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Universidade Estadual de Campinas – 19 a 25 de março de 2007
4
CLAYTON LEVY
clayton@reitoria.unicamp.br
esquisa desenvolvida na Fa-
culdade de Odontologia de
Piracicaba(FOP)revelouque
oflúoreocálcioatenuamosefeitos
colaterais provocados pelo peró-
xidodecarbamida,principalagente
utilizadonotratamentoparaclarear
osdentes.Oestudo,inéditonoBra-
sil,éumadasprincipaisconclusões
datesededoutoradorecém-defen-
didapeladentistaVanessaCavalli,
soborientaçãodoprofessorMarce-
loGiannini.Otrabalhotambémde-
monstrou que alguns agentes usa-
dos para clareamento interno dos
dentes diminuem a resistência da
dentina,tecidovivolocalizadologo
abaixo da coroa e do esmalte.
“Embora a eficácia dos agentes
clareadoresapresente-sebemdocu-
mentada, o uso exacer-
badodestastécnicasge-
rapreocupação”,obser-
vaVanessa.Segundoe-
la, entre os efeitos co-
laterais observados em
microscopia eletrônica
de varredura e análises químicas e
mecânicas, destacam-se o aumen-
to da porosidade do esmalte clare-
ado, rugosidades, erosão e desmi-
neralizaçãodasuperfíciedoesmal-
te. “Estes fatores dão margem ao
surgimentodecáriesefavorecemo
retornodacorindesejada”,explica
apesquisadora,quedesenvolveuo
trabalho nos laboratórios da FOP,
Instituto de Química da Unicamp,
InstitutodePesquisaeDesenvolvi-
mentodaUniversidadedoValedo
Paraíba e do Dental Research Cen-
ter,naUniversidadedaCarolinado
Norte, EUA.
Em busca de agentes mais segu-
ros,Vanessaconstatou,pormeiode
testes in vitro, que o flúor e o cálcio,
adicionadosseparadamenteaosgéis
clareadores,compensamasperdas
sofridasduranteoprocesso.Segun-
do ela, a adição desses íons ao gel
promoveasaturaçãodoagentecla-
readorediminuiaperdamineraldo
esmalte durante o tratamento.
Apesquisadoraanalisouosefei-
tos colaterais dos agentes clarea-
dores em dentes saudáveis e em
amostrascomlesãoinicialdecárie.
Em ambos os casos, os testes reve-
laram que o tratamento clareador
realizadocomoperóxidodecarba-
mida a 10%, sem a adição de flúor
JEVERSON BARBIERI
jeverson@unicamp.br
desempenho da química
brasileira só não é mais sa-
tisfatórioporquenãotemos
indústria, ou temos poucas que in-
vestem nessa área”. O diagnóstico
foi feito pelo médico veterinário
Jorge Almeida Guimarães, presi-
dente da Coordenação de Aperfei-
çoamentodePessoaldeNívelSupe-
rior(Capes),durantepalestrareali-
zada no Instituto de
Química(IQ)daUni-
camp,naúltimaquin-
ta-feira(14),cujotema
foi “Ações da Capes
2007-2010”.“Aquími-
ca brasileira é um su-
cesso, sobretudo se for considerado
ofatodequehá25anoshaviaapenas
umgrupomuitopequenodepessoas
com uma ação pouco centrada em
sínteseemaisemquímicaanalíticae
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Houve,segundoGuimarães,uma
mudançasubstancialnoquadro,ba-
seada em dois instrumentos funda-
mentais. O primeiro foi o financia-
mentoexternodoProgramadeApoio
aoDesenvolvimentoCientíficoeTec-
nológico(PADCT),quepermitiuum
importante salto de qualidade.Ose-
gundofoioincrementodapós-gradu-
ação.“Financiamentoeboaescolhade
estudantesresultaramnoqueéhojea
químicabrasileira,umadasprincipais
domundo”,ressaltouGuimarães.
