SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 18
ANÁLISE FUNCIONAL:
O Diagnóstico Comportamental
Prof. Armando Rezende Neto
Doutorando Depto. de Psiquiatria – UNIFESP
Prof. Adjunto da UNIBAN
HISTÓRICO
 Objeto de estudo do psicólogo comportamental é a
interação entre o organismo e seu ambiente.
 Um formulação adequada deve especificar:
1. A ocasião em que a resposta ocorre
(isto é, os ESTÍMULOS ANTECEDENTES).
2. A própria resposta.
3. As conseqüências reforçadoras
(os ESTÍMULOS CONSEQUENTES).
Ambiente – conjunto de estímulos;
 Estímulos – alteração detectável no meio em que o
organismo está inserido;
 Estímulos Antecedentes – ocasiões ou situações
nas quais um dado comportamento ocorre;
 Resposta ou Comportamento – qualquer ação,
observável ou não do organismo;
 Estímulos Conseqüentes – ocorrem imediatamente
após o comportamento.
DEFINIÇÃO
 ANÁLISE FUNCIONAL
 Identificação de variáveis externas das quais o
comportamento é função;
 Identificação das variáveis do ambiente passado ou
presente causadoras do comportamento;
 Chamada também por Skinner de análise causal
(Ciência e comportamento humano, 1974);
 Serve para prever e controlar o comportamento de
um organismo.
TIPOS DE ANÁLISE FUNCIONAL
 ANÁLISE FUNCIONAL IDIOGRÁFICA
– Análise de casos individuais, comportamentos de indivíduos.
 ANÁLISE FUNCIONAL NOMOTÉTICA
– Análise de uma categoria diagnóstica; por exemplo: análise
funcional da depressão (Ferster em 1973).
 ANÁLISE FUNCIONAL DE PROCESSOS
PSICOLÓGICOS
– Como imitação, desenvolvimento infantil, etc.
 ANÁLISE FUNCIONAL DE SISTEMAS COMPLEXOS
– Como organizações, ambiente terapêutico, prisões, etc.
DIAGNÓSTICO COMPORTAMENTAL E O
DIAGNÓSTICO TRADICIONAL
 TRADICIONAL
– Coloca o indivíduo dentro de um padrão;
– Dá categorias;
– Trata o sintoma; a causa colocada em algo interno;
– Sintoma de que algo está errado com ele;
– Pouca indicações acerca do que deve ser feito;
– Não responde os processos patológicos funcionais.
 COMPORTAMENTAL
– Dá orientações sobre o tratamento;
– Indica o que mantem o comportamento do organismo a
partir da relação com o meio;
– Não responde à questão de categorias diagnósticas;
– Não dá resposta alternativa para o problema da
classificação.
OBJETIVO DA ANÁLISE FUNCIONAL
PARA O CLÍNICO
 Permitir ao clínico ou ao analista do comportamento
determinar as condições que se relacionam com um
comportamento.
 Prever a ocorrência deste comportamento com uma certa
probabilidade.
 Especificar os comportamentos substitutos, os adaptativos
que podem servir àquela mesma função;
 Especificar as conseqüências que mantem o
comportamento problema (tanto o reforço positivo como
negativo);
 Especificar contingências que tem falhado em manter a
resposta adaptativa.
MODELOS DE
ANÁLISE FUNCIONAL
DIAGRAMA DE CONTINGÊNCIAS:
Quadro de análise funcional com flechas uni e bidirecionais
(Mattaini, 1995)
MODELO DESCRITIVO:
Principais informações do caso, as relações funcionais de alguns
comportamentos e em seguida a representação esquemática de alguns
comportamentos relevantes (COSTA, 2002)
MODELO DESCRITIVO:
Busca classe de resposta mais abrangente que a da queixa; trabalha com
classes de comportamento e classes de estímulos antecedentes e
conseqüentes. (Meyer, 1997).
CINCO PASSOS BÁSICOS PARA
REALIZAR UMA ANÁLISE FUNCIONAL
1. Definir precisamente o comportamento de interesse.
2. Identificar e descrever o efeito comportamental.
3. Identificar relações ordenadas entre variáveis ambientais
e o comportamento de interesse. Identificar relações
entre o comportamento de interesse e outros
comportamentos existentes.
4. Formular predições sobre os efeitos de manipulações
dessas variáveis e desses outros comportamentos sobre o
comportamento de interesse.
5. Testar essas predições.
MATOS, Maria Amélia (1999)
Quais foram os antecedentes desta
situação? Quais serão os conseqüentes?
Quais foram os antecedentes desta
situação? Quais serão os conseqüentes?
Quais são os conseqüentes desta situação?
Há probabilidade desta situação se repetir?
E os antecedentes e conseqüentes
desta situação?
A probabilidade dela se repetir é maior ?
“Tempori serviendum est”
É preciso obedecer às circunstâncias.
Cícero em suas epístolas numa clara recomendação de
flexibilidade, de adaptar-se vez por outra àquilo que as
diversas circunstâncias exigem.
TOSI, Renzo (2000)
BIBLIOGRAFIA
 COSTA, Silvana Elisa G.C. Um modelo de apresentação de análise
funcionais do comportamento. Estudos de Psicologia, 19 (3): 43-
54, 2002.
 MATTAINI, Mark A. Contingency diagrams as teaching tools. The
Behavior Analyst, 18 (1): 93-98, 1995.
 MATOS, Maria Amélia. Análise funcional do comportamento.
Estudos de Psicologia, 16 (3): 8-18, 1999.
 MEYER, Sonia Beatriz. O conceito de análise funcional. In:
Kerbauy,R.; Wielenska, R. Sobre comportamento e cognição.
Santo André, ESETEC, 2003.
 TOSI, Renzo. Dicionário de sentenças latinas e gregas. São Paulo,
Martins Fontes, 2000.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Análise Funcional Comportamento

