O documento descreve o projeto "Rede de Adolescentes por uma Cidade Justa e Sustentável" desenvolvido pelo Centro de Educação Ambiental São Bartolomeu (CEASB) em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) em Maceió, Alagoas. O projeto mobilizou e capacitou 150 adolescentes de 5 regiões da cidade para participar do debate sobre desigualdades sociais e formularem propostas de políticas públicas. Os principais eventos foram os Fóruns Territoriais, a Videoconfer
Rede de adolescentes de Maceió luta por futuro de justiça social
1. Centro de Educação
Ambiental São Bartolomeu
CEASB
Jovens da capital
alagoana ousam
lutar por um futuro
de justiça social
Uma
redepara mudar
Maceió
2. Índice...........
04A plataforma do UNICEF
O que é a PCU? De onde sur-
giu a Rede de Adolescentes?
Saiba como tudo começou!
02 | Revista da Rede de Adolescentes
06Linha do Tempo
Da mobilização ao Fórum de
Adolescentes: conheça as
etapas do projeto
08Regiões
Dos 30 bairros mais pobres
de Maceió surgiram jovens
para mudar essa realidade
12História de Vida
Samuel dos Santos conta as
dificuldades e os desafios de
sua vida
14História de Vida
Lívia Maria acredita na
educação como ferramenta
de transformação social
16Fórum de Adolescentes
Energia, força e participação
marcam Fórum da Rede de
Adolescentes
23Entrevista
Anna Christina, consultora
nacional do UNICEF, fala
sobre a importância da Rede
24Consulta entre Pares
Jovens realizam pesquisa da
campanha Fora da Escola não
pode!
26Propostas
Adolescentes formulam suas
propostas para uma cidade
melhor
ÉsioMelo/CEASB
Arquivo/CEASB
ÉsioMelo/CEASBÉsioMelo/CEASB
ÉsioMelo/CEASB
ÉsioMelo/CEASB
Arquivo/CEASB
Arquivo/CEASB
Arquivo/CEASB
3. N
o dia 21 de novembro de 2013, nascia
uma parceria com o objetivo de reduzir
as desigualdades que afetam a vida das
crianças e adolescentes em Maceió. A Plata-
forma de Centros Urbanos, programa do Fundo
das Nações Unidas para a Infância, o UNICEF,
chegava à capital alagoana, com adesão assi-
nada pela Prefeitura de Maceió e pelo Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adoles-
cente.
A iniciativa do UNICEF para assegurar direi-
tos e qualidade de vida aos jovens das grandes
cidades brasileiras, em agosto de 2014, rece-
beu o reforço do Centro de Educação Ambiental
São Bartolomeu (CEASB), que passou a integrar
a PCU, desenvolvendo o projeto Rede de Ado-
lescentes por uma Cidade Justa e Sustentável.
O projeto Rede mobilizou e capacitou 150
adolescentes nas cinco regiões administrativas
mais vulneráveis da capital, para participar da
elaboração de políticas públicas e ações cida-
dãs.
Esta primeira edição da Revista da Rede
apresenta os destaques dos nove meses de tra-
balho desenvolvido pelos educadores sociais do
CEASB e, principalmente, pelos jovens partici-
pantes, que ousam alcançar mudanças sociais
em Maceió.
Boa leitura!
Revista da Rede de Adolescentes | 03
Editorial..................
4. A capital alagoana é re-
pleta de contrastes. Se de um
lado, ostenta belezas naturais e
culturais, sendo considerada o
“Paraíso das Águas”, de outro,
apresenta péssimos índices de
desenvolvimento humano e ju-
venil.
Criminalidade urbana, bai-
xa escolaridade, analfabetismo,
concentração de renda, ausên-
cia de profissionalização, tráfico
de drogas e violência são algu-
mas das marcas da desigualda-
de social em Maceió.
O abismo social pode ser
visto na diferença da renda mé-
dia per capita mensal dos cerca
de 1 milhão de habitantes, que
varia de R$ 214,18 nos bairros
mais pobres até R$ 4.432,46,
nos mais ricos.
O índice mais alarmante é o
de homicídios. Segundo o Mapa
da Violência de 2013, publicado
pela UNESCO, Maceió é a capi-
tal mais violenta do país, com
uma taxa de assassinatos de jo-
vens de 288,1 por grupo de 100
mil habitantes.
Em 2012, considerando as
particularidades intraterritoriais,
enquanto um território (região
administrativa) registrou 54,9
assassinados por 100.000 ado-
lescentes, em quatro deles esta
taxa ultrapassava 200 e, no
mais grave, chega a 362,8.
Essa realidade preocupante
levou o UNICEF defnir a inserção
de Maceió no grupo das oito ca-
pitais contempladas com ações
da Plataforma dos Centos Urba-
nos (PCU).
A adesão da Prefeitura de
Maceió e do Conselho Muni-
cipal dos Direitos da Criança e
do Adolescente (CMDCA) acon-
teceu no dia 21 de novembro
de 2013. Esse foi início de um
grande desafio. Como preconiza
o Estatuto da Criança e do Ado-
lescente, a garantia dos direitos
de meninas e meninos é respon-
sabilidade de todos!
Hoje, um grupo formado
por 11 secretarias municipais,
pelo CMDCA e pelo Centro de
Educação Ambiental São Barto-
lomeu (CEASB) trabalha na im-
plementação da Plataforma em
Maceió.
UNICEF, Prefeitura e Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescen-
tes assumem o desafio de reduzir desigualdades
04 | Revista da Rede de Adolescentes
Por uma Maceió justa e sustentável
Gary Stahl, representante do Unicef, esteve em Alagoas para o lançamento da PCU
MarcoAntônio/SECOMMaceió
5. Mas, o que é a PCU?
A Plataforma de Centros Ur-
banos é uma contribuição do UNI-
CEF na construção de um modelo
de desenvolvimento inclusivo nas
grandes cidades, visando reduzir
as desigualdades que afetam a
vida de suas crianças e de seus
adolescentes, com garantia, a
cada um deles, de um maior e me-
lhor acesso à educação de quali-
dade, saúde, proteção e oportuni-
dades de participação.
A primeira edição da PCU foi
realizada no período de 2008 a
2012, nos municípios do Rio de
Janeiro e São Paulo. Seus avan-
ços e as lições aprendidas foram
expandidas para outros centros
urbanos brasileiros, motivando a
segunda edição do projeto para
o período 2013/2016, comtem-
plando oito capitais: Belém, For-
taleza, Maceió, Manaus, Rio de
Janeiro, Salvador, São Luís e
São Paulo.
Para participar da PCU, Pre-
feituras e Conselhos dos Direitos
da Criança e do Adolescente se
comprometeram a realizar esfor-
ços conjuntos pela melhoria da
vida das crianças e dos adoles-
centes, a partir do combate às
violações de direitos e estímulo
à participação.
O monitoramento de dez
indicadores, que evidenciam as
desigualdades intraurbanas e a
necessidade de aumentar os es-
forços nas áreas mais vulnerá-
veis, auxiliam no direcionamento
planejado de novas intervenções
públicas.
Construção da Rede
Em agosto de 2014, o Cen-
tro de Educação Ambiental São
Bartolomeu (CEASB) passou a
integrar a equipe técnica que
lançou, em Maceió, as primei-
ras sementes da Plataforma dos
Centros Urbanos.
Em parceria com o UNICEF,
o CEASB criou o projeto Rede de
Adolescentes por uma Cidade
Justa e Sustentável, integrado
às diretrizes da PCU. Seu obje-
tivo é contribuir para a redução
das desigualdades em Maceió, a
partir da mobilização e participa-
ção dos adolescentes, integran-
do toda a comunidade.
Nos cinco territórios priori-
zados foram criados Núcleos de
Adolescentes constituintes da
Rede. Cada núcleo agrupa 30
jovens de 13 a 19 anos, totali-
zando uma rede de 150 partici-
pantes, que atuam como agen-
tes multiplicadores e participam
da definição de propostas e polí-
ticas de superação das desigual-
dades sociais.
Para Eduardo Normande,
coordenador geral do CEASB,
os jovens participantes estão
mobilizados em seus territórios
de referência para atuar como
catalisadores das mudanças so-
ciais. “O projeto busca formar
cidadãos gestores, sujeitos de
seu próprio destino, com capaci-
dade crítica e de atuação, ultra-
passando a contemplação dos
problemas e comprometendo-se
com a transformação”.
A conclusão dessa primeira
etapa do projeto foi realizada no
dia 2 de junho com o Fórum de
Adolescentes.
Revista da Rede de Adolescentes | 05
ÉsioMelo/CEASBArquivo/CEASB
6. A Plataforma dos Centros Urbanos de Maceió,
através do Ceasb, desenvolveu um processo de mobi-
lização dos adolescentes com o objetivo promover sua
participação no debate sobre as desigualdades sociais
nas cinco regiões administrativas.
Essa primeira fase foi marcada por atividades de
mapeamento e sensibilização das organizações que in-
tegram jovens.
Esse processo articulou e potencializou as energias
da juventude com foco na mobilização para a participa-
ção nos Fóruns Territoriais.
Essa também foi a base para a seleção dos jovens
que mais tarde constituiriam a Rede de Adolescentes
por uma Cidade Justa e Sustentável em Maceió.
Os Fóruns Territoriais objetivaram identificar
violações aos direitos, levantar demandas, unir
o poder público e a sociedade na perspectiva da
redução das desigualdades sociais que afetam os
adolescentes. Em cada Fórum, representantes
das comunidades elaboraram propostas de ações
e sugeriram o que poderia ser feito pela gestão
municipal e demais órgãos públicos.
Aconteceram cinco fóruns territoriais, um em
cada região administrativa priorizada pela PCU,
no período de 30 de outubro a 29 de novembro
de 2014. Nesses fóruns, além definir prioridades
por localidade, os participantes elegeram Comis-
sões de Acompanhamento das políticas e dos
indicadores sociais, compostas por órgãos públi-
cos, entidades e associações e outros segmentos
das comunidades..
