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ViverBrasil
edição 206
fevereiro 18
distribuição
gratuita
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MINEIROS TIPO
EXPORTAÇÃO
Conheça o percurso de jovens que deixaram
o estado para conquistar um lugar no Vale
do Silício, a Meca da inovação e da tecnologia
ESPECIAL NOVA LIMA CIDADE DIVERSIFICA ECONOMIA E ATRAI INVESTIMENTOS
ARTIGO PCO ELEITORES OMISSOS PERPETUAM CORRUPÇÃO NO PAÍS
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André Souza: trajetória
de sucesso na Google
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MG 030, 8625 - NOVA LIMA
VALE DO SERENO
31 3547.8504
S E R E N A M A L L . C O M . B R
6
SUMÁRIO
—
62 Deputamadre chega aos 15 anos como bastião
da resistência da música eletrônica de BH
—
48 O mineiro Pablo Oazen, vencedor do Masterchef 	
Profissionais, ensina atum do sertão na Viver Gourmet
COLUNAS
14 Coluna do PCO
16 Entre Aspas
42 Minas Inova
45 Semi & Novos
48 Viver Gourmet
52 Viver Melhor
54 À Flor da Pele
56 De BH para...
66 Passeio Cultural
70 Viver Fashion
72 Zoom
ARTICULISTAS
22 Paulo Cesar de Oliveira
28 Olavo Machado
44 Paulo Paiva
46 Wagner Gomes
55 Sérgio Murilo Braga
61 José Martins de Godoy
114 Hermógenes Ladeira
SEÇÕES
18 Política
24 Entrevista
30 Especial Capa
47 Solidariedade
50 Chefs de Minas
58 Turismo
62 Empresa
64 Perfil
68 Moda
78 Especial Nova Lima
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Paulo Cesar de Oliveira
DIRETOR
Gustavo Cesar Oliveira
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EDITORIAL
Fevereiro chega quente, com o verão, o calor do
Carnavaleapolíticaefervescenteemanodeelei-
ção. Há que se ter um mínimo de juízo. O sol em
excessoqueima,assimcomooálcooleosaditivos
detonamasaúdeeojuízo.Ummínimodepreser-
vação é importante. Tirando a parcela mínima,
é aproveitar essa beleza vasta que temos junto a
um povo fino, disposto, animado e receptivo.
Esses somos nós. E também somos os respon-
sáveis por nossas vidas, pelo dia a dia que nos
forma e nos leva até o amanhã. O momento pre-
sente é um dos mais confusos e urgente de solu-
ções.Oprocessopolítico,atéentãoaceito,colocou
quasetudodecabeçaprabaixo.Commuitosacer-
tosalcançadosnosúltimosanos–talvezosmaio-
res símbolos sejam a Lava Jato e as reformas – ,
muitas coisas se adaptaram a novas realidades.
Assim, 2017 terminou menos amargo e tra-
zendo expectativas melhores. Mesmo que sejam
melhorasrasteiras,jásãosinais deoutroclima.
Precisamos acreditar. Só assim superamos
medos,problemasquenoscercam,costumesde-
safiados com a evolução que tanto buscamos.
Nessadireção,amatériadecapadestaedição
mostra a infinidade de mudanças que estamos
passando, em espacial as ligadas à tecnologia.
O fax que passou a mandar cartas, o computa-
dor que passou a conectar o mundo, os e-mails
que criaram mais um ramal de comunicação,
os smartphones que trouxeram tantos conheci-
mentosesoluçõesparaapalmadamão.Tudoisso
a partir de gente disposta a reinventar o mundo,
que muda tão aceleradamente.
Umdosprincipaispilaresdessastransforma-
ções é o famoso Vale do Silício, sede de algumas
de grandes empresas de tecnologia, cientistas,
pessoas inovadoras que transformam o seu e o
meudia–comoaGoogle.Naspróximaspáginas,
a Viver Brasil inteirinha pra você. Espero que
aproveitem e, em março, estaremos de volta! vb
NOVOS TEMPOS, BRASIL!
GUSTAVO CESAR OLIVEIRA
gco@vbcomunicacao.com.br
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a matérias. Cartas e mensagens devem trazer o nome completo e o endereço.
Além do nome do autor, o e-mail também poderá ser publicado. Por razões
de espaço ou clareza, os textos poderão ser publicados resumidamente.
"Interessante a reportagem
sobre a reforma trabalhista,
mas não sei se realmente vai
gerar mais empregos no país"
@ana.l.carvalho
OS DILEMAS DA REFORMA
A reforma trabalhista veio para
quebrar ainda mais o país! Se o
presidente quer gerar empregos e
crescimento, é preciso motivar as
pessoas a abrir empresas no Brasil.
As medidas de Temer precarizam
ainda mais a situação do trabalhador
brasileiro, favorecendo apenas as
grandes empresas, que farão muita
economia à custa dos empregados.
antônio ribeiro
NOBRES E ATRAENTES
Os veganos que me desculpem,
mas uma boa carne é fundamental!
Os açougues gourmet, cada vez
mais populares, são ótimos para
quando queremos fazer um prato
especial, caprichar no churrasco
ou mesmo dar uma variada na
rotina. Vou aproveitar as indicações
para conhecer outros açougues
e experimentar outros cortes.
paulo gonçalves
VIVER GOURMET
O fish’n’chips à brasileira
ficou sensacional! Já havia
experimentado o prato tradicional
da Inglaterra, mas confesso que
os nossos ingredientes aplicados
ao prato aprimoraram bastante
a receita! Sou fã do chips de
banana, e o molho de moqueca
ficou ótimo para acompanhar.
maria carolina andrade
PELO WHATSAPP, MANDE DICAS
E SUGESTÕES. FALE COM A VB!
(31) 98272-0289
INSPIRADO PELAS NOVIDADES
Legal conhecer mais a história do
chef Leo Paixão! Adoro os pratos do
Glouton e não tinha ideia de quão
trabalhoso era o processo criativo
e de execução das receitas. Agora
quero conhecer o Nicolau! A alta
gastronomia tem o seu espaço, mas
na hora de matar a fome, o que gosto
mesmo é da baixa gastronomia.
ricardo costa
INTERCÂMBIO EM
DESTINOS EXÓTICOS
O crescimento da escolha por
destinos diferentes para fazer
intercâmbio é muito interessante.
Mais do que praticar outras línguas,
a experiência de estudar fora deve
nos proporcionar uma troca de
culturas! Seria interessante falar
também dos intercâmbios da Aiesec,
que são voluntários e em destinos
que precisam de ajuda humanitária.
maria aparecida bittencourt
CADA VEZ MAIOR
Vem, Carnaval! A folia belo-
horizontina está cada vez mais
bonita, mais cheia, mais viva,
mais colorida. Bonito demais ver
a cidade reflorescer durante o
feriado. Por aqui, a festa começou
cedo este ano e promete durar
até o final de fevereiro. Vida
longa ao Carnaval de BH!
gabriela camelo
12
—
@viverbrasilrevista
fb.com/revistaviverbrasil
revistaviverbrasil.com.br
VIVER
ON-LINE
LEITOR REPÓRTER
—
Serra do Cipó
Enviada por: João Couto
—
É a sua vez de mostrar que
tem faro jornalístico. Fotografou
uma cena bela ou inusitada?
Envie para o e-mail
redacao@vbcomunicacao.com.br
MAIS ACESSADAS
—
1. Leitor Repórter
2. Os dilemas da reforma
3. Inspirado pelas novidades
INSTAGRAM
—
Revista Viver Fashion:
moda, tendências
e passarelas
COLUNA
DO PCO
paulo cesar de oliveira
14
SUCESSÃO EM MINAS
Segundoosanalistas,hojeogovernadorFernan-
doPimentelestariareeleitoapesardeaoposição
dizerocontrário.Noentanto,osnomesqueestão
correndo por fora ainda não emplacaram, como
éocasodeMarcioLacerdaeDinisPinheiro–que
continuamviajandopelointerior.Odeputadofe-
deralRodrigoPachecodeixaoPMDBevaiparao
DEM.Chegaumainformaçãoqueumfortenome
do PMDB mandou fazer uma pesquisa para ver
a real possibilidade de ser candidato. Se estiver
bem, a sucessão vai dar uma embolada. Porém,
tudoéespeculaçãoePimenteltrabalhatranqui-
lo mesmo com o líder maior do PT, Lula, tendo
entrado numa situação super-enrolada.
AÉCIO EM BAIXA
Depois dos escândalos em que
esteve envolvido e até foi afastado da
presidência do PSDB, o senador Aécio
Neves entrou em baixa mas continua
“se achando” e considera que “continua”
mandando na política mineira como
era quando governador. Acredita que
dá ordens nos tucanos mineiros mas
muitos fazem “ouvidos de mercador”.
MISSÃO CRUCIAL
Os deputados têm a missão crucial
de aprovar a reforma da Previdência
para criar condições para a construção
de um Brasil mais moderno, mais
justo e equilibrado, sem privilégios
e mais igual para todos. O recado
é do presidente da Fiemg, Olavo
Machado Jr, que tem conversado
com parlamentares mineiros sobre a
importância do tema para o país.
O TEMA DO MOMENTO
O combate à corrupção ocupa a
agenda do país há algum tempo.
Sancionada em agosto de 2013, a lei
anticorrupção (12.846/13) completará
cinco anos em 2018. A norma, que prevê
a punição de pessoas jurídicas que
praticam atos de corrupção e outros
ilícitos contra a administração pública,
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FABINHO NA PRESIDÊNCIA
—
REFERÊNCIA NACIONAL
—
O deputado federal Fábio Ramalho, vice-presi-
dente da Câmara e hoje um dos políticos minei-
ros de maior prestígio na república, é candidato
a suceder Rodrigo Maia na presidência da Casa.
Fabinho, como é carinhosamente chamado, já
trabalha as bases como fez para se eleger vice-
-presidente. Prestativo como ele só, Fabinho Li-
derança é procurado por gente de todo o Brasil.
O Espaço Águas Claras, em Macacos, distrito de
Nova Lima, está chegando aos seus 6 anos e tor-
nou-se referência nacional em spa com pessoas
de vários estados vindo usufruir do local para
emagrecimento e para descansar a cabeça. Um
dos pontos fortes é a sua cozinha. O Águas Cla-
ras é comandado por Simone Gomes (foto), Ana
Beatriz Pinheiro e Christiano Campos.
foi regulamentada no âmbito federal
em 2015, por meio do decreto 8.420.
Já em âmbito regional, em apenas
14 estados brasileiros encontra-se
regulamentação. Isso tudo sem falar na
interpretação mutante do STF sobre o
tema, dependendo de quem seja o réu.
MELHOR CAMINHO
Para os peemedebistas que pensam
em ter candidatura própria ao governo
de Minas, o vice-presidente da Câmara
e coordenador da bancada federal
mineira, Fábio Ramalho avisa: nós temos
os votos necessários para continuar com
o governador Fernando Pimentel e o PT,
que é o melhor caminho para o partido.
REFIS SURPREENDE
Relator do Refis, o deputado federal
Newton Cardoso Jr, comemora o salto
na arrecadação do governo, de R$
30 bilhões. O programa permite o
parcelamento e a renegociação de
dívidas tributárias e foi considerado um
sucesso. Para o deputado, quando o
trabalho é sério, o resultado aparece.
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ENTRE
ASPAS
Sueli Cotta
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TELHADO DE VIDRO
Se confirmadas as previsões do líder governis-
ta no Legislativo mineiro, Durval Ângelo (PT),
esta será uma eleição sem ataques. Apesar do
farto material para ser usado nos programas
eleitorais, praticamente todos os partidos têm
telhado de vidro. Poucos escapam das denún-
cias de corrupção, caixa 2 e uso indevido de
recursos públicos feitas pelo Ministério Públi-
co Federal. Caberá ao eleitor mostrar que tem
memória e escolher melhor seus candidatos.
CARTÃO SEM LIMITES
A Presidência da República fechou 2017 em
segundo lugar no ranking dos órgãos que mais
gastam com cartão corporativo. Foram quase
R$ 12 milhões, pouco menos do que o Minis-
tério da Justiça, que usou R$ 12,1 milhões no
mesmo período. Como se vê, para as demandas
do governo não há crise.
CONGESTIONAMENTO
ELEITORAL
A morosidade da Justiça Eleitoral para julgar
as denúncias contra candidatos vai acabar
causando congestionamento eleitoral. Só nos
primeiros meses de 2018 serão realizadas elei-
ções nas cidades mineiras Ibituruna, Campo
Azul e Santa Luiza e nos municípios de Novo
Aripuanã (AM) e Paraú (RN).
“Não são as espécies
mais fortes que
sobrevivem, nem
as mais inteligentes,
e sim as mais
suscetíveis
a mudanças.”
charles darwin
“Os idiotas vão tomar
conta do mundo,
não pela capacidade,
mas pela quantidade.
Eles são muitos.”
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O CURINGA ANASTASIA
Distante do perfil de parlamentar tradicinal, senador é nome forte
do PSDB para disputa eleitoral nacional e em Minas. Mas ele declina
Ele não tem perfil do político tradicional. Estu-
dioso e disciplinado, tornou-se referência em
administração pública e sua palavra costuma
ser referendada até por adversários. Trata-se
do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG),
nome cogitado para a disputa nacional e para
o governo de Minas das eleições 2018.
Anastasia já avisou que não será candidato.
Não fez e nem pretende fazer nenhum movi-
mento neste sentido. Mesmo porque a direção
nacional do partido marcou a realização das
prévias para 4 de março, quando deve ser con-
firmado o nome do governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin, para a candidatura à Pre-
sidência da República. Por enquanto, além de
Alckmin, apenas o prefeito de Manaus, Arthur
Virgílio, também está cotado.
Mas, no ninho tucano, o nome de Anastasia
é tratado como possibilidade, caso Alckmin
seja impedido, por alguma razão, inclusive de
viabilidade eleitoral. Mesmo querendo distân-
cia do processo, ele também é lembrado para
ser vice, se houver acordo entre os partidos.
Secretário-geral do PSDB, o deputado federal
Marcus Pestana lembra que a indicação do
vice deve ser das legendas alinhadas ao PSDB.
Nesse processo, a vaga caberia ao DEM. Essas
negociações não impedem, no entanto, que
todas essas hipóteses sejam analisadas, dese-
jadas e com sorte, concretizadas.
O senador mineiro observa essa movi-
mentação e nega categoricamente a pretensão
de participar do processo eleitoral, a não ser
nas articulações políticas, como tem feito em
—
Tucano ainda é lembrado como vice e
peça fundamental nas articulações políticas
18
P O LÍTI CA
Minas. Ele tem conduzido as conversas com
aliados e busca manter o grupo unido. Mas tem
ouvido com frequência que seu nome é o único
que conseguiria garantir a reedição da aliança.
A pressão que vem sofrendo é grande. O próprio
Alckmin chegou a apelar para que ele partici-
passe da eleição ao governo de Minas. Em vão.
Pestana acredita que Anastasia uniria o
grupo e seria um candidato forte, com condi-
ções de fazer com que o PSDB ocupe novamente
o Palácio da Liberdade. Como essa possibilida-
de está praticamente descartada, os tucanos
não devem lançar candidatura. E foi esse o re-
cado que Anastasia enviou para Alckmin, o de
que o partido deve apoiar um de seus aliados.
As conversas estão avançadas e pelo menos
três nomes estão no páreo: o de Dinis Pinheiro
(PP), do ex-prefeito Marcio Lacerda (PSB) e do
deputado federal Rodrigo Pacheco (PMDB).
Entrando ou não na disputa, Anastasia será
fundamental como cabo eleitoral em nível na-
cional e no estado. Seu prestígio vai além dos
limites partidários. O eleitor reconhece nele o
perfil de parlamentar sem os vícios da políti-
ca. Para o cientista político Malco Camargos,
Anastasia é um tipo entre o “velho político” e
o novo “gestor”. Ele incorpora as duas qualida-
des, experiência e perfil técnico, e, por isso, é
tido como curinga. Outros fatores importan-
tes, segundo Malco, são sua atuação como peça
importante no governo de Aécio Neves, e a aura
de professor, de alguém que adquiriu conheci-
mento. Esses aspectos justificariam o fato de
que, no momento de maior descrédito da classe
política, ele aparece quase como unanimidade.
Também é um dos poucos parlamentares que
consegue usar a ponte aérea, entrar em restau-
rantes e lugares públicos sem ser hostilizado.
Ao contrário, é cercado e cumprimentado.
Mas sua carreira não foi construída da
noite para o dia. Graduado e mestre em Direito
pela UFMG, Anastasia iniciou contato com a
política ainda jovem, como assessor jurídico do
relator da Constituinte Mineira, deputado Bo-
nifácio Mourão (PSDB), em 1989. Logo depois,
entrou na administração pública como secre-
tário-adjunto de Planejamento no governo de
Hélio Garcia (PTB), entre 1991 e 1994. Em 1995,
assumiu o cargo de secretário-executivo do
Ministério do Trabalho, com o então ministro
Paulo Paiva. Com a saída dele, ocupou o cargo
de ministro interino de FHC.
