2. O tradutor é um profissional com ótima
compreensão da língua de partida e excelente
compreensão e redação na língua de chegada.
Essas habilidades são desenvolvidas desde a
infância, com o gosto pela leitura de qualidade e
interesse pelas línguas e culturas.
Sem essa pré-formação, é mais difícil e demorado
se tornar um tradutor diferenciado.
A reflexão teórica favorece uma melhor
compreensão do lugar do tradutor e da tradução
no mundo, e fortalece o sentido de propriedade
sobre a profissão.
3. Doutorando em Estudos da Linguagem, foco
em Estudos da Tradução, PUC-Rio, início em
2013
Tradutor literário/editorial desde 2006
Tradutor técnico e gerente de tradução desde
1992
Mestre em Teoria Literária e Literatura
Comparada, USP, 1995
Formado em Jornalismo, UFRJ, 1989
4. A tradução é uma mulher de 30: alguns
marcos históricos para a indústria e para os
Estudos da Tradução
Algumas abordagens teóricas produtivas para
a tradução técnica
Áreas de pesquisa
Alguns livros
6. “Discussion of contemporary translation that does not take
into account the changing relationship between translators
and things, between translation and the technosphere in
the informational economy, is
neither possible nor desirable. “
Michael Cronin, in Translation and
Globalization, 2002
“Discutir a tradução contemporânea sem considerar as
mudanças nas relações entre os tradutores e as coisas,
entre a tradução e a tecnosfera na economia informacional,
não é possível e sequer desejável.”
7. A história da tradução nos últimos 30 anos pode ser contada
através dos instrumentos usados pelos tradutores nesse
período
1980 - Instrumentos de escrita
Máquina de escrever
PC
Internet
1990 - Instrumentos de tradução
TM – Trados, 1994
TM + Redes locais
TM + Web
TM + MT
TM + MT + Crowd Translation
...
O site da TAUS tem uma excelente
linha do tempo dos processos de
automação da tradução
https://www.taus.net/timeline/a-translation-
automation-timeline
8. 1972: James Holmes, batiza e aponta os rumos da disciplina
Estudos da Tradução. “The name and nature of translation
studies” foi o nome da palestra apresentada em 1972, e
publicada em 75, em que ele descreve o mapa de atuação da
nova disciplina
As tradicionais abordagens linguísticas não eram suficientes
para lidar com uma série de aspectos extralinguísticos,
específicos da tradução
A ciência avança pela descoberta de novas
áreas de ignorância
Com os Estudos da Tradução, as descobertas de
novas áreas de ignorância só fazem aumentar
10. Abordagens funcionais: ênfase na função da
tradução na cultura de chegada
Abordagens de sistema: a tradução é fruto de
uma demanda da cultura de chegada
Abordagens culturais e ideológicas — Virada
Cultural: tradução é reescrita sob tensão
ideológica e social, resultado de diferentes
tipos de manipulação
11. Tradução mais como ato de comunicação do
que ato linguístico
Classificações linguísticas dão lugar a
classificações funcionais
Equivalência não mais no nível da palavra, ou
da frase, mas no nível do texto
Dificuldades: textos podem ser híbridos, de
difícil tipificação, sem funções predominantes
12. As ferramentas atuais
• Favorecem uma visão e entendimento claro dos textos que
traduzimos?
• Levam a pensar mais em equivalências no nível da palavra e
da frase, ou mantém a relação textual?
13. Teoria dos polissistemas de Even-Zohar, 1970: a tradução
pertence ao sistema histórico e literário da cultura de chegada
Há uma disputa entre os diferentes sistemas para ocupar o
sistema central
A tradução deixa de ser vista como atividade periférica e passa a
ser considerada como atividade central
Gideon Toury adota abordagens descritivas para analisar as
traduções conforme as correlações de forças dentro de seus
sistemas próprios
14. E se incluirmos o elemento econômico na discussão dos polissistemas
tradutórios?
