2. Contexto histórico
• Mundo:
• Nacionalismo
• Ufanismo
• Facismo
• Integralismo
• Nazismo
• Crise de 29
• Paraguai:
• Longo período de instabilidade
política desde a Guerra do Paraguay
• Guerra Civil (1922-23)
• Guerra do Chaco (1932-35)
• Mais golpes e ditaduras
3. José Asunción Flores
• “Nasceu no bairro pobre de La Chacarita, em Assunção. Um dia, ao
roubar um pedaço de pão, foi levado para a delegacia. Acabou entrando
para a banda da Polícia, onde começou a aprender música.”
• “Foi aluno do compositor Félix Fernández e do diretor Salvador Dentice.
Criou em 1922 a sua primeira composição, a polca Manuel Gondra.”
• Em 1925, depois de experimentar diferentes arranjos para a canção
paraguaia Maerãpa Reikuaase, criou um novo gênero, que chamou de
guarânia. A primeira composição a receber esse rótulo foi Jejui.
• Lutou na guerra do Chaco e depois devido a instabilidade política do país
se muda para Argentina. Retorna ao Paraguai para mais uma vez se
exilar na Argentina por conta de mais um período de ditadura militar
• Na década de 1950, intensificou a sua militância política, integrando o
Comitê Central do Partido Comunista Paraguaio. Foi nomeado membro
do Conselho Mundial da Paz, o que o levou a várias viagens à União
Soviética, onde, além das atividades políticas, apresenta-se e gravava
suas músicas.
• Quando Alfredo Stroessner tornou-se o presidente do Paraguai, em
1954, Flores foi proibido de retornar ao país. Seu desejo de regressar foi
negado mesmo nos últimos anos de sua vida, quando estava doente,
sofrendo do Mal de Chagas, e queria rever a sua terra natal.
• Somente em 1991 os restos mortais de Flores foram levados de volta
para o Paraguai. Hoje repousam numa praça que recebeu o seu nome
4. Guarânia
• Nome proposto por Flores depois de ler poema Canto a
la raza (1913) de Guillermo Molinas Rolón, o qual se
utiliza do novo termo, fazendo alusão a região onde
viviam os guaranís, antepassados da maioria dos
paraguaios
• […] “Y fue también Guarania, la región prometida /Como tierra
de ensueño, de ilusión y de vida, / Tierra donde crecieron las
flores suntuarias / De robustas pasiones y gestas fabularias” [...]
• Primeiramente pensada para bandas e orquestras como
gênero instrumental. Depois popularizada com
acompanhamento de violão e harpa.
• Se caracteriza por um andamento lento (que a
diferencia da polca paraguaia) e pela tonalidade menor
• Ganha popularidade no Brasil e Norte da Argentina
5. Guarânia no Brasil
• “Lentamente assimilada a partir dos movimentos migratórios quase invisíveis
de paraguaios e habitantes das regiões fronteiriças com o Paraguai (e sua
interação em redes de solidariedade tanto nos ambientes rurais quanto
urbanos da região sul e sudeste do Brasil) e divulgada em programas
radiofônicos e através das práticas musicais a cargo de músicos paraguaios e
brasileiros.”
• O sucesso veio com versão brasileira da canção Índia gravada pela dupla dupla
Cascatinha e Inhana
• Música Sertaneja (1930) – A popularidade do gênero cria o ambiente perfeito
para a Guarânia principalmente nos anos 40 e 50 ganhando reforço e maior
aceitação entre o público de classe média/universitária através da
interpretação de Gal Costa em 1973
• Reação Nacionalista
• (1958) Guarânia Tupiana (Nonô Basílio & Mário Zan)
6. Exemplos
• Índia - Cascatinha & Inhana;
• Pra não dizer que não falei das flores -
Geraldo Vandré;
• Fio de cabelo - Chitãozinho & Xororó;
• Boate azul - Joaquim & Manoel
• Telefone mudo - Trio Parada Dura;
• Galopeira – Donizetti;
• Dama de vermelho - Trio Parada Dura;
7. Guarânia no
Brasil
HIGA, Evandro Rodrigues “Para fazer chorar as pedras”: o gênero msucial guarânia no Brasil – décadas de 1940/1950.
