A empresa holandesa inBeacon fornece software para beacons, dispositivos que emitem sinais Bluetooth ou WiFi para interagir com smartphones. A inBeacon pretende expandir-se para Portugal e outros mercados europeus, oferecendo às marcas e retalhistas ferramentas de marketing de proximidade e engajamento com clientes dentro de lojas e eventos.
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TECNOLOGIA
Fortalecer a relação com
o consumidor ao invés
de encontrar e “caçar” as
pessoas pelo caminho. É
esta a filosofia da inBeacon,
empresa de marketing
de proximidade e de
software para beacons de
origem holandesa que
chega agora a Portugal.
Mas o que são exatamente
beacons? “Muitas pessoas,
quando pensam em
beacons, pensam no
envio de notificações
para o smartphone. Nós
dizemos que sim, que esse
é um dos instrumentos,
mas deve ser reduzido
ao mínimo”, responde
o CEO da tecnológica,
Frank Verschoor. O
beacon é a infraestrutura
física, o emissor de sinais
que são recebidos pelo
smartphone através de
ligações Bluetooth ou WiFi.
E a inBeacon fornece o
software que faz com que
essa mesma infraestrutura
O qUE PODEM OS BEACONS FAzER
PELAS MARCAS?
Dar aos consumidores informação relevante e no contexto certo. Essa é
a ambição da inBeacon, empresa holandesa especializada em software
para beacons e em marketing de proximidade, que se estreia agora em
território português. Onde espera ter 10 mil beacons instalados até ao
final do ano. Frank Verschoor, CEO da tecnológica, enfatiza o potencial
desta solução na relação com o consumidor.
funcione. Para tal vende
licenças, sob a forma
de subscrições mensais,
através das quais os clientes
têm acesso à plataforma
cloud e aos instrumentos
de que necessitam para
interagir com os respetivos
públicos-alvo através
de apps. Além disso, o
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envio de notificações é
controlado, dado que se
trata de uma tecnologia
opt-in. Quer isto dizer que
as mensagens de marketing
ou de caráter comercial só
são enviadas para aqueles
que expressem, prévia
e explicitamente, o seu
consentimento quando
instalam as aplicações
em causa. E o empresário
acrescenta que o trabalho
de envio de mensagens é
da total responsabilidade
dos gestores de conteúdos
das apps. “Aconselhamos
a que não enviem mais
do que três mensagens
ao consumidor. Podem
optar também por enviar a
mesma mensagem apenas
uma vez. Há vários tipos de
instrumentos para garantir
isso. Se é cliente frequente
de um determinado espaço
e cada vez que lá entra
recebe uma mensagem
de boas-vindas, não irá,
decerto, gostar”, assegura.
Com o intuito de
exemplificar o modo como o
software da inBeacon pode
ser uma boa ferramenta de
marketing, Frank Verschoor
alude ao case de uma
marca de refrigerantes,
aquando do lançamento
de uma gama de bebidas
energéticas no mercado
holandês. “Foram entregues
amostras a consumidores
em estações de comboios.
Até aí, as marcas nunca
viam ou sabiam o que era
feito com essas amostras.
pessoas viram o suporte e
dirigiram-se ao quiosque
no espaço de uma semana.
Além destas campanhas,
o software da inBeacon
também permite utilizar o
geofencing, isto é, recorrer
ao GPS ou à identificação
de radiofrequência (RFID)
para definir barreiras
geográficas virtuais,
garantindo, assim, que os
beacons tenham um raio de
atuação limitado.
Ainda em fase de
introdução em Portugal,
Frank Verschoor prefere
não revelar as parcerias
que começam já a ser
firmadas entre a inBeacon
e as marcas portuguesas.
