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SISTEMA DÉRMICO:
EPIDERME
Docente: Graciele L. Silveira
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
RONDONÓPOLIS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E
TECNOLÓGICAS
BOTÂNICA
Fevereiro/2023
EPIDERME
A epiderme é o tecido mais externo dos órgãos vegetais em
estrutura primária.
• Origem: protoderme, por meio de divisões celulares anticlinais e
alongamento celular no sentido tangencial.
• Geralmente, possui uma única camada de células, mas quando
ocorrem divisões periclinais na protoderme, forma-se a epiderme
múltipla.
• A hipoderme pode ser confundida com a epiderme múltipla. A
única forma de diferenciá-las é por estudos de ontogêneses.
Palicourea rígida Kunth (bate-caixa). Epiderme da face adaxial bisseriada.
Velozia gigantea N.L. Menezes &
Mello-Silva. Epiderme da folha
plurisseriada com fibras.
EPIDERME
• Função principal: revestimento.
• Disposição compacta das células: impede a ação de choques mecânicos, a invasão de agentes patogênicos
e restringe a perda de água;
• Trocas gasosas por meio dos estômatos;
• Absorção de água e sais minerais, através dos pelos radiculares, das células epidérmicas das folhas
submersas de plantas aquáticas e por intermédio de tricomas escamiformes em Bomeliaceae.
• Proteção contra a ação da radiação solar, através do reflexo dos raios solares, pela presença de cutícula
espessa e pilosidade densa, evitando o superaquecimento do citoplasma das células do mesofilo;
• Reprodução: abertura do estômio e liberação dos grãos de pólen; reconhecimento dos grãos de pólen pelas
papilas e tricomas estigmáticos; polinização por meio de papilas, osmóforos (glândula perfume da flor) e
pigmentos presentes nas pétalas das flores.
CÉLULAS EPIDÉRMICAS
• Células vivas, vacuoladas e podem conter substâncias como: taninos, mucilagens, cristais e
pigmentos (p.e. antocianinas).
• Cloroplastos são encontrados principalmente na epiderme dos órgãos aéreos de plantas
aquáticas ou terrestres de ambientes sombreados.
• Podem ocorrer vários tipos celulares com diferentes funções em um mesmo órgão.
• Células comuns (ordinárias): formato tabular (seção transversal), com diâmetro periclinal maior que
o anticlinal. Algumas podem ter grande variedade de tricomas, além de funções e formas específicas:
Células-guarda dos estômatos; Células buliformes; Litocistos; Células suberosas e silicosas.
• Em paliçada: tegumentos de sementes, epidermes secretoras de nectários e coléteres (secreção
mucilaginosa ou resinosa);
• Células isodiamétricas.
CÉLULAS EPIDÉRMICAS
Ficus elastica Roxb. ex Hornem. Epiderme da
face adaxial multisseriada.
CÉLULAS EPIDÉRMICAS
• No limbo das folhas, em vista frontal, as células são poligonais ou
irregulares, especialmente nas folhas com nervação reticulada.
• Nos órgãos alongados como: pecíolos, caules, raízes, limbos
foliares com nervação paralelinérvea e, especialmente, sobre as
nervuras de qualquer folhas, as células são alongadas, sempre
com o maior eixo paralelo ao sentido longitudinal do órgão.
• Em epidermes múltiplas: camada externa assume as
características típicas de epiderme, camadas subjacentes diferem
do mesofilo por apresentar pouco ou nenhum cloroplasto. Ex.
velame de muitas orquídeas e de algumas Araceae, folha de
Palicourea rígida Kunth (bisseriada), folha de Ficus elastica Roxb. ex
Hornem. (multisseriada).
PAREDE DAS CÉLULAS EPIDÉRMICAS
• Em vista frontal, podem ser:
• Retas;
• Curvas;
• Sinuosas: frequentes em folhas e pétalas. Pelas tensões ou endurecimento
da cutícula ocorridas durante a diferenciação.
• Em corte transversal, a parede periclinal externa pode ser plana ou
convexa e, em geral, é mais espessada que a parede periclinal interna.
Apresenta cutina, principalmente nas partes aéreas da planta.
• Cutina: um composto de lipídios (poliésteres insolúveis, de alto peso
molecular), resultante da polimerização de certos ácidos graxos produzidos no
RE das células epidérmicas. Substância graxa complexa, consideravelmente
impermeável a água. Está impregnada na parede ou é uma camada separada
(cutícula) na superfície da epiderme.
• Cutinização: impregnação com cutina.
• Cuticularização: formação da cutícula.
• Em muitas plantas, a cutícula está separada da parede por uma camada de
pectina, a qual, provavelmente, corresponde à lamela mediana da parede
periclinal externa.
PAREDE DAS CÉLULAS EPIDÉRMICAS
PAREDE DAS CÉLULAS EPIDÉRMICAS
A cutícula é uma camada brilhante e refletora que pode apresentar
estriações (ornamentações), valor taxonômico.
A cutícula tem função de: proteção contra perda de água e contra o
excesso de luminosidade ou radiação solar.
A cera se encontra na parede externa da cutícula: um polímero
complexo, heterogêneo, resultante da interação de longas cadeias de
ácidos graxos, álcoois alifáticos e alcanos, em presença de oxigênio. Dois
padrões de deposição:
• cera epicuticular: depositada na superfície da cutícula;
• cera intracuticular: depositada na forma de partículas, dentro da
matriz da cutina.
A cera pode ter formato de grânulos, vírgula, filamentos, capa contínua,
escamas, placas, coluna varetas. Valor taxonômico.
• Cutina e cera: barreira contra fungos, bactérias e insetos.
• O desenvolvimentos da cutícula e da cera podem sofrer interferência da poluição do ar e de
chuvas ácidas, provocando efeitos nocivos à epiderme e tecidos internos.
• Na superfície da cutícula ou no seu interior, pode haver depósitos de sais em forma de cristais,
borracha, resinas, e óleos.
