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Nº 9 | Dezembro de 2018
JORNAL DA APRS
Homenagem
a Jair Escobar
Três anos de uma
gestão marcante
93 anos do IPF
80 ANOS DA APRS
Uma festa
inesquecível
Expediente do Jornal – JA
Esta é uma publicação da Associação
de Psiquiatria do Rio Grande do Sul
Av. Ipiranga, 5311/ 202
CEP 90610-001 | Porto Alegre | RS | Brasil
Telefones (51) 3024.4846 | 98193.7387
www.aprs.org.br – aprs@aprs.org.br
facebook – aprs.psiquiatriaJORNAL DA APRS
DIRETORIA
Gestão 2016/2018
PRESIDENTE
Flávio Shansis
VICE-PRESIDENTE
Matias Strassburger
DIRETORA DE NORMAS
Andréia Sandri
DIRETORA SECRETÁRIA ADJUNTA DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL
Ana Cristina Tietzmann
DIRETORA TESOUREIRA
Anahy Fagundes Dias Fonseca
DIRETORA TESOUREIRA ADJUNTA
Fernanda Lia de Paula Ramos
DIRETOR CIENTÍFICO
Luciano Rassier Isolan
DIRETOR DE DIVULGAÇÃO
Eduardo Trachtenberg
CONSELHO FISCAL – TITULARES
Eugenio Horacio Grevet
Jair Escobar
Neusa Knijnik Lucion
CONSELHO FISCAL – SUPLENTES
Cláudio Laks Eizirik
Fernando Schneider
Gisele Gus Manfro
CONSELHO EDITORIAL DO JORNAL
9ª edição | Dezembro 2018
EDITOR
Mário Tregnago Barcellos
CORPO EDITORIAL
Elisa Lima Boéssio
Mateus Reche
DIRETOR DE DIVULGAÇÃO
Eduardo Trachtenberg
JORNALISTA RESPONSÁVEL
Vitor Bley de Moraes – RP 5495
PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO
Marta Castilhos
SECRETARIA DA APRS
Coordenadora administrativo-financeira
Ana Paula Sarmento Cruz
administrativo@aprs.org.br
Secretária sênior
Sandra Maria Schmaedecke – RP 1464
aprs@aprs.org.br
Auxiliar de Secretariado
Nataniele Oliveira do Nascimento
atendimento@aprs.org.br
Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos signatá-
rios e não representam necessariamente a opinião institucional.
Mário Barcellos*
EDITORIAL
Você, associado, recebe aqui a última edi-
ção do Jornal da APRS da Gestão 2016-2018.
Nesse período, retomamos a produção de um
jornal impresso de publicação semestral. Em
todas as seis edições ao longo desses três
anos, buscamos equilibrar informações insti-
tucionais e científicas, encurtando a distância entre a APRS e seus
associados. Espero que tenhamos sido bem-sucedidos na tarefa.
Os últimos anos foram marcados pela sensação de fazer parte de
uma instituição extremamente viva e atualizada. A manutenção
de marcas tradicionais veio acompanhada de um grande esforço
para tornar a APRS uma entidade do seu tempo – como a possibi-
lidade de participação em cursos à distância exemplifica.
Na presente edição do Jornal, como uma espécie de retrospecti-
va, alguns colegas descrevem as vivências mais relevantes que
tiveram durante a gestão. De minha parte, é claro que o Jornal
da APRS tem que ser citado. Foi um grande prazer viver essa
experiência. Gostaria de agradecer ao Flávio pelo convite para
ser editor e pela confiança, e especialmente ao Dudu pela ajuda
incansável e pela amizade leal, divertida e afetuosa de sempre.
Preciso ainda citar os colegas da comissão editorial: Elisa, Mateus
e Martina. Por fim, meu muito obrigado às sempre atenciosas,
eficientes e queridas secretárias: Ana Paula e Sandra.
Desejo todo o sucesso à próxima gestão, que certamente manterá
o entusiasmo e o dinamismo que foram notados por todos nos
últimos anos.
Como a hora do encontro é também de despedida, bom, fica aqui
meu grande abraço a todos.
Boa leitura!
* Médico psiquiatra, editor do Jornal da APRS
Sumário
Homenagem / Jair Escobar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  3
Uma Gestão Marcada pela Inovação,
Autossustentabilidade e Harmonia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  4 a 6
Suicídio entre Adolescentes é Preocupante. . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Os 80 Anos da APRS Reúne Várias Gerações
da Psiquiatria em Festa Inesquecível. . . . . . . . . . . . . . . . . .  8 e 9
Novo código civil foi tema central da Jornada de
Psiquiatria Forense . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  10
A Farmacologia no Tratamento dos Transtornos Mentais. . . . . . 10
Núcleo de Sexualidade reúne-se às quartas-feiras. . . . . . . .  11
Curso de Neuropsiquiatria supera expectativas. . . . . . . . . . .  12
Atividade conjunta APRS-SPPA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  13
Atividades do Departamento de Psiquiatria
e Espiritualidade da APRS: III Simpósio Internacional
de Espiritualidade na Prática Clínica . . . . . . . . . . . . . . . 14 e 15
Presidente da ABP prestigia atividades
dos 80 anos da APRS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 e 17
Trends. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .  18
Espaço do sócio / O IPF e seus 93 anos. . . . . . . . . . . . . . . . . .  19
Drops. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 e 21
Síndromes Raras / Síndrome de Clèrambault. . . . . . . . . . . . .  22
3
Para o Jair, com todo o amor que levo em mim
Dr. Mário Barcellos
HOMENAGEM
perdas – de que teria sido possível aproveitar mais.
Sempre tive muito claro que o tempo contigo era pre-
cioso. 
É claro que tua perda dói. É claro que foste cedo de-
mais. É claro que eu gostaria de seguir tendo o privi-
légio de conviver com teu bom humor, com tua sensi-
bilidade e com tua capacidade de diálogo, moderação
e convergência. Mas, ora, que bom ter vivido tudo isso
enquanto foi possível!
Falando em vida, isso é algo que sempre foi central em
ti: a alegria e o prazer em viver. Depois da tua partida,
vi muita gente dizendo que foste um lutador. Preciso
te confessar que, de início, aquilo me incomodou. Até
que me dei conta de que o conflito era semântico: o
que alguns chamavam luta, para mim era vida. Nunca
te vi lutando. Sempre te vi vivendo. Vivendo tua famí-
lia – a Marília, os filhos e os netos. Vivendo a medici-
na, a psiquiatria e a psicanálise. Vivendo as institui-
ções. Vivendo a política. E, acima de tudo, pelo menos
no que diz respeito a nós, vivendo a amizade. E por
essa amizade que entregaste de forma absolutamente
aberta a alguém com a metade da tua idade quero te
agradecer com todo o amor que levo em mim.
Por fim, quero te dizer que, apesar de nós dois não
acreditarmos muito nisso, se houver algum lugar de-
pois dessa vida, que haja lá também um café como
o nosso da Taquara. Onde tu possas pedir teu chá,
eu possa pedir meu carioca e, então, possamos jogar
conversa fora sem que a insensível passagem do tem-
po volte a nos interromper.
Bom, Jair, essa é minha despedida. Posso ter exage-
rado na primeira pessoa, mas a forma mais profunda-
mente íntima de homenagem que me ocorre é enredar
minha história na tua. Quem sabe assim consigo te le-
var ainda mais junto de mim e sentir menos tua falta. 
Um beijo!
J
air, fiquei te devendo uma despedida. Na última
vez em que nos vimos, eu entrava e tu saías do
nosso prédio e trocamos um oi. 
Faltou o tchau.
Ao nos conhecermos, cinco ou seis anos atrás, eu era
bem diferente de quem sou hoje. Cada passo maior
do meu crescimento foi acompanhado de perto por
ti: estiveste no meu casamento com a Lívia, me li-
gaste horas depois do nascimento do João e, recen-
temente, foste um dos primeiros amigos a saber da
nossa segunda gravidez. Além disso, também estavas
ali enquanto os seminários da formação psicanalíti-
ca se sucediam, quando decidi sair do emprego e me
dedicar somente ao consultório, e quando comecei a
acompanhar o curso do CELG como parte do proces-
so de ser professor. Cito momentos que foram tema
de conversas e estímulos fundamentais e, portanto,
tiveram tua participação direta. Mas, enfim, poderia
aludir a tantos outros, pois pouco da minha trajetória
recente deixou de se tornar assunto entre nós.
Seria viável tentar te definir de muitas maneiras, Jair.
Seria até justo fazer aqui uma lista das tuas conquis-
tas e virtudes. Só que nada disso seria novidade para
ti, e eu gostaria de poder te dizer algo que tu não
tenhas sabido. Então o que me ocorre é falar que,
por tua causa, mexi na minha vida. Sendo mais dire-
to: organizei meus horários de consultório de forma a
me permitir te encontrar o máximo possível. E não só
isso: foram várias as vezes que atrasei o retorno ao
trabalho, a ida à análise ou mesmo a volta para casa
porque a conversa era boa demais para se encerrar.
Como já cantou o Chico Buarque: eu
ajeitava o meu caminho pra encos-
tar no teu.
Acho que é por ter me esfor-
çado bastante para desfrutar
da tua companhia que não
sinto agora aquele amargor
– companheiro frequente das
Jair Rodrigues Escobar, psiquiatra e psicanalista, falecido no dia 18/09/2018, foi Presidente
da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul nos anos de 2002 e 2003. Era atualmente Membro
Efetivo do Conselho Fiscal da APRS e Conselheiro do CREMERS. Foi Vice-Presidente da AMRIGS, Pre-
sidente do Conselho de Representantes e Diretor Científico e de Normas da entidade. Atuou também
como Diretor da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre, da Federação Brasileira de Psicanálise e do
Centro de Estudos Luis Guedes, onde era Professor e Supervisor do Curso de Especialização em Psi-
coterapia de Orientação Analítica. E foi, acima de tudo, um grande amigo de seus amigos.
4
INSTITUCIONAL
Uma Gestão Marcada pela Inovação,
Autossustentabilidade e Harmonia
Ao término de 2018 e no final da atual gestão, o Presidente da
APRS, dr. Flávio Milman Shansis, aponta uma série de inovações
implementadas no último triênio, a começar pela escolha da direto-
ria, composta por quatro homens e quatro mulheres. Observa que,
dos oito integrantes, apenas três haviam composto anteriormente
um cargo diretivo. Acrescenta que um novo organograma foi im-
plantado na instituição, com a criação de Departamentos, Núcleos,
três Comitês e mais quatro Seccionais. Entre as novidades estão
o Departamento de Psicogeriatria e a transformação do Núcleo de
Psiquiatria e Espiritualidade em um Departamento. Também foi re-
criado o Núcleo de Sexualidade da APRS.
Outras Inovações
T
ambém na atual administração, foram
realizados quatro cursos, que envol-
veram um grande número de sócios.
Shansis lembra ainda outro avanço extre-
mamente importante: a decisão de não ter
vínculo com a indústria farmacêutica. “Tive-
mos uma gestão autossustentável. A insti-
tuição está sendo mantida com os recursos
oriundos da contribuição dos sócios”, come-
mora. Na área administrativa, Shansis in-
forma que, diante da demanda, no decorrer
dos três anos de sua gestão foram realiza-
das alternadamente quatro contratações de
estagiários nas áreas de comunicação e ad-
ministração, encerrando 2018 com a efetiva-
ção de um deles. Em termos de comunica-
ção, o Jornal da APRS voltou a ser impresso
e distribuído gratuitamente aos sócios. A
Revista Trends, com publicações científicas,
passou a receber incentivo da CAPES e está
disponível por meio digital. Outro detalhe ci-
tado por Shansis: a APRS também está com
maior inserção nas redes sociais através do
Facebook, Instagram e WhatsApp.
Finanças
Através de uma reformulação no sistema de
cobrança, foi possível reduzir a inadimplência
55
em 50%. Atualmente, a APRS conta com
1096 sócios, sendo que, destes, 52% são
mulheres e 48%, homens.
Shansis acrescenta: “Tivemos, através da
Secretária-Adjunta do Exercício Profissional,
uma inserção e representação muito forte
junto a vários órgãos públicos, ao SIMERS
e à AMRIGS, tanto na defesa profissional
quanto em campanhas, como a da preven-
ção ao suicídio. Ainda, nesta gestão foi apro-
vado o Estatuto da APRS”.
Na área científica, foram realizados quatro
grandes cursos e o congresso autossusten-
tável realizado em Bento Gonçalves – um
evento inovador alicerçado nos sete pilares
propostos no início da gestão: cientificamen-
te de excelência, localmente inserido, social-
mente inclusivo, ambientalmente sustentá-
vel, culturalmente atrativo, financeiramente
viável e clinicamente relevante.
Em relação às atividades científicas, deve-
-se ressaltar o importante passo no sentido
da interiorização: vários eventos ocorreram
nas diversas seccionais. O XIV Congresso
Gaúcho de Psiquiatria foi realizado – como
anteriormente dito – em Bento Gonçalves,
e o 31º Ciclo de Avanços em Clínica Psiquiá-
trica, em Novo Hamburgo. É interessante
frisar também o aumento significativo na
participação dos associados, com a contra-
tação de uma empresa visando à moderni-
zação dos cursos na modalidade EAD, o que
foi amplamente elogiado pelos usuários.
Outra inovação importante foi a divulgação
das atividades oferecidas aos associados
durante a semana na APRS em forma de
“varal”.
Projetos de Outras Gestões
Em relação às gestões anteriores, Shansis
declara que todos os bons projetos foram
mantidos. Um exemplo é o forte investi-
mento na Revista Trends, que, na sua longa
existência, vem prestando um enorme servi-
ço, com importantes publicações científicas.
Cita ainda a manutenção e o incentivo ao
Núcleo de Psiquiatras em Formação, que tem
30 anos de existência. Além disso, destaca
que “preservamos as nossas missões e os
nossos valores, que sempre têm marcado as
gestões da APRS”. Lembra também que foi
mantido o Ciclo de Avanços, o qual continua
sendo anual, e que as atividades científicas
se mantiveram centradas nos departamen-
tos e núcleos.
Confraternização
“Para mim, o evento mais significativo nes-
ses três últimos anos da APRS foi o Congresso
Gaúcho em Bento Gonçalves, em 2017. O cli-
ma de confraternização foi predominante entre
os participantes. Cientificamente, foi de muito
aprendizado. Me marcaram algumas aulas de
colegas de fora do RS, como do Dirceu Zorzet-
to, do Paraná, assim como de ex-professores
meus, em especial do Marcelo Fleck e do Aristi-
des Cordioli. Esse reaprendizado com pessoas
que foram tão importantes na minha formação
‘não tem preço’. Foram importantes também
os três Ciclo de Avanços, os Cursos de Psico-
farmacologia de 2016 e 2018, o Curso de Psi-
quiatria Clínica em 2017, a festa de 80 anos...
Houve várias outras atividades ao longo des-
se período. Lembro de um evento científico
da APRS Seccional Serra, em Caxias, no ano
de 2016, em que eu e o Flávio Shansis fomos
no meu carro, sábado bem cedo de manhã, e
voltamos ao final do dia, com direito a trocar-
mos um pneu furado na estrada... [risos]. Foi
também uma oportunidade para conhecer os
colegas de Caxias e Bento e com eles confra-
ternizar em uma bela galeteria.”
