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TEMA: "Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil"
ENEM 2022 – Redação nota 1000
Gabriel Salva
"Exu matou um pássaro ontem com uma pedra que só jogou hoje". Esse ditado da cultura iorubá
- povo afro-brasileiro é citado pelo rapper Emicida em seu documentário "Amarelo: é tudo pra ontem",
no qual o artista discute sobre a influência que o presente pode exercer sobre o passado. No filme, é
exposta a importância que os povos e as comunidades tradicionais têm na constituição identitária do
Brasil, apesar de serem, muitas vezes, esquecidos na atualidade. Por conseguinte, é nítida a urgência
de analisar os desafios para a valorização dessas culturas: o rastro sangrento da Colonização e a
tentativa de apagar os saberes ancestrais do país.
Em primeiro lugar, é necessário que se fale das chagas deixadas pela violenta invasão
europeia. No romance "As doenças do Brasil", o autor Valter Hugo Mãe situa sua narrativa no cenário
histórico brasileiro do século XVI, apresentando o povo nativo abaeté, que convive harmonicamente
com a natureza em um cotidiano cujas bases são a pesca, as músicas e a religião. Entretanto, essa
noção de equilíbrio é abalada com a chegada de colonizadores portugueses - chamados de "feras
brancas" pela comunidade local, pois são extremamente agressivos. Assim como na realidade do
processo colonial, os estrangeiros utilizam armas de fogo, queimam florestas e destroem locais
sagrados dos autóctones, deixando marcas indeléveis na cultura dessas pessoas. Logo, para que os
povos originários sejam valorizados, é essencial que as consequências desses atos sejam revisitadas
e criticadas.
Em segundo lugar, deve-se entender que os ricos saberes de indígenas, quilombolas,
ribeirinhos e diversos outros grupos minoritários da cultura brasileira estão sendo invisibilizados. Como
exemplo disso, há a obra "Ideias para adiar o fim do mundo", na qual o ambientalista Ailton Krenak
critica a lógica exploratória da sociedade ocidental, que trata as filosofias ancestrais como obsoletas.
De acordo com Krenak - que é, ele mesmo, uma importante liderança política dos nativos brasileiros,
os conhecimentos de sua etnia poderiam ajudar a salvar o planeta, uma vez que prezam pelo respeito
ao meio natural e tratam a terra como dádiva que deve ser preservada; por outro lado, a ideologia
capitalista explora o ambiente para obter lucro, estabelecendo um modo de vida insustentável que
gera extinções de espécies e catástrofes climáticas. Dessa forma, torna-se imprescindível que os
valores socioambientais sejam recuperados para a proteção da nação tupini-quim.
Portanto, é crucial saber que, da mesma maneira que a sabedoria iorubá ensina, o passado
influencia o presente, e as lutas dos dias atuais têm o poder de consertar as injustiças históricas. Por
conta disso, o Ministério da Educação deve implementar, no currículo do ensino básico, a disciplina
de "Estudos sobre as comunidades tradicionais do Brasil". Por meio de aulas ministradas por
representantes desses povos, objetiva-se que os jovens conheçam as histórias e as filosofias
brasileiras. A partir dessa mudança, espera se que a identidade nacional seja ressignificada, de forma
que as culturas e a natureza sejam preservadas.
TEMA: "Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil"
ENEM 2021 – Redação nota 1000
Fernanda Quaresma
Em “Vidas secas”, obra literária do modernista Graciliano Ramos, Fabiano e sua família vivem
uma situação degradante marcada pela miséria. Na trama, os filhos do protagonista não recebem
nomes, sendo chamados apenas como o “mais velho” e o “mais novo”, recurso usado pelo autor para
evidenciar a desumanização do indivíduo. Ao sair da ficção, sem desconsiderar o contexto histórico
da obra, nota-se que a problemática apresentada ainda percorre a atualidade: a não garantia de
cidadania pela invisibilidade da falta de registro civil. A partir desse contexto, não se pode hesitar – é
imprescindível compreender os impactos gerados pela falta de identificação oficial da população.
Com efeito, é nítido que o deficitário registro civil repercute, sem dúvida, na persistente falta de
pertencimento como cidadão brasileiro. Isso acontece, porque, como já estudado pelo historiador José
Murilo de Carvalho, para que haja uma cidadania completa no Brasil é necessária a coexistência dos
direitos sociais, políticos e civis. Sob essa ótica, percebe-se que, quando o pilar civil não é garantido
– em outras palavras, a não efetivação do direito devido à falta do registro em cartório –, não é possível
fazer com que a cidadania seja alcançada na sociedade. Dessa forma, da mesma maneira que o “mais
novo” e o “mais velho” de Graciliano Ramos, quase 3 milhões de brasileiros continuam por ser
invisibilizados: sem nome oficial, sem reconhecimento pelo Estado e, por fim, sem a dignidade de um
cidadão.
Além disso, a falta do sentimento de cidadania na população não registrada reflete, também, na
manutenção de uma sociedade historicamente excludente. Tal questão ocorre, pois, de acordo com a
análise da antropóloga brasileira Lilia Schwarcz, desde a Independência do Brasil, não há a formação
de um ideal de coletividade – ou seja, de uma “Nação” ao invés de, meramente, um “Estado”. Com
isso, o caráter de desigualdade social e exclusão do diferente se mantém, sobretudo, no que diz
respeito às pessoas que não tiveram acesso ao registro oficial, as quais, frequentemente, são
obrigadas a lidar com situações humilhantes por parte do restante da sociedade: das mais diversas
discriminações até o fato de não poderem ter qualquer outro documento se, antes, não tiverem sua
identificação oficial.
Portanto, ao entender que a falta de cidadania gerada pela invisibilidade do não registro está
diretamente ligada à exclusão social, é tempo de combater esse grave problema. Assim, cabe ao
Poder Executivo Federal, mais especificamente o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos
Humanos, ampliar o acesso aos cartórios de registro civil. Tal ação deverá ocorrer por meio da
implantação de um Projeto Nacional de Incentivo à Identidade Civil, o qual irá articular, junto aos
gestores dos municípios brasileiros, campanhas, divulgadas pela mídia socialmente engajada, que
expliquem sobre a importância do registro oficial para garantia da cidadania, além de instruções para
realizar o processo, a fim de mitigar as desigualdades geradas pela falta dessa documentação. Afinal,
assim como os meninos em “Vidas secas”, toda a população merece ter a garantia e o reconhecimento
do seu nome e identidade.
TEMA: "Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil"
Enem 2021 – Redação nota 1000
Giovana Gamba Dias
Em sua obra “Os Retirantes”, o artista expressionista Cândido Portinari faz uma denúncia à
condição de desigualdade compartilhada por milhões de brasileiros, os quais, vulneráveis
socioeconomicamente, são invisibilizados enquanto cidadãos. A crítica de Portinari continua válida nos
dias atuais, mesmo décadas após a pintura ter sido feita, como se pode notar a partir do alto índice de
brasileiros que não possuem registro civil de nascimento, fator que os invisibiliza. Com base nesse
viés, é fundamental discutir a principal razão para a posse do documento promover a cidadania, bem
como o principal entrave que impede que tantas pessoas não se registrem.
