SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 10
Baixar para ler offline
Anais da
Semana de Pedagogia da UEM
ISSN Online: 2316-9435
XXII Semana de Pedagogia
X Encontro de Pesquisa em Educação
05 a 08 de Julho de 2016
Universidade Estadual de Maringá, 05 a 08 de julho de 2016.
O SUJEITO DO DIREITO: EDUCAÇÃO E POLÍTICA PARA
PAULO FREIRE
NICOLA, Patrícia da Silva
patricianicola95@gmail.com
SOUZA, Leonardo de Carvalho
carvalho_leo_@hotmail.com
NEVES, Sandra Garcia (orientadora)
sandragarcianeves@bol.com.br
(UNESPAR-Campus de Campo Mourão)
Fundamentos da Educação
INTRODUÇÃO
Notamos a presença de um sujeito de direto nos escritos de Paulo Freire. Mas, quem é
o sujeito que tanto aparece nos escritos de Paulo Freire? Esse sujeito participa de diferentes
espaços, da construção da história e da cultura, do partido político, da classe popular, da
educação e da pesquisa, de uma realidade social complexa e diversificada.
Ao tratar das dimensões de participação do sujeito, Paulo Freire expõe, por exemplo,
qual é a ação política do sujeito do direito. As orientações esboçadas pelo autor expressam seu
posicionamento político em defesa da garantia e da efetivação dos direitos humanos.
OBJETIVO
No presente artigo, temos por objetivo apresentar como Paulo Freire concebe e
caracteriza o sujeito do direito e como a compreensão dessa categoria contribui na direção do
agir educativo e politico em busca da ampliação do acesso à educação.
2
Universidade Estadual de Maringá, 05 a 08 de julho de 2016.
METODOLOGIA
Para tratarmos do sujeito de direito em Paulo Freire, realizamos pesquisa bibliográfica
em alguns de seus escritos. A partir de estudo bibliográfico com destaque à categoria “sujeito
do direito” discutimos como Paulo Freire caracteriza o sujeito progressista, ou seja, político-
democrático.
CARACTERIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO DO SUJEITO HISTÓRICO SOCIAL PARA
PAULO FREIRE
Antes de apresentarmos as relações do sujeito em alguns escritos de Paulo Freire nas
dimensões do direito e da educação, carecemos compreender de qual sujeito falamos e como o
autor apresenta o agir que considera coerente e o incoerente desse sujeito. Freire (2003a, p.
23) destaca que “[...] a História é possibilidade e não determinismo. Somos seres
condicionados, mas não determinados”. A História é aberta e em permanente construção.
Desse modo, o sujeito nunca está pronto, mas, se modifica e é modificado ao longo de sua
existência histórica. Freire (2003a, p. 23) ressalta que “[...] é impossível entender a História
como tempo de possibilidade se não reconhecermos o ser humano como ser da decisão, da
ruptura [...]”. Por mais que os sujeitos se encontrem em situações adversas, as características
necessárias para a superação dessas situações podem ser aprendidas e desenvolvidas no
sujeito.
O sujeito para Freire (2003) deve decidir romper com o que está posto, como por
exemplo, com as desigualdades e a exploração existentes na sociedade humana. Notamos que
“o estilo democrático de fazer política, sobretudo em sociedades de fortes tradições
autoritárias, demanda assumir concretamente o gosto pela liberdade, pelo compromisso com o
respeito ao direito dos outros, pela tolerância como regra de vida” (FREIRE, 2003a, p. 38).
Essas ações demandam esforço, e, principalmente, intervenção democrática.
Segundo Freire (1992, p. 42) “[...] a clareza política na leitura do mundo e os níveis de
engajamento no processo de mobilização e organização da luta [...]”, além de decidir e romper
com a relidade opressora, a democracia é essencial para que o sujeito avance na garantia de
direitos e na reivindicação da justiça. Essas ações estão intrinsecamente relacionadas e
possuem interdependência, pois, conforme Freire (2007, p. 50), não há possibilidade de
direito sem a participação democrática do sujeito, seja nas discussões ou nas decisões
3
Universidade Estadual de Maringá, 05 a 08 de julho de 2016.
políticas. Se não há possibilidade de participação do sujeito, são restritas as características de
ação no mundo, “[...] é sacrificada sua capacidade criadora [...]”. Se a democracia não é
efetivada nas situações existenciais, o sujeito perde suas características de sujeito de ação.
Há anulação do modo de ser coerente do sujeito, quando, por exemplo, não decidi por
si próprio, mas aceita o que os outros lhe impõe, sem questioner. O sujeito abdica da
possibilidade de decidir, de romper, de agir. De acordo com Freire (1979, p. 55):
Do ponto de vista filosófico, um ser que ontologicamente é “para si” se
“transforma” em “ser para outro” quando, perdendo o direito de decidir, não
opta e segue as prescrições de outro ser. Suas relações com este outro são as
relações que Hegel chama de “consciência servil para a consciência
senhorial”.
Com o advento dos estudos e pesquisas na área da Antropologia, da História e da
Psicologia, compreendemos como se dá a construção do ser humano e de suas formas de
interação com a natureza. Compreendemos como o sujeito se comunica, categoriza as coisas e
busca explicações para compreender o mundo em que está inserido. A desigualdade passou a
existir quando se forjou no mundo social dos homens a pobreza, a exclusão social, o
preconceito e o racismo. Freire (1996) afirma que, mesmo diante de percalços e
impossibilidades da ação social, as possibilidades de intervenção são das características do
sujeito e nos permite analisar que:
[...] já não foi possível existir nem assumir o direito e o dever de optar, de
decidir, de lutar, de fazer política. E tudo isso nos traz de novo à
imperiosidade da prática formadora, de natureza eminentemente ética. E
tudo isso nos traz de novo à radicalidade da esperança. Sei que as coisas
podem até piorar, mais sei também que é possível intervir para melhorá-las
(FREIRE, 1996, p. 57).
Acerca das dificuldades vivenciadas na vida em sociedade, Freire (2000, p. 107)
considera, a partir do seu posicionamento político, que tais problemas “[...] não ameaçam a
posição em que me acho e sempre me achei: a de quem, por ser gente, luta incessantemente
pelo direito de ser sujeito da História e não apenas nela objeto”. Reconhecemos que o sujeito
ideal para Freire (2000) precisa reconhecer-se como ser de ação, ser que age sobre sua
realidade e no mundo, nunca passive e acrítico, e, sempre crítico e ativo.
4
Universidade Estadual de Maringá, 05 a 08 de julho de 2016.
De acordo com Freire (1996, p. 84) a negação do direito, a estagnação, a condição de
conformidade, a imobilização e o silenciamento do sujeito, são divergentes das características
do sujeito em seu agir coerente frente às desigualdades do mundo:
Meu direito à raiva pressupõe que, na experiência histórica da qual participo,
o amanhã não é algo pré-dado, mas um desafio, um problema. A minha
raiva, minha justa ira, se funda na minha revolta em face da negação do
direito de “ser mais” inscrito na natureza dos seres humanos. [...] O discurso
da acomodação ou de sua defesa, o discurso da exaltação do silêncio imposto
de que resulta a imobilidade dos silenciados, o discurso do elogio da
adaptação tomada como fado ou sina é um discurso negador da humanização
de cuja responsabilidade não podemos nos eximir.
O sujeito deve decidir, intervir, agir sob aquilo que necessita ser transformado, na luta
por uma sociedade justa e digna para todos. O sujeito não pode ser guiado por interesses