Dr. Eduardo Trachtenberg
Diretor de Divulgação
Alegrete 3
Arroio do Meio 5
Augusto Pestana 1
Bagé 1
Bento Gonçalces 11
Cachoeira do Sul 1
Canoas 8
Capão da Canoa 1
Caxias do Sul 19
Cruz Alta 1
Encantado 2
Erechim 6
Esteio 1
Estrela 1
Farroupilha 1
Flores da Cunha 1
Frederico Westphalen 1
Garibaldi 1
Gramado 2
Gravataí 1
Guaiba 1
Ijuí 10
Igrejinha 2
Lageado 2
Marcelino Ramos 1
Montenegro 1
Nova Petrópolis 1
Nova Prata 2
Novo Hamburgo 10
Palmares do Sul 1
Passo Fundo 9
Pelotas 14
Porto Alegre 878
Rio Grande 6
Rio Pardo 1
Santa Cruz do Sul 10
Santa Maria 44
Santa Rosa 3
Santana do Livramento 1
Santo Ângelo 2
São Borja 1
São Grabriel 1
São João da Urtiga 1
São Leopoldo 4
São Lourenço do Sul 3
Sapucaia do Sul 1
Tenente Portela 1
Teutônia 1
Tramandaí 2
Torres 1
Uruguaiana 4
Venâncio Aires 3
Veranópolis 2
Viamão 1
Xangrilá 1
1096 Associados
55 Municípios
Futuro
O que é possível ser colhido do que foi plan-
tado? A essa pergunta o Presidente Flávio
Shansis responde: “Uma entidade que cres-
ceu em número de associados, que conquis-
tou a autossustentabilidade financeira, que
vive um clima associativo forte e que através
dos cursos EAD se expandiu, ultrapassando os
próprios limites, deixa um legado importante
para o futuro da APRS”.
6
Suicídio entre Adolescentes
é Preocupante
Dra. Berenice Rheinheimer
pressão e esquizofrenia. Estes fatores podem es-
tar associados a outros e ser potencializados pela
utilização de drogas.
Ela alerta para que os pais estejam sempre atentos
a sinais de mudança comportamental nas crian-
ças e adolescentes, como queda no rendimento
escolar, irritabilidade excessiva, tristeza e depres-
são. Esses sintomas não podem
ser ignorados, e um médico deve
ser consultado para o diagnóstico
e o tratamento adequados.
Em relação à influência das no-
vas tecnologias, dra. Berenice
informa que existe uma discus-
são sobre a possibilidade desse
tipo de contágio pela Internet,
mas que no momento não há
nenhuma comprovação. Obser-
va que as tentativas de suicídio
não entram para as estatísticas. Informa ainda
que, entre adultos e idosos, os gaúchos apresen-
tam a maior taxa de mortes por suicídio.
O Setembro Amarelo é uma campanha brasilei-
ra de prevenção ao suicídio iniciada em 2015. É
uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida
(CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e
da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). No
Rio Grande do Sul, a APRS começou as ativida-
des em 2016.
D
urante a campanha de prevenção do Se-
tembro Amarelo, a Associação de Psi-
quiatria do Rio Grande do Sul realizou
uma série de atividades para tratar do tema.
Sob coordenação da dra. Berenice Rheinheimer,
Coordenadora do Comitê de Prevenção do Sui-
cídio, foi realizado na AMRIGS um evento pres-
tigiado por centenas de profissionais da área da
saúde. A ênfase foi o suicídio
entre crianças e adolescentes.
Dra. Berenice explicou que, no
Brasil, o suicídio é a terceira
causa de morte entre adoles-
centes, ficando atrás apenas
dos homicídios e dos acidentes
de trânsito, e correspondendo
a cinco mortes a cada 100 mil
habitantes. O Estado ocupa a 8ª
colocação no grupo adolescente.
As mortes por suicídio preocu-
pam e podem ser evitadas. Não estão associadas
a idade ou classe social. A médica destaca que,
embora sem confirmação científica, há alguns in-
dícios das possíveis razões para que o Rio Grande
do Sul ocupe esta posição. São elas: o inverno
mais prolongado na região, a colonização alemã,
onde as pessoas tendem a ser mais exigentes, e
a utilização de agrotóxicos nas lavouras. Dra. Be-
renice enfatiza que se trata apenas de hipóteses,
pois as causas preponderantes são provenientes
de doenças mentais preexistentes, tais como de-
A cada
45 minutos,
uma pessoa
comete
suicídio
no Brasil
Precisamos falar sobre suicídio
7
88
O Salão Bavária da
Sociedade Germânia
esteve repleto de
alegria e energia na
noite do dia 27 de
outubro, quando foram
comemorados os 80
anos da Associação
de Psiquiatria do Rio
Grande do Sul. Cerca de
250 colegas brindaram
essa data marcante.
Os 80 Anos da APRS Reúne
Várias Gerações da Psiquiatria
em Festa Inesquecível
O
Presidente da APRS, dr. Flávio Shan-
sis, logo após o jantar, anunciou que
não haveria discursos, mas convidou
os membros da diretoria atual, a Presiden-
te da Associação Brasileira de Psiquiatria,
Carmita Abdo, a comissão organizadora da
festa e todos os ex-presidentes ou repre-
sentantes para um grande brinde. “São 80
anos de história e 28 gestões da psiquiatria,
desde a fundação, em 28 de novembro de
1938, quando ainda era Sociedade de Neu-
ropsiquiatria, sendo que, a partir de 1974,
passou a ser Associação de Psiquiatria”, lem-
brou Shansis.
Uma síntese do significado
da APRS
Dezoito ex-presidentes ou representados da
APRS estiveram no jantar festivo. O mais an-
9
tigo presidente presente no evento, dr. Isaac
Pechansky, que ajudou a cortar o bolo come-
morativo, disse que se sentia muito feliz em
participar da festa e, que para sua alegria,
desde 1967, quando presidiu a instituição,
percebe que todos os presidentes têm con-
tribuído para o crescimento da APRS.
O Presidente da AMRIGS, Alfredo Cantalice,
apontou uma coincidência como forma de
mostrar a identificação com a APRS: no dia
dos festejos dos 80 anos, a Associação Mé-
dica estava completando 67 anos. Disse que
a APRS é uma grande parceira não só pelo
número de sócios, mas pelo que representa.
A primeira mulher eleita para presidir a APRS
foi a dra. Neusa Knijnik Lucion, no ano de
2000. Ela destacou que seu nome surgiu de
um movimento espontâneo dos colegas só-
cios. Observou que a Associação é formada
por amigos e parceiros, que acolhem bem os
novos e antigos parceiros, o que a torna a
casa de todos os psiquiatras.
A diretora do SIMERS, dra. Clarissa Bassin,
disse que a APRS tem uma importante histó-
ria de vitórias, pois sempre esteve atuando
em defesa da psiquiatria, tornando-a reco-
nhecida até mesmo no exterior e que, por
isso, o sindicato sentia-se honrado em parti-
cipar da celebração.
Para o presidente da Sociedade Psicanalítica
de Porto Alegre, Zelig Libermann, os laços
que unem as duas instituições não se resu-
mem às questões científicas. Existe uma in-
terface que busca sempre o bem-estar dos
pacientes, e por isso são realizadas várias
atividades conjuntas. A SPPA completou 55
anos em 2018.
A Presidente da Associação Brasileira de
Psiquiatria, Carmita Abdo, esbanjou simpa-
tia. Disse que em Porto Alegre se sentia em
casa. Destacou o trabalho da APRS, que vem
sendo uma referência não apenas no Brasil,
mas também no exterior, com grandes con-
tribuições à psiquiatria.
A Farmacologia no Tratamento dos Transtornos Mentais
Dr. José Caetano Dell Aglio Junior
C
om o objetivo de reunir colegas para debater
tópicos avançados em psicofarmacologia, a
APRS vem promovendo dois encontros men-
sais. Na oportunidade, os profissionais discutem
questões da psiquiatria do dia a dia através de
uma linguagem de fácil compreensão. Em agos-
to, 50 médicos estiveram participando presencial-
mente do Curso Tópicos Avançados em Psicofar-
macologia, na AMRIGS, e outros 70 participaram
do evento à distância. Segundo o coordenador do
curso, dr. José Caetano Dell’ Aglio, um dos temas
tratados foi “de que forma evitar o erro nas prescri-
ções de medicamentos”. Ele destaca que os atuais
medicamentos também são mais eficazes e não
têm os efeitos adversos penosos de antigamen-
Novo código civil
foi tema central
da Jornada de
Psiquiatria Forense
Dr. Paulo Oscar Teitelbaum
N
o final de setembro, a Jornada de Atualiza-
ção de Psiquiatria Forense reuniu, na sede
da AMRIGS, em Porto Alegre, 67 profissio-
nais inscritos e uma presença significativa de não
sócios da APRS. O evento destinado a psiquiatras
ofereceu elementos de atualização e ferramentas
de trabalho. Segundo o coordenador do encon-
tro, dr. Paulo Oscar Teitelbaum, foi uma oportu-
nidade de colegas experientes compartilharem
os seus conhecimentos. Foram abordados temas
como Perícias de Avaliação da Capacidade Civil,
que tratou, principalmente, das questões decor-
rentes do Novo Código Civil, ministrado pelo dr.
Fischer. Também foram esclarecidos itens relati-
vos a Perícias de Avaliação Psiquiátrica por Abu-
so, Negligência e Maus Tratos na Infância. O tema
Perícias do Agressor Sexual foi ministrado pelo dr.
Teitelbaum, enquanto os doutores Jaques Zim-
mermann e Guilherme Starosta falaram sobre Pe-
rícias Trabalhistas em Psiquiatria. Teitelbaum in-
forma que as propostas para explanação durante
a jornada foram reunidas pelo Departamento da
Equipe de Psiquiatria Forense. Afirma que a pre-
sença de muitos jovens e a intensa participação
do público, com perguntas e intervenção nos de-
bates, oportunizaram uma enriquecedora troca de
experiências. O evento também pode ser acom-
panhado pela Internet.
te. O dr. José Caetano observa que os transtornos
psiquiátricos são tratáveis e, quanto mais cedo o
diagnóstico, melhores os resultados. Ele ressalta
que os pacientes que não procuram ajuda, além
da incapacidade de produção, com prejuízos à sua
funcionalidade, ainda entram para o grupo de risco
de suicídio. Por isso, alerta sobre a necessidade de
os familiares ficarem atentos ao comportamento
das pessoas. Irritabilidade e tristeza excessivas
são alguns sinais que merecem atenção e que ne-
cessitam de intervenção. Outro ponto destacado
por Dell’ Aglio é a questão da hereditariedade nos
casos de depressão. Ele indica um tratamento pre-
ventivo aos filhos de pacientes com esse diagnós-
tico: “Quanto mais cedo, melhor”.
10
Pluralista
“O XIII Congresso Gaúcho de Psiquiatria foi
uma atividade que congregou mais de 600
colegas que participaram de uma progra-
mação científica, social e cultural intensa e
diversificada em Bento Gonçalves, na Ser-
ra Gaúcha. Conseguimos contemplar temas
atuais e instigantes envolvendo a psiquiatria
clínica, as psicoterapias, as neurociências e
a pesquisa. Assim, mantivemos a tradição
da psiquiatria gaúcha de organizar eventos
com um elevado padrão científico. Foi com
muita honra e agradecimentos que termi-
namos o Congresso, com uma sensação de
dever cumprido e por termos realizado uma
atividade que foi cientificamente abrangen-
te e pluralista, socialmente inclusiva, eco-
logicamente sustentável, associativamente
integradora, localmente inserida e financei-
ramente viável. Ter participado da organi-
zação de um evento tão relevante em nos-
so meio foi uma imensa responsabilidade e
um desafio do qual muito me orgulho. Ao
chegarmos ao final da gestão 2016/2018 da
APRS, desejo expressar o meu mais profun-
do agradecimento a todos os associados que
participaram do Congresso e das diversas
atividades científicas que foram desenvolvi-
das ao longo desse período. E que venha o
próximo Congresso da APRS!”
Dr. Luciano Rassier Isolan
Diretor Científico
A
Coordenadora do Núcleo Sexualidade da
APRS e do Programa Transdisciplinar de
Identidade de Gênero (PROTIG), dra. Ma-
ria Inês Rodrigues Lobato, convida os profissio-
nais da área da psiquiatria a participar do gru-
po, que se reúne às quartas-feiras, às 14h30,
na sala 400 N do Departamento de Psiquiatria
do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Os in-
teressados devem enviar e-mail confirmando o
comparecimento. O objetivo é ampliar os estu-
dos e pesquisas na área da sexualidade huma-
na, entre elas a disforia de gênero (APA-2013) e
outros comportamentos sexuais variantes. Ma-
ria Inês informa que desde a sua criação, em
1998, o PROTIG já avaliou mais de 800 indiví-
duos e realizou 240 cirurgias de afirmação de
gênero, em indivíduos tanto masculinos como
femininos que tinham diagnóstico de disforia de
gênero. O programa também pretende ampliar
os estudos e atendimento voltados a crianças e
adolescentes.
Protig 20 Anos
O PROTIG vem sendo um centro de referência
brasileiro e latino-americano, tanto em assistên-
cia como em pesquisa. É um núcleo de treina-
mento de profissionais e de estágio da residên-
cia médica em Psiquiatria do HCPA e dos alunos
do Programa de Pós-graduação em Psiquiatria
e Ciências do Comportamento – FAMED/UFRGS.
A atividade teve início em 1998, liderada pelo
prof. Walter Koff, da Urologia (FAMED-UFRGS),
e estimulada pelo prof. Sidnei Schestatsky,
da Psiquiatria (FAMED-UFRGS). Primeiramen-
te chamado de Programa de Atendimento de
Transtorno de Identidade de Gênero (PROTIG),
mais tarde foi rebatizado de Programa de Iden-
tidade de Gênero. Maria Inês adianta que entre
Núcleo de Sexualidade
reúne-se às quartas-feiras
Dra. Maria Inês Lobato
as atividades previstas para 2019 está a pre-
sença em Porto Alegre do prof. James Cantor,
sexólogo e pesquisador na Toronto University,
que abordará comportamento parafílicos e hi-
persexualidade.
11
12
Curso de
Neuropsiquiatria
supera
expectativas
Dr. Augusto Bittencourt
C
om o objetivo de atender a uma demanda
crescente, a APRS realizou, nos dias 17 e
18 de agosto, o I Curso de Neuropsiquia-
tria. O Coordenador do Núcleo de Psiquiatras em
Formação, dr. Augusto Bittencourt, observa que
inicialmente a atividade visava atender aos resi-
dentes, mas que entre os participantes estavam
profissionais experientes, tanto de forma pre-
sencial como através do EAD. Destaca que existe
uma interface muito grande entre a psiquiatria
e a neurologia, tornando os temas atraentes.
Acrescenta que o sucesso também se deveu à
qualidade dos profissionais que ministraram o
curso, que será realizado anualmente. Estiveram
em pauta, entre outros temas, os estudos que
envolvem doenças como Alzheimer, Parkinson e
psicoses de causas orgânicas. Bittencourt salien-
ta que é necessário intensificar as pesquisas nes-
sas áreas, principalmente em virtude do enve-
lhecimento da população. Diz que, embora ainda
não haja cura para algumas enfermidades, é im-
portante um diagnóstico precoce para melhorar
a qualidade de vida dos pacientes e familiares.