O gargalo, aponta Guimarães, re-
sidenofatodequeasgrandesempre-
sas não fazem pesquisa no Brasil,
ignorandoessenichodemercado.“A
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que o Brasil, mesmo sendo o maior
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Guimarãesressaltaque,aolongodo
tempo,faltouumapolíticaindustri-
alporpartedogoverno,instrumen-
toque,segundoele,“foiacopladoà
açãodaCapes,umavezque,noBra-
sil, muito conhecimento é gerado,
mas falta quem o utilize”.
A crescente produção científica
brasileira, cujo resultado mais evi-
dentesãoosváriosdepósitosdepe-
didosdepatentes,foilembradopor
Guimarãescomofatorquepressio-
naafavordessanovapolíticaindus-
trial.Segundoopesquisador,Estados
Unidos,JapãoeCoréia,quesãogran-
desprodutoresdepatentes,mostram
que,emmédia,90%dessaprodução
temcomosubstratocientíficopesqui-
sasgeradasnoprópriopaís,desenvol-
vidaspredominantementecomrecur-
sos públicos e que são apropriadas
pelosetorindustrial,porqueissofaz
parte desse sistema de interação.
Para o presidente da Capes, esse
quadro já começa a se desenhar no
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PresidentedaCapespregamaiorenvolvimentodaindústria
Pesquisa inédita revela que adição de íons compensa perdas causadas por procedimento odontológico
Flúor e cálcio atenuam efeitos de clareamento
A dentista Vanessa Cavalli: analisando os efeitos colaterais dos agentes
clareadores em dentes saudáveis e em amostras com lesão inicial de cárie
P
e cálcio, reduziu a microdureza e
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desmineralizaçãodoesmalte.Nos
dentessaudáveis,aperdademine-
ralfoide45%,enquantonasamos-
tras com processo inicial de cárie
esseíndicefoide30%.“Estascons-
tatações tornam-se preocupantes,
uma vez que, devido à notorieda-
dedastécnicasclareadoras,obser-
va-se em alguns casos a utilização
desses agentes em pacientes que
apresentamlesõesiniciaisdecárie”,
destaca Vanessa.
Deacordocomapesquisadora,os
dentescomprometidosapresentam
índiceinferiordedesmineralização
porque o processo inicial da cárie
torna-osnaturalmentemais“reati-
vos”. “Clinicamente, o estrago só
nãoémaiorporqueasalivacontém
elementos como flúor, cálcio e fós-
foro,queacabamcompensandoas
perdas em até 90%”, explica. “No
caso dos dentes comprometidos, a
perda é menor porque a saliva é
mais efetiva numa superfície com
lesão inicial de cárie”, completa.
As análises químicas realizadas
com peróxido de carbamida a 10%
tambémforamconclusivasquanto
aosbenefíciosobtidoscomaadição
deflúorecálcio.Ostestesindicaram
que,nosdentessadios,aadiçãode
flúor a 5 mil ppm (partes por mi-
lhão) e cálcio a 2 mil ppm foi capaz
decontrolaraperdamineraldoes-
malte clareado,enquantonosden-
tes com cárie superficial, ajudou a
manter o conteúdo mineral do es-
malte. “Os agentes contendo altas
Agentes
podem
danificar
dentina
concentraçõesdecálcioapresenta-
ram bom desempenho no esmalte
hígido,enquantoosagentesconten-
do altas concentrações de flúor fo-
ramimportantesparaasproprieda-
desquímicasdoesmaltecomlesão
inicial de cárie”, observa.
Numaoutrafrente,Vanessaestu-
dou os efeitos colaterais dos agen-
tesusadosparaclareamentointer-
no do dente. Segundo a pesquisa,
agentes clareadores como perbo-
rato de sódio, peróxido de carba-
mida e peróxido de hidrogênio fo-
ramcapazesdediminuiraresistên-
cia da dentina após o tratamento,
possivelmentedevidoàsalterações
morfológicas.