• Na parede externa de certas plantas e em espécies de Cyperaceae, Poaceae, Moraceae,
Aristolochiaceae e Magnoliaceae, pode haver depósitos de sais de sílica.
PAREDE DAS CÉLULAS EPIDÉRMICAS
• Pode conter lignina concentrada na parede periclinal externa ou em todas. Comum em acículas
de coníferas, folhas de Cycadaceae e rizomas de Poaceae.
• Pode conter mucilagem, como em certas Moraceae, Malvaceae e Euphorbiaceae, em sementes
de Linum sp. e em nectários, durante a secreção do néctar.
PAREDE DAS CÉLULAS EPIDÉRMICAS
ESTÔMATOS
• Estômato → estoma, palavra grega = boca.
• São as únicas células epidérmicas que sempre contêm cloroplastos.
• Origem: divisão anticlinal assimétrica de uma célula da protoderme, resulta na célula-mãe da
célula-guarda, que se divide paralelamente ao eixo principal da folha e forma as duas células-
guarda. Durante o desenvolvimento e crescimento foliar, as células-guarda tomam forma
característica e ocorre a dissolução da lamela mediana, formando uma fenda central (abertura
estomática, ostíolo).
• Relacionados com entrada e saída de ar no interior dos órgãos e com a saída de água
(estômatos ou poros aquíferos de hidatódios).
• Pode se desenvolver entre as células comuns da epiderme ou entre células subsidiárias, que
podem ou não ter relação ontogenética com as células do estômato.
• São normalmente de formato reniforme, com exceção de Poaceae, que possui
formato de halteres;
• As paredes, de modo geral, apresentam espessamento típico, mais acentuado nas
proximidades da fenda;
• Cristas estomáticas: originadas pela projeção da parede anticlinal e espessamento
da parede periclinal externa, adjacentes à fenda estomática (ostíolo).
• Quando há projeção das paredes periclinais internas e externas, formam-se duas
câmaras: frontal, sobre o ostíolo, e outra posterior a ele.
• Internamente, as células do parênquima clorofiliano delimitam amplo espaço que
se comunica com os espaços intercelulares do mesofilo: câmara subestomática (*).
ESTÔMATOS
Quanto à origem das células subsidiárias:
• Mesógeno: mesma origem que os estômatos;
• Perígeno: tem origem de células protodérmicas adjacentes à célula-mãe do estômato;
• Mesoperígeno: origem mista.
CLASSIFICAÇÃO DOS ESTÔMATOS
CLASSIFICAÇÃO DOS
ESTÔMATOS
Quanto ao número e forma das células subsidiárias:
• Anomocítico: estômato envolvido por um número
variável de células que não diferem em formato e
tamanho das demais. Comum em: Ranunculaceae,
Geraniaceae, Capparidaceae, Cucurbitaceae.
Malvaceae, Scrophulariaceae, Tamariaceae e
Papaveraceae.
CLASSIFICAÇÃO DOS ESTÔMATOS
• Anisocítico: estômato circundado por 3 células
subsidiárias de tamanhos diferentes. Comum
em: Brassicaceae, Solanaceae e Begoniaceae.
CLASSIFICAÇÃO DOS ESTÔMATOS
• Paracítico: estômato acompanhado,
de cada lado, por uma ou mais células
subsidiárias posicionadas de forma
que seu eixo longitudinal fique
paralelo à fenda estomática. Comum
em: Rubiaceae, Magnoliaceae,
Convolvulaceae e Fabaceae -
Mimosoideae.
CLASSIFICAÇÃO DOS ESTÔMATOS
• Diacítico: estômato envolvido por duas células subsidiárias
posicionadas de modo que o seu eixo maior forma um
ângulo reto com a fenda estomática. Comum em:
Acanthaceae, Amaranthaceae e outras.
CLASSIFICAÇÃO DOS ESTÔMATOS
• Tetracítico: estômato envolvido por 4 células subsidiárias,
2 paralelas às células-guarda, 2 polares e menores. Comum
em monocotiledôneas.
• Actinocítico: estômato com células subsidiárias dispostas
radialmente a ele. Pouco comum.
DISTRIBUIÇÃO DOS ESTÔMATOS
São encontrados principalmente na lâmina foliar, mas podem estar presentes em pecíolos, caules
jovens, partes florais (pétalas, estames e gineceu), frutos e sementes.
Estômatos podem ser não funcionais: pétalas, plantas aquáticas submersas, áreas despigmentadas
de folhas de plantas variegadas.
Dependendo da posição dos estômatos, a folha pode ser:
• Epiestomática: estômatos apenas na face superior (adaxial);
• Hipoestomática: estômatos apenas na face inferior (abaxial);
• Anfiestomática: em ambas as faces:
• Anfiepistomáticas: mais na face adaxial;
• Anfi- hipoestomáticas: mais na face abaxial.
• Na maioria das folhas: distribuição aleatória.
• Folhas paralelinérveas de monocotiledôneas, nas folhas de algumas eudicotiledôneas e em
folhas aciculares de coníferas: distribuem-se em faixas paralelas.
• Caules e pecíolos: distribuição paralela.
Os estômatos podem ocorrer no mesmo nível das demais células, estar elevados ou em
depressões. As criptas estomáticas, são depressões amplas e contêm muitos tricomas e estômatos,
e ocorrem em algumas folhas.
A posição dos estômatos está, normalmente, relacionada com o ambiente.
DISTRIBUIÇÃO DOS ESTÔMATOS
ABERTURA E FECHAMENTO DOS ESTÔMATOS
O transporte de potássio entre as células-guarda e as células contíguas é um dos fatores que levam
ao movimento das células-guarda: o estômato é aberto na presença de quantidades maiores de íon
potássio.
• Abertura estomática: o amido desaparece do cloroplasto e íons potássio entram nas células-
guarda;
• Fechamento estomático: o desaparecimento do amido coincide com a perda de íons potássio.
Hipótese: A hidrólise do amido pode prover os ânions orgânicos associados com o aporte de
potássio.
