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TECNOLOGIA




                      Vale: sistema maximiza
Divulgação - Vale




                    embarque de minério de ferro
                              Para otimizar as operações de exportação de minério de ferro, a Vale investe
                                no desenvolvimento de sistema que integra as informações processadas
                                por diferentes softwares ao longo da cadeia e fornece o melhor cenário
                                      do ponto de vista da maximização de volumes embarcados


                    O
                             crescente volume de vendas de       sistema, adotado por todos os terminais     Luís (MA). Ao chegar nesse terminal, o
                             minério de ferro para o merca-      portuários por onde é escoado esse pro-     minério é estocado em pátios e, poste-
                             do exterior registrado pela Vale    duto. Isto porque, na construção do mo-     riormente, destinado para embarque em
                    tem exigido um contínuo investimen-          delo, foram inseridas as particularidades   navios para clientes em diversos países.
                    to da empresa em tecnologia da infor-        operacionais de cada unidade.                   Diante disso, é possível imaginar a
                    mação (TI) que, focada nos processos             O sistema produtivo do minério          complexidade do projeto que levou à
                    logísticos, vem trazendo importantes         de ferro da Vale está dividido em duas      criação do SIOP, uma missão que este-
                    resultados em termos de agilidade ope-       grandes áreas, que a empresa chama          ve a cargo da Gapso Tecnologia da De-
                    racional e redução de custos. Há cerca       de Sul e Norte. O Sul é composto pe-        cisão, responsável pela concepção do
                    de uma década, equipes da área de TI e       los complexos mineradores de Itabira,       projeto e modelos matemáticos, e da
                    de operações dos terminais portuários        Mariana e Minas Centrais, Paraopeba,        desenvolvedora de softwares Ci&T, nas
                    da companhia foram substituindo as           Vargem Grande de Minas e Itabiritos,        tarefas relacionadas às funcionalidades
                    antigas planilhas em Excel por softwa-       em Minas Gerais. Todo o minério pro-        do programa, tais como entrada de da-
                    res que vêm otimizando cada etapa da         duzido nessa região é transportado para     dos, de relatórios e integração com os
                    cadeia, da mina ao cliente.                  o Complexo Portuário de Tubarão, em         sistemas legados da Vale.
                        Dentro desse escopo, o mais recente      Vitória, pela Estrada de Ferro Vitória a
                    projeto, que acaba de ser implementa-        Minas (EFVM), e para o Porto de Itaguaí           Estruturação do projeto
                    do, é o Sistema Integrado de Otimização      (RJ), pela MRS Logística.
                    das Operações Portuárias (SIOP) que, ao          Já o Norte compreende as minas a            Leôncio Lima, analista de Planeja-
                    fazer a interface com os demais softwa-      céu aberto de Carajás (PA), sendo o mi-     mento Estratégico do Terminal de Pon-
                    res envolvidos na operação logística,        nério de ferro transportado pela Estrada    ta da Madeira, lembra que o primeiro
                    apresenta o melhor cenário para maxi-        de Ferro Carajás (892 quilômetros de        embarque de minério de ferro no local
                    mizar o output do minério de ferro. Com      extensão) e embarcado pelo Terminal         foi em janeiro de 1986, ano em que
                    o SIOP, a Vale passou a ter um único         Marítimo de Ponta da Madeira, em São        foram embarcadas 26 milhões de to-

