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Efeito da instilação correta de colírios
hipotensores oculares em pacientes
portadores de glaucoma
• Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo
• Paulo Gelman Vaidergorn
• Roberto Freire Santiago Malta
• Marco Antonio Olyntho
• Marcelo Roco
Introdução
• O sucesso da terapêutica clínica anti-
glaucomatosa se fundamenta no uso correto
de drogas prescritas, na maior parte das
vezes, sob a forma de colírios.
• A maioria dos pacientes, entretanto, efetua
a instilação de modo
inadequado
Introdução
• Contato do frasco com a superfície ocular:
• estímulo ao piscar → maior fluxo ao canal
lacrimal → absorção sistêmica → efs.colats.
• =
• lacrimejamento reflexo →diluição da droga,
com menor concentração na câmara anterior
Introdução
• Zimmerman: Quando, após instilar o
colírio, olhos fechados por dois minutos:
• 1) redução em dois terços do fluxo ao canal
lacrimal
• 2) aumento em 50% da concentração da
droga na câmara anterior
Objetivo
• Verificar o efeito da instilação correta de
colírios hipotensores oculares no
comportamento pressórico de pacientes
portadores de glaucoma crônico.
Pacientes e Métodos
• Estudo prospectivo
• Foram incluídos pacientes portadores de
qualquer forma de glaucoma primário
crônico, que estivessem utilizando ao
menos um colírio hipotensor ocular há mais
de um mês.
• Excluídos aqueles aos quais já houvesse
sido explicada a técnica correta de
instilação.
Pacientes e Métodos
• Os pacientes eram submetidos à realização
de uma primeira mini-curva pressórica, que
constava de quatro medidas da pressão
intra-ocular, às 08, 11, 14 e 17 horas.
• Após o término da mesma, os pacientes
eram instruídos como proceder à correta
instilação dos colírios.
Pacientes e Métodos
• Uma segunda mini-curva pressórica era
realizada na semana seguinte.
• Cada paciente era orientado a permanecer
em uso da mesma medicação hipotensora
ocular que utilizava quando da realização
da primeira mini-curva.
• Uma vez coletados os dados das duas mini-
curvas, comparou-se as médias pressóricas
nelas obtidas.
Resultados
– Estudados 90 olhos de 49 pacientes
(47 olhos direitos e 43 olhos esquerdos).
– A idade dos participantes variou entre 30
a 84 anos, com média de 65±11,56 anos
e mediana de 67 anos.
– 34 (69,4%) do sexo feminino e
15 (30,6%) do sexo masculino.
– O número de colírios utilizados variou de
um a quatro, com média de 2,02 ± 0,81.
Resultados
• Dos 90 olhos estudados, a PIO média na
primeira mini-curva foi 18,59±3,36 mmHg,
sendo 16,66±3,41 mmHg na segunda mini-
curva.
• Desta forma, para o total de 90 olhos
constatou-se uma redução de 1,93±2,68
mmHg (-10,4%) nos níveis pressóricos
médios.
Resultados
• De acordo com a variação das médias
pressóricas entre as duas mini-curvas, os
olhos foram agrupados em três grupos:
• O primeiro grupo compreende os olhos, em
número de 35, onde a queda nos níveis
pressóricos, entre a primeira e a segunda
mini-curvas, foi mais acentuada: -22,3% *
Resultados
• Os outros dois grupos, com um total de 55
olhos, albergam aqueles que exibiram
comportamento de suas médias pressóricas,
entre as duas mini-curvas, com pouca
variação.
• Desses, 35 mostraram pequena queda
(-8,2%) nos níveis pressóricos e, 20, ligeiro
aumento (+8,4%), ambas sem significância
estatística.
Resultados
• Houve uma queda significativa, de 22,3%
na PIO média de 35 (38,9%) olhos.
• Dos restantes, 35 (38,9 %) olhos exibiram
pequena queda (-8,2%) em sua média
pressórica e, 20 (22,2 %), pequeno aumento
(+8,4%), ambos não estatisticamente
significantes.
Discussão
• Para o paciente portador de glaucoma faz-se
preciso não somente prescrever o
medicamento adequado como, também,
orientá-lo quanto à utilização adequada do
mesmo.
• Para tanto, é fundamental
• que o oftalmologista
ensine a cada paciente a técnica correta da
instilação de colírios
Discussão
• Em nosso estudo, foi constatado que
percentual importante de portadores de
glaucoma crônico, usuários de colírios
hipotensores, obteve uma redução adicional
em seus níveis pressóricos oculares.
• Este efeito benéfico foi observado após os
pacientes haverem sido instruídos acerca do
modo correto de instilação.
Conclusão
• O ensino da técnica adequada da instilação
é necessária a todos os pacientes, podendo
resultar em benefício extra para os usuários
de medicação hipotensora ocular.