Do Planalto, Anastasia coordenou o pro-
grama de governo da campanha de Aécio, em
2002. Vencidas as eleições, ele implementou o
choque de gestão em Minas. O novo modelo aca-
bou servindo de exemplo para outros estados e
impulsionou sua carreira política. Em 2006,
integrou a chapa majoritária do PSDB, sendo
candidato a vice-governador. Com a vitória nas
urnas, assumiu o controle das contas do estado.
Caminho sem volta, pouco depois, em
março de 2010, Anastasia assumiu o governo,
com a renúncia de Aécio, para disputar o Se-
nado. Também enfrentou as urnas no mesmo
ano, como cabeça de chapa pela primeira vez,
—
Malco Camargos, cientista político
“ELE É UM TIPO ENTRE O VELHO
POLÍTICO E O NOVO GESTOR:
INCORPORA AS DUAS QUALIDADES,
EXPERIÊNCIA E PERFIL TÉCNICO”
E D I ÇÃO 206 | F E V E R E I RO 2018
19
sendo reeleito em primeiro turno, com 62,72%
dos votos válidos. Nesse momento, passou a ter
mais intimidade com as artimanhas políticas e
conseguiu manter forte base de apoio. O grupo
que o apoiou se mantém ligado a ele até hoje.
Em 2014, Anastasia se elegeu para uma das
três cadeiras do Senado destinadas a Minas.
Dois anos depois, foi escolhido relator do pro-
cesso de impeachment da então presidente
Dilma Rousseff. Com a indicação, Anastasia
teve a vida vasculhada, o governo analisado
por lupa e enfrentou a fúria petista. Bombar-
deado por todos os lados, ele se manteve firme.
As críticas não surtiram efeito e o senador con-
cluiu o relatório e o parecer de 441 páginas,
considerando que as acusações contra Dilma
eram graves e substanciais. Dilma foi afastada
definitivamente em 31 de agosto de 2016.
Foi a partir desse momento que Anastasia
passou a ser considerado nome forte do PSDB
para a presidência. De senador e ex-gover-
nador, passou a ser um dos políticos mais co-
mentados. A fama parece ter lhe dado ânimo
para intensificar a atuação no Senado, onde
encontrou vocação. Bem à vontade na função
de parlamentar, ele tem encontrado respal-
do para colocar em prática a experiência na
administração pública, com apresentação de
propostas para corrigir distorções nas leis.
Um de seus projetos, por exemplo, busca am-
pliar a segurança jurídica e melhorar as deci-
sões públicas. “O estado tem a incapacidade de
gerar confiança nas pessoas, nas empresas e no
terceiro setor. Ou melhoramos nosso ambien-
te institucional ou o estado será um inimigo,
jamais um parceiro”, defende o senador, que
acredita que a proposta vai impactar a socieda-
de e atrair mais investimentos. Outro projeto
aprovado por unanimidade é o que simplifica
convênios e a prestação de contas de pequenos
municípios, o Simples Municipal. A ideia é ga-
rantir tratamento diferenciado a municípios
de pequeno porte, facilitando o acesso a mais
recursos e tornando a prestação de contas mais
condizentes com a realidade de escassez dessas
prefeituras. A medida, em trâmite na Câmara,
deve beneficiar mais de 70% das cidades.
Sua atuação chamou a atenção dos órgãos
que acompanham os trabalhos dos congressis-
tas e Anastasia foi escolhido por três anos con-
secutivos como um dos “cabeças do Congresso”
pelo Departamento Intersindical de Assessoria
Parlamentar (Diap). O empenho tem razão de
ser. É no Senado que ele coloca em prática os
conhecimentos teóricos conquistados em sala
de aula, inclusive como professor, sua experi-
ência na administração pública e agora, mais
intensamente, nas articulações políticas.
Ao que tudo indica, a maior dificuldade do
congressista mineiro será o de convencer os
líderes tucanos e os partidos aliados de que ele
prefere ficar no Senado a entrar em disputas
eleitorais, mesmo que isso signifique o encolhi-
mento da sobrevivência da legenda. vb
—
Relator do impeachment: parecer teve 441 páginas
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A R TI CU LI S TA
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ELEITORES OMISSOS
irresponsáveis mesmo. E que não venham com
o discurso de que o eleitor se afastou da polí-
tica, enojado com as ações dos políticos. Não é
verdade. Somos historicamente omissos.
Foi deste tipo de comportamento que surgiu
a figura do rouba, mas faz, lá pelos anos 1950,
eleito. Como o paulista Adhemar de Barros, o
também paulista Paulo Maluf sempre se ele-
geu pela compreensão que o eleitor tem sobre a
corrupção, que a aceita, desde que receba van-
tagens, diretas ou não. Somos nós que alimen-
tamos a corrupção mantendo o poder de cor-
ruptos e elegendo novos bandidos, que já não
podem nem mesmo usar o slogan rouba, mas faz
pois apenas roubam. Mas, apesar da verdade
que apenas prender os responsáveis pelos mal-
feitos não elimina a corrupção, é preciso que a
perseguição a eles seja implacável. Assim pelo
menos conseguimos manter o equilíbrio na
relação corruptos/omissos. Já é alguma coisa. vb
Quem espera ver o fim da corrupção no país,
como resultado da Lava Jato, a maior delas, e
outras operações em curso ou já concluídas,
pode ir contendo seu entusiasmo. Corrupção
não tem fim com processos e prisões. É muito
mais uma questão de mudança de atitude da
população. A advertência não é de nenhum
teórico.Ela é do ex- procurador italiano, co-
nhecido como o czar anticorrupção do país,
Rafaelle Cantoni, que atuou em vários pro-
cessos envolvendo a máfia de seu país. Para
Cantoni, “enquanto os eleitores considerarem
que corrupção não é problema deles” as inves-
tigações não terão efeitos transformadores na
sociedade. Pegam-se os pequenos, permane-
cem os grandes.
O Brasil é um vasto campo de comprova-
ção da tese do italiano. Em todos os níveis
de poder, o que se vê é corrupto carimbado
exercendo mandato ou cargo público.É bem
verdade que não são corruptos condenados
pois, afinal, nosso Judiciário não tem o dina-
mismo que se espera dos que têm a responsa-
bilidade de punir quem não tem respeito pela
coisa pública e pelo mandato que recebeu nas
urnas. Se nosso Judiciário é lento, confuso em
suas decisões, nossos eleitores são omissos,
EM TODOS OS NÍVEIS DE
PODER, O QUE SE VÊ É
CORRUPTO CARIMBADO
EXERCENDO MANDATO
Jornalista
PAULO CESAR DE OLIVEIRA
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EM BUSCA
DE APOIO
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Os argumentos usados pelo governo na busca
de apoio para a reforma da Previdência têm
sensibilizado o setor produtivo. A população,
no entanto, não tem referendado essas mu-
danças, e é essa dificuldade em chegar até o
eleitor que está sendo usada como justifica-
tiva pelos congressistas para se recusarem a
garantir os votos necessários para aprovar a
reforma. O ministro da Secretaria-Geral da
Presidência, Carlos Marun (PMDB), passou
boa parte do recesso dialogando com vários
setores em busca de apoio. Ele esteve na sede
da Federação das Indústrias de Minas Gerais,
onde constatou a receptividade dos empre-
sários. Mas também ouviu a manifestação
de deputados contra a reforma, como deixou
claro o vice-presidente da Câmara, o deputa-
do mineiro Fábio Ramalho (PMDB). Apesar
das resistências, Marun mantém-se otimista
e afirma que não há outro caminho para o
desenvolvimento do país.
CARLOS MARUN
◊
Ministro da Secretaria-Geral da Presidência dialoga com vários
setores da economia, diz que situação do país ficará incerta sem
aprovação da reforma da Previdência e que o Brasil não tem
chance de futuro se as mudanças não forem implementadas
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ESSAS CONVERSAS QUE O SENHOR
TEVE ANTES DO FIM DO RECESSO
PARLAMENTAR PODEM ALTERAR
OS VOTOS DOS DEPUTADOS?
Nós tentamos esclarecer as pessoas para que
elas possam ter um entendimento maior da
aprovação da reforma da Previdência e, ob-
viamente, impactar na disposição dos de-
putados em votar. Temos manifestações da
sociedade, como aconteceu no encontro que
tivemos na sede da Fiemg. São empresários
que criam empregos, têm intenção de inves-
tir e que estão certos de que nós precisamos
fazer essa reforma para que o Brasil continue
crescendo. O crescimento econômico vai tra-
zer melhoria na qualidade de vida para todos
os brasileiros. Praticamente não ocorreram
dúvidas nas conversas com os empresários.
O que nós tivemos foi um retorno do que eles
poderiam fazer para ajudar. A população está
muito interessada em discutir essa questão,
que começa a se esclarecer e aumenta, por
isso, o apoio à reforma da Previdência.
O GOVERNO TEM FALADO EM CORTES DE
PRIVILÉGIOS. O QUE VAI SER CORTADO?
Os privilégios de quem se aposenta precocemen-
te e os que recebem altos valores de aposentado-
ria. São pessoas que se aposentam com 48 anos
e recebem R$ 40 mil. Mesmo sendo legal, é um
privilégio que o Brasil não pode mais pagar.
SEM A REFORMA, O QUE O GOVERNO
PREVÊ PARA A ECONOMIA DO PAÍS?
Tenho certeza de que a situação ficará mais
difícil. Aliás, todos os cidadãos lúcidos têm
essa certeza. Alguns podem até fingir que não
sabem, por outros interesses. Mas é evidente
que, sem a reforma, o futuro do Brasil é com-
pletamente incerto e o rebaixamento da nossa
nota pela agência Standard & Poor’s, de Nova
Iorque, é só um sinal disso.
O QUE SE PERCEBE É QUE OS PARTIDOS DA
BASE E OS QUE ESTÃO NEGOCIANDO COM
O GOVERNO QUEREM SEMPRE ALGUMA
COISA EM TROCA. SÃO CARGOS, COMO
NA CAIXA. COMO O GOVERNO ESTÁ
TRABALHANDO COM ESSAS DEMANDAS?
São várias pendências que estão sendo solu-
cionadas, cada uma a seu tempo. As indica-
ções na Caixa estão dentro da nova linha de
governança decidida pelo próprio governo e
aprovada em lei pelo Congresso Nacional.
COMO ESTÁ SENDO EQUACIONADO O
LOTEAMENTO DE CARGOS NO GOVERNO?
Não existe loteamento no governo. Você pensa
que um presidente da República tem condição
de sozinho montar todo um governo? Ninguém
tem essa condição. Só Deus teria uma condi-
ção como esta. Temos que aceitar sugestões e
fazê-lo de forma organizada. Se a pessoa vai
procurar um professor particular para o filho,
pede conselho para um inimigo ou para um
amigo em relação a quem contratar? Pedimos
sugestões e recebemos sugestões. Isso é um fato
corriqueiro na política. O governo está monta-
do. Essa questão de ocupação de espaço não faz
parte do processo de aprovação da reforma da
Previdência. Pode haver uma mudança aqui,
uma mudança ali, mas o governo está montado.
E A LIBERAÇÃO DAS EMENDAS
PARLAMENTARES. O GOVERNO
TEM RECURSOS PARA LIBERÁ-
LAS E ACALMAR A BASE?
As emendas parlamentares são impositivas e
serão pagas como manda a lei no decorrer do
ano de 2018.
EM ALGUNS ESTADOS, O PMDB QUER SE
ALINHAR AO PT, COMO EM MINAS. COMO
O PARTIDO VAI TRATAR ESSA QUESTÃO?
Acho que as alianças políticas devem se esta-
belecer em torno de princípios. Não sou sim-
pático à ideia de uma união entre PMDB e
PT em Minas e em lugar nenhum. O Rodrigo
Pacheco, por exemplo, é excelente nome no
partido. Torço para que, tanto em Minas como
em todos os estados da União, o PMDB lance
candidato próprio ou faça aliança com parti-
dos do nosso campo político.
NACIONALMENTE, O PMDB VAI DESISTIR DO
LANÇAMENTO DE CANDIDATURA PRÓPRIA?
Não. Estamos nesse projeto de lançar candida-
tura própria ou apoiarmos uma candidatura
que represente esse campo no qual nós estamos
inseridos.Essecampopolíticoqueapoiaasrefor-
mas que nós estamos implementando no Brasil.
INCLUSIVE COM A POSSIBILIDADE
DE BUSCAR A REELEIÇÃO DO
PRESIDENTE MICHEL TEMER?
Vamos respeitar as outras candidaturas que
já estão postas, como a do presidente da Câ-
mara, Rodrigo Maia, a do ministro Henrique
Meirelles, inclusive a candidatura do gover-
nador Geraldo Alckmin. Mesmo o PSDB não
sendo um partido que compõe a base do gover-
no, pode ser sim uma opção. Não afastando
a possibilidade de que o nome do presidente
Michel Temer seja incluído nas discussões,
se ele assim o desejar. Mas só vamos avaliar
a eleição à Presidência depois da votação da
reforma da Previdência.
O SENHOR ACREDITA QUE A ECONOMIA BRA-
SILEIRA VAI MELHORAR A PONTO DE VIABILI-
ZAR A REELEIÇÃO DE TEMER?
Tenho certeza de que a aprovação da reforma
da Previdência vai provocar uma melhora tão
efetiva na economia que vai possibilitar, sim,
o surgimento de uma candidatura lúcida,
que se coloque entre os radicalismos incon-
sequentes de Bolsonaro e de Lula. Essa candi-
datura lúcida vai representar nosso projeto e
tem tudo para vencer as eleições.
DEPOIS DE TUDO O QUE ACONTECEU
NO PAÍS, O SENHOR ACREDITA QUE O
BRASILEIRO ADQUIRIU MATURIDADE
POLÍTICA E VAI SABER DIFERENCIAR
OS PROJETOS DOS CANDIDATOS?
Sim. As pessoas subestimam os brasileiros.
A população tem maturidade política para, no
momento certo, fazer a escolha certa. O que ele
não pode é ser enganado por candidatos que
buscam se eleger mentindo para a população,
falando que a reforma da Previdência não é ne-
cessária, quando qualquer pessoa, com um mí-
nimo de racionalidade sabe que o Brasil não tem
a mínima chance de futuro sem que a reforma
seja rápida e efetivamente implementada. vb
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REFORMA URGENTE
casas populares/ano. Também seria possível
construir 221.664 escolas e 40.786 hospitais.
Reformar a Previdência, portanto, signifi-
ca estancar uma sangria. Dezenas de nações
mundo afora já reformaram seus sistemas pre-
videnciários, adequando-os à nova realidade
demográfica e expectativa de vida. Enquanto
os brasileiros se aposentam, em média, com
59,4 anos, na maioria dos países, a idade é bem
mais alta: Itália (61,4), Grécia (61,6), Espanha
(62,2), Turquia (65,2), Estados Unidos (65,9),
Portugal (67), Chile (70,9) e México (72).
Soma-se ainda a necessidade de corrigir
injustiças. Hoje, a aposentadoria dos trabalha-
dores de empresas privadas é limitada ao teto
de R$ 5.531, sendo que 64% dos beneficiários
recebem apenas um salário mínimo. No setor
público, a situação é bem diferente: as aposen-
tadorias chegam a R$ 10 mil, R$ 20 mil e ao
completo absurdo de mais de R$ 30 mil. A re-
forma poderá promover maior equilíbrio nes-
ses valores, reduzindo privilégios inaceitáveis.
Por todos estes motivos, a indústria mineira
está ao lado daqueles que querem construir
uma nação próspera, geradora de riqueza e
justa na distribuição dos frutos do crescimento
econômico. Não podemos mais esperar. vb
Com o fim do recesso parlamentar, deputados
e senadores retornam com a missão crucial de
aprovar a reforma da Previdência. Ao agirem
assim, criarão condições para a construção
de um Brasil moderno, mais justo e equilibra-
do, sem privilégios e mais igual para todos.
Também criarão ambiente propício a maiores
investimentos em infraestrutura de apoio ao
setor produtivo e em áreas fundamentais para
a população: educação, saúde, saneamento e
segurança pública.
Esta é a posição defendida pelas entidades
representativas do setor produtivo mineiro.
Mobilizadas no Fórum das Entidades Empre-
sariais de Minas Gerais, estas instituições re-
novam e reafirmam seu mais irrestrito apoio à
reforma. Nosso posicionamento se fundamen-
ta na constatação de que não é mais possível
conviver com o rombo anual de R$ 305 bilhões.