                    104 - Revista Tecnologística - Agosto/2008
neladas; no final dos anos 1990, com a      olhava a cadeia como um todo depois,            cessidades dos portos da Vale, deixando
perspectiva de atingir a marca de 52 mi-   a partir de uma análise física que fazia        de ser específico para as particularidades
lhões de toneladas, a empresa enxergou     um apanhado do todo.”                           de um determinado terminal, embora
a necessidade de ir além das planilhas         Do mesmo modo, também os profis-             esses portos possam ter restrições espe-
em Excel, adotando sistemas inteligen-     sionais de operação e planejamento do           cíficas, que foram colocadas no sistema.
tes para otimizar os recursos.             Terminal de Tubarão iam implementan-            Agora, temos a forma Vale de otimizar
    “Foi quando a área de planejamen-      do soluções para otimizar as atividades         os ativos”, ressalta Coelho.
to e a de operação começaram a buscar      destinadas ao embarque de minério de                Para Lima esse é, de fato, um aspec-
ferramentas para administrar três equa-    ferro. “Aqui foram usados outros siste-         to a ser enfatizado, pois é visto pela Vale
ções: a operação de descarga e estoca-     mas, em tempos diferentes, com tecno-           como um dos grandes ganhos do proje-
gem, que envolve apanhar os vagões e       logias diferentes, mas todos tinham o           to. “Anteriormente, cada porto operava
descarregá-los nos viradores de vagões,    mesmo problema: era um porto da Vale,           o seu modelo, dentro das suas particula-
de onde esse minério é direcionado         movimentando minério, que precisava             ridades. O primeiro passo para a constru-
para uma empilhadeira que formará a        de uma solução integrada”, explica o            ção do SIOP foi reunir as equipes do Sul
pilha de minério no pátio; a definição      analista de TI do Terminal de Tubarão,          e do Norte, para encontrar um sistema
de quais seriam as melhores alternati-     Marcelo Coelho. Até então – acrescen-           cuja inteligência permitisse agregar as
vas de retirada desse material do pátio    ta – os sistemas eram otimizadores, mas         nuances de cada porto, as boas práticas
para colocá-lo nos navios, de forma a      buscavam a máxima performance para              de cada um”, declara, assinalando que
otimizar a operação portuária; e a me-     determinado local. “Eles maximizavam            isso representou uma quebra de paradig-
lhor fila de navios que se pode ter para    apenas um determinado recurso como,             ma para as equipes. “Fomos juntando
obter a maior produtividade.”              por exemplo, a fila de navios.”                  essas peças do quebra-cabeça, que aca-
    Assim, foram implantados os sof-           E foi sob essa condição que as duas         baram sendo contempladas no SIOP.”
twares que puderam atender a essas         equipes, dos sistemas Norte e Sul, ini-         Hoje, além dos terminais portuários de
equações indicadas por Lima. Contudo,      ciaram as discussões sobre o desenvolvi-        Ponta da Madeira e Tubarão, o de Itaguaí
mais adiante, chegou o momento em          mento do projeto, que culminou na cria-         (RJ) também está utilizando o SIOP.
que ficou evidente que isso tudo ainda      ção do SIOP, em 2006. “Buscou-se um
não era suficiente, como aponta Tor-        sistema capaz de maximizar a utilização                 Arquitetura do sistema
quato Caldas, analista de Planejamento     do conjunto de ativos respeitando todas
e Qualidade do Terminal da Ponta da        as restrições regionais. Ou seja, buscava-          O projeto começou a ser desenvol-
Madeira. “Tínhamos sistemas muito          se um ótimo para a cadeia toda, que é           vido em junho de 2006, com a con-
bons, mas não eram integrados. As in-      diferente do ótimo local. Além disso, o         tratação da Gapso, que – seguindo a
formações eram geradas por módulos,        SIOP está preparado para atender às ne-         sugestão do gerente de TI da Vale, Os-
cada área rodava o seu e, para obter to-
das as informações, era muito demora-
do e com imprecisões. A tal ponto que,
quando uma parte terminava de rodar
e algo já havia sido alterado, em vez de
rodar novamente, por causa do tempo
fazíamos umas contas na planilha, em
paralelo, para chegar ao resultado que
precisávamos para o planejamento.
Com o volume de negócios aumentan-
do bastante, ficou difícil operar dessa
maneira e foi necessário partir para um
sistema integrado”, afirma Caldas.
                                                                                                                                       Divulgação Vale




    Da maneira como estavam as con-
dições para fazer o planejamento, o
encadeamento das operações não era o
ideal, como destaca Lima. “As análises e
os planejamentos eram feitos olhando             Embarque de minério em Ponta da Madeira: sistema atende
as operações de forma individual. Só se          às necessidades de todos os portos da Vale

                                                                                                Agosto/2008 - Revista Tecnologística - 105
TECNOLOGIA




mar Pedroso – uniu-se com a empresa              Superada essa etapa, partiu-se para
de desenvolvimento de TI Ci&T para           a construção do SIOP, propriamente,
este projeto. A fase inicial, de especifi-    desde a entrada de dados até a integra-
cações do modelo, levou cerca de seis        ção com os sistemas legados da Vale e
meses para ser concluída. Tratou-se de       a inserção de todos os set-ups, as regras
uma etapa bastante delicada, segun-          de operação, nesse sistema. Na atra-
do o diretor de Operações da Gapso,          cação de navios, por exemplo, o lugar
Alexandre Pigatti. “Tínhamos de fa-          que o navio ocupará será determinado
zer casar os requisitos dos usuários do      pelo seu tamanho. “Em Tubarão, um
Sistema Norte com os do Sistema Sul.         navio para atracar no Píer 2 tem de ter
Uma tarefa complicadíssima, pois era         capacidade para, pelo menos, 140 mil t;
preciso reunir num software único o          embarcações com capacidade inferior a
modo de cada um trabalhar. Por isso,         essa não atracam ali. Por outro lado, um
houve uma etapa pesada de consenso           navio com mais de 100 mil t não conse-
para se chegar ao jeito Vale de operar.      gue atracar no Píer 1S, porque atingiria o