Independência
“Nesses últimos três anos, há fatos rele-
vantes a destacar, como não depender da
indústria farmacêutica. Também é impor-
tante dizer que nesta gestão houve ainda
mais pluralidade para a escolha de temas
da psiquiatria e em geral, que serviram
para definir a organização das atividades.
Outro fato relevante foi a criação das sec-
cionais do interior. Não dá para deixar de
citar o Congresso de Bento Gonçalves, com
enfoque na sustentabilidade e na questão
das minorias, junto com uma agenda cien-
tífica forte e com grande participação. Ain-
da a celebrar são o aumento do número de
sócios e a agenda com inúmeras atividades
científicas.”
Dr. Matias Strassburger
Vice-presidente da APRS
12
13
A parceria de longa data entre
a Associação de Psiquiatria do
Rio Grande do Sul e a Sociedade
Psicanalítica de Porto Alegre, desde
sempre caracterizada por atividades
científicas e supervisões conjuntas,
teve um novo momento de estímulo
com a apresentação do vídeo do
analista francês René Roussillon,
apresentado no Congresso Gaúcho
de Psiquiatria do último ano,
intitulado “A destrutividade nas
estruturas não neuróticas na clínica
psicanalítica contemporânea”.
A
gravação deste vídeo já contou com a nossa
parceria com a SPPA, na pessoa da psicólo-
ga Luciane Falcão e do dr. Luciano Isolan.
A nova apresentação, prestigiada por um gran-
de número de colegas de ambas as sociedades,
deu-se na sede da SPPA e foi aberta pelo dr. Ze-
lig Libermann (Presidente da SPPA), dr. Matias
Strassburger (Vice-Presidente da APRS) e dr. Lu-
ciano Isolan (Diretor Cientifico da APRS), que en-
Atividade conjunta
APRS-SPPA
Dr. Matias Strassburger
fatizaram a importância desta parceria e o desejo
de seguir este fértil trabalho conjunto.
A mesa foi coordenada pela psicóloga Luciane
Falcão e contou com os comentários da psicólo-
ga Marli Bergel (SPPA) e da dra. Maria da Gra-
ça Motta (APRS). Após o vídeo ser assistido pela
plateia, seguiram-se os comentários. Marli Ber-
gel valorizou a integração de vários autores psi-
canalíticos (Freud, Winnicott e André Green) fei-
ta pelo psicanalista francês, além de ressaltar a
importância relatada por ele da necessidade dos
cuidados maternos praticados de forma prazero-
sa desde a mais tenra idade da criança, possibi-
litando uma boa estruturação do seu narcisismo
primário. Quando este cuidado falha, sobrevém
uma destrutividade que se volta não somente ao
mundo externo, mas também ao mundo interno
da criança. Maria da Graça apresentou uma visão
baseada na neurociência, enfatizando os déficits
de formação das memórias em função de aspec-
tos traumáticos causados pelo insuficiente cui-
dado afetivo materno, ocasionando também um
déficit identitário.
Em seguida, foi aberta a participação da plateia,
que contou com várias perguntas e comentários
que enriqueceram ainda mais a apresentação do
vídeo e os comentários apresentados.
14
N
o dia 14 de agosto de 2018, no Centro de
Eventos da AMRIGS, houve uma atividade
científica para marcar a transição do Núcleo
de Psiquiatria e Espiritualidade (NUPE) em depar-
tamento passando a se chamar Departamento de
Psiquiatria e Espiritualidade (DPE), sob a coorde-
nação da dra. Anahy Fagundes
Dias Fonseca, com vice-coor-
denação do dr. Leandro Pizut-
ti e coordenação científica do
dr. Bruno Paz Mosqueiro. Tal
processo foi consequência do
esforço e ineditismo da APRS
em seguir o Posicionamen-
to da Associação Mundial de
Psiquiatria (WPA) sobre Espi-
ritualidade e Religiosidade em
Psiquiatria, de 2015. Após a
atividade científica, o dr. Ma-
tias Strassburger, Vice-Presi-
dente da APRS, fez um breve
discurso ressaltando a trajetó-
ria de seis anos de atividades
intensas e produtivas do an-
tigo NUPE, e enfatizou a sua
importância para a APRS no
estudo e na divulgação de pes-
quisas sérias e metodologica-
mente bem-conduzidas nesta
área de investigação, contri-
buindo para o aperfeiçoamen-
to da formação de colegas
na área da saúde mental. A
religiosidade/espiritualidade
pode ter efeitos positivos ou negativos na saúde
do paciente, já demonstrados em muitos estudos;
contudo, esse assunto segue sendo pouco comen-
tado com os nossos pacientes. Pode-se abordar a
religiosidadeespiritualidade do indivíduo de ma-
neiras diferentes sob o ponto de vista técnico, po-
rém não trazer esse aspecto da vida do paciente
para o tratamento pode levar a um entendimento
parcial dos afetos, relacionamentos interpessoais
e mesmo sintomas. O conhecimento científico e
prático do assunto pode evitar problemas na rela-
ção médico-paciente, beneficiar os desfechos clí-
nicos e facilitar o atendimen-
to. Adicionar esses conceitos
à prática clínica, portanto,
promove uma relação mais
completa entre o paciente e
o profissional que o atende.
Pesquisadores têm criado for-
mas de facilitar a abordagem
da religiosidade/espiritualida-
de para os profissionais que
ainda possuem dificuldades
com o tema. Devemos saber
o melhor momento e a forma
de abordar essa dimensão,
sem julgar as preferências re-
ligiosas e espitirtuais de cada
paciente, de forma a oferecer
um entendimento o mais hu-
mano e integral possível. O
clínico deve estar atento à di-
mensão espiritual do paciente,
seja ela foco de problemas ou
não de sentimentos. Foi com
estes objetivos que aconteceu
o III Simpósio Internacional
de Espiritualidade na Prática
Clínica, desenvolvido pelo De-
partamento de Psiquiatria e
Espiritualidade (DPE) da Associação de Psiquiatria
do Rio Grande do Sul (APRS), integrado à progra-
mação da Jornada CELG 2018.
Como atividade pré-simpósio, o dr. James Lomax
conduziu um workshop intitulado “Como lidar
Atividades do Departamento de
Psiquiatria e Espiritualidade da APRS:
III Simpósio Internacional
de Espiritualidade na Prática Clínica
Equipe do Departamento de Psiquiatria e Espiritualidade da APRS – DPE
com conteúdos espirituais e
religiosos no setting psicana-
lítico”, discorrendo sobre pos-
sibilidades de abordagem da
espiritualidade a partir de si-
tuações clínicas. A psiquiatra
Marianna Costa e as psicólo-
gas Letícia Alminhana e Milena
Bubols apresentaram desafios
e diretrizes para o diagnóstico
diferencial entre experiências
espirituais/anômalas e sinto-
matologia psiquiátrica. Estu-
dos avaliando a relação entre
neurociência, religiosidade,
espiritualidade e experiên-
cias anômalas também foram
apresentados. Para aprofun-
dar o conteúdo debatido, pode
acessar RevBras Psiquiatr.
2017 Apr-Jun;39(2):126-132,
e IntRevPsychiatry. 2017 Jun;
29(3): 283-29.
As práticas de mindfulness
foram apresentadas pelo psi-
quiatra Leandro Pizutti como
uma possibilidade terapêutica
adjuvante para cultivar pa-
ciência, aceitação, abertura ao momento presen-
te, não julgamento, não reatividade, consciência
de contexto e compaixão, atitudes ligadas à di-
minuição de sintomas emocionais e melhora do
bem-estar. Uma pequena entrevista com o dr.
Christopher Germer, concedida à fisioterapeuta
Simone Campani, colaboradora do DPE, descre-
veu o programa Mindful Self-Compassion. Nes-
se programa, a consciência do corpo é utilizada
como uma das bases para o manejo das emo-
ções difíceis nas práticas de autocompaixão.
Na mesa redonda Pesquisas em Espiritualidade
e Saúde Mental, os psiquiatras Alexander Mo-
reira-Almeida (NUPES/UFJF), Rogério Zimpel
(HCPA/UFRGS) e Bruno Paz Mosqueiro (DPE/
APRS e HCPA/UFRGS) apresentaram pesquisas
recentes conduzidas por eles que avaliaram as
associações entre espiritualidade e saúde. O
psiquiatra Alexander Moreira-Almeida apresen-
tou no dia seguinte o Position
Statement da WPA em Espiri-
tualidade
Tivemos ainda uma mesa-re-
donda sobre Espiritualidade na
Prática Clínica, com o dr. Ja-
mes Lomax apresentando um
caso clínico, o dr. Alexander
Moreira-Almeida discorren-
do sobre a coleta da história
espiritual e sua integração no
tratamento, o dr. Sérgio Lopes
falando sobre as situações em
que a religião atrapalha e a
dra. Anahy Fonseca discorren-
do sobre a abordagem psico-
terapêutica dos símbolos reli-
giosos nos sonhos.
O III Simpósio de Espiritua-
lidade na Prática Clínica e a
Jornada CELG 2018 foram bri-
lhantemente concluídos com
a conferência do dr. James
Lomax intitulada “Benefícios
colaterais: uma consequência
inesperada da carreira como
vocação”.
Qualidade
“A qualidade científica foi o grande diferencial
da gestão, que com o Congresso Gaúcho, rea-
lizado em Bento Gonçalves, lançou um verda-
deiro marco na história da APRS. Além disso,
a diversidade e a qualidade dos temas cientí-
ficos tiveram uma amplitude significativa. Te-
mos seguido o nosso lema: manter a história
e também a inovação. Tivemos um amadure-
cimento importante, e tudo foi feito com muita
competência por todos os colegas.”
Dra. Andréia Sandri
Diretora de Normas
15
16
C
om a presença da Presidente da Associa-
ção Brasileira de Psiquiatria, dra. Carmita
Abdo, a Associação de Psiquiatria do Rio
Grande do Sul promoveu, no dia 27 de outubro,
na AMRIGS, um evento que integrou as come-
morações dos 80 anos da APRS e abordou o
tema Neossexualidade na Sociedade Contempo-
rânea. Foram discutidos temas como “Bloqueio
puberal na infância” e “O efeito da supressão
puberal sobre o desenvolvimento cerebral, cog-
nição e voz” com as painelistas dras. Maria Inês
Lobato e Bianca Sol. Houve ainda apresentação
com o tema “Terapia estrogênica após a cirurgia
de afirmação de gênero: afirmação das networ-
ks funcionais e a homeostasia hormonal”, com
o dr. Maiko Schneider. Encerrando as atividades,
a dra. Carmita fez uma conferência sobre “Sexo
com ou sem intercurso, mas ainda sexo. Armá-
rios de portas abertas, mas ainda armários...”.
Carmita Abdo destaca a maior
aceitação às diferenças
Falando para o Jornal da APRS, a dra. Carmita
Abdo explicou as mudanças que vêm ocorrendo na
sociedade em relação à sexualidade. Lembrou que
o sexo é um dos quatro indicadores de qualidade
de vida apontados pela Organização Mundial da
Saúde, junto com vida familiar, o prazer no tra-
balho e o lazer. Neste contexto, faz-se importan-
te uma atenção à diversidade sexual e à transição
que ocorre no mundo. A médica observa que hoje
as situações são mais visíveis, com maior aceita-
ção, pois no passado as pessoas com diferentes
orientações sexuais eram estigmatizadas e trata-
das pejorativamente. Cita como exemplos a Casa
Branca com as cores do arco-íris e o grande pú-
blico na Parada Gay de São Paulo. “Ali estão não
apenas os integrantes do grupo LGBT, mas simpa-
tizantes da causa.” Enfatiza que a psiquiatria teve
um papel relevante para que pessoas de diferentes
orientações sexuais e de gênero não fossem mais
tratadas como pacientes e, sim, como indivíduos
com outras características. Afirma que a aceitação
dessa mudança de paradigma vem ajudando a evi-
tar a depressão e até mesmo o suicídio. Acredita
que, embora ainda exista preconceito, atualmente
a sociedade já aceita com maior naturalidade as
diferenças. Informa que os psiquiatras não fazem
apologia nem incentivam a transexualidade ou o
homossexualismo, mas pregam o respeito para
que essas pessoas não sejam estigmatizadas. Dra.
Carmita Abdo conclui: “Não se trata de uma pato-
logia, pois não há base científica para essa afirma-
ção. Gênero não é ideologia, mas uma característi-
ca da natureza que deve ser respeitada”.
Presidente da ABP prestigia
atividades dos 80 anos da APRS
17
Na oportunidade, a Presidente da ABP, Carmita
Abdo, e o Presidente da APRS, Flávio Shansis,
descerraram a placa comemorativa dos 80 anos
da APRS. Carmita destacou o trabalho da APRS,
que vem ajudando a psiquiatria brasileira a se
tornar conhecida universalmente, e disse que
se sentia orgulhosa em participar das atividades
dos 80 anos da entidade. “Espero que haja
uma agregação cada vez maior entre a ABP e a
APRS”, destacou.
Sócios
“A primeira questão a destacar é o grande nú-
mero de sócios da APRS, fruto de uma gestão
que buscou ser ainda mais inclusiva. Uma pro-
va disso foi o Congresso realizado em Bento
Gonçalves, que foi aberto, atualizado e sin-
tonizado com os aspectos atuais da cultura,
e não apenas da psiquiatria. A APRS está na
vanguarda dos acontecimentos. Isso foi de-
monstrado, entre outros, pelo espaço criado
durante o evento na Serra, onde, nos interva-
los, aconteciam sessões culturais envolvendo
imigrantes colombianos, cantor transex, popu-
lação negra e população de rua. Portanto, esta
gestão é acolhedora, aberta para a inclusão e a
diversidade. Isto gera mais união entre os as-
sociados, com maior envolvimento e participa-
ção de todos. Outro momento importante foi a
festa dos 80 anos da APRS, com grande parti-
cipação dos sócios. A Associação vem amplian-
do a sua força e mostrando o porquê da sua
colocação no ranking nacional.” (Dr. Leonardo
Rubin, Vice-Coordenador do Departamento de
Psicoterapia)
Dr. Leonardo Rubin
Vice-coordenador do Deptº de Psicoterapia
90 Atividades
Científicas
17 Cursos
8 Simpósio:
4 Workshop
2 Fórum
57 Palestras
3 Ciclo de Avanços
1 Congresso
3.925
Participantes
2.626 Presencias
1.299 EAD
18
Dr. Giovanni Abrahão Salum Junior
e Dr. Rodrigo Grassi Oliveira / Editores
T
rends in Psychiatry and Psychotherapy é
uma revista multidisciplinar que publica
trabalhos de pesquisa e visões oficiais, fo-
cando na interação entre pesquisa clínica e ex-
perimental no campo da psiquiatria e da saúde
mental. A revista prioriza artigos que auxiliem
a traduzir descobertas fundamentais da pesqui-
sa básica para a realidade da prática clínica em
saúde mental, incluindo artigos sobre processos
psicológicos e comportamento, neuropsicologia,
psicofarmacologia, neurociência clínica, psicote-
rapia e outras áreas de relevância da psicopato-
logia e da psiquiatria. Trends in Psychiatry and
Psychotherapy busca publicar pesquisa atual e
original cobrindo o amplo espectro da clínica em
saúde mental e da ciência básica produzida por
especialistas nacionais e internacionais.
