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Coadjuvantes de lagares de azeite: agregação devido à humidade e ação no óleo
de bagaço de azeitona
Docente: Prof. Dr.: Antônio Jordão
Discente: Manuella Seidi
ESCOLA AGRÁRIA
 O bagaço de azeitona é um resíduo sólido obtido durante o processo de extração do
azeite a partir das azeitonas. Este resíduo pode ser conservado até 6 meses ao ar livre
até ser processado e tem diversas utilizações. Pode ser usado como fertilizante,
alimento para animais, combustível e, devido à riqueza em compostos fenólicos, pode
ser usado como antioxidante para alimentos.
 Além disso, o bagaço de azeitona também serve como matéria-prima para a produção
de óleo de bagaço de azeitona. A extração do óleo de bagaço de azeitona é feita em
lagares de azeite ou extratores de óleo de bagaço, onde são usados aditivos
coadjuvantes do processo. Os coadjuvantes estudados mais eficientes são o talco e o
carbonato de cálcio.
 Neste estudo, os autores tinham 2 objetivos: determinar se o efeito da humidade pode
agregar os coadjuvantes e dificultar as operações do lagar de azeite; e qual a influência
dos coadjuvantes no óleo de bagaço de azeitona.
 Para testar o efeito da humidade, foram feitos testes qualitativos em pratos contendo
os coadjuvantes sozinhos ou misturados em diferentes rácios de concentração, aos
quais foi adicionada água. Verificou-se, de forma qualitativa, que os coadjuvantes se
desagregavam facilmente em micropartículas soltas quando manipulados, tanto com
água como depois de secos (passados 5 dias), sugerindo que eles se dispersam
corretamente durante os processos de extração de óleo/azeite e não formam
agregados que possam causar abrasão nos equipamentos.
 Posteriormente, foi testado o efeito dos coadjuvantes em pastas de azeitona que
mimetizavam o bagaço de azeitona, uma vez que a pasta de azeitona é mais fácil de
obter em laboratório e esperam-se comportamentos semelhantes aos do bagaço nas
condições usadas. As pastas com e sem coadjuvantes foram colocadas em frascos com
alguma água e posicionadas no exterior durante 4 meses, sujeitas às condições
ambientais, de forma a imitar as condições em que o bagaço é armazenado.
 Todas as pastas se mantiveram inalteradas, exceto pelo desenvolvimento de
microrganismos, especialmente na pasta com talco. Os microrganismos podem afetar a
quantidade e qualidade do óleo posteriormente extraído. As pastas forma recolhidas e
o seu óleo, equiparado ao óleo de bagaço de azeitona, foi extraído em laboratório.
Vários parâmetros foram analisados, como o pH da água, a percentagem de
recuperação de óleo, acidez do óleo e a sua composição em compostos fenólicos,
peróxidos, ésteres, cálcio e magnésio.
 Apesar de se terem verificado ligeiras diferenças, os resultados não foram, de forma
geral, estatisticamente significativos. Os autores ressalvam dois resultados que
consideram mais importantes: os coadjuvantes a 2% aumentaram em 0,8 unidades o
pH da água dos jarros contendo as pastas, mas este continuou acídico; a percentagem
de recuperação de óleos é maior quando usado carbonato de cálcio e menor quando
usado talco como coadjuvantes.
Conclusão
 Podemos concluir que a humidade não afeta a performance dos coadjuvantes
carbonato de cálcio e talco durante operações de extração de azeites/óleos em
lagares, e que o carbonato de cálcio é o coadjuvante que permite extrair mais óleo nos
lagares de azeite.
 De qualquer forma, seria necessário repetir as experiências para aumentar a
amostragem e obter resultados estatisticamente mais significativos. Além disso, as
experiências deveriam ser realizadas em bagaço de azeitona e o seu respetivo óleo,
em vez de usarem a pasta de azeitona equiparada ao bagaço. Desta forma, a
extrapolação dos resultados para os lagares de azeite seria mais fidedigna.
Bibliografia
Manuel Moya, Sonia Alcalá, María Teresa Ocaña, Alfonso Vidal, Francisco Espínola. Journal
of Food Engineering, Oil mill coadjuvants: Aggregation due to moisture and action on olive-
pomace oils, 2018.