                                                                                                                                          Divulgação - Vale
E esse foi um dos pontos que consi-          fundo do canal. Isso é o que chamamos
dero mais importantes neste projeto.         de restrições e é o usuário que vai lá e ca-
Tanto que, quando o Porto de Itaguaí         dastra no sistema esse tipo de informa-
começou a operar com o SIOP, não             ção”, explica o diretor da Gapso.
houve esforço algum”, lembra Pigat-              Os três principais sistemas legados
ti, reforçando o avanço que esse siste-      da Vale com os quais o SIOP faz a in-
                                                                                                  Correias transportadoras em Tubarão,
ma representou para o seu cliente. “A        terface são: o Sistema de Gestão de                  também consideradas pelo SIOP
Vale deixou de ter softwares regionais       Demandas e Suprimento (SGDS), res-
para adotar um software corporativo          ponsável pelo controle da cadeia de mi-        estabelecidas as regras comerciais; e o
que atende às operações da compa-            nério de ferro; o Sistema de Adminis-          Kitbordo, responsável pelo cadastro de
nhia como um todo.”                          tração Comercial (SIAC), no qual estão         marés e correntes.“Dentre eles, o SGDS
                                                                                            é o mais significativo na operação, pois
                                                                                            dele o SIOP extrai as informações sobre
                  O minério de ferro da Vale                                                a pilha de minério já existente no por-
                                                                                            to, os ativos (as capacidades físicas dos
                                                                                            equipamentos) dentro das rotas (movi-

 S  egundo informa a companhia
    mineradora, o crescimento da de-
 manda global por minério de ferro e
                                             vas de minério de ferro. A capacidade
                                             atual de produção das minas é de cer-
                                             ca de 170 milhões de t por ano.
                                                                                            mentação do minério) e, de posse das
                                                                                            informações de demanda ou da previ-
                                                                                            são de chegada de navios, gera vários
 a expansão da produção, proporcio-              Já no Sistema Norte, dada a quali-         cenários, escolhendo aquele que me-
 nada pela conclusão de projetos e ga-       dade dos produtos extraídos de Cara-           lhor atende ao objetivo, que é carregar
 nhos de produtividade, permitiram           jás, descoberta em 1967, uma parcela           o maior volume”, indica Pigatti.
 a obtenção de sucessivos recordes           expressiva é obtida apenas pelas eta-              Vale dizer que as rotas às quais ele se
 dos volumes de vendas, chegando a           pas de britagem e classificação. A capa-        refere são as diversas opções para mo-
 262,687 milhões de t em 2007.               cidade de produção é de cem milhões            vimentar o minério no pátio por meio
     Dos complexos mineradores do            de t por ano. As operações de lavra, be-       de diferentes equipamentos, o que en-
 Sistema Produtivo Sul, o mais antigo        neficiamento, estocagem, transporte             volve descarregar o vagão, empilhar o
 é o de Itabira, que compreende as mi-       ferroviário, descarga, empilhamento e          minério, recuperar a pilha de minério
 nas de Cauê e Conceição, cujas ope-         embarque realizados no Sistema Norte           e passá-la para o carregador de navio.
 rações tiveram início em 1942. Os           são monitoradas nas salas de controle          “O pátio de Tubarão, por exemplo,
 fluxogramas das instalações de bene-         que ficam em Carajás e em São Luís.             tem duas mil rotas diferentes. Para dar
 ficiamento têm etapas de britagem,           São centros dotados de equipamentos            idéia, uma rota pode estar composta da
 classificação e concentração. As ja-         modernos, de alta tecnologia, que ga-          seguinte maneira: o virador de vagão 1,
 zidas deste Sistema possuem aproxi-         rantem maior produtividade e segu-             com as correias 2, 5 e 15 e a empilha-
 madamente 4,5 bilhões de t de reser-        rança para a Vale.                             deira 1. Outra rota: virador de vagão 2,
                                                                                            com correias 1 e 7 e empilhadeira 3.”

106 - Revista Tecnologística - Agosto/2008
O cenário apresentado pelo SIOP,                Resultados esperados                   Leôncio Lima aponta que, dado o
quando confirmado pelo usuário, será o                                                  pouco tempo de implementação do
planejamento das operações que atende-          Terminada a construção do mode-        SIOP, ainda não é possível falar em re-
rão às vendas realizadas pela Vale, como    lo contendo as características desta-      sultados, mas sim em ganhos espera-
descreve o diretor da Gapso: “O sistema     cadas pelos envolvidos, além de ou-        dos. “No modelo anterior, tanto aqui
faz uma infinidade de contas e devolve o     tras tantas variáveis que fazem parte      em Ponta da Madeira como em Tubarão
planejamento para o usuário informando,     das rotinas de operação de minério         tínhamos alguém em cada parte da ca-
por exemplo, qual trem desce com qual       da Vale, a ferramenta passou por um        deia para operar um módulo específico.
minério; a qual virador aquele vagão será   período de operação assistida, sendo       Essa pessoa, depois, tinha que contatar
encaminhado, de qual trem, para que pi-     que somente a partir de 1º de junho        seu parceiro de outra etapa da cadeia
lha e com qual equipamento. Depois, dirá    passado o SIOP entrou em plena ope-        para gerar uma planilha. Então, nosso
qual equipamento fará a recuperação para    ração. “Posso dizer que ajustes, nessa     primeiro resultado foi que, como temos
qual carregador de navio, de qual berço e   fase, foram muito poucos. Acredito         tudo concentrado em uma única base,
para embarcar em qual navio.” Para isso,    que isso se deu porque tivemos uma         as pessoas que fazem o planejamento
o SIOP exporta o planejamento para o        etapa de especificação muito bem fei-       operacional, os ‘otimizadores’, agora
SGDS, que o executará. “Ele o envia tam-    ta naqueles seis meses iniciais. Houve     têm tudo na base e vão poder rodar o
bém para a intranet da Vale, necessária     ajustes, mas diria que o SIOP foi o sis-   cenário, com base na cadeia como um
para a execução de algumas tarefas, como    tema da Gapso com menos necessida-         todo. O primeiro ganho é a otimização
a publicação da fila de navios gerada e os   de de ajustes, considerando inclusive      de recursos”, resume o analista de Pla-
momentos de atracação e desatracação,       outros sistemas que fizemos para a          nejamento Estratégico do Terminal de
por exemplo”, completa Pigatti.             própria Vale”, informa Pigatti.            Ponta da Madeira.
TECNOLOGIA