A Trends foi agraciada com verba para publica-
ção científica pela CAPES-CNPQ em 2017.
Indexada às principais plataformas de publicação
científica da América Latina e internacionais:
BIOSIS Publisher of Biological Abstracts and
Zoological Record; LILACS - Index Medicus La-
tino-Americano; PsycINFO - American Psycho-
logical Association; Embase; Scopus; Latindex;
Redalyc; EBSCO e MEDLINE.
Submissão de artigos - http://mc04.manuscript-
central.com/trends-scielo
Acesso aos periódicos - http://www.scielo.br/trends
Inovadora
“O último triênio da APRS foi rico em ativida-
des inovadoras e criação de novos projetos.
Fazendo uma retrospectiva a partir de 2016,
lembro-me do Curso de Neuroimagem, orga-
nizado pelo Núcleo de Psiquiatras em Forma-
ção, com cerca de 100 inscritos, participantes
de vários estados e transmissão EAD. Durante
a gestão também foram criadas várias Seccio-
nais no interior, com foco em descentralizar a
APRS e, assim, congregar os psiquiatras do
RS. Outro feito de 2016 foi a formação do Co-
mitê de Prevenção ao Suicídio, sendo realiza-
das, por exemplo, entrevistas e palestras para
a comunidade com o objetivo de prevenção
do suicídio. 2017 foi o ano do XIII Congresso
Gaúcho de Psiquiatria: uma das ênfases foi em
atividades práticas para mudanças no estilo de
vida, aspecto essencial para a Saúde Mental.
Cito como exemplos o Psiquiatras em Movi-
mento, com a realização de corridas pelo Vale
dos Vinhedos, e a oficina de culinária, com foco
no espaço simbólico da cozinha relacionado
aos vínculos e ao comer com atenção plena no
presente. Ainda sobre o Congresso, ele foi ino-
vador. A APRS Inclusiva se propôs a reflexão
sobre temas contemporâneos, como as migra-
ções, a situação dos moradores de rua, o mo-
mento de voz ao LGBTT – com a apresentação
de uma cantora transgênero – e uma palestra
sobre voluntariado na Tanzânia. Desde o início
da gestão, tivemos pelo menos 1755 inscritos
em atividades cientificas, 622 inscritos na mo-
dalidade EAD, uma atividade a cada três dias,
204 palestrantes convidados e 100 novos só-
cios em 12 meses. Outro dado importante do
triênio foi a criação do projeto Naic, no qual o
aval do psiquiatra passou a ser suficiente para
a internação compulsória. Ademais, novas
parcerias foram feitas: HPSP, SPPA e SBPde-
PA. Sem sombra de dúvidas, foram anos de
trabalho árduo e dedicação, mas também de
muito aprendizado e convívio entre os colegas.
São 80 anos de APRS, 30 anos de Núcleo de
Psiquiatras em Formação e 50 anos de vínculo
com a WPA. Parabéns a esta gestão por nos
propiciar estes momentos!”
Dra. Mariana Paim Santos
Secretária do Núcleo de Psiquiatras em
Formação da APRS e Secretária do Early
Career Psychiatrists Section da WPA
rendsin Psychiatry and Psychotherapy
T
18
União
“O mais marcante para mim foi a união que a
Diretoria conseguiu com os sócios. A APRS se
tornou sinônimo de identidade e de confra-
ternização entre os psiquiatras do Rio Grande
do Sul. Os eventos, cursos e o congresso rea-
lizados nestes três anos agregaram, além de
ciência do mais alto nível científico, valores
éticos, de igualdade e respeito. No Departa-
mento de Psiquiatria da Infância e Adoles-
cência, do qual eu sou coordenadora, tive-
mos liberdade para inovar. Criamos um novo
conceito, levando ao público leigo informação
da mais alta qualidade sobre os temas mais
atuais e relevantes para a nossa sociedade.
Conseguimos abranger temas da atualidade,
tais como suicídio, bullying e depressão em
crianças e adolescentes, junto a psiquiatras,
psicólogos, professores e público em geral.”
Dra. Silzá Tramontina
Coordenadora do Departamento de
Psiquiatria da Infância e Adolescência
O
Instituto Psiquiátrico Forense (IPF), fun-
dado em 4 de outubro de 1925, completou
93 anos! O segundo hospital de custódia e
tratamento instalado no Brasil, quatro anos depois
do seu congênere no Rio de Janeiro, decorreu da
preocupação em melhor atender o doente mental
que, por razão de enfermidade, pratica delitos.
Nestes anos, o IPF realizou dezenas de milha-
res de perícias psiquiátricas no Rio Grande do
Sul, auxiliando o Poder Judiciário quando há a
suspeita de que o ilícito decorre de doença ou
perturbação da saúde mental: os juízes, quando
suspeitam desta possibilidade, solicitam ao hos-
pital um esclarecimento especializado, conforme
demonstrado em trabalhos científicos, entre eles
o conduzido por Telles.
Além disso, o hospital atendeu (em caráter de
internação ou em ambulatório) milhares de en-
fermos que, após julgamento pelo Judiciário, re-
ceberam decreto de medida de segurança por in-
capacidade de entender e/ou determinar-se por
motivo de doença mental e que necessitavam
de tratamento médico psiquiátrico sob custódia.
Não é raro que os portadores de transtornos da
mente tenham reduzidas suas capacidades para
se cuidar. Portanto, esse atendimento é funda-
mental para sua melhora, conforme evidenciado
em trabalhos científicos, como, por exemplo, o
de Menezes.
Os resultados das assistências do IPF, mensura-
dos em um follow-up de 10 anos conduzido por
Teitelbaum, evidenciaram que 68% dos internos
não reincidiram após a alta, identificando a im-
portante e valiosa capacidade resolutiva do tra-
tamento. Esta amostra permite a generalização,
visto que o percentual é semelhante ao obtido
por outros hospitais psiquiátricos judiciários es-
palhados pelo mundo.
O IPF e seus 93 anos
Dr. Rogério Göttert Cardoso
ESPAÇO DO SÓCIO
A difícil situação financeira do Estado, responsá-
vel pelo IPF, torna imprescindível reavaliar seu
financiamento, pois o tratamento reabilitador
precisa ser realizado através de profissionais
capacitados, instalações adequadas e pesquisa
científica. Afinal, 93 anos se passaram, mas suas
finalidades continuam atuais.
19
D R O P S
Seleção de artigos científicos recentes
DROPS
Association of secondary preventive
cardiovascular treatment after
myocardial infarction with mortality
among patients with schizophrenia
Kugathasan et al – JAMA Psychiatry – Outubro/2018
Embora pacientes com esquizofrenia tenham taxas mais
elevadas do que o resto da população quanto a mor-
bidade e mortalidade cardiovascular, nenhum estudo
investigou se a adesão ao tratamento farmacológico
cardioprotetor (antitrombóticos, betabloqueadores, ini-
bidores da ECA e estatinas, entre outros) pode reduzir
o excesso de mortalidade. Essa coorte realizada na Di-
namarca, portanto, incluiu mais de 105 mil indivíduos
internados por infarto agudo do miocárdio. Nesse grupo,
havia quase 700 pacientes com diagnóstico de esquizo-
frenia. No seguimento efetuado, as taxas mais altas de
mortalidade foram encontradas no grupo de pacientes
com esquizofrenia que não receberam tratamento car-
dioprotetor. No grupo de pacientes com esquizofrenia
adequadamente tratados para sua doença cardiovascu-
lar, as taxas de mortalidade foram equivalentes às da
população em geral. Os resultados do estudo, portanto,
sugerem que a mortalidade cardiovascular entre pa-
cientes com esquizofrenia pode ser, ao menos em par-
te, reduzida caso esses pacientes recebam tratamentos
preventivos secundários após eventos cardiovasculares.
Assim, fica ressaltada a importância da atenção à saú-
de geral dos pacientes psiquiátricos – especialmente os
psicóticos, os quais constituem uma população negli-
genciada em termos de cuidados à saúde.
1 Comparative efficacy and tolerability
of medications for attention-deficit
hyperactivity disorder in children,
adolescents, and adults: a systematic review
and network meta-analysis
Cortese S et al – Lancet Psychiatry – Setembro/2018
Tendo em vista que os benefícios e a segurança das
medicações para TDAH se mantêm controversos e
que as diretrizes são inconsistentes em relação a
quais medicações são as preferenciais entre diferen-
tes faixas etárias, os autores realizaram essa revisão
sistemática e metanálise em rede. Foram incluídos
133 ensaios clínicos randomizadas duplo-cegos con-
trolados por placebo (81 em crianças e adolescentes,
51 em adultos e 1 incluindo todas as faixas etárias).
Os desfechos primários definidos foram eficácia (al-
teração de escores sintomáticos em escalas de clí-
nicos e professores) e tolerabilidade (proporção de
pacientes que abandonaram os estudos devido a efei-
tos adversos). Considerando os sintomas de TDAH
em crianças e adolescentes avaliados em escalas de
clínicos, anfetaminas, metilfenidato e atomoxetina
foram superiores a placebo. Já considerando a ava-
liação pelas escalas de professores, apenas metilfe-
nidato e modafinil foram superiores a placebo. Em
adultos, avaliados (por motivos evidentes) apenas
através de escalas de clínicos, anfetaminas, metilfe-
nidato, bupropiona e atomoxetina foram superiores
a placebo. Modafinil não foi superior a placebo. Em
relação à tolerabilidade, anfetaminas foram inferiores
2
20
Novos sócios
Residentes:
Ian Favero Nathasje, Marcelo Simi, Czykiel, Gustavo de Aguiar Costa Cesar, Kely Cavassola,
André Ganzales Real, Tauana Zilles Schseffer, Calara Rohrsetzer Sfoggia, Andriara Cassuli,
Juliane Bombardelli, Bruna de Mello, Lauro Estivalete Marchionatti, Babington Rodrigo Sil-
va, Bruno Lodi, Francieli Moreira Gonçalves, Renata Silveira Heine, Bruno Mombach Piffero,
Nayhany Santos Araujo e Monyse Brito Litrenta.
Cultural engagement and cognitive
reserve: museum attendance and
dementia incidence over a 10-year period
Fancourt D et al – British Journal of Psychiatry –
Novembro/2018
Com base em teorias de reserva cognitiva, síndrome de
desuso e estresse, tem sido sugerido que atividades men-
talmente estimulantes, agradáveis e socialmente interati-
vas podem ser protetoras em relação ao desenvolvimen-
to de quadros demenciais. A partir de dados do English
Longitudinal Study of Ageing, esse estudo demonstrou
que, para adultos com 50 anos ou mais, a visitação mais
frequente a museus esteve associada a menores taxas
de incidência de demência durante um período de acom-
panhamento de 10 anos em comparação com a visita-
3
Haloperidol and ziprasidone for
treatment of delirium in critical illness
Girard TD et al – New England Journal of Medicine –
Outubro/2018
Em virtude dos dados conflitantes acerca dos efeitos
de antipsicóticos em quadros de delírio em pacientes
internados em CTI, foi realizado um ensaio clínico ran-
domizado duplo-cego controlado por placebo que ava-
liou haloperidol (em dose máxima de 20 mg ao dia) e
ziprasidona (em dose máxima de 40 mg ao dia). Os
indivíduos estudados apresentavam insuficiência res-
piratória aguda ou choque e tinham também quadro
de delirium hipoativo ou hiperativo. O desfecho pri-
mário foi o número de dias de sobrevida sem delirium
ou coma durante os 14 dias de intervenção. Desfe-
chos secundários incluíam a sobrevivência em 30 e
90 dias, o tempo para saída da ventilação mecânica e
o tempo para a alta do CTI e do hospital. Desfechos
de segurança, como sintomas extrapiramidais e seda-
ção excessiva, também foram avaliados. 566 pacien-
tes com delirium foram estudados e, como resultado,
não houve diferença entre os grupos do haloperidol,
da ziprasidona e do placebo em relação aos desfechos
pré-especificados.
4
21
a placebo tanto em crianças e adolescentes como em
adultos. Atomoxetina, metilfenidato e modafinil foram
menos tolerados do que placebo apenas em adultos.
Em comparações head-to-head, ou seja, entre fárma-
cos específicos, as únicas diferenças em eficácia fo-
ram encontradas no tratamento de TDAH em todas as
faixas etárias: anfetaminas foram mais eficazes que
modafinil, atomoxetina e metilfenidato. Vale ressal-
tar que os achados dizem respeito a efeitos dentro
de um prazo de 12 semanas de tratamento, já que
não foram encontrados dados suficientes para avaliar
seguimentos mais prolongados. Os autores concluem
que, levando em consideração eficácia e segurança,
as evidências de sua metanálise sustentam o metilfe-
nidato como primeira escolha para o tratamento – ao
menos em curto prazo – do TDAH em crianças e ado-
lescentes, e as anfetaminas para o tratamento – ao
menos em curto prazo – do TDAH em adultos.
ção menos frequente a museus. Tal associação foi inde-
pendente de variáveis demográficas, socioeconômicas e
de saúde geral (como deficiência auditiva, depressão e
doenças vasculares) e outras formas de envolvimento em
comunidade. Assim sendo, a visita a museus represen-
ta uma promissora atividade psicossocial para ajudar na
prevenção de síndromes demenciais.
Síndrome de Clèrambault
Dra. Elisa Boéssio
drome de emoções patológicas que segue uma
evolução ordenada, passando pelos estágios de
esperança, despeito e rancor. Segundo Clérem-
bault, esta evolução é invariável, tendo o rancor
como a fase mais importante e que mais bem ca-
racteriza toda a síndrome (e não o amor). Depois
de atingido o estágio de rancor, após repetidas
rejeições que sofre, não é incomum o paciente
exercer retaliações contra seu objeto de amor ou
contra terceiros.
A classificação da síndrome de Clérembault
encaixa-se como um tipo especial de Transtor-
no Delirante Persistente (CID-10 F22.0), cate-
goria que reúne transtornos caracterizados pela
presença de ideias delirantes persistentes e que
não podem ser classificados entre os transtornos
orgânicos, esquizofrênicos ou afetivos.
O tratamento disponível baseia-se principalmen-
te no uso de neurolépticos, embora seus efeitos
sejam modestos, com pouca ação sobre o núcleo
delirante. A ação dos medicamentos serve mui-
to mais para diminuir a intensidade dos delírios
e das ideias de referência que os acompanham,
sendo que a minoria dos pacientes alcança remis-
são completa dos sintomas.
Clérembault, Kraepelin e quase todos os auto-
res modernos têm ressaltado a persistência dos
delírios eróticos apesar das confrontações com a
realidade. A erotomania é uma doença crônica,
relativamente refratária ao tratamento, tanto far-
macológico quanto psicoterápico, quem sabe evi-
denciando-nos a estreita relação entre duas for-
ças tão poderosas: o amor e a loucura.
Elisa Boéssio é médica formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em
2009 e psiquiatra com especialização pela Fundação Universitária Mário Martins em 2014.
Nas últimas edições do Jornal da APRS, foi responsável pelos textos da seção de Síndromes
Psiquiátricas Raras.
