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OBESIDADE
A obesidade nos últimos anos passou por diversas
transformações no seu conceito. Considerada
anteriormente como uma consequência da gula e da falta
de força de vontade, hoje ela tem suas bases
fisiopatológicas mais esclarecidas.
Além de ser uma doença crônica e de múltiplas causas,
ela também apresenta diversos riscos para a saúde do
indivíduo, tanto nas esferas orgânicas quanto nas psíquicas.
Histórico da Obesidade
Podemos perceber que no salto de alguns séculos, a
obesidade passou por diversas transformações no seu conceito.
Segundo o dicionário, a palavra obesidade é um termo com origem no latim obesitas, significa
excesso de gordura e caracteriza o indivíduo gordo, com excessivo volume do ventre e de
outras partes do corpo.
Em sociedades primitivas, o ganho de peso e a obesidade foram
considerados uma proteção importante contra os períodos de
fome, em razão das catástrofes naturais.
O nosso organismo geneticamente propicia o armazenamento de
energia em forma de gordura. Se não fosse assim, o ser humano
teria sido extinto em épocas de escassez de alimentos.
A obesidade foi particularmente comum entre as elites
europeias durante a Idade Média e o Renascimento e
nas civilizações do oriente asiático.
Durante muitos anos, em diversas culturas, ganhar peso e
acumular gordura eram sinais de saúde, prosperidade e
riqueza.
Após vários séculos em que a obesidade era vista como
sinónimo de riqueza e estatuto social, a norma social desejável
passou a ser a magreza, não só por questões estéticas, mas
principalmente porque sabe-se que o excesso de peso e a boa
saúde são condições que não andam juntas.
Na sociedade contemporânea, a comida, sua
quantidade e a maneira como é servida ainda continuam como
indicativos da posição social, mas a obesidade certamente
deixou de ser idealizada.
A preocupação com a obesidade e seus malefícios é
muito remota, e hoje sabemos que ela representa a mais
comum e a mais antiga doença metabólica.
Conceito
A Organização Mundial de Saúde define obesidade
como um excesso de gordura corporal acumulada no tecido
adiposo, com implicações para a saúde (OMS, 2002).
A obesidade mórbida é uma doença crônica grave que
põe em risco a vida do indivíduo por estar associada a outras
complicações orgânicas.
CLASSIFICAÇÃO DA OBESIDADE
Outra forma de classificar a obesidade é identificar as
variações da apresentação do excesso de gordura corpóreo:
a)obesidade universal: excesso gorduroso por todo o corpo;
b)obesidade troncular ou androide: o paciente apresenta uma
forma corporal parecida com uma maça – mais frequente, porém
não exclusiva do sexo masculino, tem deposição de gordura
predominantemente no abdome e está associado a elevado risco
de comprometimento do sistema cardiovascular e metabólico;
c)obesidade ginecóide: a deposição de gordura predomina ao
nível do quadril, fazendo com que o paciente apresente uma
forma corporal semelhante a uma pêra, prioritariamente feminino
com depósito de gordura nos quadris e coxas e estão associados
a transtornos cutâneos e articulares (artrose e varizes).
CLASSIFICAÇÃO DA OBESIDADE
Tratamento cirúrgico:
Como podemos perceber, até o momento, a melhor forma de evitar
o desenvolvimento da obesidade é trabalhar de forma preventiva
as mudanças no estilo de vida do individuo.
Nos casos onde a obesidade apresenta um grau de prejuízo mais
acentuado, é válido o uso conjunto de medicamentos. Assim como
para os casos mais graves, o tratamento cirúrgico pode ser uma
esperança para o paciente.
Infelizmente, a comprovada ineficácia a longo prazo dos
tratamentos conservadores (não cirúrgicos) para a obesidade de
grandes proporções abriu campo para as cirurgias bariátricas.
