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Onde os Universos se Encontram 
daniel.estill@arquitexto.com.br
 O tradutor é um profissional com ótima 
compreensão da língua de partida e excelente 
compreensão e redação na língua de chegada. 
 Essas habilidades são desenvolvidas desde a 
infância, com o gosto pela leitura de qualidade e 
interesse pelas línguas e culturas. 
 Sem essa pré-formação, é mais difícil e demorado 
se tornar um tradutor diferenciado. 
 A reflexão teórica favorece uma melhor 
compreensão do lugar do tradutor e da tradução 
no mundo, e fortalece o sentido de propriedade 
sobre a profissão.
 Doutorando em Estudos da Linguagem, foco 
em Estudos da Tradução, PUC-Rio, início em 
2013 
 Tradutor literário/editorial desde 2006 
 Tradutor técnico e gerente de tradução desde 
1992 
 Mestre em Teoria Literária e Literatura 
Comparada, USP, 1995 
 Formado em Jornalismo, UFRJ, 1989
 A tradução é uma mulher de 30: alguns 
marcos históricos para a indústria e para os 
Estudos da Tradução 
 Algumas abordagens teóricas produtivas para 
a tradução técnica 
 Áreas de pesquisa 
 Alguns livros
Público-alvo: 
Tradutores 
interessados 
em ir além 
da prática
“Discussion of contemporary translation that does not take 
into account the changing relationship between translators 
and things, between translation and the technosphere in 
the informational economy, is 
neither possible nor desirable. “ 
Michael Cronin, in Translation and 
Globalization, 2002 
“Discutir a tradução contemporânea sem considerar as 
mudanças nas relações entre os tradutores e as coisas, 
entre a tradução e a tecnosfera na economia informacional, 
não é possível e sequer desejável.”
A história da tradução nos últimos 30 anos pode ser contada 
através dos instrumentos usados pelos tradutores nesse 
período 
1980 - Instrumentos de escrita 
 Máquina de escrever 
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 Internet 
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 TM – Trados, 1994 
 TM + Redes locais 
 TM + Web 
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 ... 
O site da TAUS tem uma excelente 
linha do tempo dos processos de 
automação da tradução 
https://www.taus.net/timeline/a-translation- 
automation-timeline
 1972: James Holmes, batiza e aponta os rumos da disciplina 
Estudos da Tradução. “The name and nature of translation 
studies” foi o nome da palestra apresentada em 1972, e 
publicada em 75, em que ele descreve o mapa de atuação da 
nova disciplina 
 As tradicionais abordagens linguísticas não eram suficientes 
para lidar com uma série de aspectos extralinguísticos, 
específicos da tradução 
A ciência avança pela descoberta de novas 
áreas de ignorância 
Com os Estudos da Tradução, as descobertas de 
novas áreas de ignorância só fazem aumentar
 Gideon Toury desenha o mapa de Holmes em 1995
 Abordagens funcionais: ênfase na função da 
tradução na cultura de chegada 
 Abordagens de sistema: a tradução é fruto de 
uma demanda da cultura de chegada 
 Abordagens culturais e ideológicas — Virada 
Cultural: tradução é reescrita sob tensão 
ideológica e social, resultado de diferentes 
tipos de manipulação
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que ato linguístico 
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classificações funcionais 
 Equivalência não mais no nível da palavra, ou 
da frase, mas no nível do texto 
 Dificuldades: textos podem ser híbridos, de 
difícil tipificação, sem funções predominantes
As ferramentas atuais 
• Favorecem uma visão e entendimento claro dos textos que 
traduzimos? 
• Levam a pensar mais em equivalências no nível da palavra e 
da frase, ou mantém a relação textual?
 Teoria dos polissistemas de Even-Zohar, 1970: a tradução 
pertence ao sistema histórico e literário da cultura de chegada 
 Há uma disputa entre os diferentes sistemas para ocupar o 
sistema central 
 A tradução deixa de ser vista como atividade periférica e passa a 
ser considerada como atividade central 
 Gideon Toury adota abordagens descritivas para analisar as 
traduções conforme as correlações de forças dentro de seus 
sistemas próprios
 E se incluirmos o elemento econômico na discussão dos polissistemas 
tradutórios? 
 Tradutores de línguas e economias periféricas tem condições de determinar 
preços iguais às de tradutores de línguas e economias centrais? (Inglês <> 
Francês <> Alemão = Inglês<>Português?) 
 Quais são as relações sistêmicas da tradução de bens de consumo e bens de 
capital nas culturas de chegada?