Os jovens mobilizados pelo CEASB tiveram
participação destacada, e muitos foram eleitos
para integrar as Comissões de Acompanhamento
formadas.
Encontro Nacional
O UNICEF realizou, no período de 11 a 14
de dezembro de 2014, em Brasília, o Encontro
Nacional de Adolescentes da PCU, com a parti-
cipação de jovens de todas as capitais atendidas
pelo programa.
A delegação da PCU Maceió foi composta
por dez representantes sendo dois de cada ter-
ritório.
O encontro teve como objetivos promover
o compartilhamento de experiências dos ado-
lescentes sobre as atividades de mobilização e
participação cidadã; orientar os adolescentes
no planejamento de ações 2015; e elaborar a
agenda dos temas priorizados pelos jovens a ser
apresentada aos gestores municipais. A ideia foi
indicar caminhos para fortalecimento da partici-
pação cidadã, tomando por base as prioridades
definidas.
SET
2014
Mobilização
OUT NOV DEZ
1ª Etapa
06 | Revista da Rede de Adolescentes
ArquivoCEASB
7. Organizados em núcleos
nos cinco territórios, os ado-
lescentes participaram de en-
contros de capacitação para
construir conhecimentos sobre
a realidade local, debater suas
demandas e construir planos de
ações.
A capacitação dos adoles-
centes se iniciou pelas leituras
dos territórios, que serviram de
base para a identificação e dis-
cussão de temas-chaves: Ju-
ventude, Identidade, Educação,
Saúde e Sexualidade, Direitos
Humanos, Estatuto da Criança
e do Adolescente, Violência,
Maioridade Penal, Segurança,
Participação Cidadã e Comuni-
cação em Rede.
As capacitações incorpo-
raram também as contribuições
das metodologias Competências
para a Vida, Mapeamento Digital
e Consulta entre Pares, indica-
das pelo UNICEF.
Participaram desse proces-
so 150 jovens integrantes dos
Núcleos, sendo 30 por território.
A capacitação incentivou o de-
senvolvimento da autonomia e
autoria dos adolescentes, o for-
talecimento da auto-organização
e capacidade crítica, preparando
-os para vivenciar o processo de
construção de política públicas
e participação cidadã no senti-
do da garantia dos direitos das
crianças e dos adolescentes em
seus territórios de referência e
na cidade como um todo.
Além de incentivar a ação
dos adolescentes e jovens em
seus territórios, os encontros
apoiaram a construção da Rede
dos Adolescentes e do I Fórum
de Adolescentes.
Videoconferência de gênero
Jovens das oito capitais onde a Plataforma
dos Centros Urbanos (PCU) está sendo desenvol-
vida se reuniram virtualmente, no dia 12 de maio
de 2015, para debater Relações de Gênero.
Em Maceió, quatro educadores e 17 repre-
sentantes das cinco regiões participaram desse
evento, reunidos por quatro horas na sede do
Conselho Regional de Psicologia. Os jovens se
posicionaram em blocos, por estado, apresentan-
do opiniões e sugestões resultando em animado
debate.
A atividade fez parte da campanha “Meu
corpo, meus direitos”, lançada pela Anistia In-
ternacional, que esclarece a jovens sobre direitos
sexuais e reprodutivos.
I Fórum de Adolescentes
Realizado no dia 2 de junho de 2015, o I Fó-
rum de Adolescentes da Plataforma de Centros
Urbanos de Maceió, marcou o fechamento da pri-
meira edição do projeto “Rede de Adolescentes
por uma Cidade Justa e sustentável”. O I Fórum
reuniu pela primeira vez 120 adolescentes e jo-
vens dos territórios da PCU. Esse foi um espaço
para os jovens discutirem ideias e propostas de
ações para uma cidade melhor e se organizarem,
enquanto sociedade civil, para exigir suas de-
mandas ao poder público.
2015
Capacitação
JAN FEV MAI JUN
2ª Etapa
Revista da Rede de Adolescentes | 07
ÉsioMelo/CEASB
8. Juan Manuel, educador responsável pela
Região 2, que compreende os bairros locali-
zados do centro ao sul de Maceió - Pontal da
Barra, Trapiche, Vergel do Lago, Ponta Grossa,
Levada, Centro e Prado, sintetiza a realidade do
território onde atua:
“Para seus moradores, o que poderia ser
uma localização territorial privilegiada - centro,
margens da lagoa Mundaú e saída para o mar
- oculta uma realidade social das mais injus-
tas e desiguais de Maceió. Todos os indicado-
res mostram uma verdadeira precariedade nas
condições de vida: habitação miserável; falta
de saneamento básico e doenças associadas;
nutrição deficiente; baixos índices de escola-
ridade; violência e vulnerabilidade juvenil; um
dos níveis de renda mais baixas de Maceió; alto
percentual de gravidez na adolescência; altos
índices de mortalidade infantil”.
A região 4, acompanhada pela educadora
Indira Xavier, é composta pelos bairros que cir-
cundam a Lagoa Mundaú - Bebedouro, Chã de
Bebedouro, Chã da Jaqueira, Petrópolis, Santa
Amélia, Fernão Velho, Rio Novo, Bom Parto e
Mutange - indo da região mais central até a parte
alta da cidade. Indira assim descreve o território
de trabalho:
“O território contrasta os bairros mais anti-
gos da cidade, como Bebedouro – região de gran-
de concentração de folguedos - e Fernão Velho
– local da primeira fábrica têxtil da cidade - com
bairros mais novos, a exemplo do Jardim Petró-
polis, onde se encontra o Parque Municipal. Na
região existem sérios problemas de saneamento
– motivo que faz com que a principal avenida da
região fique intransitável em dias de chuva, pre-
judicando todo o comércio, fazendo com que as
escolas da região fiquem sem aula. Há, ainda, sé-
rias deficiências no acesso aos serviços básicos
de saúde, o que contribui para que se registre,
ali, o maior índice de gravidez na adolescência e
a menor quantidade de consultas pré-natais para
as adolescentes grávidas. Além disso, o tráfico
de meninos e meninas, associado ao abuso e
exploração sexual é uma realidade palpável no
território, como demonstraram os líderes comu-
nitários e participantes do Fórum Territorial da
Região”.
Qual a realidade dessas regiões?
As cinco regiões administrativas de Maceió,
indicadas para compor territórios da PCU, com-
preendem 30 bairros e muitas contradições. Co-
nheça a realidade dessas regiões a partir dos de-
poimentos dos educadores do CEASB.
A VIDA EM MACEIÓ
Viver em bairros pobres, com alto índice de violência, criminalidade e tráfico de drogas, sem sa-
neamento básico e educação de qualidade. Essa é a realidade da maioria da população maceioense,
em cinco das oito regiões administrativas da capital.
Com o enorme desafio de atuar nesses bairros, buscando jovens multiplicadores e formando
protagonistas de mudanças sociais, os educadores populares do CEASB se alçaram na missão de co-
nhecer a fundo esses territórios, trabalhando entre os jovens para construir a Rede de Adolescentes
por uma Cidade Justa e Sustentável.
08 | Revista da Rede de Adolescentes
Região 2
Região 4
Regiões Relatos dos educadores
BetoMacário/UOL
G1/AL
9. Outra região acompanhada
pela mesma educadora é a R6,
que inclui os bairros do Antares
e Benedito Bentes. Este ultimo
é o maior da cidade em área e
número de habitantes, registran-
do 220 mil moradores, o que re-
presenta mais de um quinto do
total de habitantes da capital. A
Região é discriminada pelo alto
índice de violência e tráfico de
drogas, fato que Indira explica
a partir da construção histórica:
“Com tamanha densidade
populacional e geográfica, o bair-
ro apresenta comercio próprio
e uma série de serviços fazen-
do com que a maioria dos mo-
radores não precise se deslocar
ao centro da cidade. No entan-
to, o crescimento exponencial
da região não foi acompanhado
de políticas sociais suficientes
e necessárias para dar conta da
demanda, o que agrava os pro-
blemas cotidianos: deficiência
no transporte público, principal-
mente nos novos conjuntos ha-
bitacionais; insuficiência de equi-
pamentos públicos, tais como
escolas, postos de saúde, CRAS,
CREAS e praças, entre outros”.
A educadora Alzira Oliveira, responsável pelo
acompanhamento dos jovens da R7 - região situa-
da na parte alta de Maceió, composta pelos bairros
Clima Bom, Santos Dumont, Eustáquio Gomes, Ci-
dade Universitária e Tabuleiro - descreve as dificul-
dades vividas pelos habitantes da localidade:
“A infraestrutura da região é deficiente, não
há esgotamento sanitário em boa parte dos bair-
ros; não há hospitais e os postos de saúde não
cumprem seu papel; as escolas públicas são pou-
cas; não existem áreas para a prática de esportes,
lazer, atividades culturais, nem ao menos um local
seguro para os jovens se reunirem. Além disso, a
região apresenta expressivos e preocupantes índi-
ces de violência, venda e consumo de drogas, ex-
ploração sexual de crianças e adolescentes, anal-
fabetismo, mortalidade entre os jovens e gravidez
na adolescência”.
O território 8 localiza-se no litoral Norte de
Maceió. Constituído por comunidades, origina-
riamente, de pescadores, compreende os bairros
de Ipioca, Pescaria, Mirante, Riacho Doce, Garça
Torta, Guaxuma, Jacarecica e Cruz das Almas,
além das localidades Vila Emater, Saúde e Grota
do Andraújo. Os educadores Paulo Costa e Luana
Pommé, explicam a situação dessa região:
“Nas últimas décadas a população da região
aumentou de forma significativa, causando im-
pactos ambientais e sociais. As praias são pon-
tos turísticos, frequentados, principalmente, por
moradores de Maceió. Por isso, a região está
sendo ocupada por condomínios de luxo e clubes
sociais de empresas, o que logo contrastou com
as comunidades originárias e com o aumento da
população de baixa renda. O crescimento sem o
devido acompanhamento de serviços públicos re-
sultou no alto índice de desigualdade. Em todos
os bairros do território pode-se identificar o sane-
amento precário, o crescimento irregular de cons-
truções e equipamentos públicos insuficientes.