São diversos os estudos que apontam os prejuízos causados pela
obesidade e deixam claro o quanto ela agride clinicamente, diminui
a expectativa de vida e repercute de modo negativo na qualidade
da vida diária do indivíduo.
Os objetivos do tratamento cirúrgico são:
• reduzir o excesso de peso, proporcionando assim outros benefícios à saúde e ao
indivíduo como um todo;
• curar ou amenizar as doenças associadas à obesidade; e
• minimizar os problemas psicológicos e sociais causados pelo excesso de peso;
ou seja, melhorar a qualidade de vida.
A cirurgia é tão impactante quanto a própria doença obesidade. Existe um
ganho estético mas o objetivo principal da cirurgia é a busca da saúde
para a manutenção da vida do paciente.
Etiologia
Ao realizar a consulta de um paciente que apresente sobrepeso ou
obesidade, é essencial avaliar as causas que levaram ao excesso
de peso, assim como investigar as possíveis morbidades
associadas.
A etiologia da obesidade é complexa e multifatorial, ou seja,
apresenta diversos fatores (genes, ambiente, estilo de vida e
fatores emocionais) na sua raiz e que, interligados, desencadeiam
a doença.
O ganho de peso é muito mais complexo do que se pode imaginar.
Ele não depende apenas do simples cálculo ingestão versus gasto
calórico.
Além do componente genético, a obesidade também dependente
de outros fatores para se desenvolver, como por exemplo, o
ambiente.
Os nossos genes podem até determinar se
seremos gordinhos ou não, mas nossos hábitos é
que irão determinar a extensão da nossa
obesidade.
Os avanços tecnológicos tornaram nossa vida mais sedentária e
revestiram de uma aura de sabor e sedução os alimentos menos
saudáveis.
Não podemos deixar de mencionar a influência da mídia como um
forte instrumento formador de opinião, estimulando por exemplo o
consumo desses alimentos.
Ambiente obsogênico
Um dos principais motivos do crescimento desta patologia se
deve ao estilo de vida obesogênico que vivemos na atualidade.
Estudos epidemiológicos demonstram que a ingestão de alimentos em
maior quantidade energética, juntamente com o sedentarismo, como
por exemplo ficar horas sentado no sofá vendo televisão, contribuem
para o aumento de peso.
Aspectos psicológicos
É vasta a literatura psicológica que se propõe a discutir a etiologia
da obesidade, mas em especial, entender os fatores determinantes
sobre a ingesta alimentar.
Ou seja, entender de que modo, ao longo da história do indivíduo,
se organiza a sua maneira de lidar com o alimento e que tipo de
alterações nesse processo poderiam levar ao descontrole ou ao
abuso dietético.
Aquilo que os estudiosos entendem por “comer demais” varia de
acordo com o enfoque teórico de cada um. Não obstante, pode-se
dizer que, a partir de uma revisão da literatura psicológica, a
hiperfagia (o comer demais) é considerada como produto do
hábito (portanto do aprendizado) ou como uma forma de defesa
psicológica.
Hiperfafia como produto do hábito
A psicologia comportamental entende a atitude alimentar como
produto de um aprendizado: o comportamento se repete à medida
que é reforçado pelas consequências que produz.
O que cada pessoa come, o modo como ela se alimenta e a
quantidade que ingere dependem daquilo que aprendeu em família
e na sociedade em que vive.
A família, núcleo primário no qual se desenvolve o indivíduo, tem
importância fundamental na etiopatogenia e na persistência dos
hábitos alimentares exagerados.
Uma série de condutas alimentares, permeadas por fatores
constituintes e herdados, é transmitida de geração a geração
dentro de uma família, de sorte que, ao nascer, a criança passa a
ser depositório de todos os gostos e formas de comer do grupo
familiar.
Hiperfagia como forma de defesa psicológica
A ideia de que o significado da comida e o ato de comer vai além
do atendimento às necessidades biológicas de sobrevivência
parece consensual na literatura psicológica.