Com a economia de R$ 1 trilhão até 2028, seria
possível construir, por exemplo, 1 milhão de
OS PARLAMENTARES
DECIDIRÃO SOBRE O
TIPO DE NAÇÃO QUE
QUEREMOS CONSTRUIR
Presidente do Sistema Fiemg
OLAVO MACHADO
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MINEIROS
NO VALE
DO SILÍCIO
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31
Conheça as histórias de quatro jovens que deixaram
Minas Gerais para conquistar emprego na Google,
uma das empresas mais inovadoras do mundo
Conhecer a sede mundial da Google,
para aficcionados em tecnologia como
eu, equivale à cena de uma daquelas
crianças entrando na Fantástica Fá-
brica de Chocolates de Willy Wonka.
Recebi meu crachá de visitante na re-
cepção do Prédio 43 do Googleplex, em
Mountain View, na Califórnia. Dife-
rente do que é idealizado no filme da
década de 1970, a magia do lugar não
está apenas nos corredores coloridos,
geladeiras repletas de guloseimas,
mascotes espalhados por todo lado e
bicicletas multicoloridas. O encanta-
mento acontece também pelo impacto
que cada produto desenvolvido naque-
le lugar tem em nossas vidas e como
o ambiente é repleto de jovens criati-
vos. É de lá que saem soluções que alte-
ram o cotidiano de bilhões de pessoas
e empresas ao redor do mundo. Você
consegue imaginar sua rotina sem um
e-mail ou sem o mapa no celular? “Dar
um Google” ou “Googlar” já virou ex-
pressão usual, não é mesmo?
Visitei a sede do Google em busca
de boas histórias de mineiros que
trabalham lá. Em meio a centenas
de edifícios e paredes pintadas de
vermelho, azul, verde e amarelo, en-
contrei alguns jovens que deixaram
Minas para buscar o sonho de tra-
balhar nos Estados Unidos. A região
escolhida, o Silicon Valley ou Vale do
32
E S PE C I A L
Silício, abriga várias cidades que são
sedes das principais empresas de tec-
nologia do mundo.
Ao visitar a Califórnia, tive a rá-
pida sensação de estar realmente em
um lugar muito particular. Além de
ser um espaço rico, repleto de bele-
zas naturais e excelentes universi-
dades, como a Stanford e a Univer-
sidade da Califórnia, em Berkeley, a
região é cercada por cidades como San
Francisco, Palo Alto, Los Gatos, Los
Altos, San Bruno e a própria Moun-
tain View. São locais que abrigam
hoje as maiores empresas de tecnolo-
gia e startups do sucesso do mundo e
que já fazem parte do nosso cotidiano,
como Apple, Facebook, Google, Micro-
soft, Netflix, Twitter e tantas outras.
Antes de visitar a sede do Google,
uma parada na casa que, por 20 anos,
pertenceu a Steve Jobs. Foi no núme-
ro 2.101 da Waverley Street, em Palo
Alto, que o gênio da Apple morou até
sua morte, em outubro de 2011. A at-
mosfera convida à reflexão por sua
exuberante paisagem, canto de pás-
saros e poucos pedestres ou curiosos.
Fiz o percurso de Palo Alto em di-
reção a Mountain View. Chegando
à sede da Google, fui recebido pelos
mineiros André Souza, Vinícius Feli-
zardo, e Thales Filizola. Ana Carolina
Gurgel, mesmo adoentada, contribuiu
com a entrevista via chat hangout. Ela
se recuperava de uma virose e traba-
lhava de casa. Sim, isso é comum por
lá, e as pessoas fazem isso porque gos-
tam do trabalho. Esses mineiros que
trabalham hoje no Google deixaram o
—
Casa da Steve Jobs, em Palo Alto
—
Vinícius Felizardo: da Google de São Paulo para a Califórnia
E D I ÇÃO 206 | F E V E R E I RO 2018
33
Brasil para viver um sonho. Os jovens conta-
ram um pouco sobre o que é viver e trabalhar
naquela região. Aceitaram conversar com a
reportagem da revista Viver Brasil para relatar
sobre carreira, cotidiano, saudade de casa e
desafios encontrados.
UM PASSO DE CADA VEZ E UM
OBJETIVO CLARO NA CABEÇA
Aos 15 anos, Vinícius Felizardo deixou a peque-
na Muriaé, na Zona da Mata, para estudar no
Rio. Depois de passar por algumas faculdades,
resolveu cursar Engenharia de Computação na
Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp). Durante os estudos, fez in-
tercâmbio no Chile e, depois, no estado
da Pensilvânia, já nos Estados Unidos.
O jeito tímido e o tom baixo na conver-
sa não escondem a inteligência e a per-
cepção do jovem, que ainda conserva o
sotaque mineiro.
Depois de conseguir um estágio no
setor de vendas da sede da Google em
São Paulo, o felizardo Vinícius perce-
beu que grande parte do trabalho rea-
lizado poderia ser automatizado. E não
deu outra: foi convidado para evoluir
a solução na sede de Mountain View.
Observando a oportunidade que tinha
nas mãos, tratou de buscar uma vaga
no time global da empresa.
A PERSISTÊNCIA DE ANDRÉ
E A CERTEZA DO CAMINHO
QUE GOSTARIA DE TRILHAR
“Quando decidi trabalhar na Google,
cheguei a enviar 37 vezes o currícu-
lo para seleção”, conta André Souza,
que está na empresa desde novembro
de 2016. O percurso para chegar até
lá foi muito diferente da maioria das
pessoas, mas a persistência fez toda a
diferença na contratação. Formado em
Letras pela UFMG, atualmente ele tra-
balha como cientista de dados e con-
centra seus esforços em um conceito
bem atual, o aprendizado de máquina.
“Esse é cargo que está presente em
várias frentes dentro da Google. Então,
enviei o currículo para diversas divi-
sões aqui”, revela André. Não foi rápido
conquistar uma cadeira na empresa,
mas determinação nunca faltou ao
34
E S PE C I A L
jovem. Quando chegou aos Estados
Unidos, por meio de um convênio entre
a UFMG e a Universidade do Texas, em
Austin, trazia no bolso só US$ 25, dos
quais gastou US$ 15 para comprar um
pré-histórico cartão telefônico e avisar
à mãe que estava bem. Ex-morador do
bairro Vera Cruz, em Belo Horizon-
te, André teve infância pobre, conhe-
ceu de perto as dificuldades, mas isso
nunca o amedrontou.
Para sobreviver, aprendeu a fazer
de tudo um pouco e não parou de tra-
balhar. Cortava grama, lavava pratos
até que, denunciado, teve que regres-
sar ao Brasil. Ainda determinado a
voltar aos Estados Unidos, conseguiu
apoio da professora que conheceu no
Texas e se ofereceu para ajudar na
pesquisa como voluntário. A profes-
sora, por sua vez, convidou André a
voltar, dessa vez como estudante de
doutorado em Psicologia Cognitiva.
Mas,paraentrarnaGoogle,ocaminho
continuava longo e estreito. “O processo
de entrevista é bem demorado. Todas as
semanas,chegampelomenos20milcur-
rículosnaempresa,emenosde1%éapro-
veitado”,informa.SegundoAndré,issose
deve não por baixa formação ou falta de
cursos de especialização, mas porque os
entrevistadores exigem um pensamento
lógico para a solução de problemas reais.
“Oscandidatos,namaioriadasvezes,não
estãopreparadospararesponderpergun-
tas totalmente inusitadas, muitas vezes,
deoutrasáreasdoconhecimento.”
André,quetambémfezpós-doutora-
donoCanadá,destacaaindaque,apesar
de a Google ser uma empresa de enge-
nharia, eles contratam psicólogos, bió-
logos,historiadores,entreoutrosprofis-
sionais. “Estar disposto a gerar impacto
no mundo com soluções tecnológicas já
fazdevocêumfortecandidato.Ocurrí-
culo não é só o que conta”, completa.
—
André Souza, cientista
de dados da Google
“ESTAR DISPOSTO A
GERAR IMPACTO NO
MUNDO COM SOLUÇÕES
TECNOLÓGICAS JÁ FAZ
DE VOCÊ UM FORTE
CANDIDATO”
35
PRESENÇA FEMININA
“Nunca pensei que era um ambiente masculino. Fui
atrás de informação e segui minha trajetória.” As
aspas são de Ana Carolina Gurgel, que trabalha
na Google da Califórnia e pede que mais mulheres
busquem posições importantes em empresas de
tecnologia. Para ela, não há barreiras. “As relações
de trabalho são muito diferentes das do Brasil. Não
há espaço para tantas brincadeira”, compara.
Formada em Administração, Ana trabalhou na
área de consultoria em Minas. Passou três anos
no Canadá e em Nova Iorque, quando resolveu
fazer MBA na França. Depois, fez vários cursos
de empreendedorismo e de tecnologia. E a
virada aconteceu. Atualmente, ela trabalha na
ferramenta G Suite, serviço de produtos que
podem ser personalizados pelo usuário. “O
processo seletivo do Google é bem rigoroso,
mas também é preciso sorte. Já contratei várias
pessoas que não passaram na primeira vez e
tentaram novamente”, diz ela, que trabalha na
empresa há cinco anos.
Apesar de flexível, Ana lembra o quanto o mercado
norte-americano é competitivo. “Agora, por
exemplo, estou em casa, gripada. Mas trabalho
normalmente. Somos cobrados por resultados
e não por estar trabalhando fisicamente na
empresa”, ressalta. É nessas horas que a saudade
de casa bate forte. “Nos dois primeiros anos, me
senti muito sozinha. Foi muito difícil. Mudei para os
Estados Unidos aos 30 anos, casada. O esquema
é diferente, a cultura é bem fechada, os eventos
têm hora para começar e para terminar.”
Ela acredita que, para atrair cada vez mais
mulheres para o campo da inovação e da
tecnologia, é preciso ocorrer uma mudança
cultural muito forte. Sem se intimidar, Ana
só tinha uma obstinação: Como faço para
entrar? Ela perguntava aos homens como
fazer para alcançar determinados postos.
Para ela, quanto mais mulheres estiverem em
posições importantes, maior será a atração
para que cheguem novas candidatas.
E D I ÇÃO 206 | F E V E R E I RO 2018
CÉREBRO ELETRÔNICO
O engenheiro de software Thales Fi-
lizola começou a trabalhar no YouTu-
be, braço da Google com sede em San
Bruno, em outubro de 2015. Antes
disso, passou por algumas startups
e consultoria em big data e também
realizou um trabalho para o gover-
no de Minas, no setor de dados mas-
sivos. Ele é um entusiasta das novas
tecnologias e acredita que máquinas,
cada vez mais inteligentes, poderão
realizar rotinas mais rápido que nós,
mas a criatividade é um dom natural
humano, que dificilmente a máquina
conseguirá substituir. “Conseguimos
navegar em domínios que ela ainda
não consegue”, afirma Thales.
A máquina também não substitui a
saudade de casa. Thales vem uma vez
por ano ao Brasil, geralmente no Natal,
para reencontrar a família. Pergun-
tado se pensa em voltar para BH, ele
não refuta: “O ambiente de trabalho é
diferente. O impacto que podemos cau-
sar nas pessoas e no mundo é incrível.
Quero continuar aqui.” Trabalhar na
Google coloca as pessoas em contato
com uma nova cultura de informação
e organização. “O choque cultural é
muito marcante. Todos temos o modo
‘googleness’ de pensar. É uma cultura
aberta”, completa. Na empresa, os fun-
cionários dispõem de 20% do tempo
para desenvolver qualquer tipo de
negócio ou produto, mesmo projetos
particulares. A cobrança é descentra-
lizada, enquanto o envolvimento dos
funcionários e o ambiente competitivo
incentivam a busca pela superação.
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E S PE C I A L
CIDADES E OS PONTOS DE INTERESSE
SAN FRANCISCO
Sede das empresas Twitter e Kiwi Landing Pad
LOS ALTOS
Início da Apple
LOS GATOS
Sede da Netflix
MENLO PARK
Sede do Facebook - A famosa avenida Sand Hill
Road concentra boa parte dos investidores de
startups. É considerada uma das cidades mais
educadas da Califórnia e dos Estados Unidos, já
que 70% dos residentes têm curso superior
MOUNTAIN VIEW
Sede do Google - Foi lá também que os primeiros
50 computadores da Apple foram vendidos, na
loja Byte Shop
PALO ALTO
Sede da HP e da Tesla Motors
SAN JOSE
Sede das empresas Paypal, eBay e Adobe
SAN MATEO
Sede da Draper University – visitas guiadas às
terças e quintas
SANTA CLARA
Sede da Intel e da IngDan e Robotx
STANFORD
Sede da Universidade de Stanford
SUNNYVALE
Sede das empresas Yahoo! e Linkedin
TWITTER
KIWI LANDING PAD
YOUTUBE
ORACLE
GENENTECH
FACEBOOK
UNIVERSIDADE DE STANFORD
MUSEU HP GARAGE
165 UNIVERSITY AVENUE
GOOGLE
NASA
YAHOO!
CASA DE STEVE JOBS
APPLE
INTEL
CISCO
EBAY
2
1
3
4
5
6
8
7
9
10
11
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SAN FRANCI
PAC
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17
 East Palo Alto
Newark
 Fremont
 Union City
Menlo Park 
San Carlos 
 Belmont
 Foster CIty
 San Mateo
 San Bruno
 Millbrae
Burlingame 
 South San Francisco
 Oakland
 Emeryville
 San Ramon
 Redwood City
Mountain View 
 Milpitas
 SAN JOSE
 Campbell
 Los Gatos
Scotts Valley 
 Santa Cruz
Morgan Hill 
Saratoga 
Monte Sereno 
Cupertino 
Los Altos Hills 
 Los Altos  Santa Clara
 Sunnydale
 Palo alto
ISCO 
SILICON VALLEY
SF
CONTRA COSTA
ALAMEDA
SANTA CLARA
SANTA CRUZ
I FIC
OCE AN
SAN
FR ANCISCO
BAY
SAN MATEO
2
1
3
4
5 6
8
7
9 10
11
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38
E S PE C I A L
Cerca de 33 mil funcionários trabalham atual-
mente na Google de Mountain View. Somando
os outros escritórios ao redor do mundo, a em-
presa emprega mais de 72 mil colaboradores
divididos pelos diversos produtos da marca.
“Temos acesso a coisas que vão ditar o futuro.
O carro que dirige sozinho é uma das coisas que
nasceu aqui”, comemora André Souza.
O prédio 43 do Googleplex, conhecido tam-
bém como prédio dos nerds, foi nosso ponto de
partida com esses mineiroS que deixaram para
trás a família e os amigos em busca do sonho
de trabalhar fora. Segundo o ranking Brand
Finance Global 500, com as marcas mais pode-
rosas no mundo, divulgado no início de 2017, a
Google é hoje a marca mais valiosa do planeta,
estimada em US$ 109 bilhões.
G I GA N T E Q U E N ÃO PA R A D E C R E S C E R
INTELIGÊNCIA DE MÁQUINA
O carro da Tesla avisa um risco iminente
de colisão. A máquina consegue
processar os acontecimentos em
uma rodovia de modo muito mais
rápido e completo que nós, humanos.
Mas, segundo André Souza, apesar
do desenvolvimento da ciência e da
compreensão do cérebro a partir de
um nível neural, existem coisas que não
conseguimos traduzir com máquinas.
“A gente tem determinadas reações
muito curiosas, como, por exemplo,
não ir com a cara de fulano ou gostar
de sicrano”, exemplifica André. E
complementa: “Nosso processo criativo
e a capacidade de realizar conexões
são processos ainda muito complexos.
As máquinas não conseguem
simular essas relações – ainda”.
39
E D I ÇÃO 206 | F E V E R E I RO 2018
—
Parque do sistema operacional Android
—
Thales Filizola: choque cultural é marcante
—
Recepção da Google: empresa flexível, mas competitiva
40
E S PE C I A L
Os mineiros no Vale do Silício deixam algumas
dicas valiosas para quem busca um lugar ao sol
na terra mundial da inovação
DICA 1: TENHA UMA REDE CONTATOS
O norte-americano faz muito network. Entre
em contato com as pessoas. Você tem que fazer
pesquisa para entender o que quer. Depois, bus-
que pessoas que possam te ajudar. “Pedir para
ser ‘colocado’ no Google não é o tipo de coisa
que as pessoas gostam de receber aqui. Esta-
mos falando de uma empresa com mais de 70
mil funcionários. É preciso ter um propósito
muito claro. Faça perguntas assim: ‘Queria
saber como funciona o seu trabalho, o que você
faz e que tipo de competências preciso ter?’”
AnaCarolina,estrategistadaplataformaGSuite
DICA 2: PESQUISA NO GOOGLE
“Temos hoje um mar de informação sobre os
processos de seleção. Até livros já foram publi-
cados. Compre os livros e leia o material dispo-
nível; acesse o site de carreiras careers.google.
com, com muito conteúdo explicado. Tente pen-
sar do outro lado: ‘O que o Google vai ganhar
me contratando?’” Vinícius Felizardo, analista
técnicodeoperaçãodevendas
DICA 3: VÁ DEVAGAR
Como ter êxito profissional fora do Brasil?