SÍNDROMES RARAS
O
desejo de amar e ser amado é tão antigo
e natural quanto respirar. Gera ilusões ne-
cessárias pra fermentar uma relação, fo-
menta ansiedades e expectativas, um anseio pela
reciprocidade do sentimento. Tamanha é a impor-
tância do amor na vida de cada indivíduo (e, na
vida adulta, particularmente o amor erótico) que
não é de se estranhar que ele seja o tema de delí-
rios, patologias e síndromes, como na síndrome
de Clérembault.
A síndrome de Clérembault, ou erotomania,
apresenta-se como uma convicção deliran-
te por parte do paciente (geralmente feminino)
de que alguém de posição social mais elevada o
ama. Gaëtan Gatian de Clérembault, um psiquia-
tra francês responsável por descrever cinco casos
de erotomania em 1921, sugeriu que os delírios
erotomaníacos se desenvolveriam devido à falta
de uma real aprovação sexual como meio de sa-
tisfazer essa demanda, provendo o paciente de
uma gratificação narcísica que a realidade, até
então, não haveria proporcionado.
Apesar de fatores psicodinâmicos, como a pri-
vação sexual, serem importantes no desenvolvi-
mento dessa condição, fatores orgânicos de sua
etiologia continuam sendo investigados. Testes
neurofisiológicos sugerem que a síndrome de Clé-
rembault pode estar associada a déficits na flexi-
bilidade cognitiva e na leitura associativa, media-
das pelo sistema frontal subcortical, e a déficits
nas habilidades verbal e de visão espacial.
Ao tratar de descrever as características clínicas
da síndrome, Clérembault a citou como uma sín-
22
De novo, em Bento Gonçalves,
vamos fazer um grande Congresso
21 a 24
de Agosto de 2019
Save the Date
XIV Congresso Gaúcho de Psiquiatria
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Dall’Onder Grande Hotel
Bento Gonçalves/RS

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  • 1. Nº 9 | Dezembro de 2018 JORNAL DA APRS Homenagem a Jair Escobar Três anos de uma gestão marcante 93 anos do IPF 80 ANOS DA APRS Uma festa inesquecível
  • 2. Expediente do Jornal – JA Esta é uma publicação da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul Av. Ipiranga, 5311/ 202 CEP 90610-001 | Porto Alegre | RS | Brasil Telefones (51) 3024.4846 | 98193.7387 www.aprs.org.br – aprs@aprs.org.br facebook – aprs.psiquiatriaJORNAL DA APRS DIRETORIA Gestão 2016/2018 PRESIDENTE Flávio Shansis VICE-PRESIDENTE Matias Strassburger DIRETORA DE NORMAS Andréia Sandri DIRETORA SECRETÁRIA ADJUNTA DO EXERCÍCIO PROFISSIONAL Ana Cristina Tietzmann DIRETORA TESOUREIRA Anahy Fagundes Dias Fonseca DIRETORA TESOUREIRA ADJUNTA Fernanda Lia de Paula Ramos DIRETOR CIENTÍFICO Luciano Rassier Isolan DIRETOR DE DIVULGAÇÃO Eduardo Trachtenberg CONSELHO FISCAL – TITULARES Eugenio Horacio Grevet Jair Escobar Neusa Knijnik Lucion CONSELHO FISCAL – SUPLENTES Cláudio Laks Eizirik Fernando Schneider Gisele Gus Manfro CONSELHO EDITORIAL DO JORNAL 9ª edição | Dezembro 2018 EDITOR Mário Tregnago Barcellos CORPO EDITORIAL Elisa Lima Boéssio Mateus Reche DIRETOR DE DIVULGAÇÃO Eduardo Trachtenberg JORNALISTA RESPONSÁVEL Vitor Bley de Moraes – RP 5495 PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO Marta Castilhos SECRETARIA DA APRS Coordenadora administrativo-financeira Ana Paula Sarmento Cruz administrativo@aprs.org.br Secretária sênior Sandra Maria Schmaedecke – RP 1464 aprs@aprs.org.br Auxiliar de Secretariado Nataniele Oliveira do Nascimento atendimento@aprs.org.br Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos signatá- rios e não representam necessariamente a opinião institucional. Mário Barcellos* EDITORIAL Você, associado, recebe aqui a última edi- ção do Jornal da APRS da Gestão 2016-2018. Nesse período, retomamos a produção de um jornal impresso de publicação semestral. Em todas as seis edições ao longo desses três anos, buscamos equilibrar informações insti- tucionais e científicas, encurtando a distância entre a APRS e seus associados. Espero que tenhamos sido bem-sucedidos na tarefa. Os últimos anos foram marcados pela sensação de fazer parte de uma instituição extremamente viva e atualizada. A manutenção de marcas tradicionais veio acompanhada de um grande esforço para tornar a APRS uma entidade do seu tempo – como a possibi- lidade de participação em cursos à distância exemplifica. Na presente edição do Jornal, como uma espécie de retrospecti- va, alguns colegas descrevem as vivências mais relevantes que tiveram durante a gestão. De minha parte, é claro que o Jornal da APRS tem que ser citado. Foi um grande prazer viver essa experiência. Gostaria de agradecer ao Flávio pelo convite para ser editor e pela confiança, e especialmente ao Dudu pela ajuda incansável e pela amizade leal, divertida e afetuosa de sempre. Preciso ainda citar os colegas da comissão editorial: Elisa, Mateus e Martina. Por fim, meu muito obrigado às sempre atenciosas, eficientes e queridas secretárias: Ana Paula e Sandra. Desejo todo o sucesso à próxima gestão, que certamente manterá o entusiasmo e o dinamismo que foram notados por todos nos últimos anos. Como a hora do encontro é também de despedida, bom, fica aqui meu grande abraço a todos. Boa leitura! * Médico psiquiatra, editor do Jornal da APRS Sumário Homenagem / Jair Escobar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 Uma Gestão Marcada pela Inovação, Autossustentabilidade e Harmonia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 a 6 Suicídio entre Adolescentes é Preocupante. . . . . . . . . . . . . . . . . 7 Os 80 Anos da APRS Reúne Várias Gerações da Psiquiatria em Festa Inesquecível. . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 e 9 Novo código civil foi tema central da Jornada de Psiquiatria Forense . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 A Farmacologia no Tratamento dos Transtornos Mentais. . . . . . 10 Núcleo de Sexualidade reúne-se às quartas-feiras. . . . . . . . 11 Curso de Neuropsiquiatria supera expectativas. . . . . . . . . . . 12 Atividade conjunta APRS-SPPA. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Atividades do Departamento de Psiquiatria e Espiritualidade da APRS: III Simpósio Internacional de Espiritualidade na Prática Clínica . . . . . . . . . . . . . . . 14 e 15 Presidente da ABP prestigia atividades dos 80 anos da APRS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 e 17 Trends. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Espaço do sócio / O IPF e seus 93 anos. . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Drops. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 e 21 Síndromes Raras / Síndrome de Clèrambault. . . . . . . . . . . . . 22
  • 3. 3 Para o Jair, com todo o amor que levo em mim Dr. Mário Barcellos HOMENAGEM perdas – de que teria sido possível aproveitar mais. Sempre tive muito claro que o tempo contigo era pre- cioso.  É claro que tua perda dói. É claro que foste cedo de- mais. É claro que eu gostaria de seguir tendo o privi- légio de conviver com teu bom humor, com tua sensi- bilidade e com tua capacidade de diálogo, moderação e convergência. Mas, ora, que bom ter vivido tudo isso enquanto foi possível! Falando em vida, isso é algo que sempre foi central em ti: a alegria e o prazer em viver. Depois da tua partida, vi muita gente dizendo que foste um lutador. Preciso te confessar que, de início, aquilo me incomodou. Até que me dei conta de que o conflito era semântico: o que alguns chamavam luta, para mim era vida. Nunca te vi lutando. Sempre te vi vivendo. Vivendo tua famí- lia – a Marília, os filhos e os netos. Vivendo a medici- na, a psiquiatria e a psicanálise. Vivendo as institui- ções. Vivendo a política. E, acima de tudo, pelo menos no que diz respeito a nós, vivendo a amizade. E por essa amizade que entregaste de forma absolutamente aberta a alguém com a metade da tua idade quero te agradecer com todo o amor que levo em mim. Por fim, quero te dizer que, apesar de nós dois não acreditarmos muito nisso, se houver algum lugar de- pois dessa vida, que haja lá também um café como o nosso da Taquara. Onde tu possas pedir teu chá, eu possa pedir meu carioca e, então, possamos jogar conversa fora sem que a insensível passagem do tem- po volte a nos interromper. Bom, Jair, essa é minha despedida. Posso ter exage- rado na primeira pessoa, mas a forma mais profunda- mente íntima de homenagem que me ocorre é enredar minha história na tua. Quem sabe assim consigo te le- var ainda mais junto de mim e sentir menos tua falta.  Um beijo! J air, fiquei te devendo uma despedida. Na última vez em que nos vimos, eu entrava e tu saías do nosso prédio e trocamos um oi.  Faltou o tchau. Ao nos conhecermos, cinco ou seis anos atrás, eu era bem diferente de quem sou hoje. Cada passo maior do meu crescimento foi acompanhado de perto por ti: estiveste no meu casamento com a Lívia, me li- gaste horas depois do nascimento do João e, recen- temente, foste um dos primeiros amigos a saber da nossa segunda gravidez. Além disso, também estavas ali enquanto os seminários da formação psicanalíti- ca se sucediam, quando decidi sair do emprego e me dedicar somente ao consultório, e quando comecei a acompanhar o curso do CELG como parte do proces- so de ser professor. Cito momentos que foram tema de conversas e estímulos fundamentais e, portanto, tiveram tua participação direta. Mas, enfim, poderia aludir a tantos outros, pois pouco da minha trajetória recente deixou de se tornar assunto entre nós. Seria viável tentar te definir de muitas maneiras, Jair. Seria até justo fazer aqui uma lista das tuas conquis- tas e virtudes. Só que nada disso seria novidade para ti, e eu gostaria de poder te dizer algo que tu não tenhas sabido. Então o que me ocorre é falar que, por tua causa, mexi na minha vida. Sendo mais dire- to: organizei meus horários de consultório de forma a me permitir te encontrar o máximo possível. E não só isso: foram várias as vezes que atrasei o retorno ao trabalho, a ida à análise ou mesmo a volta para casa porque a conversa era boa demais para se encerrar. Como já cantou o Chico Buarque: eu ajeitava o meu caminho pra encos- tar no teu. Acho que é por ter me esfor- çado bastante para desfrutar da tua companhia que não sinto agora aquele amargor – companheiro frequente das Jair Rodrigues Escobar, psiquiatra e psicanalista, falecido no dia 18/09/2018, foi Presidente da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul nos anos de 2002 e 2003. Era atualmente Membro Efetivo do Conselho Fiscal da APRS e Conselheiro do CREMERS. Foi Vice-Presidente da AMRIGS, Pre- sidente do Conselho de Representantes e Diretor Científico e de Normas da entidade. Atuou também como Diretor da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre, da Federação Brasileira de Psicanálise e do Centro de Estudos Luis Guedes, onde era Professor e Supervisor do Curso de Especialização em Psi- coterapia de Orientação Analítica. E foi, acima de tudo, um grande amigo de seus amigos.