Mas foi através dos estudos da psiquiatra e psicanalista Hilde
Bruch na década de 70, em seu livro Eating Disorders, que pela
primeira vez a hipótese de que o exagero na ingestão de alimentos
representaria um processo psicológico no qual o indivíduo usaria a
comida para enfrentar sentimentos de inadequação pessoal.
Outros autores também fizeram associações entre as emoções e a
ingesta abusiva de alimentos. Para alguns, os obesos tendem à
hiperfagia em resposta a tensões emocionais, ao verem o alimento
como gratificação substitutiva, como equivalente de afeto,
compensação ou recompensa.
*Compulsão alimentar
O Transtorno Alimentar Periódica (TCAP)
caracteriza-se
da Compulsão
pela ocorrência de episódios de compulsão
alimentar na ausência de comportamentos compensatórios
inadequados para evitar o ganho de peso.
O começo do transtorno costuma ser paulatino, e surge em momentos
estressantes. Os critérios diagnósticos mais atuais para esse Transtorno
são (DSM IV, 2002):
- Episódios recorrentes de empanturramentos alimentares, que se caracterizam
por dois aspectos:
1. Comer, em um tempo determinado, uma quantidade de comida que é
definitivamente maior do que o que comeriam as pessoas comuns,
em um tempo semelhante.
2. Uma sensação de perda de controle durante o episódio.
Durante a maioria dos episódios, estão presentes pelo menos três
destes indicadores:
-Come-se muito mais rápido que de costume;
-Come-se até sentir-se incomodamente cheio;
-Comem-se grandes quantidades de comida sem sentir fome;
-Comem-se grandes quantidades de alimento durante o dia, sem
planejamento de horários para isso;
-Come-se a sós, por sentir vergonha em relação à quantidade de
alimento ingerido;
- Sentem–se desgostosos consigo mesmos, deprimidos ou muito
culpados por terem comido em excesso.
O empanturramento alimentar ocorre duas vezes por semana, em
média, durante um período de seis meses, e ocasiona um
acentuado mal-estar.
Nos conflitos da vida social a agressividade pode ser
substituída pela alimentação exagerada.
Para outros, o anseio por amor e afeição frequentemente
conduz a um tipo impróprio de alimentação – ingestão exagerada
ou ausência de fome – sendo possível inferir que tal
comportamento, por vezes, corresponde à necessidade de escapar
ao trato de outros problemas.
A provável origem, segundo grande parte dos autores,
estaria na infância e na atenção afetuosa que a mãe dispensa à
criança no momento da alimentação, quando afeto e comida se
combinam.
De acordo com diversos estudos deste ramo, a origem
desse mecanismo se inicia nas relações infantis. Um bebê pode
chorar por diversos motivos – sono, dor, ansiedade, tristeza, fome,
etc. -, mas quando a mãe interpreta o choro ou o desconforto do
filho apenas como decorrência da fome e sempre lhe oferece
alimento como consolo, ela está informando que todas as más
sensações podem ser resolvidas com comida.
icos seria retornar a uma
“Se os distúrbios psicológicos são causa ou
consequência da obesidade ainda parece ser
uma questão aberta. No entanto, pensar que não
existe tipo algum de relação entre a obesidade e
os fenômenos psíqu
concepção dicotômica de ser humano, em que
mente e corpo são entendidos como duas
entidades separadas e independentes uma da
outra. A obesidade, enquanto doença crônica,
demanda uma compreensão global que
contemple aspectos psicológicos em um
conjunto articulado de fenômenos, cujo sintoma
manifesto é engordar.” (BENEDETTI, 2003, p. 40).