A especulação imobiliária, com a construção de
espigões, preocupa a comunidade que se mobi-
liza para garantir a devida estruturação sanitária,
mobilidade e equidade social, diante do impacto
negativo desses empreendimentos”.
Revista da Rede de Adolescentes | 09
Região 7
Região 6
Região 8 GoogleStreetView/Gazetaweb
WaldsonCosta/G1
10. O núcleo da R4 é formado por adolescentes
entre 12 a 17 anos, estudantes da Escola Muni-
cipal Tradutor João Sampaio. Um trabalha como
menor aprendiz e outros trabalham de forma ir-
regular. A composição de gênero é de 59% de
meninas e 41% de meninos. As capacitações
aconteceram na própria escola, tida como a me-
lhor escola municipal da região e que, por esse
motivo, atrai alunos de diferentes bairros. Os me-
ninos, principalmente, não apresentam perspec-
tivas de continuar estudando, querem trabalhar.
Já a maior parte das meninas quer continuar os
estudos, no entanto, não se sentem motivados
pela escola. Todos concordam que a escola é im-
portante, mas, reconhecem que da forma como
está estruturada, só a frequentam por serem obri-
gados pelos pais/responsáveis. Sobre os espaços
para o encontro de adolescentes, apontam que
na região não existem locais adequados e que a
escola acaba se tornando a principal referência.
Ao mesmo tempo, revelam que gostariam de es-
paços apropriados para a prática de esporte, lazer
e apresentações culturais.
Jovens | Relatos dos educadores
Os adolescentes que so-
frem, no dia a dia, as mazelas
das desigualdades, buscam for-
mas de se expressar, de garantir
o direito ao lazer e à formação
adequada, carregando expectati-
vas em relação ao futuro.
Para esses jovens a Rede
de Adolescentes aparece como
uma possibilidade de concretizar
sonhos e permitir o engajamento
na luta para que mais adolescen-
tes do território encontrem um
caminho diferente daquele que
tem sido apresentado como “na-
tural”: drogas, tráfico, abandono
escolar, exploração sexual, gra-
videz na adolescência, mortes.
Os educadores apresentam
abaixo dados sobre a formação
desses núcleos e o perfil desses
150 jovens que estão se organi-
zando em rede e se forjando pro-
tagonistas de uma nova cidade,
justa e sustentável. Confira nos
relatos a seguir:
Juventude quer um novo futuro
Região 4
O grupo de ado-
lescentes, na maioria,
cursa o ensino médio,
embora existam jovens
que já ingressaram na
Universidade. São de-
zessete mulheres e tre-
ze homens. Cinco deles
trabalham e um faz par-
te do programa Jovem
Aprendiz. A maioria
pertence à igreja cató-
lica e faz parte da Pas-
toral da Juventude. Há, também, um jovem evan-
gélico que participa dos Bombeiros Mirins. Em
suas percepções iniciais, revelaram descrença na
política, além de uma
desconfiança acen-
tuada sobre os repre-
sentantes dos órgãos
públicos. Para eles,
os governantes não
cumprem com suas
obrigações para com
as pessoas das comu-
nidades; os serviços
públicos funcionam de
forma precária e não
atendem às necessida-
des da população. Essa visão política desestimula
a participação dos jovens nos Conselhos e órgãos
públicos.
Região 2
10 | Revista da Rede de Adolescentes
FOTOS: Arquivo/CEASB
11. Os adolescentes, de idade entre 14
e 18 anos, estudam na Escola Estadual Professora
Eunice Lemos Campos, considerada uma das me-
lhores da região, motivo da preferência da maioria
dos jovens do complexo. Dois jovens já concluíram
os estudos regulares. Só um trabalha como menor
aprendiz. 57%, são garotos e 43% garotas. Eles
afirmam que querem concluir o Ensino Médio, no
entanto, nem todos desejam seguir seus estudos,
seja porque querem logo trabalhar e terem sua
independência, ou porque em muitos casos não
acreditam que a formação que recebem os habilite
para ingressar numa universidade pública. Todos
reconhecem a importância da escola, mesmo não
sendo atraente, e argumentam que na região, é
um espaço para ficar longe das drogas. A maioria
conhece e convive com vários adolescentes usu-
ários de drogas. E declaram que o projeto da PCU
é uma oportunidade de participação.
Os jovens desse território nunca
haviam participado de um projeto com este perfil.
A extensão da região levou à formação de dois
núcleos: um na Escola Estadual Onélia Campelo,
no Santos Dumont, e o outro na Escola Estadual
Alfredo Gaspar de Mendonça, no Eustáquio Go-
mes. No total, 12 são do sexo masculino e 18 do
feminino. Seis trabalham por meio período. Os ma-
triculados na escola Alfredo Gaspar, apresentam,
em sua maioria, defasagem série/idade, além de
alto índice de reprovação. Todos querem concluir
o Ensino Médio, mas, diante da condição de vida
de suas famílias, se veem obrigados a trabalhar
podendo, até, interromper os estudos. Já na esco-
la do Santos Dumont, localizada próximo à UFAL,
todos pretendem concluir o Ensino Médio e, al-
guns, já cursam o ensino profissionalizante, atra-
vés do Pronatec, e fazem o cursinho pré-vestibu-
lar, oferecido pela própria universidade. A escola
é o único lugar onde se encontram e seu principal
meio de comunicação é a internet, principalmente
Facebook e Whatsapp. Os 30 jovens apresentam
muita disposição de luta e desejam ser atores no
processo de construção de uma sociedade melhor
e mais justa e entendem que o projeto Rede de
Adolescentes vem ao encontro desse desejo.
No grupo de adolescentes, com
idade entre 13 e 19 anos, todos frequentam a
escola. Sete estão com defasagem idade/série. A
maior parte dos adolescentes (19) estuda na Es-
cola Estadual Professor Eduardo Almeida, no bair-
ro de Garça Torta; 4 estudam na Escola Municipal
Vereador Audival Amélio e 7 na Escola Estadual
Fernandes Lima, no Sítio São Jorge, bairro vizinho
ao território. Nas últimas duas escolas estudam
os alunos residentes na Vila Emater II, local de
residência dos catadores do antigo lixão, encer-
rado em 2010. Quatro adolescentes já exercem
atividade remunerada, e os demais declaram preo-
cupação com a renda e com a ocupação de postos
de trabalho. Como consequência, buscam cursos
de capacitação técnica independente de seu inte-
resse prioritário. A expectativa em relação a cur-
sar uma universidade é maior entre os mais no-
vos, mas entre parte dos que estão acima de 16
anos, há uma baixa expectativa sobre a continui-
dade dos estudos, devida às necessidades de tra-
balho e de renda. Uma das adolescentes é mãe e
um jovem tornou-se pai no processo de capacita-
ção. Diversos jovens participam de grupos ligados
à igreja, ao coco de roda, à capoeira e a projetos
sociais e associações. Em geral, há diversidade de
interesses, mas todos indicam habilidades na área
da cultura e dos esportes.
Região 6
Região 7
Região 8
Revista da Rede de Adolescentes | 11
12. O lixão de Maceió foi, du-
rante anos de sua existência, a
principal fonte de sustento de
várias famílias que viviam da co-
leta dos resíduos sólidos da ci-
dade. Ana Lúcia Paula dos San-
tos e José Alfredo da Silva não
tinham emprego onde moravam,
tinham duas crianças para sus-
tentar, uma de 4 anos e outra
recém-nascida. Quando soube-
ram da existência do lixão, saí-
ram de Roteiro, litoral sul de Ala-
goas, para trabalhar em Maceió.
Era o ano de 1996 e Samuel
Alfredo dos Santos Silva tinha
apenas 3 meses de idade. Em
um dos cerca de 200 barracos
na Vila Emater, viveu sua infân-
cia, fez amigos, teve mais dois
irmãos e se habituou a entender
as contradições e os desafios da
vida.
“O lixão faz parte da minha
vida. O lixo era disputado com
rato, barata; o pessoal levava pi-
cada de agulha do hospital; vinha
bicho morto e até gente morta.
Um dia chegou uma criança com
8 meses e o pessoal daqui mes-
mo que achou. Tinha venda de
drogas, tiroteio, não tinha segu-
rança, nem fiscalização. Ele foi
desativado depois que um amigo
meu morreu”.
Como sua mãe tinha que
trabalhar para sustentar os fi-
lhos, era ausente, entretanto
sempre lhe deu conselhos e, ao
mesmo tempo, responsabilida-
des que ajudaram em sua for-
mação. “Eu ajudei a criar meus
irmãos. Minha mãe ia trabalhar e
era eu quem cuidava dos meus
irmãos. Ela mostrava a gente
que a vida era difícil e que a gen-
te tinha que estudar, por que se
a gente não estudasse ia ser um
futuro perdido”.
Foi assim que ele conse-
guiu sobreviver dentro da dura
realidade da favela, valorizou a
escola, seu lugar, sua família e
sua comunidade. Sabia que se
não estudasse e aproveitasse
as oportunidades poderia aca-
bar sendo vítima da violência e
das drogas. “A vida me mos-
trava que eu não devia seguir o
caminho aqui da vila. Só porque
moro na favela, não tenho que
ser um maloqueiro. Hoje, 90%
dos meus amigos ou estão mor-
tos ou não estão aqui por conta
de drogas”.
Infelizmente, a falta de po-
líticas públicas e perspectiva de
vida fazia da Vila Emater um lu-
gar violento e propício à crimina-
lidade. Todavia, o abandono do
Estado e os péssimos índices so-
ciais, atraiu pessoas e entidades
– entre elas, o Centro de Educa-
ção Ambiental São Bartolomeu
(CEASB) – com disposição para
mudar essa realidade.