Palestra a terapia cognitivo comportamental
Palestra   a terapia cognitivo comportamentalPalestra   a terapia cognitivo comportamental
Palestra a terapia cognitivo comportamentalErika Barreto
 
A apropriação do operacionismo pelo behaviorismo radical de
A apropriação do operacionismo pelo behaviorismo radical deA apropriação do operacionismo pelo behaviorismo radical de
A apropriação do operacionismo pelo behaviorismo radical deIara Andriele Carvalho
 
Treino didático de análise de contingências e previsão de intervenção sob as ...
Treino didático de análise de contingências e previsão de intervenção sob as ...Treino didático de análise de contingências e previsão de intervenção sob as ...
Treino didático de análise de contingências e previsão de intervenção sob as ...Ana Claudia Lehmckuhl
 
Pesquisa Experimental
Pesquisa ExperimentalPesquisa Experimental
Pesquisa ExperimentalHilma Khoury
 
Psicofarmacologia e o comportamento
Psicofarmacologia e o comportamentoPsicofarmacologia e o comportamento
Psicofarmacologia e o comportamentoEdleusa Silva
 
Comportamentalismo ou Behaviorismo
Comportamentalismo ou BehaviorismoComportamentalismo ou Behaviorismo
Comportamentalismo ou BehaviorismoErica Nascimento
 
APRENDIZAGEM OU DERIVA ONTOGENICA
APRENDIZAGEM OU DERIVA ONTOGENICA APRENDIZAGEM OU DERIVA ONTOGENICA
APRENDIZAGEM OU DERIVA ONTOGENICA augustodefranco .
 
Monografia sobre teorias de aprendizagem
Monografia sobre teorias de aprendizagemMonografia sobre teorias de aprendizagem
Monografia sobre teorias de aprendizagemGracieli Henicka
 
Psicologia Jurídica (Aula II)
Psicologia Jurídica (Aula II)Psicologia Jurídica (Aula II)
Psicologia Jurídica (Aula II)julilp10
 
Uma introdução aos delineamentos experimentais de sujeito único. interação em...
Uma introdução aos delineamentos experimentais de sujeito único. interação em...Uma introdução aos delineamentos experimentais de sujeito único. interação em...
Uma introdução aos delineamentos experimentais de sujeito único. interação em...Psicologia_2015
 
Fundamentos da Psicologia Social
Fundamentos da Psicologia SocialFundamentos da Psicologia Social
Fundamentos da Psicologia SocialMarcos Pereira
 
Objetivos Psicologia - Teste Nº4 (12ºAno)
Objetivos Psicologia - Teste Nº4 (12ºAno)Objetivos Psicologia - Teste Nº4 (12ºAno)
Objetivos Psicologia - Teste Nº4 (12ºAno)Maria Freitas
 
Artigo Teoria da Perspectiva - Releitura
Artigo Teoria da Perspectiva - ReleituraArtigo Teoria da Perspectiva - Releitura
Artigo Teoria da Perspectiva - ReleituraLeysliane Guimarães
 
Burrhus frederick skinner
Burrhus frederick skinnerBurrhus frederick skinner
Burrhus frederick skinnermagdasimone
 
O ambientalismo e a abordagem behaviorista
O ambientalismo e a abordagem behavioristaO ambientalismo e a abordagem behaviorista
O ambientalismo e a abordagem behavioristaGLEYDSON ROCHA
 

Semelhante a Análise Funcional Comportamento (20)

