Este documento discute como a média não representa necessariamente o indivíduo e como usá-la para avaliar pessoas pode eliminar excelentes candidatos. Ele usa o exemplo de uma escultura criada em 1945 para representar a mulher média americana, mas nenhuma mulher realmente se encaixava nessa média. Assim, a média não existe para características irregulares como tamanho, inteligência e talento, que variam muito entre as pessoas.
Você é um líder na média? ISSO NÃO SIGNIFICA NADA, NADA MESMO!
1. Você é um líder na
média?
ISSO NÃO SIGNIFICA NADA, NADA MESMO!
2. Perspectivas incomuns de questões comuns
Bem-vindo a minha série de artigos contra-intuitivos nos quais vou mostrar
perspectivas incomuns de questões comuns. Acredito que somente as ideias que
nos incomodam é que realmente nos tiram da nossa zona de conforto perceptiva,
nos fazem crescer e ampliar nossa compreensão, e esta será a intenção com
esses artigos.
3. Todos nós somos treinados para pensar na média, mas será
que a média expressa o indivíduo?
Eu sempre pensei que sim, senão o indivíduo inteiramente, pelo menos chegava
quase lá. Mas segundo uma nova ciência, chamada a Ciência do Indivíduo, eu e
muitos estamos totalmente errados.
4. Na média...
Vamos a um exemplo. Na média quem digita mais rápido erra menos na digitação,
mas se eu pedir a você para digitar mais rápido você vai errar mais, a média não se
aplica ao indivíduo. Imagine se você estivesse buscando potenciais líderes e uma das
"competências" seria que errassem menos na digitação, certamente iria atrás de
quem digita rápido, afinal, na média quem digita rápido erra menos, entendeu o
problema? O seu filtro iria eliminar milhares de excelentes candidatos.
5. A história tem muito a nos ensinar,
conheça Norma
Em 1945 o presidente da Associação Americana
de Ginecologia, Dr. Robert L. Dickinson,
analisou as medidas de 15 mil mulheres e fez a
média delas, como era também escultor, criou
uma escultura de nome Norma. Ela
representaria a mulher média norte-americana.
6. O ideal feminino representado por Norma
Quais competências na média um líder
tem de ter, etc... Você com certeza já
ouviu isso.
Para Dickinson, Norma representava o
ideal que todas as mulheres deveriam
buscar.
Dickinson acreditava que você poderia determinar as qualidades de uma pessoa
normal analisando a média de uma imensa quantidade de dados.
OPA, isso soa familiar, não?
7. Concurso da média
Isso virou febre nos EUA, foi capa da TIME,
educadores físicos começaram a direcionar as
práticas de suas alunas para este ideal e até um
concurso foi criado para quem mais se aproximasse
da média.
8. Totalmente fora da média
Em novembro de 45 foi eleita a ganhadora
do concurso nacional, diga-se de passagem
uma mulher comum que trabalhava na
bilheteria de um teatro. Os juízes
imaginaram, como nós também
pensaríamos, que as diferenças de medidas
entre as dez primeiras e Norma fosse de
milímetros.
Mas não, das 3.864 mulheres que entraram no concurso, menos de 40 tiveram a
média em 5 das 9 métricas. E ninguém, nem a vencedora, chegou perto de 9
dimensões da Norma.
9. Conclusão?
Conclusão: a mulher média não existe,
provavelmente como o líder médio não
existe. O mais impressionante é que a
partir dessa observação concluiu-se que as
mulheres americanas estavam fora de
forma e tinham de praticar mais atividade
física.
10. O cockpit perfeito para a média
Muito diferente da conclusão da força aérea americana cinco anos depois quando
tentava achar a cabine de avião ideal para a média dos seus pilotos, como
apresentado em um belo TED por Todd Rose (disponível neste link em inglês).
11. A média e a realidade
O fracasso da média em revelar algo significativo sobre indivíduos não se limita
aos nossos corpos. Acontece que não existe uma célula média ou um cérebro
médio. Nem tão pouco uma inteligência média, personalidade média ou talento
médio, o que também significa que não há como ter estudantes médios ou
colaboradores médios. Isso tudo é fruto de um equívoco científico. No entanto, a
maioria das escolas e locais de trabalho continuam a acreditar na realidade da
Norma - e a metodologia por trás da figura dela.
12. Por que então pensamos assim?
Porque tendemos a simplificar, e a priorizar
o sistema sobre o indivíduo, ou seja,
fazemos avaliações unidimensionais em vez
de multidimensionais. Por exemplo, quando
falo que alguém é grande, não especifico se
é em altura, largura, peso.... , isto é, é
grande em quê? Esse tipo de pergunta feita
assim na verdade não tem resposta. Se
alguém é inteligente, generalizamos esta
inteligência para várias áreas da vida.
13. Você deve estar se perguntando: mas a média não se aplica
a nada?
Aplica-se sim, mas temos de ter cuidado em áreas nas quais existe o princípio
científico chamado irregularidade (jaggedness). Uma qualidade (tamanho,
inteligência, talento) é considerada irregular quando é composta por várias
dimensões, e essas dimensões têm uma correlação fraca entre si.
14. Aí é que mora o perigo...
Para você ter uma ideia, em áreas como psicologia e educação uma correlação
entre duas dimensões da ordem de 0,4 é considerado que foi encontrado algo
importante e merece ser olhado, mas com uma correlação de 0,4 se explica
somente 16% do comportamento de cada dimensão. Se você tem uma métrica
unidimensional de talento para contratação, na média vai contratar melhor do
que se fosse aleatoriamente, mesmo que para isso esteja errado para 84% pelo
menos.
15. A busca da excelência individual
O mesmo podemos falar para algum teste que mensura a média das
competências de líderes, 16% é melhor que nada, mas se você quer buscar a
excelência individual, e na maior parte das vezes é isso que se quer de um líder,
temos de olhar para a complexidade de sua individualidade. Como disse Jung:
“Conheça todas as teorias,domine todas as técnicas,mas ao tocar uma alma
humana, seja apenas outra alma humana", ou seja, busque olhar para quem está
além dos números.
*Este artigo foi baseado nas ideias de Todd Rose da Harvard Graduate School of Education
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