Ações sociais deram no-
vos horizontes para crianças e
jovens, como Samuel, que teve
a oportunidade de participar de
vários projetos sociais.
O seu primeiro e mais sig-
nificativo o projeto social foi o
“Sua Majestade, o Circo”. Sobre
esse, ele conta: “Eu estou no
projeto do circo desde 5 anos.
Fui educado e hoje sou educa-
“Só porque moro na
favela, não tenho de
ser um maloqueiro!”
Samuel dos Santos
História de vida Samuel
12 | Revista da Rede de Adolescentes
ÉsioMelo/CEASB
13. dor no projeto. Faço malabares
e perna de pau, mas tudo eu sei
ensinar. O projeto tinha um cir-
co aqui na Vila e hoje possui um
circo itinerante, dá oficina nas
cidades do interior de Alagoas.
Eu já viajei quase todo o estado
dando aulas circenses”.
Esse projeto realizava par-
cerias com espetáculos que che-
gavam à Alagoas e proporciona-
va às crianças e adolescentes
condições de assistir e participar
de grandes apresentações, em
Maceió e pelo Brasil. Só o Cirque
di Solei, Samuel assistiu em três
estados diferentes, São Paulo,
Belo Horizonte e Salvador.
Sua grande oportunidade se
deu com a chegada em Alagoas
do Circo do ator Marcos Frota
em Alagoas. Como atuava na
área, foi convidado para traba-
lhar fazendo a recepção do es-
petáculo do Frota, durante os 3
meses de apresentações em Ma-
ceió. Logo nos primeiros espetá-
culos, o mestre-sala sofreu um
acidente e a produtora chamou
o jovem estagiário para o substi-
tuí-lo na performance do final do
espetáculo.
“Quando eu me vesti e en-
trei no picadeiro para fechar o es-
petáculo, foi a melhor sensação
da minha vida! Fiz um mestre-
sala – mesmo sem saber direito
como fazer – e a porta-bandeira
disse ‘apenas se diverte’”.
Por três meses Samuel foi o
mestre-sala. Quando completou
18 anos, poucos meses depois
da partida do circo, o jovem se-
guiu seu caminho de artista cir-
cense, viajando 3 meses pelos
estados de Pernambuco e Para-
íba. “Ao todo foram 8 cidades.
Lá tive muita oportunidades.
Aprendi o trapézio, a técnica da
iluminação e do som. Ganhava
dinheiro e enviava para minha
família”
Até chegar aí, o jovem so-
freu bastante, principalmente no
momento da separação de seus
pais. Nessa época, sua mãe saiu
de casa com ele e os irmãos
mais novos. Tentava arrumar
outro lugar para morar, mas não
demorava seis meses e retor-
nava para o lixão. Mesmo sem
querer sair do local que nasceu e
se criou, Samuel acompanhava
sua mãe que começou a ter pro-
blemas com o alcoolismo.
“Achava tudo perfeito,
quando veio a separação e ocor-
reu tudo de negativo. Meu pai
perdeu emprego, eu e meus ir-
mãos perdemos estudos e mi-
nha mãe se envolveu com o
álcool. Esse tempo foi bastante
difícil, chegamos a ficar sem es-
tudar por conta das mudanças
da mãe. Mas nunca quis sair da
Vila Emater”.
Quando tudo parecia estar
superado e Samuel consegui-
do sua grande chance de seguir
uma carreira no circo, seu irmão
se envolveu com drogas e fugiu
da comunidade, onde morava
com seu pai. Sua mãe, envolvi-
da com problemas causados pelo
alcoolismo, não tinha condições
de cuidar de todos. Sem outra
alternativa, o jovem, que sempre
colocou a família em primeiro lu-
gar, abandonou o circo e voltou
para a Vila.
Hoje, Samuel é um dos co-
operados da COOPVILA - Coo-
perativa de Catadores da Vila
Emater, fundada em 2008, por
catadores e moradores da Vila e
é desse trabalho de onde ele tira
o seu sustento. Está construindo
uma nova família com Carol. Os
dois moram juntos há 5 meses
e acabam de descobrir que uma
nova vida está sendo gestada.
“Era meu sonho ser pai”.
Pelo fato de o CEASB apoiar
a Coopvila e ser o gestor do pro-
jeto Rede de Adolescentes, Sa-
muel entrou no grupo de jovens
da região 8, gostou e decidiu
participar e levar seus amigos.
“O projeto da PCU caiu de
paraquedas, estava numa reu-
nião da cooperativa, e o edu-
cador entrou numa sala que eu
estava e me chamou para parti-
cipar. Eu gostei e chamei o pes-
soal da Vila”
Para ele, essa é uma pers-
pectiva concreta de ter uma Ma-
ceió com menos desigualdade
e os jovens da Vila terem mais
consciência do que é preciso
mudar.
“Acho que esse projeto é
ideal para os jovens. Conscien-
tiza, faz se importar mais com
a comunidade e brigar por área
de lazer, dá perspectiva para
não cair no mundo das drogas,
explica os direitos da criança e
do adolescente, educa mais os
jovens a fazerem a coisa certa,
ensina ao jovem um caminho.
Mostra que você pode curtir a
vida de um jeito certo, e com
isso a gente vai crescer”.
Com isso, Samuel já sonha
em um futuro diferente para a ju-
ventude e para seu futuro filho.
“Eu quero que a infância dos me-
ninos que estão crescendo, seja
igual à minha. Não da violência,
mas do divertimento, das viagens,
do estudo - das oportunidades”.
Revista da Rede de Adolescentes | 13
ÉsioMelo/CEASB
14. Estudiosa, comunicativa,
responsável, talentosa, versátil
e feliz. Essas são algumas ca-
racterísticas que marcam a per-
sonalidade da jovem de apenas
14 anos, Lívia Maria da Silva
Santos. Nascida e criada na re-
gião do Tabuleiro, em Maceió,
ela é filha de Carla Maria da Sil-
va Santos e José Ailton da Silva
dos Santos e irmã de dois ga-
rotos, um de 19 anos e outro
de 11.
Carla Maria, sua mãe já ti-
nha uma criança de três anos,
quando resolveu se casar com
seu pai. Apesar separados por
algum tempo, estão juntos há
16 anos. Professora de Edu-
cação Especial, Carla dá aulas
toda manhã. À tarde trabalha
na administração de uma firma
terceirizada, contratada por uma
empresa de telecomunicações, a
mesma a que José Ailton, seu
pai, se dedica o dia inteiro.
Como os pais trabalharam
para manter a família, era o ir-
mão mais velho cuidava de to-
dos. Mas, há cinco anos, Lívia
assumiu a responsabilidade de
tomar conta do irmão menor e
de cuidar da casa.
“Meu irmão começou a sair
de casa com 15, não queria
nada com a vida e, por conta da
ausência dos meus pais, come-
çou a fazer coisas erradas. Eu
tinha apenas nove anos e passei
a cuidar do mais novo”.
Quando Lívia pensa nos pro-
blemas familiares, lembra-se dos
mais necessitados e sente-se fe-
liz com o que tem. “A felicidade
é algo maior do que meu senti-
mento agora. Há pessoas que
não têm casa, que não têm fa-
mília. E eu, mesmo com todos os
problemas familiares que preciso
enfrentar, tenho uma vida, uma
família. E agradeço por tudo”.
Dona de uma bela voz, Lí-
via já canta profissionalmente.
A descoberta da música acon-
teceu na sua Igreja. Ela explica
que canta desde criança, mas
a timidez não a deixava soltar
a voz: “eu canto desde peque-
nininha, mas, na verdade, não
gostava. Quando entrei para a
igreja, fui convidada a cantar
porque lá na todo mundo é ‘pu-
xado’ para cantar. Você pode
até não saber, mas você tem de
cantar. Hoje canto na igreja, em
casamentos e formaturas”.
Apesar da vocação para a
música, Lívia afirma que ainda
não pensa sobre sua profissão.
Revela que, quando pequena,
queria ser médica embora esse
não seja mais seu pensamento:
“pensava em ser médica, as-
sim como toda menina. Quan-
do cresci, decidi que não queria
mais. Na verdade, ainda não sei
o que quero ser”.
Mas Lívia já sabe o que não
quer ser, pois vive em uma re-
gião onde a criminalidade e as
drogas ditam o futuro de muitos
jovens. Como ela é bem aplicada
nos estudos, tem possibilidade
de ingressar em uma universi-
dade pública, algo que a maioria
dos estudantes de sua escola, a
João Sampaio, não terá acesso.
Mas isso não a preocupa agora:
“sei que toda informação é bem-
vinda. Mas, ainda não penso na
universidade. Estou no nono ano
e tenho tempo pra decidir”.
Os amigos de escola con-
firmam que a garota é mesmo
muito estudiosa. Lívia, humilde-
mente, esclarece: “não gosto de
dizer que sou, mas todo mundo
diz. Não tem como negar”. Para
ela, seu boletim tem um grande
“A gente vive
para aprender”
Lívia Maria
História de vida Lívia
14 | Revista da Rede de Adolescentes
ÉsioMelo/CEASB
15. defeito, as notas de matemáti-
ca: “sou péssima em matemáti-
ca, tiro de 7,5 a 8,5. E isso é
péssimo em relação às outras
matérias”.
“Você tem seu direito e
pode correr atrás dele. E
é isso que vou fazer”
Lívia é dedicada, tem gran-
de curiosidade de aprender coi-
sas novas. Quando o projeto
Rede de Adolescentes por uma
Cidade Justa e Sustentável con-
vidou os alunos para fazerem
parte da Plataforma dos Centros
Urbanos, ela não estava na es-
cola. Sabendo de seu interesse,
uma amiga a convidou para par-
ticipar: “eu não conhecia o pro-
jeto, não sabia nem do que se
tratava e uma amiga me puxou e
disse: ‘vamos! Vai ser bom’. No
primeiro dia, estavam falando
sobre direitos, sobre o ECA. Eu
achei interessante e decidi par-
ticipar porque a gente vive para
aprender”.