“Temos a cultura de querer o sucesso muito
rápido. Se você quer ser bom em alguma área,
isso vai tomar tempo. Pense nisso e invista
tempo. Para ser bem-sucedido no Google, seja
pró-ativo. Você pega e faz. Tem um problema,
tante resolver. Você terá um título aqui, mas
terá que agir para além de suas atribuições.”
AndréSouza,cientistadedados
DICA 4: PENSAMENTO ABERTO
PARA NOVAS COISAS
As coisas não nasceram de um dia para o
outro. O Facebook demorou dez anos para co-
meçar a ser lucrativo. “Para engenheiros de
software: pense fora das caixinhas. Liberte-se
do pensamento: eu estudei computação e sei
apenas computação. Você precisa entender
os avanços do mundo e ter opinião formada.
Como você pensa sobre os assuntos? É preci-
so ter noção de como as coisas funcionam.”
ThalesFilizola,engenheirodesoftware
—
Prédio 43 do Googleplex, em Mountain View
E D I ÇÃO 206 | F E V E R E I RO 2018
41
“TENHA UMA VISÃO
DE BIG PICTURE
SOBRE SUA VIDA E
PENSE RÁPIDO, SEM
SER SUPERFICIAL”
ENQUANTO ISSO, NA NETFLIX..
Formada em Fonoaudiologia,
Luciane Carrillo é hoje gerente
de experiência do consumidor na
Netflix, em Santa Clara, também
na Califórnia. Mas, para chegar
até lá, ela precisou se reinventar.
O primeiro obstáculo foi em
relação à falta de domínio da
língua inglesa, razão pela qual
perdeu várias oportunidades.
“Sem inglês você não vai ser
ninguém.” Esse foi o conselho que
ela escutou e a ajudou a perceber
que algo precisava ser feito.
Como o sonho era maior que as
pedras pelo caminho, viajou para
os Estados Unidos e se dedicou ao
aprendizado da língua. Fez vários
cursos para aprender inglês e
também outros assuntos ligados à
gestão nos negócios. Ela confessa
que, nos primeiros meses, não
entendia absolutamente nada,
mas, depois de um ano, a coisa
evoluiu, e ela entrou de cabeça
no aprendizado da língua.
Luciane chegou a Palo Alto
em 2005 e foi acolhida por
uma família via o programa
de intercâmbio de au pair: ela
cuidava das crianças em troca
de residência e alimentação.
Mesmo com dificuldade com a
língua, a brasileira de São Paulo
seguiu em frente, largando a
família e o consultório montado
no Brasil para se dedicar aos
estudos. Em resumo: humildade
para dar um passo para trás e a
crença em um futuro diferente.
“Basta ter determinação e saber
para onde quer ir”, diz Luciane,
entre uma garfada e outra de
salada, no restaurante da Netflix.
UM DEGRAU DE CADA VEZ
“Vim para aprender inglês e queria
voltar para o Brasil. Mas, quando
já estava aqui, conheci meu atual
marido e decidi ficar. Não poderia
transferir minha graduação em
Fonoaudiologia para trabalhar
nos Estados Unidos. Então, o único
caminho era me reinventar”. Como
gostava de comunicação, Luciane
foi estudar mestrado em Psicologia
Organizacional na Universidade
de Golden Gate, em San Francisco.
Como o curso era muito caro,
dividia os estudos com o trabalho
de secretária em uma pequena
empresa. Foram cinco longos anos
até conquistar a vaga na Netflix.
“Aqui, temos liberdade de
criar, mas também precisamos
assumir as consequências”,
relata. Segundo a gerente, o
ambiente da empresa favorece
a contratação de pessoas pró-
ativas e que olham o mundo
como um todo. “Produzir muito e
trazer resultados: essa é a cultura
da empresa”, ressalta ela.
Luciane trabalha na Netflix
há aproximadamente sete
anos e observou de perto
muitas demissões, geralmente,
daqueles ex-funcionários que
demoravam tempo demais para
trazer coisas novas. Como o
mercado da tecnologia demanda
uma performance dinâmica,
inventar e reinventar faz parte
do cotidiano profissional.
Os horários de trabalho também
são diversos. Ela conta que faz
reuniões por telefone enquanto
apronta os dois filhos para a
escola e enfrenta trânsito, sempre
conversando com pessoas do
mundo inteiro. “Não há mais
espaço para carreiristas, pessoas
ligadas a processos sistemáticos
do passado ou que buscam
um emprego confortável.”
Ela compara a tomada de
cena de um filme de Hollywood
hoje, de 2 segundos em média,
com a década de 1950, de 27
segundos, demonstrando que
o mundo pede outro olhar e
movimentos mais rápidos. “É
preciso ser ágil, produtivo e trazer
resultados sólidos e rápidos
para as corporações”, conclui.
—
Luciane Carrillo, gerente de
experiência do consumidor
da Netflix, na Califórnia
MINAS
INOVA
téo scalioni e giuliano le senechal
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CICLO DE
TRANSFORMAÇÃO
As equipes que compõem o time do programa
Hub Minas Digital estão em festa. O ciclo-piloto,
que agregou três empresas privadas de médio e
grande portes – Depyl Action, Brasif e a belga
Solvay –, além da sociedade de economia mista
Prodabel, foi concluído com êxito. É claro que,
como todo processo em construção e que propõe,
justamente, inovação e transformação digital,
serão realizados ajustes para que as próximas
experiências, essas oficiais, fiquem mais asser-
tivamente alinhadas com os propósitos sistêmi-
cos do programa. Mas, de maneira geral, o ciclo
foi validado com sucesso.
INSPIRAR
E CONECTAR
Sobre os tais propósitos sistêmicos do Hub
Minas Digital, a ideia é encontrar gestores,
sejam eles donos ou executivos de empresas
de grande ou médio porte, para passar por um
processo de mudança e abertura de visão em
seus mindsets (modelos mentais ou atitudes
mentais). O edital de chamamento para a pró-
xima turma está previsto para ser publicado
no mês que vem, e a expectativa é de que o pro-
grama ganhe força, dado a grande adesão de
parceiros e interessados.
IMPACTO SOCIAL
Buscando maior profissionalização e alternati-
vas para aprimorar a gestão, o Instituto Mano
Down celebra a incorporação de novos proces-
sos de inovação. A instituição ultrapassa cinco
anos de atuação e trabalha intensamente na
causa do desenvolvimento e da inclusão social
de pessoas com deficiência intelectual, espe-
cialmente síndrome de Down. Até então man-
tido apenas com ações filantrópicas, o Mano
Down anunciou que passa a atuar como empre-
endimento de impacto social, ou seja, irá gerar
recursos para manter e investir na estrutura
e em projetos. Sucesso ao parceiro Leonardo
Gontijo e todos os seus apoiadores e seguidores.
VOCÊ
ACREDITA
EMTUDO
OQUELÊ?
As pessoas estão confusas por
receberem grande quantidade
de notícias falsas.
Sejam impressas, online, no
celular ou em vídeo, as
informações divulgadas pelas
revistas são reais e baseadas
em pesquisa e investigação
jornalística. Leitores de
revistas são mais envolvidos e
propensos a recomendar suas
matérias nas redes sociais.
Revistas
#euacredito!
A R TI CU LI S TA
4 4
A ESPERANÇA NÃO
APLACARÁ O MEDO
Entre os estrategistas políticos, é comum a con-
vicção de que o sucesso de um candidato está
na capacidade de oferecer esperanças para o
eleitor. Assim, não cabe em suas mensagens
propostas de medidas amargas, como corte de
gastos, redução de programas sociais ou ajustes
econômicos que resultem em recessão e desem-
prego, mesmo quando necessários para garan-
tir a prosperidade em um segundo momento.
Oferecem sonhos e ocultam a verdade nua e
crua. É o lado real das campanhas eleitorais.
O medo costuma predominar nos eleitores
reacionários e resistentes a mudanças. Mas a
história comprova que a esperança quase sem-
pre venceu o medo, como ficou visível na ree-
leição de Lula. Afinal, eleitores são frequente-
mente cativados pela ilusão da felicidade fácil.
Mauro Paulino, diretor do Instituto Datafo-
lha, vem chamado a atenção para um fato novo:
ao contrário do passado recente, mais de 70%
dos eleitores têm demonstrado sentimento de
medo, derivado de forte rejeição aos políticos e
à política em geral. Por causa da perda de credi-
bilidade dos políticos, eleitores têm declarado
preferir não votar ou, se forem às urnas, votar
em branco ou anular o voto. Não demonstram
sedução pelas velhas e vagas promessas.
A apreensão é generalizada. Há medo da
falta de segurança e da violência. Medo da
perda de direitos, quer pelas consequências das
reformas da Previdência e trabalhista, quer
pela insegurança que essas discussões cau-
sam. Medo do desemprego e da volta da infla-
ção. Medo da continuidade do governo Temer.
A ampla rejeição aos políticos é atribuída ao
elevado nível de corrupção que corroeu a con-
fiança. O risco agora é de que, do medo, possa
florescer um desejo difuso de mudança para o
desconhecido. Enfim, há no ar grande hostili-
dade à política e uma profunda insegurança,
refletidas no sentimento de temor.
Enquanto isso, os velhos e eternos políticos
estão cuidando de sua própria sobrevivência,
com expectativa de conquistar o eleitorado,
oferecendo, como no passado, falsas esperan-
ças e sonhos. Parece que neste ano a esperança
não aplacará o medo. vb
MAIS DE 70% DOS
ELEITORES DEMONSTRAM
SENTIR MEDO, DERIVADO
DA REJEIÇÃO À POLÍTICA
Professor associado da Fundação
Dom Cabral e ex-ministro do Trabalho e do
Planejamento e Orçamento no governo FHC
PAULO PAIVA
SEMI &
NOVOS
William Bonjardim
com rodrigo gini
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VIRTUS GANHA
VERSÕES E PREÇOS
Com a chegada às concessionárias previs-
ta para fevereiro, a Volkswagen detalhou
versões, equipamentos e preços de seu sedã
médio Virtus. Embora fabricado sobre a
mesma plataforma do Polo (MQB A0), ele é
mais extenso (42,5 cm) e tem entre-eixos
maior (8,6 cm) do que o hatch. A configura-
ção de entrada MSI (R$ 59.990) é empurrada
pelo 1.6 MSI 16V de 117 cv (etanol), acoplado
a uma caixa manual de cinco marchas. Já a
intermediária Highline (R$ 73.490) e a topo
de linha Comfortline (R$ 79.990) contam com
o 1.0 três cilindros turbo TSI de 128 cv e 20
kgfm de torque, com câmbio automático Tip-
tronic de seis marchas. O controle de tração é
de série, mas os freios a disco traseiros estão
presentes apenas nas versões TSI.
ENQUANTO ISSO,
EM DETROIT...
Numa edição marcada por poucas novidades,
o Salão de Detroit (berço da indústria auto-
mobilística dos EUA) serviu como palco para
a apresentação do “irmão maior” do Virtus,
outro que virá ao Brasil. O novo VW Jetta
ganhou linhas inspiradas no sedã premium
Arteon, mais fluidas e elegantes, e motor 1.4
TSI turbo. Outra atração é a nova geração do
Hyundai Veloster, cupê esportivo que cos-
tuma despertar reações opostas – amor ou
ódio. Ele ganhou mais potência, uma versão
preparada (N) com 275 cv e perdeu parte da
personalidade, aproximando-se do visual dos
demais modelos sul-coreanos. As marcas da
casa apostaram em SUVs e picapes: a Ford re-
lança na terra do Tio Sam a nossa conhecida
Ranger, com motorização EcoBoost 2.3.
VÍDEO
Se você recebeu nos últimos dias mensagens
em grupos de Whatsapp ou ouviu falar
de mudanças nas leis de trânsito e na
aplicação de multas, é bom não acreditar
em tudo que lê. Realmente houve alterações
em algumas infrações e nas penas, mas
o que realmente muda está disponível
em mais um vídeo do canal Seminovos
BH Notícias (www.seminovosbh.com.br/
noticias). Confira no goo.gl/8pjDxP.
A R TI CU LI S TA
4 6
O QUE SERÁ,
QUE SERÁ?
Justa ou injustamente, o cidadão coloca par-
tidos e políticos no mesmo balaio de gatos, des-
tinando-lhes, com escárnio, uma hostilidade
crescente. Os candidatos até então ventilados
para concorrerem à presidência – aí incluído
Lula, que se julga o homem mais honesto do
país – são objetos do descrédito coletivo e não
se mostram imbuídos dos valores necessários
para empolgar uma eleição. Esse fenômeno
reduz nosso estoque de homens e ideias confi-
áveis, dispostas a enfrentar esse desafio.
E o que pode resultar de tudo isso, após o de-
sembargador João Pedro Gebran Neto, desmas-
carar todo esse esquema de governo viciado e
corrupto? A não ser que surja um outsider que
consiga aglutinar valores ao seu redor, corre-
mos o risco de eleger alguém que possa – aliás,
vai! - encontrar um ambiente turbulento ao
assumir o poder, tornando-se refém dessa ver-
dadeira herança maldita. vb
Quando Collor sucedeu ao trapalhão José Sar-
ney e caiu em desgraça depois de tantas maze-
las éticas e econômicas, ainda assim conseguiu
montar um ministério de notáveis, a exemplo
de Célio Borja, Adib Jatene, Marcílio Marques
Moreira, Celso Lafer, Eliezer Batista, José Lut-
zenberger e Ozires Silva, nomes que, num certo
sentido, compensavam nulidades como Ber-
nardo Cabral e Zélia Cardoso. Constato com
tristeza a ausência de pessoas acima de suspei-
ta nesse atual ministério chinfrim, para não
dizer outra coisa. A equipe econômica, única
exceção, já demonstra sinais de cansaço em
razão do imenso balcão de negócios que Temer
montou, em busca da reforma da Previdência.
A nação assiste, sobressaltada, a cada troca
de ministro, a substituição do roto pelo duvi-
doso. Nesse processo cabuloso, o povo sabe o
que é deixado para trás, mas nem imagina o
que encontrará no sucessor. O cenário, além de
medíocre, vexaminoso e patético, produz uma
dispersão típica de desesperados. A Lava Jato
explodiu como um tiro no galinheiro, fazendo
com que as penas voassem em todas as dire-
ções, deixando nuas muitas de nossas vestes
políticas. Se antes representavam a esperança,
agora encarnam o pesadelo.
A NAÇÃO ASSISTE, A
CADA SUBSTITUIÇÃO DE
MINISTROS, A TROCA DO
ROTO PELO DUVIDOSO
WAGNER GOMES
Administrador de empresas
—
Arthur Rocha, 4, diagnosticado em abril, com a mãe, Ana
Carla: “sou o o Super-Homem e vou matar as células más”
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LIGA DA JUSTIÇA
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Minas Tênis Clube e Hospital das Clínicas se unem para
mostra com heróis-mirins em tratamento contra o câncer
quanto o protocolo quimioterápico. “Atividades
lúdicasmelhoramainteração,aumentamaade-
são ao tratamento e a aceitação da realização de
procedimentos”, ressalta ela.
O ensaio só foi possível graças à mobiliza-
ção da oncologista pediátrica Karla Rodrigues,
do Hospital das Clínicas e professora da UFMG,
inspirada pelo fotógrafo norte-americano Josh
Rossi,quefezumensaiodecriançascomneces-
sidades especiais. A partir daí, o ObservaPed
começou a angariar voluntários. As fantasias
foram doadas pelo restaurante Aroma Brasil,
de Nova Iorque, e customizadas pela estilista
Patrícia Nascimento. Já o designer Gabriel Fam
elaborou os pôsteres; o salão Marcus Martinelli
produziu cabelo e maquiagem; enquanto o fotó-
grafo Waldemar Gontijo produziu as fotos.
A mostra estará no Centro Cultural Minas
TênisClubeaté28defevereiro.Delá,seguepara
o Hall da Arena Urbano Brochado Santiago /
CTJK–MinasI,de5a31março,eparaaPraçade
Esportes do Minas II, de 1º a 30 de abril. vb
Capa, superpoderes, identidade secreta...o que
defineumsuper-herói?Paraascriançaseospe-
diatrasdoHospitaldasClínicasdaUFMG,basta
ter disposição para ajudar ao próximo. É com
esse intuito que o Minas Tênis Clube, por meio
do programa Minas Tênis Solidário, e o Obser-
vaPed(ObservatóriodaCriançaedoAdolescente
da Faculdade de Medicina da UFMG) realizam
até abril a exposição fotográfica itinerante 2018
Heróisdeverdade,quereúnepôsteresde17crian-
ças e adolescentes em tratamento contra o cân-
cer, vestidos como super-heróis.