Desde a década de 1980, o principal produto
utilizado para clarear os dentes é um gel à base
do componente ativo peróxido de carbamida. O
processo de branqueamento acontece por
meio de uma reação de oxi-redução capaz de
liberar radicais livres que fragmentam as
moléculas responsáveis pela pigmentação do
dente. Em contato com os tecidos moles ou
saliva em temperatura oral (37º), o peróxido de
carbamida dissocia-se em peróxido de
hidrogênio e uréia. O peróxido é capaz de
movimentar-se e infiltrar-se livremente no
esmalte e na dentina, devido ao seu baixo peso
molecular, onde se degrada, liberando oxigênio
e água, enquanto a uréia dissocia-se em
amônia e dióxido de carbono.
O mecanismo de ação dos agentes
clareadores abrange a habilidade do peróxido
de hidrogênio formar radicais livres que
interagem com as moléculas orgânicas
pigmentadas, decompondo-as em moléculas
menores e menos pigmentadas.Aalteração no
tamanho e na pigmentação de moléculas
orgânicas após a oxidação produzida pelos
radicais livres altera a absorção de espectro
visível pela molécula, de maior para menor
comprimento de onda, resultando em
compostos “mais claros”.
O tratamento pode ser feito de duas
maneiras: na chamada “aplicação caseira”, o
dentista faz um molde dos dentes e depois uma
moldeira flexível, na qual se coloca o gel com
uma concentração de 10% de peróxido de
carbamida. Seguindo o protocolo mais usual, a
pessoa deve colocar a moldeira antes de
dormir, por um período mínimo de seis horas,
repetindo o procedimento por duas a quatro
semanas. Para quem tem pressa, porém, o
processo pode ser feito no consultório, numa
sessão de duas horas. Nesse caso, a
concentração de peróxido de carbamida é
elevada a 35%, o que exige atento
monitoramento por parte do dentista.
Os principais tipos de alteração de cor dental
são divididos em alterações de cor extrínseca e
intrínseca.Aalteração de cor extrínseca ocorre,
em geral, devido ao escurecimento externo da
coroa dental.Adescoloração pode ser causada
por uma variedade de alimentos e produtos
com grande quantidade de corantes como café,
chá, fumo e medicamentos, como a clorexidina,
e alguns produtos antibacterianos.Aalteração
de cor extrínseca pode também afetar as
restaurações em resina (material restaurador
estético amplamente utilizado na clínica
odontológica). O tratamento das
descolorações extrínsecas é realizado através
da microabrasão com pastas profiláticas ou
através de tratamento químico clareador.
Já a alteração de cor intrínseca é causada por
fatores locais ou sistêmicos os quais produzem
mudança de cor da estrutura interna do
elemento dentário. Como conseqüência, as
manchas intrínsecas são mais difíceis de serem
tratadas e são freqüentemente mais severas que
as manchas extrínsecas, uma vez que todo o
elemento ou a dentição é envolvida. O fator local
mais comum para a descoloração intrínseca é o
trauma e subseqüente hemorragia.Adifusão dos
produtos de degradação do sangue, como a
bilirrubina e hemoglobina, causa o
escurecimento da dentina.
A descoloração intrínseca também pode
acontecer devido à presença de certos
materiais restauradores, como corrosão de
produtos do amálgama, descoloração das
restaurações de compósitos, sais de prata ou
materiais utilizados no tratamento de canal. Os
fatores sistêmicos que causam a descoloração
intrínseca atuam durante a odontogênese. “A
descoloração é incorporada no esmalte ou
dentina, através da mudança na qualidade ou
na quantidade desses tecidos, ou por meio da
adição dos pigmentos na estrutura desses
substratos”, explica. “Manchas de tetraciclina,
fluorose e envelhecimento fisiológico são
exemplos de descoloração interna causada por
fatores sistêmicos”, conclui a dentista.