Com efeito, nota-se que a importância da certidão de nascimento para a garantia da cidadania
se relaciona à sua capacidade de proporcionar um sentimento de pertencimento. Tal situação ocorre,
porque, desde a formação do país, esse sentimento é escasso entre a população, visto que, desde
1500, os países desenvolvidos se articularam para usufruir ao máximo do que a colônia tinha a
oferecer, visão ao lucro a todo custo, sem se preocupar com a população que nela vivia ou com o
desenvolvimento interno do país. Logo, assim como estudado pelo historiador Caio Prado Júnior,
formou-se um Estado de bases frágeis, resultando em uma falta de um sentimento de identificação
como brasileiro. Desse modo, a posse de documentos, como a certidão de nascimento, funcione como
uma espécie de âncora para uma população com escasso sentimento de pertencimento, sendo
identificada como uma prova legal da sua condição enquanto cidadãos brasileiros.
Ademais, percebe-se que o principal entrave que impede que tantas pessoas no Brasil não se
registrem é o perfil da educação brasileira, a qual tem como objetivo formar a população apenas como
mão de obra. Isso acontece, porque, assim como teorizado pelo economista José Murilo de Carvalho,
observa-se a formação de uma “cidadania operária”, na qual a população mais vulnerável
socioeconomicamente não é estimulada a desenvolver um pensamento crítico e é idealizada para ser
explorada.
Nota-se, então, que, devido a essa disfunção no sistema educacional, essas pessoas não
conhecem seus direitos como cidadãos, como o direito de possuir um documento de registro civil.
Assim, a partir dessa educação falha, forme-se um ciclo de desigualdade, observada no fato de o país
ocupar o 9º lugar entre os países mais desiguais do mundo, segundo o IBGE, já que, assim como
afirmado pelo sociólogo Florestan Fernandes, uma nação com acesso a uma educação de qualidade
não sujeitaria seu povo a condições de precária cidadania, como a observada a partir do alto número
de pessoas sem registro no país.
Portanto, observa-se que a questão do alto índice de pessoas no Brasil sem certidão de nascimento
deve ser resolvida. Para isso, é necessário que o Ministério da Educação reforce políticas de instrução
da população acerca dos seus direitos. Tal ação deve ocorrer por meio da criação de um Projeto
Nacional de Acesso à Certidão, a qual irá promover, nas escolas públicas de todos os 5570 municípios
brasileiros, debates acerca da importância do documento de registro civil para a preservação da
cidadania, os quais irão acontecer tanto extracurricularmente quanto nas aulas de sociologia. Isso
deve ocorrer, a fim de formar brasileiros que, cientes dos seus direitos, podem mudar o atual cenário
de precária cidadania e desigualdade.
TEMA: "O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”
ENEM 2020 – Redação nota 1000
Raíssa Picolli Fontoura
De acordo com o filósofo Platão, a associação entre saúde física e mental seria imprescindível
para a manutenção da integridade humana. Nesse contexto, elucida-se a necessidade de maior
atenção ao aspecto psicológico, o qual, além de estar suscetível a doenças, também é alvo de
estigmatização na sociedade brasileira. Tal discriminação é configurada a partir da carência
informacional concatenada à idealização da vida nas redes sociais, o que gera a falta de suporte aos
necessitados. Isso mostra que esse revés deve ser solucionado urgentemente.
Sob essa análise, é necessário salientar que fatores relevantes são combinados na estruturação
dessa problemática. Dentre eles, destaca-se a ausência de informações precisas e contundentes a
respeito das doenças mentais, as quais, muitas vezes, são tratadas com descaso e desrespeito. Essa
falta de subsídio informacional é grave, visto que impede que uma grande parcela da população
brasileira conheça a seriedade das patologias psicológicas, sendo capaz de comprometer a realização
de tratamentos adequados, a redução do sofrimento do paciente e a sua capacidade de recuperação.
Somada a isso, a veiculação virtual de uma vida idealizada também contribui para a construção dessa
caótica conjuntura, pois é responsável pela crença equivocada de que a existência humana pode ser
feita, isto é, livre de obstáculos e transtornos. Esse entendimento falho da realidade fez com que os
indivíduos que não se encaixem nos padrões difundidos, em especial no que concerne à saúde mental,
sejam vítimas de preconceito e exclusão. Evidencia-se, então, que a carência de conhecimento
associado à irrealidade digitalmente disseminada arquitetam esse lastimável panorama.
Consequentemente, tais motivadores geram incontestáveis e sérios efeitos na vida dos
indivíduos que sofrem de algum gênero de doença mental. Tendo isso em vista, o acolhimento
insuficiente e a falta de tratamento são preocupantes, uma vez que os acometidos precisam de
compreensão, respeito e apoio para disporem de mais energia e motivação no enfrentamento dessa
situação, além de acompanhamento médico e psicológico também ser essencial para que a pessoa
entenda seus sentimentos e organize suas estruturas psicológicas de uma forma mais salutar e
emancipadora. O filme “Toc toc” retrata precisamente o processo de cura de um grupo de amigos que
são diagnosticados com transtornos de ordem psicológica, revelando que o carinho fraternal e o
entendimento mútuo são ferramentas fundamentais no desenvolvimento integral da saúde. Mostra-se,
assim, que a estigmatização de doentes mentais produz a escassez de elementos primordiais para
que eles possam ser tratados e curados.
Urge, portanto, que o Ministério da Saúde crie uma plataforma, por meio de recursos digitais,
que contenha informações a respeito das doenças mentais e que proponha comportamentos e atitudes
adequadas a serem adotados durante uma interação com uma pessoa que esteja com alguma
patologia do gênero, além de divulgar os sinais mais frequentes relacionados à ausência de saúde
psicológica. Essa medida promoverá uma maior rede informacional e propiciará um maior apoio aos
necessitados. Ademais, também cabe à sociedade e a mídia elaborar campanhas que preguem a
contrariedade ao preconceito no que tange os doentes dessa natureza, o que pode ser efetivado
através de mobilizações em redes sociais e por intermédio de programas televisivos com viés
informativo. Tal iniciativa é capaz de engajar a população brasileira no combate a esse tipo de
discriminação. Com isso, a ideia platônica será convertida em realidade no Brasil.
TEMA: "O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira”
ENEM 2020 – Redação nota 1000
Adrielly Clara Enriques Dias
No filme estadunidense “Joker”, estrelado por Joaquin Phoenix, é retratado a vida de Arthur Fleck,
um homem que, em virtude de sua doença mental, é esquecido e discriminado pela sociedade,
acarretando, inclusive, piora no seu quadro clínico. Assim como na obra cinematográfica abordada,
observa-se que, na conjuntura brasileira contemporânea, devido a conceitos preconceituosos perpetuados
ao longo da história humana, há um estigma relacionado aos transtornos mentais, uma vez que os
indivíduos que sofrem dessas condições são marginalizados. Ademais, é precisa salientar, ainda, que a
sociedade atual carece de informações a respeito de tal assunto, o que gera um estranhamento em torno
da questão.