  • 4. 4 INSTITUCIONAL Uma Gestão Marcada pela Inovação, Autossustentabilidade e Harmonia Ao término de 2018 e no final da atual gestão, o Presidente da APRS, dr. Flávio Milman Shansis, aponta uma série de inovações implementadas no último triênio, a começar pela escolha da direto- ria, composta por quatro homens e quatro mulheres. Observa que, dos oito integrantes, apenas três haviam composto anteriormente um cargo diretivo. Acrescenta que um novo organograma foi im- plantado na instituição, com a criação de Departamentos, Núcleos, três Comitês e mais quatro Seccionais. Entre as novidades estão o Departamento de Psicogeriatria e a transformação do Núcleo de Psiquiatria e Espiritualidade em um Departamento. Também foi re- criado o Núcleo de Sexualidade da APRS. Outras Inovações T ambém na atual administração, foram realizados quatro cursos, que envol- veram um grande número de sócios. Shansis lembra ainda outro avanço extre- mamente importante: a decisão de não ter vínculo com a indústria farmacêutica. “Tive- mos uma gestão autossustentável. A insti- tuição está sendo mantida com os recursos oriundos da contribuição dos sócios”, come- mora. Na área administrativa, Shansis in- forma que, diante da demanda, no decorrer dos três anos de sua gestão foram realiza- das alternadamente quatro contratações de estagiários nas áreas de comunicação e ad- ministração, encerrando 2018 com a efetiva- ção de um deles. Em termos de comunica- ção, o Jornal da APRS voltou a ser impresso e distribuído gratuitamente aos sócios. A Revista Trends, com publicações científicas, passou a receber incentivo da CAPES e está disponível por meio digital. Outro detalhe ci- tado por Shansis: a APRS também está com maior inserção nas redes sociais através do Facebook, Instagram e WhatsApp. Finanças Através de uma reformulação no sistema de cobrança, foi possível reduzir a inadimplência
  • 5. 55 em 50%. Atualmente, a APRS conta com 1096 sócios, sendo que, destes, 52% são mulheres e 48%, homens. Shansis acrescenta: “Tivemos, através da Secretária-Adjunta do Exercício Profissional, uma inserção e representação muito forte junto a vários órgãos públicos, ao SIMERS e à AMRIGS, tanto na defesa profissional quanto em campanhas, como a da preven- ção ao suicídio. Ainda, nesta gestão foi apro- vado o Estatuto da APRS”. Na área científica, foram realizados quatro grandes cursos e o congresso autossusten- tável realizado em Bento Gonçalves – um evento inovador alicerçado nos sete pilares propostos no início da gestão: cientificamen- te de excelência, localmente inserido, social- mente inclusivo, ambientalmente sustentá- vel, culturalmente atrativo, financeiramente viável e clinicamente relevante. Em relação às atividades científicas, deve- -se ressaltar o importante passo no sentido da interiorização: vários eventos ocorreram nas diversas seccionais. O XIV Congresso Gaúcho de Psiquiatria foi realizado – como anteriormente dito – em Bento Gonçalves, e o 31º Ciclo de Avanços em Clínica Psiquiá- trica, em Novo Hamburgo. É interessante frisar também o aumento significativo na participação dos associados, com a contra- tação de uma empresa visando à moderni- zação dos cursos na modalidade EAD, o que foi amplamente elogiado pelos usuários. Outra inovação importante foi a divulgação das atividades oferecidas aos associados durante a semana na APRS em forma de “varal”. Projetos de Outras Gestões Em relação às gestões anteriores, Shansis declara que todos os bons projetos foram mantidos. Um exemplo é o forte investi- mento na Revista Trends, que, na sua longa existência, vem prestando um enorme servi- ço, com importantes publicações científicas. Cita ainda a manutenção e o incentivo ao Núcleo de Psiquiatras em Formação, que tem 30 anos de existência. Além disso, destaca que “preservamos as nossas missões e os nossos valores, que sempre têm marcado as gestões da APRS”. Lembra também que foi mantido o Ciclo de Avanços, o qual continua sendo anual, e que as atividades científicas se mantiveram centradas nos departamen- tos e núcleos. Confraternização “Para mim, o evento mais significativo nes- ses três últimos anos da APRS foi o Congresso Gaúcho em Bento Gonçalves, em 2017. O cli- ma de confraternização foi predominante entre os participantes. Cientificamente, foi de muito aprendizado. Me marcaram algumas aulas de colegas de fora do RS, como do Dirceu Zorzet- to, do Paraná, assim como de ex-professores meus, em especial do Marcelo Fleck e do Aristi- des Cordioli. Esse reaprendizado com pessoas que foram tão importantes na minha formação ‘não tem preço’. Foram importantes também os três Ciclo de Avanços, os Cursos de Psico- farmacologia de 2016 e 2018, o Curso de Psi- quiatria Clínica em 2017, a festa de 80 anos... Houve várias outras atividades ao longo des- se período. Lembro de um evento científico da APRS Seccional Serra, em Caxias, no ano de 2016, em que eu e o Flávio Shansis fomos no meu carro, sábado bem cedo de manhã, e voltamos ao final do dia, com direito a trocar- mos um pneu furado na estrada... [risos]. Foi também uma oportunidade para conhecer os colegas de Caxias e Bento e com eles confra- ternizar em uma bela galeteria.” Dr. Eduardo Trachtenberg Diretor de Divulgação
  • 6. Alegrete 3 Arroio do Meio 5 Augusto Pestana 1 Bagé 1 Bento Gonçalces 11 Cachoeira do Sul 1 Canoas 8 Capão da Canoa 1 Caxias do Sul 19 Cruz Alta 1 Encantado 2 Erechim 6 Esteio 1 Estrela 1 Farroupilha 1 Flores da Cunha 1 Frederico Westphalen 1 Garibaldi 1 Gramado 2 Gravataí 1 Guaiba 1 Ijuí 10 Igrejinha 2 Lageado 2 Marcelino Ramos 1 Montenegro 1 Nova Petrópolis 1 Nova Prata 2 Novo Hamburgo 10 Palmares do Sul 1 Passo Fundo 9 Pelotas 14 Porto Alegre 878 Rio Grande 6 Rio Pardo 1 Santa Cruz do Sul 10 Santa Maria 44 Santa Rosa 3 Santana do Livramento 1 Santo Ângelo 2 São Borja 1 São Grabriel 1 São João da Urtiga 1 São Leopoldo 4 São Lourenço do Sul 3 Sapucaia do Sul 1 Tenente Portela 1 Teutônia 1 Tramandaí 2 Torres 1 Uruguaiana 4 Venâncio Aires 3 Veranópolis 2 Viamão 1 Xangrilá 1 1096 Associados 55 Municípios Futuro O que é possível ser colhido do que foi plan- tado? A essa pergunta o Presidente Flávio Shansis responde: “Uma entidade que cres- ceu em número de associados, que conquis- tou a autossustentabilidade financeira, que vive um clima associativo forte e que através dos cursos EAD se expandiu, ultrapassando os próprios limites, deixa um legado importante para o futuro da APRS”. 6
  • 7. Suicídio entre Adolescentes é Preocupante Dra. Berenice Rheinheimer pressão e esquizofrenia. Estes fatores podem es- tar associados a outros e ser potencializados pela utilização de drogas. Ela alerta para que os pais estejam sempre atentos a sinais de mudança comportamental nas crian- ças e adolescentes, como queda no rendimento escolar, irritabilidade excessiva, tristeza e depres- são. Esses sintomas não podem ser ignorados, e um médico deve ser consultado para o diagnóstico e o tratamento adequados. Em relação à influência das no- vas tecnologias, dra. Berenice informa que existe uma discus- são sobre a possibilidade desse tipo de contágio pela Internet, mas que no momento não há nenhuma comprovação. Obser- va que as tentativas de suicídio não entram para as estatísticas. Informa ainda que, entre adultos e idosos, os gaúchos apresen- tam a maior taxa de mortes por suicídio. O Setembro Amarelo é uma campanha brasilei- ra de prevenção ao suicídio iniciada em 2015. É uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). No Rio Grande do Sul, a APRS começou as ativida- des em 2016. D urante a campanha de prevenção do Se- tembro Amarelo, a Associação de Psi- quiatria do Rio Grande do Sul realizou uma série de atividades para tratar do tema. Sob coordenação da dra. Berenice Rheinheimer, Coordenadora do Comitê de Prevenção do Sui- cídio, foi realizado na AMRIGS um evento pres- tigiado por centenas de profissionais da área da saúde. A ênfase foi o suicídio entre crianças e adolescentes. Dra. Berenice explicou que, no Brasil, o suicídio é a terceira causa de morte entre adoles- centes, ficando atrás apenas dos homicídios e dos acidentes de trânsito, e correspondendo a cinco mortes a cada 100 mil habitantes. O Estado ocupa a 8ª colocação no grupo adolescente. As mortes por suicídio preocu- pam e podem ser evitadas. Não estão associadas a idade ou classe social. A médica destaca que, embora sem confirmação científica, há alguns in- dícios das possíveis razões para que o Rio Grande do Sul ocupe esta posição. São elas: o inverno mais prolongado na região, a colonização alemã, onde as pessoas tendem a ser mais exigentes, e a utilização de agrotóxicos nas lavouras. Dra. Be- renice enfatiza que se trata apenas de hipóteses, pois as causas preponderantes são provenientes de doenças mentais preexistentes, tais como de- A cada 45 minutos, uma pessoa comete suicídio no Brasil Precisamos falar sobre suicídio 7
  • 8. 88 O Salão Bavária da Sociedade Germânia esteve repleto de alegria e energia na noite do dia 27 de outubro, quando foram comemorados os 80 anos da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul. Cerca de 250 colegas brindaram essa data marcante. Os 80 Anos da APRS Reúne Várias Gerações da Psiquiatria em Festa Inesquecível O Presidente da APRS, dr. Flávio Shan- sis, logo após o jantar, anunciou que não haveria discursos, mas convidou os membros da diretoria atual, a Presiden- te da Associação Brasileira de Psiquiatria, Carmita Abdo, a comissão organizadora da festa e todos os ex-presidentes ou repre- sentantes para um grande brinde. “São 80 anos de história e 28 gestões da psiquiatria, desde a fundação, em 28 de novembro de 1938, quando ainda era Sociedade de Neu- ropsiquiatria, sendo que, a partir de 1974, passou a ser Associação de Psiquiatria”, lem- brou Shansis. Uma síntese do significado da APRS Dezoito ex-presidentes ou representados da APRS estiveram no jantar festivo. O mais an-
  • 9. 9 tigo presidente presente no evento, dr. Isaac Pechansky, que ajudou a cortar o bolo come- morativo, disse que se sentia muito feliz em participar da festa e, que para sua alegria, desde 1967, quando presidiu a instituição, percebe que todos os presidentes têm con- tribuído para o crescimento da APRS. O Presidente da AMRIGS, Alfredo Cantalice, apontou uma coincidência como forma de mostrar a identificação com a APRS: no dia dos festejos dos 80 anos, a Associação Mé- dica estava completando 67 anos. Disse que a APRS é uma grande parceira não só pelo número de sócios, mas pelo que representa. A primeira mulher eleita para presidir a APRS foi a dra. Neusa Knijnik Lucion, no ano de 2000. Ela destacou que seu nome surgiu de um movimento espontâneo dos colegas só- cios. Observou que a Associação é formada por amigos e parceiros, que acolhem bem os novos e antigos parceiros, o que a torna a casa de todos os psiquiatras. A diretora do SIMERS, dra. Clarissa Bassin, disse que a APRS tem uma importante histó- ria de vitórias, pois sempre esteve atuando em defesa da psiquiatria, tornando-a reco- nhecida até mesmo no exterior e que, por isso, o sindicato sentia-se honrado em parti- cipar da celebração. Para o presidente da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre, Zelig Libermann, os laços que unem as duas instituições não se resu- mem às questões científicas. Existe uma in- terface que busca sempre o bem-estar dos pacientes, e por isso são realizadas várias atividades conjuntas. A SPPA completou 55 anos em 2018. A Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Carmita Abdo, esbanjou simpa- tia. Disse que em Porto Alegre se sentia em casa. Destacou o trabalho da APRS, que vem sendo uma referência não apenas no Brasil, mas também no exterior, com grandes con- tribuições à psiquiatria.
  • 10. A Farmacologia no Tratamento dos Transtornos Mentais Dr. José Caetano Dell Aglio Junior C om o objetivo de reunir colegas para debater tópicos avançados em psicofarmacologia, a APRS vem promovendo dois encontros men- sais. Na oportunidade, os profissionais discutem questões da psiquiatria do dia a dia através de uma linguagem de fácil compreensão. Em agos- to, 50 médicos estiveram participando presencial- mente do Curso Tópicos Avançados em Psicofar- macologia, na AMRIGS, e outros 70 participaram do evento à distância. Segundo o coordenador do curso, dr. José Caetano Dell’ Aglio, um dos temas tratados foi “de que forma evitar o erro nas prescri- ções de medicamentos”. Ele destaca que os atuais medicamentos também são mais eficazes e não têm os efeitos adversos penosos de antigamen- Novo código civil foi tema central da Jornada de Psiquiatria Forense Dr. Paulo Oscar Teitelbaum N o final de setembro, a Jornada de Atualiza- ção de Psiquiatria Forense reuniu, na sede da AMRIGS, em Porto Alegre, 67 profissio- nais inscritos e uma presença significativa de não sócios da APRS. O evento destinado a psiquiatras ofereceu elementos de atualização e ferramentas de trabalho. Segundo o coordenador do encon- tro, dr. Paulo Oscar Teitelbaum, foi uma oportu- nidade de colegas experientes compartilharem os seus conhecimentos. Foram abordados temas como Perícias de Avaliação da Capacidade Civil, que tratou, principalmente, das questões decor- rentes do Novo Código Civil, ministrado pelo dr. Fischer. Também foram esclarecidos itens relati- vos a Perícias de Avaliação Psiquiátrica por Abu- so, Negligência e Maus Tratos na Infância. O tema Perícias do Agressor Sexual foi ministrado pelo dr. Teitelbaum, enquanto os doutores Jaques Zim- mermann e Guilherme Starosta falaram sobre Pe- rícias Trabalhistas em Psiquiatria. Teitelbaum in- forma que as propostas para explanação durante a jornada foram reunidas pelo Departamento da Equipe de Psiquiatria Forense. Afirma que a pre- sença de muitos jovens e a intensa participação do público, com perguntas e intervenção nos de- bates, oportunizaram uma enriquecedora troca de experiências. O evento também pode ser acom- panhado pela Internet. te. O dr. José Caetano observa que os transtornos psiquiátricos são tratáveis e, quanto mais cedo o diagnóstico, melhores os resultados. Ele ressalta que os pacientes que não procuram ajuda, além da incapacidade de produção, com prejuízos à sua funcionalidade, ainda entram para o grupo de risco de suicídio. Por isso, alerta sobre a necessidade de os familiares ficarem atentos ao comportamento das pessoas. Irritabilidade e tristeza excessivas são alguns sinais que merecem atenção e que ne- cessitam de intervenção. Outro ponto destacado por Dell’ Aglio é a questão da hereditariedade nos casos de depressão. Ele indica um tratamento pre- ventivo aos filhos de pacientes com esse diagnós- tico: “Quanto mais cedo, melhor”. 10
  • 11. Pluralista “O XIII Congresso Gaúcho de Psiquiatria foi uma atividade que congregou mais de 600 colegas que participaram de uma progra- mação científica, social e cultural intensa e diversificada em Bento Gonçalves, na Ser- ra Gaúcha. Conseguimos contemplar temas atuais e instigantes envolvendo a psiquiatria clínica, as psicoterapias, as neurociências e a pesquisa. Assim, mantivemos a tradição da psiquiatria gaúcha de organizar eventos com um elevado padrão científico. Foi com muita honra e agradecimentos que termi- namos o Congresso, com uma sensação de dever cumprido e por termos realizado uma atividade que foi cientificamente abrangen- te e pluralista, socialmente inclusiva, eco- logicamente sustentável, associativamente integradora, localmente inserida e financei- ramente viável. Ter participado da organi- zação de um evento tão relevante em nos- so meio foi uma imensa responsabilidade e um desafio do qual muito me orgulho. Ao chegarmos ao final da gestão 2016/2018 da APRS, desejo expressar o meu mais profun- do agradecimento a todos os associados que participaram do Congresso e das diversas atividades científicas que foram desenvolvi- das ao longo desse período. E que venha o próximo Congresso da APRS!” Dr. Luciano Rassier Isolan Diretor Científico A Coordenadora do Núcleo Sexualidade da APRS e do Programa Transdisciplinar de Identidade de Gênero (PROTIG), dra. Ma- ria Inês Rodrigues Lobato, convida os profissio- nais da área da psiquiatria a participar do gru- po, que se reúne às quartas-feiras, às 14h30, na sala 400 N do Departamento de Psiquiatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Os in- teressados devem enviar e-mail confirmando o comparecimento. O objetivo é ampliar os estu- dos e pesquisas na área da sexualidade huma- na, entre elas a disforia de gênero (APA-2013) e outros comportamentos sexuais variantes. Ma- ria Inês informa que desde a sua criação, em 1998, o PROTIG já avaliou mais de 800 indiví- duos e realizou 240 cirurgias de afirmação de gênero, em indivíduos tanto masculinos como femininos que tinham diagnóstico de disforia de gênero. O programa também pretende ampliar os estudos e atendimento voltados a crianças e adolescentes. Protig 20 Anos O PROTIG vem sendo um centro de referência brasileiro e latino-americano, tanto em assistên- cia como em pesquisa. É um núcleo de treina- mento de profissionais e de estágio da residên- cia médica em Psiquiatria do HCPA e dos alunos do Programa de Pós-graduação em Psiquiatria e Ciências do Comportamento – FAMED/UFRGS. A atividade teve início em 1998, liderada pelo prof. Walter Koff, da Urologia (FAMED-UFRGS), e estimulada pelo prof. Sidnei Schestatsky, da Psiquiatria (FAMED-UFRGS). Primeiramen- te chamado de Programa de Atendimento de Transtorno de Identidade de Gênero (PROTIG), mais tarde foi rebatizado de Programa de Iden- tidade de Gênero. Maria Inês adianta que entre Núcleo de Sexualidade reúne-se às quartas-feiras Dra. Maria Inês Lobato as atividades previstas para 2019 está a pre- sença em Porto Alegre do prof. James Cantor, sexólogo e pesquisador na Toronto University, que abordará comportamento parafílicos e hi- persexualidade. 11
  • 12. 12 Curso de Neuropsiquiatria supera expectativas Dr. Augusto Bittencourt C om o objetivo de atender a uma demanda crescente, a APRS realizou, nos dias 17 e 18 de agosto, o I Curso de Neuropsiquia- tria. O Coordenador do Núcleo de Psiquiatras em Formação, dr. Augusto Bittencourt, observa que inicialmente a atividade visava atender aos resi- dentes, mas que entre os participantes estavam profissionais experientes, tanto de forma pre- sencial como através do EAD. Destaca que existe uma interface muito grande entre a psiquiatria e a neurologia, tornando os temas atraentes. Acrescenta que o sucesso também se deveu à qualidade dos profissionais que ministraram o curso, que será realizado anualmente. Estiveram em pauta, entre outros temas, os estudos que envolvem doenças como Alzheimer, Parkinson e psicoses de causas orgânicas. Bittencourt salien- ta que é necessário intensificar as pesquisas nes- sas áreas, principalmente em virtude do enve- lhecimento da população. Diz que, embora ainda não haja cura para algumas enfermidades, é im- portante um diagnóstico precoce para melhorar a qualidade de vida dos pacientes e familiares. Independência “Nesses últimos três anos, há fatos rele- vantes a destacar, como não depender da indústria farmacêutica. Também é impor- tante dizer que nesta gestão houve ainda mais pluralidade para a escolha de temas da psiquiatria e em geral, que serviram para definir a organização das atividades. Outro fato relevante foi a criação das sec- cionais do interior. Não dá para deixar de citar o Congresso de Bento Gonçalves, com enfoque na sustentabilidade e na questão das minorias, junto com uma agenda cien- tífica forte e com grande participação. Ain- da a celebrar são o aumento do número de sócios e a agenda com inúmeras atividades científicas.” Dr. Matias Strassburger Vice-presidente da APRS 12
  • 13. 13 A parceria de longa data entre a Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul e a Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre, desde sempre caracterizada por atividades científicas e supervisões conjuntas, teve um novo momento de estímulo com a apresentação do vídeo do analista francês René Roussillon, apresentado no Congresso Gaúcho de Psiquiatria do último ano, intitulado “A destrutividade nas estruturas não neuróticas na clínica psicanalítica contemporânea”. A gravação deste vídeo já contou com a nossa parceria com a SPPA, na pessoa da psicólo- ga Luciane Falcão e do dr. Luciano Isolan. A nova apresentação, prestigiada por um gran- de número de colegas de ambas as sociedades, deu-se na sede da SPPA e foi aberta pelo dr. Ze- lig Libermann (Presidente da SPPA), dr. Matias Strassburger (Vice-Presidente da APRS) e dr. Lu- ciano Isolan (Diretor Cientifico da APRS), que en- Atividade conjunta APRS-SPPA Dr. Matias Strassburger fatizaram a importância desta parceria e o desejo de seguir este fértil trabalho conjunto. A mesa foi coordenada pela psicóloga Luciane Falcão e contou com os comentários da psicólo- ga Marli Bergel (SPPA) e da dra. Maria da Gra- ça Motta (APRS). Após o vídeo ser assistido pela plateia, seguiram-se os comentários. Marli Ber- gel valorizou a integração de vários autores psi- canalíticos (Freud, Winnicott e André Green) fei- ta pelo psicanalista francês, além de ressaltar a importância relatada por ele da necessidade dos cuidados maternos praticados de forma prazero- sa desde a mais tenra idade da criança, possibi- litando uma boa estruturação do seu narcisismo primário. Quando este cuidado falha, sobrevém uma destrutividade que se volta não somente ao mundo externo, mas também ao mundo interno da criança. Maria da Graça apresentou uma visão baseada na neurociência, enfatizando os déficits de formação das memórias em função de aspec- tos traumáticos causados pelo insuficiente cui- dado afetivo materno, ocasionando também um déficit identitário. Em seguida, foi aberta a participação da plateia, que contou com várias perguntas e comentários que enriqueceram ainda mais a apresentação do vídeo e os comentários apresentados.
