1. Pelas características inerentes a cada um, como você percebe a
coexistência do Estado Oligárquico, Desenvolvimentista,
Neoliberal e de Bem Estar Social no Brasil?
Boa tarde colegas,
Estou aprendendo coisas muito importantes para o desenvolvimento da minha vida não só
profissional, mas como cidadã. Graças inclusive às postagens de todos vocês. Muito potentes e
objetivas.
Ao longo da minha vida tenho me sentido muitas vezes perplexa com o que acontece no nosso
país. Agora, a partir dos conhecimentos adquiridos nesse curso, com as bibliografias sugeridas,
espero não ser pega de surpresa com tanta frequência.
Ainda vejo acontecimentos que me fazem sentir que estamos num Estado oligárquico –
baseado na agricultura de exportação como forma de acumulação de capital e na manipulação
dos resultados das eleições para conservar o poder nas mãos dos grandes exportadores. Os
donos dos grandes latifúndios que dominam o interior do país ainda têm poder de conduzir as
eleições. Creio que até mesmo nas grandes cidades. Já vimos a Rede Globo eleger um
presidente na época de Collor. Pessoas são assassinadas na disputa pela terra, os peixes dos
rios são dizimados para afastar os indígenas. Isso acontece hoje no nosso país.
Na semana passada vi um funcionário do IBAMA, que atua na Amazônia, dizendo que o
governo, ora atende os madeireiros, ora os interesses das populações que vivem na região,
sem traçar um plano de ação que deixe claro qual é realmente o objetivo do governo com
relação ao desmatamento. Ora, o desmatamento da Amazônia serve às grandes madeireiras e
à expansão da fronteira agrícola à força de uso de muito agrotóxico. Não consigo pensar em
algo mais oligárquico do que isso.
Quanto ao Estado Desenvolvimentista, acredito que nosso país não passará disso. Não
teremos indústria pesada brasileira, pois o nosso mercado foi aberto para as grandes
corporações multinacionais. Aqueles que possuem pequenas indústrias, não conseguem
competir com os preços das mercadorias da China, portanto, não vejo como nosso país poderá
superar isto.
Com relação ao Estado de bem estar social - que usa a força estatal, por meio da
implementação de políticas públicas, visando intervir nas leis de mercado e assegurar para os
seus cidadãos um patamar mínimo de igualdade social e um padrão mínimo de bem-estar,
vejo o SUS e o SUAS como uma tradução dessa intenção do Estado, mas por outro lado vejo a
guerra pelo financiamento dessas ações e avalio que aqueles que deseja e lutam por políticas
públicas de qualidade estão perdendo várias batalhas. Não acho que Bolsa Família, que
deposita R$ 50,00, R$ 100,00 reais por mês na conta de mulheres que mantem seus filhos na
escola, entre outras condicionalidades, seja uma ação que deseja promover o Estado de bem
estar social.
Acredito que o Estado brasileiro vive como está no material que estudamos uma conformação
híbrida com o mercado, sem a intenção de destruí-lo, mas sim tendo como função regular a
vida econômica e social a fim de garantir a acumulação privada do capital.
No momento, acredito que já passamos pela agenda neoliberal baseada no tripé:
desregulamentação, privatizações e abertura dos mercados e estamos voltando para uma
maior atuação do Estado nas nossas vidas.
Faço parte da população que não é dona dos meios de produção, tenho somente minha força
de trabalho para negociar, mas com toda a força das redes sociais e da necessidade comum à
milhares de brasileiros de participar das decisões políticas e econômicas mais diretamente.