Do consultório à aplicação caseira
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Flúor e cálcio atenuam efeitos de clareamento

  • 1. Universidade Estadual de Campinas – 19 a 25 de março de 2007 4 CLAYTON LEVY clayton@reitoria.unicamp.br esquisa desenvolvida na Fa- culdade de Odontologia de Piracicaba(FOP)revelouque oflúoreocálcioatenuamosefeitos colaterais provocados pelo peró- xidodecarbamida,principalagente utilizadonotratamentoparaclarear osdentes.Oestudo,inéditonoBra- sil,éumadasprincipaisconclusões datesededoutoradorecém-defen- didapeladentistaVanessaCavalli, soborientaçãodoprofessorMarce- loGiannini.Otrabalhotambémde- monstrou que alguns agentes usa- dos para clareamento interno dos dentes diminuem a resistência da dentina,tecidovivolocalizadologo abaixo da coroa e do esmalte. “Embora a eficácia dos agentes clareadoresapresente-sebemdocu- mentada, o uso exacer- badodestastécnicasge- rapreocupação”,obser- vaVanessa.Segundoe- la, entre os efeitos co- laterais observados em microscopia eletrônica de varredura e análises químicas e mecânicas, destacam-se o aumen- to da porosidade do esmalte clare- ado, rugosidades, erosão e desmi- neralizaçãodasuperfíciedoesmal- te. “Estes fatores dão margem ao surgimentodecáriesefavorecemo retornodacorindesejada”,explica apesquisadora,quedesenvolveuo trabalho nos laboratórios da FOP, Instituto de Química da Unicamp, InstitutodePesquisaeDesenvolvi- mentodaUniversidadedoValedo Paraíba e do Dental Research Cen- ter,naUniversidadedaCarolinado Norte, EUA. Em busca de agentes mais segu- ros,Vanessaconstatou,pormeiode testes in vitro, que o flúor e o cálcio, adicionadosseparadamenteaosgéis clareadores,compensamasperdas sofridasduranteoprocesso.Segun- do ela, a adição desses íons ao gel promoveasaturaçãodoagentecla- readorediminuiaperdamineraldo esmalte durante o tratamento. Apesquisadoraanalisouosefei- tos colaterais dos agentes clarea- dores em dentes saudáveis e em amostrascomlesãoinicialdecárie. Em ambos os casos, os testes reve- laram que o tratamento clareador realizadocomoperóxidodecarba- mida a 10%, sem a adição de flúor JEVERSON BARBIERI jeverson@unicamp.br desempenho da química brasileira só não é mais sa- tisfatórioporquenãotemos indústria, ou temos poucas que in- vestem nessa área”. O diagnóstico foi feito pelo médico veterinário Jorge Almeida Guimarães, presi- dente da Coordenação de Aperfei- çoamentodePessoaldeNívelSupe- rior(Capes),durantepalestrareali- zada no Instituto de Química(IQ)daUni- camp,naúltimaquin- ta-feira(14),cujotema foi “Ações da Capes 2007-2010”.“Aquími- ca brasileira é um su- cesso, sobretudo se for considerado ofatodequehá25anoshaviaapenas umgrupomuitopequenodepessoas com uma ação pouco centrada em sínteseemaisemquímicaanalíticae produtos naturais”, observou. Houve,segundoGuimarães,uma mudançasubstancialnoquadro,ba- seada em dois instrumentos funda- mentais. O primeiro foi o financia- mentoexternodoProgramadeApoio aoDesenvolvimentoCientíficoeTec- nológico(PADCT),quepermitiuum importante salto de qualidade.Ose- gundofoioincrementodapós-gradu- ação.“Financiamentoeboaescolhade estudantesresultaramnoqueéhojea químicabrasileira,umadasprincipais domundo”,ressaltouGuimarães. O gargalo, aponta Guimarães, re- sidenofatodequeasgrandesempre- sas não fazem pesquisa no Brasil, ignorandoessenichodemercado.“A indústriafarmacêutica,porexemplo, queéumgrandeempregadordere- cursos humanos no mundo todo, tem,noBrasil,umaatuaçãoridícula”, criticou. Guimarães acrescenta que faltou, ao longo desses anos, uma política de governo mais eficaz. O presidente da Capes lembrou que o Brasil, mesmo sendo o maior produtordesucodelaranjadomun- do,aindaimportaácidocítrico.