E a jovem não se esquece
do que aprende, o que com-
prova na referência a uma aula
sobre sinalização: “a profes-
sora disse que devemos atra-
vessar reto, porque atravessar
cruzando a rua demora mais e
tem mais possibilidades de ser
atropelada. Toda vez que atra-
vesso a rua de forma incorreta,
ou vejo alguém fazendo isso,
eu lembro. Falo isso, que é uma
coisa simples, mas você apren-
de e pode passar para outras
pessoas”.
E os novos aprendizados
foram colocados em prática,
também em casa, como conta
a jovem: “numa discussão com
minha família, eu disse: ‘eu te-
nho direito a isso, tenho direito
àquilo’. Depois, parei e pensei:
‘onde aprendi isso? ’ E me lem-
brei de que tinha sido no proje-
to”.
Lívia faz questão de di-
zer que, atualmente, seu maior
compromisso é utilizar o conhe-
cimento adquirido nas capacita-
ções da Rede de Adolescentes
em favor de sua comunidade: “o
que estou aprendendo aqui vou
passar para outras pessoas. É
legal porque tem tantas pesso-
as que estão vivendo por nada
e sofrendo por não saberem que
podem dar um grito de liberda-
de. Então eu acho que o direito
é isso: você sabe o que pode;
você não é obrigado a aturar
tudo aquilo que a sociedade diz.
Você tem seu direito e pode cor-
rer atrás dele. E é isso o que vou
fazer”.
Galeria de Fotos
Rede de Adolescentes
Revista da Rede de Adolescentes | 15
ÉsioMelo/CEASB
ÉsioMelo/CEASB
Arquivo/CEASBArquivo/CEASB
Arquivo/CEASB
16. C
ento e vinte jovens dos
bairros periféricos de Ma-
ceió saíram de suas casas,
na manhã do dia 2 de junho,
para um encontro. Formavam
cinco grupos, mas a maioria não
se conhecia. Sabiam apenas que
no local marcado encontrariam
outros jovens com o mesmo
propósito: lutar por uma cidade
justa e sustentável.
Eram meninos e meninas,
entre 13 e 19 anos, ansiosos
por soltarem a voz, trocarem
ideias e, juntos, encontrar solu-
ções para as desigualdades que
colocam Maceió entre as capi-
tais com os piores índices de ex-
clusão social do Brasil.
O Fórum de Adolescentes
da Plataforma de Centros Ur-
banos – etapa final do projeto
Rede de Adolescentes por uma
Cidade Justa e Sustentável – se
revelou como um lugar da livre
expressão dos jovens, sempre
excluídos de espaços de partici-
pação popular.
Esse foi o sentimento de
Laura Lima, 16 anos, moradora
do Benedito Bentes.
“Pela primeira vez nossa
opinião foi conhecida e valoriza-
da. Eu tinha muita vergonha de
falar e hoje já falo sem vergonha.
Já me sinto como uma multipli-
cadora da paz e da mudança”,
afirmou Laura demonstrando o
empoderamento proporcionado
pelo projeto.
O evento representou um
importante espaço de debate,
um resultado do processo contí-
nuo de organização em rede.
Os jovens, ali presentes dis-
seram, alto e em bom tom, que
querem participar de ações em
suas comunidades e influir na
elaboração de políticas públicas,
programas e ações voltados
para a garantia dos direitos de
cada criança e de cada adoles-
cente. E concluíram que querem
construir uma nova cidade, de
uma nova sociedade.
16 | Revista da Rede de Adolescentes
A organização de uma rede
O Fórum de Adolescentes da Plataforma de Centros Urbanos de
Maceió, realizado no dia 2 de junho de 2015, reuniu 120 jovens das
5 regiões com maiores índices de vulnerabilidade socioeconômica da
capital. Essa atividade representou a culminância do projeto “Rede de
Adolescentes por uma Cidade Justa e Sustentável”.
Fórum de adolescentes
FOTOS:ÉsioMelo/CEASB
17. Luiza Galdino, 15 anos,
aluna da Escola Estadual Al-
fredo Gaspar de Mendoça, de-
monstrou, ao microfone, que
os jovens da região administra-
tiva de número 7 já assumiram
esse compromisso. “Moro no
Eustáquio Gomes e meu bairro
está abandonado, entregue às
drogas. Resolvemos fazer uma
peça para demonstrar que a es-
cola pode ser melhor se fizer-
mos algo por ela”, explicou Lui-
za uma das propostas de ação
definida pelos jovens de sua
região.
Já David Costa, 16 anos,
estudante da Escola Estadual
Onélia Campelo, Santos Du-
mont, relatou a diferença que
o projeto fez em sua vida. “Eu
era muito aéreo antes de chegar
na PCU. Hoje sei que temos que
buscar nossos direitos, reivindi-
car e lutar por uma sociedade
mais justa. Os jovens têm que
lutar por tudo e por todos e a
Rede de Adolescentes é uma
ferramenta que me ajuda a lu-
tar por meus direitos”, afirmou
David.
Carlos Castro, 15 anos, re-
presentante da zona sul de Ma-
ceió, declarou logo no primeiro
período do Fórum o seu dese-
jo de ter uma rede de adoles-
centes atuando em Maceió: “A
gente aprendeu e agora temos
muito o que ensinar”. E Samuel
Alfredo, 19 anos, morador da
Vila Emater, complementou:
“Aqui está presente a juventu-
de de toda Maceió. O futuro é
a gente que vai fazer. Vamos
fazer um futuro diferente para
nossa Maceió”.
A rotina do Conselho Regional de Psicologia
15ª Região – espaço cedido para o evento – foi
completamente transformada pelo Fórum de Ado-
lescentes, que recheou o dia com palestras, grupos
de debate, apresentações culturais e plenárias.
A metodologia, construída pelos educadores
do CEASB, permitiu a transformação dos jovens
participantes em condutores da discussão. Essa
transição, realizada naturalmente ao longo do dia,
indicou aos adolescentes que eles reúnem plenas
condições de se constituírem enquanto rede au-
tônoma e comprometida com as mudanças so-
ciais.
Para iniciar as atividades, os jovens acolhe-
ram aos demais com apresentações culturais trazi-
das de cada região, aproximando os participantes
e expondo um pouco da produção de cada local.
Apresentações que permearam a programação du-
rante todo o dia.
As palestras da mesa redonda “Adolescência,
Desigualdade e Maioridade Penal” (leia na página
seguinte) e a palestra da consultora nacional do
UNICEF, Anna Christina Nascimento, sobre “Or-
ganização e Comunicação em Rede: adolescentes
por uma cidade justa e sustentável” constituíram
o primeiro período das atividades.
Manhã
Do acolhimento à vibração do reconhecimento
Revista da Rede de Adolescentes | 17
Programação
18. Ainda no turno da manhã, a realidade dos territó-
rios e um pouco do trabalho desenvolvido durante as
capacitações foi apresentado por dois representantes
de cada região. Já a partir desse momento, os adoles-
centes soltaram a voz e disseram a que vieram.
Ao final, o público foi presenteado com a exibi-
ção do vídeo “Formação da Rede da PCU em Maceió”,
produzido pelo educador Paulo Costa reunindo, em
imagens, alguns dos melhores momentos do projeto.
Os jovens vibraram ao se reconhecer nas imagens,
criando um momento de empatia e emoção.
Durante a primeira parte
da programação do Fórum de
Adolescentes da PCU, o promo-
tor de Justiça e procurador da
República aposentado, Delson
Lyra, a consultora do UNICEF,
Luiza leitão, e o educador po-
pular, Átila Vieira, compuseram
uma rica mesa de debates sobre
a redução da maioridade penal,
contribuindo com a luta pelo fu-
turo da juventude.
Os palestrantes foram unís-
sonos em demonstrar que a
redução da idade penal não é
solução, que o problema da cri-
minalidade no Brasil reside nas
desigualdades sociais e que a
educação é uma alternativa mais
eficaz do que a cadeia.
“O custo de uma pessoa
presa é muitas vezes superior
ao de manter um de vocês na
escola. Se conseguimos manter
vocês na escola, com condições
dignas para crescer, vamos ter
cidadãos dignos que contribuirão
para o desenvolvimento da socie-
dade. E colocar o jovem cada vez
mais cedo na cadeia, significa
estarmos renunciando ao futuro
de vocês. É um crime contra a
humanidade”, afirmou Lyra.
Luiza Leitão classificou a
tentativa de reduzir a maioridade
penal como higienista. Segundo
ela, “quem defende isso só pensa
em tirar da frente um jovem que
praticou um assalto. Mas colocar
numa cadeia é colocar numa es-
cola do crime”.
Juventude é vítima da
violência
A consultora do UNICEF
demonstrou que o Estatuto da
Criança e do Adolescente já pre-
vê punição para jovens que co-
metem algum tipo de crime. “A
partir dos 12 anos se comete
um crime já pode ser condenado
a internação no sistema educa-
tivo para cumprir pena de até 3
anos”, completou.
Entretanto, os palestrantes
comprovaram que os jovens, ao
invés de autores da violência, são
as maiores vítimas. “O Brasil é
medalha de prata em assassinato
de adolescentes. Por outro lado,
os que cometeram assassinato
representam apenas 0,013% do
total”, apresentou a representan-
te do UNICEF.
Para Átila Vieira, a intenção
da mídia em colocar em evidên-
cia um jovem, quando este co-
mete uma infração, é criminali-
zar toda a juventude, colocá-la
atrás das grades e prender o seu
potencial transformador.