Responde apenas que se
“Muitas pessoas,
quando pensam
em beacons,
pensam no envio
de notificações
para o
smartphone. Nós
dizemos que sim,
que esse é um dos
instrumentos, mas
deve ser reduzido
ao mínimo”
Então estabelecemos uma
parceria com uma das
maiores app de jornais. Ao
registarem-se, se estivessem
próximos dessa equipa de
promotores e levassem uma
lata, da vez seguinte que
abrissem a app do jornal,
veriam um anúncio daquela
bebida energética. Ao clicar
no anúncio obteriam um
cupão que seria diretamente
guardado na Google Wallet
e, quando passassem por
aquela estação de comboios,
poderiam dirigir-se a
um quiosque e utilizar o
desconto na compra de
outra bebida energética”,
descreve, referindo que as
taxas de conversão foram
bastante positivas: 48% das
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trata de negócios no âmbito
do retalho alimentar e não
alimentar, da distribuição
e dos media. “Eu tenho
um historial de criação
de empresas e aprendi
cedo que o primeiro passo
deve ser dado no país de
origem. E se optarmos por
sair do nosso mercado, o
melhor é optar por um
mercado que não seja
muito grande. E é isso que
me agrada em Portugal”,
justifica. Até ao final do
ano, serão instalados
aproximadamente 10 mil
beacons e 100 hotspots
em mupis de paragens de
autocarros em território
nacional. A inBeacon
pretende igualmente
perceber como é que o
país e os portugueses
podem retirar vantagens
do uso desta tecnologia.
“Tivemos a sorte de ter
sido bem-recebidos por
agência de meios e agências
digitais que são os olhos e
ouvidos dos consumidores
e fazem a curadoria da
oferta digital. Elas estão
em constante contacto
com os consumidores,
realizam inquéritos,
pedem informações,
que, mais cedo ou mais
tarde, irão materializar-se
em projetos-piloto e
crescer até se tornarem
projetos em larga escala”,
partilha. As expetativas,
essas, são muito elevadas.
Porque, acredita, desde
que as pessoas retirem
benefícios estão abertas
a este tipo de tecnologia
e aproximação. Do lado
das marcas, verifica-se que
procuram dar tratamento
VIP aos consumidores
registados nas apps, tanto
nas lojas como em eventos
por si organizados e/ou
patrocinados. Por isso,
podem usar o software da
inBeacon para que a app
funcione como bilhete
de entrada. A pessoa
responsável pela gestão e
receção pode ter um tablet
e ver que um determinado
cliente acabou de entrar,
se tem o estatuto de
VIP e se pode oferecer
um tratamento especial,
por exemplo. Tudo isto é
gerido pelas empresas que
usufruem do software da
tecnológica holandesa.
No âmbito publicitário, a
inBeacon aborda criadores
de apps e agências digitais
com o argumento de que
possui um instrumento
que permite oferecer
mais campanhas aos
consumidores, bem como
a apps de jornais, para lhes
proporcionar um outro
modelo de receitas.
Depois de Portugal, os
próximos mercados em
vista são o Reino Unido e
a Alemanha. Os Estados
Unidos não estão, por
agora, na mira: “Como
trouxemos a tecnologia
dos Estados Unidos não
queremos exportar para
lá nos próximos 12 a 18
meses. Estamos mais
“O qUE É CLARO
É qUE ESTA
TECNOLOGIA É
DIFERENTE, POR
SER OPT-IN. A
PESSOA Só SERÁ
APANHADA NA
REDE DOS BEACONS
SE ENTRAR NUM
ESPAÇO qUE TENHA
UM BEACON”
TECNOLOGIA
BEACONS EM MOVIMENTO
Em 2015, a tecnologia
fornecida pela inBeacon
esteve presente no Sail
Amsterdam, um dos
principais eventos da
Holanda, que registou
cerca de 2,5 milhões
de visitantes em cinco
dias. Trata-se de uma
exposição de navios
que circulam num
canal que liga o Mar do
Norte a Amesterdão,
com 80 quilómetros de
comprimento. Sendo
possível colocar beacons
em alvos móveis, foram
instalados em dez barcos
alguns que emitem sinais
a longas distâncias –
neste caso 300 metros.
Assim, quem estava
sentado junto ao canal
e tinha a app do Sail
Amsterdam recebia
no smartphone o som
da buzina do navio
que estava a passar
por si e, ao clicar num
link, acedia a toda a
informação sobre o
mesmo. A taxa média de
abertura de notificações
situou-se nos 22%.
focados nos mercados
europeus”, justifica o CEO.
Porém, para concretizar
a expansão, a tecnológica
precisa de investimento
extra já que a maior parte
do capital é próprio.
“Se queremos acelerar
na internacionalização
precisamos de mais
capital. Também temos
que desenvolver a nossa
organização internamente
e precisamos de
financiamento para esse
crescimento. Queremos
tornar-nos o líder europeu
da tecnologia beacon”,
conclui Frank Verschoor.