Em primeiro lugar, faz-se necessário mencionar o período da Idade Média, na Europa, em que os
doentes mentais eram vistos como seres demoníacos, já que, naquela época, não havia estudos acerca
dessa temática e, consequentemente, ideias absurdas eram disseminadas como verdades. É perceptível,
então, que exista uma raiz histórica para o estigma atual vivenciado por pessoas que têm transtornos
mentais, ocasionando um intenso preconceito e exclusão. Outrossim, não se pode esquecer que, graças
aos fatos supracitados, tais indivíduos recebem rótulos mentirosos como, por exemplo, o estereótipo de
que todos que possuem problema psicológicos são incapazes de manter relacionamentos saudáveis, ou
seja, não conseguem interagir com outros seres humanos de forma plena. Fica claro, que as doenças
mentais são tratadas de forma equivocada, ferindo a dignidade de toda a população.
Em segundo lugar, ressalta-se que há, no Brasil, uma evidente falta de informações sobre os
transtornos mentais, fomentando grande preconceito estranhamento com essas doenças. Nesse sentido,
é lícito referenciar o filósofo grego Platão, que em sua obra “A República”, narrou o intitulado “Mito da
Caverna”, no qual homens, acorrentados em uma caverna, viam somente sombras na parede, acreditando,
portanto, que aquilo era a realidade das coisas. Dessa forma, é notório, que, em situação análoga à
metáfora abordada, os brasileiros, sem acesso aos conhecimentos acerca dos transtornos mentais, vivem
na escuridão, isto é, ignorância disseminando atitudes preconceituosas. Logo, é evidente a grande
importância das informações, haja vista que a falta delas aumenta o estigma relacionado às doenças
mentais, prejudicando a qualidade de vida das pessoas que sofrem com tais transtornos.
Destarte, medidas são necessárias para resolver os problemas discutidos. Isto posto, cabe à escola,
forte ferramenta de formação de opinião, realizar rodas de conversa com os alunos sobre a problemática
do preconceito com os transtornos mentais, além de trazer informações científicas sobre tal questão. Essa
ação pode se concretizar por meio da atuação de psiquiatras e professores de sociologia, estes irão
desconstruir a visão discriminatória dos estudantes, enquanto que aqueles irão mostrar dados/informações
relevantes sobre as doenças psiquiátricas. Espera-se, com essa medida, que o estigma associado às
doenças mentais seja paulatinamente erradicado.
TEMA: "Democratização do acesso ao cinema no Brasil"
ENEM 2019 – Redação nota 1000
Ana Clara Socha
"Embora a Constituição Federal de 1988 assegure o acesso à cultura como direito de todos os
cidadãos, percebe-se que, na atual realidade brasileira, não há o cumprimento dessa garantia,
principalmente no que diz respeito ao cinema. Isso acontece devido à concentração de salas de
cinema nos grandes centros urbanos e à condição cultural de que a arte é direcionada aos mais
favorecidos economicamente.
É relevante abordar, primeiramente, que as cidades brasileiras foram construídas sob um viés
elitista e segregacionista, de modo que os centros culturais estão, em sua maioria, restritos ao espaço
ocupado pelos detentores do poder econômico. Essa dinâmica não foi diferente com a chegada do
cinema, já que apenas 17% da população do país frequenta os centros culturais em questão. Nesse
sentido, observa-se que a segregação social — evidenciada como uma característica da sociedade
brasileira, por Sérgio Buarque de Holanda, no livro "Raízes do Brasil" — se faz presente até os dias
atuais, por privar a população das periferias do acesso à cultura e ao lazer que são proporcionados
pelo cinema.
Paralelo a isso, vale também ressaltar que a concepção cultural de que a arte não abrange a
população de baixa renda é um fator limitante para que haja a democratização plena da cultura e,
portanto, do cinema. Isso é retratado no livro "Quarto de Despejo", de Carolina Maria de Jesus, o qual
ilustra o triste cotidiano que uma família em condição de miserabilidade vive, e, assim, mostra como
acesso a centros culturais é uma perspectiva distante de sua realidade, não necessariamente pela
distância física, mas pela ideia de pertencimento a esses espaços.
Dessa forma, pode-se perceber que o debate acerca da democratização do cinema é
imprescindível para a construção de uma sociedade mais igualitária. Nessa lógica, é imperativo que
Ministério da Economia destine verbas para a construção de salas de cinema, de baixo custo ou
gratuitas, nas periferias brasileiras por meio da inclusão de seu objetivo na base de Diretrizes
Orçamentárias, com o intuito de democratizar o acesso à arte. Além disso, cabe às instituições de
ensino promover passeios aos cinemas locais, desde o início da vida escolar das crianças, mediante
autorização e contribuição dos responsáveis, a fim de desconstruir a ideia de elitização da cultura,
sobretudo em regiões carentes. Feito isso, a sociedade brasileira poderá caminhar para completude
da democracia no âmbito cultural."
TEMA: "Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet"
ENEM 2018 – Redação nota 1000
Lucas Felpi
No livro “1984” de George Orwell, é retratado um futuro distópico em que um Estado totalitário
controla e manipula toda forma de registro histórico e contemporâneo, a fim de moldar a opinião pública
a favor dos governantes. Nesse sentido, a narrativa foca na trajetória de Winston, um funcionário do
contraditório Ministério da Verdade que diariamente analisa e altera notícias e conteúdos midiáticos
para favorecer a imagem do Partido e formar a população através de tal ótica. Fora da ficção, é fato
que a realidade apresentada por Orwell pode ser relacionada ao mundo cibernético do século XXI:
gradativamente, os algoritmos e sistemas de inteligência artificial corroboram para a restrição de
informações disponíveis e para a influência comportamental do público, preso em uma grande bolha
sociocultural.
Em primeiro lugar, é importante destacar que, em função das novas tecnologias, internautas
são cada vez mais expostos a uma gama limitada de dados e conteúdos na internet, consequência do
desenvolvimento de mecanismos filtradores de informação a partir do uso diário individual. De acordo
com o filósofo Zygmund Baüman, vive-se atualmente um período de liberdade ilusória, já que o mundo
digitalizado não só possibilitou novas formas de interação com o conhecimento, mas também abriu
portas para a manipulação e alienação vistas em “1984”. Assim, os usuários são inconscientemente
analisados e lhes é apresentado apenas o mais atrativo para o consumo pessoal.
Por conseguinte, presencia-se um forte poder de influência desses algoritmos no
comportamento da coletividade cibernética: ao observar somente o que lhe interessa e o que foi
escolhido para ele, o indivíduo tende a continuar consumindo as mesmas coisas e fechar os olhos
para a diversidade de opções disponíveis. Em um episódio da série televisiva Black Mirror, por
exemplo, um aplicativo pareava pessoas para relacionamentos com base em estatísticas e restringia
as possibilidades para apenas as que a máquina indicava – tornando o usuário passivo na escolha.
Paralelamente, esse é o objetivo da indústria cultural para os pensadores da Escola de Frankfurt:
produzir conteúdos a partir do padrão de gosto do público, para direcioná-lo, torná-lo homogêneo e,
logo, facilmente atingível.