Passo 2 2007 1
Passo 2 2007 1Passo 2 2007 1
Passo 2 2007 1
 
Palestra a terapia cognitivo comportamental
Palestra   a terapia cognitivo comportamentalPalestra   a terapia cognitivo comportamental
Palestra a terapia cognitivo comportamental
 
Terapia Comportamental e Cognitiva
Terapia Comportamental e CognitivaTerapia Comportamental e Cognitiva
Terapia Comportamental e Cognitiva
 
A apropriação do operacionismo pelo behaviorismo radical de
A apropriação do operacionismo pelo behaviorismo radical deA apropriação do operacionismo pelo behaviorismo radical de
A apropriação do operacionismo pelo behaviorismo radical de
 
causas internas x causas externas
causas internas x causas externascausas internas x causas externas
causas internas x causas externas
 
Treino didático de análise de contingências e previsão de intervenção sob as ...
Treino didático de análise de contingências e previsão de intervenção sob as ...Treino didático de análise de contingências e previsão de intervenção sob as ...
Treino didático de análise de contingências e previsão de intervenção sob as ...
 
Pesquisa Experimental
Pesquisa ExperimentalPesquisa Experimental
Pesquisa Experimental
 
Psicofarmacologia e o comportamento
Psicofarmacologia e o comportamentoPsicofarmacologia e o comportamento
Psicofarmacologia e o comportamento
 
Comportamentalismo ou Behaviorismo
Comportamentalismo ou BehaviorismoComportamentalismo ou Behaviorismo
Comportamentalismo ou Behaviorismo
 
APRENDIZAGEM OU DERIVA ONTOGENICA
APRENDIZAGEM OU DERIVA ONTOGENICA APRENDIZAGEM OU DERIVA ONTOGENICA
APRENDIZAGEM OU DERIVA ONTOGENICA
 
Monografia sobre teorias de aprendizagem
Monografia sobre teorias de aprendizagemMonografia sobre teorias de aprendizagem
Monografia sobre teorias de aprendizagem
 
Psicologia Jurídica (Aula II)
Psicologia Jurídica (Aula II)Psicologia Jurídica (Aula II)
Psicologia Jurídica (Aula II)
 
aula1_introducao.pptx
aula1_introducao.pptxaula1_introducao.pptx
aula1_introducao.pptx
 
Passo 5 2007 1
Passo 5 2007 1Passo 5 2007 1
Passo 5 2007 1
 
Uma introdução aos delineamentos experimentais de sujeito único. interação em...
Uma introdução aos delineamentos experimentais de sujeito único. interação em...Uma introdução aos delineamentos experimentais de sujeito único. interação em...
Uma introdução aos delineamentos experimentais de sujeito único. interação em...
 
Fundamentos da Psicologia Social
Fundamentos da Psicologia SocialFundamentos da Psicologia Social
Fundamentos da Psicologia Social
 
Objetivos Psicologia - Teste Nº4 (12ºAno)
Objetivos Psicologia - Teste Nº4 (12ºAno)Objetivos Psicologia - Teste Nº4 (12ºAno)
Objetivos Psicologia - Teste Nº4 (12ºAno)
 
Artigo Teoria da Perspectiva - Releitura
Artigo Teoria da Perspectiva - ReleituraArtigo Teoria da Perspectiva - Releitura
Artigo Teoria da Perspectiva - Releitura
 
Burrhus frederick skinner
Burrhus frederick skinnerBurrhus frederick skinner
Burrhus frederick skinner
 
O ambientalismo e a abordagem behaviorista
O ambientalismo e a abordagem behavioristaO ambientalismo e a abordagem behaviorista
O ambientalismo e a abordagem behaviorista
 