São Paulo, 2013. 447f. Doutorado em Música. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, 2013.
8. Índia - Composição
• Composição original em espanhol:
• Final da década de 20
• Letra “oficial”: Poeta Manuel Ortiz Guerrero
• Outra letra: poema de Rigoberto Fontao Meza
• Índia, ao lado de outras guarânias, como é o caso de Anahi, está
conectada “[...] ao movimento de construção de uma narrativa mítica
para a configuração do nacionalismo paraguaio”
• Em 1944, enquanto Flores se mantinha no exílio em Buenos Aires em
razão de sua oposição ao governo ditatorial de Higinio Morínigo, o
governo paraguaio instrumentou esse esforço nacionalista com um
decreto em que Índia, ao lado de duas polcas tradicionais paraguaias
– “Campamento Cerro Leon” e “Cerro Corá” – era identificada como
“canción popular nacional”
• Em português:
• Versão de José Fortuna (1952)
Manuel Ortiz Guerrero
10. Sobre a Letra em português
• [...]Uma visão romântica da indígena. Lembra muito a personagem “Iracema”, de
livro homônimo escrito por José de Alencar mais de cem anos antes. No caso
literário a índia era caracterizada por ter “lábios de mel” e cabelos “mais negros que
a asa da graúna”. Voltando a canção percebe-se que pouco mudou, talvez apenas os
adjetivos. Agora são “lábios de rosa” e cabelos negros “como a noite que não tem
luar.” [...]
• [...]Este indígena observado pelo viés romântico ajuda a compor o mito fundador do
Brasil, que segundo Marilena Chauí (2000), é elaborado como solução para
problemas que não apresentam resolução na realidade, situando-se além do tempo
e da história. E qual seria o mito fundador brasileiro? O já mencionado “mito das três
raças”, que surge em “Martim Cererê”, também de 1972, composta por Zé Catimba e
Gibi: “Tudo era dia/ O índio deu a terra grande/ O negro trouxe a noite na cor/ O
branco a galhardia/ E todos traziam amor/ Tinham encontro marcado/ Pra fazer uma
nação/ E o Brasil cresceu tanto/ Que virou interjeição”.
Martins, Daniel Gouveia De Mello. “Raça nascente em noite de lua cheia e batucada:
cancioneiro popular brasileiro e a temática racial.”
12. Última mensagem de José Asunción Flores
(1972 )"He aceptado este diálogo con la juventud paraguaya porque sé de su pasión por la libertad y la
redención social. Me siento orgulloso de saber que a tanto años de doloroso extrañamiento sigo tan junto a
ese corazón paraguayo que ha sido el único posible capaz de crear la guarania. La guarania es de mi pueblo.
Allí están los sollozos de su pasión y los gritos de su rebeldía. Nació conmigo, pero sobrevivirá mientras el
hombre paraguayo sea capaz de silbar una canción. Más que mi música, pienso que mi legado a la juventud de
mi patria es el esfuerzo por mantener una dignidad, una fe en el inexorable destino libertario del Paraguay, que
he tratado de sobrellevar venciendo, como dice nuestra patriótica condecoración: 'Venciendo penurias y
fatigas'.
El compromiso no termina con la muerte de uno, sino que se intensifica. La victoria corresponde siempre a la
juventud".
13. Referências (livros, discos, vídeos)
• Pequena História da Música Popular. José Ramos Tinhorão
• Uma aproximação à identidade vocal do gênero guarânia a partir de seis interpretações de Índia, de José Asunción Flore.Analía Chernavsky
• HIGA, Evandro Rodrigues. “Para fazer chorar as pedras”: o gênero msucial guarânia no Brasil – décadas de 1940/1950. São Paulo, 2013.
447f. Doutorado em Música. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, 2013.
• Martins, Daniel Gouveia De Mello. “Raça nascente em noite de lua cheia e batucada: cancioneiro popular brasileiro e a temática racial.”
• https://pt.wikipedia.org/wiki/José_Asunción_Flores
• https://www.abc.com.py/edicion-impresa/suplementos/abc-revista/guarania-con-encanto-misionero-772964.html