Até o momento não podemos dizer que há evidências para
imaginarmos que a obesidade seja resultado direto de transtornos
psicológicos.
obesidade é uma doença cujas
“Para Oliveira
características são a
(1993), a
estrutura mental de acesso difícil, a imensa
dificuldade de formar símbolos e assim, como os psicóticos, se utilizam
de uma linguagem essencialmente concreta, com expectativa de
satisfações concretas em relação aos seus desejos. Não aceitam a
palavra e o pensamento como algo a ser valorizado, desprezando toda
forma de comunicação em que não haja uma ação ou um objeto
concreto. A obesidade é uma pobreza da vida de fantasia e da vida
afetiva do indivíduo somatizante. Acontecem bloqueios na capacidade de
representar ou de elaborar as demandas instintivas que o corpo dirige à
mente. Como resultado, viriam uma pobreza de investimento libidinal e
ausência de manifestações afetivas e o surgimento de doenças
somáticas.
Para o autor, o entendimento das relações de objeto, presentes
na mente dos pais desde o nascimento clareou o entendimento da
formação do sintoma. O conflito mental existe, ainda que silencioso, e o
seu cenário é o corpo, que passa a conter a fantasia e é o corpo que ela
expressa a sua dinâmica.
Para Cormillot e col. (1977), os pacientes severamente obesos
podem ser portadores de psicopatia. Ele se utiliza de quatro condições
para reforçar sua asserção:
1) Conduta compulsiva diante da comida;
2) Modos de enfretamento da realidade;
3) Dificuldades de obter insights reais;
4) Mecanismos de defesa especiais.
Uma vez estabelecida a obesidade severa, o paciente passa a
viver em função das dificuldades originadas pela gordura. O excesso de
peso constitui um aleijão que deverá carregar por toda a vida. É nele que
se localiza toda a angústia
localização (somatização),
e todas as dificuldades vivenciadas. A
no entanto, pode funcionar como
tranquilizadora. As dificuldades emocionais não assumem posição de
evidência, uma vez que o foco da atenção está em controlar o excesso de
peso. A sociedade atribui sentimentos de frustração e inutilidade ao
obeso e reforça a condição sofredora de infelicidade e depressão.
Psicólogos como Benedetti (2003) acentuam que a redução do
excesso de peso é fundamental para a melhoria da qualidade de vida,
pois possibilita a retomada da vida social familiar, a percepção subjetiva
de saúde.
“Peso não é causa, mas sim a consequência do seu estado de
saúde e bemestar
.”

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  • 2. A obesidade nos últimos anos passou por diversas transformações no seu conceito. Considerada anteriormente como uma consequência da gula e da falta de força de vontade, hoje ela tem suas bases fisiopatológicas mais esclarecidas.
  • 3. Além de ser uma doença crônica e de múltiplas causas, ela também apresenta diversos riscos para a saúde do indivíduo, tanto nas esferas orgânicas quanto nas psíquicas.
  • 5. Podemos perceber que no salto de alguns séculos, a obesidade passou por diversas transformações no seu conceito. Segundo o dicionário, a palavra obesidade é um termo com origem no latim obesitas, significa excesso de gordura e caracteriza o indivíduo gordo, com excessivo volume do ventre e de outras partes do corpo.
  • 6. Em sociedades primitivas, o ganho de peso e a obesidade foram considerados uma proteção importante contra os períodos de fome, em razão das catástrofes naturais. O nosso organismo geneticamente propicia o armazenamento de energia em forma de gordura. Se não fosse assim, o ser humano teria sido extinto em épocas de escassez de alimentos.
  • 7. A obesidade foi particularmente comum entre as elites europeias durante a Idade Média e o Renascimento e nas civilizações do oriente asiático. Durante muitos anos, em diversas culturas, ganhar peso e acumular gordura eram sinais de saúde, prosperidade e riqueza.
  • 8. Após vários séculos em que a obesidade era vista como sinónimo de riqueza e estatuto social, a norma social desejável passou a ser a magreza, não só por questões estéticas, mas principalmente porque sabe-se que o excesso de peso e a boa saúde são condições que não andam juntas. Na sociedade contemporânea, a comida, sua quantidade e a maneira como é servida ainda continuam como indicativos da posição social, mas a obesidade certamente deixou de ser idealizada. A preocupação com a obesidade e seus malefícios é muito remota, e hoje sabemos que ela representa a mais comum e a mais antiga doença metabólica.