individuais e não abdicar do direito e do dever, pois está inserido em um mundo em
construção. Freire (2000, p. 43) afirma que “[...] participar dos debates em torno do projeto
diferente de mundo é um direito das classes populares que não podem ser puramente
‘guiadas’ ou empurradas até o sonho por suas lideranças”. Conceber e reconhecer o mundo
em construção é uma das características necessárias à construção do sujeito ideal para Paulo
Freire.
As ações que caracterizam o sujeito segundo Freire (2000), precisam serem ensinadas
às crianças desde a mais tenra idade. As crianças precisam de formação que possibilite a
leitura crítica do mundo. Evidenciamos que o próprio sujeito mencionado por Freire (2000 p.
58) está em construção, e essa construção se dá na relação dialética com outros sujeitos:
As crianças precisam crescer no exercício desta capacidade de pensar, de
indagar-se e de indagar, de duvidar, de experimentar hipóteses de ação, de
programar e de não apenas seguir os programas a elas, mais do que
propostos, impostos. As crianças precisam de ter assegurado o direito de
aprender a decidir, o que se faz decidindo.
Tanto as novas gerações quanto as anteriores do tempo em que vivemos, estão em
processo de construção e se reafirmam como sujeitos históricos e sociais. Os sujeitos, tais
como devem ser para Paulo Freire, são históricos e sociais. Ao tratar do indeterminismo, o
autor questiona por repetidas vezes, o agir do sujeito, dá indícios da concepção de como não
deve ser o agir do sujeito histórico e social.
5
Universidade Estadual de Maringá, 05 a 08 de julho de 2016.
Se não deveria deixar de lado o discurso e a veemência com que o tenha
feito em torno do homem e da mulher como seres histórico-sociais capazes
de intervir no mundo, de recriá-lo como seres inacabados mas conscientes de
seu inacabamento, por isso inseridos num permanente processo de busca e
de reinvenção do próprio mundo e de si mesmos. Se nada do que ao lado de
tantos tenho falado do homem e da mulher como seres capazes de valorar, de
intervir, de escolher, de decidir, de romper, razão por que nos fizemos seres
éticos e por que nos tornamos éticos abrimos a trágica possibilidade de
transgredir a própria ética, me pergunto se este é um discurso perdido
(FREIRE, 2000, p. 107).
Quando o sujeito entrega-se à morte da História, abandona as possibilidades de
melhoria da vida, de sonhos, de esperança, torna-se passivo, um técnico em suas relações,
como objeto que não age sobre o mundo. Problematizamos os diferentes espaços de atuação
do sujeito histórico social, que necessita analisar, romper e decidir para a efetivação de
essência de seus direitos, com vistas a melhores condições de vida.
O SUJEITO EM DIFERENTES ESPAÇOS
Freire (2003a, p. 49) problematiza que o “[...] comportamento religioso alienado [...]”
pode fundamentar e reproduzir discursos impedidores do pleno acesso aos direitos. O
comportamento religioso deve passar por ressignificação, que o leve o sujeito à enxergar as
coisas por meio de análise crítica. O comportamento religioso alienado é prejudicial quando
se reduz ao culto às formas idealistas e místicas de pensar, quando considera o concreto e
experiências reais de cada indivíduo. Devemos superar a forma estritamente idealista de ver a
realidade e ampliá-la.
O sujeito é também progressista. Para Freire (2003a) o sujeito luta contra a opressão
das camadas populares, contra a anulação de suas vozes de suas singularidades, subjetividades
e necessidades. Em outras palavras, Freire (2000, p. 67) argumenta que:
Se a nossa opção é progressista, se estamos a favor da vida e não da morte,
da equidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência
com o diferente e não de sua negação, não temos outro caminho senão viver
plenamente a nossa opção.
O sujeito progressista respeita o direito de escolha dos outros, sem impor modelos
prontos e acabados de ser e estar no mundo, preza pela liberdade de decidir inerente aos
outros. O sujeito progressista que participa de partido político não pode isentar-se da luta
6
Universidade Estadual de Maringá, 05 a 08 de julho de 2016.
pelos direitos das camadas populares, da utilização de recursos públicos necessários aos
serviços para a população. A participação em partido, segundo Freire (2003a) exige do sujeito
político que se declara progressista, ação absolutamente coerente. O sujeito ao participar do
meio político deve lutar e cobrar o cumprimento do poder público que tem a tarefa de “[...]
garantir as liberdades, os direitos e os deveres, a justiça, e não respaldar o arbítrio de uns
poucos contra a debilidade das maiorias” (FREIRE, 2000, p. 131).
O sujeito está também inserido na pesquisa e faz pesquisa. Quanto à dimensão da
pesquisa científica, o sujeito progressista precisa perceber sua importância para pesquisa, no
sentido de superar o nível de conhecimento que está, que se adquire com as experiências e
vivências, direcionar-se às bases elaboradas e sistematizadas do conhecimento. Nas palavras
de Freire (1992, p. 84) “[...] isso tem que ver com a passagem do conhecimento ao nível do
‘saber de experiência feito’, do senso comum, para o conhecimento resultante de
procedimentos [...] rigorosos de aproximação aos objetos cognoscíveis”. A pesquisa não pode,
segundo Freire (2006, p. 34), ser realizada como alguns especialistas a tem feito: deixam o
povo à margem, sem participação efetiva. Freire (2006, p. 34) afirma que o povo tem direito
de “[...] ser sujeito da pesquisa que procura conhecê-lo melhor”.
Na dimensão cultural o sujeito progressista deve ser respeitado em suas diferenças.
Para Freire (1992, p. 156) a “multicultaralidade” se constitui no direito à liberdade e à
possibilidade de ser e de desenvolver- se sem imposição de uma cultura sobre as outras, sem
exercício de poder umas sobre as outras. No desenvolvimento de pesquisas é pertinente que
tais proposições sejam consideradas. Freire (1992) defende o direito da classe trabalhadora de:
[...] conhecer seus direitos, seus deveres; de conhecer a história da classe
operária; o papel dos movimentos populares na refeitura mais democrática
da sociedade. A história de seu país. A geografia, a linguagem ou, melhor
dito, a compreensão crítica da linguagem, em suas relações dialéticas com
pensamento e mundo; linguagem, ideologia, classes sociais e educação
(FREIRE, 1992, p. 133).
A classe trabalhadora é composta por indivíduos que encontram dificuldades em suprir
suas carências, principalmente por que, para Freire (1992), a ótica do aprofundamento da
democracia liberal que oferece direito liberdade apenas. Homens e mulheres precisam, além
da liberdade, terem meios de promover a alimentação e escolas para suas crianças, casa para
morar e outros meios necessários para vida digna. De acordo com Freire (1992), os grupos
7
Universidade Estadual de Maringá, 05 a 08 de julho de 2016.
minoritários precisam, para reivindicar direitos efetivos, estar unidos. Tais grupos compõem a
maioria. Urge garantir possibilidades concretas de “ser” desses sujeitos.
O sujeito progressista é aquele que lê criticamente o mundo, tem o dever de expressa-
se, opor-se, posicionar-se diante das incoerências e dos fatos sociais, sem negar o direito dos
outros de falar, de ouvir e de ser ouvido. Em relação ao sujeito que lê o mundo, Freire (2001)
ressalta que precisa ler a palavra, isto é, ser alfabetizado. O autor trata do direito que