• Célula túrgida: parede anticlinal afastada da fenda dilata-se em direção à célula anexa,
retraindo a parede anticlinal que delimita a fenda: abertura.
• Ao perder a turgescência: as paredes voltam à posição inicial: fechamento.
APÊNDICES EPIDÉRMICOS
Tricomas: encontram-se em qualquer órgão vegetal de forma permanente ou
efêmera. Tem paredes compostas de celulose, que podem espessar-se e sofrer
lignificação, impregnação de sílica e carbonado de cálcio. Podem conter
cloroplastos, cistólitos e outros cristais.
• Tricomas tectores (não glandulares):
• Unicelulares ou simples: são comuns e variam em tamanho, forma e
espessura da parede. Incluem as papilas.
• Multicelulares:
• Não ramificados unisseriados possuem uma única fileira de células e
os multisseriados, mais de uma fileira;
• Ramificados: tricomas estrelados, em forma de candelabro, em forma
de T;
• Tricomas escamiformes: geralmente achatados e multicelulares.
Os tricomas sésseis são denominados escamas e os que contêm hastes, tricomas
peltados.
• Pelos radiculares: prolongamentos das células epidérmicas
das raízes, que aumentam a superfície destas, com função
de absorção de água e nutrientes. Possuem vacúolos
grandes, parede celular fina e o núcleo está próximo à
região de alongamento do pelo. São geralmente
unicelulares, mas podem ser pluricelulares como em
Kalanchoe fedtschenkoi Raym.-Hamet & H. Perrier.
APÊNDICES EPIDÉRMICOS
Raiz de milho (Zea mays L.)
APÊNDICES EPIDÉRMICOS
• Tricomas glandulares:
A extremidade é formada por uma cabeça uni ou multicelular, com grande variedade de formas e tamanhos,
a qual une-se a epiderme por uma haste ou pedúnculo uni ou multicelular, este varia no comprimento e pode
ser muito curto, como um disco.
Muitos possuem as paredes anticlinais das células do pedúnculo cutinizadas ou suberizadas: evitar o
transporte apoplástico, direcionando ao transporte por meio do citoplasma.
As paredes periclinais do pedúnculo possuem muitos plasmodesmos: facilidade no transporte.
As células da cabeça são secretoras e possuem numerosas mitocôndrias. A secreção pode ser armazenada
entre a parede e a cutícula e eliminada pelos poros cuticulares ou pelo rompimento cuticular.
APÊNDICES EPIDÉRMICOS
Tricomas gandulares urticantes, Urtica urens L.: parte
basal envolvida pela epiderme, parte superior tubular
com vesícula esférica na extremidade. Em contato
com a pele a extremidade se rompe, forma uma
cunha, adentra a pele e libera o líquido urticante.
As plantas carnívoras desenvolvem tricomas
glandulares capazes de secretar mucilagem para
capturar a presa e enzimas para digeri-la.
CÉLULAS ESPECIALIZADAS DA
EPIDERME
• Suberosas e silicosas: as células suberosas são pequenas, com
paredes suberificadas, lume altamente vacuolizado e preenchido
com substâncias ergásticas, enquanto as silicosas possuem corpos
silicosos no lume ou sílica depositada na parede celular.
Encontram-se aos pares na epiderme de Poaceae, ou como
papilas, espinhos e tricomas em Cyperaceae e outras
monocotiledôneas.
• Buliformes: células maiores que as demais, com parede celular
fina e grande vacúolo. Não possuem cloroplasto e seu vacúolo
armazena água. Ocupam a face adaxial ou áreas isoladas entre as
nervuras. Encontradas em monocotiledôneas, principalmente
Poaceae.
• Papilas: são pequenas projeções da parede periclinal
externa das células epidérmicas. Encontram-se na face
abaxial das folhas. Nas flores, são encontradas nas
pétalas (aspecto aveludado) e no estigma, são
importantes na polinização.
• Litocisto: células grandes, que contêm um cristal de
carbonado de cálcio (cistólito). Geralmente, ocorrem
como idioblastos isolados (Acanthaceae e Moraceae),
mas podem formar grupos (Boraginaceae).
CÉLULAS ESPECIALIZADAS DA EPIDERME
SISTEMA DÉRMICO:
PERIDERME
Docente: Graciele L. Silveira
UNIVERSIDADE FEDERAL DE
RONDONÓPOLIS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E
TECNOLÓGICAS
BOTÂNICA
Março/2023
Periderme
Conjunto de tecidos de revestimento de origem secundária.
Tecido de proteção: crescimento secundário em caules e raízes;
frutos e catafilos (escamas) que protegem gemas do frio.
Tecido de cicatrização: superfícies expostas por necrose,
ferimento, ataque de parasitas, enxertia ou abscisão de folhas,
galhos ou frutos.
Felogênio, felema e feloderme.
Periderme ≠ de
casca ou ritidoma
Casca = conjunto de tecidos situados
externamente ao câmbio, podendo envolver
tecidos primários e secundários.
Ritidoma = conjunto de tecidos mortos,
externos à última periderme formada.
Periderme sequenciais e tecidos por ela
englobados, podendo incluir tecidos
primários.
Ritidoma
Caviúna-do-cerrado – Dalbergia
miscolobium Benth.
Felogênio
Contém apenas um tipo de célula
meristemática de origem secundária. Em
seção transversal: camada de células com
forma retangular achatada radialmente.
Felema, súber ou
cortiça
Composto por células que variam em forma,
retangulares, quadradas, arredondadas ou
paliçada na seção transversal, irregulares na
seção longitudinal, alongada tanto no sentido
tangencial quanto no radial. Arranjo
compacto, sem espaços intercelulares, com
suberização das paredes e morte do
protoplasma na maturidade. Tecido de
proteção do órgão, devido a natureza
química do depósito nas paredes celulares e
pela quantidade de camadas de células.
Feloderme
Células parenquimáticas ativas,
semelhante ao parênquima cortical.