  • 9. Conceito A Organização Mundial de Saúde define obesidade como um excesso de gordura corporal acumulada no tecido adiposo, com implicações para a saúde (OMS, 2002). A obesidade mórbida é uma doença crônica grave que põe em risco a vida do indivíduo por estar associada a outras complicações orgânicas.
  • 11. Outra forma de classificar a obesidade é identificar as variações da apresentação do excesso de gordura corpóreo: a)obesidade universal: excesso gorduroso por todo o corpo; b)obesidade troncular ou androide: o paciente apresenta uma forma corporal parecida com uma maça – mais frequente, porém não exclusiva do sexo masculino, tem deposição de gordura predominantemente no abdome e está associado a elevado risco de comprometimento do sistema cardiovascular e metabólico; c)obesidade ginecóide: a deposição de gordura predomina ao nível do quadril, fazendo com que o paciente apresente uma forma corporal semelhante a uma pêra, prioritariamente feminino com depósito de gordura nos quadris e coxas e estão associados a transtornos cutâneos e articulares (artrose e varizes).
  • 13.
  • 14. Tratamento cirúrgico: Como podemos perceber, até o momento, a melhor forma de evitar o desenvolvimento da obesidade é trabalhar de forma preventiva as mudanças no estilo de vida do individuo. Nos casos onde a obesidade apresenta um grau de prejuízo mais acentuado, é válido o uso conjunto de medicamentos. Assim como para os casos mais graves, o tratamento cirúrgico pode ser uma esperança para o paciente. Infelizmente, a comprovada ineficácia a longo prazo dos tratamentos conservadores (não cirúrgicos) para a obesidade de grandes proporções abriu campo para as cirurgias bariátricas. São diversos os estudos que apontam os prejuízos causados pela obesidade e deixam claro o quanto ela agride clinicamente, diminui a expectativa de vida e repercute de modo negativo na qualidade da vida diária do indivíduo.
  • 15. Os objetivos do tratamento cirúrgico são: • reduzir o excesso de peso, proporcionando assim outros benefícios à saúde e ao indivíduo como um todo; • curar ou amenizar as doenças associadas à obesidade; e • minimizar os problemas psicológicos e sociais causados pelo excesso de peso; ou seja, melhorar a qualidade de vida. A cirurgia é tão impactante quanto a própria doença obesidade. Existe um ganho estético mas o objetivo principal da cirurgia é a busca da saúde para a manutenção da vida do paciente.
  • 16. Etiologia Ao realizar a consulta de um paciente que apresente sobrepeso ou obesidade, é essencial avaliar as causas que levaram ao excesso de peso, assim como investigar as possíveis morbidades associadas.
  • 17. A etiologia da obesidade é complexa e multifatorial, ou seja, apresenta diversos fatores (genes, ambiente, estilo de vida e fatores emocionais) na sua raiz e que, interligados, desencadeiam a doença.
  • 18. O ganho de peso é muito mais complexo do que se pode imaginar. Ele não depende apenas do simples cálculo ingestão versus gasto calórico. Além do componente genético, a obesidade também dependente de outros fatores para se desenvolver, como por exemplo, o ambiente.
  • 19. Os nossos genes podem até determinar se seremos gordinhos ou não, mas nossos hábitos é que irão determinar a extensão da nossa obesidade.
  • 20. Os avanços tecnológicos tornaram nossa vida mais sedentária e revestiram de uma aura de sabor e sedução os alimentos menos saudáveis.
  • 21. Não podemos deixar de mencionar a influência da mídia como um forte instrumento formador de opinião, estimulando por exemplo o consumo desses alimentos.
