Este documento descreve um projeto arquitetónico para um bairro em Alcântara, Lisboa. O projeto pretende revitalizar o bairro através da criação de espaços para co-work, um hostel, uma fábrica de arte urbana e serviços distribuídos por quatro volumes distintos. O objetivo é aproximar o bairro da cidade e conferir-lhe nova escala e função através da arquitetura.
2. Imagens de Referência
38°42'17.38"N 9° 9'50.14"W
Observar é relacionar. Relacionar-se com a envolvente e os seus limites é emergir no lugar.
Um monólito habitado onde o programa, hierarquizado, constrói uma sequência de espaços e relações /
pontos de observação com e do exterior numa ascensão metafórica do espaço publico ao privado de níveis
de consciência.
A sua Arquitectura é uma expressão da cidade à sua volta bem como do retiro emocional que ambiciona ser,
estabelecendo esse contraponto através de relações especificas com o espaço geográfico em que se insere.
3. A subida ao longo do observatório habitado é uma sequência de espaços que enquadram diferentes
referências visuais e vivências espaço-temporais a diferentes escalas. Na cozinha percepciona-se o
ritmo da cidade e a escala humana, na sala e biblioteca observa-se o rio que marca o tempo e onde
tomamos consciência da escala da cidade, do quarto observam-se as estrelas, o cosmos.
A luz e o ar fluem livremente atravessando os diferentes pisos em varias direcções onde são criadas
relações pontuais com os diferentes níveis para alem das próprias circulações verticais.
A casa assume um carácter arcaico nos seus detalhes e estrutura, os vãos em “seteira” são como incisões
cirúrgicas medievais num corpo em pedra, cada um exerce uma função vital ao bom funcionamento do
todo.
Nada é supérfluo.
7. O Volume longitudinal actua como o link volumétrico entre densidades, este
forma duas ruas distintas e alberga não só o programa demolido como as hab-
itações temporárias de artistas e estudantes, galerias, livraria, administração
e extensão de espaço co-work. Permanecendo permeável, os seus acessos são
o ponto de partida para a continuação do arranjo urbano dos terrenos da
SIDUL na 2ª Fase do projecto, comunicando assim com o plano director mu-
nicipal. O seu carácter industrial e portuário é uma referência clara ao porto de
Alcântara, principal motor económico da cidade de Lisboa depois de séculos.
8. Imagens de Referência
Alcântara-Mar. Alcântara-Terra. Alcântara-Ar. Alcantâra, Enquanto território de Lisboa
especialmente mutante, pela situação geográfica e topográfica, encontra-se debilitado e
pontuado de vazios urbanos deixados pela pós-industrialização sem função aparente, tor-
nando-o num lugar propício a experiências a nível da especialidade.
A 2ª fase deste projecto propõem, para além do arranjo urbano do vazIo SIDUL que o de-
volve à cidade, um espaço de co-work, um hostel, a Fábrica de Arte Urbana e serviços.
Este programa traduz-se num conjunto de quatro volumes distintos e articulados
38°42'8.79"N 9° 10'40.52"W
A
B
C
D
P
P
O
M
L
N
E
F
G
I
J
H
H
9. FARTUFARTUFARTUCO-WORKCO-WORKCO-WORK
O projecto é então uma tradução do vazio distanciado da cidade, na sua arquitectura. Aceita-o como ele é
sem lhe dar propósito mas aproximando as distâncias e conferindo-lhe escala. Serve de referência às activi-
dades que recebe e cria. De fora, um parque urbano, uma tela em branco, um skate parque, um jardim de
histórias, uma sombra caminhável. Uma vez dentro, estamos no centro, o projecto, introvertido no qual cul-
minam as diferentes unidades “industriais”: oficinas, laboratório, galeria. Na Fábrica damos à criatividade,
no parque damos à imaginação: “Dependendo do ponto de vista. do ponto em que estamos, dizer interior e
exterior é dizer sim ou não, pois são palavras que exprimem indirectamente medidas, distâncias- O sim
aproxima, diminui a distância, diz que estamos perto. O Não afasta, determina uma distância maior. São
medidas de uma geometria da linguagem, de um desenho verbal que exprime um dentro e um fora. O que
entendemos está dentro, o que não entendemos esta fora. Compreender é puxar para dentro, não com-
preender é empurrar para fora. A compreensão intelectual é então um compreensão física; com medidas de
proximidade ou afastamento. E neste sentido compreender é localizar.”
Gonçalo M. Tavares in Atlas do Corpo e da Imaginação