O câncer infantojuvenil é tema de extrema
relevância,poisrepresenta,segundooInstituto
Nacional de Câncer (Inca), a principal causa de
morte por doença até os 19 anos. “As fotos in-
centivam a sociedade a se solidarizar com os
pacientes, valorizando-os como verdadeiros
heróis na luta contra a doença”, afirma Denise
Lobão, uma das coordenadoras do Minas Tênis
Solidário. Segundo ela, estudos têm mostrado
que cuidar da saúde mental é tão importante
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S O LI DA R I E DA D E
VIVER
GOURMET
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ingredientes
(serve 4 pessoas)
250 g de lombo de atum limpo
5 g de sal de cura (500 g de sal
fino e 65 g de açúcar mascavo)
500 g de coalhada seca
10 g de óleo de pequi
2 unidades de maxixe
Sal fino a gosto
Castanhas de pequi
Brotos de coentro
Azeite extravirgem
—
modo de preparo
Corte o atum em postas seme-
lhantes às de sashimi. Sal-
gue o peixe com o sal de cura
e deixe por 24 horas na gela-
deira. Fatie o maxixe e salgue
com sal fino por dez minutos.
Lave e mantenha refrigerado.
Envolva a coalhada seca com
o óleo de pequi. Coloque-a no
fundo do prato de servir, para
dar base. Cubra a coalhada
com o atum e com o maxixe.
Sirva com as castanhas e o co-
entro, regados com azeite.
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ATUM DO SERTÃO
CHEF PABLO OAZEN
GARAGEM GASTROBAR
Vencedor da última edição do MasterChef Profissionais
(Band), o mineiro Pablo Oazen se preocupa em desenvolver
uma cozinha baseada no terroir local. Em seu restaurante,
o Garagem Gastrobar, em Juiz de Fora, ele anuncia a linha
“mineiroca” – neologismo para a mistura de mineiro + carioca,
com ingredientes e receitas de Minas, alinhados a peixes
e frutos do mar. Antes de chegar a TV, o chef se formou em
Turismo e cursou pós-graduação no Sheraton Lisboa. Percorreu
vários restaurantes renomados na Europa, como o Au Comte
de Gascogne, na França, e o El Cingle, na Espanha, cada
um com uma estrela Michelin. Já no Brasil, foi sous chef do
finado La Brasserie, de Erick Jacquin, em São Paulo. Até que,
com saudades da terrinha, abriu a própria casa, em 2012.
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Siga as redes sociais! | @vivergourmet | fb.com/vivergourmet
DOCE FRANÇA
LUCAS ROCHA  Seus doces já faziam sucesso desde o
pré-vestibular, mas foi em 2011, quando começou
a receber encomendas de festas infantis, debu-
tantes e casamentos, que a mineira Elisa Dayrell
percebeuqueaformaçãoemadministraçãoseria
de grande valia na cozinha. Com diploma de for-
maçãonarenomadaLeCordonBleu,elaéonome
portrásdaEspetacularDoceria,noFuncionários,
onde é possível encomendar doces, tortas e bolos,
mas que também é uma charmosa cafeteria que
remeteaoclimadaFrançaemcadadetalheesabor.
Entre os queridinhos, destaque para as entremets
(tortas francesas entre camadas, com a base de
musse), as tartelettes e os tradicionais macarons.
Além disso, a loja reúne uma seleção de chás que
prometemudardeopiniãoatéosmaisreticentes.
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REINVENTOR
GASTRONÔMICO
Eterno pesquisador de sabores e ingredientes, Ivo Faria
enaltece a cozinha brasileira e promete novidades
Ele comanda um dos restaurantes mais pre-
miados de BH e já foi eleito mais de 12 vezes
como chef do ano na cidade. Ivo Faria soma
quatro décadas dedicadas a gastronomia,
sendo 22 anos somente ao Vecchio Sogno, re-
ferência nacional de cozinha italiana, brasi-
leira e internacional. Desde 2013, comanda, ao
lado da filha, Naiara, a pizzaria e restaurante
La Palma, na Pampulha. “Sou um eterno pes-
quisador de sabores, ingredientes e de culturas
gastronômicas, mas sempre com foco na minha
essência e grande paixão pela cozinha brasi-
leira e seus ingredientes”, autodescreve-se ele,
—
Planos para 2018 envolvem reforma
do Vecchio Sogno e escrever um livro
—
Gotas de chocolate com framboesa,
uma das sobremesas da casa
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sentado no bem decorado e organizado salão de
sua casa, no bairro Santo Agostinho.
Ver o sucesso do Ivo chef e do Ivo empresá-
rio pode levar a supor que o trajeto até aqui foi
fácil. Mas quando ele começou, aos 17 anos,
havia pouca literatura, e a gastronomia ainda
era uma área restrita. Ivo conta que, à época,
ser chef era considerado subemprego. “Já na dé-
cada de 1970, eu enxergava a profissão de forma
diferenciada. Quando resolvi fazer curso téc-
nico e depois nutrição e dietética, algumas pes-
soas diziam que não precisava estudar para
cozinhar. Mas eu não acreditava nisso.”
5 0
C H E FS D E M I N AS
Ivo fez diversos estágios, tanto no Brasil
quanto no exterior, além de cursos em diferen-
tes áreas ligadas à culinária e à administração
de restaurantes. “Fui selecionado para uma
bolsa de estudos em gastronomia na Escola
Hoteleira do Centro Internacional de Glion,
na Suíça. Foi quase como servir ao Exército,
tamanho o rigor. Mas aprendi muito.”
A paixão pela gastronomia veio de casa, das
duas avós que cozinhavam muito bem, das tias
e de sua mãe. Lembranças que ele considera
importantíssimas para ser o chef que é. “Tenho
uma memória familiar gustativa. Sentar à
mesa, discutir a comida, os assuntos, saborear
o prato que alguém fez.” Ivo conta que, ele e a
mulher, Elizabeth, seguem esta tradição junto
aos três filhos e diz que ainda não realizou
todos os seus sonhos, apesar de deixar claro
que se considera uma pessoa feliz. “Este ano,
pretendo reformar o Vecchio Sogno. Quero
mudar um pouco a cara do restaurante, do
espaço físico ao cardápio. Meu público mudou
ao longo dos anos, rejuvenesceu e quero dar
uma cara mais moderna e jovial à casa.” Outro
projeto é o lançamento de um livro. “Ainda não
posso contar muito, mas será a realização de
um propósito”, tergiversa.
Ivo também não tem problema em falar
sobres os desafios ao longo da carreira, ou me-
lhor, “experiências que trouxeram grandes
aprendizados”. “Nunca recuei. Tem pessoas
que desistem quando tudo parece difícil. Eu
não. Enfrentei muitas dificuldades, mas foi
nelas que cresci”. Ivo lembra, por exemplo,
alguns períodos complicados como em 2014,
quanto o Vecchio Sogno passou por uma de
suas piores crises. “Tudo estava perfeito – res-
taurante reformado e sempre cheio, cardápio e
atendimento alinhado – até o dia em que acor-
dei e tinha uma baita obra da prefeitura na
porta, que afugentou 40% dos meus clientes.
Foi algo que fugiu totalmente do meu controle
e precisei de muita resiliência e coragem para
atravessar”, conta.
Dentro da cozinha, Ivo se considera exi-
gente. “Um dos principais ensinamentos que
aprendi com o professor francês Lucien Iltis,
referência de minha carreira, foi a discipli-
na.” Reivenção é a principal dica para quem
gosta de se aventurar pela cozinha. Conhecido
por sempre renovar o cardápio, ele reforça:
não se pode parar no tempo.
Defensor da cozinha brasileira, Ivo sempre
se destacou pela utilização de ingredientes
típicos, inclusive os de Minas, como taioba,
mostarda e ora-pro-nóbis, e revela que sempre
teve o sonho de montar um restaurante de
gastronomia 100% nacional. “Gosto de valo-
rizar as coisas da nossa terra. Infelizmente,
o país ainda não dá o devido valor a sua cozi-
nha. Se há 22 anos eu tivesse aberto uma casa
de comida brasileira, já teria falido. Hoje, os
clientes estão começando a valorizar história
e cultura, mas é preciso ir além”, defende. vb
UM CHEF EMPREENDEDOR
Muito além de chef, Ivo é grande
empreendedor. Sua capacidade de liderança
e de gestão foi adquirida quando atuou nos
anos 1980 para a antiga rede Delikatessen
Alpino, empresa pertencente ao grupo Kaiser
e Coca-Cola de Minas Gerais, onde foi
responsável pela montagem e administração
de 14 casas, entre bares, cafés, cervejarias
e restaurantes, além de supervisionar o
trabalho de vários outros chefs. “Foi neste
trabalho que aprendi a ser empreendedor.
Por isso, uma dica que sempre falo para
quem quer ser chef é dedicar parte do seu
tempo para ser líder e empresário. É a união
das duas coisas que o fará ter inteligência
e conhecimento para tornar o seu negócio
um sucesso, na cozinha e fora dela.”
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VIVER
MELHOR
Fernando Torres
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BACTÉRIAS DO BEM
Bebida milenar chinesa, o kombucha ganhou as altas-rodas
das comidas fit. Isso devido à sua essência probiótica, adquirida
na fermentação de seis a sete dias dos chás verde, branco e preto
(Camellia Sinensis) pelo scoby, uma colônia de bactérias e leve-
duras. “A cultura de micro-organismos se alimenta do açúcar
presente na composição e agrega nutrientes como vitaminas B
e C”, descreve a chef de gastronomia viva Isadora Darwich, uma
das criadoras da marca Soul Kombucha. Natural, a infusão
ajuda a melhorar a digestão, a fortalecer o sistema imunológi-
co e a eliminar toxinas. E também refresca, com sua textura
levemente gaseificada e saborizada com limão, gengibre, pi-
menta-rosa... “É menos calórico que um suco”, garante Isadora.
Onde encontrar: Guaja, Academia do Café e DNA Emporium
IOGA NA ACADEMIA
As tradicionais asanas agora dividem espaço com hal-
teres e kettlebells. Mas há quem torça o nariz para a ioga
na academia, apontada como uma das dez principais
tendências para 2018 pela Academia Americana de
Medicina Esportiva. “Ioga não é só atividade física. É
uma prática em nível mais profundo”, assinala a iogue
e instrutora Sabrina Brandão. Em compensação, é ine-
gável que uma aula equivale a um treino, ainda mais
quando desdobrada em subvertentes como power ioga,
em ritmo mais agitado; hot ioga, em altas temperatu-
ras; e acroioga, com acrobacias. “As posturas ajudam a
ganhar flexibilidade, a desenvolver o tônus muscular
e a capacidade cardiorrespiratória”, enumera Sabrina.
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GELATO E ALGO MAIS
Para aliviar o calor sem peso na consciência, as
sorveterias mais descoladas da cidade investem em
opções de sabores com ingredientes funcionais e
veganos, livres de lactose e glúten e baixos índices de
gordura e açúcar – em alguns casos, o índice chega
a zero. Quem brilha na vitrine são os sorbets, feitos
apenas com a fruta em polpa ou in natura e água.
Outra novidade: as casquinhas – e até sorvete! – de
carvão vegetal, ativo natural capaz de reter toxinas
e auxiliar o fígado no processo de desintoxicação.
—
Mirtilo Rosso: uva-roxa +
morango + cranberry + chia
Onde: Lullo
—
Bolo de banana: banana
+ aveia + linhaça + uva-
passa + canela + óleo de
coco + açúcar mascavo
Onde: Lullo
—
Sorbet de laranja +
pêssego – 60 kcal
Onde: Alessa
—
Amendoim + leite de
amendoim + chia (zero
lactose) – 58 kcal
Onde: LeGattò
—
Manga-ubá diet: zero
açúcar, adoçado com
estévia (adoçante
extraído da planta Stevia
Rebaudiana) – 49 kcal
Onde: Fiorella
—
Detox: abacaxi + hortelã
+ gengibre – 54 kcal
Onde: Fiorella
—
Carbono Black: sorbet de
carvão vegetal ativado +
água de coco + grãos de
cacau cru – 46 kcal
Onde: LeGattò
—
Iogurte adoçado com
mel + granola sem
glúten + castanha do
Pará (contém lactose)
Onde: Lullo
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* Número de kcal equivalem a 60 g de sorvete
Cambuci + goma guar* – 61 kcal*
Onde: Easyice
Fruta da Mata Atlântica ameaçada de
extinção, o cambuci tem altas doses
de vitamina C e é rica em propriedades
antioxidantes e adstringentes.
* espessante de origem vegetal
54
tathya taranto
À FLOR
DA PELE
TECNOLOGIA
REVOLUCIONÁRIA
—
A celulite incomoda todas as mulheres – os
homens também não estão livres dela – e, por
mais horas do dia que se passe na academia, ela
não vai embora. Outra vilã que não dá sossego é
a gordura localizada. E o que dizer da flacidez,
que evolui com o processo de envelhecimento?
Se você evita dar o famoso “tchauzinho” para
não revelar as gordurinhas, ou prefere mor-
rer de calor a vestir um short ou saia e foge de
clubes e praias, para não mostrar furinhos in-
desejáveis, existe uma forma de dar um basta.
O VelaShape apareceu por aqui no início dos
anos 2000 e ganhou força e potência conforme
recebeu atualizações. De mecanismo incom-
parável, o VelaShape 3, o modelo mais recente,
uma versão turbo que combate celulite, flacidez
e gordura localizada ao mesmo tempo, além de
promover remodelação corporal, com melhora
da qualidade da pele e redução de medidas.
Não é mágica, e, sim, resultado de tecnolo-
gia de ponta e muitos estudos. O que me deixa
ainda mais feliz é poder proporcionar essa ex-
periência de tratamento médico corporal sem
que os pacientes tenham que se deslocar até São
Paulo ou Rio, como acontecia até certo tempo.
O VelaShape 3 combina radiofrequência
bipolar com 150 W de potência, energia infra-
vermelha e uma ponteira que faz calor, vácuo
e massagem. Na combinação das tecnologias,
a radiofrequência induz a produção de colá-
geno, que alivia a fibrose, enquanto a luz in-
fravermelha promove a morte das células de
gordura a uma temperatura entre 42ºC e 45ºC,
sem queimar a pele, retirando a pressão sobre
os vasos e facilitando a circulação, juntamente
com a modelação corporal, promovida pela ma-
nipulação mecânica que tonifica os músculos
e reduz a flacidez. O software empregado no
processo otimiza a operacionalização.
O procedimento não é invasivo e não exige
tempo de recuperação: após o tratamento o pa-
ciente pode voltar de imediato à rotina. O mais
indicado é fazer um número mínimo de quatro
sessões, com intervalos a cada 15 dias – na pri-
meira, já é possível notar os resultados.
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TRÂNSITO: A PREVENÇÃO
QUE EVITA A SANÇÃO
do álcool ou outra substância psicoativa deve
ser substancialmente agravada.
Temos de criar a consciência coletiva de que
essa é uma conduta reprovável e absolutamente
desnecessária e despropositada. Não prego aqui
o fim dos bares, das festas, das confraterniza-
ções ou confrarias. Prego apenas uma mudança
coletiva de conduta: se for beber, não dirija; mas,
se for dirigir, não beba. Afinal, há inúmeros
meios alternativos de locomoção.
Portanto, apesar do avanço proporcionado
pelas alterações, não se pode deixar de lado a ne-
cessidade da imposição de substancial e efetiva
punição à conduta que precede os acidentes que
produzem milhares de vítimas no trânsito. E
que a prevenção possa, criando essa consciência
coletiva, fazer com que nenhum condutor tenha
de se submeter a uma reclusão carcerária pela
conduta absolutamente desnecessária, trazendo
melhores números em 2018. vb
Com a Lei 13.546, de 19/12/2017, o Código de
Trânsito Brasileiro sofreu alterações que, fi-
nalmente, responsabilizam de forma efetiva
o condutor de veículos sob a influência de ál-
cool ou qualquer outra substância psicoativa.
A nova lei, que entra em vigor em abril, prevê
penas mais severas nos casos de acidentes com
vítimas fatais ou que provoquem lesão corporal
de natureza grave ou gravíssima, passando de
cinco a oito anos de reclusão.
