaje son investigados en los estudios sobre control de estímulos y los resultados indican que errores puede afectar la precisión de rendimiento ya aprendido, generar comportamientos emocionales, evitación de la tarea o del maes- tro. En este texto, se presentarán diferentes procedimientos de modificación gradual de estímulos para enseñar la discriminación, que puede generar el aprendizaje sin error y los factores que afectan la efec- tividad de estas contingencias. Estos procedimientos deben difundirse más ampliamente, constituyen importantes contribuciones para contextos de análisis aplicado del comportamiento, especialmente para el desarrollo de tecnologías educativas cuando fallan los métodos tradicionales. Palabras clave: Enseñanza sin error, moldeamiento de control de estímulos, desvanecimiento, inductor demorado. O termo aprendizagem sem erro se refere, de maneira ampla, a um conjunto de procedi- mentos de ensino que resultam em desempenhos precisos ou com pouco erro. Diferentes perspec- tivas da psicologia atribuem aos erros uma fun- ção positiva no processo de aprendizagem, es- pecialmente no contexto acadêmico. Na Análise do Comportamento os erros e suas implicações para a aprendizagem são investigados em estu- dos sobre controle de estímulos e os resultados indicam que erros podem interferir na precisão de desempenhos já aprendidos e gerar compor- tamentos emocionais. Nesse artigo, inicialmen- te serão revisadas algumas concepções do erro como parte inerente do processo de aprendiza- gem. Posteriormente, serão caracterizadas pro- gramações de contingências de ensino de dis- criminações que reduzem a ocorrência de erros, fundamentadas em estudos empíricos da Análise do Comportamento, e analisados fatores que fa- vorecem a sua eficácia. A noção de que a ocorrência de erros é be- néfica para a aprendizagem constitui-se em uma explicação culturalmente aceita. A expressão “errando é que se aprende” é comumente men- cionada para se referir ao processo de modifica- ção de comportamento inerente à aprendizagem. No meio acadêmico, os erros geralmente são considerados parte do processo de aprendiza- gem e se constituem em oportunidades para a aquisição de novos comportamentos. Este modo de pensar pressupõe que as respostas incorre- tas fornecem ao aprendiz “informações” úteis sobre como corrigi-las e emitir o desempenho correto. O erro, em contexto de avaliação, pode indicar onde o aprendiz se encontra no processo de aprendizagem ou desenvolvimento (La Tail- le, 1997; Piaget, 1976; Queiroz, Dias, Chagas & Nepomoceno, 2011). O interesse pela função dos erros no proces- so de aquisição de novos comportamentos pode ser evidenciado em estudos de diferentes pers- pectivas teóricas. As investigações sobre memó- ria da Psicologia Cognitiva ilustram a relação entre os erros e a aquisição de conhecimento. Ebbinghaus (1885/1913) verificou que uma das
  • 3. Ensino Sem Erro e Aprendizagem de Discriminação 209 variáveis responsáveis pelo desenvolvimento da habilidade para recordar listas de sílabas sem sentido (e.g., DAX, BUP, LOC) é o número de repetições das listas. As primeiras repetições estavam associadas com mais erros, e à medida que a retenção aumentava, os erros diminuíam gradualmente. Na teoria do desenvolvimento cognitivo proposta por Piaget é enfatizada a função dos erros no processo de aquisição de novos conhe- cimentos, como pode ser observado na seguinte afirmação: Com efeito, do ponto de vista da invenção um erro corrigido pode ser mais fecundo que um êxito imediato, porque a compara- ção da hipótese falsa e suas consequências proporciona novos conhecimentos, e a com- paração entre erros dá lugar a novas idéias. (Piaget, 1976, pp. 60-61) De acordo com essa perspectiva, ao se depa- rar com um problema a criança utiliza esquemas cognitivos que já possui e formula hipóteses a respeito de alternativas de solução e de sequên- cias de ação. Correções na forma de compreen- der o problema e de como resolvê-lo são gradu- almente efetuadas em função dos acertos e dos desequilíbrios na estrutura de conhecimentos gerados pelos erros. Pressupõe-se que ocorreu a construção de novos conhecimentos quando a solução é descoberta e o problema é solucio- nado (La Taille, 1997; Macedo, 1995; Queiroz et al., 2011). Assim, nessa perspectiva, os erros fazem parte da construção de conhecimentos do aprendiz, são oportunidades para contrastar for- mas anteriores de compreender um problema e elaborar novas hipóteses, e compete ao professor promover situações que produzam conflitos no sistema cognitivo do aprendiz (Macedo, 1994; Pinto, 2000). Na perspectiva de precursores da Análise do Comportamento, estudos como os de Thorndike fornecem evidências do interesse pela relação entre a aprendizagem e a ocorrência de erros, da análise da precisão do desempenho em função de mudanças em variáveis ambientais. Segundo a lei do efeito proposta por Thorndike (1911), todos os animais, inclusive o homem, aprendem associações entre estímulo e resposta que são influenciadas pelos resultados ou consequências de satisfação ou de desconforto das respostas. As respostas que geram desconforto podem ser en- tendidas como erros em vários contextos. A descrição da aprendizagem em termos de manutenção de respostas que produzem deter- minados efeitos e diminuição da ocorrência de respostas que não produzem tais resultados, ou erradas, explicitada na Lei do Efeito de Thorn- dike, está presente em contextos escolares que destacam aspectos da situação que afetam o que o aprendiz é capaz de fazer e explicam a apren- dizagem como um processo de aquisição por tentativa-e-erro. Na Análise do Comportamento, os erros e suas implicações para a aprendizagem têm sido investigados no âmbito de estudos sobre controle de estímulos, mais especificamente sobre a aqui- sição de discriminações. O procedimento padrão de treino discriminativo envolve o reforçamento diferencial o qual é frequentemente denominado de tentativa-e-erro. Reforçar diferencialmente implica em apresentar determinada