Geralmente possui apenas uma
camada de células, ou, no máximo, 3
ou 4 camadas. Podem conter
cloroplastos e contribuir com a
fotossíntese, produzir compostos
fenólicos, formando estruturas
secretoras, ou originar esclereides.
Lenticelas
Extensões limitadas caracterizadas pelo
aumento de espaços intercelulares.
Compostas por:
• felogênio da lenticela: arranjo menos
compacto e atividade mais intensa;
• tecido de enchimento: células de
arranjo frouxo.
• feloderme da lenticela.
Lenticelas
Podem ser formadas junto ao
desenvolvimento da primeira periderme
ou um pouco depois.
Formam-se a partir de células
localizadas abaixo de estômato ou de
um grupo de estômatos da epiderme.
Função: aeração de tecidos internos de
raízes aérea, caules e frutos, pois são
ricas em espaços intercelulares.
Cicatriz foliar
Lenticelas
Guapuruvu – Schyzolobium parahyba (Vell.) Blake
Tipo 1: tecido de enchimento composto por células suberizadas, que podem se
organizar em camadas anuais de crescimento. Sp. de Liriodendron, Magnolia,
Malus, Populus, Pyrus e Salix.
Tipo 2: tecido de enchimento de arranjo frouxo com células não suberizadas é
substituído no fim da estação por células suberizadas de arranjo mais compacto.
Sp. de Fraxinus, Quercus, Sambucus e Tilia.
Tipo 3: tecido de enchimento estratificado, com várias camadas de tecido frouxo
não suberizado alternando-se com uma camada de células de disposição mais
compacta e de paredes suberizadas. Sp. de Betula, Fagus, Prunus e Robinia.
Lenticelas
Desenvolvimento da Periderme
Formação: Idade do órgão, condições ambientais e possíveis
lesões na superfície do órgão.
O felogênio é formado por divisões periclinais de células
epidérmicas, do colênquima ou de células parenquimáticas
subepidérmicas, pericíclicas ou floemáticas.
Desenvolvimento da
Periderme
Origem:
• De camadas subepidérmicas, da epiderme
ou do floema primário – em caules;
• Camadas corticais internas – ramos
jovens;
• Periciclo ou camadas mais superficiais do
córtex (exoderme e camadas subjacentes)
– raízes.
Periderme de cicatrização
Origem e desenvolvimento semelhante aos da natural, diferindo
desta apenas por ser restrita ao local da lesão.
Importante para a sobrevivência das plantas sujeitas aos mais
variados tipos de lesões e na horticultura, em técnicas de
propagação e enxertia.
1°: camada de oclusão: suberização e lignificação de células
adjacentes à lesão – proteção provisória;
2°: abaixo da camada de oclusão forma-se o felogênio –
periderme de cicatrização.
Aspecto externo
Padrões característicos dentro de determinados grupos ou varias
entre espécies ou entre indivíduos da mesma espécie,
dependendo do habitat, região do órgão e idade do espécime.
Pode ter: cicatrizes foliares, espinhos e anéis horizontais, que
correspondem a cicatrizes foliares ou de ramos que se expandem
lateralmente.
As camadas externas da periderme podem permanecer no órgão
ou ser eliminadas continuamente.
Aspecto externo
• Lisa: sem sulcos, estrias e fissuras.
Jabuticabeira – Myrciaria cauliflora (Mart.) O. Berg.
Cerejeira-do-mato – Eugenia involucrata
DC
Aspecto externo
• Fissurada ou fendilhada: sulcos, estrias e fissuras
em sentido longitudinal, distribuídas paralelamente
de forma reta ou ondulada.
Escova – Callistemon speciosum
Sapucaia – Lecythis psonis Cambess.
Aspecto externo
• Sulcos, estrias e fissuras dispostas longitudinalmente
e transversalmente, delimitando placas quadradas ou
retangulares:
• Rendilhada: placas pequenas;
• Escamosa: placas maiores.
Jacarandá – Jacaranda
mimosifolia D. Don.
Rendilhada
Amendoim-bravo – Pterogyne
nitens Tul.
Escamosa
Aspecto externo
• Esfoliante: as camadas são continuamente
eliminadas.
Pau-mulato – Calycophyllum spruceanum Benth.
Aspectos fisiológicos e ecológicos
Características estruturais e propriedades físico-químicas que
podem conferir maior ou menor grau de adaptação da planta ao
ambiente ou criar um microclima junto ao tronco, favorável ao
desenvolvimento de epífitas.
Ausência de lenticelas: redução na perda de água em ambientes
xéricos;
Hipertrofia das lenticelas: aumento do tecido de enchimento e
dos espaços intercelulares de caules submersos, maior aeração.
Aspectos fisiológicos
e ecológicos
Isolamento contra temperaturas
extremas: fogo, geada e radiação
solar.
Cores claras: maior grau de
adaptação às condições tropicais,
pois refletem a luz e evitam o
superaquecimento dos tecidos.
Angico-do-cerrado – Anadenanthera
falcata (Benth) Speg.
Aspectos fisiológicos e ecológicos
A presença de compostos químicos hidrossolúveis
na superfície externa da periderme e a sua
rugosidade, podem favorecer a fixação e o
crescimento de epífitas, enquanto a luminosidade
intensa pode ser fator limitante.
Sobreiro – Quercus suber L. com
briófita e líquen
Ficus sp. com
Bromeliaceae
Aspectos taxonômicos
Os aspectos da casca podem servir de respaldo para
identificação de plantas arbóreas em campo.
O aspecto externo aliado ao aspecto interno, macroscópico e
microscópico, contribuem de modo significativo em estudos
taxonômicos e do lenho.
Aspectos econômicos
Cortiça: sobreiro, Quercus suber L., Fagaceae,
nativa do Mediterrâneo. Indústria de
engarrafamento, coletes salva-vidas, boias e bolas
(beisebol, golfe, críquete e hóquei).
Lâminas de cortiça produzidas a partir da periderme
de algumas espécies brasileiras: isolantes térmico,
acústico e de vibrações, e em decorações de
interiores.