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Efeito da instilação correta de colírios hipotensores oculares em pacientes portadores de glaucoma.

  • 1. Efeito da instilação correta de colírios hipotensores oculares em pacientes portadores de glaucoma • Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo • Paulo Gelman Vaidergorn • Roberto Freire Santiago Malta • Marco Antonio Olyntho • Marcelo Roco
  • 2. Introdução • O sucesso da terapêutica clínica anti- glaucomatosa se fundamenta no uso correto de drogas prescritas, na maior parte das vezes, sob a forma de colírios. • A maioria dos pacientes, entretanto, efetua a instilação de modo inadequado
  • 3. Introdução • Contato do frasco com a superfície ocular: • estímulo ao piscar → maior fluxo ao canal lacrimal → absorção sistêmica → efs.colats. • = • lacrimejamento reflexo →diluição da droga, com menor concentração na câmara anterior
  • 4. Introdução • Zimmerman: Quando, após instilar o colírio, olhos fechados por dois minutos: • 1) redução em dois terços do fluxo ao canal lacrimal • 2) aumento em 50% da concentração da droga na câmara anterior
  • 5. Objetivo • Verificar o efeito da instilação correta de colírios hipotensores oculares no comportamento pressórico de pacientes portadores de glaucoma crônico.
  • 6. Pacientes e Métodos • Estudo prospectivo • Foram incluídos pacientes portadores de qualquer forma de glaucoma primário crônico, que estivessem utilizando ao menos um colírio hipotensor ocular há mais de um mês. • Excluídos aqueles aos quais já houvesse sido explicada a técnica correta de instilação.
  • 7. Pacientes e Métodos • Os pacientes eram submetidos à realização de uma primeira mini-curva pressórica, que constava de quatro medidas da pressão intra-ocular, às 08, 11, 14 e 17 horas. • Após o término da mesma, os pacientes eram instruídos como proceder à correta instilação dos colírios.
  • 8. Pacientes e Métodos • Uma segunda mini-curva pressórica era realizada na semana seguinte. • Cada paciente era orientado a permanecer em uso da mesma medicação hipotensora ocular que utilizava quando da realização da primeira mini-curva. • Uma vez coletados os dados das duas mini- curvas, comparou-se as médias pressóricas nelas obtidas.
  • 9. Resultados – Estudados 90 olhos de 49 pacientes (47 olhos direitos e 43 olhos esquerdos). – A idade dos participantes variou entre 30 a 84 anos, com média de 65±11,56 anos e mediana de 67 anos. – 34 (69,4%) do sexo feminino e 15 (30,6%) do sexo masculino. – O número de colírios utilizados variou de um a quatro, com média de 2,02 ± 0,81.
  • 10. Resultados • Dos 90 olhos estudados, a PIO média na primeira mini-curva foi 18,59±3,36 mmHg, sendo 16,66±3,41 mmHg na segunda mini- curva. • Desta forma, para o total de 90 olhos constatou-se uma redução de 1,93±2,68 mmHg (-10,4%) nos níveis pressóricos médios.
  • 11. Resultados • De acordo com a variação das médias pressóricas entre as duas mini-curvas, os olhos foram agrupados em três grupos: • O primeiro grupo compreende os olhos, em número de 35, onde a queda nos níveis pressóricos, entre a primeira e a segunda mini-curvas, foi mais acentuada: -22,3% *
  • 12. Resultados • Os outros dois grupos, com um total de 55 olhos, albergam aqueles que exibiram comportamento de suas médias pressóricas, entre as duas mini-curvas, com pouca variação. • Desses, 35 mostraram pequena queda (-8,2%) nos níveis pressóricos e, 20, ligeiro aumento (+8,4%), ambas sem significância estatística.
  • 13. Resultados • Houve uma queda significativa, de 22,3% na PIO média de 35 (38,9%) olhos. • Dos restantes, 35 (38,9 %) olhos exibiram pequena queda (-8,2%) em sua média pressórica e, 20 (22,2 %), pequeno aumento (+8,4%), ambos não estatisticamente significantes.
  • 14. Discussão • Para o paciente portador de glaucoma faz-se preciso não somente prescrever o medicamento adequado como, também, orientá-lo quanto à utilização adequada do mesmo. • Para tanto, é fundamental • que o oftalmologista ensine a cada paciente a técnica correta da instilação de colírios
  • 15. Discussão • Em nosso estudo, foi constatado que percentual importante de portadores de glaucoma crônico, usuários de colírios hipotensores, obteve uma redução adicional em seus níveis pressóricos oculares. • Este efeito benéfico foi observado após os pacientes haverem sido instruídos acerca do modo correto de instilação.
  • 16. Conclusão • O ensino da técnica adequada da instilação é necessária a todos os pacientes, podendo resultar em benefício extra para os usuários de medicação hipotensora ocular.