considera fundamental: a alfabetização, processo deve ocorrer na relação da leitura e da
palavra escrita com as experiências, vivências e na práxis que se articula à leitura da palavra e
do mundo em que está inserido, na compreensão do significado da realidade.
Várias características e condições que apresentamos, são constituintes do sujeito
histórico-social caracterizado nos escritos de Paulo Freire. O sujeito que participa do partido,
da classe social, da pesquisa, da política, da cultura, luta por direitos e integra a construção da
realidade, como também, está em constante construção. Essa construção não se dá por meios
idealistas, inatistas, mas, por meio do trabalho, da prática e ação social político-democrática.
Freire (2001) destaca que o papel e as atribuições são alvitradas pela educação e pelos
educadores que se engajam no despertar da consciência crítica dos sujeitos e de suas formas
de constituição. Freire (2001) ressalta que tal educação se realiza não em sentido restrito, mas
amplo.
O SUJEITO DA EDUCAÇÃO
O direito à educação é garantido pela Constituição Federal de 1988, artigo 205º: “a
educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentiva com a
colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 2016a, p. 1).
Na dimensão legal destacamos o direito à educação também na Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/1996, artigo 2º, ao expor: “a educação, dever da
família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade
humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1996b, p. 1).
De modo sucinto, nos documentos legais o direito à educação é reafirmado.
Afirmamos que esse direito não é dado e deve ser construído por meio da educação. A
Educação deve desenvolver e possibilitar o desenvolvimento das características essenciais e
8
Universidade Estadual de Maringá, 05 a 08 de julho de 2016.
constitutivas do sujeito. Uma delas é a curiosidade epistemológica, preconizada por Freire
(1996, p. 27) ao escrever: “quanto mais criticamente se exerça a capacidade de aprender tanto
mais se constrói e desenvolve”. Essa curiosidade relaciona-se a busca sistemática pelo
conhecimento. Portanto, não basta nos limitar às impressões ou intuições. Carecemos
compreender os determinantes das relações sociais, políticas e ideológicas da realidade em
que estamos inseridos.
A educação deve desenvolver a consciência dos indivíduos, a capacidade de romper,
de mudar e de transformar a realidade opressora. Segundo Freire (1992, p. 122):
[...] a educação, especificidade humana, como um ato de intervenção no
mundo. [...] Quando falo em educação como intervenção me refiro tanto à
que aspira a mudanças radicais na sociedade, no campo a economia, das
relações humanas, da propriedade, do direito ao trabalho, à terra, à educação,
à saúde, quanto à que, pelo contrário, reacionariamente pretende imobilizar a
História e manter a ordem injusta.
Para aqueles que defendem a imutável dicotomia entre educar e ensinar,
argumentamos que esses processos estão intrinsecamente relacionados. Não há, segundo
Paulo Freire como segregá-los. Nas palavras de Freire (1996, p. 37) “[...] se se respeita a
natureza do ser humano, o ensino dos conteúdos não pode dar-se alheio à formação moral do
educando”. O autor explicita a amplitude da educação que ultrapassa a compreensão restrita
de ensino e aprendizagem como ação passageira. A educação é condição da existência
humana, elemento constituinte da realidade. De acordo com Freire (2003b, p. 20):
[...] educação, como formação, como processo de conhecimento, de ensino,
de aprendizagem, se tornou, ao longo da aventura no mundo dos seres
humanos uma conotação de sua natureza, gestando-se na história, como a
vocação para a humanização [...].
Classificamos a negação do direito à educação como violência contra à humanidade,
contra a possibilidade da construção do sujeito consciente de si e do mundo. O rompimento
com a violência perpassa o trabalho dos professores, suas práticas e formas de agir no mundo.
Para Freire (2006) os professores precisam ouvir seus alunos, nunca de modo autoritário.
Devem indicar caminhos e possibilidades. Nas palavras do autor:
Quem apenas fala e jamais ouve; quem “imobiliza” o conhecimento e o
transfere a estudantes, não importa se de escolas primárias ou universitárias;
quem ouve o eco apenas de suas próprias palavras, numa espécie de
9
Universidade Estadual de Maringá, 05 a 08 de julho de 2016.
narcisismo oral; quem considera petulância da classe trabalhadora
reivindicar direitos; quem pensa, por outro lado, que a classe trabalhadora é
demasiado inculta e incapaz, necessitando, por isso, de ser libertada de cima
para baixo, não tem realmente nada que ver com libertação nem democracia
(FREIRE, 2006, p. 26).
Limitado à essas ações, o sujeito é apenas agente de reprodução das desigualdades
sociais e da organização autoritária da sociedade em que vivemos. Para Freire (1992, p. 131)
os professores são os agentes que devem enfatizar os conhecimentos fundamentais para seu
contexto, e destaca que “o que não posso é reduzir tudo à minha verdade, a meu acerto”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Compreendemos que o sujeito do direito tem singularidades e participa de diferentes
espaços sociais. Para que os sujeitos avancem na construção de uma sociedade democrática de
direitos, suas ações devem perpassar diferentes setores sociais, em especial e educação.
Segundo Paulo Freire a educação possibilita a compreensão dos direitos e orienta caminhos
para torná-los acessíveis, possíveis.
Paulo Freire não limita a construção do sujeito progressista à educação escolar. A
educação é um processo permanente, histórico e social. Deste modo, ocorre nas diferentes
instâncias e espaços sociais. Assim por exemplo, as ações sindicais e culturais também
educam. Essa concepção de educação abarca uma concepção de homem por inteiro, integrado
e crítico, capaz de compreender e agir criticamente e transformar o mundo em que vive: um
sujeito progressista.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm.> Acesso em:
30 maio 2016 a.
______. Lei n.º 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>.
Acesso em: 30 maio 2016b.
FREIRE, Freire. A educação na cidade. Prefácio de Moacir Gadotti e Carlos Alberto Torres.
Notas de Vicente Chel. 5 ed. São Paulo: Cortez, 2001.
10
Universidade Estadual de Maringá, 05 a 08 de julho de 2016.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 30 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
2007.
FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Tradução de Moacir Gadotti e Lillian Lopes Martin.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. (Coleção Educação e Comunicação vol. 1)
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 47 ed. São
Paulo: Cortez, 2006.
FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. Prefácio de Ladislau Dowbor e notas de Ana
Maria Araújo Freire. 5 ed. São Paulo: Olho d’Água, 2003b.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 1996.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança: um encontro com a Pedagogia do oprimido. Rio
de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo:
UNESP, 2000.
FREIRE, Paulo. Política e educação: ensaios. 7 ed. São Paulo: Cortez, 2003a.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a O SUJEITO DO DIREITO- EDUCAÇÃO E POLÍTICA PARA PAULO FREIRE.pdf