Taninos são extraídos para utilização,
principalmente, na indústria de couro.
Cacas secas de sp. Lauraceae – canela.
Látex: seringueira, Hevea brasiliensis Muell. Arg.,
Euphorbiaceae. Indústria de borracha.
Grata!

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Sistema dérmico: Epiderme

  • 1. SISTEMA DÉRMICO: EPIDERME Docente: Graciele L. Silveira UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDONÓPOLIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS BOTÂNICA Fevereiro/2023
  • 2. EPIDERME A epiderme é o tecido mais externo dos órgãos vegetais em estrutura primária. • Origem: protoderme, por meio de divisões celulares anticlinais e alongamento celular no sentido tangencial. • Geralmente, possui uma única camada de células, mas quando ocorrem divisões periclinais na protoderme, forma-se a epiderme múltipla. • A hipoderme pode ser confundida com a epiderme múltipla. A única forma de diferenciá-las é por estudos de ontogêneses. Palicourea rígida Kunth (bate-caixa). Epiderme da face adaxial bisseriada. Velozia gigantea N.L. Menezes & Mello-Silva. Epiderme da folha plurisseriada com fibras.
  • 3. EPIDERME • Função principal: revestimento. • Disposição compacta das células: impede a ação de choques mecânicos, a invasão de agentes patogênicos e restringe a perda de água; • Trocas gasosas por meio dos estômatos; • Absorção de água e sais minerais, através dos pelos radiculares, das células epidérmicas das folhas submersas de plantas aquáticas e por intermédio de tricomas escamiformes em Bomeliaceae. • Proteção contra a ação da radiação solar, através do reflexo dos raios solares, pela presença de cutícula espessa e pilosidade densa, evitando o superaquecimento do citoplasma das células do mesofilo; • Reprodução: abertura do estômio e liberação dos grãos de pólen; reconhecimento dos grãos de pólen pelas papilas e tricomas estigmáticos; polinização por meio de papilas, osmóforos (glândula perfume da flor) e pigmentos presentes nas pétalas das flores.
  • 4. CÉLULAS EPIDÉRMICAS • Células vivas, vacuoladas e podem conter substâncias como: taninos, mucilagens, cristais e pigmentos (p.e. antocianinas). • Cloroplastos são encontrados principalmente na epiderme dos órgãos aéreos de plantas aquáticas ou terrestres de ambientes sombreados.
  • 5. • Podem ocorrer vários tipos celulares com diferentes funções em um mesmo órgão. • Células comuns (ordinárias): formato tabular (seção transversal), com diâmetro periclinal maior que o anticlinal. Algumas podem ter grande variedade de tricomas, além de funções e formas específicas: Células-guarda dos estômatos; Células buliformes; Litocistos; Células suberosas e silicosas. • Em paliçada: tegumentos de sementes, epidermes secretoras de nectários e coléteres (secreção mucilaginosa ou resinosa); • Células isodiamétricas. CÉLULAS EPIDÉRMICAS Ficus elastica Roxb. ex Hornem. Epiderme da face adaxial multisseriada.
  • 6. CÉLULAS EPIDÉRMICAS • No limbo das folhas, em vista frontal, as células são poligonais ou irregulares, especialmente nas folhas com nervação reticulada. • Nos órgãos alongados como: pecíolos, caules, raízes, limbos foliares com nervação paralelinérvea e, especialmente, sobre as nervuras de qualquer folhas, as células são alongadas, sempre com o maior eixo paralelo ao sentido longitudinal do órgão. • Em epidermes múltiplas: camada externa assume as características típicas de epiderme, camadas subjacentes diferem do mesofilo por apresentar pouco ou nenhum cloroplasto. Ex. velame de muitas orquídeas e de algumas Araceae, folha de Palicourea rígida Kunth (bisseriada), folha de Ficus elastica Roxb. ex Hornem. (multisseriada).
  • 7. PAREDE DAS CÉLULAS EPIDÉRMICAS • Em vista frontal, podem ser: • Retas; • Curvas; • Sinuosas: frequentes em folhas e pétalas. Pelas tensões ou endurecimento da cutícula ocorridas durante a diferenciação. • Em corte transversal, a parede periclinal externa pode ser plana ou convexa e, em geral, é mais espessada que a parede periclinal interna.
  • 8. Apresenta cutina, principalmente nas partes aéreas da planta. • Cutina: um composto de lipídios (poliésteres insolúveis, de alto peso molecular), resultante da polimerização de certos ácidos graxos produzidos no RE das células epidérmicas. Substância graxa complexa, consideravelmente impermeável a água. Está impregnada na parede ou é uma camada separada (cutícula) na superfície da epiderme. • Cutinização: impregnação com cutina. • Cuticularização: formação da cutícula. • Em muitas plantas, a cutícula está separada da parede por uma camada de pectina, a qual, provavelmente, corresponde à lamela mediana da parede periclinal externa. PAREDE DAS CÉLULAS EPIDÉRMICAS
  • 9. PAREDE DAS CÉLULAS EPIDÉRMICAS A cutícula é uma camada brilhante e refletora que pode apresentar estriações (ornamentações), valor taxonômico. A cutícula tem função de: proteção contra perda de água e contra o excesso de luminosidade ou radiação solar. A cera se encontra na parede externa da cutícula: um polímero complexo, heterogêneo, resultante da interação de longas cadeias de ácidos graxos, álcoois alifáticos e alcanos, em presença de oxigênio. Dois padrões de deposição: • cera epicuticular: depositada na superfície da cutícula; • cera intracuticular: depositada na forma de partículas, dentro da matriz da cutina. A cera pode ter formato de grânulos, vírgula, filamentos, capa contínua, escamas, placas, coluna varetas. Valor taxonômico.
