O documento discute diferenças entre o português e o inglês no uso de verbos e sujeitos em orações. Em português, orações podem não ter sujeito explícito ou o sujeito pode ser oculto, ao contrário do inglês. O documento também aborda o uso de dupla negação em português versus a proibição dela no inglês.
2. Do ponto de vista fonético, em frases afirmativas, a
presença ou não do verbo TO BE é quase imperceptível aos
ouvidos do aluno principiante que está acostumado com a
clara sinalização fonética da presença de qualquer verbo
em português. Obviamente, a função gramatical de um
verbo numa frase é preponderante. Portanto, se faltar
onde deveria estar, ou se ocorrer quando não deveria, o
erro é grosseiro.
3. O aluno com este tipo de dificuldade deve treinar o ouvido e a
pronúncia, até acostumar-se a perceber a grande diferença
funcional deste pequeno detalhe fonético.
4.
5. Em português, temos orações sem sujeito e orações cujo
sujeito está oculto:
(1)Está chovendo – oração se sujeito (fenômenos da natureza, passagem de
tempo, verbo “haver” com sentido de “existir”)
(2)Corro todos os dias para pegar o ônibus – sujeito oculto (implícito na
oração devido à desinência verbal)
Em inglês, isso não ocorre. Não podemos ocultar o sujeito
da oração, simplesmente, ou retirá-lo dela.
(3) It’s rainning.
(4)*Is rainning.
(5)Run every day to get the bus.
6. No primeiro caso, a oração seria classificada como sem sujeito se
estivéssemos analisando o português, pois indica fenômeno da
natureza. É por esse motivo que os falantes de português
apresentam dificuldade, quando começam a aprender a língua
inglesa, em realizar sentenças como (3) da maneira correta.
O que normalmente ocorre é a realização de sentenças como em
(4), na tentativa de expressar o que se quer dizer em (3). A sentença
(4), no entanto, não é boa em língua inglesa.
No caso da sentença (5), ocorre algo curioso. Ao retirar o sujeito
da frase, ela passa a existir no imperativo, atuando
possivelmente como uma ordem. Isso acontece porque a
desinência em inglês só difere em 3ª pessoa do singular.
7. a) Eu não tenho nenhuma dúvida.
b) Isso não me interessa nada.
c) Eu não vi ninguém.
Nas frases anteriores, utilizam-se dois elementos negativos na mesma
frase. O uso de duas formas de negação serve para reforçar a negativa.
Quando o advérbio “não” surge em primeiro lugar, podem surgir
pronomes indefinidos com sentido negativo em segundo lugar (nenhum,
nada, ninguém…). Assim, qualquer uma das frases acima apresentadas
está correta.
8. Contudo, caso o pronome indefinido com sentido negativo surja
no início da frase, não se deve usar o advérbio “não”. Exemplos:
- Ninguém te viu.
- Nada me interessa.
Em relação à frase da alínea a) podemos, ao invés do uso da
dupla negativa, usar o “não” seguido de algum (alguma, alguns,
algumas), desde que este apareça antes do substantivo.
Exemplo:
- Eu não tenho dúvida alguma.
9. No português normalmente colocamos dupla-negações na mesma
frase. Pronomes indefinidos como NADA, NENHUM, NINGUÉM,
podem ser usados livremente em frases negativas. Isto em inglês é
gramaticalmente incorreto. Exemplos:
Não tem nada que eu possa fazer. - There's nothing I can do. /
There isn't anything I can do.
Eu não tenho nenhum problema. - I have no problems. / I don't have
any problems.
Não tem ninguém em casa. - There's nobody home. / There isn't
anybody home.