Análise Funcional Comportamento

  • 1. ANÁLISE FUNCIONAL: O Diagnóstico Comportamental Prof. Armando Rezende Neto Doutorando Depto. de Psiquiatria – UNIFESP Prof. Adjunto da UNIBAN
  • 2. HISTÓRICO  Objeto de estudo do psicólogo comportamental é a interação entre o organismo e seu ambiente.  Um formulação adequada deve especificar: 1. A ocasião em que a resposta ocorre (isto é, os ESTÍMULOS ANTECEDENTES). 2. A própria resposta. 3. As conseqüências reforçadoras (os ESTÍMULOS CONSEQUENTES).
  • 3. Ambiente – conjunto de estímulos;  Estímulos – alteração detectável no meio em que o organismo está inserido;  Estímulos Antecedentes – ocasiões ou situações nas quais um dado comportamento ocorre;  Resposta ou Comportamento – qualquer ação, observável ou não do organismo;  Estímulos Conseqüentes – ocorrem imediatamente após o comportamento.
  • 4. DEFINIÇÃO  ANÁLISE FUNCIONAL  Identificação de variáveis externas das quais o comportamento é função;  Identificação das variáveis do ambiente passado ou presente causadoras do comportamento;  Chamada também por Skinner de análise causal (Ciência e comportamento humano, 1974);  Serve para prever e controlar o comportamento de um organismo.
  • 5. TIPOS DE ANÁLISE FUNCIONAL  ANÁLISE FUNCIONAL IDIOGRÁFICA – Análise de casos individuais, comportamentos de indivíduos.  ANÁLISE FUNCIONAL NOMOTÉTICA – Análise de uma categoria diagnóstica; por exemplo: análise funcional da depressão (Ferster em 1973).  ANÁLISE FUNCIONAL DE PROCESSOS PSICOLÓGICOS – Como imitação, desenvolvimento infantil, etc.  ANÁLISE FUNCIONAL DE SISTEMAS COMPLEXOS – Como organizações, ambiente terapêutico, prisões, etc.
  • 6. DIAGNÓSTICO COMPORTAMENTAL E O DIAGNÓSTICO TRADICIONAL  TRADICIONAL – Coloca o indivíduo dentro de um padrão; – Dá categorias; – Trata o sintoma; a causa colocada em algo interno; – Sintoma de que algo está errado com ele; – Pouca indicações acerca do que deve ser feito; – Não responde os processos patológicos funcionais.  COMPORTAMENTAL – Dá orientações sobre o tratamento; – Indica o que mantem o comportamento do organismo a partir da relação com o meio; – Não responde à questão de categorias diagnósticas; – Não dá resposta alternativa para o problema da classificação.
  • 7. OBJETIVO DA ANÁLISE FUNCIONAL PARA O CLÍNICO  Permitir ao clínico ou ao analista do comportamento determinar as condições que se relacionam com um comportamento.  Prever a ocorrência deste comportamento com uma certa probabilidade.  Especificar os comportamentos substitutos, os adaptativos que podem servir àquela mesma função;  Especificar as conseqüências que mantem o comportamento problema (tanto o reforço positivo como negativo);  Especificar contingências que tem falhado em manter a resposta adaptativa.
  • 9. DIAGRAMA DE CONTINGÊNCIAS: Quadro de análise funcional com flechas uni e bidirecionais (Mattaini, 1995)
  • 10. MODELO DESCRITIVO: Principais informações do caso, as relações funcionais de alguns comportamentos e em seguida a representação esquemática de alguns comportamentos relevantes (COSTA, 2002)
  • 11. MODELO DESCRITIVO: Busca classe de resposta mais abrangente que a da queixa; trabalha com classes de comportamento e classes de estímulos antecedentes e conseqüentes. (Meyer, 1997).
  • 12. CINCO PASSOS BÁSICOS PARA REALIZAR UMA ANÁLISE FUNCIONAL 1. Definir precisamente o comportamento de interesse. 2. Identificar e descrever o efeito comportamental. 3. Identificar relações ordenadas entre variáveis ambientais e o comportamento de interesse. Identificar relações entre o comportamento de interesse e outros comportamentos existentes. 4. Formular predições sobre os efeitos de manipulações dessas variáveis e desses outros comportamentos sobre o comportamento de interesse. 5. Testar essas predições. MATOS, Maria Amélia (1999)
  • 13. Quais foram os antecedentes desta situação? Quais serão os conseqüentes?
  • 14. Quais foram os antecedentes desta situação? Quais serão os conseqüentes?
  • 15. Quais são os conseqüentes desta situação? Há probabilidade desta situação se repetir?
  • 16. E os antecedentes e conseqüentes desta situação? A probabilidade dela se repetir é maior ?
  • 17. “Tempori serviendum est” É preciso obedecer às circunstâncias. Cícero em suas epístolas numa clara recomendação de flexibilidade, de adaptar-se vez por outra àquilo que as diversas circunstâncias exigem. TOSI, Renzo (2000)
  • 18. BIBLIOGRAFIA  COSTA, Silvana Elisa G.C. Um modelo de apresentação de análise funcionais do comportamento. Estudos de Psicologia, 19 (3): 43- 54, 2002.  MATTAINI, Mark A. Contingency diagrams as teaching tools. The Behavior Analyst, 18 (1): 93-98, 1995.  MATOS, Maria Amélia. Análise funcional do comportamento. Estudos de Psicologia, 16 (3): 8-18, 1999.  MEYER, Sonia Beatriz. O conceito de análise funcional. In: Kerbauy,R.; Wielenska, R. Sobre comportamento e cognição. Santo André, ESETEC, 2003.  TOSI, Renzo. Dicionário de sentenças latinas e gregas. São Paulo, Martins Fontes, 2000.