“Não temosfaltadequímicosnemdecom- petência. Falta a presença do setor industrial nesse contexto”, disse. Guimarãesressaltaque,aolongodo tempo,faltouumapolíticaindustri- alporpartedogoverno,instrumen- toque,segundoele,“foiacopladoà açãodaCapes,umavezque,noBra- sil, muito conhecimento é gerado, mas falta quem o utilize”. A crescente produção científica brasileira, cujo resultado mais evi- dentesãoosváriosdepósitosdepe- didosdepatentes,foilembradopor Guimarãescomofatorquepressio- naafavordessanovapolíticaindus- trial.Segundoopesquisador,Estados Unidos,JapãoeCoréia,quesãogran- desprodutoresdepatentes,mostram que,emmédia,90%dessaprodução temcomosubstratocientíficopesqui- sasgeradasnoprópriopaís,desenvol- vidaspredominantementecomrecur- sos públicos e que são apropriadas pelosetorindustrial,porqueissofaz parte desse sistema de interação. Para o presidente da Capes, esse quadro já começa a se desenhar no Brasil.“AUnicamptemmaispaten- tesqueaPetrobras.Entreas20maio- resdepositáriasdepatentesdoBra- sil, cinco são universidades, com a Unicamp à frente. Depois temos a UniversidadedeSãoPaulo(USP),a UniversidadeFederaldeMinasGe- rais (UFMG), a Universidade Esta- dual Paulista (Unesp) e a Universi- dadeFederaldoRiodeJaneiro(UF- RJ). Juntas, representam 26% das patentes.Trata-sedeumadistorção, jáquenomundodesenvolvidoapa- tentedeorigemgeradapelasinstitui- ções acadêmicas não passa de 3%. Nósestamosfazendoodeverdecasa duplamente”,finalizouGuimarães. “O Guimarães participou de palestra no IQ PresidentedaCapespregamaiorenvolvimentodaindústria Pesquisa inédita revela que adição de íons compensa perdas causadas por procedimento odontológico Flúor e cálcio atenuam efeitos de clareamento A dentista Vanessa Cavalli: analisando os efeitos colaterais dos agentes clareadores em dentes saudáveis e em amostras com lesão inicial de cárie P e cálcio, reduziu a microdureza e promoveumaiorprofundidadede desmineralizaçãodoesmalte.Nos dentessaudáveis,aperdademine- ralfoide45%,enquantonasamos- tras com processo inicial de cárie esseíndicefoide30%.“Estascons- tatações tornam-se preocupantes, uma vez que, devido à notorieda- dedastécnicasclareadoras,obser- va-se em alguns casos a utilização desses agentes em pacientes que apresentamlesõesiniciaisdecárie”, destaca Vanessa. Deacordocomapesquisadora,os dentescomprometidosapresentam índiceinferiordedesmineralização porque o processo inicial da cárie torna-osnaturalmentemais“reati- vos”. “Clinicamente, o estrago só nãoémaiorporqueasalivacontém elementos como flúor, cálcio e fós- foro,queacabamcompensandoas perdas em até 90%”, explica. “No caso dos dentes comprometidos, a perda é menor porque a saliva é mais efetiva numa superfície com lesão inicial de cárie”, completa. As análises químicas realizadas com peróxido de carbamida a 10% tambémforamconclusivasquanto aosbenefíciosobtidoscomaadição deflúorecálcio.Ostestesindicaram que,nosdentessadios,aadiçãode flúor a 5 mil ppm (partes por mi- lhão) e cálcio a 2 mil ppm foi capaz decontrolaraperdamineraldoes- malte clareado,enquantonosden- tes com cárie superficial, ajudou a manter o conteúdo mineral do es- malte. “Os agentes contendo altas Agentes podem danificar dentina concentraçõesdecálcioapresenta- ram bom desempenho no esmalte hígido,enquantoosagentesconten- do altas concentrações de flúor fo- ramimportantesparaasproprieda- desquímicasdoesmaltecomlesão inicial de cárie”, observa. Numaoutrafrente,Vanessaestu- dou os efeitos colaterais dos agen- tesusadosparaclareamentointer- no do dente. Segundo a pesquisa, agentes clareadores como perbo- rato de sódio, peróxido de carba- mida e peróxido de hidrogênio fo- ramcapazesdediminuiraresistên- cia da dentina após o tratamento, possivelmentedevidoàsalterações morfológicas. Desde a década de 1980, o principal produto utilizado para clarear os dentes é um gel à base do componente