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  • 1. Coadjuvantes de lagares de azeite: agregação devido à humidade e ação no óleo de bagaço de azeitona Docente: Prof. Dr.: Antônio Jordão Discente: Manuella Seidi ESCOLA AGRÁRIA
  • 2.  O bagaço de azeitona é um resíduo sólido obtido durante o processo de extração do azeite a partir das azeitonas. Este resíduo pode ser conservado até 6 meses ao ar livre até ser processado e tem diversas utilizações. Pode ser usado como fertilizante, alimento para animais, combustível e, devido à riqueza em compostos fenólicos, pode ser usado como antioxidante para alimentos.
  • 3.  Além disso, o bagaço de azeitona também serve como matéria-prima para a produção de óleo de bagaço de azeitona. A extração do óleo de bagaço de azeitona é feita em lagares de azeite ou extratores de óleo de bagaço, onde são usados aditivos coadjuvantes do processo. Os coadjuvantes estudados mais eficientes são o talco e o carbonato de cálcio.
  • 4.  Neste estudo, os autores tinham 2 objetivos: determinar se o efeito da humidade pode agregar os coadjuvantes e dificultar as operações do lagar de azeite; e qual a influência dos coadjuvantes no óleo de bagaço de azeitona.  Para testar o efeito da humidade, foram feitos testes qualitativos em pratos contendo os coadjuvantes sozinhos ou misturados em diferentes rácios de concentração, aos quais foi adicionada água. Verificou-se, de forma qualitativa, que os coadjuvantes se desagregavam facilmente em micropartículas soltas quando manipulados, tanto com água como depois de secos (passados 5 dias), sugerindo que eles se dispersam corretamente durante os processos de extração de óleo/azeite e não formam agregados que possam causar abrasão nos equipamentos.
  • 5.  Posteriormente, foi testado o efeito dos coadjuvantes em pastas de azeitona que mimetizavam o bagaço de azeitona, uma vez que a pasta de azeitona é mais fácil de obter em laboratório e esperam-se comportamentos semelhantes aos do bagaço nas condições usadas. As pastas com e sem coadjuvantes foram colocadas em frascos com alguma água e posicionadas no exterior durante 4 meses, sujeitas às condições ambientais, de forma a imitar as condições em que o bagaço é armazenado.
  • 6.  Todas as pastas se mantiveram inalteradas, exceto pelo desenvolvimento de microrganismos, especialmente na pasta com talco. Os microrganismos podem afetar a quantidade e qualidade do óleo posteriormente extraído. As pastas forma recolhidas e o seu óleo, equiparado ao óleo de bagaço de azeitona, foi extraído em laboratório. Vários parâmetros foram analisados, como o pH da água, a percentagem de recuperação de óleo, acidez do óleo e a sua composição em compostos fenólicos, peróxidos, ésteres, cálcio e magnésio.
  • 7.  Apesar de se terem verificado ligeiras diferenças, os resultados não foram, de forma geral, estatisticamente significativos. Os autores ressalvam dois resultados que consideram mais importantes: os coadjuvantes a 2% aumentaram em 0,8 unidades o pH da água dos jarros contendo as pastas, mas este continuou acídico; a percentagem de recuperação de óleos é maior quando usado carbonato de cálcio e menor quando usado talco como coadjuvantes.
  • 8. Conclusão  Podemos concluir que a humidade não afeta a performance dos coadjuvantes carbonato de cálcio e talco durante operações de extração de azeites/óleos em lagares, e que o carbonato de cálcio é o coadjuvante que permite extrair mais óleo nos lagares de azeite.  De qualquer forma, seria necessário repetir as experiências para aumentar a amostragem e obter resultados estatisticamente mais significativos. Além disso, as experiências deveriam ser realizadas em bagaço de azeitona e o seu respetivo óleo, em vez de usarem a pasta de azeitona equiparada ao bagaço. Desta forma, a extrapolação dos resultados para os lagares de azeite seria mais fidedigna.
  • 9. Bibliografia Manuel Moya, Sonia Alcalá, María Teresa Ocaña, Alfonso Vidal, Francisco Espínola. Journal of Food Engineering, Oil mill coadjuvants: Aggregation due to moisture and action on olive- pomace oils, 2018.