O Jovem e o seu Direito de Aprendizagem
O Jovem e o seu Direito de AprendizagemO Jovem e o seu Direito de Aprendizagem
O Jovem e o seu Direito de AprendizagemJomari
 
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelente
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelenteQuadro resumo conhecimentos pedagógicos excelente
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelenteCamila Fyama
 
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelente
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelenteQuadro resumo conhecimentos pedagógicos excelente
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelenteEduardo Lopes
 
Saul, ana maria paulo freire e a formacao de educadores
Saul, ana maria   paulo freire e a formacao de educadoresSaul, ana maria   paulo freire e a formacao de educadores
Saul, ana maria paulo freire e a formacao de educadoresmarcaocampos
 
Resumo paulo freire biobibliografia
Resumo paulo freire biobibliografiaResumo paulo freire biobibliografia
Resumo paulo freire biobibliografiaNovautos Noticias
 
Mulher e Polítca: reflexões sobre a participação da mulher na política
Mulher e Polítca: reflexões sobre a participação da mulher na políticaMulher e Polítca: reflexões sobre a participação da mulher na política
Mulher e Polítca: reflexões sobre a participação da mulher na políticafcmatosbh
 
Educacao ambiental critica
Educacao ambiental criticaEducacao ambiental critica
Educacao ambiental criticaJair Jr Silveira
 
AULA 01 FILOSOFIA ensino medio apostilas
AULA 01 FILOSOFIA ensino medio apostilasAULA 01 FILOSOFIA ensino medio apostilas
AULA 01 FILOSOFIA ensino medio apostilasrafaelmcanavezzi
 
Paulo Freire
Paulo FreirePaulo Freire
Paulo Freiresuzzinha
 
Trabalho para comunicação oral formação humana e diálogo o que fazer diante d...
Trabalho para comunicação oral formação humana e diálogo o que fazer diante d...Trabalho para comunicação oral formação humana e diálogo o que fazer diante d...
Trabalho para comunicação oral formação humana e diálogo o que fazer diante d...atodeler
 
Gestão escolar-conceitos-práticas-e-expectativas
Gestão escolar-conceitos-práticas-e-expectativasGestão escolar-conceitos-práticas-e-expectativas
Gestão escolar-conceitos-práticas-e-expectativasMaxmiliano Melo
 
Psicologia, subjetividade e políticas públicas
Psicologia, subjetividade e políticas públicasPsicologia, subjetividade e políticas públicas
Psicologia, subjetividade e políticas públicasLOCIMAR MASSALAI
 

Semelhante a O SUJEITO DO DIREITO- EDUCAÇÃO E POLÍTICA PARA PAULO FREIRE.pdf (20)

O Jovem e o seu Direito de Aprendizagem
O Jovem e o seu Direito de AprendizagemO Jovem e o seu Direito de Aprendizagem
O Jovem e o seu Direito de Aprendizagem
 
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelente
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelenteQuadro resumo conhecimentos pedagógicos excelente
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelente
 
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelente
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelenteQuadro resumo conhecimentos pedagógicos excelente
Quadro resumo conhecimentos pedagógicos excelente
 
Teoria freiriana
Teoria freirianaTeoria freiriana
Teoria freiriana
 
Saul, ana maria paulo freire e a formacao de educadores
Saul, ana maria   paulo freire e a formacao de educadoresSaul, ana maria   paulo freire e a formacao de educadores
Saul, ana maria paulo freire e a formacao de educadores
 
Resumo paulo freire biobibliografia
Resumo paulo freire biobibliografiaResumo paulo freire biobibliografia
Resumo paulo freire biobibliografia
 
Metodo FreirianoRes03 31
Metodo FreirianoRes03 31Metodo FreirianoRes03 31
Metodo FreirianoRes03 31
 
Contribuições da dialogicidade
Contribuições da dialogicidadeContribuições da dialogicidade
Contribuições da dialogicidade
 
Mulher e Polítca: reflexões sobre a participação da mulher na política
Mulher e Polítca: reflexões sobre a participação da mulher na políticaMulher e Polítca: reflexões sobre a participação da mulher na política
Mulher e Polítca: reflexões sobre a participação da mulher na política
 
Conceitos de pedagogia
Conceitos de pedagogiaConceitos de pedagogia
Conceitos de pedagogia
 
Educacao ambiental critica
Educacao ambiental criticaEducacao ambiental critica
Educacao ambiental critica
 
Educação Inclusiva
Educação InclusivaEducação Inclusiva
Educação Inclusiva
 
AULA 01 FILOSOFIA ensino medio apostilas
AULA 01 FILOSOFIA ensino medio apostilasAULA 01 FILOSOFIA ensino medio apostilas
AULA 01 FILOSOFIA ensino medio apostilas
 
Paulo Freire
Paulo FreirePaulo Freire
Paulo Freire
 
Trabalho para comunicação oral formação humana e diálogo o que fazer diante d...
Trabalho para comunicação oral formação humana e diálogo o que fazer diante d...Trabalho para comunicação oral formação humana e diálogo o que fazer diante d...
Trabalho para comunicação oral formação humana e diálogo o que fazer diante d...
 
Cultura afro2
Cultura afro2Cultura afro2
Cultura afro2
 
Gestão escolar-conceitos-práticas-e-expectativas
Gestão escolar-conceitos-práticas-e-expectativasGestão escolar-conceitos-práticas-e-expectativas
Gestão escolar-conceitos-práticas-e-expectativas
 
Psicologia, subjetividade e políticas públicas
Psicologia, subjetividade e políticas públicasPsicologia, subjetividade e políticas públicas
Psicologia, subjetividade e políticas públicas
 
Sobre o lugar de fala.
Sobre o lugar de fala.Sobre o lugar de fala.
Sobre o lugar de fala.
 
Paulo freire pedagogia_diversidade
Paulo freire pedagogia_diversidadePaulo freire pedagogia_diversidade
Paulo freire pedagogia_diversidade
 

Mais de LeonardoSouzaUnespar

Educação e atualidade brasileira.pdf
Educação e atualidade brasileira.pdfEducação e atualidade brasileira.pdf
Educação e atualidade brasileira.pdfLeonardoSouzaUnespar
 
A Importancia do Ato de Ler - Paulo Freire.pdf
A Importancia do Ato de Ler - Paulo Freire.pdfA Importancia do Ato de Ler - Paulo Freire.pdf
A Importancia do Ato de Ler - Paulo Freire.pdfLeonardoSouzaUnespar
 
Pedagogia-da-Autonomia-Paulo-Freire.pdf
Pedagogia-da-Autonomia-Paulo-Freire.pdfPedagogia-da-Autonomia-Paulo-Freire.pdf
Pedagogia-da-Autonomia-Paulo-Freire.pdfLeonardoSouzaUnespar
 
Artigo sobre Paulo Freire 2021.pdf
Artigo sobre Paulo Freire 2021.pdfArtigo sobre Paulo Freire 2021.pdf
Artigo sobre Paulo Freire 2021.pdfLeonardoSouzaUnespar
 
A Importancia do Ato de Ler - Paulo Freire.pdf
A Importancia do Ato de Ler - Paulo Freire.pdfA Importancia do Ato de Ler - Paulo Freire.pdf
A Importancia do Ato de Ler - Paulo Freire.pdfLeonardoSouzaUnespar
 