ativo peróxido de carbamida. O processo de branqueamento acontece por meio de uma reação de oxi-redução capaz de liberar radicais livres que fragmentam as moléculas responsáveis pela pigmentação do dente. Em contato com os tecidos moles ou saliva em temperatura oral (37º), o peróxido de carbamida dissocia-se em peróxido de hidrogênio e uréia. O peróxido é capaz de movimentar-se e infiltrar-se livremente no esmalte e na dentina, devido ao seu baixo peso molecular, onde se degrada, liberando oxigênio e água, enquanto a uréia dissocia-se em amônia e dióxido de carbono. O mecanismo de ação dos agentes clareadores abrange a habilidade do peróxido de hidrogênio formar radicais livres que interagem com as moléculas orgânicas pigmentadas, decompondo-as em moléculas menores e menos pigmentadas.Aalteração no tamanho e na pigmentação de moléculas orgânicas após a oxidação produzida pelos radicais livres altera a absorção de espectro visível pela molécula, de maior para menor comprimento de onda, resultando em compostos “mais claros”. O tratamento pode ser feito de duas maneiras: na chamada “aplicação caseira”, o dentista faz um molde dos dentes e depois uma moldeira flexível, na qual se coloca o gel com uma concentração de 10% de peróxido de carbamida. Seguindo o protocolo mais usual, a pessoa deve colocar a moldeira antes de dormir, por um período mínimo de seis horas, repetindo o procedimento por duas a quatro semanas. Para quem tem pressa, porém, o processo pode ser feito no consultório, numa sessão de duas horas. Nesse caso, a concentração de peróxido de carbamida é elevada a 35%, o que exige atento monitoramento por parte do dentista. Os principais tipos de alteração de cor dental são divididos em alterações de cor extrínseca e intrínseca.Aalteração de cor extrínseca ocorre, em geral, devido ao escurecimento externo da coroa dental.Adescoloração pode ser causada por uma variedade de alimentos e produtos com grande quantidade de corantes como café, chá, fumo e medicamentos, como a clorexidina, e alguns produtos antibacterianos.Aalteração de cor extrínseca pode também afetar as restaurações em resina (material restaurador estético amplamente utilizado na clínica odontológica). O tratamento das descolorações extrínsecas é realizado através da microabrasão com pastas profiláticas ou através de tratamento químico clareador. Já a alteração de cor intrínseca é causada por fatores locais ou sistêmicos os quais produzem mudança de cor da estrutura interna do elemento dentário. Como conseqüência, as manchas intrínsecas são mais difíceis de serem tratadas e são freqüentemente mais severas que as manchas extrínsecas, uma vez que todo o elemento ou a dentição é envolvida. O fator local mais comum para a descoloração intrínseca é o trauma e subseqüente hemorragia.Adifusão dos produtos de degradação do sangue, como a bilirrubina e hemoglobina, causa o escurecimento da dentina. A descoloração intrínseca também pode acontecer devido à presença de certos materiais restauradores, como corrosão de produtos do amálgama, descoloração das restaurações de compósitos, sais de prata ou materiais utilizados no tratamento de canal. Os fatores sistêmicos que causam a descoloração intrínseca atuam durante a odontogênese. “A descoloração é incorporada no esmalte ou dentina, através da mudança na qualidade ou na quantidade desses tecidos, ou por meio da adição dos pigmentos na estrutura desses substratos”, explica. “Manchas de tetraciclina, fluorose e envelhecimento fisiológico são exemplos de descoloração interna causada por fatores sistêmicos”, conclui a dentista. Do consultório à aplicação caseira O presidente da Capes, Jorge Almeida Guimarães: “A química brasileira é um sucesso” Foto: Antonio Scarpinetti Foto: Antoninho Perri