Contudo, há duas questões que ainda preci-
sam ser aperfeiçoadas. A primeira diz respeito
à aresta deixada nos casos em que o acidente
cause lesão corporal de natureza grave ou gra-
víssima, já que a nova lei, para que seja aplicada
a pena mais severa, exige que se comprove que
o condutor tenha sua capacidade psicomotora
alterada em razão da influência de álcool ou
de outra substância psicoativa, abrindo espaço
para a impunidade. A outra, ainda mais im-
portante, diz respeito à necessidade de conferir
mecanismos preventivos mais eficientes. Ex-
plico: devem ser adotadas iniciativas que efeti-
vamente desestimulem o condutor a assumir o
risco, ou seja, ainda que não tenha causado aci-
dente, com ou sem vítimas, a conduta deve ser
criminalizada e a pena por dirigir sob o efeito
NOVA LEI PREVÊ PENAS
MAIS SEVERAS EM CASOS
DE VÍTIMAS FATAIS OU
COM LESÕES GRAVES
SÉRGIO MURILO BRAGA
Presidente da Caixa de Assistência
dos Advogados de Minas Gerais
DE BH PARA…
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PALÁCIO DOS LEÕES
O palácio (foto) onde hoje funciona o museu
municipal completou cem anos em novembro.
Sendo o primeiro prédio de dois andares da ci-
dade, a construção abrigou a sede dos poderes
Legislativo e Executivo antes de ser tombada.
Fica localizada na praça Clarimundo Carneiro,
entre o centro e o bairro Fundinho, um ponto
cultural, gastronômico e comercial.
MERCADO MUNICIPAL
“Todo turista deve conhecer o mercado mu-
nicipal, com queijos de toda a região do Tri-
ângulo e do Alto Paranaíba, doces de leite e
outras delícias”, indica o deputado. O mercado
também comercializa frutas, legumes e car-
nes selecionadas e tem unidades das cerve-
jarias locais, que vendem chopes artesanais.
MERCURE UBERLÂNDIA PLAZA SHOPPING
A rede hoteleira conta com uma unidade do
Mercure dentro do Center Shopping. O hotel
mais moderno da cidade oferece seis categorias
de quartos, centro de reuniões e eventos, área
de lazer com piscina, sauna e academia.
TEATRO MUNICIPAL
Uberlândia atualmente está na rota da drama-
turgia nacional, com peças sendo montadas
regularmente no teatro municipal. O prédio
imponente foi projetado por Oscar Niemeyer
e fica no alto da avenida Rondon Pacheco, com
capacidade para 819 pessoas. A estrutura per-
mite ainda que o palco seja aberto para a área
externa, transformando-se em um grande an-
fiteatro, com capacidade para 20 mil pessoas.
PARQUE DO SABIÁ
Maior área verde dentro do perímetro urbano,
criada para concentrar lugares para prática
esportiva e de lazer. O parque conta com uma
série de atrações, como conjunto hidrográfico,
zoológico, aquário, quadras poliesportivas e 35
hectares de área verde. Estão lá também o está-
dio Parque do Sabiá, segundo maior de Minas,
e a arena Sabiazinho.
Nessa edição, a Viver Brasil aterrissa em Uberlândia,
onde o deputado estadual Felipe Attiê nos apresenta
a cidade pela qual é apaixonado. Na página ao lado,
confira sugestões de passeios para quem chega a BH.
UBERLÂNDIA
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dalila coelho
felipe attiê
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EM BELO HORIZONTE
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UM CLUBE PARA
APAIXONADOS
POR CARROS!
CADASTRE-SE
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MEMORIAL MINAS GERAIS VALE
Construído em 1897, o prédio abrigava a Secretaria da
Fazenda e, desde 2010, integra o Circuito Cultural Praça
da Liberdade. Os três andares colecionam fragmentos
da história de Minas, com espaços dedicados a artistas
como Drummond e Guimarães Rosa, áreas que recriam
os costumes do estado e espaços dedicados a exposições.
MERCADO CENTRAL
Com mais de 400 lojas, foi inaugurado em 1929, com o
intuito de reunir os feirantes da então jovem BH. Hoje,
é um dos principais pontos turísticos, reunindo aro-
mas, sabores, crenças e cores. Lá, encontra-se de tudo:
cachaças, queijos, temperos, frutas, doces e até bares.
CAESAR BUSINESS
O quatro-estrelas está localizado no Belvedere, em
frente ao BH Shopping. Além dos 158 apartamentos,
conta com piscina, academia, bar e salas de reunião.
Imperdível jantar no Udon, um dos melhores restau-
rantes japoneses da cidade, com unidade no lobby.
CINE THEATRO BRASIL
O mais tradicional cinema de BH foi inaugurado em
1932, em um icônico prédio art déco. Fechado em 1999,
foi reinaugurado em 2013 como centro cultural. Abriga
galerias de arte, um teatro de câmara e o Grande Teatro.
PARQUE ECOLÓGICO DA PAMPULHA
A ilha da Ressaca, na lagoa da Pampulha, abriga ex-
tensa área gramada, ideal para jogar bola e soltar pipa.
Possui bosque, lago, playground, pista de caminhada,
área de ginástica e o Memorial da Imigração Japonesa.
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O ENDEREÇO DA ALTA-COSTURA
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Hotel Plaza Athénée, em Paris, oferece
localização privilegiada para quem gosta de moda e luxo
O Plaza Athénée não é o hotel da alta moda à
toa.Alémdepossuircostureirosàdisposiçãodos
hóspedes para ajustar as peças recém-adquiri-
das,várioseventosqueenvolvemamodapassam
por lá. Durante a Semana de Moda de Paris, o
restauranteLeRelaisPlazapropõeoMenuDior,
jantarinspiradonolivrodereceitasdeChristian
Diorequehomenageiaomestredaelegânciapa-
risienseservindoseuspratosfavoritos.Em14de
março,ohotelrecebeoDandy’sNight,eventovol-
tadoparaamodamasculinadeluxo,promoven-
do workshops e ambientes de grifes masculinas
dediferentesáreas,comoalfaiataria,sapataria,
relojoariaeótica.Osparticipantespoderão,além
Em meio a tantas lojas no coração da haute
coutureparisiense,aclássicafachadahaussman-
niana do hotel Plaza Athénée se destaca pelas
quase 2 mil mudas de gerânio vermelho que co-
lorem a sua frente com a cor da cidade mais ro-
mânticadomundo.Localizadonasuntuosaave-
nue Montaigne, o hotel pertence ao triângulo de
ouro de Paris, um dos perímetros mais chiques
dacidade.Aolongodaavenida,grifescomoDior,
Chanel, Louis Vuitton, Saint Laurent e Dolce &
Gabbana oferecem um espaço mais reservado
para as compras de luxo do que as tradicionais
unidades da Champs-Élysées e das Galeries La-
fayette, sempre apinhadas de turistas.
—
Alain Ducasse au Plaza Athenée: três estrelas Michelin
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TU R I S M O
de conhecer as marcas, assistir cursos
querevelarãoossegredosdosnósdegra-
vatas e as formas de cuidar de sapatos
sociais.
A localização privilegiada do hotel
garante também, além de muitas atra-
ções para compras e passeios, uma das
mais belas vistas da cidade: nas varan-
das floridas das suítes é possível tomar
umcafédamanhãbemparisiensetendo
como fundo a torre Eiffel, que está a
poucos minutos dali. Na parte interna,
a vista do jardim secreto do hotel tam-
bém não fica para trás. Com um jardim
vertical colorindo todas as paredes do
pátiodeverde,o Plaza Athénée recebe,
entremaioesetembro,aLaCourJardin,
um restaurante al fresco que serve pra-
tossazonaisdaculináriamediterrânea
e que durante o inverno faz as vezes de
rinque para patinação no gelo.
Quem se hospeda no Plaza Athénée
não precisa se preocupar com o né-
cessaire. Dentre os mimos oferecidos
pelo hotel, como o serviço excepcio-
nal de concierges, o melhor café da
manhã de Paris e toalhas e roupas
de cama luxuosas, os hóspedes têm à
sua disposição produtos da linha Eau
Imperiale de Guerlain, como xampu,
condicionador e hidratante corporal.
Outro diferencial que a casa ofe-
rece é o livre acesso ao Dior Institut.
O spa traz tecnologia de tratamentos
assinada pela Dior e escolheu há dez
anos o hotel de luxo para ser a sua
casa, tratando os hóspedes com tera-
peutas especializados e produtos de
qualidade da grife. Dentre os servi-
ços oferecidos estão desde manicure
—
Amenidades da grife Guerlain
—
Le Relais Plaza: clássica brasserie parisiense
—
No Dior Institut, tratamentos de qualidade
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—
Dandy’s Night: cursos e workshops para o público masculino
—
Suíte Eiffel Signature: requinte
e tratamentos faciais e corporais de rejuve-
nescimento até massagens de tecido, técnica
exclusiva da marca.
Moda e gastronomia andam juntas, e no
hotel da haute couture isso não é diferente.
Reunindo cinco restaurantes e um bar, todos
supervisionados pelo renomado chef Alain
Ducasse, a casa oferece opções para os mais
refinados gostos. O restaurante homônimo ao
chef possui três estrelas Michelin e serve o
melhor da cozinha contemporânea inspirada
na trilogia peixe, vegetais e cereais desenvol-
vida por Ducasse. Já o restaurante Le Relais
Plaza é uma clássica brasserie parisiense,
explorando a requintada culinária francesa.
A casa ainda possui um café, um restaurante
de verão, um terraço e um bar.
Nesta época, a cidade oferece muitas op-
ções para quem quer fugir dos passeios tradi-
cionais. Ao invés de filas enormes no Centre
Pompidou, visite o Palais de Tokyo. A nova
exposição do museu de arte contemporânea,
que aos fins de semana faz as vezes de balada,
estreia em 16 de fevereiro. No lugar das expo-
sições blockbuster do Musée des Arts Decora-
tifs, visite o Palais Galliera. O museu da moda
de Paris estreia a nova exposição Margiela/
Galliera 1989-2009 em 3 de março.
Para fazer um passeio fora da cidade, es-
colha a Fondation Louis Vuitton. Inaugura-
da em 2014, a fundação fica no parque Bois
de Boulogne e é um espaço com arquitetura
exuberante criado para receber grandes ex-
posições de arte moderna e contemporânea.
E entre 5 e 8 de abril, o Grand Palais recebe a
Art Paris, feira de arte que reúne dezenas de
galerias com uma seleção de obras que mes-
cla a exploração regional da arte europeia do
pós-guerra aos dias de hoje e um olhar cosmo-
polita sobre a criação mundial emergente. vb
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A ATIVIDADE DE
CONSULTORIA
instituições que podem prover esta expertise,
entre as quais, o Instituto Aquila de Gestão
e a Fundação de Desenvolvimento Gerencial
(FDG), esta dedicada à gestão educacional.
A melhor maneira de selecionar uma em-
presa de consultoria é informar-se sobre os
resultados já obtidos. Também são importantes
a experiência da equipe em trabalhos no país
e no exterior e o tempo de vinculação dos seus
técnicos. Se há rotatividade, torna-se mais di-
fícil o trabalho em equipe e a complementari-
dade. Outro item importante é a questão dos
honorários: a boa consultoria especifica valo-
res compatíveis com os desafios, não transige e
não dá descontos. Da minha experiência, o que
mais contribui para o acerto na contratação é
a indicação. É muito comum um empresário
sugerir uma consultoria que lhe prestou um
bom trabalho a outro empresário que precisa
melhorar seus resultados. vb
Muitos técnicos de alto nível se aposentam e
se transformam em consultores. Muito justo,
pois têm significativo conteúdo e respeitável
experiência. Mas a alta taxa de desemprego
tem feito com que muitos se aventurem neste
mister. Esse pessoal, juntamente com os técni-
cos que já militam na consultoria, constitui um
número alarmante de “consultores”, improviso
que causa certo descrédito à atividade pela pro-
dução de resultados insatisfatórios.
Na área de gestão, já faz mais de 30 anos
que iniciamos um movimento para a melho-
ria da qualidade e da produtividade. Assim, os
fundamentos são um conhecimento bastante
difundido e há vários livros-textos disponí-
veis. Muitas empresas já alcançaram níveis
elevados em gestão, sendo, é claro, que a me-
lhoria contínua deve ser perseguida, assim
como a redução de custos. Porém, os problemas
que se apresentam, diferença do nível atual
para aquele desejado, são bastante exigentes.
Reclamam comprovada competência analítica
para encontrar as causas que podem propiciar
as melhorias, vivência no ataque às causas e,
sobretudo, perseverança. Outra faceta que deve
ser entendida é que os problemas são multidis-
ciplinares, exigindo complementaridade. Há
O IMPROVISO CAUSA
CERTO DESCRÉDITO À
ATIVIDADE PRODUZIDA
PELOS CONSULTORES
JOSÉ MARTINS DE GODOY
Engenheiro pela UFMG, doutor engenheiro pela Norges
Tekniske Hogskole, ex-diretor da Escola de Engenharia
da UFMG, cofundador do INDG, instituidor e integrante do
Conselho de Administração Superior da FDG, presidente
do Conselho de Administração do Instituto Aquila
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RESISTÊNCIA ELÉTRICA
Referência underground, a boate
Deputamadre debuta em meio ao
renascimento da cena eletrônica em BH
Em tempos de pasteurização da noite, é lon-
gínquo pensar que Belo Horizonte já foi cha-
mada de Meca brasileira da música eletrônica.
Naquele remoto fim dos anos 1990 e início dos
2000, as festas de techno e house eram o que
havia de mais moderno na programação dos
inferninhos. O êxtase do público, montado com
visual fluorescente, se desdobrou no estouro
das raves e de diversos clubs – mas só um deles
sobreviveu. Aberto em 2003, no Floresta, o De-
putamadre completa 15 anos em março como
bastião da resistência. Embora a cena de hoje
não esteja no auge, a casa persevera e continua
a promover, todas as sextas e sábados, baladas
de lineup exclusivamente eletrônico.
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QuempersonificaacoisatodaéoDJeproprie-
tário Alexandre Ribeiro. Sem bala na agulha,
Lelê,comoéconhecido,reaproveitouoespaçoda
oficinadeautopeçasdopai,pintouasparedesde
preto e, em uma noite de quarta, abriu a boate,
batizadaapartirdeumaexpressãoemespanhol
usadapelospersonagensdofilmeAmoresBrutos,
do mexicano Alejandro Iñárritu. Foi ele quem
imprimiu, ao longo dos anos, a vertente eletrô-
nica da casa, alinhada ao circuito do gênero no
Brasil, segundo a revista especializada House
Mag. Isso devido à extensa lista de atrações in-
ternacionais de peso que já comandaram as pick
ups, como o canadense Richie Hawtin e a alemã
Ellen Allien, somadas aos DJs locais, a exemplo
—
Lelê, o criador da coisa toda: apenas música alternativa e conceitual
62
E M PR E SA
INTERNACIONAIS
Booka Shade
John Digweed
Richie Hawtin
Marco Carola
Green Velvet
Carl Craig
Claude VonStroke
Felix da Housecat
Nastia
Ellen Allien
BRASILEIROS
Anderson Noise
Robinho
Marky
Mau Mau
Renato Cohen
Maurício Lopes
QUEM JÁ PASSOU
PELAS CABINES
de Anderson Noise, precursor da e-music em
Minas (veja quadro na página seguinte). “Nomes
de referência do meio underground ficam entu-
siasmadosemtocarnoDeputa,porserumespaço
pequeno, próximo do público. Alguns nunca ou-
viram falar de Belo Horizonte antes, mas saem
daqui encantados”, conta.
Lelê considera que, em se tratando de boa-
tes, não há concorrência direta. “Nossa música
é diferente do rock d’A Obra, do pop da DDuck,
doeletrônicomainstreamdanaSalaeatémesmo
da vertente das raves. Aqui, no Deputa, a gente
tocamúsicaeletrônicaconceitual,devanguarda,
uma coisa bem urbana, quadrado preto, alter-
nativa, mais clubber, mais Berlim”, descreve. No
detalhamentodaconcepçãodaboate,oprodutor
rejeitaotermoamplode“músicaeletrônica”–“é
queimado, tem muita coisa malfeita que se diz
eletrônica” – e prefere especificar as vertentes
tocadas: house, techno, nu-disco e acid house. “Psy
tranceélegal,mastemavercomnatureza,praia,
open air. Brazilian bass e EDM já deram o que
tinha que dar, mas, comercialmente, ainda en-
chem casa, dão grana. Só que não aqui”, decreta.
De certa forma, é esse purismo cheio de es-
crúpulos, tão distante da realidade comercial
da noite, que garante o début do Deputa. Mas
que não se pense que a boate surfa apenas na
doce vida. Lelê reconhece: “Temos altos e bai-
xos, todo ano tem inverno e verão. Se o imóvel
não fosse da família, já teríamos fechado.” O
desafio maior, segundo ele, é lidar com a reno-
vação de público, já que a nova geração tende a
escutar sertanejo, funk, pop, rap...