 André Lefevere: Tradução é reescrita, sujeita a fatores 
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 Toda tradução implica algum nível de manipulação. 
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 A necessidade da instrução tecnológica nos currículos vem sendo 
reconhecida pela academia e pela indústria desde os anos 1990 
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acadêmica em si 
 A tecnologia cria novos conteúdos e produtos continuamente, que 
precisam da tradução para existir globalmente 
 A tecnologia cria novas formas de traduzir e novos perfis de tradutores 
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 Apesar de atravessar todos os níveis da atividade tradutória, a 
tecnologia ainda não atingiu status epistemológico proporcional dentro 
da disciplina dos Estudos da Tradução
 Para além das questões linguísticas e culturais, se tradutores e 
pesquisadores não começarem a enxergar a tradução como uma 
indústria fundamental para a ordem econômica mundial, 
dificilmente sairemos da periferia social, cultural e econômica na 
qual nos mantemos historicamente. 
 A importância da tradução para os processos globalizados é grande 
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nos diferentes campos da tradução. Ainda que a artesania textual se 
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 Os Estudos da Tradução tem muito a oferecer para que esse 
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como parte da gigantesca indústria editorial.
 Avaliação de software 
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vinculado a uma instituição. 
 Muitos textos estão disponíveis na rede 
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para quem quiser ler um pouco mais. 
 O que vimos foram algumas pinceladas 
bem superficiais. Todas essas teorias 
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 Existem diversas outras abordagens e 
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Translation Theory Overview for Technical Translators

  • 1. Onde os Universos se Encontram daniel.estill@arquitexto.com.br
  • 2.  O tradutor é um profissional com ótima compreensão da língua de partida e excelente compreensão e redação na língua de chegada.  Essas habilidades são desenvolvidas desde a infância, com o gosto pela leitura de qualidade e interesse pelas línguas e culturas.  Sem essa pré-formação, é mais difícil e demorado se tornar um tradutor diferenciado.  A reflexão teórica favorece uma melhor compreensão do lugar do tradutor e da tradução no mundo, e fortalece o sentido de propriedade sobre a profissão.
  • 3.  Doutorando em Estudos da Linguagem, foco em Estudos da Tradução, PUC-Rio, início em 2013  Tradutor literário/editorial desde 2006  Tradutor técnico e gerente de tradução desde 1992  Mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada, USP, 1995  Formado em Jornalismo, UFRJ, 1989
  • 4.  A tradução é uma mulher de 30: alguns marcos históricos para a indústria e para os Estudos da Tradução  Algumas abordagens teóricas produtivas para a tradução técnica  Áreas de pesquisa  Alguns livros
  • 5. Público-alvo: Tradutores interessados em ir além da prática
  • 6. “Discussion of contemporary translation that does not take into account the changing relationship between translators and things, between translation and the technosphere in the informational economy, is neither possible nor desirable. “ Michael Cronin, in Translation and Globalization, 2002 “Discutir a tradução contemporânea sem considerar as mudanças nas relações entre os tradutores e as coisas, entre a tradução e a tecnosfera na economia informacional, não é possível e sequer desejável.”
  • 7. A história da tradução nos últimos 30 anos pode ser contada através dos instrumentos usados pelos tradutores nesse período 1980 - Instrumentos de escrita  Máquina de escrever  PC  Internet 1990 - Instrumentos de tradução  TM – Trados, 1994  TM + Redes locais  TM + Web  TM + MT  TM + MT + Crowd Translation  ... O site da TAUS tem uma excelente linha do tempo dos processos de automação da tradução https://www.taus.net/timeline/a-translation- automation-timeline
  • 8.  1972: James Holmes, batiza e aponta os rumos da disciplina Estudos da Tradução. “The name and nature of translation studies” foi o nome da palestra apresentada em 1972, e publicada em 75, em que ele descreve o mapa de atuação da nova disciplina  As tradicionais abordagens linguísticas não eram suficientes para lidar com uma série de aspectos extralinguísticos, específicos da tradução A ciência avança pela descoberta de novas áreas de ignorância Com os Estudos da Tradução, as descobertas de novas áreas de ignorância só fazem aumentar
  • 9.  Gideon Toury desenha o mapa de Holmes em 1995
  • 10.  Abordagens funcionais: ênfase na função da tradução na cultura de chegada  Abordagens de sistema: a tradução é fruto de uma demanda da cultura de chegada  Abordagens culturais e ideológicas — Virada Cultural: tradução é reescrita sob tensão ideológica e social, resultado de diferentes tipos de manipulação
  • 11.  Tradução mais como ato de comunicação do que ato linguístico  Classificações linguísticas dão lugar a classificações funcionais  Equivalência não mais no nível da palavra, ou da frase, mas no nível do texto  Dificuldades: textos podem ser híbridos, de difícil tipificação, sem funções predominantes
  • 12. As ferramentas atuais • Favorecem uma visão e entendimento claro dos textos que traduzimos? • Levam a pensar mais em equivalências no nível da palavra e da frase, ou mantém a relação textual?