                                                                                                                               o minério no porto. Esse tempo de res-
                                                                                                                               posta que baixou para duas horas, ten-
                                                                                                                               do em conta o fuso horário, traz mais
                                                                                                                               agilidade para o negócio. Estamos, por-
                                                                                                                               tanto, respondendo mais rapidamente
                                                                                                                               ao pessoal do comercial, que muitas ve-
                                                                                                                               zes, na situação anterior, acabava o ex-
                                                                                                                               pediente sem receber a informação. Ou
Vantoen Pereira Jr. - Vale




                                                                                                                               seja, por causa de algumas horas, eles
                                                                                                                               podiam perder um dia.”
                                                                                                                                   De fato, independentemente
                                                                                                                               dos ganhos já computados, o SIOP
                                                                                                                               tem uma boa perspectiva de uso na
                                                                                                                               Vale. Ao que tudo indica, ele será
                                                                                                                               adotado não somente em outros
                                Composição Locotrol, da EFC: sistema agilizou                                                  terminais que operam com minério
                                a rodagem da fila de trens e de navios                                                          de ferro, como para outras cargas e
                                                                                                                               até fora do Brasil.
                             Outra expectativa de ganho está na                     Marcelo Coelho concorda: “Existem              “Quando a Vale comprou a Mi-
                         confiabilidade dos dados. “Antes, com                   várias outras iniciativas, projetos e inves-   nerações Brasileiras Reunidas (MBR),
                         sistemas diferentes para cada parte da                 timentos que contribuem para a melho-          passou a gerenciar também o porto
                         cadeia, podiam ser gerados diversos erros              ria do sistema produtivo como um todo.         de Guaíba e, agora, o pessoal de lá
                         que eram replicados para os demais elos,               O SIOP é um deles. Uma das coisas mais         quer utilizar essa ferramenta. Como
                         comprometendo a confiabilidade do pla-                  difíceis é, realmente, saber qual foi a con-   já foi dito, a partir de agora basta
                         nejamento e das operações. Entretanto,                 tribuição de cada uma das iniciativas.”        simplesmente implementar lá o SIOP
                         ao operar de forma integrada com uma                       O analista de Planejamento e Qua-          e parametrizar algumas particulari-
                         única base, isso é evitado, porque todos               lidade, Torquato Caldas, também par-           dades, não será mais preciso desen-
                         estão vendo a mesma cadeia e fazendo                   tilha dessa opinião, mas dá um indica-         volver um novo sistema para esse
                         uma análise crítica”, acrescenta Lima,                 tivo sobre um ganho que já observou            porto”, reforça Caldas.
                         para quem o SIOP acabou por reunir as                  nesse curto período de implementação               Já Lima diz que, embora o SIOP
                         melhores práticas dos dois modelos, o de               do SIOP. “Antes, quando se rodava a            tenha sido desenvolvido para o mi-
                         Tubarão e o de Ponta da Madeira.                       fila de navios e a demanda de trens para        nério de ferro, com pequenas adapta-
                             Para o diretor de Operações da Gap-                atender à fila de navios, a operação co-        ções pode ser utilizado também para
                         so, mesmo depois de um tempo razoá-                    meçava às 10 horas e terminava às 14           carga geral. “Já estamos discutindo
                         vel – pelo menos seis meses – de uso do                horas. Hoje, começa às 10 horas e ao           isso em Ponta da Madeira, porque a
                         SIOP será difícil mensurar os ganhos                   meio-dia já se tem a resposta.”                carga geral também está crescendo
                         obtidos exclusivamente com esse siste-                     Esse ganho de duas horas, segundo          e a idéia é começar esse projeto no
                         ma. “Digo isso porque já vi acontecer                  ele, é significativo quando se considera        próximo ano.” Coelho, por sua vez,
                         na Vale coisas deste tipo: enquanto a                  a necessidade de dar repostas para pro-        acrescenta: “Já está prevista na nos-
                         área de TI está implantando um siste-                  fissionais de vendas da Vale sediados           sa carteira de projetos a internacio-
                         ma, o pessoal da engenharia está fazen-                em diferentes países – como Austrália,         nalização do SIOP para o projeto de
                         do uma recuperadora (equipamento de                    Canadá, Cingapura, China, Coréia, Ja-          Omã, no Oriente Médio. Com isso,
                         movimentação do minério no pátio)                      pão e Suíça – para que possam atender          realmente teremos o jeito Vale de
                         mais possante, de forma que, se antes                  melhor a seus clientes. “O pessoal dos         operar no Brasil e no mundo.”
                         se recuperavam 3.500 t/hora, agora se                  nossos escritórios na China, por exem-
                         operam 4.500 t/hora. Assim, há um                      plo, liga dizendo: estou com um navio                          Sônia Monfil Cardona
                         processo contínuo de melhorias. É cla-                 aí e quero entrar com mais carga, é pos-
                         ro que a ferramenta traz ganhos impor-                 sível? Temos, então, de fazer a simula-
                         tantes, mas os bons resultados na pro-                 ção desse atendimento, do impacto na
                         dutividade da operação podem se dever                  cadeia, da posição da fila de navios e do                           Gapso: (21) 2117-8000
                         a outros fatores”, coloca Pigatti.                     tempo em que a mina consegue colocar                                Vale: (98) 3218-4029