  • 22. Ambiente obsogênico Um dos principais motivos do crescimento desta patologia se deve ao estilo de vida obesogênico que vivemos na atualidade. Estudos epidemiológicos demonstram que a ingestão de alimentos em maior quantidade energética, juntamente com o sedentarismo, como por exemplo ficar horas sentado no sofá vendo televisão, contribuem para o aumento de peso.
  • 23. Aspectos psicológicos É vasta a literatura psicológica que se propõe a discutir a etiologia da obesidade, mas em especial, entender os fatores determinantes sobre a ingesta alimentar. Ou seja, entender de que modo, ao longo da história do indivíduo, se organiza a sua maneira de lidar com o alimento e que tipo de alterações nesse processo poderiam levar ao descontrole ou ao abuso dietético. Aquilo que os estudiosos entendem por “comer demais” varia de acordo com o enfoque teórico de cada um. Não obstante, pode-se dizer que, a partir de uma revisão da literatura psicológica, a hiperfagia (o comer demais) é considerada como produto do hábito (portanto do aprendizado) ou como uma forma de defesa psicológica.
  • 24. Hiperfafia como produto do hábito A psicologia comportamental entende a atitude alimentar como produto de um aprendizado: o comportamento se repete à medida que é reforçado pelas consequências que produz. O que cada pessoa come, o modo como ela se alimenta e a quantidade que ingere dependem daquilo que aprendeu em família e na sociedade em que vive. A família, núcleo primário no qual se desenvolve o indivíduo, tem importância fundamental na etiopatogenia e na persistência dos hábitos alimentares exagerados. Uma série de condutas alimentares, permeadas por fatores constituintes e herdados, é transmitida de geração a geração dentro de uma família, de sorte que, ao nascer, a criança passa a ser depositório de todos os gostos e formas de comer do grupo familiar.
  • 25. Hiperfagia como forma de defesa psicológica A ideia de que o significado da comida e o ato de comer vai além do atendimento às necessidades biológicas de sobrevivência parece consensual na literatura psicológica. Mas foi através dos estudos da psiquiatra e psicanalista Hilde Bruch na década de 70, em seu livro Eating Disorders, que pela primeira vez a hipótese de que o exagero na ingestão de alimentos representaria um processo psicológico no qual o indivíduo usaria a comida para enfrentar sentimentos de inadequação pessoal. Outros autores também fizeram associações entre as emoções e a ingesta abusiva de alimentos. Para alguns, os obesos tendem à hiperfagia em resposta a tensões emocionais, ao verem o alimento como gratificação substitutiva, como equivalente de afeto, compensação ou recompensa.
  • 26. *Compulsão alimentar O Transtorno Alimentar Periódica (TCAP) caracteriza-se da Compulsão pela ocorrência de episódios de compulsão alimentar na ausência de comportamentos compensatórios inadequados para evitar o ganho de peso. O começo do transtorno costuma ser paulatino, e surge em momentos estressantes. Os critérios diagnósticos mais atuais para esse Transtorno são (DSM IV, 2002): - Episódios recorrentes de empanturramentos alimentares, que se caracterizam por dois aspectos: 1. Comer, em um tempo determinado, uma quantidade de comida que é definitivamente maior do que o que comeriam as pessoas comuns, em um tempo semelhante. 2. Uma sensação de perda de controle durante o episódio.
  • 27. Durante a maioria dos episódios, estão presentes pelo menos três destes indicadores: -Come-se muito mais rápido que de costume; -Come-se até sentir-se incomodamente cheio; -Comem-se grandes quantidades de comida sem sentir fome; -Comem-se grandes quantidades de alimento durante o dia, sem planejamento de horários para isso; -Come-se a sós, por sentir vergonha em relação à quantidade de alimento ingerido; - Sentem–se desgostosos consigo mesmos, deprimidos ou muito culpados por terem comido em excesso. O empanturramento alimentar ocorre duas vezes por semana, em média, durante um período de seis meses, e ocasiona um acentuado mal-estar.