  • 14. 14 N o dia 14 de agosto de 2018, no Centro de Eventos da AMRIGS, houve uma atividade científica para marcar a transição do Núcleo de Psiquiatria e Espiritualidade (NUPE) em depar- tamento passando a se chamar Departamento de Psiquiatria e Espiritualidade (DPE), sob a coorde- nação da dra. Anahy Fagundes Dias Fonseca, com vice-coor- denação do dr. Leandro Pizut- ti e coordenação científica do dr. Bruno Paz Mosqueiro. Tal processo foi consequência do esforço e ineditismo da APRS em seguir o Posicionamen- to da Associação Mundial de Psiquiatria (WPA) sobre Espi- ritualidade e Religiosidade em Psiquiatria, de 2015. Após a atividade científica, o dr. Ma- tias Strassburger, Vice-Presi- dente da APRS, fez um breve discurso ressaltando a trajetó- ria de seis anos de atividades intensas e produtivas do an- tigo NUPE, e enfatizou a sua importância para a APRS no estudo e na divulgação de pes- quisas sérias e metodologica- mente bem-conduzidas nesta área de investigação, contri- buindo para o aperfeiçoamen- to da formação de colegas na área da saúde mental. A religiosidade/espiritualidade pode ter efeitos positivos ou negativos na saúde do paciente, já demonstrados em muitos estudos; contudo, esse assunto segue sendo pouco comen- tado com os nossos pacientes. Pode-se abordar a religiosidadeespiritualidade do indivíduo de ma- neiras diferentes sob o ponto de vista técnico, po- rém não trazer esse aspecto da vida do paciente para o tratamento pode levar a um entendimento parcial dos afetos, relacionamentos interpessoais e mesmo sintomas. O conhecimento científico e prático do assunto pode evitar problemas na rela- ção médico-paciente, beneficiar os desfechos clí- nicos e facilitar o atendimen- to. Adicionar esses conceitos à prática clínica, portanto, promove uma relação mais completa entre o paciente e o profissional que o atende. Pesquisadores têm criado for- mas de facilitar a abordagem da religiosidade/espiritualida- de para os profissionais que ainda possuem dificuldades com o tema. Devemos saber o melhor momento e a forma de abordar essa dimensão, sem julgar as preferências re- ligiosas e espitirtuais de cada paciente, de forma a oferecer um entendimento o mais hu- mano e integral possível. O clínico deve estar atento à di- mensão espiritual do paciente, seja ela foco de problemas ou não de sentimentos. Foi com estes objetivos que aconteceu o III Simpósio Internacional de Espiritualidade na Prática Clínica, desenvolvido pelo De- partamento de Psiquiatria e Espiritualidade (DPE) da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul (APRS), integrado à progra- mação da Jornada CELG 2018. Como atividade pré-simpósio, o dr. James Lomax conduziu um workshop intitulado “Como lidar Atividades do Departamento de Psiquiatria e Espiritualidade da APRS: III Simpósio Internacional de Espiritualidade na Prática Clínica Equipe do Departamento de Psiquiatria e Espiritualidade da APRS – DPE
  • 15. com conteúdos espirituais e religiosos no setting psicana- lítico”, discorrendo sobre pos- sibilidades de abordagem da espiritualidade a partir de si- tuações clínicas. A psiquiatra Marianna Costa e as psicólo- gas Letícia Alminhana e Milena Bubols apresentaram desafios e diretrizes para o diagnóstico diferencial entre experiências espirituais/anômalas e sinto- matologia psiquiátrica. Estu- dos avaliando a relação entre neurociência, religiosidade, espiritualidade e experiên- cias anômalas também foram apresentados. Para aprofun- dar o conteúdo debatido, pode acessar RevBras Psiquiatr. 2017 Apr-Jun;39(2):126-132, e IntRevPsychiatry. 2017 Jun; 29(3): 283-29. As práticas de mindfulness foram apresentadas pelo psi- quiatra Leandro Pizutti como uma possibilidade terapêutica adjuvante para cultivar pa- ciência, aceitação, abertura ao momento presen- te, não julgamento, não reatividade, consciência de contexto e compaixão, atitudes ligadas à di- minuição de sintomas emocionais e melhora do bem-estar. Uma pequena entrevista com o dr. Christopher Germer, concedida à fisioterapeuta Simone Campani, colaboradora do DPE, descre- veu o programa Mindful Self-Compassion. Nes- se programa, a consciência do corpo é utilizada como uma das bases para o manejo das emo- ções difíceis nas práticas de autocompaixão. Na mesa redonda Pesquisas em Espiritualidade e Saúde Mental, os psiquiatras Alexander Mo- reira-Almeida (NUPES/UFJF), Rogério Zimpel (HCPA/UFRGS) e Bruno Paz Mosqueiro (DPE/ APRS e HCPA/UFRGS) apresentaram pesquisas recentes conduzidas por eles que avaliaram as associações entre espiritualidade e saúde. O psiquiatra Alexander Moreira-Almeida apresen- tou no dia seguinte o Position Statement da WPA em Espiri- tualidade Tivemos ainda uma mesa-re- donda sobre Espiritualidade na Prática Clínica, com o dr. Ja- mes Lomax apresentando um caso clínico, o dr. Alexander Moreira-Almeida discorren- do sobre a coleta da história espiritual e sua integração no tratamento, o dr. Sérgio Lopes falando sobre as situações em que a religião atrapalha e a dra. Anahy Fonseca discorren- do sobre a abordagem psico- terapêutica dos símbolos reli- giosos nos sonhos. O III Simpósio de Espiritua- lidade na Prática Clínica e a Jornada CELG 2018 foram bri- lhantemente concluídos com a conferência do dr. James Lomax intitulada “Benefícios colaterais: uma consequência inesperada da carreira como vocação”. Qualidade “A qualidade científica foi o grande diferencial da gestão, que com o Congresso Gaúcho, rea- lizado em Bento Gonçalves, lançou um verda- deiro marco na história da APRS. Além disso, a diversidade e a qualidade dos temas cientí- ficos tiveram uma amplitude significativa. Te- mos seguido o nosso lema: manter a história e também a inovação. Tivemos um amadure- cimento importante, e tudo foi feito com muita competência por todos os colegas.” Dra. Andréia Sandri Diretora de Normas 15
  • 16. 16 C om a presença da Presidente da Associa- ção Brasileira de Psiquiatria, dra. Carmita Abdo, a Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul promoveu, no dia 27 de outubro, na AMRIGS, um evento que integrou as come- morações dos 80 anos da APRS e abordou o tema Neossexualidade na Sociedade Contempo- rânea. Foram discutidos temas como “Bloqueio puberal na infância” e “O efeito da supressão puberal sobre o desenvolvimento cerebral, cog- nição e voz” com as painelistas dras. Maria Inês Lobato e Bianca Sol. Houve ainda apresentação com o tema “Terapia estrogênica após a cirurgia de afirmação de gênero: afirmação das networ- ks funcionais e a homeostasia hormonal”, com o dr. Maiko Schneider. Encerrando as atividades, a dra. Carmita fez uma conferência sobre “Sexo com ou sem intercurso, mas ainda sexo. Armá- rios de portas abertas, mas ainda armários...”. Carmita Abdo destaca a maior aceitação às diferenças Falando para o Jornal da APRS, a dra. Carmita Abdo explicou as mudanças que vêm ocorrendo na sociedade em relação à sexualidade. Lembrou que o sexo é um dos quatro indicadores de qualidade de vida apontados pela Organização Mundial da Saúde, junto com vida familiar, o prazer no tra- balho e o lazer. Neste contexto, faz-se importan- te uma atenção à diversidade sexual e à transição que ocorre no mundo. A médica observa que hoje as situações são mais visíveis, com maior aceita- ção, pois no passado as pessoas com diferentes orientações sexuais eram estigmatizadas e trata- das pejorativamente. Cita como exemplos a Casa Branca com as cores do arco-íris e o grande pú- blico na Parada Gay de São Paulo. “Ali estão não apenas os integrantes do grupo LGBT, mas simpa- tizantes da causa.” Enfatiza que a psiquiatria teve um papel relevante para que pessoas de diferentes orientações sexuais e de gênero não fossem mais tratadas como pacientes e, sim, como indivíduos com outras características. Afirma que a aceitação dessa mudança de paradigma vem ajudando a evi- tar a depressão e até mesmo o suicídio. Acredita que, embora ainda exista preconceito, atualmente a sociedade já aceita com maior naturalidade as diferenças. Informa que os psiquiatras não fazem apologia nem incentivam a transexualidade ou o homossexualismo, mas pregam o respeito para que essas pessoas não sejam estigmatizadas. Dra. Carmita Abdo conclui: “Não se trata de uma pato- logia, pois não há base científica para essa afirma- ção. Gênero não é ideologia, mas uma característi- ca da natureza que deve ser respeitada”. Presidente da ABP prestigia atividades dos 80 anos da APRS
  • 17. 17 Na oportunidade, a Presidente da ABP, Carmita Abdo, e o Presidente da APRS, Flávio Shansis, descerraram a placa comemorativa dos 80 anos da APRS. Carmita destacou o trabalho da APRS, que vem ajudando a psiquiatria brasileira a se tornar conhecida universalmente, e disse que se sentia orgulhosa em participar das atividades dos 80 anos da entidade. “Espero que haja uma agregação cada vez maior entre a ABP e a APRS”, destacou. Sócios “A primeira questão a destacar é o grande nú- mero de sócios da APRS, fruto de uma gestão que buscou ser ainda mais inclusiva. Uma pro- va disso foi o Congresso realizado em Bento Gonçalves, que foi aberto, atualizado e sin- tonizado com os aspectos atuais da cultura, e não apenas da psiquiatria. A APRS está na vanguarda dos acontecimentos. Isso foi de- monstrado, entre outros, pelo espaço criado durante o evento na Serra, onde, nos interva- los, aconteciam sessões culturais envolvendo imigrantes colombianos, cantor transex, popu- lação negra e população de rua. Portanto, esta gestão é acolhedora, aberta para a inclusão e a diversidade. Isto gera mais união entre os as- sociados, com maior envolvimento e participa- ção de todos. Outro momento importante foi a festa dos 80 anos da APRS, com grande parti- cipação dos sócios. A Associação vem amplian- do a sua força e mostrando o porquê da sua colocação no ranking nacional.” (Dr. Leonardo Rubin, Vice-Coordenador do Departamento de Psicoterapia) Dr. Leonardo Rubin Vice-coordenador do Deptº de Psicoterapia 90 Atividades Científicas 17 Cursos 8 Simpósio: 4 Workshop 2 Fórum 57 Palestras 3 Ciclo de Avanços 1 Congresso 3.925 Participantes 2.626 Presencias 1.299 EAD
  • 18. 18 Dr. Giovanni Abrahão Salum Junior e Dr. Rodrigo Grassi Oliveira / Editores T rends in Psychiatry and Psychotherapy é uma revista multidisciplinar que publica trabalhos de pesquisa e visões oficiais, fo- cando na interação entre pesquisa clínica e ex- perimental no campo da psiquiatria e da saúde mental. A revista prioriza artigos que auxiliem a traduzir descobertas fundamentais da pesqui- sa básica para a realidade da prática clínica em saúde mental, incluindo artigos sobre processos psicológicos e comportamento, neuropsicologia, psicofarmacologia, neurociência clínica, psicote- rapia e outras áreas de relevância da psicopato- logia e da psiquiatria. Trends in Psychiatry and Psychotherapy busca publicar pesquisa atual e original cobrindo o amplo espectro da clínica em saúde mental e da ciência básica produzida por especialistas nacionais e internacionais. A Trends foi agraciada com verba para publica- ção científica pela CAPES-CNPQ em 2017. Indexada às principais plataformas de publicação científica da América Latina e internacionais: BIOSIS Publisher of Biological Abstracts and Zoological Record; LILACS - Index Medicus La- tino-Americano; PsycINFO - American Psycho- logical Association; Embase; Scopus; Latindex; Redalyc; EBSCO e MEDLINE. Submissão de artigos - http://mc04.manuscript- central.com/trends-scielo Acesso aos periódicos - http://www.scielo.br/trends Inovadora “O último triênio da APRS foi rico em ativida- des inovadoras e criação de novos projetos. Fazendo uma retrospectiva a partir de 2016, lembro-me do Curso de Neuroimagem, orga- nizado pelo Núcleo de Psiquiatras em Forma- ção, com cerca de 100 inscritos, participantes de vários estados e transmissão EAD. Durante a gestão também foram criadas várias Seccio- nais no interior, com foco em descentralizar a APRS e, assim, congregar os psiquiatras do RS. Outro feito de 2016 foi a formação do Co- mitê de Prevenção ao Suicídio, sendo realiza- das, por exemplo, entrevistas e palestras para a comunidade com o objetivo de prevenção do suicídio. 2017 foi o ano do XIII Congresso Gaúcho de Psiquiatria: uma das ênfases foi em atividades práticas para mudanças no estilo de vida, aspecto essencial para a Saúde Mental. Cito como exemplos o Psiquiatras em Movi- mento, com a realização de corridas pelo Vale dos Vinhedos, e a oficina de culinária, com foco no espaço simbólico da cozinha relacionado aos vínculos e ao comer com atenção plena no presente. Ainda sobre o Congresso, ele foi ino- vador. A APRS Inclusiva se propôs a reflexão sobre temas contemporâneos, como as migra- ções, a situação dos moradores de rua, o mo- mento de voz ao LGBTT – com a apresentação de uma cantora transgênero – e uma palestra sobre voluntariado na Tanzânia. Desde o início da gestão, tivemos pelo menos 1755 inscritos em atividades cientificas, 622 inscritos na mo- dalidade EAD, uma atividade a cada três dias, 204 palestrantes convidados e 100 novos só- cios em 12 meses. Outro dado importante do triênio foi a criação do projeto Naic, no qual o aval do psiquiatra passou a ser suficiente para a internação compulsória. Ademais, novas parcerias foram feitas: HPSP, SPPA e SBPde- PA. Sem sombra de dúvidas, foram anos de trabalho árduo e dedicação, mas também de muito aprendizado e convívio entre os colegas. São 80 anos de APRS, 30 anos de Núcleo de Psiquiatras em Formação e 50 anos de vínculo com a WPA. Parabéns a esta gestão por nos propiciar estes momentos!” Dra. Mariana Paim Santos Secretária do Núcleo de Psiquiatras em Formação da APRS e Secretária do Early Career Psychiatrists Section da WPA rendsin Psychiatry and Psychotherapy T 18