Em contrapartida, a e-music também vive
certo renascimento em BH, com os eventos de
rua, como os promovidos pelos coletivos inde-
pendentes MASTERp la n o e 1O1Ø. De caráter
experimental, as festas ocupam espaços al-
ternativos, como estacionamentos, terrenos
baldios e viadutos da região central. “Foram
eles que salvaram a cena nos últimos três anos”,
reconhece Lelê. “Agora, observo que essa nova
galera começa a migrar para os espaços fecha-
dos. Festa em lugares públicos cansa, dá traba-
lho, e o club está ali, toda semana. A tendência é
só aumentar, tanto nos lineups, quanto na pista”,
aposta, já pensando em virar trintão. vb
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SEGUIR EM FRENTE
Músico Célio Balona prepara novidades
para 2018, quando completa 80 anos,
mais de 60 deles dedicados à música
Antiguidade é posto. Se para muita gente o di-
tado é quase um mantra para o conformismo
e a acomodação, o músico mineiro Célio Balo-
na, com mais de seis décadas de trabalho e às
vésperas de completar 80 anos, segue contra
essa filosofia e prepara novidades para 2018.
O multi-instrumentista que começou a tocar
profissionalmente aos 13, quer marcar a data
com um novo álbum, Balona e BR Groove, onde,
na companhia de novos músicos, compõe de
mãos dadas com a música eletrônica.
“Sempre fui inquieto. O eletrônico deu ao
tecladista uma infinidade de sons que o ouvido
humano não estava acostumado a ouvir. Ele
conhecia o acústico, o piano, mas o eletrôni-
co trouxe timbres completamente diferentes”,
explica Balona, na terceira pessoa. Amúsica
com o sintetizador, em seu entendimento, seria
um sopro à criatividade, trazendo novos ares e
múltiplas possibilidades. “Pra quem compõe, é
uma festa”, declara-se.
A inquietação e a inclinação para o novo pa-
recem ser o segredo para a vitalidade. Além do
álbum, que também marca 15 anos do projeto
BR Groove, o músico quer fazer apresentações
com orquestra de câmara, ampliando as come-
morações. “Eu me olho no espelho e falo que
meu pai me registrou na data errada. Não me
sinto com a idade que tenho, mas tenho maior
orgulho dela. Brinco que quero ser um velho
moço e não um moço velho, o cara que vai estar
com a cabeça a mil, sempre ligado ao novo.”
E ele está ligado mesmo, principalmente nos
rumos do mercado fonográfico. Para Balona, a
música hoje é business, deixou de ser uma arte
mais sofisticada e trabalhada e a qualidade
foi descartada, tudo para fazer a fila para os
sucessos da temporada seguinte. “Hoje é a Ma-
thilde, amanhã vai ser a Tereza. A música é
um negócio, e a qualidade brasileira foi para o
chão, isso é inegável. O que está sendo feito de
novo em termos de qualidade? Daqui a um ano
você vai perguntar quem fez sucesso no ano
passado e ninguém vai saber”, opina. O músico
aponta o recifense Lenine como o “último dos
moicanos”, que tem um trabalho voltado para
a qualidade, tanto de letra quanto de melodia,
que já é lá de trás, de uma outra época. “É muito
difícil analisar a música brasileira hoje por-
que ela está sem conteúdo, é muito mais o lado
erótico, a palavra que quer dizer duas coisas ao
mesmo tempo”, critica.
Para Balona, um dos problemas é que a
mídia, principalmente a audiovisual, está
comprometida. Antigamente o artista tocava
na rádio porque o programador gostava da mú-
sica. Hoje, na maioria dos casos, uma produtora
compra o horário. “Se você chegar com um tra-
balho mais elaborado, de qualidade, eles não se
interessam. Se for música instrumental, então,
não tem espaço”, lamenta.
Daí a necessidade, segundo ele, das leis de
incentivo à cultura, visto que além das difi-
culdades que um músico enfrenta na hora de
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Mineiros conquistam Vale do Silício; reforma trabalhista debate
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  • 1. ViverBrasil edição 206 fevereiro 18 distribuição gratuita www. revistaviverbrasil. com.br MINEIROS TIPO EXPORTAÇÃO Conheça o percurso de jovens que deixaram o estado para conquistar um lugar no Vale do Silício, a Meca da inovação e da tecnologia ESPECIAL NOVA LIMA CIDADE DIVERSIFICA ECONOMIA E ATRAI INVESTIMENTOS ARTIGO PCO ELEITORES OMISSOS PERPETUAM CORRUPÇÃO NO PAÍS — André Souza: trajetória de sucesso na Google
  • 3.
  • 4. No lugar certo, seu négocio dá certo. Estrutura moderna com vista exclusiva! L o f t e m p r e sa r i a l serena mall Salas de Reunião Amplo estacionamento Elevador de acesso INSTITUTO DE BELEZA INSTITUTO DE BELEZA INSTITUTO DE BELEZA ARTES MARCIAIS projetos especiais INSTITUTO DE BELEZA ARTES MARCIAIS E BELEZA ARTES MARCIAIS projetos especiais INSTITUTO DE BELEZA projetos especiais INSTITUTO DE BELEZA ARTES MARCIAIS projetos especiais INSTITUTO DE BELEZA projetos especiais INSTITUTO DE BELEZA ARTES MARCIAIS projetos especiais INSTITUTO DE BELEZA projetos especiais INSTITUTO DE BELEZA ARTES MARCIAIS projetos especiais INSTITUTO DE BELEZA projetos especiais INSTITUTO DE BELEZA
  • 5. projetos especiais INSTITUTO DE BELEZA projetos especiais INSTITUTO DE BELEZA MG 030, 8625 - NOVA LIMA VALE DO SERENO 31 3547.8504 S E R E N A M A L L . C O M . B R
  • 6. 6 SUMÁRIO — 62 Deputamadre chega aos 15 anos como bastião da resistência da música eletrônica de BH — 48 O mineiro Pablo Oazen, vencedor do Masterchef Profissionais, ensina atum do sertão na Viver Gourmet COLUNAS 14 Coluna do PCO 16 Entre Aspas 42 Minas Inova 45 Semi & Novos 48 Viver Gourmet 52 Viver Melhor 54 À Flor da Pele 56 De BH para... 66 Passeio Cultural 70 Viver Fashion 72 Zoom ARTICULISTAS 22 Paulo Cesar de Oliveira 28 Olavo Machado 44 Paulo Paiva 46 Wagner Gomes 55 Sérgio Murilo Braga 61 José Martins de Godoy 114 Hermógenes Ladeira SEÇÕES 18 Política 24 Entrevista 30 Especial Capa 47 Solidariedade 50 Chefs de Minas 58 Turismo 62 Empresa 64 Perfil 68 Moda 78 Especial Nova Lima F O T O W A N D E R S O N M O N T E I R O F O T O S P E D R O V I L E L A A G Ê N C I A I 7
  • 7.
  • 8. 8 DIRETOR-GERAL Paulo Cesar de Oliveira DIRETOR Gustavo Cesar Oliveira Editora-geral Maria Eugênia Lages Editor-adjunto Fernando Torres Redação Eliane Hardy Lucas Rocha Repórteres colaboradores Flávio Penna Sueli Cotta Produção de conteúdo Pessoa Comunicação Projeto gráfico e editoração Greco Design Revisão Maria Ignez Villela Estagiária Dalila Coelho Articulistas Hermógenes Ladeira José Martins de Godoy Olavo Machado Paulo Paiva Wagner Gomes Sérgio Murilo Braga Fotografia Agência i7 Fotografias Capa Pedro Vilela/Agência i7 Analista comercial Sumaya Mayrink Departamento comercial MG (31) 3503-8888 comercial@ revistaviverbrasil.com.br redacao@ revistaviverbrasil.com.br Impressão Log&Print Gráfica e Logística S.A. TIRAGEM MENSAL 100.000 EXEMPLARES Viver Brasil é uma publicação da VB Editora e Comunicação Ltda. MG Rodovia MG-030, 8.625, torre 2, nível 4 Vale do Sereno - Nova Lima, MG | CEP: 34000-000 Tel: (31) 3503-8888 _ revistaviverbrasil.com.br EDITORIAL Fevereiro chega quente, com o verão, o calor do Carnavaleapolíticaefervescenteemanodeelei- ção. Há que se ter um mínimo de juízo. O sol em excessoqueima,assimcomooálcooleosaditivos detonamasaúdeeojuízo.Ummínimodepreser- vação é importante. Tirando a parcela mínima, é aproveitar essa beleza vasta que temos junto a um povo fino, disposto, animado e receptivo. Esses somos nós. E também somos os respon- sáveis por nossas vidas, pelo dia a dia que nos forma e nos leva até o amanhã. O momento pre- sente é um dos mais confusos e urgente de solu- ções.Oprocessopolítico,atéentãoaceito,colocou quasetudodecabeçaprabaixo.Commuitosacer- tosalcançadosnosúltimosanos–talvezosmaio- res símbolos sejam a Lava Jato e as reformas – , muitas coisas se adaptaram a novas realidades. Assim, 2017 terminou menos amargo e tra- zendo expectativas melhores. Mesmo que sejam melhorasrasteiras,jásãosinais deoutroclima. Precisamos acreditar. Só assim superamos medos,problemasquenoscercam,costumesde- safiados com a evolução que tanto buscamos. Nessadireção,amatériadecapadestaedição mostra a infinidade de mudanças que estamos passando, em espacial as ligadas à tecnologia. O fax que passou a mandar cartas, o computa- dor que passou a conectar o mundo, os e-mails que criaram mais um ramal de comunicação, os smartphones que trouxeram tantos conheci- mentosesoluçõesparaapalmadamão.Tudoisso a partir de gente disposta a reinventar o mundo, que muda tão aceleradamente. Umdosprincipaispilaresdessastransforma- ções é o famoso Vale do Silício, sede de algumas de grandes empresas de tecnologia, cientistas, pessoas inovadoras que transformam o seu e o meudia–comoaGoogle.Naspróximaspáginas, a Viver Brasil inteirinha pra você. Espero que aproveitem e, em março, estaremos de volta! vb NOVOS TEMPOS, BRASIL! GUSTAVO CESAR OLIVEIRA gco@vbcomunicacao.com.br
  • 9. Minha escolha faz a diferença no trânsito. Av. Barão Homem de Melo, 3.535 • (31) 3319 9000 • (31) 98738 7898 www.recreionet.com.br Conheça o novo Portal de Veículos do Grupo Lider: www.carlider.com.br Venha conhecer e fazer um test drive. www.latinncap.com TE ST 2017 Nota máxima em segurança.
  • 10. FALE CONOSCO Rodovia MG-030, 8.625, torre 2, nível 4 Vale do Sereno, Nova Lima, MG CEP: 34000-000 Cartas e-mail: cartas@revistaviverbrasil.com.br Releases: redacao@revistaviverbrasil.com.br Para anunciar: Tel.: (31) 3503-8888 Fax: (31) 3503-8888 Assinaturas: Tel: (31) 3503-8860 Comentários sobre o conteúdo editorial da Viver Brasil, sugestões e críticas a matérias. Cartas e mensagens devem trazer o nome completo e o endereço. Além do nome do autor, o e-mail também poderá ser publicado. Por razões de espaço ou clareza, os textos poderão ser publicados resumidamente. "Interessante a reportagem sobre a reforma trabalhista, mas não sei se realmente vai gerar mais empregos no país" @ana.l.carvalho OS DILEMAS DA REFORMA A reforma trabalhista veio para quebrar ainda mais o país! Se o presidente quer gerar empregos e crescimento, é preciso motivar as pessoas a abrir empresas no Brasil. As medidas de Temer precarizam ainda mais a situação do trabalhador brasileiro, favorecendo apenas as grandes empresas, que farão muita economia à custa dos empregados. antônio ribeiro NOBRES E ATRAENTES Os veganos que me desculpem, mas uma boa carne é fundamental! Os açougues gourmet, cada vez mais populares, são ótimos para quando queremos fazer um prato especial, caprichar no churrasco ou mesmo dar uma variada na rotina. Vou aproveitar as indicações para conhecer outros açougues e experimentar outros cortes. paulo gonçalves VIVER GOURMET O fish’n’chips à brasileira ficou sensacional! Já havia experimentado o prato tradicional da Inglaterra, mas confesso que os nossos ingredientes aplicados ao prato aprimoraram bastante a receita! Sou fã do chips de banana, e o molho de moqueca ficou ótimo para acompanhar. maria carolina andrade PELO WHATSAPP, MANDE DICAS E SUGESTÕES. FALE COM A VB! (31) 98272-0289 INSPIRADO PELAS NOVIDADES Legal conhecer mais a história do chef Leo Paixão! Adoro os pratos do Glouton e não tinha ideia de quão trabalhoso era o processo criativo e de execução das receitas. Agora quero conhecer o Nicolau! A alta gastronomia tem o seu espaço, mas na hora de matar a fome, o que gosto mesmo é da baixa gastronomia. ricardo costa INTERCÂMBIO EM DESTINOS EXÓTICOS O crescimento da escolha por destinos diferentes para fazer intercâmbio é muito interessante. Mais do que praticar outras línguas, a experiência de estudar fora deve nos proporcionar uma troca de culturas! Seria interessante falar também dos intercâmbios da Aiesec, que são voluntários e em destinos que precisam de ajuda humanitária. maria aparecida bittencourt CADA VEZ MAIOR Vem, Carnaval! A folia belo- horizontina está cada vez mais bonita, mais cheia, mais viva, mais colorida. Bonito demais ver a cidade reflorescer durante o feriado. Por aqui, a festa começou cedo este ano e promete durar até o final de fevereiro. Vida longa ao Carnaval de BH! gabriela camelo
  • 11.
  • 12. 12 — @viverbrasilrevista fb.com/revistaviverbrasil revistaviverbrasil.com.br VIVER ON-LINE LEITOR REPÓRTER — Serra do Cipó Enviada por: João Couto — É a sua vez de mostrar que tem faro jornalístico. Fotografou uma cena bela ou inusitada? Envie para o e-mail redacao@vbcomunicacao.com.br MAIS ACESSADAS — 1. Leitor Repórter 2. Os dilemas da reforma 3. Inspirado pelas novidades INSTAGRAM — Revista Viver Fashion: moda, tendências e passarelas
  • 13.
