Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Efeito combinado temperatura-umidade do ar
1. EFEITO COMBINADO TEMPERATURA-
UMIDADE DO AR
Universidade Federal do Maranhão
Centro de Ciências Agrárias e Ambientais
Disciplina: Climatologia e Meteorologia
Discente: Dário de Sousa Ramos
Chapadinha, MA
2018.2
2. EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
A umidade do ar é um fator determinante do nível e da qualidade de vida num
ambiente.
A temperatura é um índice que expressa a quantidade de calor sensível de um
corpo.
Fonte: https://adtudo.wordpress.com/2009/07/14/orvalho/orvalho
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Fonte: https://pplware.sapo.pt/tutoriais/crie-uma-simples-app-
de meteorologia-usando-node-js-e-a-api-openweathermap/
3. Duração do Período de Molhamento e Doenças de Plantas
Orvalho
A temperatura do ponto de orvalho é aquela na qual uma dada parcela de
ar deve ser resfriada, sob pressão e teor de vapor constantes, afim de que
haja saturação.
EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
Fonte: https://comeceodiafeliz.com.br/mensagem/aquela gota-de-orvalho
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4. O molhamento das superfícies vegetais pelo orvalho é que irá possibilitar a
germinação dos esporos dos fungos e a penetração do tubo germinativo
através dos estômatos das folhas.
Figura 1. Esquema da influência dos elementos climáticos nas fases de uma doença
fúngica. Adaptado de Pedro Jr. (1989).
EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
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5. A permanência de água sobre a planta é quantificada pela Duração do
Período de Molhamento (DPM), sendo classificada da seguinte forma:
curta duração ⇒ se DPM < 6 horas
média duração ⇒ se 6 ≤ DPM ≤ 10 horas
longa duração ⇒ se DPM > 10 horas.
A maioria das doenças de plantas exigem uma sequência
de dias com DPM maior que 10 horas.
EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
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6. Estudando a ocorrência do mal-das-folhas (Microcyclus ulei) em seringueira,
em diferentes regiões e condições do Estado de São Paulo, Camargo et al.
(1967).
Figura 2. Número de noites com DPM maior ou igual a 10h em três locais do Estado de
São Paulo. Adaptado de Camargo et al. (1967).
EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
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Campinas
Pindamonhangaba
Planalto paulista
Ubatuba
7. Na região de Ubatuba, Pezzopane et al (1996) detectaram diferença no
número de horas com umidade relativa ≤ 90% no interior de dois
seringais, sendo um próximo à praia (800 m) e outro distante 5 km.
Assim, nota-se que a ocorrência e duração do molhamento por orvalho
são determinadas por fatores topoclimáticos e também microclimáticos.
EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
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Fonte: /http://www4.serra.es.gov.br/site/publicacao/prefeitura-
abre-curso-para-seringueiros
8. A chuva é outro elemento meteorológico bastante importante com
relação à ocorrência e desenvolvimento de doenças em plantas.
Figura 3. Relação entre a chuva Mtoêtal no ciclo da cultura do girassol e a taxa de crescimento
da mancha de Alternaria helianthi, em diferentes épocas de semeadura. Fonte: Sentelhas et
al.(1996).
Pezzopane et al. (1996) também observou estreita relação entre
número de dias com chuvas maiores que 2,5mm e severidade de
ataque da mancha preta do amendoim.
EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
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9. Interação Temperatura-Umidade e Fitossanidade
EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
Avaliando o efeito combinado temperatura-umidade sobre o mal–das–folhas
da seringueira causado pelo fungo Microcyclus ulei, Gasparotto (1988)
verificou que:
Se a temperatura for de 24 oC, heverá infecção com apenas 6 horas de
DPM;
Se a temperatura for de 20 oC, haverá infecção se houver de 8 a 10 horas
de DPM;
Se a temperatura for de 16 oC , não haverá manifestação da doença.
A temperatura atua como agente moderador/amplificador nessa
combinação.
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10. EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
Jensen & Boyle (1966) desenvolveram um sistema simples baseado na
temperatura mínima do ar e no NH UR ≥ 95% (Figura 4).
Figura 4. Potencial de desenvolvimento de Cercosporiose em amendoim em função
da temperatura e da DPM. Adaptado de Jensen & Boyle (1966)
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11. EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
Algumas pragas também só se desenvolvem entre certos limites de
temperatura e umidade. Condições são favoráveis à ocorrência de Orthezia
praelonga em citros.
Figura 5. Climograma de dois locais: Seropédica, RJ (•) e Cordeirópolis,
SP (O). Adaptado de Puzzi & Camargo (1963). 11
Seropédica, RJ
Cordeirópolis , SP.
12. EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
No caso da mosca-das-frutas, a Figura 6.
Figura 6. Combinação temperatura-umidade para ocorrência de mosca das frutas.
Adaptado de Silveira Neto et al. (1976).
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Como num pomar existem inúmeros microambientes, esses insetos
sempre migram para o microclima mais favorável ao seu
desenvolvimento.
13. EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
Influência de práticas agrícolas na fitossanidade
A ocorrência de pragas e doenças em plantas é determinada pelo macro
e topoclima de uma região, seguido pelo microclima.
Entre as práticas agrícolas que provocam alterações acentuadas no
microclima incluem se:
Irrigação
Estufas com Cobertura Plástica
Quebra-ventos
Cobertura morta (Mulch)
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14. EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
Irrigação
A irrigação muda tanto as inter-relações da cultura com o ambiente como
também tem efeito marcante no desenvolvimento de doenças e pragas.
Tabela 1. Influência dos diferentes tipos de irrigação no microclima e na ocorrência de doenças. Fonte: Rotem & Palti (1969).
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15. EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
Figura 7. Relação macroclima - irrigação - densidade de plantio e ocorrência de doenças.
Fonte: Rotem & Palti (1969).
Com relação ao aspecto microclimático com o ataque das doenças.
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16. EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
O uso de estufas plásticas pode provocar também condições
desfavoráveis, exigindo manejo adequado.
Estufas com Cobertura Plástica
Figura 7. DPM dentro e fora de estufas plásticas. Fonte: Pezzopane et al. (1995c).
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17. EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
Quebra-ventos
Os quebra-ventos reduzem a velocidade do vento, que é um importante fator
na demanda evaporativa do ar. Assim, o orvalho formado na área protegida
pelo QV permanecerá durante mais tempo sobre a cultura, devido à
evaporação mais lenta. Esse efeito é ainda mais grave na área sombreada
pelo QV.
Cobertura morta (Mulch)
O uso de cobertura morta sobre o solo, faz com que à noite o resfriamento da
superfície seja mais rápido e intenso, atingindo-se mais cedo a temperatura
de condensação. Portanto, essa prática, especialmente no sistema de plantio
direto, pode resultar em intensificação da ocorrência de doenças.
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18. EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
Estações de Aviso Fitossanitário
É um sistema de previsão da ocorrência e/ou desenvolvimento de uma
determinada doença numa cultura, baseado em dados meteorológicos, em
função da grande interdependência clima-planta-patógeno.
Como ilustração, alguns desses sistemas são apresentados a
seguir, retirados de Zahler et al. (1989).
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19. EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
Sarna na Macieira
Fatores:
-Temperatura média per. noturno;
-Dpm (duração período molhamento);
-Presença de ascósporos;
-Utilização de termohigrógrafo.
Obs: Pulverizações devem ser realizadas Quando não
satisfeitas as condições da Tabela de Mill
Fonte: http://www.defesavegetal.net/ventin
Tabela 2. Sistema de Mills adaptado para a sarna da macieira no Estado de Santa Catarina.
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20. EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
Míldio do Feijoeiro
Para o míldio do feijoeiro (Phytophtora phaseoli) a pulverização é
recomendada sempre que houver dois dias seguidos com:
Tmed < 26oC, Tmín > 7oC, e com chuva.
Fonte: https:// www.agrolink.com.br/problemas/mildio_1606.html
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21. EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
Míldio da Videira
Para o míldio da videira (Plasmopara viticola) o sistema é
fenológico-climatológico, com pulverizações:
Preventivas ⇒ na brotação, florescimento e formação do cacho;
Curativas ⇒ quando Tmín > 10oC e dois dias seguidos com chuva
superando 10mm
Fonte: https://www.agrolink.com.br/problemas/mildio_1837.html
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22. EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
Requeima do Tomate
Para a requeima do tomate (Phytophtora infestans) utiliza-se uma relação
empírica entre o grau de infecção (Y), número de dias com chuva em 10
dias (X1), e número de dias com Tmin ≥ 10oC nos 10 dias (X2), ou seja:
Y = -0,08671 + 0,0209 (X1*X2). 22
23. EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
Antracnose e Mancha das folhas da Videira
No caso da antracnose dos ramos, folhas e cachos (Sphaceloma ampelinum), e
das manchas das folhas causadas por Isariopsis clavispora em videira Niagara
rosada, Pedro Jr. et al. (1999):
Redução de 40% no número de aplicações sem
afetar a produtividade, na região de Jundiaí, SP.
Chuvas acumuladas de 20mm;
Carência de 7 a 10 dias.
Pulverizar:
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24. EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
Risco de Ocorrência de Incêndios
Durante os períodos secos do ano, a baixa umidade do ar e as poucas chuvas
fazem com que a ocorrência de incêndios em matas, pastos e florestas seja
facilitada.
Os métodos são divididos em não-cumulativos e cumulativos. 24
25. EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
Métodos não-cumulativos são aqueles que se baseiam somente nas condições
do tempo vigentes no dia.
Fator de Risco de Angström
Temperatura (oC) e a umidade relativa do ar às 13h (UR13h%), que é o
horário próximo do valor máximo da temperatura e do mínimo da umidade
relativa do dia, sendo expresso por:
FRA = 0,05 UR13h% - 0,1 (T13h - 27).
