O documento resume as principais doutrinas do calvinismo e do arminianismo. O calvinismo acredita na depravação total do homem, eleição incondicional, expiação limitada, graça irresistível e perseverança dos santos. Já o arminianismo defende a depravação total, expiação para todos, graça resistível, livre-arbítrio do homem e eleição condicional.
O Livro dos Mortos do Antigo Egito_240402_210013.pdf
Doutrinas Calvinistas e Arminianas
1. CALVINISMO
▪ Depravação total do homem
Também chamada de "depravação radical", "corrupção total" e "incapacidade total". Indica que
toda criatura humana, em sua condição atual, ou seja, após a queda, é caracterizada pelo pecado,
que a corrompe e contamina, incluindo a mente. Por isso, afirma-se que ninguém é capaz de
realizar o que é verdadeiramente bom aos olhos de Deus. Em contrapartida, o ser humano é
escravo do pecado, por natureza hostil e rebelde para com Deus, espiritualmente cego para a
verdade, incapaz de salvar a si mesmo ou até mesmo de se preparar para a salvação. Só a
intervenção direta de Deus pode mudar esta situação.
▪ Eleição incondicional
Eleição significa "escolha". É a escolha feita por Deus desde toda a eternidade, daqueles a quem
ele concedeu a graça da salvação. Esta escolha não se baseia no simples mérito, ou na fé das
pessoas que ele escolhe, mas se baseia em sua decisão soberana e incondicional, irrevogável e
insondável. Isso não significa que a mesma salvação final é incondicional, mas que a condição em
que assenta (fé) é concedida também pela graça de Deus, como seu presente para aqueles a
quem Ele escolheu incondicionalmente.
▪ Expiação particular (ou Expiação Limitada)
Também chamada de "redenção particular" ou "redenção definida", significa a doutrina segundo a
qual a obra redentora de Cristo foi apenas visando a salvação daqueles que têm sido alvo da graça
da salvação. A eficácia salvífica do Cristo redentor, então, não é "universal" ou "potencialmente
eficaz" para quem iria recebê-lo, mas especificamente designada para consolidar a salvação
daqueles a quem Deus Pai escolheu desde antes da fundação do mundo. Os calvinistas não
acreditam que a expiação é limitada em seu valor ou poder (se Deus o Pai quisesse, teria salvo
todos os seres humanos sem excepção), mas sim que a expiação é limitada na medida em que foi
destinada para alguns e não para todos.
▪ Vocação eficaz (ou Graça Irresistível)
Também conhecida como: "graça eficaz", esta doutrina ensina que a influência salvífica do Espírito
Santo de Deus é irresistível, superando toda e qualquer resistência. Quando então, Deus
soberanamente visa salvar alguém, o indivíduo não tem como resistir à essa graça da vida eterna
com o próprio Deus.
▪ Perseverança dos santos
Também conhecida como "preservação dos santos" ou "segurança eterna", este quinto ponto
sugere que aqueles a quem Deus chamou para a salvação, e depois, à comunhão eterna com ele
(" santos ", segundo a Bíblia) não podem cair em desgraça e perder sua salvação. Mesmo que, em
suas vidas, o pecado os leve a renunciar à sua profissão de fé, eles (se eles são autênticos
eleitos), mais cedo ou mais tarde, retornarão à comunhão com Deus. Essa doutrina é baseada
no fato de que a salvação é obra de Deus do começo ao fim, que Deus é fiel às Suas promessas,
e que nada nem ninguém pode impedir Seus propósitos soberanos. Este conceito é bem diferente
do conceito usado em algumas igrejas evangélicas, de "uma vez salvos - salvos para sempre",
apesar da apostasia, a falta de arrependimento ou a permanência no pecado, desde que eles
tiverem realmente aceito a Cristo no passado. No ensino tradicional calvinista, se uma pessoa cai
em apostasia ou não mostra mais sinais de arrependimento genuíno, pode ser prova de que ele
nunca foi realmente salvo, e, em seguida, que não fazia parte do número dos eleitos.