“As grandes transforma-
ções histórias que ocorreram no
Brasil foram ‘feitos’ da juventu-
de. Querer prender o jovem e
criminalizar a juventude é com-
bater o papel transformador de
uma geração que quer mudan-
ças”, afirmou o educador.
Átila findou o debate com
uma mensagem de esperança
aos jovens que se colocam dian-
te da ousada tarefa de lutar por
um futuro mais justo.
“Tenho plena certeza que
aqui, neste auditório, não tem
covardes. Não nos omitiremos
de lutar pelo futuro”.
Mais escolas! Menos prisões!
18 | Revista da Rede de Adolescentes
Fórum de adolescentes
19. Após a apresentação da
peça teatral Ditadura Militar,
as atividades conduzidas pe-
los jovens tiveram início. Hora
de trocar ideias, experiências e
propostas, quando coube aos jo-
vens assumirem a condução do
evento.
Foram horas debates bem
produtivas. Os adolescentes
abordaram suas realidades, com-
pararam as semelhanças e suge-
riam ideias para os temas: Edu-
cação; Violência e Segurança;
Saúde e Sexualidade; Cultura e
Arte; Trabalho, Renda e Qualifi-
cação Profissional; e Instrumen-
tos de Comunicação em Rede.
Os grupos temáticos ela-
boraram propostas e definiram
coordenadores para responder
por cada assunto, dentro e fora
da rede. Esses coordenadores
têm o papel, também, de enca-
minhar, acompanhar e buscar a
concretização de cada ação pro-
posta.
“Estou muito feliz com o re-
sultado do Fórum. Percebo que
atingimos o que o Unicef pro-
põe: constituir uma rede autos-
sustentável, que vai participar
ativamente na formulação de po-
líticas públicas, ser a voz ativa
do adolescente no município”,
disse Luíza de Sá Leitão, consul-
tora do UNICEF.
A coordenação da Rede de
Adolescentes por uma Cidade
Justa e Sustentável foi eleita na
plenária final.. As propostas dos
O período militar (1964-
1985) foi um dos mais cruéis
já vividos no Brasil. Com o ob-
jetivo de retratar esse período
histórico, estudantes do IFAL
Câmpus Maragogi, montaram
o esquete teatral “Ditadura Mi-
litar”. O espetáculo, nascido da
parceria entre as aulas do pro-
fessor Ricardo Araújo (artes) e
do professor Carlos Filgueiras
(história), abriu a programação
do segundo turno do 1º Fórum
de Adolescentes.
As cenas representaram a
violência da ditadura militar, a
separação de uma mãe de seu
filho, a perseguição, o sofrimen-
to, a prisão e a morte. Por outro
lado, a alienação, o falso patrio-
tismo e a festa do futebol.
Usando figurino completa-
mente preto, segurando flores e
placas com rostos de desapare-
cidos, o elenco levou a plateia
a sentir o drama vivido por fa-
miliares que tiveram seus entes
queridos sequestrados pelos ór-
gãos de repressão militares.
Como um sinal de esperan-
ça, o espetáculo termina com o
famoso discurso de Charles Cha-
plin, do filme O Grande Ditador:
“Lutemos agora para libertar o
mundo, abater as fronteiras na-
cionais, dar fim à ganância, ao
ódio e à prepotência. Lutemos
por um mundo de razão, um
mundo em que a ciência e o pro-
gresso conduzam à ventura de
todos nós. Soldados, em nome
da democracia, unamo-nos!”.
Tarde
Da troca de experiências ao planejamento das ações
participantes foram sistemati-
zadas e apresentadas, e seis
jovens, um de cada uma das 5
regiões, iniciaram a grande meta
de fazer a diferença em suas co-
munidades e em toda Maceió.
Bastante entusiasmada,
Julianna Pietra, uma das novas
coordenadoras da Rede, avalia:
“Terminamos essa etapa com
primeiro desafio vencido, 150
jovens capacitados e mobiliza-
dos, 150 jovens multiplicadores
que vão multiplicar mais 150 jo-
vens. Chegou a nossa hora de
mostrar nosso potencial, chegou
nossa hora de falar e chegou a
hora deles ouvirem! (Jovens da
PCU) Eu acredito em vocês, por-
que eu também sou uma jovem
que busca diminuir a desigualda-
de social e nada mais justo que
contar com a união de todos”.
Revista da Rede de Adolescentes | 19
Ditadura nunca mais!
Programação
20. Excelente o evento como um todo. A opor-
tunidade de ter participado é um momento ím-
par para mim. São temas de que gosto muito
e tive a vida inteira dedicado a essas ques-
tões sociais, principalmente no que se refe-
re às desigualdades. Fiquei impressionado e
encantado mesmo. Momentos como esse nos
mostram que temos futuro, e que depende-
mos dessas criaturas maravilhosas, que são
os adolescentes. Eu, particularmente, fico
gratificado com isso”
Eu saio daqui contente e muito feliz com o
aproveitamento, com a qualidade de informa-
ções e de discussões que os jovens trouxeram.
Sem dúvida é um momento muito oportuno
para que eles debatam e se estruturem como ci-
dadãos, em busca de seus direitos, seus valores
e seus espaços. Percebo que é extremamente
importante essa parceria que o município fez
com o UNICEF, que é uma contribuição, sem
dúvida, para levar esses jovens a uma melhor
condição de vida, numa sociedade tão desigual.
Esse momento foi a grande culminância do
projeto, quando ele sai do papel e se torna vivo.
É o que recarrega a bateria e o que faz acreditar
mais ainda e reafirmar o compromisso de redu-
zir as desigualdades, de ter uma cidade mais
justa para cada adolescente, porque eles sabem
que têm esse direito. Eu fico muito emociona-
da por eles estarem em territórios com tantas
adversidades e terem um potencial imenso de
líderes. Pelas falas, pelo que vi no fórum e pelo
que tenho acompanhado, podemos dizer que
mudamos as trajetórias de 150 adolescentes”
O encontro foi importante porque são pou-
cos momentos, na nossa capital, que os ado-
lescentes têm para estar intervindo e, ainda
mais, porque debateu a redução da maioridade
penal. Estamos vivendo um momento, em que
esta discussão está na pauta e os jovens pre-
cisam se envolver mais. A participação deles
é fundamental, porque, aquela concepção que
os adultos discutiriam a vida deles, não é mais
suficiente. Ninguém melhor do que o próprio
adolescente para colocar suas angustias e ne-
cessidades.
Fórum de adolescentes Impressões
Luíza de Sá Leitão Átila Vieira
Vanessa FreitasDelson Lyra
Promotor de Justiça e Procurador da
República aposentado
Educador SocialConsultora local da PCU pelo UNICEF
Assessora técnica da Prefeitura de
Maceió e membro do Comitê da PCU
20 | Revista da Rede de Adolescentes
“ “
“ “
ÉsioMelo/CEASB
ÉsioMelo/CEASB
ÉsioMelo/CEASB
Arquivopessoal
21. Anna, você acompanha a PCU
nos oito centros urbanos do Bra-
sil. O que você destaca da rea-
lização do Fórum de Adolescen-
tes em Maceió?
Eu participei dos fóruns territo-
riais de seis municípios. Neles
haviam participação de adoles-
centes, mas um fórum só de
adolescentes houve apenas no
Rio de Janeiro e, agora, aqui, e é
um modelo muito interessante.
Considero uma inovação o que
Maceió está fazendo, de estar
realizando essa culminância,
juntando todos os territórios
num fórum só de adolescentes,
para fazer um planejamento de
pontos comuns e das ações,
com prazo para ser realizado,
com pessoas para acompanhar.
É muito legal e importante, tam-
bém a formação desse grupo
(coordenação), que articula os
diferentes territórios, garantindo
a eles que a coisa não vai ficar
só no papel, que a coisa vai real-
mente acontecer.
E quanto à participação dos ado-
lescentes?
Eu estive com alguns deles no
encontro em Brasília, em dezem-
bro de 2014, e os estou vendo
aqui de novo. Vejo como já hou-
ve um avanço até na capacidade
de articulação dos pensamentos,
na expressão de suas ideias, no
posicionamento mais claro sobre
o que acredita e seu papel como
mobilizador. E isso se deve ao
preparo anterior, às discussões
e processo de formação nessas
diferentes temáticas.
Então, as capacitações fizeram
realmente a diferença?
Sim! Os adolescentes têm um
potencial muito incrível de ques-
tionamento, você só tem que
criar uma fagulha, às vezes,
para que ele desperte atenção
para aquilo e aí comece a se
questionar em relação àquele
tema. E vocês conseguiram fa-
zer isso, quando vocês fizeram
as formações nos territórios,
vocês ascenderam essa fagulha
nos adolescentes.
Qual aprendizado esses jovens
estão conferindo à PCU?
O grande desafio da PCU é ter o
olhar territorial sem perder o sen-
so de município. Cada território
tem suas particularidades, suas
ações específicas, mas a grande
riqueza é botar todo mundo do
município para pensar nos pro-
blemas da cidade, é criar essa
rede municipal de jovens.
O coração do evento foi quando
eles começaram a apresentar o
que aprenderam até o momen-
to, como eles se vêem na con-
dição de agentes de participação
e agentes da multiplicação. A
gente vai poder pegar os planos
de cada um dos territórios e fa-
zer uma articulação no município
como um todo. Acho que esse é
um grande desafio.
Qual a impressão que você leva-
rá da rede de Maceió para o Rio?
Eu estou muito feliz de poder es-
tar aqui hoje, porque a gente fica
no escritório, longe, vê a teoria,
vê os relatórios, mas não tem a
oportunidade de ver na prática
o que os meninos estão apren-
dendo e realizando para fazer de
Maceió uma cidade justa e sus-
tentável.