EXEMPLO: Se num dia, às 13 horas, ocorrer as seguintes condições:
UR13h = 30% e T13h = 35oC:
FRA < 2,5 ⇒ ALERTA: RISCO DE INCÊNDIO
FRA = 0,05 * 30 - 0,1 * (35- 27) = 0,7
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26. EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
Fórmula de Monte Alegre
A fórmula de Monte Alegre (FMA) é um índice utilizado no Brasil, e
que leva em consideração a UR% às 13h, e a chuva, em mm, isto é:
FMA = 100 / UR13h
FMAacumulado = (f * FMA ontem) + FMAhoje
Chuva (mm) Valor de f
> 2,4 1,0
2,5 a 4,9 0,7
5,0 a 9,9 0,4
5,0 a 9,9 0,2
> 13 0,0
FMAacumulado =< 1,0 1,1 a 3,0 3,1 a 8,0 8,1 a 20,0 > 20,0
Grau de risco NULO PEQUENO MÉDIO ALTO MUITO ALTO
Tabela 3. Grau de risco de incêndios florestais dado pela Fórmula de Monte Alegre.
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27. EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
Chuva (mm) Valor de f
> 2,4 1,0
2,5 a 4,9 0,7
5,0 a 9,9 0,4
5,0 a 9,9 0,2
> 13 0,0
FMAacumulado =< 1,0 1,1 a 3,0 3,1 a 8,0 8,1 a 20,0 > 20,0
Grau de risco NULO PEQUENO MÉDIO ALTO MUITO ALTO
Tabela 2. Grau de risco de incêndios florestais dado pela Fórmula de Monte Alegre.
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28. EFEITO COMBINADO TEMPERATURA- UMIDADE DO AR
Chuva (mm) Valor de f
> 2,4 1,0
2,5 a 4,9 0,7
5,0 a 9,9 0,4
5,0 a 9,9 0,2
> 13 0,0
FMAacumulado =< 1,0 1,1 a 3,0 3,1 a 8,0 8,1 a 20,0 > 20,0
Grau de risco NULO PEQUENO MÉDIO ALTO MUITO ALTO
Tabela 2. Grau de risco de incêndios florestais dado pela Fórmula de Monte Alegre.
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29. LITERATURA CITADA
Camargo, A.P. Comportamento e ecologia do “mal-das-folhas” da seringueira nas
condições climáticas do Planalto Paulista. Bragantia, 26(1):1-18, 1967.
Gasparotto, L. Epidemiologia do mal das folhas (Microcyclus ulei (P.Henn) v. Arx) da
seringueira (Hevea spp.) Viçosa, 1988, 124p. (Tese de Doutorado).
Jensen, R.B.; Boyle, L.W.. A technique for forecasting leafspot on peanuts. Plant Dis.
Rep., 50(11):810-814, 1966.
Pedro Jr., M.J. Aspectos microclimáticos e epidemiologia. In: Curso Prático
Internacional de Agrometeorologia para Otimização da Irrigação, 3. Campinas, IAC,
1989. 13p.
PEREIRA, Antonio Roberto; ANGELOCCI, Luiz Roberto; SENTELHAS, Paulo
Cesar. Meteorologia Agrícola 306.Piracicaba - Sp: Usp: Esalq, 2007. 192
Pezzopane , J.E.M; Ortolani, A.O.; Godoy Jr, G.; Pezzopane, J.R.M. Influência da brisa
terra-mar no período de saturação da umidade do ar no interior de dois seringais de
cultivo em Ubatuba (SP). Bragantia, 55(1):201-205, 1996.
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30. Pezzopane, J.E.M.; Pezzopane, J.R.M.; Sentelhas, P.C.; Pedro Jr., M.J.; Ortolani,
A.A. Duração do período de molhamento foliar no interior de estufas plásticas. In:
Congresso Brasileiro de Agrometeorologia, 9, Campina Grande, PB, p.316-318,
1995c.
Puzzi, D.; Camargo, A.P. Estudo sobre a possibilidade de adaptação climática da
Orthezia praelonga Douglas, nos pomares de cítricos do Estado de São Paulo. O
Biológico, 29(5):81-85, 1963.
Rotem, J.; Palti, J. Irrigation and plant diseases. Annual Review of Phytopathology,
7:267-288, 1969.
Sentelhas, P.C.; Pezzopane, J.R.M.; Ungaro, M.R.; et al. Aspectos climáticos
relacionados à ocorrência da mancha de Alternaria em cultivares de girassol. Fitop.
Bras., 21(4):464-469, 1996.
Silveira Neto, S.; Nakano, O.; Barbin, D.; Villa Nova, N.A. Manual de ecologia dos
insetos. São Paulo: Ed. Agronômica Ceres, 1976. 419p.
Zahler, P.M. et al. Previsão agrometeorológica no controle de doenças e pragas dos
vegetais. MARA, 55p., 1
LITERATURA CITADA
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