Portanto, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Para a
conscientização da população brasileira a respeito do problema, urge que o Ministério de Educação e
Cultura (MEC) crie, por meio de verbas governamentais, campanhas publicitárias nas redes sociais
que detalhem o funcionamento dos algoritmos inteligentes nessas ferramentas e advirtam os
internautas do perigo da alienação, sugerindo ao interlocutor criar o hábito de buscar informações de
fontes variadas e manter em mente o filtro a que ele é submetido. Somente assim, será possível
combater a passividade de muitos dos que utilizam a internet no país e, ademais, estourar a bolha
que, da mesma forma que o Ministério da Verdade construiu em Winston de “1984”, as novas
tecnologias estão construindo nos cidadãos do século XXI.
TEMA: "Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil"
ENEM 2017 – Redação nota 1000
Isabella Barros Castelo Branco
Na obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o realista Machado de Assis expõe, por meio da
repulsa do personagem principal em relação à deficiência física (ela era “coxa), a maneira como a
sociedade brasileira trata os deficientes. Atualmente, mesmo após avanços nos direitos desses
cidadãos, a situação de exclusão e preconceito permanece e se reflete na precária condição da
educação ofertada aos surdos no País, a qual é responsável pela dificuldade de inserção social desse
grupo, especialmente no ramo laboral.
Convém ressaltar, a princípio, que a má formação socioeducacional do brasileiro é um fator
determinante para a permanência da precariedade da educação para deficientes auditivos no País,
uma vez que os governantes respondem aos anseios sociais e grande parte da população não exige
uma educação inclusiva por não necessitar dela. Isso, consoante ao pensamento de A. Schopenhauer
de que os limites do campo da visão de uma pessoa determinam seu entendimento a respeito do
mundo que a cerca, ocorre porque a educação básica é deficitária e pouco prepara cidadãos no que
tange ao respeito às diferenças. Tal fato se reflete nos ínfimos investimentos governamentais em
capacitação profissional e em melhor estrutura física, medidas que tornariam o ambiente escolar mais
inclusivo para os surdos.
Em consequência disso, os deficientes auditivos encontram inúmeras dificuldades em variados
âmbitos de suas vidas. Um exemplo disso é a difícil inserção dos surdos no mercado de trabalho,
devido à precária educação recebida por eles e ao preconceito intrínseco à sociedade brasileira. Essa
conjuntura, de acordo com as ideias do contratualista John Locke, configura-se uma violação do
“contrato social”, já que o Estado não cumpre sua função de garantir que tais cidadãos gozem de
direitos imprescindíveis (como direito à educação de qualidade) para a manutenção da igualdade entre
os membros da sociedade, o que expõe os surdos a uma condição de ainda maior exclusão e
desrespeito.
Diante dos fatos supracitados, faz-se necessário que a Escola promova a formação de cidadãos
que respeitem às diferenças e valorizem a inclusão, por intermédio de palestras, debates e trabalhos
em grupo, que envolvam a família, a respeito desse tema, visando a ampliar o contato entre a
comunidade escolar e as várias formas de deficiência. Além disso, é imprescindível que o Poder
Público destine maiores investimentos à capacitação de profissionais da educação especializados no
ensino inclusivo e às melhorias estruturais nas escolas, com o objetivo de oferecer aos surdos uma
formação mais eficaz. Ademais, cabe também ao Estado incentivar a contratação de deficientes por
empresas privadas, por meio de subsídios e Parcerias Público-Privadas, objetivando a ampliar a
participação desse grupo social no mercado de trabalho. Dessa forma, será possível reverter um
passado de preconceito e exclusão, narrado por Machado de Assis e ofertar condições de educação
mais justas a esses cidadãos
TEMA: "Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”
ENEM 2016 – Redação nota 1000
Marcela Sousa Araújo
No meio do caminho tinha uma pedra
No limiar do século XXI, a intolerância religiosa é um dos principais problemas que o Brasil foi
convidado a administrar, combater e resolver. Por um lado, o país é laico e defende a liberdade ao culto e
à crença religiosa. Por outros, as minorias que se distanciam do convencional se afundam em abismos
cada vez mais profundos, cavados diariamente por opressores intolerantes.
O Brasil é um país de diversas faces, etnias e crenças e defende em sua Constituição Federal o direito
irrestrito à liberdade religiosa. Nesse cenário, tomando como base a legislação e acreditando na laicidade
do Estado, as manifestações religiosas e a dissseminação de ideologias fora do padrão não são bem
aceitas por fundamentalistas. Assim, o que deveria caracterizar os diversos “Brasis” dentro da mesma
nação é motivo de preocupação.
Paradoxalmente ao Estado laico, muitos ainda confundem liberdade de expressão com crimes
inafiançáveis. Segundo dados do Instituto de Pesquisa da USP, a cada mês são registrados pelo menos
10 denúncias de intolerância religiosa e destas 15% envolvem violência física, sendo as principais vítimas
fieis afro-brasileiros. Partindo dessa verdade, o então direito assegurado pela Constituição e reafirmado
pela Secretaria dos Direitos Humanos é amputado e o abismo entre oprimidos e opressores torna-se,
portanto, maior.
Parafraseando o sociólogo Zygmun Bauman, enquanto houver quem alimente a intolerância
religiosa, haverá quem defenda a discriminação. Tomando como norte a máxima do autor, para combater
a intolerância religiosa no Brasil são necessárias alternativas concretas que tenham como protagonistas a
tríade Estado, escola e mídia.
O Estado, por seu caráter socializante e abarcativo deverá promover políticas públicas que visem
garantir uma maior autonomia religiosa e através dos 3 poderes deverá garantir, efetivamente, a liberdade
de culto e proteção; a escola, formadora de caráter, deverá incluir matérias como religião em todos os anos
da vida escolar; a mídia, quarto poder, deverá veicular campanhas de diversidade religiosa e respeito às
diferenças. Somente assim, tirando as pedras do meio do caminho, construir-se-á um Brasil mais tolerante.
TEMA: "A Persistência da Violência contra a Mulher na Sociedade Brasileira"
ENEM 2015 – Redação nota 1000
Isadora Peter Furtado
A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira é um problema muito presente.
Isso deve ser enfrentado, uma vez que, diariamente, mulheres são vítimas desta questão. Neste sentido,
dois aspectos fazem-se relevantes: o legado histórico-cultural e o desrespeito às leis. Segundo a História,
a mulher sempre foi vista como inferior e submissa ao homem.
Comprova-se isso pelo fato de elas poderem exercer direitos, ingressarem no mercado de trabalho
e escolherem suas próprias roupas muito tempo depois do gênero oposto. Esse cenário, juntamente aos
inúmeros casos de violência contra as mulheres corroboram a ideia de que elas são vítimas de um histórico-
cultural. Nesse ínterim, a cultura machista prevaleceu ao longo dos anos a ponto de enraizar-se na
sociedade contemporânea, mesmo que de forma implícita, à primeira vista.
Conforme previsto pela Constituição Brasileira, todos são iguais perante à lei, independente de cor,
raça ou gênero, sendo a isonomia salarial, aquela que prevê mesmo salário para mesma função, também
garantidas por lei. No entanto, o que se observa em diversas partes do país, é a gritante diferença entre
os salários de homens e mulheres, principalmente se estas forem negras. Esse fato causa extrema
decepção e constrangimento a elas, as quais sentem-se inseguras e sem ter a quem recorrer. Desse modo,
medidas fazem-se necessárias para corrigir a problemática.