                         108 - Revista Tecnologística - Agosto/2008

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Sistema Integrado de Otimização das Operações Portuárias

  • 1. TECNOLOGIA Vale: sistema maximiza Divulgação - Vale embarque de minério de ferro Para otimizar as operações de exportação de minério de ferro, a Vale investe no desenvolvimento de sistema que integra as informações processadas por diferentes softwares ao longo da cadeia e fornece o melhor cenário do ponto de vista da maximização de volumes embarcados O crescente volume de vendas de sistema, adotado por todos os terminais Luís (MA). Ao chegar nesse terminal, o minério de ferro para o merca- portuários por onde é escoado esse pro- minério é estocado em pátios e, poste- do exterior registrado pela Vale duto. Isto porque, na construção do mo- riormente, destinado para embarque em tem exigido um contínuo investimen- delo, foram inseridas as particularidades navios para clientes em diversos países. to da empresa em tecnologia da infor- operacionais de cada unidade. Diante disso, é possível imaginar a mação (TI) que, focada nos processos O sistema produtivo do minério complexidade do projeto que levou à logísticos, vem trazendo importantes de ferro da Vale está dividido em duas criação do SIOP, uma missão que este- resultados em termos de agilidade ope- grandes áreas, que a empresa chama ve a cargo da Gapso Tecnologia da De- racional e redução de custos. Há cerca de Sul e Norte. O Sul é composto pe- cisão, responsável pela concepção do de uma década, equipes da área de TI e los complexos mineradores de Itabira, projeto e modelos matemáticos, e da de operações dos terminais portuários Mariana e Minas Centrais, Paraopeba, desenvolvedora de softwares Ci&T, nas da companhia foram substituindo as Vargem Grande de Minas e Itabiritos, tarefas relacionadas às funcionalidades antigas planilhas em Excel por softwa- em Minas Gerais. Todo o minério pro- do programa, tais como entrada de da- res que vêm otimizando cada etapa da duzido nessa região é transportado para dos, de relatórios e integração com os cadeia, da mina ao cliente. o Complexo Portuário de Tubarão, em sistemas legados da Vale. Dentro desse escopo, o mais recente Vitória, pela Estrada de Ferro Vitória a projeto, que acaba de ser implementa- Minas (EFVM), e para o Porto de Itaguaí Estruturação do projeto do, é o Sistema Integrado de Otimização (RJ), pela MRS Logística. das Operações Portuárias (SIOP) que, ao Já o Norte compreende as minas a Leôncio Lima, analista de Planeja- fazer a interface com os demais softwa- céu aberto de Carajás (PA), sendo o mi- mento Estratégico do Terminal de Pon- res envolvidos na operação logística, nério de ferro transportado pela Estrada ta da Madeira, lembra que o primeiro apresenta o melhor cenário para maxi- de Ferro Carajás (892 quilômetros de embarque de minério de ferro no local mizar o output do minério de ferro. Com extensão) e embarcado pelo Terminal foi em janeiro de 1986, ano em que o SIOP, a Vale passou a ter um único Marítimo de Ponta da Madeira, em São foram embarcadas 26 milhões de to- 104 - Revista Tecnologística - Agosto/2008
  • 2. neladas; no final dos anos 1990, com a olhava a cadeia como um todo depois, cessidades dos portos da Vale, deixando perspectiva de atingir a marca de 52 mi- a partir de uma análise física que fazia de ser específico para as particularidades lhões de toneladas, a empresa enxergou um apanhado do todo.” de um determinado terminal, embora a necessidade de ir além das planilhas Do mesmo modo, também os profis- esses portos possam ter restrições espe- em Excel, adotando sistemas inteligen- sionais de operação e planejamento do cíficas, que foram colocadas no sistema. tes para otimizar os recursos. Terminal de Tubarão iam implementan- Agora, temos a forma Vale de otimizar “Foi quando a área de planejamen- do soluções para otimizar as atividades os ativos”, ressalta Coelho. to e a de operação começaram a buscar destinadas ao embarque de minério de Para Lima esse é, de fato, um aspec- ferramentas para administrar três equa- ferro. “Aqui foram usados outros siste- to a ser enfatizado, pois é visto pela Vale ções: a operação de descarga e estoca- mas, em tempos diferentes, com tecno- como um dos grandes ganhos do proje- gem, que envolve apanhar os vagões e logias diferentes, mas todos tinham o to. “Anteriormente, cada porto operava descarregá-los nos viradores de vagões, mesmo problema: era um porto da Vale, o seu modelo, dentro das suas particula- de onde esse minério é direcionado movimentando minério, que precisava ridades. O primeiro passo para a constru- para uma empilhadeira que formará