6. As nuvens
Caminhando desolado pelas ruas, Alberto encontrou um velho amigo de seu pai, o
senhor João.
O menino estava triste e angustiado. O velhinho, andando a seu lado, perguntou-
lhe a razão de sua tristeza.
— Nada vai bem! — respondeu Alberto. — Parece que o mundo vai desabar sobre
minha cabeça! Estou vindo do hospital onde fui visitar minha mãe e o estado dela
inspira cuidados. Meu pai está desempregado e as despesas com o hospital aumentam
cada dia causando-nos preocupação. Não bastasse isso, ainda fui mal numa prova na
escola e não sei se vou passar de ano.
Fez uma pausa e, com a voz embargada pela emoção, contendo a custo as
lágrimas, concluiu:
— Como o senhor pode ver, tenho motivos de sobra para estar desesperado.
O bondoso homem ouviu sem interromper o desabafo do garoto. Em seguida,
olhou para o céu e disse:
— Observe. As nuvens pesadas são prenúncios de chuva breve. Devemos nos
apressar.
7. Alberto olhou para o alto sem grande interesse. Escuras e pesadas nuvens haviam
tomado todo o céu. Indicando que não tardaria a chover.
— As nuvens vão se acumulando, acumulando, até que a tempestade desaba
limpando a atmosfera. Assim também acontece conosco, Alberto. Muitas vezes a
tormenta nos agita o íntimo e é preciso que “limpemos” o nosso interior também. Sei
que você é um garoto valente e corajoso, mas não tema chorar. As lágrimas fazem bem
e aliviam a tensão.
Nesse instante grossos pingos de chuva começaram a cair e eles precisaram se
abrigar na varanda de uma casa desocupada.
Alberto olhou para o companheiro e, não resistindo mais, deixou que as lágrimas
corressem pelo seu rosto, lavando-lhe a alma.
O velhinho abraçou-o e permaneceram assim por algum tempo vendo a chuva
cair.
Meia hora depois parou de chover. As nuvens, tangidas pelo vento, foram embora
e o sol voltou a surgir, clareando tudo.
— Está vendo, Alberto? — comentou o generoso velhinho. — O sol brilha
novamente, quando há poucos minutos atrás estava tudo escuro e chuvoso. Veja como
o ar está limpo e claro. Parece um milagre! As folhas e flores ganharam nova vida e até
um lindo arco-íris surgiu no céu! Por isso, há que ter esperança, meu filho. Confiar em
8. Deus e ter fé. As coisas mudam e o que num momento nos parece sem solução, no
momento seguinte poderá estar resolvido.
Alberto fitou o amigo com gratidão.
— Muito obrigado, seu João. O senhor me ajudou muito. Já estou bem melhor e
mais otimista.
Separaram-se amistosamente. O homem estava a caminho do seu trabalho e o
menino tinha que ir à escola saber o resultado da prova.
Mais confiante, Alberto dirigiu-se ao colégio e teve uma grata surpresa: Fora
aprovado!
Cheio de alegria, correu para casa e contou ao pai a novidade. O pai, que também
andava preocupado, mostrava-se mais alegre porque tinha promessa de um emprego.
— Que bom, meu filho! Também tenho boas notícias. Um amigo meu está
precisando de um ajudante e convidou-me para trabalhar em sua oficina. Não sei muita
coisa de mecânica, mas tenho boa-vontade e vou aprender, meu filho.
Mais tarde, eles foram ao hospital levar as boas novas para a mãe que, certamente,
ficaria muito feliz.
Outra surpresa agradável. O médico estava bastante otimista e assegurou-lhes que,
se tudo continuasse bem, logo a paciente receberia alta do hospital.
9. Para felicidade do garoto, seu João foi também visitar sua mãe e contaram-lhe as
novidades. E Alberto concluiu:
— O senhor tinha razão. As coisas mudam e é preciso ter fé em Deus! Está tudo
bem agora. A tempestade passou!
Tia Célia
Célia Xavier Camargo
Fonte: O Consolador - Revista Semanal de Divulgação Espírita