ATÉ AO FINAL
DO ANO, SERÃO
INSTALADOS
APROXIMADAMENTE
10 MIL BEACONS
E 100 HOTSPOTS
EM MUPIS DE
PARAGENS DE
AUTOCARROS
EM TERRITóRIO
NACIONAL
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TECNOLOGIA
BE THERE, BE RELEvANT
Be there, be relevant.
Este é o mote da inBeacon,
que surgiu em 2014, na
Holanda, pela vontade de
Frank Verschoor (CEO),
Remco Bron (CCO) e
Ronald Van Woensel (CTO).
O objetivo? Mostrar às
empresas, marcas, retalhistas
e agências de eventos que
os beacons não são apenas
simples emissores de
sinais: são ferramentas de
marketing.
Briefing | Como surgiu a
inBeacon?
Frank verschoor | Criei
a empresa com dois
sócios. Um deles tem
mais background técnico,
o outro tem experiência
em marketing e eu estou
mais envolvido na criação
de negócios. Foi na zona
oeste dos Estados Unidos
que eles ouviram falar de
beacons e, juntos, pensámos:
o que podemos fazer com
beacons? Percebemos
que a tecnologia tinha
muita utilidade para as
empresas. Primeiro, porque
hoje em dia quase todas
as organizações têm uma
presença online e offline,
mas ainda é difícil ligar as
duas. O segundo aspeto é
que eu tenho um passado
em venture capital e
conheci muitos marketeers
interessados em soluções de
hypertargeting ou one-to-
-one marketing. Mas assisti a
muitas desistências, porque
a tecnologia era muito cara
ou demasiado complexa.
Identificámos aqui uma
oportunidade de negócio.
Briefing | Tem como slogan
“be there, be relevant”.
Como é que a empresa
tem vindo a cumprir essa
premissa?
Fv | Os beacons enviam um
sinal, recebido pela app via
Bluetooth ou WiFi e que
provoca ações. Uma delas
pode ser simplesmente
o registo, para ganhar
proximidade. O passo
seguinte pode ser o envio
de notificações ou fazer
uma ação de retargeting,
quando temos um anúncio
ativo na app de um jornal,
por exemplo. Mas só
devemos fazer isso se for
extremamente relevante
para o utilizador receber
essa mensagem. Se não
é relevante, as pessoas
sentem-se cansadas e
desligam-se. Na nossa
ferramenta temos várias
funcionalidades onde é
possível gerir e monitorizar
esta relevância. O contexto
também é importante. Saber
se a pessoa está ali pela
primeira vez e quais os seus
gostos.
Briefing | Quais os
principais desafios para a
tecnologia beacon?
Fv | Numa perspetiva de
aceitação, vemos que muitas
pessoas revelam um interesse
elevado, mas são cautelosas
no que diz respeito a usá-la
em larga escala. E isso
deve-se essencialmente às
questões de privacidade. Há
muitas pessoas que utilizam
as ligações Bluetooth eWiFi
para ações ilegais e é por
isso que os empresários
são cuidadosos, para não
porem em risco as suas
marcas e a relação com os
consumidores. O que é
claro é que esta tecnologia é
diferente, por ser opt-in.A
pessoa só será apanhada na
rede dos beacons se entrar
num espaço que tenha um
beacon. O segundo ângulo é
que, a nível da tecnologia, os
sinais estão a ficar cada vez
melhores, as ferramentas de
gestão do hardware também,
mas ainda há telemóveis que
não facilitam a medição da
distância. Se tiver um iPhone
de um determinado tipo é
muito fácil calibrar. No caso
dos Android, há muitos tipos
e a calibração ainda varia
muito.A distância de um
utilizador ao equipamento
beacon ainda é um desafio
tecnológico.
Briefing | E no caso da
proteção de dados? Que
medidas toma a inBeacon?
Fv |Tudo está encriptado.
Criámos uma plataforma
segura.A base de dados
do instrumento está
hospedada num centro de
alta segurança no Reino
Unido, bem como em
instituições bancárias. Outra
questão que é extremamente
importante e que faz parte
da nossa filosofia é que nós
fornecemos o software,
oferecemos as ferramentas,
mas os dados são 100%
detidos pelos criadores ou
detentores das aplicações.