Uma barragem de rejeitos de mineração controlada pela Samarco Mineração rompeu-se em Mariana, Minas Gerais em novembro de 2015, liberando rejeitos tóxicos que atingiram o Rio Doce e ecossistemas ao longo de seus 230 municípios. O desastre é considerado o pior acidente socioambiental e envolvendo barragens de rejeitos da história brasileira, prejudicando espécies como a tartaruga de couro e a água-viva Kishinouyea corbini.
2. • O rompimento da barragem de Fundão, localizada no subdistrito de Bento
Rodrigues, a 35 km do centro do município brasileiro de Mariana, Minas Gerais,
ocorreu na tarde de 5 de novembro de 2015. Rompeu-se uma barragem de
rejeitos de mineração controlada pela Samarco Mineração S.A.,
um empreendimento conjunto das maiores empresas de mineração do mundo,
a brasileira Vale S.A. e a anglo-australiana BHP Billiton.
3. • Inicialmente a mineradora Samarco informara que duas barragens haviam se
rompido - a de Fundão e a de Santarém. Porém, no dia 16 de novembro, a Samarco
retificou a informação, afirmando que apenas a barragem de Fundão havia se
rompido. O rompimento de Fundão provocou o vazamento dos rejeitos que
passaram por cima de Santarém, que, entretanto, não se rompeu. As barragens
foram construídas para acomodar os rejeitos provenientes da extração do minério
de ferro retirado de extensas minas na região.
4. • O rompimento da barragem de Fundão é considerado o maior desastre
socioambiental da história brasileira e o maior do mundo envolvendo barragens de
rejeitos. A lama chegou ao rio Doce, cuja bacia hidrográfica abrange 230 municípios
dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, muitos dos quais abastecem sua
população com a água do rio.
5. • Ambientalistas consideraram que o efeito dos rejeitos no mar continuará por pelo
menos mais 100 anos, mas não houve uma avaliação detalhada de todos os danos
causados pelo desastre. Segundo a prefeitura do município de Mariana, a reparação
dos danos causados à infraestrutura local deverá custar cerca de 100 milhões de
reais.
6. ESPÉCIES QUE FICARAM PREJUDICADAS:
• Tartaruga de couro Água-viva Kishinouyea corbini
7. DANOS AOS ECOSSISTEMAS DO RIO
DOCE
• Por volta de 18h30 do dia 5 de novembro, os rejeitos de minério de ferro
chegaram ao Rio Doce. A bacia do rio tem uma área de drenagem de cerca de
86.715 quilômetros quadrados, sendo 86% em Minas Gerais e o restante
no Espírito Santo. No total, o rio abrange 230 municípios que utilizam o seu leito
como subsistência.
9. • Ambientalistas acreditavam ser incerta a possibilidade de se recuperar o rio.
Segundo o biólogo e ecólogo André Ruschi, que atua na Estação Biologia Marinha
Augusto Ruschi, no distrito de Santa Cruz, município de Aracruz, no Espírito Santo,
os rejeitos só começarão a ser eliminados do mar em 100 anos, no mínimo.
10. DANOS AOS ECOSSISTEMAS
MARINHOS
Os rejeitos atingiram também a Usina Hidrelétrica Risoleta Neves, que fica em Santa
Cruz do Escalvado, a cerca de 100 quilômetros de Mariana. Segundo a
concessionária que administra a usina, o seu funcionamento não foi prejudicado.
No dia 9 de novembro, a prefeitura de Governador Valadares interrompeu a
captação de água por conta da lama que invadiu o rio Doce. No dia seguinte, foi
decretado Estado de Calamidade Pública, em função do desabastecimento de água
na cidade. No dia 13 de novembro, o Exército Brasileiro montou um ponto de
distribuição gratuita de água fornecida pela Samarco, na praça dos Esportes, no
centro da cidade.
11. No dia 16 de novembro, a onda de lama e rejeitos de minério chegou ao município
de Baixo Guandu, no noroeste do Espírito Santo. A prefeitura suspendeu o
abastecimento pelo Rio Doce.
O IBAMA informou que, das 80 espécies de peixes que ocorrem no rio Doce, 11 estão
ameaçadas de extinção e 12 são endêmicas, só existem nesta bacia hidrográfica e
podem ter sido extintas.
12. RESERVATÓRIO DA USINA HIDRELÉTRICA
RISOLETA NEVES (CANDONGA) ATINGIDO PELOS
REJEITOS DA MINERADORA SAMARCO, EM SANTA
CRUZ DO ESCALVADO, MINAS GERAIS.
13. No dia 22 de novembro, a lama chegou ao mar, no Norte do Espírito Santo. A
prefeitura de Linhares interditou as praias de Regência e Povoação e emitiu um alerta
para que as pessoas não entrem na água. Foram espalhadas placas ao longo das
praias informando que a água está imprópria para o banho.
14. Em dois dias a mancha de lama se alastrou por mais de 15 quilômetros ao norte da
foz do Rio Doce e mais sete quilômetros rumo ao sul. Uma das regiões afetadas foi
a Reserva Biológica de Comboios, unidade de conservação costeira que protege o
único ponto regular de desova de tartaruga-de-couro na costa brasileira.
15. Após atingir o oceano, a lama provavelmente afetará milhares de espécies da fauna e
flora marinhas. O pouco estudado cnidário Kishinouyea corbini é uma espécie
emblemática desta situação, pois é extremamente rara e tem uma distribuição
geográfica restrita e que se sobrepõe com a área afetada pelo desastre.