Diante dos argumentos supracitados, é dever do Estado proteger as mulheres da violência, tanto
física quanto moral, criando campanhas de combate à violência, além de impor leis mais rígidas e punições
mais severas para aqueles que não as cumprem. Some-se a isso investimentos em educação, valorizando
e capacitando os professores, no intuito de formar cidadãos comprometidos em garantir o bem-estar da
sociedade como um todo.

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Desafios para valorizar culturas tradicionais

  • 1. TEMA: "Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil" ENEM 2022 – Redação nota 1000 Gabriel Salva "Exu matou um pássaro ontem com uma pedra que só jogou hoje". Esse ditado da cultura iorubá - povo afro-brasileiro é citado pelo rapper Emicida em seu documentário "Amarelo: é tudo pra ontem", no qual o artista discute sobre a influência que o presente pode exercer sobre o passado. No filme, é exposta a importância que os povos e as comunidades tradicionais têm na constituição identitária do Brasil, apesar de serem, muitas vezes, esquecidos na atualidade. Por conseguinte, é nítida a urgência de analisar os desafios para a valorização dessas culturas: o rastro sangrento da Colonização e a tentativa de apagar os saberes ancestrais do país. Em primeiro lugar, é necessário que se fale das chagas deixadas pela violenta invasão europeia. No romance "As doenças do Brasil", o autor Valter Hugo Mãe situa sua narrativa no cenário histórico brasileiro do século XVI, apresentando o povo nativo abaeté, que convive harmonicamente com a natureza em um cotidiano cujas bases são a pesca, as músicas e a religião. Entretanto, essa noção de equilíbrio é abalada com a chegada de colonizadores portugueses - chamados de "feras brancas" pela comunidade local, pois são extremamente agressivos. Assim como na realidade do processo colonial, os estrangeiros utilizam armas de fogo, queimam florestas e destroem locais sagrados dos autóctones, deixando marcas indeléveis na cultura dessas pessoas. Logo, para que os povos originários sejam valorizados, é essencial que as consequências desses atos sejam revisitadas e criticadas. Em segundo lugar, deve-se entender que os ricos saberes de indígenas, quilombolas, ribeirinhos e diversos outros grupos minoritários da cultura brasileira estão sendo invisibilizados. Como exemplo disso, há a obra "Ideias para adiar o fim do mundo", na qual o ambientalista Ailton Krenak critica a lógica exploratória da sociedade ocidental, que trata as filosofias ancestrais como obsoletas. De acordo com Krenak - que é, ele mesmo, uma importante liderança política dos nativos brasileiros, os conhecimentos de sua etnia poderiam ajudar a salvar o planeta, uma vez que prezam pelo respeito ao meio natural e tratam a terra como dádiva que deve ser preservada; por outro lado, a ideologia capitalista explora o ambiente para obter lucro, estabelecendo um modo de vida insustentável que gera extinções de espécies e catástrofes climáticas. Dessa forma, torna-se imprescindível que os valores socioambientais sejam recuperados para a proteção da nação tupini-quim. Portanto, é crucial saber que, da mesma maneira que a sabedoria iorubá ensina, o passado influencia o presente, e as lutas dos dias atuais têm o poder de consertar as injustiças históricas. Por conta disso, o Ministério da Educação deve implementar, no currículo do ensino básico, a disciplina de "Estudos sobre as comunidades tradicionais do Brasil". Por meio de aulas ministradas por representantes desses povos, objetiva-se que os jovens conheçam as histórias e as filosofias brasileiras. A partir dessa mudança, espera se que a identidade nacional seja ressignificada, de forma que as culturas e a natureza sejam preservadas.
  • 2. TEMA: "Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil" ENEM 2021 – Redação nota 1000 Fernanda Quaresma Em “Vidas secas”, obra literária do modernista Graciliano Ramos, Fabiano e sua família vivem uma situação degradante marcada pela miséria. Na trama, os filhos do protagonista não recebem nomes, sendo chamados apenas como o “mais velho” e o “mais novo”, recurso usado pelo autor para evidenciar a desumanização do indivíduo. Ao sair da ficção, sem desconsiderar o contexto histórico da obra, nota-se que a problemática apresentada ainda percorre a atualidade: a não garantia de cidadania pela invisibilidade da falta de registro civil. A partir desse contexto, não se pode hesitar – é imprescindível compreender os impactos gerados pela falta de identificação oficial da população. Com efeito, é nítido que o deficitário registro civil repercute, sem dúvida, na persistente falta de pertencimento como cidadão brasileiro. Isso acontece, porque, como já estudado pelo historiador José Murilo de Carvalho, para que haja uma cidadania completa no Brasil é necessária a coexistência dos direitos sociais, políticos e civis. Sob essa ótica, percebe-se que, quando o pilar civil não é garantido – em outras palavras, a não efetivação do direito devido à falta do registro em cartório –, não é possível fazer com que a cidadania seja alcançada na sociedade. Dessa forma, da mesma maneira que o “mais novo” e o “mais velho” de Graciliano Ramos, quase 3 milhões de brasileiros continuam por ser invisibilizados: sem nome oficial, sem reconhecimento pelo Estado e, por fim, sem a dignidade de um cidadão. Além disso, a falta do sentimento de cidadania na população não registrada reflete, também, na manutenção de uma sociedade historicamente excludente. Tal questão ocorre, pois, de acordo com a análise da antropóloga brasileira Lilia Schwarcz, desde a Independência do Brasil, não há a formação de um ideal de coletividade – ou seja, de uma “Nação” ao invés de, meramente, um “Estado”. Com isso, o caráter de desigualdade social e exclusão do diferente se mantém, sobretudo, no que diz respeito às pessoas que não tiveram acesso ao registro oficial, as quais, frequentemente, são obrigadas a lidar com situações humilhantes por parte do restante da sociedade: das mais diversas discriminações até o fato de não poderem ter qualquer outro documento se, antes, não tiverem sua identificação oficial. Portanto, ao entender que a falta de cidadania gerada pela invisibilidade do não registro está diretamente ligada à exclusão social, é tempo de combater esse grave problema. Assim, cabe ao Poder Executivo Federal, mais especificamente o Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, ampliar o acesso aos cartórios de registro civil. Tal ação deverá ocorrer por meio da implantação de um Projeto Nacional de Incentivo à Identidade Civil, o qual irá articular, junto aos gestores dos municípios brasileiros, campanhas, divulgadas pela mídia socialmente engajada, que expliquem sobre a importância do registro oficial para garantia da cidadania, além de instruções para realizar o processo, a fim de mitigar as desigualdades geradas pela falta dessa documentação. Afinal, assim como os meninos em “Vidas secas”, toda a população merece ter a garantia e o reconhecimento do seu nome e identidade.