  • 28. Nos conflitos da vida social a agressividade pode ser substituída pela alimentação exagerada. Para outros, o anseio por amor e afeição frequentemente conduz a um tipo impróprio de alimentação – ingestão exagerada ou ausência de fome – sendo possível inferir que tal comportamento, por vezes, corresponde à necessidade de escapar ao trato de outros problemas. A provável origem, segundo grande parte dos autores, estaria na infância e na atenção afetuosa que a mãe dispensa à criança no momento da alimentação, quando afeto e comida se combinam.
  • 29. De acordo com diversos estudos deste ramo, a origem desse mecanismo se inicia nas relações infantis. Um bebê pode chorar por diversos motivos – sono, dor, ansiedade, tristeza, fome, etc. -, mas quando a mãe interpreta o choro ou o desconforto do filho apenas como decorrência da fome e sempre lhe oferece alimento como consolo, ela está informando que todas as más sensações podem ser resolvidas com comida.
  • 30. icos seria retornar a uma “Se os distúrbios psicológicos são causa ou consequência da obesidade ainda parece ser uma questão aberta. No entanto, pensar que não existe tipo algum de relação entre a obesidade e os fenômenos psíqu concepção dicotômica de ser humano, em que mente e corpo são entendidos como duas entidades separadas e independentes uma da outra. A obesidade, enquanto doença crônica, demanda uma compreensão global que contemple aspectos psicológicos em um conjunto articulado de fenômenos, cujo sintoma manifesto é engordar.” (BENEDETTI, 2003, p. 40).
  • 31. Até o momento não podemos dizer que há evidências para imaginarmos que a obesidade seja resultado direto de transtornos psicológicos. obesidade é uma doença cujas “Para Oliveira características são a (1993), a estrutura mental de acesso difícil, a imensa dificuldade de formar símbolos e assim, como os psicóticos, se utilizam de uma linguagem essencialmente concreta, com expectativa de satisfações concretas em relação aos seus desejos. Não aceitam a palavra e o pensamento como algo a ser valorizado, desprezando toda forma de comunicação em que não haja uma ação ou um objeto concreto. A obesidade é uma pobreza da vida de fantasia e da vida afetiva do indivíduo somatizante. Acontecem bloqueios na capacidade de representar ou de elaborar as demandas instintivas que o corpo dirige à mente. Como resultado, viriam uma pobreza de investimento libidinal e ausência de manifestações afetivas e o surgimento de doenças somáticas. Para o autor, o entendimento das relações de objeto, presentes na mente dos pais desde o nascimento clareou o entendimento da formação do sintoma. O conflito mental existe, ainda que silencioso, e o seu cenário é o corpo, que passa a conter a fantasia e é o corpo que ela expressa a sua dinâmica.
  • 32. Para Cormillot e col. (1977), os pacientes severamente obesos podem ser portadores de psicopatia. Ele se utiliza de quatro condições para reforçar sua asserção: 1) Conduta compulsiva diante da comida; 2) Modos de enfretamento da realidade; 3) Dificuldades de obter insights reais; 4) Mecanismos de defesa especiais. Uma vez estabelecida a obesidade severa, o paciente passa a viver em função das dificuldades originadas pela gordura. O excesso de peso constitui um aleijão que deverá carregar por toda a vida. É nele que se localiza toda a angústia localização (somatização), e todas as dificuldades vivenciadas. A no entanto, pode funcionar como tranquilizadora. As dificuldades emocionais não assumem posição de evidência, uma vez que o foco da atenção está em controlar o excesso de peso. A sociedade atribui sentimentos de frustração e inutilidade ao obeso e reforça a condição sofredora de infelicidade e depressão. Psicólogos como Benedetti (2003) acentuam que a redução do excesso de peso é fundamental para a melhoria da qualidade de vida, pois possibilita a retomada da vida social familiar, a percepção subjetiva de saúde.
  • 33. “Peso não é causa, mas sim a consequência do seu estado de saúde e bemestar .”