a de uma solução integrada”, explica o ção do SIOP foi reunir as equipes do Sul pilha de minério no pátio; a definição analista de TI do Terminal de Tubarão, e do Norte, para encontrar um sistema de quais seriam as melhores alternati- Marcelo Coelho. Até então – acrescen- cuja inteligência permitisse agregar as vas de retirada desse material do pátio ta – os sistemas eram otimizadores, mas nuances de cada porto, as boas práticas para colocá-lo nos navios, de forma a buscavam a máxima performance para de cada um”, declara, assinalando que otimizar a operação portuária; e a me- determinado local. “Eles maximizavam isso representou uma quebra de paradig- lhor fila de navios que se pode ter para apenas um determinado recurso como, ma para as equipes. “Fomos juntando obter a maior produtividade.” por exemplo, a fila de navios.” essas peças do quebra-cabeça, que aca- Assim, foram implantados os sof- E foi sob essa condição que as duas baram sendo contempladas no SIOP.” twares que puderam atender a essas equipes, dos sistemas Norte e Sul, ini- Hoje, além dos terminais portuários de equações indicadas por Lima. Contudo, ciaram as discussões sobre o desenvolvi- Ponta da Madeira e Tubarão, o de Itaguaí mais adiante, chegou o momento em mento do projeto, que culminou na cria- (RJ) também está utilizando o SIOP. que ficou evidente que isso tudo ainda ção do SIOP, em 2006. “Buscou-se um não era suficiente, como aponta Tor- sistema capaz de maximizar a utilização Arquitetura do sistema quato Caldas, analista de Planejamento do conjunto de ativos respeitando todas e Qualidade do Terminal da Ponta da as restrições regionais. Ou seja, buscava- O projeto começou a ser desenvol- Madeira. “Tínhamos sistemas muito se um ótimo para a cadeia toda, que é vido em junho de 2006, com a con- bons, mas não eram integrados. As in- diferente do ótimo local. Além disso, o tratação da Gapso, que – seguindo a formações eram geradas por módulos, SIOP está preparado para atender às ne- sugestão do gerente de TI da Vale, Os- cada área rodava o seu e, para obter to- das as informações, era muito demora- do e com imprecisões. A tal ponto que, quando uma parte terminava de rodar e algo já havia sido alterado, em vez de rodar novamente, por causa do tempo fazíamos umas contas na planilha, em paralelo, para chegar ao resultado que precisávamos para o planejamento. Com o volume de negócios aumentan- do bastante, ficou difícil operar dessa maneira e foi necessário partir para um sistema integrado”, afirma Caldas. Divulgação Vale Da maneira como estavam as con- dições para fazer o planejamento, o encadeamento das operações não era o ideal, como destaca Lima. “As análises e os planejamentos eram feitos olhando Embarque de minério em Ponta da Madeira: sistema atende as operações de forma individual. Só se às necessidades de todos os portos da Vale Agosto/2008 - Revista Tecnologística - 105
  • 3. TECNOLOGIA mar Pedroso – uniu-se com a empresa Superada essa etapa, partiu-se para de desenvolvimento de TI Ci&T para a construção do SIOP, propriamente, este projeto. A fase inicial, de especifi- desde a entrada de dados até a integra- cações do modelo, levou cerca de seis ção com os sistemas legados da Vale e meses para ser concluída. Tratou-se de a inserção de todos os set-ups, as regras uma etapa bastante delicada, segun- de operação, nesse sistema. Na atra- do o diretor de Operações da Gapso, cação de navios, por exemplo, o lugar Alexandre Pigatti. “Tínhamos de fa- que o navio ocupará será determinado zer casar os requisitos dos usuários do pelo seu tamanho. “Em Tubarão, um Sistema Norte com os do Sistema Sul. navio para atracar no Píer 2 tem de ter Uma tarefa complicadíssima, pois era capacidade para, pelo menos, 140 mil t; preciso reunir num software único o embarcações com capacidade inferior a modo de cada um trabalhar. Por isso, essa não atracam ali. Por outro lado, um houve uma etapa pesada de consenso navio com mais de 100 mil t não conse- para se chegar ao jeito Vale de operar. gue atracar no Píer 1S, porque atingiria o Divulgação - Vale E esse foi um dos pontos que consi- fundo do canal. Isso é o que chamamos dero mais importantes neste projeto. de restrições e é o usuário que vai lá e ca- Tanto que, quando o Porto de Itaguaí dastra no sistema esse tipo de informa- começou a operar com o SIOP, não ção”, explica o diretor da Gapso. houve esforço algum”, lembra Pigat- Os três principais sistemas legados ti, reforçando o avanço que esse siste- da Vale com os quais o SIOP faz a in- Correias transportadoras em Tubarão, ma representou para o seu cliente. “A terface são: o Sistema de Gestão de também consideradas pelo SIOP Vale deixou de ter softwares regionais Demandas e Suprimento (SGDS), res- para adotar um software corporativo ponsável pelo controle da cadeia de mi- estabelecidas as regras comerciais; e o que atende às operações da compa- nério de ferro; o Sistema de Adminis- Kitbordo, responsável pelo cadastro de nhia como um todo.” tração Comercial (SIAC), no qual estão marés e correntes.