consequên- cia para a ocorrência de uma resposta na presen- ça de um estímulo (S+ ou SD - ésse-dê), e não apresentá-la quando a mesma resposta ocorre na presença de outro(s) estímulo(s) (S- ou S - ésse- -delta; Bijou, 1995; Catania, 1998/1999; Matos, 1981; Sério, Andery, Gioia & Micheletto, 2002). Em situações de discriminação, portanto, respos- tas ao S+ são denominadas de acertos e respostas ao S-, de erros. A diminuição na ocorrência de erros, ou res- postas em S-, é considerada, por alguns autores, como condição necessária para a aprendizagem de discriminações (e.g., Keller & Schoenfeld, 1950/1974; Spence, 1937). Em uma situação de aprendizagem, inicialmente as respostas são pro- váveis na presença de diferentes estímulos. Em decorrência do procedimento de reforçamento diferencial, as respostas na presença do S+ (acer- tos) aumentam de frequência e deixam de ocor- rer na presença do S- (erros). O reforçamento de uma resposta, no início do processo, aumenta a probabilidade de ocorrência dessa e de outras respostas na situação presente e na presença de outros estímulos semelhantes. A diferenciação do responder que ocorre no treino discriminati-
  • 4. Melo, R. M., Carmo, J. S., Hanna, E. S.210 vo é, segundo Keller e Schoenfeld, decorrente da não apresentação do reforço (extinção) como consequência de respostas na presença do S-, reduzindo a probabilidade de ocorrência dessas respostas. Neste sentido, a aquisição de uma dis- criminação implica em redução da ocorrência de respostas erradas. Por outro lado, existem resultados de estu- dos que permitem questionar a importância do erro para a aquisição de discriminações. Diver- sos estudos mostram que a ocorrência de erros durante o treino discriminativo pode ser influen- ciada por variáveis de procedimento caracteriza- das por alterações nos estímulos antecedentes, como por exemplo, a diferença entre o S+ e o S- (Frick, 1948; Raben, 1949); a redução gradu- al da diferença entre S+ e S- (Lawrence, 1952; Schlosberg & Solomon, 1943); e a quantidade de exposição a tentativas com apenas o S+, antes da apresentação sucessiva do S+ e do S- (Skinner, 1938). Considerando as evidências sobre a rela- ção entre os erros e manipulações nos estímulos antecedentes, Terrace (1963) realizou um estudo com pombos, para avaliar o efeito da quantidade de treino das respostas na presença do S+, antes da introdução do S-, e da diferença entre o S+ e S-, na aquisição de discriminação de cor (S+ : Vermelho; S- : Verde). Foi utilizado um proce- dimento de treino sucessivo e os sujeitos foram expostos a uma das quatro condições experimen- tais: (a) Treino Constante com apresentação do S+e do S- durante todo treino (tentativa-e-erro); (b) Treino Constante com a apresentação do S- após algumas sessões de treino com a apresen- tação apenas do S+; (c) Treino Progressivo com introdução gradual do S- (mudanças progressi- vas do brilho, duração e cor do S-); (d) Treino Progressivo com introdução gradual do S- após sessões de treino com a apresentação apenas do S+. Nos Treinos Progressivos, denominados de esvanecimento (fading), a duração da apresen- tação do S- aumentou gradualmente e a inten- sidade da luz mudou de escuro para verde cada vez mais forte até que diferisse do S+ apenas pela cor. Os treinos progressivos resultaram em poucas respostas na presença do S- e mais erros ocorreram para os sujeitos expostos ao Treino Constante, principalmente quando a cor verde (S-) era introduzida após sessões de treino com apresentação apenas da cor vermelha (S+). Foi verificado também que uma história de aprendi- zagem com erros resultou em persistência dos erros e gerou subprodutos emocionais. Terrace concluiu que a aquisição de uma discriminação pode e deve ocorrer sem erros. Os resultados previamente relatados ques- tionam, portanto, o pressuposto de que os erros são inerentes ao processo de aprendizagem e de- monstram que a ocorrência de erros está relacio- nada com o procedimento de ensino utilizado, ou seja, com o planejamento da contingência de ensino. Adicionalmente, demonstram que os er- ros podem prejudicar ou retardar a aquisição de discriminações. O trabalho de Terrace (1963) suscitou in- vestigações adicionais e interesse tanto teórico quanto para a aplicação, sugerindo mudança em antigas concepções de aprendizagem que enfa- tizam o “erro”. Os resultados obtidos por Terra- ce foram replicados com crianças pré-escolares (Goldiamond & Moore, 1964; Griffiths & Gri- ffiths, 1976), crianças autistas (Rincover, 1978; Schreibman & Charlop, 1981), indivíduos com retardo mental (Sidman & Stoddard, 1966, 1967; Strand, 1989), e adultos (Baker & Osgood, 1954; Fields, 1981). No ensino de discriminações têm sido empregados estímulos como: cores, linhas com diferentes inclinações, formas geométricas (e.g., círculo-elipse; círculo-triângulo), tama- nho, letras, símbolos Braille, dentre outros. Na literatura sobre controle de estímulos, o termo aprendizagem sem erro é utilizado no contexto de procedimentos de modificação gra- dual de estímulos que resultam em desempenhos precisos, com nenhum ou pouco erro, quando comparado com o procedimento de tentativa-e- -erro. McIlvane e Dube (1992) sugerem que to- dos esses procedimentos modelam o controle de estímulo sendo, por isso, chamados de procedi- mentos de modelagem de controle de estímulos. A demonstração de que a aprendizagem pode ocorrer sem erro ou com poucos erros é uma contribuição significativa para a análise das contingências de ensino que geram muitos erros, como é o caso do ensino de matemática (Carmo, 2003), para o desenvolvimento de tecnologias de