2. ARMINIANISMO
▪ A depravação é total: Arminius declarou: "Neste estado [caído], o livre-arbítrio do homem para o
verdadeiro bem não está apenas ferido, enfermo, inclinado, e enfraquecido; mas ele está também
preso, destruído, e perdido. E os seus poderes não só estão debilitados e inúteis a menos que seja
assistido pela graça, mas não tem poder algum exceto quando é animado pela graça divina."[6]
▪ A expiação destina-se a todos: Jesus morreu para todas as pessoas, Jesus atrai todos a si
mesmo, e todas as pessoas têm oportunidade de se salvarem pela fé.[7]
▪ A morte de Jesus satisfaz a justiça de Deus: A penalidade pelos pecados dos eleitos é paga
integralmente através da obra de Jesus na cruz. Assim, a expiação de Cristo é destinada a todos,
mas requer a fé para ser efetuada. Arminius declarou que: "Justificação, quando usado para o ato
de um juiz, também é exclusivamente a imputação da justiça através da misericórdia... ou esse
homem é justificado diante de Deus... de acordo com o rigor da justiça sem qualquer
perdão."[8] Stephen Ashby esclarece: "Arminius só considera duas maneiras possíveis em que o
pecador pode ser justificado: (1) pela nossa adesão absoluta e perfeita à lei, ou (2) exclusivamente
pela divina imputação da justiça de Cristo."[9]
▪ A graça é resistível: Deus toma a iniciativa no processo de salvação e a sua graça vem a todas as
pessoas. Esta graça (muitas vezes chamada de preveniente ou pré-graça regeneradora) age em
todas as pessoas para convencê-las do Evangelho, chamá-las fortemente à salvação, e capacitar a
possibilidade de uma fé sincera. Picirilli declarou que "realmente esta graça está tão próxima da
regeneração que ela leva inevitavelmente a regeneração, a menos que, por fim seja
resistida." [10] A oferta de salvação por graça não age irresistivelmente em um simples causa-efeito
(i.e num método determinístico), mas sim de um modo de influência-e-resposta, que tanto pode ser
livremente aceita e livremente negada.[11]
▪ O homem tem livre arbítrio para responder ou resistir: O livre-arbítrio é limitado pela soberania
de Deus, mas a soberania de Deus permite que todos os homens tenham a opção de aceitar o
Evangelho de Jesus através da fé, simultaneamente, permite que todos os homens resistam.
▪ A eleição é condicional: Arminius define eleição como "o decreto de Deus pelo qual, de Si
mesmo, desde a eternidade, decretou justificar em Cristo, os crentes, e aceitá-los para a vida
eterna."[12] Só Deus determina quem será salvo e a sua determinação é que todos os que crêem
em Jesus através da fé sejam justificados. Segundo Arminius, "Deus a ninguém preza em Cristo, a
menos que sejam enxertados nele pela fé".[12]
▪ Deus predestina os eleitos a um futuro glorioso: A predestinação não é a predeterminação de
quem irá crer, mas sim a predeterminação da herança futura do crente. Os eleitos são, portanto,
predestinados a filiação pela adoção, glorificação, e vida eterna.[13]
▪ A justiça de Cristo é imputada ao crente: A justificação é sola fide. Quando os indivíduos se
arrependem e creem em Cristo (fé salvífica), eles são regenerados e trazidos a união com Cristo,
pela qual a morte e a justiça de Cristo são imputados a eles, para sua justificação diante de
Deus.[14]
▪ A segurança eterna é também condicional: Todos os crentes têm plena certeza da salvação com
a condição de que eles permaneçam em Cristo. A salvação é condicional a fé, portanto, a
perseverança também é condicional.[15] A apostasia (desvio de Cristo) só é cometida por uma
deliberada e proposital rejeição de Jesus e renúncia da fé.[16]