  • 13.  Teoria dos polissistemas de Even-Zohar, 1970: a tradução pertence ao sistema histórico e literário da cultura de chegada  Há uma disputa entre os diferentes sistemas para ocupar o sistema central  A tradução deixa de ser vista como atividade periférica e passa a ser considerada como atividade central  Gideon Toury adota abordagens descritivas para analisar as traduções conforme as correlações de forças dentro de seus sistemas próprios
  • 14.  E se incluirmos o elemento econômico na discussão dos polissistemas tradutórios?  Tradutores de línguas e economias periféricas tem condições de determinar preços iguais às de tradutores de línguas e economias centrais? (Inglês <> Francês <> Alemão = Inglês<>Português?)  Quais são as relações sistêmicas da tradução de bens de consumo e bens de capital nas culturas de chegada?
  • 15.  André Lefevere: Tradução é reescrita, sujeita a fatores e influências externas ao texto e ao tradutor.  Toda tradução implica algum nível de manipulação. “Não existe tradução inocente”.  Patronagem: Fatores externos atuam e determinam como, e por que, a tradução é feita: indivíduos, grupos, instituições – ideologia, economia, status.  As traduções refletem e resultam de relações de poder.
  • 16.  Quais são os fatores externos que afetam as decisões do tradutor técnico?  As relações de patronagem na tradução técnica são diferentes das presentes na tradução literária?  Que relações de poder podem estar presentes no trabalho do tradutor técnico? De que forma o tradutor técnico participa ou interfere nessas relações?
  • 17. Minako O’Hagan  A necessidade da instrução tecnológica nos currículos vem sendo reconhecida pela academia e pela indústria desde os anos 1990  As tecnologias de tradução podem ser consideradas como disciplina acadêmica em si  A tecnologia cria novos conteúdos e produtos continuamente, que precisam da tradução para existir globalmente  A tecnologia cria novas formas de traduzir e novos perfis de tradutores — crowdsourcing  Apesar de atravessar todos os níveis da atividade tradutória, a tecnologia ainda não atingiu status epistemológico proporcional dentro da disciplina dos Estudos da Tradução
  • 18.  Para além das questões linguísticas e culturais, se tradutores e pesquisadores não começarem a enxergar a tradução como uma indústria fundamental para a ordem econômica mundial, dificilmente sairemos da periferia social, cultural e econômica na qual nos mantemos historicamente.  A importância da tradução para os processos globalizados é grande demais para que mantenhamos uma postura amadora e artesanal nos diferentes campos da tradução. Ainda que a artesania textual se mantenha.  Os Estudos da Tradução tem muito a oferecer para que esse processo de mudança de posição efetivamente se consolide.  E toda esta reflexão vale igualmente para a tradução literária, vista como parte da gigantesca indústria editorial.
  • 19.  Avaliação de software  Localização  Efeitos da tecnologia  Website  Didática em tecnologia  Aspectos historiográficos  Questões éticas  Terminologia e glossários  Processos de tradução  Condições de trabalho  Relações profissionais  ...  Não é preciso ser um pesquisador vinculado a uma instituição.  Muitos textos estão disponíveis na rede  Existem diferentes sites com informações e orientações de pesquisa para quem quiser ler um pouco mais.  O que vimos foram algumas pinceladas bem superficiais. Todas essas teorias são muito mais profundas e desenvolvidas.  Existem diversas outras abordagens e teorias que vale a pena conhecer, mesmo que superficialmente.
  • 20.
  • 21.  Ler  Fichar  Resumir  Resenhar  Concluir  Praticar  Pensar  O mais importante:

Notas do Editor

  1. Por que a tradução técnica? Já existe muita coisa para a tradução literária e tradutores técnicos costumam ser mais avessos à teorizações.