Tradutores de línguas e economias periféricas tem condições de determinar
preços iguais às de tradutores de línguas e economias centrais? (Inglês <>
Francês <> Alemão = Inglês<>Português?)
Quais são as relações sistêmicas da tradução de bens de consumo e bens de
capital nas culturas de chegada?
15. André Lefevere: Tradução é reescrita, sujeita a fatores
e influências externas ao texto e ao tradutor.
Toda tradução implica algum nível de manipulação.
“Não existe tradução inocente”.
Patronagem: Fatores externos atuam e determinam
como, e por que, a tradução é feita: indivíduos,
grupos, instituições – ideologia, economia, status.
As traduções refletem e resultam de relações de
poder.
16. Quais são os fatores externos que afetam as
decisões do tradutor técnico?
As relações de patronagem na tradução
técnica são diferentes das presentes na
tradução literária?
Que relações de poder podem estar presentes
no trabalho do tradutor técnico? De que
forma o tradutor técnico participa ou
interfere nessas relações?
17. Minako O’Hagan
A necessidade da instrução tecnológica nos currículos vem sendo
reconhecida pela academia e pela indústria desde os anos 1990
As tecnologias de tradução podem ser consideradas como disciplina
acadêmica em si
A tecnologia cria novos conteúdos e produtos continuamente, que
precisam da tradução para existir globalmente
A tecnologia cria novas formas de traduzir e novos perfis de tradutores
— crowdsourcing
Apesar de atravessar todos os níveis da atividade tradutória, a
tecnologia ainda não atingiu status epistemológico proporcional dentro
da disciplina dos Estudos da Tradução
18. Para além das questões linguísticas e culturais, se tradutores e
pesquisadores não começarem a enxergar a tradução como uma
indústria fundamental para a ordem econômica mundial,
dificilmente sairemos da periferia social, cultural e econômica na
qual nos mantemos historicamente.
A importância da tradução para os processos globalizados é grande
demais para que mantenhamos uma postura amadora e artesanal
nos diferentes campos da tradução. Ainda que a artesania textual se
mantenha.
Os Estudos da Tradução tem muito a oferecer para que esse
processo de mudança de posição efetivamente se consolide.
E toda esta reflexão vale igualmente para a tradução literária, vista
como parte da gigantesca indústria editorial.
19. Avaliação de software
Localização
Efeitos da tecnologia
Website
Didática em tecnologia
Aspectos historiográficos
Questões éticas
Terminologia e glossários
Processos de tradução
Condições de trabalho
Relações profissionais
...
Não é preciso ser um pesquisador
vinculado a uma instituição.
Muitos textos estão disponíveis na rede
Existem diferentes sites com
informações e orientações de pesquisa
para quem quiser ler um pouco mais.
O que vimos foram algumas pinceladas
bem superficiais. Todas essas teorias
são muito mais profundas e
desenvolvidas.
Existem diversas outras abordagens e
teorias que vale a pena conhecer,
mesmo que superficialmente.
20.
21. Ler
Fichar
Resumir
Resenhar
Concluir
Praticar
Pensar
O mais importante:
Notas do Editor
Por que a tradução técnica?
Já existe muita coisa para a tradução literária e tradutores técnicos costumam ser mais avessos à teorizações.
TAUS
O divisor de águas, em termos de instrumentos, pode ser marcado pelo momento em que a tradução passa a ser feita em ambientes específicos, diferenciando-se das ferramentas dedicadas somente à escrita. Essa passagem indica a importância que a tradução em volumes crescentes vem assumindo desde então.
Esse é mais ou menos o período em que a tradução se configurou como uma indústria multibilionária, por força dos processos tecnológicos e globalizados.
No caso dos instrumentos de escrita
Primeiro impacto dos PCs foi maior sobre a indústria editorial com alterações importantes nos processos, principalmente na composição e produção gráfica
O uso crescente de ferramentas de automatização vem criando novas atividades, como a pós-edição de textos pré-traduzidos pela combinação de memórias, resultantes de traduções humanas e de sistemas de alinhamento automáticos, e tradução por máquina.