“Dentre eles, o SGDS é o mais significativo na operação, pois dele o SIOP extrai as informações sobre O minério de ferro da Vale a pilha de minério já existente no por- to, os ativos (as capacidades físicas dos equipamentos) dentro das rotas (movi- S egundo informa a companhia mineradora, o crescimento da de- manda global por minério de ferro e vas de minério de ferro. A capacidade atual de produção das minas é de cer- ca de 170 milhões de t por ano. mentação do minério) e, de posse das informações de demanda ou da previ- são de chegada de navios, gera vários a expansão da produção, proporcio- Já no Sistema Norte, dada a quali- cenários, escolhendo aquele que me- nada pela conclusão de projetos e ga- dade dos produtos extraídos de Cara- lhor atende ao objetivo, que é carregar nhos de produtividade, permitiram jás, descoberta em 1967, uma parcela o maior volume”, indica Pigatti. a obtenção de sucessivos recordes expressiva é obtida apenas pelas eta- Vale dizer que as rotas às quais ele se dos volumes de vendas, chegando a pas de britagem e classificação. A capa- refere são as diversas opções para mo- 262,687 milhões de t em 2007. cidade de produção é de cem milhões vimentar o minério no pátio por meio Dos complexos mineradores do de t por ano. As operações de lavra, be- de diferentes equipamentos, o que en- Sistema Produtivo Sul, o mais antigo neficiamento, estocagem, transporte volve descarregar o vagão, empilhar o é o de Itabira, que compreende as mi- ferroviário, descarga, empilhamento e minério, recuperar a pilha de minério nas de Cauê e Conceição, cujas ope- embarque realizados no Sistema Norte e passá-la para o carregador de navio. rações tiveram início em 1942. Os são monitoradas nas salas de controle “O pátio de Tubarão, por exemplo, fluxogramas das instalações de bene- que ficam em Carajás e em São Luís. tem duas mil rotas diferentes. Para dar ficiamento têm etapas de britagem, São centros dotados de equipamentos idéia, uma rota pode estar composta da classificação e concentração. As ja- modernos, de alta tecnologia, que ga- seguinte maneira: o virador de vagão 1, zidas deste Sistema possuem aproxi- rantem maior produtividade e segu- com as correias 2, 5 e 15 e a empilha- madamente 4,5 bilhões de t de reser- rança para a Vale. deira 1. Outra rota: virador de vagão 2, com correias 1 e 7 e empilhadeira 3.” 106 - Revista Tecnologística - Agosto/2008
  • 4. O cenário apresentado pelo SIOP, Resultados esperados Leôncio Lima aponta que, dado o quando confirmado pelo usuário, será o pouco tempo de implementação do planejamento das operações que atende- Terminada a construção do mode- SIOP, ainda não é possível falar em re- rão às vendas realizadas pela Vale, como lo contendo as características desta- sultados, mas sim em ganhos espera- descreve o diretor da Gapso: “O sistema cadas pelos envolvidos, além de ou- dos. “No modelo anterior, tanto aqui faz uma infinidade de contas e devolve o tras tantas variáveis que fazem parte em Ponta da Madeira como em Tubarão planejamento para o usuário informando, das rotinas de operação de minério tínhamos alguém em cada parte da ca- por exemplo, qual trem desce com qual da Vale, a ferramenta passou por um deia para operar um módulo específico. minério; a qual virador aquele vagão será período de operação assistida, sendo Essa pessoa, depois, tinha que contatar encaminhado, de qual trem, para que pi- que somente a partir de 1º de junho seu parceiro de outra etapa da cadeia lha e com qual equipamento. Depois, dirá passado o SIOP entrou em plena ope- para gerar uma planilha. Então, nosso qual equipamento fará a recuperação para ração. “Posso dizer que ajustes, nessa primeiro resultado foi que, como temos qual carregador de navio, de qual berço e fase, foram muito poucos. Acredito tudo concentrado em uma única base, para embarcar em qual navio.” Para isso, que isso se deu porque tivemos uma as pessoas que fazem o planejamento o SIOP exporta o planejamento para o etapa de especificação muito bem fei- operacional, os ‘otimizadores’, agora SGDS, que o executará. “Ele o envia tam- ta naqueles seis meses iniciais. Houve têm tudo na base e vão poder rodar o bém para a intranet da Vale, necessária ajustes, mas diria que o SIOP foi o sis- cenário, com base na cadeia como um para a execução de algumas tarefas, como tema da Gapso com menos necessida- todo. O primeiro ganho é a otimização a publicação da fila de navios gerada e os de de ajustes, considerando inclusive de recursos”, resume o analista de Pla- momentos de atracação e desatracação, outros sistemas que fizemos para a nejamento Estratégico do Terminal de por exemplo”, completa Pigatti. própria Vale”, informa Pigatti. Ponta da Madeira.