  • 5. Ensino Sem Erro e Aprendizagem de Discriminação 211 ensino sem erro (Skinner, 1968/1972) e para in- divíduos com baixa resistência à frustração, com atraso no desenvolvimento ou que fracassam com os métodos tradicionais (Grow, Carr, Ko- dak, Jostad & Kisamore, 2011; Hanney & Tiger, 2012; Jerome, Frantino & Sturmey, 2007; Muel- ler, Palkovic & Maynard, 2007; Sidman, 2010; Stoddard, de Rose & McIlvane, 1986; Stoddard, McIlvane & de Rose, 1987). Os procedimentos de ensino sem erro geram discriminações em cur- to espaço de tempo e com menos erros do que os procedimentos tradicionais. Os erros, mesmo ocasionais, podem interferir na precisão de de- sempenhos já aprendidos, gerar comportamentos de esquiva, tanto da tarefa quanto do professor (e.g., recusas em responder e participar de ativi- dades propostas), e respostas emocionais (e.g., agitação na cadeira, expressões faciais de desa- grado; Matos, 1995; Stoddard et al., 1986). Procedimentos que diminuem a probabilida- de de aprendizagem com erros também têm sido associados com melhor desempenho em estudos sobre memória com adultos e crianças (e.g., An- derson & Craik, 2006; Hammer, Tempelmann & Münte, 2013; Warmington, Hich & Gathercole, 2013) e utilizados como estratégias de reabilita- ção para indivíduos que apresentam déficits de memória e amnésia (e.g., Baddeley & Wilson, 1994; Clare, Wilson, Carter, Roth & Hodges, 2002) e com esquizofrenia (Kern et al., 2009). Entretanto, tais estratégias não serão detalhadas uma vez que não envolvem procedimentos de mudança gradual nos estímulos apresentados em tarefas de ensino de discriminações e, portanto, estão além dos objetivos do presente artigo. No Brasil, entretanto, a divulgação dos pro- cedimentos de ensino de discriminações sem erros é modesta, sendo ainda restrita às pesqui- sas desenvolvidas no meio acadêmico e predo- minante na literatura estrangeira, com poucas publicações em português (e.g., Alves, Assis, Kato & Brino, 2011; Kato & Maranhão, 2012; Postalli, Almeida, Canovas & de Souza, 2008; Sidman, 1985; Stoddard et al., 1986; Stoddard et al., 1987). A repercussão de possíveis apli- cações, mesmo de trabalhos de qualidade como o de Iñesta (1972/1980), que apresenta suges- tões claras e sistemáticas para o ensino de de- sempenhos relevantes para as séries iniciais do ensino fundamental, tais como leitura, escrita e operações matemáticas, é inexpressiva. Torna- -se relevante, portanto, ampliar a divulgação dos diferentes procedimentos de ensino sem erro e dos fatores relevantes para a efetividade de tais treinos discriminativos. Procedimentos de Ensino sem Erro Uma análise da literatura sobre controle de estímulos mostra que procedimentos de aprendi- zagem sem erro podem ser utilizados para ensi- nar discriminações simples ou condicionais. A essência dos primeiros procedimentos propostos como contingências de ensino sem erro estava na mudança gradual em dimensões dos estímu- los antecedentes, sendo utilizado como termo genérico procedimentos de esvanecimento. Atu- almente se sabe que outros procedimentos que não incluem a modificação gradual dos estímu- los (e.g., exclusão) podem também evitar a ocor- rência de erros. Procedimentos de ensino sem erro apresen- tam como principais características: (a) modifi- cação gradual em dimensões dos estímulos (e.g., cor, tamanho, forma, brilho) utilizados no treino discriminativo, podendo ocorrer no S+, no S- ou no S+ e no S-; e (b) redução das diferenças entre os estímulos das discriminações inicial e final. No início do treino discriminativo geralmente são utilizados estímulos que já controlam o res- ponder diferencial. Ao longo das etapas de en- sino são efetuadas modificações, de forma gra- dual, em uma ou mais dimensões de pelo menos um desses estímulos. Como resultado, poderia haver mudança no controle de estímulo das di- mensões inicias para as finais do S+ e do S- com a ocorrência de uma quantidade mínima de erros ao longo do treino discriminativo. Alguns aspectos devem ser observados durante a etapa de planejamento de uma con- tingência de ensino sem erro. As manipulações nos estímulos devem ser definidas previamente pelo instrutor (experimentador ou terapeuta) a partir da verificação do que o aprendiz é capaz de fazer, da identificação dos estímulos que já controlam o seu comportamento, de reforçado-
  • 6. Melo, R. M., Carmo, J. S., Hanna, E. S.212 res potenciais e da constatação de que o proce- dimento mais simples de reforçamento diferen- cial foi ineficaz (Eckert & Browder, 1997; Etzel & LeBlanc, 1979). A escolha do procedimento deve ser feita considerando-se as características individuais do aprendiz, e o programa deve ser cuidadosamente planejado no que se refere à se- leção dos estímulos iniciais e finais, a definição do número de passos de mudança gradual e do critério de aprendizagem a ser adotado. A literatura descreve pelo menos três pro- cedimentos de ensino sem erro que serão apre- sentados e analisados neste artigo: (a) esvaneci- mento; (b) modelagem de estímulo; e (b) dica atrasada. Esvanecimento (fading). O esvanecimento caracteriza-se pela mudança gradativa em uma ou mais dimensões físicas (e.g., intensidade, ta- manho, cor) de pelo menos um dos estímulos discriminativos (S+, S- ou S+ e S-). Inicia-se o treino com uma tarefa de discriminação que o aprendiz já domina, sendo apresentados estímu- los que se diferenciam em mais de uma dimen- são, e é comum a apresentação apenas do S+ na primeira tentativa de treino, a fim de aumentar a probabilidade de respostas corretas (e.g., Gollin & Savoy, 1968; Sidman & Stoddard, 1966; Ter- race, 1963). Em etapas sucessivas, modificações graduais ao longo de um contínuo são efetuadas em pelo menos um dos estímulos iniciais até que sejam apresentados os estímulos da discri- minação final (ou critério), previamente defini- da como a que deverá ser ensinada. A diferença entre uma ou mais dimensões do S+ e do S- é progressivamente reduzida. A forma mais comum de esvanecimento envolve a mudança gradual na dimensão inten- sidade (e.g., Gollin & Savoy, 1968; Sidman & Stoddard, 1967). Um dos estímulos (S+ ou S-) permanece constante durante todo o treino en- quanto o outro é gradualmente introduzido, au- mentando-se progressivamente a sua intensidade até se tornar igual à do estímulo mantido constan- te. A Figura 1 (Painel a) apresenta cinco etapas de uma sequência de mudança gradual efetuada no S- de um treino discriminativo entre círculo (S+) e triângulo (S-). Na tentativa inicial, é apre- sentado apenas o S+ com as dimensões na for- ma final (e.g., intensidade, forma e tamanho) e o outro estímulo (S-) está ausente (e.g., apresenta- ção de um cartão em branco). Progressivamente, a intensidade do triângulo (S-) aumenta até se igualar ao S+ na etapa final. Tal procedimento tem sido denominado de fading in, esvanecimen- to aditivo ou introdução gradual de estímulo. S+ S- S+ S- Estímulos Iniciais Estímulos Finais Mudanças Graduais (a) (b) Figura 1. Exemplo de pares de estímulos de um proce- dimento de esvanecimento (Painel a) e do procedimen- to de modelagem de estímulos (Painel b). O procedimento de esvanecimento pode in- cluir a introdução ou retirada de estímulos que já controlam o responder discriminado (chamados de dica ou prompt) aos estímulos da discrimi- nação final (Lancioni & Smeets, 1986). A dica se refere tanto a um estímulo adicionado, como à apresentação de uma dimensão do estímulo, que não é a alvo da discriminação, de maneira ressaltada ou exagerada. A dica é um estímulo suplementar não diretamente relacionado com a tarefa, mas inserido nela porque já controla o de- sempenho a ser ensinado (Touchette & Howard, 1984). A sobreposição por si só não se caracte- riza como um procedimento de ensino sem erro. Em associação com o esvanecimento, no entan- to, ilustra uma de suas variações, a remoção gra- dual de estímulo, procedimento denominado de fading out. Iñesta (1972/1980) apresenta diversos exemplos desses procedimentos para treinar re-
  • 7. Ensino Sem Erro e Aprendizagem de Discriminação 213 Na tentativa final são apresentados o S+ e o S- da discriminação final, o círculo e o triângulo. De forma semelhante ao esvanecimento, a modelagem de estímulo pode ser combinada com a sobreposição de uma dica. Etzel, LeBlanc, Schilmoeller e Stella (1981) utilizaram a deno- minação sobreposição e modelagem de estímulo para se referir à situação em que a modelagem é efetuada no elemento que é adicionado ao estí- mulo da discriminação final, para diferenciar esse procedimento da modelagem de estímulo em que o estímulo inicial é transformado no estímulo complexo final a partir de mudanças na sua con- figuração. No procedimento descrito por Etzel et al. (1981) foram acrescentados aos estímulos da discriminação final (figuras que se diferenciavam pelo ângulo de inclinação entre linhas,  e ) dois elementos, um cachorro conectado por uma linha à figura com ângulo  (S+) e um balão conectado por uma linha à figura com ângulo  (S-). Ao lon- go das etapas de mudança dos elementos adicio- nados, o balão se desprendia e se deslocava para cima até desaparecer e a forma do cachorro se modificava para representá-lo como se estivesse cavando um buraco, colocando a cabeça e a se- guir partes cada vez maiores do corpo até entrar completamente no buraco e desaparecer. Na so- breposição e modelagem de estímulos, portanto, são sobrepostos aos estímulos da discriminação final (S+ e S- ou apenas S+ ou S-) estímulos adi- cionais que já controlam responder diferencial. A topografia dos estímulos adicionados é pro- gressivamente modificada até serem incorpora- dos aos estímulos finais ou removidos por partes. A escolha entre a utilização do esvaneci- mento ou da modelagem de estímulos requer uma análise cuidadosa da discriminação a ser ensinada. Estudos anteriores que compararam os dois procedimentos relataram que a modelagem de estímulo gera a aprendizagem de discrimina- ções mais precisas quando a discriminação alvo envolve a forma dos estímulos. Dificuldade de ensino de discriminações com o procedimento de esvanecimento está relacionada ao fato de que, em geral, a dimensão manipulada ao lon- go das etapas do procedimento é diferente da- quela definida como critério da discriminação final (Etzel & LeBlanc, 1979; Schilmoeller et pertórios verbais em crianças com atraso no de- senvolvimento. Em um dos exemplos, o ensino de responder diferencial às palavras impressas bolo e bola é iniciado com a apresentação ape- nas das figuras, considerando-se que as crianças prontamente nomeiam as figuras. Ao longo das tentativas sucessivas, gradativamente os estímu- los finais são introduzidos (palavras impressas: bolo e bola). A introdução das letras, uma a uma, pode ser efetuada aumentando-se gradualmente a intensidade das linhas, iniciando com linhas pontilhadas, passando para tracejadas e final- mente contínuas. Nesta etapa intermediária, a nomeação ocorre na presença do estímulo com- posto palavra impressa – figura. A seguir, ini- cia-se a remoção gradual da figura. Na situação final, a criança estará dizendo “bolo” diante da palavra bolo e “bola” diante de bola tendo sido, portanto, modificado o controle dos estímulos iniciais (figuras) para os estímulos finais (pala- vras impressas). Modelagem de Estímulo (stimulus shaping). A modelagem de estímulo se refere ao proce- dimento que modifica gradualmente a topogra- fia (configuração ou forma) do(s) estímulo(s) inicial(is) até que eles adquiram a forma dos estímulos da discriminação final (Etzel & Le- Blanc, 1979; Schilmoeller, Schilmoeller, Etzel & LeBlanc, 1979). O treino inicia-se com estí- mulos fisicamente distintos e que já controlam desempenho discriminado, sendo geralmente utilizados estímulos familiares; manipulações progressivas são efetuadas na forma dos estímu- los iniciais, de tal maneira que ao término das etapas de mudança os estímulos apresentam a forma dos estímulos da discriminação final, pre- viamente determinados. Os estímulos iniciais e finais compartilham uma mesma dimensão críti- ca que permite a diferenciação entre o S+ e o S-. Em um exemplo de procedimento para ensi- nar a discriminação entre círculo (S+) e triângu- lo (S-), a modelagem de estímulo inicia-se com a apresentação de estímulos com formas distin- tas tais como uma maçã (S+) e uma árvore (S-; Figura 1, Painel b). A configuração da árvore é modificada gradualmente até a forma de um tri- ângulo, enquanto que a forma da maçã é mudada progressivamente para a forma de um círculo.