Dissertação sobre gestão de políticas públicas para infancia e adolescencia.pdf
Dissertação sobre gestão de políticas públicas para infancia e adolescencia.pdfDissertação sobre gestão de políticas públicas para infancia e adolescencia.pdf
Dissertação sobre gestão de políticas públicas para infancia e adolescencia.pdfLeonardoSouzaUnespar
 
MOISHE POSTONE- TEMPO, TRABALHO E DOMINAÇÃO SOCIAL.pdf
MOISHE POSTONE- TEMPO, TRABALHO E DOMINAÇÃO SOCIAL.pdfMOISHE POSTONE- TEMPO, TRABALHO E DOMINAÇÃO SOCIAL.pdf
MOISHE POSTONE- TEMPO, TRABALHO E DOMINAÇÃO SOCIAL.pdfLeonardoSouzaUnespar
 
OFICINA MEMORIAL E EXAME QUALIFICAÇÃO (1).pptx
OFICINA MEMORIAL E EXAME QUALIFICAÇÃO (1).pptxOFICINA MEMORIAL E EXAME QUALIFICAÇÃO (1).pptx
OFICINA MEMORIAL E EXAME QUALIFICAÇÃO (1).pptxLeonardoSouzaUnespar
 

Mais de LeonardoSouzaUnespar (8)

Educação e atualidade brasileira.pdf
Educação e atualidade brasileira.pdfEducação e atualidade brasileira.pdf
Educação e atualidade brasileira.pdf
 
A Importancia do Ato de Ler - Paulo Freire.pdf
A Importancia do Ato de Ler - Paulo Freire.pdfA Importancia do Ato de Ler - Paulo Freire.pdf
A Importancia do Ato de Ler - Paulo Freire.pdf
 
Pedagogia-da-Autonomia-Paulo-Freire.pdf
Pedagogia-da-Autonomia-Paulo-Freire.pdfPedagogia-da-Autonomia-Paulo-Freire.pdf
Pedagogia-da-Autonomia-Paulo-Freire.pdf
 
Artigo sobre Paulo Freire 2021.pdf
Artigo sobre Paulo Freire 2021.pdfArtigo sobre Paulo Freire 2021.pdf
Artigo sobre Paulo Freire 2021.pdf
 
A Importancia do Ato de Ler - Paulo Freire.pdf
A Importancia do Ato de Ler - Paulo Freire.pdfA Importancia do Ato de Ler - Paulo Freire.pdf
A Importancia do Ato de Ler - Paulo Freire.pdf
 
Dissertação sobre gestão de políticas públicas para infancia e adolescencia.pdf
Dissertação sobre gestão de políticas públicas para infancia e adolescencia.pdfDissertação sobre gestão de políticas públicas para infancia e adolescencia.pdf
Dissertação sobre gestão de políticas públicas para infancia e adolescencia.pdf
 
MOISHE POSTONE- TEMPO, TRABALHO E DOMINAÇÃO SOCIAL.pdf
MOISHE POSTONE- TEMPO, TRABALHO E DOMINAÇÃO SOCIAL.pdfMOISHE POSTONE- TEMPO, TRABALHO E DOMINAÇÃO SOCIAL.pdf
MOISHE POSTONE- TEMPO, TRABALHO E DOMINAÇÃO SOCIAL.pdf
 
OFICINA MEMORIAL E EXAME QUALIFICAÇÃO (1).pptx
OFICINA MEMORIAL E EXAME QUALIFICAÇÃO (1).pptxOFICINA MEMORIAL E EXAME QUALIFICAÇÃO (1).pptx
OFICINA MEMORIAL E EXAME QUALIFICAÇÃO (1).pptx
 

Último

Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfWagnerCamposCEA
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxTailsonSantos1
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Ilda Bicacro
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º anoRachel Facundo
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIAPROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIAHELENO FAVACHO
 
Projeto Nós propomos! Sertã, 2024 - Chupetas Eletrónicas.pptx
Projeto Nós propomos! Sertã, 2024 - Chupetas Eletrónicas.pptxProjeto Nós propomos! Sertã, 2024 - Chupetas Eletrónicas.pptx
Projeto Nós propomos! Sertã, 2024 - Chupetas Eletrónicas.pptxIlda Bicacro
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdfLeloIurk1
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfHELENO FAVACHO
 
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*Viviane Moreiras
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfHELENO FAVACHO
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfTutor de matemática Ícaro
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfHELENO FAVACHO
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSOLeloIurk1
 
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptxSlide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptxedelon1
 
Modelo de Plano Plano semanal Educação Infantil 5 anossemanal Educação Infant...
Modelo de Plano Plano semanal Educação Infantil 5 anossemanal Educação Infant...Modelo de Plano Plano semanal Educação Infantil 5 anossemanal Educação Infant...
Modelo de Plano Plano semanal Educação Infantil 5 anossemanal Educação Infant...AndreaCavalcante14
 
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdfGEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdfRavenaSales1
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaHELENO FAVACHO
 
Antero de Quental, sua vida e sua escrita
Antero de Quental, sua vida e sua escritaAntero de Quental, sua vida e sua escrita
Antero de Quental, sua vida e sua escritaPaula Duarte
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxLuizHenriquedeAlmeid6
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMHELENO FAVACHO
 

Último (20)

Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdfReta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
Reta Final - CNU - Gestão Governamental - Prof. Stefan Fantini.pdf
 
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptxOs editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
Os editoriais, reportagens e entrevistas.pptx
 
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
Rota das Ribeiras Camp, Projeto Nós Propomos!
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIAPROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
PROJETO DE EXTENSÃO I - AGRONOMIA.pdf AGRONOMIAAGRONOMIA
 
Projeto Nós propomos! Sertã, 2024 - Chupetas Eletrónicas.pptx
Projeto Nós propomos! Sertã, 2024 - Chupetas Eletrónicas.pptxProjeto Nós propomos! Sertã, 2024 - Chupetas Eletrónicas.pptx
Projeto Nós propomos! Sertã, 2024 - Chupetas Eletrónicas.pptx
 
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
421243121-Apostila-Ensino-Religioso-Do-1-ao-5-ano.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - TERAPIAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES.pdf
 
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
 
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdfProjeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
Projeto de Extensão - ENGENHARIA DE SOFTWARE - BACHARELADO.pdf
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdfPROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
PROJETO DE EXTENSÃO I - SERVIÇOS JURÍDICOS, CARTORÁRIOS E NOTARIAIS.pdf
 
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
2° ANO - ENSINO FUNDAMENTAL ENSINO RELIGIOSO
 
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptxSlide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
Slide - EBD ADEB 2024 Licao 02 2Trim.pptx
 
Modelo de Plano Plano semanal Educação Infantil 5 anossemanal Educação Infant...
Modelo de Plano Plano semanal Educação Infantil 5 anossemanal Educação Infant...Modelo de Plano Plano semanal Educação Infantil 5 anossemanal Educação Infant...
Modelo de Plano Plano semanal Educação Infantil 5 anossemanal Educação Infant...
 