  • 3. TEMA: "Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil" Enem 2021 – Redação nota 1000 Giovana Gamba Dias Em sua obra “Os Retirantes”, o artista expressionista Cândido Portinari faz uma denúncia à condição de desigualdade compartilhada por milhões de brasileiros, os quais, vulneráveis socioeconomicamente, são invisibilizados enquanto cidadãos. A crítica de Portinari continua válida nos dias atuais, mesmo décadas após a pintura ter sido feita, como se pode notar a partir do alto índice de brasileiros que não possuem registro civil de nascimento, fator que os invisibiliza. Com base nesse viés, é fundamental discutir a principal razão para a posse do documento promover a cidadania, bem como o principal entrave que impede que tantas pessoas não se registrem. Com efeito, nota-se que a importância da certidão de nascimento para a garantia da cidadania se relaciona à sua capacidade de proporcionar um sentimento de pertencimento. Tal situação ocorre, porque, desde a formação do país, esse sentimento é escasso entre a população, visto que, desde 1500, os países desenvolvidos se articularam para usufruir ao máximo do que a colônia tinha a oferecer, visão ao lucro a todo custo, sem se preocupar com a população que nela vivia ou com o desenvolvimento interno do país. Logo, assim como estudado pelo historiador Caio Prado Júnior, formou-se um Estado de bases frágeis, resultando em uma falta de um sentimento de identificação como brasileiro. Desse modo, a posse de documentos, como a certidão de nascimento, funcione como uma espécie de âncora para uma população com escasso sentimento de pertencimento, sendo identificada como uma prova legal da sua condição enquanto cidadãos brasileiros. Ademais, percebe-se que o principal entrave que impede que tantas pessoas no Brasil não se registrem é o perfil da educação brasileira, a qual tem como objetivo formar a população apenas como mão de obra. Isso acontece, porque, assim como teorizado pelo economista José Murilo de Carvalho, observa-se a formação de uma “cidadania operária”, na qual a população mais vulnerável socioeconomicamente não é estimulada a desenvolver um pensamento crítico e é idealizada para ser explorada. Nota-se, então, que, devido a essa disfunção no sistema educacional, essas pessoas não conhecem seus direitos como cidadãos, como o direito de possuir um documento de registro civil. Assim, a partir dessa educação falha, forme-se um ciclo de desigualdade, observada no fato de o país ocupar o 9º lugar entre os países mais desiguais do mundo, segundo o IBGE, já que, assim como afirmado pelo sociólogo Florestan Fernandes, uma nação com acesso a uma educação de qualidade não sujeitaria seu povo a condições de precária cidadania, como a observada a partir do alto número de pessoas sem registro no país. Portanto, observa-se que a questão do alto índice de pessoas no Brasil sem certidão de nascimento deve ser resolvida. Para isso, é necessário que o Ministério da Educação reforce políticas de instrução da população acerca dos seus direitos. Tal ação deve ocorrer por meio da criação de um Projeto Nacional de Acesso à Certidão, a qual irá promover, nas escolas públicas de todos os 5570 municípios brasileiros, debates acerca da importância do documento de registro civil para a preservação da cidadania, os quais irão acontecer tanto extracurricularmente quanto nas aulas de sociologia. Isso deve ocorrer, a fim de formar brasileiros que, cientes dos seus direitos, podem mudar o atual cenário de precária cidadania e desigualdade.
  • 4. TEMA: "O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira” ENEM 2020 – Redação nota 1000 Raíssa Picolli Fontoura De acordo com o filósofo Platão, a associação entre saúde física e mental seria imprescindível para a manutenção da integridade humana. Nesse contexto, elucida-se a necessidade de maior atenção ao aspecto psicológico, o qual, além de estar suscetível a doenças, também é alvo de estigmatização na sociedade brasileira. Tal discriminação é configurada a partir da carência informacional concatenada à idealização da vida nas redes sociais, o que gera a falta de suporte aos necessitados. Isso mostra que esse revés deve ser solucionado urgentemente. Sob essa análise, é necessário salientar que fatores relevantes são combinados na estruturação dessa problemática. Dentre eles, destaca-se a ausência de informações precisas e contundentes a respeito das doenças mentais, as quais, muitas vezes, são tratadas com descaso e desrespeito. Essa falta de subsídio informacional é grave, visto que impede que uma grande parcela da população brasileira conheça a seriedade das patologias psicológicas, sendo capaz de comprometer a realização de tratamentos adequados, a redução do sofrimento do paciente e a sua capacidade de recuperação. Somada a isso, a veiculação virtual de uma vida idealizada também contribui para a construção dessa caótica conjuntura, pois é responsável pela crença equivocada de que a existência humana pode ser feita, isto é, livre de obstáculos e transtornos. Esse entendimento falho da realidade fez com que os indivíduos que não se encaixem nos padrões difundidos, em especial no que concerne à saúde mental, sejam vítimas de preconceito e exclusão. Evidencia-se, então, que a carência de conhecimento associado à irrealidade digitalmente disseminada arquitetam esse lastimável panorama. Consequentemente, tais motivadores geram incontestáveis e sérios efeitos na vida dos indivíduos que sofrem de algum gênero de doença mental. Tendo isso em vista, o acolhimento insuficiente e a falta de tratamento são preocupantes, uma vez que os acometidos precisam de compreensão, respeito e apoio para disporem de mais energia e motivação no enfrentamento dessa situação, além de acompanhamento médico e psicológico também ser essencial para que a pessoa entenda seus sentimentos e organize suas estruturas psicológicas de uma forma mais salutar e emancipadora. O filme “Toc toc” retrata precisamente o processo de cura de um grupo de amigos que são diagnosticados com transtornos de ordem psicológica, revelando que o carinho fraternal e o entendimento mútuo são ferramentas fundamentais no desenvolvimento integral da saúde. Mostra-se, assim, que a estigmatização de doentes mentais produz a escassez de elementos primordiais para que eles possam ser tratados e curados. Urge, portanto, que o Ministério da Saúde crie uma plataforma, por meio de recursos digitais, que contenha informações a respeito das doenças mentais e que proponha comportamentos e atitudes adequadas a serem adotados durante uma interação com uma pessoa que esteja com alguma patologia do gênero, além de divulgar os sinais mais frequentes relacionados à ausência de saúde psicológica. Essa medida promoverá uma maior rede informacional e propiciará um maior apoio aos necessitados. Ademais, também cabe à sociedade e a mídia elaborar campanhas que preguem a contrariedade ao preconceito no que tange os doentes dessa natureza, o que pode ser efetivado através de mobilizações em redes sociais e por intermédio de programas televisivos com viés informativo. Tal iniciativa é capaz de engajar a população brasileira no combate a esse tipo de discriminação. Com isso, a ideia platônica será convertida em realidade no Brasil.