  • 10. • Cutina e cera: barreira contra fungos, bactérias e insetos. • O desenvolvimentos da cutícula e da cera podem sofrer interferência da poluição do ar e de chuvas ácidas, provocando efeitos nocivos à epiderme e tecidos internos. • Na superfície da cutícula ou no seu interior, pode haver depósitos de sais em forma de cristais, borracha, resinas, e óleos. • Na parede externa de certas plantas e em espécies de Cyperaceae, Poaceae, Moraceae, Aristolochiaceae e Magnoliaceae, pode haver depósitos de sais de sílica. PAREDE DAS CÉLULAS EPIDÉRMICAS
  • 11. • Pode conter lignina concentrada na parede periclinal externa ou em todas. Comum em acículas de coníferas, folhas de Cycadaceae e rizomas de Poaceae. • Pode conter mucilagem, como em certas Moraceae, Malvaceae e Euphorbiaceae, em sementes de Linum sp. e em nectários, durante a secreção do néctar. PAREDE DAS CÉLULAS EPIDÉRMICAS
  • 12. ESTÔMATOS • Estômato → estoma, palavra grega = boca. • São as únicas células epidérmicas que sempre contêm cloroplastos. • Origem: divisão anticlinal assimétrica de uma célula da protoderme, resulta na célula-mãe da célula-guarda, que se divide paralelamente ao eixo principal da folha e forma as duas células- guarda. Durante o desenvolvimento e crescimento foliar, as células-guarda tomam forma característica e ocorre a dissolução da lamela mediana, formando uma fenda central (abertura estomática, ostíolo). • Relacionados com entrada e saída de ar no interior dos órgãos e com a saída de água (estômatos ou poros aquíferos de hidatódios). • Pode se desenvolver entre as células comuns da epiderme ou entre células subsidiárias, que podem ou não ter relação ontogenética com as células do estômato.
  • 13. • São normalmente de formato reniforme, com exceção de Poaceae, que possui formato de halteres; • As paredes, de modo geral, apresentam espessamento típico, mais acentuado nas proximidades da fenda; • Cristas estomáticas: originadas pela projeção da parede anticlinal e espessamento da parede periclinal externa, adjacentes à fenda estomática (ostíolo). • Quando há projeção das paredes periclinais internas e externas, formam-se duas câmaras: frontal, sobre o ostíolo, e outra posterior a ele. • Internamente, as células do parênquima clorofiliano delimitam amplo espaço que se comunica com os espaços intercelulares do mesofilo: câmara subestomática (*). ESTÔMATOS
  • 14. Quanto à origem das células subsidiárias: • Mesógeno: mesma origem que os estômatos; • Perígeno: tem origem de células protodérmicas adjacentes à célula-mãe do estômato; • Mesoperígeno: origem mista. CLASSIFICAÇÃO DOS ESTÔMATOS
  • 15. CLASSIFICAÇÃO DOS ESTÔMATOS Quanto ao número e forma das células subsidiárias: • Anomocítico: estômato envolvido por um número variável de células que não diferem em formato e tamanho das demais. Comum em: Ranunculaceae, Geraniaceae, Capparidaceae, Cucurbitaceae. Malvaceae, Scrophulariaceae, Tamariaceae e Papaveraceae.
  • 16. CLASSIFICAÇÃO DOS ESTÔMATOS • Anisocítico: estômato circundado por 3 células subsidiárias de tamanhos diferentes. Comum em: Brassicaceae, Solanaceae e Begoniaceae.
  • 17. CLASSIFICAÇÃO DOS ESTÔMATOS • Paracítico: estômato acompanhado, de cada lado, por uma ou mais células subsidiárias posicionadas de forma que seu eixo longitudinal fique paralelo à fenda estomática. Comum em: Rubiaceae, Magnoliaceae, Convolvulaceae e Fabaceae - Mimosoideae.
  • 18. CLASSIFICAÇÃO DOS ESTÔMATOS • Diacítico: estômato envolvido por duas células subsidiárias posicionadas de modo que o seu eixo maior forma um ângulo reto com a fenda estomática. Comum em: Acanthaceae, Amaranthaceae e outras.
  • 19. CLASSIFICAÇÃO DOS ESTÔMATOS • Tetracítico: estômato envolvido por 4 células subsidiárias, 2 paralelas às células-guarda, 2 polares e menores. Comum em monocotiledôneas. • Actinocítico: estômato com células subsidiárias dispostas radialmente a ele. Pouco comum.
  • 20. DISTRIBUIÇÃO DOS ESTÔMATOS São encontrados principalmente na lâmina foliar, mas podem estar presentes em pecíolos, caules jovens, partes florais (pétalas, estames e gineceu), frutos e sementes. Estômatos podem ser não funcionais: pétalas, plantas aquáticas submersas, áreas despigmentadas de folhas de plantas variegadas. Dependendo da posição dos estômatos, a folha pode ser: • Epiestomática: estômatos apenas na face superior (adaxial); • Hipoestomática: estômatos apenas na face inferior (abaxial); • Anfiestomática: em ambas as faces: • Anfiepistomáticas: mais na face adaxial; • Anfi- hipoestomáticas: mais na face abaxial.
  • 21. • Na maioria das folhas: distribuição aleatória. • Folhas paralelinérveas de monocotiledôneas, nas folhas de algumas eudicotiledôneas e em folhas aciculares de coníferas: distribuem-se em faixas paralelas. • Caules e pecíolos: distribuição paralela. Os estômatos podem ocorrer no mesmo nível das demais células, estar elevados ou em depressões. As criptas estomáticas, são depressões amplas e contêm muitos tricomas e estômatos, e ocorrem em algumas folhas. A posição dos estômatos está, normalmente, relacionada com o ambiente. DISTRIBUIÇÃO DOS ESTÔMATOS
  • 22. ABERTURA E FECHAMENTO DOS ESTÔMATOS O transporte de potássio entre as células-guarda e as células contíguas é um dos fatores que levam ao movimento das células-guarda: o estômato é aberto na presença de quantidades maiores de íon potássio. • Abertura estomática: o amido desaparece do cloroplasto e íons potássio entram nas células- guarda; • Fechamento estomático: o desaparecimento do amido coincide com a perda de íons potássio. Hipótese: A hidrólise do amido pode prover os ânions orgânicos associados com o aporte de potássio. • Célula túrgida: parede anticlinal afastada da fenda dilata-se em direção à célula anexa, retraindo a parede anticlinal que delimita a fenda: abertura. • Ao perder a turgescência: as paredes voltam à posição inicial: fechamento.