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdfGEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
GEOGRAFIA - COMÉRCIO INTERNACIONAL E BLOCOS ECONÔMICOS - PROF. LUCAS QUEIROZ.pdf
 
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia TecnologiaPROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
PROJETO DE EXTENSÃO I - Radiologia Tecnologia
 
Antero de Quental, sua vida e sua escrita
Antero de Quental, sua vida e sua escritaAntero de Quental, sua vida e sua escrita
Antero de Quental, sua vida e sua escrita
 
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptxSlides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
Slides Lição 05, Central Gospel, A Grande Tribulação, 1Tr24.pptx
 
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEMPRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS GESTÃO DA APRENDIZAGEM
 

O SUJEITO DO DIREITO- EDUCAÇÃO E POLÍTICA PARA PAULO FREIRE.pdf

  • 1. Anais da Semana de Pedagogia da UEM ISSN Online: 2316-9435 XXII Semana de Pedagogia X Encontro de Pesquisa em Educação 05 a 08 de Julho de 2016 Universidade Estadual de Maringá, 05 a 08 de julho de 2016. O SUJEITO DO DIREITO: EDUCAÇÃO E POLÍTICA PARA PAULO FREIRE NICOLA, Patrícia da Silva patricianicola95@gmail.com SOUZA, Leonardo de Carvalho carvalho_leo_@hotmail.com NEVES, Sandra Garcia (orientadora) sandragarcianeves@bol.com.br (UNESPAR-Campus de Campo Mourão) Fundamentos da Educação INTRODUÇÃO Notamos a presença de um sujeito de direto nos escritos de Paulo Freire. Mas, quem é o sujeito que tanto aparece nos escritos de Paulo Freire? Esse sujeito participa de diferentes espaços, da construção da história e da cultura, do partido político, da classe popular, da educação e da pesquisa, de uma realidade social complexa e diversificada. Ao tratar das dimensões de participação do sujeito, Paulo Freire expõe, por exemplo, qual é a ação política do sujeito do direito. As orientações esboçadas pelo autor expressam seu posicionamento político em defesa da garantia e da efetivação dos direitos humanos. OBJETIVO No presente artigo, temos por objetivo apresentar como Paulo Freire concebe e caracteriza o sujeito do direito e como a compreensão dessa categoria contribui na direção do agir educativo e politico em busca da ampliação do acesso à educação.
  • 2. 2 Universidade Estadual de Maringá, 05 a 08 de julho de 2016. METODOLOGIA Para tratarmos do sujeito de direito em Paulo Freire, realizamos pesquisa bibliográfica em alguns de seus escritos. A partir de estudo bibliográfico com destaque à categoria “sujeito do direito” discutimos como Paulo Freire caracteriza o sujeito progressista, ou seja, político- democrático. CARACTERIZAÇÃO E CONSTRUÇÃO DO SUJEITO HISTÓRICO SOCIAL PARA PAULO FREIRE Antes de apresentarmos as relações do sujeito em alguns escritos de Paulo Freire nas dimensões do direito e da educação, carecemos compreender de qual sujeito falamos e como o autor apresenta o agir que considera coerente e o incoerente desse sujeito. Freire (2003a, p. 23) destaca que “[...] a História é possibilidade e não determinismo. Somos seres condicionados, mas não determinados”. A História é aberta e em permanente construção. Desse modo, o sujeito nunca está pronto, mas, se modifica e é modificado ao longo de sua existência histórica. Freire (2003a, p. 23) ressalta que “[...] é impossível entender a História como tempo de possibilidade se não reconhecermos o ser humano como ser da decisão, da ruptura [...]”. Por mais que os sujeitos se encontrem em situações adversas, as características necessárias para a superação dessas situações podem ser aprendidas e desenvolvidas no sujeito. O sujeito para Freire (2003) deve decidir romper com o que está posto, como por exemplo, com as desigualdades e a exploração existentes na sociedade humana. Notamos que “o estilo democrático de fazer política, sobretudo em sociedades de fortes tradições autoritárias, demanda assumir concretamente o gosto pela liberdade, pelo compromisso com o respeito ao direito dos outros, pela tolerância como regra de vida” (FREIRE, 2003a, p. 38). Essas ações demandam esforço, e, principalmente, intervenção democrática. Segundo Freire (1992, p. 42) “[...] a clareza política na leitura do mundo e os níveis de engajamento no processo de mobilização e organização da luta [...]”, além de decidir e romper com a relidade opressora, a democracia é essencial para que o sujeito avance na garantia de direitos e na reivindicação da justiça. Essas ações estão intrinsecamente relacionadas e possuem interdependência, pois, conforme Freire (2007, p. 50), não há possibilidade de direito sem a participação democrática do sujeito, seja nas discussões ou nas decisões
  • 3. 3 Universidade Estadual de Maringá, 05 a 08 de julho de 2016. políticas. Se não há possibilidade de participação do sujeito, são restritas as características de ação no mundo, “[...] é sacrificada sua capacidade criadora [...]”. Se a democracia não é efetivada nas situações existenciais, o sujeito perde suas características de sujeito de ação. Há anulação do modo de ser coerente do sujeito, quando, por exemplo, não decidi por si próprio, mas aceita o que os outros lhe impõe, sem questioner. O sujeito abdica da possibilidade de decidir, de romper, de agir. De acordo com Freire (1979, p. 55): Do ponto de vista filosófico, um ser que ontologicamente é “para si” se “transforma” em “ser para outro” quando, perdendo o direito de decidir, não opta e segue as prescrições de outro ser. Suas relações com este outro são as relações que Hegel chama de “consciência servil para a consciência senhorial”. Com o advento dos estudos e pesquisas na área da Antropologia, da História e da Psicologia, compreendemos como se dá a construção do ser humano e de suas formas de interação com a natureza. Compreendemos como o sujeito se comunica, categoriza as coisas e busca explicações para compreender o mundo em que está inserido. A desigualdade passou a existir quando se forjou no mundo social dos homens a pobreza, a exclusão social, o preconceito e o racismo. Freire (1996) afirma que, mesmo diante de percalços e impossibilidades da ação social, as possibilidades de intervenção são das características do sujeito e nos permite analisar que: [...] já não foi possível existir nem assumir o direito e o dever de optar, de decidir, de lutar, de fazer política. E tudo isso nos traz de novo à imperiosidade da prática formadora, de natureza eminentemente ética. E tudo isso nos traz de novo à radicalidade da esperança. Sei que as coisas podem até piorar, mais sei também que é possível intervir para melhorá-las (FREIRE, 1996, p. 57). Acerca das dificuldades vivenciadas na vida em sociedade, Freire (2000, p. 107) considera, a partir do seu posicionamento político, que tais problemas “[...] não ameaçam a posição em que me acho e sempre me achei: a de quem, por ser gente, luta incessantemente pelo direito de ser sujeito da História e não apenas nela objeto”. Reconhecemos que o sujeito ideal para Freire (2000) precisa reconhecer-se como ser de ação, ser que age sobre sua realidade e no mundo, nunca passive e acrítico, e, sempre crítico e ativo.