  • 5. TECNOLOGIA o minério no porto. Esse tempo de res- posta que baixou para duas horas, ten- do em conta o fuso horário, traz mais agilidade para o negócio. Estamos, por- tanto, respondendo mais rapidamente ao pessoal do comercial, que muitas ve- zes, na situação anterior, acabava o ex- pediente sem receber a informação. Ou Vantoen Pereira Jr. - Vale seja, por causa de algumas horas, eles podiam perder um dia.” De fato, independentemente dos ganhos já computados, o SIOP tem uma boa perspectiva de uso na Vale. Ao que tudo indica, ele será adotado não somente em outros Composição Locotrol, da EFC: sistema agilizou terminais que operam com minério a rodagem da fila de trens e de navios de ferro, como para outras cargas e até fora do Brasil. Outra expectativa de ganho está na Marcelo Coelho concorda: “Existem “Quando a Vale comprou a Mi- confiabilidade dos dados. “Antes, com várias outras iniciativas, projetos e inves- nerações Brasileiras Reunidas (MBR), sistemas diferentes para cada parte da timentos que contribuem para a melho- passou a gerenciar também o porto cadeia, podiam ser gerados diversos erros ria do sistema produtivo como um todo. de Guaíba e, agora, o pessoal de lá que eram replicados para os demais elos, O SIOP é um deles. Uma das coisas mais quer utilizar essa ferramenta. Como comprometendo a confiabilidade do pla- difíceis é, realmente, saber qual foi a con- já foi dito, a partir de agora basta nejamento e das operações. Entretanto, tribuição de cada uma das iniciativas.” simplesmente implementar lá o SIOP ao operar de forma integrada com uma O analista de Planejamento e Qua- e parametrizar algumas particulari- única base, isso é evitado, porque todos lidade, Torquato Caldas, também par- dades, não será mais preciso desen- estão vendo a mesma cadeia e fazendo tilha dessa opinião, mas dá um indica- volver um novo sistema para esse uma análise crítica”, acrescenta Lima, tivo sobre um ganho que já observou porto”, reforça Caldas. para quem o SIOP acabou por reunir as nesse curto período de implementação Já Lima diz que, embora o SIOP melhores práticas dos dois modelos, o de do SIOP. “Antes, quando se rodava a tenha sido desenvolvido para o mi- Tubarão e o de Ponta da Madeira. fila de navios e a demanda de trens para nério de ferro, com pequenas adapta- Para o diretor de Operações da Gap- atender à fila de navios, a operação co- ções pode ser utilizado também para so, mesmo depois de um tempo razoá- meçava às 10 horas e terminava às 14 carga geral. “Já estamos discutindo vel – pelo menos seis meses – de uso do horas. Hoje, começa às 10 horas e ao isso em Ponta da Madeira, porque a SIOP será difícil mensurar os ganhos meio-dia já se tem a resposta.” carga geral também está crescendo obtidos exclusivamente com esse siste- Esse ganho de duas horas, segundo e a idéia é começar esse projeto no ma. “Digo isso porque já vi acontecer ele, é significativo quando se considera próximo ano.” Coelho, por sua vez, na Vale coisas deste tipo: enquanto a a necessidade de dar repostas para pro- acrescenta: “Já está prevista na nos- área de TI está implantando um siste- fissionais de vendas da Vale sediados sa carteira de projetos a internacio- ma, o pessoal da engenharia está fazen- em diferentes países – como Austrália, nalização do SIOP para o projeto de do uma recuperadora (equipamento de Canadá, Cingapura, China, Coréia, Ja- Omã, no Oriente Médio. Com isso, movimentação do minério no pátio) pão e Suíça – para que possam atender realmente teremos o jeito Vale de mais possante, de forma que, se antes melhor a seus clientes. “O pessoal dos operar no Brasil e no mundo.” se recuperavam 3.500 t/hora, agora se nossos escritórios na China, por exem- operam 4.500 t/hora. Assim, há um plo, liga dizendo: estou com um navio Sônia Monfil Cardona processo contínuo de melhorias. É cla- aí e quero entrar com mais carga, é pos- ro que a ferramenta traz ganhos impor- sível? Temos, então, de fazer a simula- tantes, mas os bons resultados na pro- ção desse atendimento, do impacto na dutividade da operação podem se dever cadeia, da posição da fila de navios e do Gapso: (21) 2117-8000 a outros fatores”, coloca Pigatti. tempo em que a mina consegue colocar Vale: (98) 3218-4029 108 - Revista Tecnologística - Agosto/2008