  • 8. Melo, R. M., Carmo, J. S., Hanna, E. S.214 al., 1979). Esta distinção entre dimensão mani- pulada e dimensão da discriminação final pode ser verificada analisando-se os exemplos apre- sentados nos painéis a e b da Figura 1. No es- vanecimento (Painel a) a dimensão modificada é a intensidade da linha de contorno das figuras. As discriminações iniciais, por isso, podem ser feitas com base na diferença da intensidade das linhas, enquanto que a discriminação final, que deve ser aprendida, envolve a forma dos estímu- los. Na modelagem de estímulo (Painel b), a di- mensão modificada desde o início é a forma dos estímulos, passando do formato de maçã e arvo- re para formas cada vez mais próximas às formas de círculo e triângulo, que são os estímulos fi- nais. O sucesso no ensino de discriminações com esses procedimentos depende, portanto, de um planejamento de contingência que desde o iní- cio focalize o controle pela dimensão relevante, partindo-se de estímulos que o aprendiz já seja capaz de discriminar. Outras variáveis importan- tes serão discutidas posteriormente. Dica Atrasada (delayed prompting). O pro- cedimento de dica atrasada foi desenvolvido por Touchette (1971) e se refere à modificação gra- dual do intervalo entre a apresentação dos estí- mulos da discriminação final e da apresentação da dica se a resposta não ocorrer. Inicialmente, a dica é sobreposta (apresentada simultaneamente) a um dos estímulos da discriminação final (S+ ou S-) e, ao longo das etapas de ensino, interpõe- -se um tempo para que a resposta ocorra entre a apresentação dos estímulos finais e da dica. Este tempo é gradualmente aumentado até que a dica possa ser removida definitivamente, quan- do as respostas passam a ocorrer antes da sua apresentação (Graff & Green, 2004; Touchette & Howard, 1984). São frequentemente utiliza- dos como dica por um professor, por exemplo, o apontar a alternativa correta, a colocação de uma cor, figura, instruções verbais, gestos, ajuda física ou o modelo da resposta a ser emitida. Seria um procedimento de dica atrasada no ensino da discriminação círculo-triângulo, a apresentação dos dois estímulos finais e imedia- tamente (após 0,1 s) o S- desaparece do cenário, ficando apenas o círculo que deve ser escolhi- do. Após um pequeno intervalo (importante para separar as tentativas), apresentam-se novamente os estímulos finais, agora atrasando a retirada do triângulo por um tempo um pouco maior (0,5s por exemplo) e novamente, se a resposta não ocorrer durante esse intervalo, retira-se o S- do cenário. Em um segundo exemplo deste procedi- mento, pode-se utilizar como dica, ao ensinar discriminações entre orientações diferentes de formas geométricas ( - S+ e  - S-), uma seta na cor vermelha () para indicar a escolha correta. Os estímulos da discriminação final são apresentados ao longo de todo o treino e a dica aparece, inicialmente, junto com os outros estí- mulos. A escolha do S+ em uma tentativa resulta em reforçamento e no aumento do atraso entre a apresentação dos estímulos correto e incorreto e da dica. Erros produzem a diminuição do atraso. Ao longo das tentativas, os atrasos aumentam gradualmente, até que a seta seja completamente removida. Procedimentos de ensino sem erro são es- pecialmente úteis para crianças com dificulda- de de aprendizagem, quando erros recorrentes acontecem. Os procedimentos têm se mostrado úteis para ensinar discriminações entre estímu- los gráficos (e.g., Griffiths & Griffiths, 1976; Melo, de Jesus & Hanna, 2005; Schilmoeller et al., 1979), que é uma habilidade relevante para a aprendizagem de desempenhos mais comple- xos que requerem diferenciação de formas, tais como ler e escrever. Em uma revisão de 30 es- tudos empíricos que utilizaram a dica atrasada, Browder, Ahlgrim-Delzell, Spooner, Mims e Baker (2009) verificaram a efetividade desse procedimento para ensinar reconhecimento de palavras e figuras para indivíduos com atraso no desenvolvimento e recomendaram a sua aplica- ção em contextos escolares. A dica atrasada tem sido utilizada com su- cesso no ensino do comportamento de seguir instruções, que é um desempenho relevante no contexto acadêmico e clínico. Striefel, Wetherby e Karlan (1979), por exemplo, ensinaram respos- tas motoras por meio de imitação a adolescentes com deficiência intelectual. Posteriormente, a
  • 9. Ensino Sem Erro e Aprendizagem de Discriminação 215 instrução verbal (verbo de ação + substantivo) era apresentada simultaneamente com o modelo da resposta motora (dica) executada pelo expe- rimentador. Respostas corretas resultavam, na próxima tentativa, em atrasos cada vez maiores entre a instrução verbal e o modelo apresentado ao aprendiz. Ao longo do programa foi verifica- da mudança no controle de estímulo do modelo executado pelo experimentador para as instru- ções verbais. Procedimentos para modelar o controle de estímulos são frequentemente utilizados na con- fecção de quadros de uma instrução programa- da, com o objetivo de aumentar a probabilida- de de acertos. Os quadros apresentam pequenas quantidades de informação e são organizados em uma sequência que avança do mais simples para o mais complexo. O aprendiz deve emitir pelo menos uma resposta por quadro. Dicas ou informações adicionais que já controlam o res- ponder diferencial ou que “indicam” a resposta a ser emitida são acrescentadas e, em seguida, es- vanecidas (Sidman, 2010; Skinner, 1968/1972; Tabler, Glaser & Schaefer, 1965). Por exemplo, figuras que indicam a palavra que deverá ser es- crita (e.g., , ), a parte inicial da palavra (e.g., d e _ _), ou um termo ou frase com significado similar (e.g., Uma dezena de bananas é outro nome para __ bananas). Ao longo da sequência de quadros a dica é removida e as respostas pas- sam a ocorrer diante de novas situações ou estí- mulos discriminativos. Fatores que Afetam a Eficácia de Treinos Discriminativos Na literatura sobre controle de estímulos, verifica-se que os estudos que utilizam procedi- mentos de ensino sem erro, em geral, envolvem participantes com atraso no desenvolvimento, tarefas de discriminação simultânea entre estí- mulos visuais e, geralmente, enfatizam a compa- ração entre procedimentos distintos. No entanto, deve-se levar em consideração que vários fatores afetam a eficácia de qualquer treino discrimina- tivo. Entre esses fatores estão: (a) o tipo de trei- no (sucessivo – com as alternativas de escolha apresentadas separadamente; simultâneo – com as opções correta e incorretas presentes ao mes- mo tempo), (b) características dos participantes (idade, história passada, nível de desenvolvi- mento), (c) relação entre a(s) dimensão(ões) em que os estímulos S+ e S- se diferenciam e a dimensão da discriminação alvo (mesma di- mensão ou dimensões diferentes), (d) qualidade física dos estímulos (e.g., nitidez), (e) topografia da resposta (e.g., apontar, nomear), (f) esquema de reforçamento utilizado, (g) tipo de reforço e parâmetros (magnitude, frequência e atraso) do reforçamento (Harrison, 1991). Adicionalmen- te, é importante saber quais condições já foram identificadas como importantes para que os pro- cedimentos de ensino sem erro sejam eficazes. A dimensão do estímulo modificada tem sido apontada como um dos principais fatores que afetam a precisão da aquisição de discri- minações (Schilmoeller et al., 1979; Strand & Morris, 1988). Dimensões relacionadas com o critério se referem àquelas dimensões críticas para a discriminação final, enquanto que dimen- sões não relacionadas com o critério envolvem modificações em uma dimensão irrelevante para a discriminação final (Etzel & LeBlanc, 1979). Ao apresentar a comparação entre esvanecimen- to e modelagem de estímulos, já apresentamos exemplo sobre esta questão. Os termos manipulação intra-estímulo vs extra-estímulo têm sido também utilizados (Schreibman, 1975) para indicar a dimensão dos estímulos antecedentes modificada. Em uma ta- refa de discriminação das letras E (S+) e F (S-), por exemplo, apresentar na primeira tentativa a letra E com o traço inferior maior e mais largo e, gradualmente reduzir estas dimensões é uma manipulação intra-estímulo. A sobreposição das letras em fundos de cores diferentes, vermelho (E) e verde (F), seguida de esvanecimento das cores, ilustra uma manipulação extra-estímulo. Os resultados de estudos que investigaram tais manipulações mostram que, em geral, mudanças graduais em dimensões relacionadas com o cri- tério (Schilmoeller et al., 1979; Strand & Morris, 1988) e de dimensões intra-estímulo (Rincover, 1978; Schreibman, 1975) produziram discrimi- nações mais precisas. A eficácia deste procedi- mento é atribuída ao fato de que a dimensão dos
  • 10. Melo, R. M., Carmo, J. S., Hanna, E. S.216 estímulos iniciais manipulada é também a base para a discriminação final, mantendo-se ao lon- go do treino o controle de estímulo por uma mes- ma dimensão. A manipulação de dimensões não relacio- nadas com o critério e de dicas extra-estímulo tem gerado erros nas etapas finais da aprendi- zagem de discriminações com procedimento de ensino “sem erro” (Koegel & Rincover, 1976; Schwartz, Firestone & Terry, 1971). Quando tais manipulações são efetuadas, tende a ser es- tabelecido o controle pela dimensão manipulada ou pela dica adicionada aos estímulos iniciais. Ao longo das etapas de mudança gradual, a dica é gradualmente removida e a diferença entre os estímulos finais sem a dica pode ser ineficaz como base para a discriminação. A ocorrência de respostas incorretas nesse estágio mostra que a transferência de controle de uma dimensão do estímulo para outra não ocorreu. Nos procedimentos de ensino sem erro po- dem ser efetuadas modificações nas dimensões dos estímulos definidos como S+ ou S-, ou dos dois estímulos (S+ e S-), simultaneamente ou sucessivamente. O estímulo em relação ao qual serão efetuadas as modificações graduais é outra variável que pode afetar o desempenho durante o processo de aprendizagem de uma discrimi- nação. Os resultados de estudos que avaliaram o efeito da modificação gradual nos diferentes estímulos são variados entre os estudos, mas a maioria relata efeitos sistemáticos. Schreibman e Charlop (1981) e Stella e Etzel (1986) observa- ram que a modificação do S+ resultou na apren- dizagem de discriminações mais rápidas e com menos erros em comparação com a modificação do S- (ver também Fields, 1978). Cheney e Stein (1974) e Strand (1989) verificaram resultados semelhantes nos treinos com modificação do S+ ou do S- (ver também Zawlocki & Walls, 1983). Estudos adicionais são necessários, portanto, para possibilitar conclusões sobre os efeitos des- sa variável. Estudos que manipularam a ordem em que as modificações são efetuadas em S+e em S- su- gerem que há uma relação entre esta variável e os desempenhos nos treinos. Nos estudos que efetuaram modificações sucessivas dos estímu- los S+ e S-, a modificação do S+ por último tem sido mais utilizada com a argumentação de que tal procedimento resulta em controle pelo S+ e ausência ou poucos erros no treino (e.g., Mc- Cartney & LeBlanc, 1997; Schilmoeller et al., 1979). Essa sugestão tem sido apoiada em resul- tados de estudos que investigaram o movimento dos olhos durante a aquisição de discriminações com modificações graduais do S+ e do S-, os quais ressaltam que o organismo tende a olhar em direção aos estímulos que estão sendo modi- ficados (Stella & Etzel, 1986). Ensino Com e Sem Erro? Em geral, estímulos utilizados em treinos discriminativos possuem diversas dimensões (cor, forma, tamanho, número de traços, etc.). Quando uma discriminação é adquirida a partir de um treino discriminativo, não é trivial a per- gunta “O que foi aprendido?” O responder di- ferencial ocorre apenas aos estímulos treinados? Se sim, seria correto, por exemplo, dizer que houve aprendizagem da discriminação de cor? Ou aprendeu-se a discriminar aqueles estímu- los coloridos? Estudos em que procedimentos de ensino sem erro são utilizados, em geral, não incluem testes para avaliar a extensão do contro- le de estímulo estabelecido no treino. Dentre os poucos experimentos que avaliaram esta questão e realizando testes, Aeschleman e Higgins (1982) verificaram que treinos com esvanecimento pro- duziram desempenhos consistentes em testes de generalização com novos exemplares dos estí- mulos (garrafas e jarras), sugerindo a aprendiza- gem de conceitos. Resultados semelhantes foram relatados por Van Laarhoven, Johnson, Repp, Karsh e Lenz (2003) ensinando discriminações mais complexas (condicionais). Por outro lado, Melo et al. (2005) mostraram que o uso de mo- delagem de estímulos e esvanecimento para trei- nar discriminações de posição (dentro, em cima, esquerda) resultou em desempenhos próximos ao acaso em testes diante de estímulos novos. Desempenhos melhores nos testes foram obti- dos com o procedimento de tentativa-e-erro, o que levou os autores a sugerir que, desempenhos consistentes nos testes de generalização após o
  • 11. Ensino Sem Erro e Aprendizagem de Discriminação 217 ensino com procedimento sem erro, pode depen- der da inclusão de um bloco de tentativas com os S+ e S-, após a etapa de mudança gradual. A combinação de procedimentos, com mudan- ça gradual seguido de tentativa-e-erro, parece necessária para a aquisição das discriminações, previne subprodutos dos erros e gera controle de estímulos pelas dimensões relevantes. No ensino de discriminações, o estabeleci- mento de controle por parte ou dimensão muito específica do estímulo treinado é chamado de controle seletivo de estímulos (Allen & Fuqua, 1985) ou controle restrito (e.g., Dube & McIlva- ne, 1997) ou superseletividade (e.g., Lovaas & Schreibman, 1971). Este controle é identificado quando posteriormente são efetuadas mudanças nas contingências de reforçamento ou apresenta- das tarefas mais complexas de teste que deman- dam que o aprendiz responda com base em mais de uma dimensão ou em uma dimensão diferente dos estímulos (Pierce & Epling, 1995; Stromer, 1979). Strand (1989) observou que, após o trei- no discriminativo inicial, quando a função dos estímulos S+ e S- foi invertida (reversão da dis- criminação), crianças com deficiência intelectu- al tendiam a continuar respondendo ao tamanho exagerado de um elemento do S+ (dica) do trei- no original. Gollin e Savoy (1968) verificaram, após o treino de duas discriminações de forma com esvanecimento, que os desempenhos preci- sos nos treinos não foram mantidos quando os dois pares S+ - S- eram apresentados randomi- camente em um teste. Ao replicarem o estudo de Gollin e Savoy, Schilmoeller et al. (1979) verificaram desempenhos mais precisos nos tes- tes quando o controle superseletivo foi reduzido por um treino que utilizava modelagem de estí- mulos. Tais resultados sugerem que o controle por dimensões irrelevantes pode ser estabeleci- do durante as etapas de mudanças graduais que utilizam dimensões ou dicas irrelevantes para as discriminações finais ao longo dos treinos com esvanecimento. Sobre este assunto, existe uma extensa literatura relacionando superseletividade com dificuldade de aprendizagem em crianças com limitação cognitiva e autistas (e.g., Allen & Fuqua, 1985; Dittlinger & Lerman, 2011; Lova- as, Koegel & Schreibman, 1979). Considerações Finais O conjunto de estudos com os procedi- mentos e resultados apresentados neste trabalho mostram evidências de que o erro não é necessá- rio para a aprendizagem. Quando este é minimi- zado, evita-se também os seus subprodutos emo- cionais. Entretanto, a ocorrência de erros pode, em situação de avaliação, indicar controles por dimensões irrelevantes dos estímulos e auxiliar no planejamento instrucional individual. Nesse sentido, identificar as fontes ambientais gerado- ras de desempenhos inadequados é fundamental no planejamento, e também auxilia na superação de uma concepção amplamente difundida no meio acadêmico de que a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso recai exclusivamente sobre o aluno. Este artigo representa uma contribuição para a maior difusão deste conhecimento no Bra- sil, tendo em vista a possibilidade de utilização dos procedimentos que reduzem a probabilidade de respostas incorretas, em diferentes contextos de aplicação, para ensinar: discriminações en- volvidas em atividades de leitura, como na