  2. TAUS O divisor de águas, em termos de instrumentos, pode ser marcado pelo momento em que a tradução passa a ser feita em ambientes específicos, diferenciando-se das ferramentas dedicadas somente à escrita. Essa passagem indica a importância que a tradução em volumes crescentes vem assumindo desde então. Esse é mais ou menos o período em que a tradução se configurou como uma indústria multibilionária, por força dos processos tecnológicos e globalizados. No caso dos instrumentos de escrita Primeiro impacto dos PCs foi maior sobre a indústria editorial com alterações importantes nos processos, principalmente na composição e produção gráfica O uso crescente de ferramentas de automatização vem criando novas atividades, como a pós-edição de textos pré-traduzidos pela combinação de memórias, resultantes de traduções humanas e de sistemas de alinhamento automáticos, e tradução por máquina.
  3. Holmes era linguista e apaixonado por tradução de poesia, o que não o impediu de abrir uma gama infinita de novos horizontes para a tradução e suas pesquisas
  4. A grande mudança que começa a se desenhar nos anos 70, e explode nos 80, é a importância de se pensar a tradução de forma independente do original. Por sua ação dentro da cultura na qual está inserida e para a qual se dirige. Às questões como fidelidade, equivalência, transposição de significado, são acrescidas discussões sobre as inúmeras influências da tradução e as diversas forças que interferem em sua produção.
  5. A teoria incorpora alguns aspectos da teoria da comunicação, de autores como Jackobson e suas funções da linguagem Há uma maior preocupação com a maneira como a mensagem do texto traduzido será recebida pelo destinatário e menos com a sua fidelidade ao texto de partida.
  6. A segmentação pode ser vista como uma visão restrita do processo de tradução, limitada ao nível da frase, ou até mesmo da palavra, no momento em que estamos traduzindo. Nem sempre temos uma visão geral dos textos, ou mesmo acesso a textos integrais. Isso diminui a nossa propriedade sobre o conteúdo geral do trabalho. A situação se agrava com o trabalho em servidor, quando temos acesso ainda mais parcial aos arquivos, ao texto inteiro e até mesmo à memória. Além do fato de muitas vezes perdermos o acesso aos trabalhos já feitos, o que impede a consulta a soluções passadas.
  7. A teoria dos polissistemas é predominantemente voltada para a tradução literária. As traduções atenderiam demandas que surgem na cultura de chegada. Obras literárias são traduzidas por diversos motivos, mas basicamente por decisões tomadas na cultura de destino. Mas, se considerarmos as condições de nações periféricas, essa visão pode ser questionada, inclusive quanto à indústria editorial. A ficção de consumo, por exemplo, embora alimente uma demanda do mercado local, cada vez mais responde a uma necessidade de sucesso global das obras. Do ponto de vista da tradução técnica, é igualmente válido questionar se a necessidade da tradução nasce de uma demanda dos mercados receptores, ou da necessidade de globalização dos produtos.
  8. A teoria dos polissistemas é predominantemente voltada para a tradução literária. As traduções atenderiam demandas que surgem na cultura de chegada. Obras literárias são traduzidas por diversos motivos, mas basicamente por decisões tomadas na cultura de destino. Mas, se considerarmos as condições de nações periféricas, essa visão pode ser questionada, inclusive quanto à indústria editorial. A ficção de consumo, por exemplo, embora alimente uma demanda do mercado local, cada vez mais responde a uma necessidade de sucesso global das obras. Do ponto de vista da tradução técnica, é igualmente válido questionar se a necessidade da tradução nasce de uma demanda dos mercados receptores, ou da necessidade de globalização dos produtos.
  9. A virada cultural permitiu incorporar aspectos diversos aos Estudos da Tradução, tais como questões de gênero, relações com línguas e culturas minoritárias, perspectivas ideológicas, visibilidade do tradutor E da tradução, e assim por diante.
  10. O que temos visto com o avanço tecnológico é um aumento exponencial de taduções e tradutores. Nunca antes na história do mundo tantos traduziram tanto. A diversificação caminha pari passu com a crescente necessidade de especialização A tecnologia, igualmente, colocou a tradução no centro dos processos de globalização. Nenhum produto globalizado chega hoje ao mercado sem o suporte contínuo da tecnologia e da tradução. Isso explica a sofisticação contínua das ferramentas, a profissionalização do mercado, a proliferação de empresas assim como a canibalização corporativa. E também os processos de precificação de todas as atividades ligadas à tradução.
  11. A maioria das pesquisas que vem sendo feitas na área de tecnologia limita-se à questões de produtividade, interferência na qualidade, vantagens e desvantagens. Pouca gente se dedica às transformações que a tecnologia implicou para a profissão e a consolidação da Tradução como uma indústria central do capitalismo globalizado.
  12. A maioria desses são livros introdutórios, mas que abrem as portas para todo o universo teórico da tradução.