  • 23. APÊNDICES EPIDÉRMICOS Tricomas: encontram-se em qualquer órgão vegetal de forma permanente ou efêmera. Tem paredes compostas de celulose, que podem espessar-se e sofrer lignificação, impregnação de sílica e carbonado de cálcio. Podem conter cloroplastos, cistólitos e outros cristais. • Tricomas tectores (não glandulares): • Unicelulares ou simples: são comuns e variam em tamanho, forma e espessura da parede. Incluem as papilas. • Multicelulares: • Não ramificados unisseriados possuem uma única fileira de células e os multisseriados, mais de uma fileira; • Ramificados: tricomas estrelados, em forma de candelabro, em forma de T; • Tricomas escamiformes: geralmente achatados e multicelulares. Os tricomas sésseis são denominados escamas e os que contêm hastes, tricomas peltados.
  • 24. • Pelos radiculares: prolongamentos das células epidérmicas das raízes, que aumentam a superfície destas, com função de absorção de água e nutrientes. Possuem vacúolos grandes, parede celular fina e o núcleo está próximo à região de alongamento do pelo. São geralmente unicelulares, mas podem ser pluricelulares como em Kalanchoe fedtschenkoi Raym.-Hamet & H. Perrier. APÊNDICES EPIDÉRMICOS Raiz de milho (Zea mays L.)
  • 25. APÊNDICES EPIDÉRMICOS • Tricomas glandulares: A extremidade é formada por uma cabeça uni ou multicelular, com grande variedade de formas e tamanhos, a qual une-se a epiderme por uma haste ou pedúnculo uni ou multicelular, este varia no comprimento e pode ser muito curto, como um disco. Muitos possuem as paredes anticlinais das células do pedúnculo cutinizadas ou suberizadas: evitar o transporte apoplástico, direcionando ao transporte por meio do citoplasma. As paredes periclinais do pedúnculo possuem muitos plasmodesmos: facilidade no transporte. As células da cabeça são secretoras e possuem numerosas mitocôndrias. A secreção pode ser armazenada entre a parede e a cutícula e eliminada pelos poros cuticulares ou pelo rompimento cuticular.
  • 26. APÊNDICES EPIDÉRMICOS Tricomas gandulares urticantes, Urtica urens L.: parte basal envolvida pela epiderme, parte superior tubular com vesícula esférica na extremidade. Em contato com a pele a extremidade se rompe, forma uma cunha, adentra a pele e libera o líquido urticante. As plantas carnívoras desenvolvem tricomas glandulares capazes de secretar mucilagem para capturar a presa e enzimas para digeri-la.
  • 27. CÉLULAS ESPECIALIZADAS DA EPIDERME • Suberosas e silicosas: as células suberosas são pequenas, com paredes suberificadas, lume altamente vacuolizado e preenchido com substâncias ergásticas, enquanto as silicosas possuem corpos silicosos no lume ou sílica depositada na parede celular. Encontram-se aos pares na epiderme de Poaceae, ou como papilas, espinhos e tricomas em Cyperaceae e outras monocotiledôneas. • Buliformes: células maiores que as demais, com parede celular fina e grande vacúolo. Não possuem cloroplasto e seu vacúolo armazena água. Ocupam a face adaxial ou áreas isoladas entre as nervuras. Encontradas em monocotiledôneas, principalmente Poaceae.
  • 28. • Papilas: são pequenas projeções da parede periclinal externa das células epidérmicas. Encontram-se na face abaxial das folhas. Nas flores, são encontradas nas pétalas (aspecto aveludado) e no estigma, são importantes na polinização. • Litocisto: células grandes, que contêm um cristal de carbonado de cálcio (cistólito). Geralmente, ocorrem como idioblastos isolados (Acanthaceae e Moraceae), mas podem formar grupos (Boraginaceae). CÉLULAS ESPECIALIZADAS DA EPIDERME
  • 29. SISTEMA DÉRMICO: PERIDERME Docente: Graciele L. Silveira UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDONÓPOLIS INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLÓGICAS BOTÂNICA Março/2023
  • 30. Periderme Conjunto de tecidos de revestimento de origem secundária. Tecido de proteção: crescimento secundário em caules e raízes; frutos e catafilos (escamas) que protegem gemas do frio. Tecido de cicatrização: superfícies expostas por necrose, ferimento, ataque de parasitas, enxertia ou abscisão de folhas, galhos ou frutos. Felogênio, felema e feloderme.
  • 31. Periderme ≠ de casca ou ritidoma Casca = conjunto de tecidos situados externamente ao câmbio, podendo envolver tecidos primários e secundários. Ritidoma = conjunto de tecidos mortos, externos à última periderme formada. Periderme sequenciais e tecidos por ela englobados, podendo incluir tecidos primários. Ritidoma Caviúna-do-cerrado – Dalbergia miscolobium Benth.
  • 32. Felogênio Contém apenas um tipo de célula meristemática de origem secundária. Em seção transversal: camada de células com forma retangular achatada radialmente.
  • 33. Felema, súber ou cortiça Composto por células que variam em forma, retangulares, quadradas, arredondadas ou paliçada na seção transversal, irregulares na seção longitudinal, alongada tanto no sentido tangencial quanto no radial. Arranjo compacto, sem espaços intercelulares, com suberização das paredes e morte do protoplasma na maturidade. Tecido de proteção do órgão, devido a natureza química do depósito nas paredes celulares e pela quantidade de camadas de células.
  • 34. Feloderme Células parenquimáticas ativas, semelhante ao parênquima cortical. Geralmente possui apenas uma camada de células, ou, no máximo, 3 ou 4 camadas. Podem conter cloroplastos e contribuir com a fotossíntese, produzir compostos fenólicos, formando estruturas secretoras, ou originar esclereides.