  • 4. 4 Universidade Estadual de Maringá, 05 a 08 de julho de 2016. De acordo com Freire (1996, p. 84) a negação do direito, a estagnação, a condição de conformidade, a imobilização e o silenciamento do sujeito, são divergentes das características do sujeito em seu agir coerente frente às desigualdades do mundo: Meu direito à raiva pressupõe que, na experiência histórica da qual participo, o amanhã não é algo pré-dado, mas um desafio, um problema. A minha raiva, minha justa ira, se funda na minha revolta em face da negação do direito de “ser mais” inscrito na natureza dos seres humanos. [...] O discurso da acomodação ou de sua defesa, o discurso da exaltação do silêncio imposto de que resulta a imobilidade dos silenciados, o discurso do elogio da adaptação tomada como fado ou sina é um discurso negador da humanização de cuja responsabilidade não podemos nos eximir. O sujeito deve decidir, intervir, agir sob aquilo que necessita ser transformado, na luta por uma sociedade justa e digna para todos. O sujeito não pode ser guiado por interesses individuais e não abdicar do direito e do dever, pois está inserido em um mundo em construção. Freire (2000, p. 43) afirma que “[...] participar dos debates em torno do projeto diferente de mundo é um direito das classes populares que não podem ser puramente ‘guiadas’ ou empurradas até o sonho por suas lideranças”. Conceber e reconhecer o mundo em construção é uma das características necessárias à construção do sujeito ideal para Paulo Freire. As ações que caracterizam o sujeito segundo Freire (2000), precisam serem ensinadas às crianças desde a mais tenra idade. As crianças precisam de formação que possibilite a leitura crítica do mundo. Evidenciamos que o próprio sujeito mencionado por Freire (2000 p. 58) está em construção, e essa construção se dá na relação dialética com outros sujeitos: As crianças precisam crescer no exercício desta capacidade de pensar, de indagar-se e de indagar, de duvidar, de experimentar hipóteses de ação, de programar e de não apenas seguir os programas a elas, mais do que propostos, impostos. As crianças precisam de ter assegurado o direito de aprender a decidir, o que se faz decidindo. Tanto as novas gerações quanto as anteriores do tempo em que vivemos, estão em processo de construção e se reafirmam como sujeitos históricos e sociais. Os sujeitos, tais como devem ser para Paulo Freire, são históricos e sociais. Ao tratar do indeterminismo, o autor questiona por repetidas vezes, o agir do sujeito, dá indícios da concepção de como não deve ser o agir do sujeito histórico e social.
  • 5. 5 Universidade Estadual de Maringá, 05 a 08 de julho de 2016. Se não deveria deixar de lado o discurso e a veemência com que o tenha feito em torno do homem e da mulher como seres histórico-sociais capazes de intervir no mundo, de recriá-lo como seres inacabados mas conscientes de seu inacabamento, por isso inseridos num permanente processo de busca e de reinvenção do próprio mundo e de si mesmos. Se nada do que ao lado de tantos tenho falado do homem e da mulher como seres capazes de valorar, de intervir, de escolher, de decidir, de romper, razão por que nos fizemos seres éticos e por que nos tornamos éticos abrimos a trágica possibilidade de transgredir a própria ética, me pergunto se este é um discurso perdido (FREIRE, 2000, p. 107). Quando o sujeito entrega-se à morte da História, abandona as possibilidades de melhoria da vida, de sonhos, de esperança, torna-se passivo, um técnico em suas relações, como objeto que não age sobre o mundo. Problematizamos os diferentes espaços de atuação do sujeito histórico social, que necessita analisar, romper e decidir para a efetivação de essência de seus direitos, com vistas a melhores condições de vida. O SUJEITO EM DIFERENTES ESPAÇOS Freire (2003a, p. 49) problematiza que o “[...] comportamento religioso alienado [...]” pode fundamentar e reproduzir discursos impedidores do pleno acesso aos direitos. O comportamento religioso deve passar por ressignificação, que o leve o sujeito à enxergar as coisas por meio de análise crítica. O comportamento religioso alienado é prejudicial quando se reduz ao culto às formas idealistas e místicas de pensar, quando considera o concreto e experiências reais de cada indivíduo. Devemos superar a forma estritamente idealista de ver a realidade e ampliá-la. O sujeito é também progressista. Para Freire (2003a) o sujeito luta contra a opressão das camadas populares, contra a anulação de suas vozes de suas singularidades, subjetividades e necessidades. Em outras palavras, Freire (2000, p. 67) argumenta que: Se a nossa opção é progressista, se estamos a favor da vida e não da morte, da equidade e não da injustiça, do direito e não do arbítrio, da convivência com o diferente e não de sua negação, não temos outro caminho senão viver plenamente a nossa opção. O sujeito progressista respeita o direito de escolha dos outros, sem impor modelos prontos e acabados de ser e estar no mundo, preza pela liberdade de decidir inerente aos outros. O sujeito progressista que participa de partido político não pode isentar-se da luta
  • 6. 6 Universidade Estadual de Maringá, 05 a 08 de julho de 2016. pelos direitos das camadas populares, da utilização de recursos públicos necessários aos serviços para a população. A participação em partido, segundo Freire (2003a) exige do sujeito político que se declara progressista, ação absolutamente coerente. O sujeito ao participar do meio político deve lutar e cobrar o cumprimento do poder público que tem a tarefa de “[...] garantir as liberdades, os direitos e os deveres, a justiça, e não respaldar o arbítrio de uns poucos contra a debilidade das maiorias” (FREIRE, 2000, p. 131). O sujeito está também inserido na pesquisa e faz pesquisa. Quanto à dimensão da pesquisa científica, o sujeito progressista precisa perceber sua importância para pesquisa, no sentido de superar o nível de conhecimento que está, que se adquire com as experiências e vivências, direcionar-se às bases elaboradas e sistematizadas do conhecimento. Nas palavras de Freire (1992, p. 84) “[...] isso tem que ver com a passagem do conhecimento ao nível do ‘saber de experiência feito’, do senso comum, para o conhecimento resultante de procedimentos [...] rigorosos de aproximação aos objetos cognoscíveis”. A pesquisa não pode, segundo Freire (2006, p. 34), ser realizada como alguns especialistas a tem feito: deixam o povo à margem, sem participação efetiva. Freire (2006, p. 34) afirma que o povo tem direito de “[...] ser sujeito da pesquisa que procura conhecê-lo melhor”. Na dimensão cultural o sujeito progressista deve ser respeitado em suas diferenças. Para Freire (1992, p. 156) a “multicultaralidade” se constitui no direito à liberdade e à possibilidade de ser e de desenvolver- se sem imposição de uma cultura sobre as outras, sem exercício de poder umas sobre as outras. No desenvolvimento de pesquisas é pertinente que tais proposições sejam consideradas. Freire (1992) defende o direito da classe trabalhadora de: [...] conhecer seus direitos, seus deveres; de conhecer a história da classe operária; o papel dos movimentos populares na refeitura mais democrática da sociedade. A história de seu país. A geografia, a linguagem ou, melhor dito, a compreensão crítica da linguagem, em suas relações dialéticas com pensamento e mundo; linguagem, ideologia, classes sociais e educação (FREIRE, 1992, p. 133). A classe trabalhadora é composta por indivíduos que encontram dificuldades em suprir suas carências, principalmente por que, para Freire (1992), a ótica do aprofundamento da democracia liberal que oferece direito liberdade apenas. Homens e mulheres precisam, além da liberdade, terem meios de promover a alimentação e escolas para suas crianças, casa para morar e outros meios necessários para vida digna. De acordo com Freire (1992), os grupos