Entrevista
‘‘Os adolescentes
têm um potencial
incrível’’
Anna Christina Nascimento, consul-
tora nacional da Plataforma de Centros
Urbanos, esteve em Maceió no dia 2 de ju-
nho, para acompanhar a realização do Fórum
de Adolescentes da PCU Maceió. Além de pro-
ferir a palestra “Organização e Comunicação
em Rede: adolescentes por uma cidade justa
e sustentável”, ela conversou conosco sobre
sua experiência com o projeto nacionalmente e
suas impressões sobre a rede de adolescentes
em Maceió. Confira:
“Vocês ascenderam
essa fagulha nos
adolescentes”
Revista da Rede de Adolescentes | 21
ÉsioMelo/CEASB
22. Consulta entre pares
Fora da Escola Não Pode!
A pesquisa Consulta entre
Pares, parte da campanha Fora
da Escola Não Pode!, se transfor-
mou numa grande oportunidade
para os adolescentes conhece-
rem mais sobre os próprios pen-
samentos e o que anseiam seus
pares acerca das situações com
que se deparam em relação à es-
cola.
Usando o método “Apren-
der Fazendo” e “Fazendo Pelas
Próprias Mãos”, dois adolescen-
tes de cada uma das 5 regiões
assumiram a responsabilidade
de aplicar a consulta a seus pa-
res, organizar os grupos de ado-
lescentes, preparar os materiais
necessários, realizar a tabula-
ção das respostas da pesquisa
e compartilhar os resultados e
suas percepções.
Na linha de frente estiveram
Carlos Castro e Adryelle Rezen-
de (R2); Laura de Lima Pinheiro
e Odilon Matheus Gomes (R4);
Wesley Christian e Thiago Ma-
ciel (R6); Monick Gabrielle e Ju-
liana Pereira (R7); e Jessica Melo
dos Reis e Bruno Alberto da Silva
(R8).
Juliana Pereira revelou sua
impressão sobre a participação
na consulta: “Realizar a Con-
sulta não foi tão difícil, mas sim
saber como iríamos chegar aos
jovens que muitas vezes já nem
esperam mais melhorias dentro
da própria escola e da comuni-
dade em que vive. Tive uma boa
oportunidade de aprender com
aqueles jovens a saber lidar com
a opinião do próximo e tentar en-
tender porque a opinião daquela
pessoa é tão importante quanto
a minha, mesmo sendo oposta”.
Dois adolescentes de cada uma
das 5 regiões assumiram a
responsabilidade de realizar uma
consulta com seus pares.
22 | Revista da Rede de Adolescentes
Mapeamento: explora como os jovens passam seu tempo e
como é o tempo de aprender em seu contexto; Discute como
é a escola em que eles estudam; Reflete sobre a importância
dela e o que existe de positivo e negativo no ambiente es-
colar na perspectiva do território. O Mapeamento não gera
dados, mas quebra o gelo e inicia a reflexão.
Consulta: Aplicação do questionário com o grupo individual-
mente, avaliando o contexto de garantia do direito de apren-
der das crianças e adolescentes, com foco em debater as
causas e conseqüências da exclusão escolar.
Posicionamento: Compartilhamento da reflexão sobre os re-
sultados, a partir de uma análise da pesquisa, buscando es-
tratégias para influenciar a reflexão dos tomadores de deci-
são e da comunidade ouvida.
“Na consulta entre pares
podemos dar a oportunidade aos
jovens de dar a sua opinião. O
pessoal gostou muito. Queriam
sempre que houvessem espaços
para serem escutados”, relata
Jéssica Melo, pesquisadora da
Região 8.
As consultas foram realiza-
das por meio de questionários
específicos com três grupos dis-
tintos: uma com alunos de 11 a
17 dentro da escola; uma con-
sulta livre, com o público defi-
nido pelos jovens; e, por fim, a
etapa mais complexa, a consul-
ta aos adolescentes de 11 a 17
anos que estão fora da escola.
Foi um total de 180 jovens
escutados, em 17 oportunida-
des. O ambiente da maioria das
entrevistas foram escolas Es-
taduais e Municipais dos cinco
territórios, além de duas consul-
tas especiais: uma na Unidade
de Internação Feminina e outra
no Lar Dom Bosco, uma insti-
tuição social da Igreja Católica
que acolhe adolescentes com
dependência química.
“Os alunos puderam falar
sobre os pontos positivos e ne-
gativos e tiveram um ponto de
vista bem crítico. A gente per-
Etapas da Consulta:
Arquivo/CEASB
23. A consulta entre pares ouviu um total de 180 adolescentes, sendo 75 adolescentes de 11 a
17 anos NA ESCOLA, 71 adolescentes de 11 a 17 anos FORA DA ESCOLA, 31 jovens de 18 a
29 anos NA ESCOLA e 3 jovens de 18 anos FORA DA ESCOLA.
Os jovens responderam às 39 perguntas da pesquisa com as seguintes indicações: “Concor-
do totalmente” (Azul), “Concordo mais ou menos” (verde) e “Discordo” (vermelho). Observando
os dados da tabulação é possível notar alguns destaques:
Consulta em números
“Estímulos” – A possibilidade de encontrar os
amigos está entre os maiores estímulos dos es-
tudantes no ambiente escolar. 80% concorda
totalmente que isso o estimula a ir à escola. A
construção da gestão democrática, com a opor-
tunidade de opinar sobre decisões da escola
está na ponta inversa dessa tabela, com 44%
dos entrevistados afirmando não terem a opor-
tunidade de serem ouvidos.
“Barreiras” – As drogas são um tema que di-
vide a opinião dos estudantes. 37% afirmam
ser totalmente verdadeiro que conseguem ficar
longe de drogas na escola, 29% não concor-
dam totalmente e 34% discordam. Já em rela-
ção ao Bullying, apenas 22% concordam total-
mente que as pessoas na escola se respeitam
sem o risco de serem perseguidas, agredidas
ou humilhadas.
“Experiência Escolar” – A grande maioria disse que
sua escola não tem boa aparência. Apenas 18%
responderam que sua escola é acolhedora e bonita.
Isso se dá, principalmente, pelas condições e estru-
turas dos prédios: 47% afirmam que não possuem
banheiros limpos, janelas e paredes em bom esta-
do, entre outros.
“A importância e o papel da educação” - 89%
compreendem a educação como um direito,
que é dever do Estado e que deve ser respei-
tado. 85% dos entrevistados concordam total-
mente que uma pessoa com estudos tem mais
possibilidades de ter um futuro feliz.
89%
Direito à Educação
7%
4%
21%
Aparência Escolar
40% 39%
29%
Decisões na Escola
27%
44%
37%
Drogas
29%
34%
Revista da Rede de Adolescentes | 23
cebeu que eles querem muitas
melhoras na escola, mas não
só criticando também propondo
ações”, conclui Bruno Silva, ao
aplicar a Consulta entre Pares na
Escola Estadual Eduardo Almei-
da, da Região 8.
A greve dos professores –
parte do contexto que também
serve como indicador das condi-
ções de trabalho na escola – al-
terou os prazos e agendas pre-
vistas para as consultas, o que
demandou mais esforço dos jo-
vens na adoção de alternativas
para garantir a conclusão do tra-
balho.
“Quando comecei a con-
sulta foi nítida a expressão de
querer mudança. Hoje posso
ver, claramente, que para mu-
dar não é preciso ter apenas um
projeto eficaz, mas sim a deci-
são de todo um grupo para que
juntos sejam criados um só obje-
tivo que tem como fundamento
melhorar não apenas a estrutura
da escola mas sim como toda a
educação”, conclui Juliana, da
R7.
24. “Assumi a papel de pesqui-
sadora da consulta entre pares a
pedido da minha educadora no
projeto Plataforma de Centros
Urbanos, sem saber exatamente
o que eu faria, sabia apenas que
era uma pesquisa com jovens da
Região 07 de Maceió. Após a ca-
pacitação para a consulta vi me-
lhor, e com bons olhos o que iria
realizar. Até fiquei ansiosa por
ter uma atividade em que seria
uma das coordenadoras. Minhas
impressões foram distintas, vou
relata-las de acordo com o que
mais me chamou a atenção.
Na consulta com adoles-
centes fora da escola, pude ver
que a falta de informações e in-
centivo dos pais destes jovens é
um dos motivos que mais afasta
e mantém os jovens fora da es-
cola. Ouvimos relatos de jovens
proibidos de ir à aula; jovens
que engravidaram por falta de
diálogo sobre sexo, dentro de
casa, e pelo filho tiveram que
abandonar a escola; há também
aqueles que acham que a vida é
uma brincadeira e não percebem
a importância da educação na
vida de todos.
Entre os jovens de 11 a 17
dentro da escola percebi que eles
possuem muitas opiniões sobre
como é a escola e como deve-
ria ser, no entanto, eles não são
ouvidos em relação a isso, aliás,
em relação a nada na educação.
Falta segurança e professores,
entre outras coisas. Quanto aos
pais, a maioria incentiva que
eles estudem, aprendam e se
formem. Mas infelizmente exis-
tem ainda casos como o que
ouvimos de uma jovem que teve
de sair de casa para poder es-
tudar. A mãe dessa jovem não
estudou, então decidiu que a fi-
lha também não deveria fazê-lo.
Ver isso acontecer aqui na ca-
pital do estado em pleno século
XXI é deplorável, para não dizer
vergonhoso.
Em minha última consulta,
com jovens de 18 a 29 dentro
da escola, vi que eles não recla-
mam dos pais e sim da falta de
segurança na escola e no seu
entorno, e da administração de-
ficiente da mesma que não per-
cebe suas necessidades. Algo
que me chamou atenção, pois
não havia parado para pensar
que cada grupo na escola possui
necessidades diferentes.
Enriquecedora é a palavra
que define a experiência que
vivi, espero que nosso trabalho
possa ajudar aqueles que dese-
jam ajudar aos jovens como um
todo, que os que estão fora da
escola possam voltar e que to-
dos tenham segurança e educa-
ção de qualidade. ”
Consulta entre pares Depoimentos
24 | Revista da Rede de Adolescentes
FOTOS:Arquivo/CEASB
Monick Gabrielle Alves
16 anos
25. Era o dia 9 de junho de 2015
quando atravessei, pela primeira
vez, o portão da “casa de muro
cinza”. Atrás da grade que ante-
cede o acesso à casa estavam
elas: algumas jogando dominó,
outras costurando e outras arru-
mando os cabelos.