  • 5. TEMA: "O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira” ENEM 2020 – Redação nota 1000 Adrielly Clara Enriques Dias No filme estadunidense “Joker”, estrelado por Joaquin Phoenix, é retratado a vida de Arthur Fleck, um homem que, em virtude de sua doença mental, é esquecido e discriminado pela sociedade, acarretando, inclusive, piora no seu quadro clínico. Assim como na obra cinematográfica abordada, observa-se que, na conjuntura brasileira contemporânea, devido a conceitos preconceituosos perpetuados ao longo da história humana, há um estigma relacionado aos transtornos mentais, uma vez que os indivíduos que sofrem dessas condições são marginalizados. Ademais, é precisa salientar, ainda, que a sociedade atual carece de informações a respeito de tal assunto, o que gera um estranhamento em torno da questão. Em primeiro lugar, faz-se necessário mencionar o período da Idade Média, na Europa, em que os doentes mentais eram vistos como seres demoníacos, já que, naquela época, não havia estudos acerca dessa temática e, consequentemente, ideias absurdas eram disseminadas como verdades. É perceptível, então, que exista uma raiz histórica para o estigma atual vivenciado por pessoas que têm transtornos mentais, ocasionando um intenso preconceito e exclusão. Outrossim, não se pode esquecer que, graças aos fatos supracitados, tais indivíduos recebem rótulos mentirosos como, por exemplo, o estereótipo de que todos que possuem problema psicológicos são incapazes de manter relacionamentos saudáveis, ou seja, não conseguem interagir com outros seres humanos de forma plena. Fica claro, que as doenças mentais são tratadas de forma equivocada, ferindo a dignidade de toda a população. Em segundo lugar, ressalta-se que há, no Brasil, uma evidente falta de informações sobre os transtornos mentais, fomentando grande preconceito estranhamento com essas doenças. Nesse sentido, é lícito referenciar o filósofo grego Platão, que em sua obra “A República”, narrou o intitulado “Mito da Caverna”, no qual homens, acorrentados em uma caverna, viam somente sombras na parede, acreditando, portanto, que aquilo era a realidade das coisas. Dessa forma, é notório, que, em situação análoga à metáfora abordada, os brasileiros, sem acesso aos conhecimentos acerca dos transtornos mentais, vivem na escuridão, isto é, ignorância disseminando atitudes preconceituosas. Logo, é evidente a grande importância das informações, haja vista que a falta delas aumenta o estigma relacionado às doenças mentais, prejudicando a qualidade de vida das pessoas que sofrem com tais transtornos. Destarte, medidas são necessárias para resolver os problemas discutidos. Isto posto, cabe à escola, forte ferramenta de formação de opinião, realizar rodas de conversa com os alunos sobre a problemática do preconceito com os transtornos mentais, além de trazer informações científicas sobre tal questão. Essa ação pode se concretizar por meio da atuação de psiquiatras e professores de sociologia, estes irão desconstruir a visão discriminatória dos estudantes, enquanto que aqueles irão mostrar dados/informações relevantes sobre as doenças psiquiátricas. Espera-se, com essa medida, que o estigma associado às doenças mentais seja paulatinamente erradicado.
  • 6. TEMA: "Democratização do acesso ao cinema no Brasil" ENEM 2019 – Redação nota 1000 Ana Clara Socha "Embora a Constituição Federal de 1988 assegure o acesso à cultura como direito de todos os cidadãos, percebe-se que, na atual realidade brasileira, não há o cumprimento dessa garantia, principalmente no que diz respeito ao cinema. Isso acontece devido à concentração de salas de cinema nos grandes centros urbanos e à condição cultural de que a arte é direcionada aos mais favorecidos economicamente. É relevante abordar, primeiramente, que as cidades brasileiras foram construídas sob um viés elitista e segregacionista, de modo que os centros culturais estão, em sua maioria, restritos ao espaço ocupado pelos detentores do poder econômico. Essa dinâmica não foi diferente com a chegada do cinema, já que apenas 17% da população do país frequenta os centros culturais em questão. Nesse sentido, observa-se que a segregação social — evidenciada como uma característica da sociedade brasileira, por Sérgio Buarque de Holanda, no livro "Raízes do Brasil" — se faz presente até os dias atuais, por privar a população das periferias do acesso à cultura e ao lazer que são proporcionados pelo cinema. Paralelo a isso, vale também ressaltar que a concepção cultural de que a arte não abrange a população de baixa renda é um fator limitante para que haja a democratização plena da cultura e, portanto, do cinema. Isso é retratado no livro "Quarto de Despejo", de Carolina Maria de Jesus, o qual ilustra o triste cotidiano que uma família em condição de miserabilidade vive, e, assim, mostra como acesso a centros culturais é uma perspectiva distante de sua realidade, não necessariamente pela distância física, mas pela ideia de pertencimento a esses espaços. Dessa forma, pode-se perceber que o debate acerca da democratização do cinema é imprescindível para a construção de uma sociedade mais igualitária. Nessa lógica, é imperativo que Ministério da Economia destine verbas para a construção de salas de cinema, de baixo custo ou gratuitas, nas periferias brasileiras por meio da inclusão de seu objetivo na base de Diretrizes Orçamentárias, com o intuito de democratizar o acesso à arte. Além disso, cabe às instituições de ensino promover passeios aos cinemas locais, desde o início da vida escolar das crianças, mediante autorização e contribuição dos responsáveis, a fim de desconstruir a ideia de elitização da cultura, sobretudo em regiões carentes. Feito isso, a sociedade brasileira poderá caminhar para completude da democracia no âmbito cultural."
  • 7. TEMA: "Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet" ENEM 2018 – Redação nota 1000 Lucas Felpi No livro “1984” de George Orwell, é retratado um futuro distópico em que um Estado totalitário controla e manipula toda forma de registro histórico e contemporâneo, a fim de moldar a opinião pública a favor dos governantes. Nesse sentido, a narrativa foca na trajetória de Winston, um funcionário do contraditório Ministério da Verdade que diariamente analisa e altera notícias e conteúdos midiáticos para favorecer a imagem do Partido e formar a população através de tal ótica. Fora da ficção, é fato que a realidade apresentada por Orwell pode ser relacionada ao mundo cibernético do século XXI: gradativamente, os algoritmos e sistemas de inteligência artificial corroboram para a restrição de informações disponíveis e para a influência comportamental do público, preso em uma grande bolha sociocultural. Em primeiro lugar, é importante destacar que, em função das novas tecnologias, internautas são cada vez mais expostos a uma gama limitada de dados e conteúdos na internet, consequência do desenvolvimento de mecanismos filtradores de informação a partir do uso diário individual. De acordo com o filósofo Zygmund Baüman, vive-se atualmente um período de liberdade ilusória, já que o mundo digitalizado não só possibilitou novas formas de interação com o conhecimento, mas também abriu portas para a manipulação e alienação vistas em “1984”. Assim, os usuários são inconscientemente analisados e lhes é apresentado apenas o mais atrativo para o consumo pessoal. Por conseguinte, presencia-se um forte poder de influência desses algoritmos no comportamento da coletividade cibernética: ao observar somente o que lhe interessa e o que foi escolhido para ele, o indivíduo tende a continuar consumindo as mesmas coisas e fechar os olhos para a diversidade de opções disponíveis. Em um episódio da série televisiva Black Mirror, por exemplo, um aplicativo pareava pessoas para relacionamentos com base em estatísticas e restringia as possibilidades para apenas as que a máquina indicava – tornando o usuário passivo na escolha. Paralelamente, esse é o objetivo da indústria cultural para os pensadores da Escola de Frankfurt: produzir conteúdos a partir do padrão de gosto do público, para direcioná-lo, torná-lo homogêneo e, logo, facilmente atingível. Portanto, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Para a conscientização da população brasileira a respeito do problema, urge que o Ministério de Educação e Cultura (MEC) crie, por meio de verbas governamentais, campanhas publicitárias nas redes sociais que detalhem o funcionamento dos algoritmos inteligentes nessas ferramentas e advirtam os internautas do perigo da alienação, sugerindo ao interlocutor criar o hábito de buscar informações de fontes variadas e manter em mente o filtro a que ele é submetido. Somente assim, será possível combater a passividade de muitos dos que utilizam a internet no país e, ademais, estourar a bolha que, da mesma forma que o Ministério da Verdade construiu em Winston de “1984”, as novas tecnologias estão construindo nos cidadãos do século XXI.