  • 19. União “O mais marcante para mim foi a união que a Diretoria conseguiu com os sócios. A APRS se tornou sinônimo de identidade e de confra- ternização entre os psiquiatras do Rio Grande do Sul. Os eventos, cursos e o congresso rea- lizados nestes três anos agregaram, além de ciência do mais alto nível científico, valores éticos, de igualdade e respeito. No Departa- mento de Psiquiatria da Infância e Adoles- cência, do qual eu sou coordenadora, tive- mos liberdade para inovar. Criamos um novo conceito, levando ao público leigo informação da mais alta qualidade sobre os temas mais atuais e relevantes para a nossa sociedade. Conseguimos abranger temas da atualidade, tais como suicídio, bullying e depressão em crianças e adolescentes, junto a psiquiatras, psicólogos, professores e público em geral.” Dra. Silzá Tramontina Coordenadora do Departamento de Psiquiatria da Infância e Adolescência O Instituto Psiquiátrico Forense (IPF), fun- dado em 4 de outubro de 1925, completou 93 anos! O segundo hospital de custódia e tratamento instalado no Brasil, quatro anos depois do seu congênere no Rio de Janeiro, decorreu da preocupação em melhor atender o doente mental que, por razão de enfermidade, pratica delitos. Nestes anos, o IPF realizou dezenas de milha- res de perícias psiquiátricas no Rio Grande do Sul, auxiliando o Poder Judiciário quando há a suspeita de que o ilícito decorre de doença ou perturbação da saúde mental: os juízes, quando suspeitam desta possibilidade, solicitam ao hos- pital um esclarecimento especializado, conforme demonstrado em trabalhos científicos, entre eles o conduzido por Telles. Além disso, o hospital atendeu (em caráter de internação ou em ambulatório) milhares de en- fermos que, após julgamento pelo Judiciário, re- ceberam decreto de medida de segurança por in- capacidade de entender e/ou determinar-se por motivo de doença mental e que necessitavam de tratamento médico psiquiátrico sob custódia. Não é raro que os portadores de transtornos da mente tenham reduzidas suas capacidades para se cuidar. Portanto, esse atendimento é funda- mental para sua melhora, conforme evidenciado em trabalhos científicos, como, por exemplo, o de Menezes. Os resultados das assistências do IPF, mensura- dos em um follow-up de 10 anos conduzido por Teitelbaum, evidenciaram que 68% dos internos não reincidiram após a alta, identificando a im- portante e valiosa capacidade resolutiva do tra- tamento. Esta amostra permite a generalização, visto que o percentual é semelhante ao obtido por outros hospitais psiquiátricos judiciários es- palhados pelo mundo. O IPF e seus 93 anos Dr. Rogério Göttert Cardoso ESPAÇO DO SÓCIO A difícil situação financeira do Estado, responsá- vel pelo IPF, torna imprescindível reavaliar seu financiamento, pois o tratamento reabilitador precisa ser realizado através de profissionais capacitados, instalações adequadas e pesquisa científica. Afinal, 93 anos se passaram, mas suas finalidades continuam atuais. 19
  • 20. D R O P S Seleção de artigos científicos recentes DROPS Association of secondary preventive cardiovascular treatment after myocardial infarction with mortality among patients with schizophrenia Kugathasan et al – JAMA Psychiatry – Outubro/2018 Embora pacientes com esquizofrenia tenham taxas mais elevadas do que o resto da população quanto a mor- bidade e mortalidade cardiovascular, nenhum estudo investigou se a adesão ao tratamento farmacológico cardioprotetor (antitrombóticos, betabloqueadores, ini- bidores da ECA e estatinas, entre outros) pode reduzir o excesso de mortalidade. Essa coorte realizada na Di- namarca, portanto, incluiu mais de 105 mil indivíduos internados por infarto agudo do miocárdio. Nesse grupo, havia quase 700 pacientes com diagnóstico de esquizo- frenia. No seguimento efetuado, as taxas mais altas de mortalidade foram encontradas no grupo de pacientes com esquizofrenia que não receberam tratamento car- dioprotetor. No grupo de pacientes com esquizofrenia adequadamente tratados para sua doença cardiovascu- lar, as taxas de mortalidade foram equivalentes às da população em geral. Os resultados do estudo, portanto, sugerem que a mortalidade cardiovascular entre pa- cientes com esquizofrenia pode ser, ao menos em par- te, reduzida caso esses pacientes recebam tratamentos preventivos secundários após eventos cardiovasculares. Assim, fica ressaltada a importância da atenção à saú- de geral dos pacientes psiquiátricos – especialmente os psicóticos, os quais constituem uma população negli- genciada em termos de cuidados à saúde. 1 Comparative efficacy and tolerability of medications for attention-deficit hyperactivity disorder in children, adolescents, and adults: a systematic review and network meta-analysis Cortese S et al – Lancet Psychiatry – Setembro/2018 Tendo em vista que os benefícios e a segurança das medicações para TDAH se mantêm controversos e que as diretrizes são inconsistentes em relação a quais medicações são as preferenciais entre diferen- tes faixas etárias, os autores realizaram essa revisão sistemática e metanálise em rede. Foram incluídos 133 ensaios clínicos randomizadas duplo-cegos con- trolados por placebo (81 em crianças e adolescentes, 51 em adultos e 1 incluindo todas as faixas etárias). Os desfechos primários definidos foram eficácia (al- teração de escores sintomáticos em escalas de clí- nicos e professores) e tolerabilidade (proporção de pacientes que abandonaram os estudos devido a efei- tos adversos). Considerando os sintomas de TDAH em crianças e adolescentes avaliados em escalas de clínicos, anfetaminas, metilfenidato e atomoxetina foram superiores a placebo. Já considerando a ava- liação pelas escalas de professores, apenas metilfe- nidato e modafinil foram superiores a placebo. Em adultos, avaliados (por motivos evidentes) apenas através de escalas de clínicos, anfetaminas, metilfe- nidato, bupropiona e atomoxetina foram superiores a placebo. Modafinil não foi superior a placebo. Em relação à tolerabilidade, anfetaminas foram inferiores 2 20
  • 21. Novos sócios Residentes: Ian Favero Nathasje, Marcelo Simi, Czykiel, Gustavo de Aguiar Costa Cesar, Kely Cavassola, André Ganzales Real, Tauana Zilles Schseffer, Calara Rohrsetzer Sfoggia, Andriara Cassuli, Juliane Bombardelli, Bruna de Mello, Lauro Estivalete Marchionatti, Babington Rodrigo Sil- va, Bruno Lodi, Francieli Moreira Gonçalves, Renata Silveira Heine, Bruno Mombach Piffero, Nayhany Santos Araujo e Monyse Brito Litrenta. Cultural engagement and cognitive reserve: museum attendance and dementia incidence over a 10-year period Fancourt D et al – British Journal of Psychiatry – Novembro/2018 Com base em teorias de reserva cognitiva, síndrome de desuso e estresse, tem sido sugerido que atividades men- talmente estimulantes, agradáveis e socialmente interati- vas podem ser protetoras em relação ao desenvolvimen- to de quadros demenciais. A partir de dados do English Longitudinal Study of Ageing, esse estudo demonstrou que, para adultos com 50 anos ou mais, a visitação mais frequente a museus esteve associada a menores taxas de incidência de demência durante um período de acom- panhamento de 10 anos em comparação com a visita- 3 Haloperidol and ziprasidone for treatment of delirium in critical illness Girard TD et al – New England Journal of Medicine – Outubro/2018 Em virtude dos dados conflitantes acerca dos efeitos de antipsicóticos em quadros de delírio em pacientes internados em CTI, foi realizado um ensaio clínico ran- domizado duplo-cego controlado por placebo que ava- liou haloperidol (em dose máxima de 20 mg ao dia) e ziprasidona (em dose máxima de 40 mg ao dia). Os indivíduos estudados apresentavam insuficiência res- piratória aguda ou choque e tinham também quadro de delirium hipoativo ou hiperativo. O desfecho pri- mário foi o número de dias de sobrevida sem delirium ou coma durante os 14 dias de intervenção. Desfe- chos secundários incluíam a sobrevivência em 30 e 90 dias, o tempo para saída da ventilação mecânica e o tempo para a alta do CTI e do hospital. Desfechos de segurança, como sintomas extrapiramidais e seda- ção excessiva, também foram avaliados. 566 pacien- tes com delirium foram estudados e, como resultado, não houve diferença entre os grupos do haloperidol, da ziprasidona e do placebo em relação aos desfechos pré-especificados. 4 21 a placebo tanto em crianças e adolescentes como em adultos. Atomoxetina, metilfenidato e modafinil foram menos tolerados do que placebo apenas em adultos. Em comparações head-to-head, ou seja, entre fárma- cos específicos, as únicas diferenças em eficácia fo- ram encontradas no tratamento de TDAH em todas as faixas etárias: anfetaminas foram mais eficazes que modafinil, atomoxetina e metilfenidato. Vale ressal- tar que os achados dizem respeito a efeitos dentro de um prazo de 12 semanas de tratamento, já que não foram encontrados dados suficientes para avaliar seguimentos mais prolongados. Os autores concluem que, levando em consideração eficácia e segurança, as evidências de sua metanálise sustentam o metilfe- nidato como primeira escolha para o tratamento – ao menos em curto prazo – do TDAH em crianças e ado- lescentes, e as anfetaminas para o tratamento – ao menos em curto prazo – do TDAH em adultos. ção menos frequente a museus. Tal associação foi inde- pendente de variáveis demográficas, socioeconômicas e de saúde geral (como deficiência auditiva, depressão e doenças vasculares) e outras formas de envolvimento em comunidade. Assim sendo, a visita a museus represen- ta uma promissora atividade psicossocial para ajudar na prevenção de síndromes demenciais.
  • 22. Síndrome de Clèrambault Dra. Elisa Boéssio drome de emoções patológicas que segue uma evolução ordenada, passando pelos estágios de esperança, despeito e rancor. Segundo Clérem- bault, esta evolução é invariável, tendo o rancor como a fase mais importante e que mais bem ca- racteriza toda a síndrome (e não o amor). Depois de atingido o estágio de rancor, após repetidas rejeições que sofre, não é incomum o paciente exercer retaliações contra seu objeto de amor ou contra terceiros. A classificação da síndrome de Clérembault encaixa-se como um tipo especial de Transtor- no Delirante Persistente (CID-10 F22.0), cate- goria que reúne transtornos caracterizados pela presença de ideias delirantes persistentes e que não podem ser classificados entre os transtornos orgânicos, esquizofrênicos ou afetivos. O tratamento disponível baseia-se principalmen- te no uso de neurolépticos, embora seus efeitos sejam modestos, com pouca ação sobre o núcleo delirante. A ação dos medicamentos serve mui- to mais para diminuir a intensidade dos delírios e das ideias de referência que os acompanham, sendo que a minoria dos pacientes alcança remis- são completa dos sintomas. Clérembault, Kraepelin e quase todos os auto- res modernos têm ressaltado a persistência dos delírios eróticos apesar das confrontações com a realidade. A erotomania é uma doença crônica, relativamente refratária ao tratamento, tanto far- macológico quanto psicoterápico, quem sabe evi- denciando-nos a estreita relação entre duas for- ças tão poderosas: o amor e a loucura. Elisa Boéssio é médica formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 2009 e psiquiatra com especialização pela Fundação Universitária Mário Martins em 2014. Nas últimas edições do Jornal da APRS, foi responsável pelos textos da seção de Síndromes Psiquiátricas Raras. SÍNDROMES RARAS O desejo de amar e ser amado é tão antigo e natural quanto respirar. Gera ilusões ne- cessárias pra fermentar uma relação, fo- menta ansiedades e expectativas, um anseio pela reciprocidade do sentimento. Tamanha é a impor- tância do amor na vida de cada indivíduo (e, na vida adulta, particularmente o amor erótico) que não é de se estranhar que ele seja o tema de delí- rios, patologias e síndromes, como na síndrome de Clérembault. A síndrome de Clérembault, ou erotomania, apresenta-se como uma convicção deliran- te por parte do paciente (geralmente feminino) de que alguém de posição social mais elevada o ama. Gaëtan Gatian de Clérembault, um psiquia- tra francês responsável por descrever cinco casos de erotomania em 1921, sugeriu que os delírios erotomaníacos se desenvolveriam devido à falta de uma real aprovação sexual como meio de sa- tisfazer essa demanda, provendo o paciente de uma gratificação narcísica que a realidade, até então, não haveria proporcionado. Apesar de fatores psicodinâmicos, como a pri- vação sexual, serem importantes no desenvolvi- mento dessa condição, fatores orgânicos de sua etiologia continuam sendo investigados. Testes neurofisiológicos sugerem que a síndrome de Clé- rembault pode estar associada a déficits na flexi- bilidade cognitiva e na leitura associativa, media- das pelo sistema frontal subcortical, e a déficits nas habilidades verbal e de visão espacial. Ao tratar de descrever as características clínicas da síndrome, Clérembault a citou como uma sín- 22
  • 23.
  • 24. De novo, em Bento Gonçalves, vamos fazer um grande Congresso 21 a 24 de Agosto de 2019 Save the Date XIV Congresso Gaúcho de Psiquiatria Vínculos&SaúdeMental Dall’Onder Grande Hotel Bento Gonçalves/RS