  • 7. 7 Universidade Estadual de Maringá, 05 a 08 de julho de 2016. minoritários precisam, para reivindicar direitos efetivos, estar unidos. Tais grupos compõem a maioria. Urge garantir possibilidades concretas de “ser” desses sujeitos. O sujeito progressista é aquele que lê criticamente o mundo, tem o dever de expressa- se, opor-se, posicionar-se diante das incoerências e dos fatos sociais, sem negar o direito dos outros de falar, de ouvir e de ser ouvido. Em relação ao sujeito que lê o mundo, Freire (2001) ressalta que precisa ler a palavra, isto é, ser alfabetizado. O autor trata do direito que considera fundamental: a alfabetização, processo deve ocorrer na relação da leitura e da palavra escrita com as experiências, vivências e na práxis que se articula à leitura da palavra e do mundo em que está inserido, na compreensão do significado da realidade. Várias características e condições que apresentamos, são constituintes do sujeito histórico-social caracterizado nos escritos de Paulo Freire. O sujeito que participa do partido, da classe social, da pesquisa, da política, da cultura, luta por direitos e integra a construção da realidade, como também, está em constante construção. Essa construção não se dá por meios idealistas, inatistas, mas, por meio do trabalho, da prática e ação social político-democrática. Freire (2001) destaca que o papel e as atribuições são alvitradas pela educação e pelos educadores que se engajam no despertar da consciência crítica dos sujeitos e de suas formas de constituição. Freire (2001) ressalta que tal educação se realiza não em sentido restrito, mas amplo. O SUJEITO DA EDUCAÇÃO O direito à educação é garantido pela Constituição Federal de 1988, artigo 205º: “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentiva com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 2016a, p. 1). Na dimensão legal destacamos o direito à educação também na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/1996, artigo 2º, ao expor: “a educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1996b, p. 1). De modo sucinto, nos documentos legais o direito à educação é reafirmado. Afirmamos que esse direito não é dado e deve ser construído por meio da educação. A Educação deve desenvolver e possibilitar o desenvolvimento das características essenciais e
  • 8. 8 Universidade Estadual de Maringá, 05 a 08 de julho de 2016. constitutivas do sujeito. Uma delas é a curiosidade epistemológica, preconizada por Freire (1996, p. 27) ao escrever: “quanto mais criticamente se exerça a capacidade de aprender tanto mais se constrói e desenvolve”. Essa curiosidade relaciona-se a busca sistemática pelo conhecimento. Portanto, não basta nos limitar às impressões ou intuições. Carecemos compreender os determinantes das relações sociais, políticas e ideológicas da realidade em que estamos inseridos. A educação deve desenvolver a consciência dos indivíduos, a capacidade de romper, de mudar e de transformar a realidade opressora. Segundo Freire (1992, p. 122): [...] a educação, especificidade humana, como um ato de intervenção no mundo. [...] Quando falo em educação como intervenção me refiro tanto à que aspira a mudanças radicais na sociedade, no campo a economia, das relações humanas, da propriedade, do direito ao trabalho, à terra, à educação, à saúde, quanto à que, pelo contrário, reacionariamente pretende imobilizar a História e manter a ordem injusta. Para aqueles que defendem a imutável dicotomia entre educar e ensinar, argumentamos que esses processos estão intrinsecamente relacionados. Não há, segundo Paulo Freire como segregá-los. Nas palavras de Freire (1996, p. 37) “[...] se se respeita a natureza do ser humano, o ensino dos conteúdos não pode dar-se alheio à formação moral do educando”. O autor explicita a amplitude da educação que ultrapassa a compreensão restrita de ensino e aprendizagem como ação passageira. A educação é condição da existência humana, elemento constituinte da realidade. De acordo com Freire (2003b, p. 20): [...] educação, como formação, como processo de conhecimento, de ensino, de aprendizagem, se tornou, ao longo da aventura no mundo dos seres humanos uma conotação de sua natureza, gestando-se na história, como a vocação para a humanização [...]. Classificamos a negação do direito à educação como violência contra à humanidade, contra a possibilidade da construção do sujeito consciente de si e do mundo. O rompimento com a violência perpassa o trabalho dos professores, suas práticas e formas de agir no mundo. Para Freire (2006) os professores precisam ouvir seus alunos, nunca de modo autoritário. Devem indicar caminhos e possibilidades. Nas palavras do autor: Quem apenas fala e jamais ouve; quem “imobiliza” o conhecimento e o transfere a estudantes, não importa se de escolas primárias ou universitárias; quem ouve o eco apenas de suas próprias palavras, numa espécie de
  • 9. 9 Universidade Estadual de Maringá, 05 a 08 de julho de 2016. narcisismo oral; quem considera petulância da classe trabalhadora reivindicar direitos; quem pensa, por outro lado, que a classe trabalhadora é demasiado inculta e incapaz, necessitando, por isso, de ser libertada de cima para baixo, não tem realmente nada que ver com libertação nem democracia (FREIRE, 2006, p. 26). Limitado à essas ações, o sujeito é apenas agente de reprodução das desigualdades sociais e da organização autoritária da sociedade em que vivemos. Para Freire (1992, p. 131) os professores são os agentes que devem enfatizar os conhecimentos fundamentais para seu contexto, e destaca que “o que não posso é reduzir tudo à minha verdade, a meu acerto”. CONSIDERAÇÕES FINAIS Compreendemos que o sujeito do direito tem singularidades e participa de diferentes espaços sociais. Para que os sujeitos avancem na construção de uma sociedade democrática de direitos, suas ações devem perpassar diferentes setores sociais, em especial e educação. Segundo Paulo Freire a educação possibilita a compreensão dos direitos e orienta caminhos para torná-los acessíveis, possíveis. Paulo Freire não limita a construção do sujeito progressista à educação escolar. A educação é um processo permanente, histórico e social. Deste modo, ocorre nas diferentes instâncias e espaços sociais. Assim por exemplo, as ações sindicais e culturais também educam. Essa concepção de educação abarca uma concepção de homem por inteiro, integrado e crítico, capaz de compreender e agir criticamente e transformar o mundo em que vive: um sujeito progressista. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm.> Acesso em: 30 maio 2016 a. ______. Lei n.º 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em: 30 maio 2016b. FREIRE, Freire. A educação na cidade. Prefácio de Moacir Gadotti e Carlos Alberto Torres. Notas de Vicente Chel. 5 ed. São Paulo: Cortez, 2001.
  • 10. 10 Universidade Estadual de Maringá, 05 a 08 de julho de 2016. FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 30 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007. FREIRE, Paulo. Educação e mudança. Tradução de Moacir Gadotti e Lillian Lopes Martin. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979. (Coleção Educação e Comunicação vol. 1) FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 47 ed. São Paulo: Cortez, 2006. FREIRE, Paulo. À sombra desta mangueira. Prefácio de Ladislau Dowbor e notas de Ana Maria Araújo Freire. 5 ed. São Paulo: Olho d’Água, 2003b. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Esperança: um encontro com a Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992. FREIRE, Paulo. Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos. São Paulo: UNESP, 2000. FREIRE, Paulo. Política e educação: ensaios. 7 ed. São Paulo: Cortez, 2003a.