  • 8. TEMA: "Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil" ENEM 2017 – Redação nota 1000 Isabella Barros Castelo Branco Na obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o realista Machado de Assis expõe, por meio da repulsa do personagem principal em relação à deficiência física (ela era “coxa), a maneira como a sociedade brasileira trata os deficientes. Atualmente, mesmo após avanços nos direitos desses cidadãos, a situação de exclusão e preconceito permanece e se reflete na precária condição da educação ofertada aos surdos no País, a qual é responsável pela dificuldade de inserção social desse grupo, especialmente no ramo laboral. Convém ressaltar, a princípio, que a má formação socioeducacional do brasileiro é um fator determinante para a permanência da precariedade da educação para deficientes auditivos no País, uma vez que os governantes respondem aos anseios sociais e grande parte da população não exige uma educação inclusiva por não necessitar dela. Isso, consoante ao pensamento de A. Schopenhauer de que os limites do campo da visão de uma pessoa determinam seu entendimento a respeito do mundo que a cerca, ocorre porque a educação básica é deficitária e pouco prepara cidadãos no que tange ao respeito às diferenças. Tal fato se reflete nos ínfimos investimentos governamentais em capacitação profissional e em melhor estrutura física, medidas que tornariam o ambiente escolar mais inclusivo para os surdos. Em consequência disso, os deficientes auditivos encontram inúmeras dificuldades em variados âmbitos de suas vidas. Um exemplo disso é a difícil inserção dos surdos no mercado de trabalho, devido à precária educação recebida por eles e ao preconceito intrínseco à sociedade brasileira. Essa conjuntura, de acordo com as ideias do contratualista John Locke, configura-se uma violação do “contrato social”, já que o Estado não cumpre sua função de garantir que tais cidadãos gozem de direitos imprescindíveis (como direito à educação de qualidade) para a manutenção da igualdade entre os membros da sociedade, o que expõe os surdos a uma condição de ainda maior exclusão e desrespeito. Diante dos fatos supracitados, faz-se necessário que a Escola promova a formação de cidadãos que respeitem às diferenças e valorizem a inclusão, por intermédio de palestras, debates e trabalhos em grupo, que envolvam a família, a respeito desse tema, visando a ampliar o contato entre a comunidade escolar e as várias formas de deficiência. Além disso, é imprescindível que o Poder Público destine maiores investimentos à capacitação de profissionais da educação especializados no ensino inclusivo e às melhorias estruturais nas escolas, com o objetivo de oferecer aos surdos uma formação mais eficaz. Ademais, cabe também ao Estado incentivar a contratação de deficientes por empresas privadas, por meio de subsídios e Parcerias Público-Privadas, objetivando a ampliar a participação desse grupo social no mercado de trabalho. Dessa forma, será possível reverter um passado de preconceito e exclusão, narrado por Machado de Assis e ofertar condições de educação mais justas a esses cidadãos
  • 9. TEMA: "Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil” ENEM 2016 – Redação nota 1000 Marcela Sousa Araújo No meio do caminho tinha uma pedra No limiar do século XXI, a intolerância religiosa é um dos principais problemas que o Brasil foi convidado a administrar, combater e resolver. Por um lado, o país é laico e defende a liberdade ao culto e à crença religiosa. Por outros, as minorias que se distanciam do convencional se afundam em abismos cada vez mais profundos, cavados diariamente por opressores intolerantes. O Brasil é um país de diversas faces, etnias e crenças e defende em sua Constituição Federal o direito irrestrito à liberdade religiosa. Nesse cenário, tomando como base a legislação e acreditando na laicidade do Estado, as manifestações religiosas e a dissseminação de ideologias fora do padrão não são bem aceitas por fundamentalistas. Assim, o que deveria caracterizar os diversos “Brasis” dentro da mesma nação é motivo de preocupação. Paradoxalmente ao Estado laico, muitos ainda confundem liberdade de expressão com crimes inafiançáveis. Segundo dados do Instituto de Pesquisa da USP, a cada mês são registrados pelo menos 10 denúncias de intolerância religiosa e destas 15% envolvem violência física, sendo as principais vítimas fieis afro-brasileiros. Partindo dessa verdade, o então direito assegurado pela Constituição e reafirmado pela Secretaria dos Direitos Humanos é amputado e o abismo entre oprimidos e opressores torna-se, portanto, maior. Parafraseando o sociólogo Zygmun Bauman, enquanto houver quem alimente a intolerância religiosa, haverá quem defenda a discriminação. Tomando como norte a máxima do autor, para combater a intolerância religiosa no Brasil são necessárias alternativas concretas que tenham como protagonistas a tríade Estado, escola e mídia. O Estado, por seu caráter socializante e abarcativo deverá promover políticas públicas que visem garantir uma maior autonomia religiosa e através dos 3 poderes deverá garantir, efetivamente, a liberdade de culto e proteção; a escola, formadora de caráter, deverá incluir matérias como religião em todos os anos da vida escolar; a mídia, quarto poder, deverá veicular campanhas de diversidade religiosa e respeito às diferenças. Somente assim, tirando as pedras do meio do caminho, construir-se-á um Brasil mais tolerante. TEMA: "A Persistência da Violência contra a Mulher na Sociedade Brasileira" ENEM 2015 – Redação nota 1000 Isadora Peter Furtado A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira é um problema muito presente. Isso deve ser enfrentado, uma vez que, diariamente, mulheres são vítimas desta questão. Neste sentido, dois aspectos fazem-se relevantes: o legado histórico-cultural e o desrespeito às leis. Segundo a História, a mulher sempre foi vista como inferior e submissa ao homem. Comprova-se isso pelo fato de elas poderem exercer direitos, ingressarem no mercado de trabalho e escolherem suas próprias roupas muito tempo depois do gênero oposto. Esse cenário, juntamente aos inúmeros casos de violência contra as mulheres corroboram a ideia de que elas são vítimas de um histórico- cultural. Nesse ínterim, a cultura machista prevaleceu ao longo dos anos a ponto de enraizar-se na sociedade contemporânea, mesmo que de forma implícita, à primeira vista. Conforme previsto pela Constituição Brasileira, todos são iguais perante à lei, independente de cor, raça ou gênero, sendo a isonomia salarial, aquela que prevê mesmo salário para mesma função, também garantidas por lei. No entanto, o que se observa em diversas partes do país, é a gritante diferença entre os salários de homens e mulheres, principalmente se estas forem negras. Esse fato causa extrema decepção e constrangimento a elas, as quais sentem-se inseguras e sem ter a quem recorrer. Desse modo, medidas fazem-se necessárias para corrigir a problemática. Diante dos argumentos supracitados, é dever do Estado proteger as mulheres da violência, tanto física quanto moral, criando campanhas de combate à violência, além de impor leis mais rígidas e punições mais severas para aqueles que não as cumprem. Some-se a isso investimentos em educação, valorizando e capacitando os professores, no intuito de formar cidadãos comprometidos em garantir o bem-estar da sociedade como um todo.