  • 35. Lenticelas Extensões limitadas caracterizadas pelo aumento de espaços intercelulares. Compostas por: • felogênio da lenticela: arranjo menos compacto e atividade mais intensa; • tecido de enchimento: células de arranjo frouxo. • feloderme da lenticela.
  • 36. Lenticelas Podem ser formadas junto ao desenvolvimento da primeira periderme ou um pouco depois. Formam-se a partir de células localizadas abaixo de estômato ou de um grupo de estômatos da epiderme. Função: aeração de tecidos internos de raízes aérea, caules e frutos, pois são ricas em espaços intercelulares. Cicatriz foliar Lenticelas Guapuruvu – Schyzolobium parahyba (Vell.) Blake
  • 37. Tipo 1: tecido de enchimento composto por células suberizadas, que podem se organizar em camadas anuais de crescimento. Sp. de Liriodendron, Magnolia, Malus, Populus, Pyrus e Salix. Tipo 2: tecido de enchimento de arranjo frouxo com células não suberizadas é substituído no fim da estação por células suberizadas de arranjo mais compacto. Sp. de Fraxinus, Quercus, Sambucus e Tilia. Tipo 3: tecido de enchimento estratificado, com várias camadas de tecido frouxo não suberizado alternando-se com uma camada de células de disposição mais compacta e de paredes suberizadas. Sp. de Betula, Fagus, Prunus e Robinia. Lenticelas
  • 38. Desenvolvimento da Periderme Formação: Idade do órgão, condições ambientais e possíveis lesões na superfície do órgão. O felogênio é formado por divisões periclinais de células epidérmicas, do colênquima ou de células parenquimáticas subepidérmicas, pericíclicas ou floemáticas.
  • 39. Desenvolvimento da Periderme Origem: • De camadas subepidérmicas, da epiderme ou do floema primário – em caules; • Camadas corticais internas – ramos jovens; • Periciclo ou camadas mais superficiais do córtex (exoderme e camadas subjacentes) – raízes.
  • 40. Periderme de cicatrização Origem e desenvolvimento semelhante aos da natural, diferindo desta apenas por ser restrita ao local da lesão. Importante para a sobrevivência das plantas sujeitas aos mais variados tipos de lesões e na horticultura, em técnicas de propagação e enxertia. 1°: camada de oclusão: suberização e lignificação de células adjacentes à lesão – proteção provisória; 2°: abaixo da camada de oclusão forma-se o felogênio – periderme de cicatrização.
  • 41. Aspecto externo Padrões característicos dentro de determinados grupos ou varias entre espécies ou entre indivíduos da mesma espécie, dependendo do habitat, região do órgão e idade do espécime. Pode ter: cicatrizes foliares, espinhos e anéis horizontais, que correspondem a cicatrizes foliares ou de ramos que se expandem lateralmente. As camadas externas da periderme podem permanecer no órgão ou ser eliminadas continuamente.
  • 42. Aspecto externo • Lisa: sem sulcos, estrias e fissuras. Jabuticabeira – Myrciaria cauliflora (Mart.) O. Berg. Cerejeira-do-mato – Eugenia involucrata DC
  • 43. Aspecto externo • Fissurada ou fendilhada: sulcos, estrias e fissuras em sentido longitudinal, distribuídas paralelamente de forma reta ou ondulada. Escova – Callistemon speciosum Sapucaia – Lecythis psonis Cambess.
  • 44. Aspecto externo • Sulcos, estrias e fissuras dispostas longitudinalmente e transversalmente, delimitando placas quadradas ou retangulares: • Rendilhada: placas pequenas; • Escamosa: placas maiores. Jacarandá – Jacaranda mimosifolia D. Don. Rendilhada Amendoim-bravo – Pterogyne nitens Tul. Escamosa
  • 45. Aspecto externo • Esfoliante: as camadas são continuamente eliminadas. Pau-mulato – Calycophyllum spruceanum Benth.
  • 46. Aspectos fisiológicos e ecológicos Características estruturais e propriedades físico-químicas que podem conferir maior ou menor grau de adaptação da planta ao ambiente ou criar um microclima junto ao tronco, favorável ao desenvolvimento de epífitas. Ausência de lenticelas: redução na perda de água em ambientes xéricos; Hipertrofia das lenticelas: aumento do tecido de enchimento e dos espaços intercelulares de caules submersos, maior aeração.
  • 47. Aspectos fisiológicos e ecológicos Isolamento contra temperaturas extremas: fogo, geada e radiação solar. Cores claras: maior grau de adaptação às condições tropicais, pois refletem a luz e evitam o superaquecimento dos tecidos. Angico-do-cerrado – Anadenanthera falcata (Benth) Speg.
  • 48. Aspectos fisiológicos e ecológicos A presença de compostos químicos hidrossolúveis na superfície externa da periderme e a sua rugosidade, podem favorecer a fixação e o crescimento de epífitas, enquanto a luminosidade intensa pode ser fator limitante. Sobreiro – Quercus suber L. com briófita e líquen Ficus sp. com Bromeliaceae
  • 49. Aspectos taxonômicos Os aspectos da casca podem servir de respaldo para identificação de plantas arbóreas em campo. O aspecto externo aliado ao aspecto interno, macroscópico e microscópico, contribuem de modo significativo em estudos taxonômicos e do lenho.
  • 50. Aspectos econômicos Cortiça: sobreiro, Quercus suber L., Fagaceae, nativa do Mediterrâneo. Indústria de engarrafamento, coletes salva-vidas, boias e bolas (beisebol, golfe, críquete e hóquei). Lâminas de cortiça produzidas a partir da periderme de algumas espécies brasileiras: isolantes térmico, acústico e de vibrações, e em decorações de interiores. Taninos são extraídos para utilização, principalmente, na indústria de couro. Cacas secas de sp. Lauraceae – canela. Látex: seringueira, Hevea brasiliensis Muell. Arg., Euphorbiaceae. Indústria de borracha.