Na passagem para o escri-
tório da Gerente da Unidade, só
um “boa tarde” e uma troca de
olhares com as poucas jovens
que estavam realizando algu-
mas atividades. Apresentei-me,
rapidamente, e deu para perce-
ber que Unicef não era um nome
muito familiar, o que mudou
quando mencionei que a institui-
ção foi pioneira na promoção do
projeto Criança Esperança.
No primeiro contato com
a gerente, apresentei a PCU, a
Rede de Adolescentes, a Con-
sulta entre Pares e sua metodo-
logia. Na saída, eu, a gerente e
as jovens nos cumprimentamos
e elas riram pelo meu sotaque
“portunhol” *.
Dia da Consulta
Na terça feira, 16 de junho
de 2015, chegamos eu e a edu-
cadora Indira Xavier, com mui-
tas expectativas. Dirigimo-nos
à parte central da casa onde já
estavam 25 jovens, sentadas em
círculo, esperando pelo início da
oficina.
Na roda de apresentação,
onde cada um falou seu nome e
idade. Quando chegou a minha
vez, eu disse que naquele dia era
o meu aniversário. E, de forma
espontânea, elas começaram a
cantar os parabéns!
Para mim, foi um momento
muito especial: as “meninas de
blusa amarela” cantando, com
seus rostos sorridentes… Uma
delas falou que também era ani-
versário da sua mãe e esperava
receber uma visita especial, no
dia seguinte. Muita emoção…
Em seguida, Indira realizou
uma dinâmica de relaxamento,
a “pipoca-pipocando”. Outra
vez a alegria invadiu o espaço:
elas riam, riam muito! Risadas
de meninas, de quase crianças,
se divertindo num parque cheio
de atrações. Também riram as
guardas, a gerente, o professor
de música.
Por um momento, aquele
lugar se transformou em um es-
paço de “conto de fadas”: não
pela estrutura física do lugar,
mas pela alegria; pela vontade
de viver dessas jovens e pelas
risadas…
Não pretendo descrever
nesse parecer o conteúdo técni-
co da Consulta. Só quero dizer
que todas as nossas dúvidas e
expectativas foram superadas.
Elas foram minuciosas na
hora de elaborar os mapas e des-
crever as escolas as quais elas,
em algum momento, passaram.
Seus relatos, questionamentos
e intervenções demonstram um
conhecimento profundo do tema
Educação. Elas também clama-
ram por Educação de melhor
qualidade; querem estudar; acre-
ditam no estudo como forma de
sair do círculo perverso da mi-
séria e do desencanto. Querem
oportunidades.
No encerramento da Con-
sulta, por volta das 18h30min,
outra surpresa: uma jovem apa-
receu com um violino, tocan-
do os parabéns, mais uma vez.
Pensem que emoção e alegria!
Nunca, em toda minha vida, tive
um aniversario tão bom, mas tão
bom, que me encheu de energia.
No fim abraços, muitos
abraços e sorrisos: isso é que é
importante. Quando saímos, já
era noite. Estávamos emociona-
dos, poucas palavras, afinal, não
precisava, estava tudo dito. As
“meninas da blusa amarela” fica-
ram com seus sonhos, sonhan-
do.
Fiquei pensando: quantos
desses dramas cotidianos nos
passam despercebidos e são
devorados pela velocidade de
nossas vidas; só olhando nossas
vidas, sem viver… A situação
me lembrou duma frase do físico
chileno Humberto Maturana: “Os
valores não há que ensiná-los,
há que vivenciá-los”.
__________________________________
* Juan Manuel Priegue Castro é
uruguaio, daí o sotaque “portunhol”
mencionado por ele.
As meninas
de blusa
amarela
Por Juan Manuel
Educadores do CEASB vão
até a Unidade de Internação
Feminina realizar pesquisa
Revista da Rede de Adolescentes | 25
Ascom/AgênciaAlagoas
26. O Fórum dos Adolescentes, valiosa ex-
periência da troca cultural, foi riqúissimo em
resultados. Conheça as propostas da Rede
de Adolescentes:
Sim, nós temos propostas:
Maceió será uma cidade
melhor pra se viver!
Propostas
Violência e Segurança
Pública:
Cobrar policiamento educati-
vo;
Promover palestras educati-
vas com o objetivo de escla-
recer a comunidade sobre as
questões relacionadas à cri-
minalidade;
Elaborar e realizar projetos
educativos sobre o tema “Co-
munidade livre do tráfico”,
no intuito de ajudar a libertar
pessoas das drogas;
Reivindicar um assento para
a PCU no Conselho Municipal
de Segurança Pública;
Realizar eventos esportivos e
culturais com temas relacio-
nados à Cultura da paz;
Realizar encontros entre a po-
lícia militar, secretarias mu-
nicipais e segmentos da so-
ciedade civil organizada para
estimular o debate e construir
entendimentos e ações vol-
tadas às necessidades e an-
seios das comunidades.
Educação:
Elaborar um manifesto a ser
assinado por todos os jovens
da PCU e outros adolescentes
denunciando a situação da
educação em Maceió;
Realizar esquetes teatrais e
utilizar formas alternativas
de sensibilização com a co-
munidade escolar sobre a ne-
cessidade do cuidado com a
escola;
Incentivar a criação de grê-
mios estudantis em todas as
escolas onde estudam os jo-
vens participantes da PCU a
fim de organizar os adoles-
centes para reivindicar me-
lhorias locais na área da edu-
cação.
Comunicação e trabalho
em rede:
Articular o grupo e manter a
rede;
Promover encontros mensais
com os coordenadores dos
grupos onde serão apresenta-
dos os planos de ações já de-
batidos;
Manter uma Fanpage para di-
vulgação dos planos de ações,
palestras, mesas redondas
e encontros. Divulgar o que
ocorre de positivo e negativo
em nossos bairros.
Trabalho, geração de ren-
da e qualificação profissio-
nal:
Realizar consulta aos adoles-
centes sobre seus interesses
profissionais;
Buscar parcerias;
Divulgar as demandas.
Arte e Cultura:
Construir e/ou adaptar espa-
ços físicos para a realização de
ações artístico-culturais;
Partilhar o projeto “Culturarte”
com outras escolas;
Elaborar projetos de Escolas
Abertas aos Sábados;
Fazer intercâmbios culturais
entre as escolas;
Realizar “Quitandas Culturais”
(eventos onde se podem en-
contrar diversas manifestações
culturais ao mesmo tempo);
Organizar aulas de reforço en-
tre alunos;
Promover Festival de Talentos;
Reivindicar espaços para divul-
gação das ações da Rede na
mídia pública.
Saúde e sexualidade:
Realizar Roda de debates;
Realizar campanhas de pre-
venção por meio de panfletos
informativos/educativos;
Realizar palestras com a par-
ticipação dos pais;
Mobilizar por meio das redes
sociais (Ex. Fórum no Face-
book, Dia de mobilização e
articulação para público alvo,
etc.);
Cobrar do poder público o
cumprimento dos compro-
missos assumidos com a
PCU.
26 | Revista da Rede de Adolescentes
ÉsioMelo/CEASB
27. Expediente
REVISTA DA REDE
Realização:
Centro de Educação
Ambiental São Bartolomeu
Coordenação-Geral:
Eduardo Normande
Projeto Editorial:
Ésio Melo
Maceió/Alagoas
Julho - 2015
A Revista da Rede é uma
publicação do projeto:
REDE DE ADOLESCENTES
POR UMA CIDADE JUSTA
E SUSTENTÁVEL
Coordenação Executiva:
Juan Manuel Priegue Castro
Coordenação Pedagógica:
Ana Lúcia Ferraz de Menezes
Educadores:
Alex Sandro do
Nascimento, Alzira Oliveira,
Indira Xavier, Juan Priegue,
Luana Pommé, Paulo Costa
Comunicação:
Gal Monteiro, Paulo Costa,
Ésio Melo
Apoio Operacional:
Fernanda Monteiro, Rafael Formigli
Projeto integrante da:
PLATAFORMA DOS
CENTROS URBANOS
Fundo das Nações Unidas
para a Criança – UNICEF
Rep. UNICEF no Brasil:
Gary Stahl
Rep. UNICEF Recife:
Jane Santos
Consultora PCU Maceió:
Luiza Sá Leitão
Prefeito de Maceió:
Rui Palmeira
Coordenadora PCU Maceió:
Juliana Vergetti
Revista da Rede de Adolescentes | 27
ÉsioMelo/CEASB
28. Rede de Adolescentes
por uma Cidade Justa
e Sustentável
(apoio UNICEF)
Projeto Coopvila: Reciclar e
Educar (patrocínio Petrobrás) -
assessoria à Cooperativa dos
Catadores da Vila Emater
19 ANOS COMPROMETIDO COM A DEFESA DE DIREITOS SOCIAIS,
DO MEIO AMBIENTE E DO PATRIMÔNIO CULTURAL.
O Centro de Educação Ambiental São Bartolomeu (CEASB), é uma instituição
civil sem fins lucrativos. Sua principal finalidade é a promoção e a defesa de bens
e direitos sociais, relativos ao meio ambiente e ao patrimônio cultural. Desenvolve
projetos e atividades de educação ambiental, cultura, mobilização social, pesqui-
sa, economia solidária e comunicação que contribuam para a construção de uma
sociedade justa, baseada no desenvolvimento sustentável, no respeito à vida e à
diversidade cultural.
Projetos em desenvolvimento
Arquivo/CEASB
ÉsioMelo/CEASB
Baú dos Guerreirinhos -
Ponto de Cultura
Guerreiros da Vila.
Arquivo/CEASB