dis- criminação de letras com forma semelhante ou fontes diferentes (e.g, Smeets & Striefel, 1990; Van Laarhoven et al., 2003); habilidades mate- máticas para crianças com atraso no desenvolvi- mento (e.g., Burton, Anderson, Prater & Dyches, 2013); habilidades comunicativas para crianças autistas (e.g., Ostryn & Wolfe, 2011; Raulston et al., 2013); no tratamento para esquiva social (e.g., Harper, Iwata & Camp, 2013), para citar alguns. É importante salientar que o uso de pro- cedimentos especiais que demandam um plane- jamento especial é justificado quando erros são recorrentes ou para acelerar o ensino de habili- dades complexas que apresentam muitos erros na fase inicial de aquisição. O desenvolvimento de tecnologias de ensi- no que visem a redução dos erros e seus efei- tos sobre o desempenho do aprendiz exige, no entanto, planejamento sistemático, treinamento de recursos humanos, elaboração de material es- pecializado, disponibilidade de tempo para apli- cação e avaliação constante. A aplicação desta tecnologia poderia assessorar o planejamento e
  • 12. Melo, R. M., Carmo, J. S., Hanna, E. S.218 a elaboração de material didático, sobretudo nas séries iniciais e no ensino especial, nas quais se observa frequentemente dificuldade na aprendi- zagem de determinadas discriminações visuais e auditivas, como por exemplo, a diferenciação entre p/q, d/b e f/v, t/d ou dos símbolos matemá- ticos das operações aritméticas +/-, +/×, +/÷, =/≠, ≤/≥. A possibilidade de prevenir tais dificuldades a partir dessas e outras novas metodologias de ensino pode significar a prevenção ou redução de dificuldades na alfabetização e do fracasso escolar no ensino regular ou especial. O psicólogo escolar, apoiado nos conheci- mentos advindos de pesquisas básicas e aplica- das sobre aprendizagem sem erro, ao lidar com as diferentes relações presentes nas situações de ensino e de aprendizagem, pode fornecer impor- tantes elementos à mudança de práticas de ensi- no, como: superação da visão de que erros são necessários à aprendizagem; retirada do foco de responsabilidade no aluno, com indicação das fontes ambientais geradoras de erro; auxílio na programação de etapas graduais de ensino com o objetivo de garantir controle efetivo de respos- tas adequadas; ampliação das possibilidades de planejamento eficaz dos professores; ampliação das possibilidades de uma avaliação da apren- dizagem a partir da análise da efetividade da programação de ensino; prevenção de respostas emocionais geradas e mantidas pela ocorrência de erros; aumento da motivação de professores e alunos a partir de programações de ensino que possibilitam o sucesso ao invés do fracasso na aprendizagem. Em suma, os estudos sobre apren- dizagem sem erro contribuem, sobremaneira, à mudança de foco no trabalho, tanto do psicólogo escolar quanto dos demais profissionais da edu- cação, no sentido de centrarem seus esforços na produção do sucesso dos alunos. Referências Aeschleman, S. R., & Higgins, A. F. (1982). Concept learning by retarded children: A comparison of three discrimination learning procedures. Jour- nal of Mental Deficiency Research, 26, 229-238. Allen, K. D., & Fuqua, R. W. (1985). Eliminating se- lective stimulus control: A comparison of two procedures for teaching mentally retarded chil- dren to respond to compound stimuli. Journal of the Experimental Child Psychology, 39, 55-71. Alves, K. R. S., Assis, G. J. A., Kato, O. M., & Brino, A. L. F. (2011). Leitura recombinativa após pro- cedimentos de fading in de sílabas das palavras de ensino em pessoas com atraso no desenvolvi- mento cognitivo. Acta Comportamentalia, 19, 183-203. Anderson, N. D., & Craik, F. I. M. (2006). The mne- monic mechanisms of errorless learning. Neuro- psychologia, 44, 2806-2813. Baddeley, A., & Wilson, B. A. (1994). When implicit learning fails: Amnesia and the problem of error elimination. Neuropsychologia, 32, 53-68. Baker, R. A., & Osgood, S. W. (1954). Discrimina- tion transfer along a pitch continuum. Journal of Experimental Psychology, 48, 241-246. Bijou, S. W. (1995). Behavior analysis of child devel- opment. Reno, NV: Context Press. Browder, D., Ahlgrim-Delzell, L., Spooner, F., Mims, P. J., & Baker, J. N. (2009). Using time delay to teach literacy to students with severe deve- lopmental disabilities. Exceptional Children, 75, 343-364. Burton, C. E., Anderson, D. H., Prater, M. A., & Dyches, T. T. (2013). Video self-modeling on an iPad to teach functional math skills to ado- lescents with autism and intellectual disability. Focus on Autism and Other Developmental Di- sabilities, 28, 67-77. Carmo, J. S. (2003). Dificuldades de aprendizagem ou dificuldade de ensino? Algumas contribui- ções da Análise do Comportamento. In M. Z. S. Brandão (Ed.), Sobre comportamento e cogni- ção: A história e os avanços, a seleção por con- tingências em ação (pp. 396-401). Santo André, SP: ESETec Catania, A. C. (1999). Aprendizagem: Comporta- mento, linguagem e cognição (4. ed., D. G. Sou- za, Trad.). Porto Alegre, RS: Artmed. (Original publicado em 1998) Cheney, T., & Stein, N. (1974). Fading procedures and oddity learning in kindergarten children. Journal of Experimental Child Psychology, 17, 313-321. Clare, L., Wilson, B. A., Carter, G., Roth, I., & Hod- ges, J. R. (2002). Relearning face-name asso- ciations in early Alzheimer’s disease. Neurop- sychology, 16, 538-547.
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