Holmes era linguista e apaixonado por tradução de poesia, o que não o impediu de abrir uma gama infinita de novos horizontes para a tradução e suas pesquisas
A grande mudança que começa a se desenhar nos anos 70, e explode nos 80, é a importância de se pensar a tradução de forma independente do original. Por sua ação dentro da cultura na qual está inserida e para a qual se dirige.
Às questões como fidelidade, equivalência, transposição de significado, são acrescidas discussões sobre as inúmeras influências da tradução e as diversas forças que interferem em sua produção.
A teoria incorpora alguns aspectos da teoria da comunicação, de autores como Jackobson e suas funções da linguagem
Há uma maior preocupação com a maneira como a mensagem do texto traduzido será recebida pelo destinatário e menos com a sua fidelidade ao texto de partida.
A segmentação pode ser vista como uma visão restrita do processo de tradução, limitada ao nível da frase, ou até mesmo da palavra, no momento em que estamos traduzindo. Nem sempre temos uma visão geral dos textos, ou mesmo acesso a textos integrais. Isso diminui a nossa propriedade sobre o conteúdo geral do trabalho.
A situação se agrava com o trabalho em servidor, quando temos acesso ainda mais parcial aos arquivos, ao texto inteiro e até mesmo à memória. Além do fato de muitas vezes perdermos o acesso aos trabalhos já feitos, o que impede a consulta a soluções passadas.
A teoria dos polissistemas é predominantemente voltada para a tradução literária. As traduções atenderiam demandas que surgem na cultura de chegada. Obras literárias são traduzidas por diversos motivos, mas basicamente por decisões tomadas na cultura de destino.
Mas, se considerarmos as condições de nações periféricas, essa visão pode ser questionada, inclusive quanto à indústria editorial. A ficção de consumo, por exemplo, embora alimente uma demanda do mercado local, cada vez mais responde a uma necessidade de sucesso global das obras.
Do ponto de vista da tradução técnica, é igualmente válido questionar se a necessidade da tradução nasce de uma demanda dos mercados receptores, ou da necessidade de globalização dos produtos.
A teoria dos polissistemas é predominantemente voltada para a tradução literária. As traduções atenderiam demandas que surgem na cultura de chegada. Obras literárias são traduzidas por diversos motivos, mas basicamente por decisões tomadas na cultura de destino.
Mas, se considerarmos as condições de nações periféricas, essa visão pode ser questionada, inclusive quanto à indústria editorial. A ficção de consumo, por exemplo, embora alimente uma demanda do mercado local, cada vez mais responde a uma necessidade de sucesso global das obras.
Do ponto de vista da tradução técnica, é igualmente válido questionar se a necessidade da tradução nasce de uma demanda dos mercados receptores, ou da necessidade de globalização dos produtos.
A virada cultural permitiu incorporar aspectos diversos aos Estudos da Tradução, tais como questões de gênero, relações com línguas e culturas minoritárias, perspectivas ideológicas, visibilidade do tradutor E da tradução, e assim por diante.
O que temos visto com o avanço tecnológico é um aumento exponencial de taduções e tradutores. Nunca antes na história do mundo tantos traduziram tanto.
A diversificação caminha pari passu com a crescente necessidade de especialização
A tecnologia, igualmente, colocou a tradução no centro dos processos de globalização. Nenhum produto globalizado chega hoje ao mercado sem o suporte contínuo da tecnologia e da tradução.Isso explica a sofisticação contínua das ferramentas, a profissionalização do mercado, a proliferação de empresas assim como a canibalização corporativa.
E também os processos de precificação de todas as atividades ligadas à tradução.
A maioria das pesquisas que vem sendo feitas na área de tecnologia limita-se à questões de produtividade, interferência na qualidade, vantagens e desvantagens. Pouca gente se dedica às transformações que a tecnologia implicou para a profissão e a consolidação da Tradução como uma indústria central do capitalismo globalizado.
A maioria desses são livros introdutórios, mas que abrem as portas para todo o universo teórico da tradução.