  • 14. COLUNA DO PCO paulo cesar de oliveira 14 SUCESSÃO EM MINAS Segundoosanalistas,hojeogovernadorFernan- doPimentelestariareeleitoapesardeaoposição dizerocontrário.Noentanto,osnomesqueestão correndo por fora ainda não emplacaram, como éocasodeMarcioLacerdaeDinisPinheiro–que continuamviajandopelointerior.Odeputadofe- deralRodrigoPachecodeixaoPMDBevaiparao DEM.Chegaumainformaçãoqueumfortenome do PMDB mandou fazer uma pesquisa para ver a real possibilidade de ser candidato. Se estiver bem, a sucessão vai dar uma embolada. Porém, tudoéespeculaçãoePimenteltrabalhatranqui- lo mesmo com o líder maior do PT, Lula, tendo entrado numa situação super-enrolada. AÉCIO EM BAIXA Depois dos escândalos em que esteve envolvido e até foi afastado da presidência do PSDB, o senador Aécio Neves entrou em baixa mas continua “se achando” e considera que “continua” mandando na política mineira como era quando governador. Acredita que dá ordens nos tucanos mineiros mas muitos fazem “ouvidos de mercador”. MISSÃO CRUCIAL Os deputados têm a missão crucial de aprovar a reforma da Previdência para criar condições para a construção de um Brasil mais moderno, mais justo e equilibrado, sem privilégios e mais igual para todos. O recado é do presidente da Fiemg, Olavo Machado Jr, que tem conversado com parlamentares mineiros sobre a importância do tema para o país. O TEMA DO MOMENTO O combate à corrupção ocupa a agenda do país há algum tempo. Sancionada em agosto de 2013, a lei anticorrupção (12.846/13) completará cinco anos em 2018. A norma, que prevê a punição de pessoas jurídicas que praticam atos de corrupção e outros ilícitos contra a administração pública, F OTO P E D R O V I L E L A / AG Ê N C I A I 7 F O T O T I Ã O M O U R Ã O F O T O D I V U L G A Ç Ã O P M D B F O T O S D I V U L G A Ç Ã O
  • 15. 15 FABINHO NA PRESIDÊNCIA — REFERÊNCIA NACIONAL — O deputado federal Fábio Ramalho, vice-presi- dente da Câmara e hoje um dos políticos minei- ros de maior prestígio na república, é candidato a suceder Rodrigo Maia na presidência da Casa. Fabinho, como é carinhosamente chamado, já trabalha as bases como fez para se eleger vice- -presidente. Prestativo como ele só, Fabinho Li- derança é procurado por gente de todo o Brasil. O Espaço Águas Claras, em Macacos, distrito de Nova Lima, está chegando aos seus 6 anos e tor- nou-se referência nacional em spa com pessoas de vários estados vindo usufruir do local para emagrecimento e para descansar a cabeça. Um dos pontos fortes é a sua cozinha. O Águas Cla- ras é comandado por Simone Gomes (foto), Ana Beatriz Pinheiro e Christiano Campos. foi regulamentada no âmbito federal em 2015, por meio do decreto 8.420. Já em âmbito regional, em apenas 14 estados brasileiros encontra-se regulamentação. Isso tudo sem falar na interpretação mutante do STF sobre o tema, dependendo de quem seja o réu. MELHOR CAMINHO Para os peemedebistas que pensam em ter candidatura própria ao governo de Minas, o vice-presidente da Câmara e coordenador da bancada federal mineira, Fábio Ramalho avisa: nós temos os votos necessários para continuar com o governador Fernando Pimentel e o PT, que é o melhor caminho para o partido. REFIS SURPREENDE Relator do Refis, o deputado federal Newton Cardoso Jr, comemora o salto na arrecadação do governo, de R$ 30 bilhões. O programa permite o parcelamento e a renegociação de dívidas tributárias e foi considerado um sucesso. Para o deputado, quando o trabalho é sério, o resultado aparece. F O T O T I Ã O M O U R Ã O F O T O E D Y F E R N A N D E S
  • 16. ENTRE ASPAS Sueli Cotta 16 ◊ TELHADO DE VIDRO Se confirmadas as previsões do líder governis- ta no Legislativo mineiro, Durval Ângelo (PT), esta será uma eleição sem ataques. Apesar do farto material para ser usado nos programas eleitorais, praticamente todos os partidos têm telhado de vidro. Poucos escapam das denún- cias de corrupção, caixa 2 e uso indevido de recursos públicos feitas pelo Ministério Públi- co Federal. Caberá ao eleitor mostrar que tem memória e escolher melhor seus candidatos. CARTÃO SEM LIMITES A Presidência da República fechou 2017 em segundo lugar no ranking dos órgãos que mais gastam com cartão corporativo. Foram quase R$ 12 milhões, pouco menos do que o Minis- tério da Justiça, que usou R$ 12,1 milhões no mesmo período. Como se vê, para as demandas do governo não há crise. CONGESTIONAMENTO ELEITORAL A morosidade da Justiça Eleitoral para julgar as denúncias contra candidatos vai acabar causando congestionamento eleitoral. Só nos primeiros meses de 2018 serão realizadas elei- ções nas cidades mineiras Ibituruna, Campo Azul e Santa Luiza e nos municípios de Novo Aripuanã (AM) e Paraú (RN). “Não são as espécies mais fortes que sobrevivem, nem as mais inteligentes, e sim as mais suscetíveis a mudanças.” charles darwin “Os idiotas vão tomar conta do mundo, não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos.” nelson rodrigues
  • 17. 3516-1332 CONHECA NOSSOS ESPAÇOS joana.almeida@minastc.com.br 1262 m2 AR CONDICIONADO CENTRAL MEZANINO 600 PESSOAS ESPAÇO CENTRO DE FACILIDADES DO MINAS I ÁREA AVENIDA BANDEIRANTES 2323 BAIRRO SERRA - BH/MG ESPAÇO SEDE SOCIAL DO MINAS II RUA DA BAHIA 2244, BAIRRO DE LOURDES - BH/MG ARENA RUA DA BAHIA 2244, BAIRRO DE LOURDES - BH/MG TEATRO 700m2 AR CONDICIONADO CENTRAL PALCO 700 PESSOAS ÁREA RUA DA BAHIA 2244, BAIRRO DE LOURDES - BH/MG RUA DA BAHIA 2244, BAIRRO DE LOURDES - BH/MG ESPAÇO SEDE SOCIAL DO MINAS I 15.600m2 AR CONDICIONADO CENTRAL QUADRA POLIESPORTIVA 3.600 LUGARES ÁREA 400m2 AR CONDICIONADO CENTRAL PALCO 300 PESSOAS ÁREA AR CONDICIONADO CENTRAL ELEVADOR DE CARGA 602 LUGARES 2.600 m2 ÁREA
  • 18. F O T O D I V U L G A Ç Ã O T E X T O S U E L I C O T TA O CURINGA ANASTASIA Distante do perfil de parlamentar tradicinal, senador é nome forte do PSDB para disputa eleitoral nacional e em Minas. Mas ele declina Ele não tem perfil do político tradicional. Estu- dioso e disciplinado, tornou-se referência em administração pública e sua palavra costuma ser referendada até por adversários. Trata-se do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), nome cogitado para a disputa nacional e para o governo de Minas das eleições 2018. Anastasia já avisou que não será candidato. Não fez e nem pretende fazer nenhum movi- mento neste sentido. Mesmo porque a direção nacional do partido marcou a realização das prévias para 4 de março, quando deve ser con- firmado o nome do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para a candidatura à Pre- sidência da República. Por enquanto, além de Alckmin, apenas o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, também está cotado. Mas, no ninho tucano, o nome de Anastasia é tratado como possibilidade, caso Alckmin seja impedido, por alguma razão, inclusive de viabilidade eleitoral. Mesmo querendo distân- cia do processo, ele também é lembrado para ser vice, se houver acordo entre os partidos. Secretário-geral do PSDB, o deputado federal Marcus Pestana lembra que a indicação do vice deve ser das legendas alinhadas ao PSDB. Nesse processo, a vaga caberia ao DEM. Essas negociações não impedem, no entanto, que todas essas hipóteses sejam analisadas, dese- jadas e com sorte, concretizadas. O senador mineiro observa essa movi- mentação e nega categoricamente a pretensão de participar do processo eleitoral, a não ser nas articulações políticas, como tem feito em — Tucano ainda é lembrado como vice e peça fundamental nas articulações políticas 18 P O LÍTI CA
  • 19. Minas. Ele tem conduzido as conversas com aliados e busca manter o grupo unido. Mas tem ouvido com frequência que seu nome é o único que conseguiria garantir a reedição da aliança. A pressão que vem sofrendo é grande. O próprio Alckmin chegou a apelar para que ele partici- passe da eleição ao governo de Minas. Em vão. Pestana acredita que Anastasia uniria o grupo e seria um candidato forte, com condi- ções de fazer com que o PSDB ocupe novamente o Palácio da Liberdade. Como essa possibilida- de está praticamente descartada, os tucanos não devem lançar candidatura. E foi esse o re- cado que Anastasia enviou para Alckmin, o de que o partido deve apoiar um de seus aliados. As conversas estão avançadas e pelo menos três nomes estão no páreo: o de Dinis Pinheiro (PP), do ex-prefeito Marcio Lacerda (PSB) e do deputado federal Rodrigo Pacheco (PMDB). Entrando ou não na disputa, Anastasia será fundamental como cabo eleitoral em nível na- cional e no estado. Seu prestígio vai além dos limites partidários. O eleitor reconhece nele o perfil de parlamentar sem os vícios da políti- ca. Para o cientista político Malco Camargos, Anastasia é um tipo entre o “velho político” e o novo “gestor”. Ele incorpora as duas qualida- des, experiência e perfil técnico, e, por isso, é tido como curinga. Outros fatores importan- tes, segundo Malco, são sua atuação como peça importante no governo de Aécio Neves, e a aura de professor, de alguém que adquiriu conheci- mento. Esses aspectos justificariam o fato de que, no momento de maior descrédito da classe política, ele aparece quase como unanimidade. Também é um dos poucos parlamentares que consegue usar a ponte aérea, entrar em restau- rantes e lugares públicos sem ser hostilizado. Ao contrário, é cercado e cumprimentado. Mas sua carreira não foi construída da noite para o dia. Graduado e mestre em Direito pela UFMG, Anastasia iniciou contato com a política ainda jovem, como assessor jurídico do relator da Constituinte Mineira, deputado Bo- nifácio Mourão (PSDB), em 1989. Logo depois, entrou na administração pública como secre- tário-adjunto de Planejamento no governo de Hélio Garcia (PTB), entre 1991 e 1994. Em 1995, assumiu o cargo de secretário-executivo do Ministério do Trabalho, com o então ministro Paulo Paiva. Com a saída dele, ocupou o cargo de ministro interino de FHC. Do Planalto, Anastasia coordenou o pro- grama de governo da campanha de Aécio, em 2002. Vencidas as eleições, ele implementou o choque de gestão em Minas. O novo modelo aca- bou servindo de exemplo para outros estados e impulsionou sua carreira política. Em 2006, integrou a chapa majoritária do PSDB, sendo candidato a vice-governador. Com a vitória nas urnas, assumiu o controle das contas do estado. Caminho sem volta, pouco depois, em março de 2010, Anastasia assumiu o governo, com a renúncia de Aécio, para disputar o Se- nado. Também enfrentou as urnas no mesmo ano, como cabeça de chapa pela primeira vez, — Malco Camargos, cientista político “ELE É UM TIPO ENTRE O VELHO POLÍTICO E O NOVO GESTOR: INCORPORA AS DUAS QUALIDADES, EXPERIÊNCIA E PERFIL TÉCNICO” E D I ÇÃO 206 | F E V E R E I RO 2018 19
  • 20. sendo reeleito em primeiro turno, com 62,72% dos votos válidos. Nesse momento, passou a ter mais intimidade com as artimanhas políticas e conseguiu manter forte base de apoio. O grupo que o apoiou se mantém ligado a ele até hoje. Em 2014, Anastasia se elegeu para uma das três cadeiras do Senado destinadas a Minas. Dois anos depois, foi escolhido relator do pro- cesso de impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Com a indicação, Anastasia teve a vida vasculhada, o governo analisado por lupa e enfrentou a fúria petista. Bombar- deado por todos os lados, ele se manteve firme. As críticas não surtiram efeito e o senador con- cluiu o relatório e o parecer de 441 páginas, considerando que as acusações contra Dilma eram graves e substanciais. Dilma foi afastada definitivamente em 31 de agosto de 2016. Foi a partir desse momento que Anastasia passou a ser considerado nome forte do PSDB para a presidência. De senador e ex-gover- nador, passou a ser um dos políticos mais co- mentados. A fama parece ter lhe dado ânimo para intensificar a atuação no Senado, onde encontrou vocação. Bem à vontade na função de parlamentar, ele tem encontrado respal- do para colocar em prática a experiência na administração pública, com apresentação de propostas para corrigir distorções nas leis. Um de seus projetos, por exemplo, busca am- pliar a segurança jurídica e melhorar as deci- sões públicas. “O estado tem a incapacidade de gerar confiança nas pessoas, nas empresas e no terceiro setor. Ou melhoramos nosso ambien- te institucional ou o estado será um inimigo, jamais um parceiro”, defende o senador, que acredita que a proposta vai impactar a socieda- de e atrair mais investimentos. Outro projeto aprovado por unanimidade é o que simplifica convênios e a prestação de contas de pequenos municípios, o Simples Municipal. A ideia é ga- rantir tratamento diferenciado a municípios de pequeno porte, facilitando o acesso a mais recursos e tornando a prestação de contas mais condizentes com a realidade de escassez dessas prefeituras. A medida, em trâmite na Câmara, deve beneficiar mais de 70% das cidades. Sua atuação chamou a atenção dos órgãos que acompanham os trabalhos dos congressis- tas e Anastasia foi escolhido por três anos con- secutivos como um dos “cabeças do Congresso” pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). O empenho tem razão de ser. É no Senado que ele coloca em prática os conhecimentos teóricos conquistados em sala de aula, inclusive como professor, sua experi- ência na administração pública e agora, mais intensamente, nas articulações políticas. Ao que tudo indica, a maior dificuldade do congressista mineiro será o de convencer os líderes tucanos e os partidos aliados de que ele prefere ficar no Senado a entrar em disputas eleitorais, mesmo que isso signifique o encolhi- mento da sobrevivência da legenda. vb — Relator do impeachment: parecer teve 441 páginas F O T O D I V U L G A Ç Ã O 20 P O LÍTI CA
  • 21.
  • 22. A R TI CU LI S TA 22 ELEITORES OMISSOS irresponsáveis mesmo. E que não venham com o discurso de que o eleitor se afastou da polí- tica, enojado com as ações dos políticos. Não é verdade. Somos historicamente omissos. Foi deste tipo de comportamento que surgiu a figura do rouba, mas faz, lá pelos anos 1950, eleito. Como o paulista Adhemar de Barros, o também paulista Paulo Maluf sempre se ele- geu pela compreensão que o eleitor tem sobre a corrupção, que a aceita, desde que receba van- tagens, diretas ou não. Somos nós que alimen- tamos a corrupção mantendo o poder de cor- ruptos e elegendo novos bandidos, que já não podem nem mesmo usar o slogan rouba, mas faz pois apenas roubam. Mas, apesar da verdade que apenas prender os responsáveis pelos mal- feitos não elimina a corrupção, é preciso que a perseguição a eles seja implacável. Assim pelo menos conseguimos manter o equilíbrio na relação corruptos/omissos. Já é alguma coisa. vb Quem espera ver o fim da corrupção no país, como resultado da Lava Jato, a maior delas, e outras operações em curso ou já concluídas, pode ir contendo seu entusiasmo. Corrupção não tem fim com processos e prisões. É muito mais uma questão de mudança de atitude da população. A advertência não é de nenhum teórico.Ela é do ex- procurador italiano, co- nhecido como o czar anticorrupção do país, Rafaelle Cantoni, que atuou em vários pro- cessos envolvendo a máfia de seu país. Para Cantoni, “enquanto os eleitores considerarem que corrupção não é problema deles” as inves- tigações não terão efeitos transformadores na sociedade. Pegam-se os pequenos, permane- cem os grandes. O Brasil é um vasto campo de comprova- ção da tese do italiano. Em todos os níveis de poder, o que se vê é corrupto carimbado exercendo mandato ou cargo público.É bem verdade que não são corruptos condenados pois, afinal, nosso Judiciário não tem o dina- mismo que se espera dos que têm a responsa- bilidade de punir quem não tem respeito pela coisa pública e pelo mandato que recebeu nas urnas. Se nosso Judiciário é lento, confuso em suas decisões, nossos eleitores são omissos, EM TODOS OS NÍVEIS DE PODER, O QUE SE VÊ É CORRUPTO CARIMBADO EXERCENDO MANDATO Jornalista PAULO CESAR DE OLIVEIRA
  • 23.
  • 24. E NTR E V I S TA 24 EM BUSCA DE APOIO T E X T O S U E L I C O T TA Os argumentos usados pelo governo na busca de apoio para a reforma da Previdência têm sensibilizado o setor produtivo. A população, no entanto, não tem referendado essas mu- danças, e é essa dificuldade em chegar até o eleitor que está sendo usada como justifica- tiva pelos congressistas para se recusarem a garantir os votos necessários para aprovar a reforma. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Carlos Marun (PMDB), passou boa parte do recesso dialogando com vários setores em busca de apoio. Ele esteve na sede da Federação das Indústrias de Minas Gerais, onde constatou a receptividade dos empre- sários. Mas também ouviu a manifestação de deputados contra a reforma, como deixou claro o vice-presidente da Câmara, o deputa- do mineiro Fábio Ramalho (PMDB). Apesar das resistências, Marun mantém-se otimista e afirma que não há outro caminho para o desenvolvimento do país. CARLOS MARUN ◊ Ministro da Secretaria-Geral da Presidência dialoga com vários setores da economia, diz que situação do país ficará incerta sem aprovação da reforma da Previdência e que o Brasil não tem chance de futuro se as mudanças não forem implementadas F O T O S E C R E T A R I A - G E R A L D O G O V E R N O
  • 25. E D I ÇÃO 206 | F E V E R E I RO 2018 25 ESSAS CONVERSAS QUE O SENHOR TEVE ANTES DO FIM DO RECESSO PARLAMENTAR PODEM ALTERAR OS VOTOS DOS DEPUTADOS? Nós tentamos esclarecer as pessoas para que elas possam ter um entendimento maior da aprovação da reforma da Previdência e, ob- viamente, impactar na disposição dos de- putados em votar. Temos manifestações da sociedade, como aconteceu no encontro que tivemos na sede da Fiemg. São empresários que criam empregos, têm intenção de inves- tir e que estão certos de que nós precisamos fazer essa reforma para que o Brasil continue crescendo. O crescimento econômico vai tra- zer melhoria na qualidade de vida para todos os brasileiros. Praticamente não ocorreram dúvidas nas conversas com os empresários. O que nós tivemos foi um retorno do que eles poderiam fazer para ajudar. A população está muito interessada em discutir essa questão, que começa a se esclarecer e aumenta, por isso, o apoio à reforma da Previdência. O GOVERNO TEM FALADO EM CORTES DE PRIVILÉGIOS. O QUE VAI SER CORTADO? Os privilégios de quem se aposenta precocemen- te e os que recebem altos valores de aposentado- ria. São pessoas que se aposentam com 48 anos e recebem R$ 40 mil. Mesmo sendo legal, é um privilégio que o Brasil não pode mais pagar. SEM A REFORMA, O QUE O GOVERNO PREVÊ PARA A ECONOMIA DO PAÍS? Tenho certeza de que a situação ficará mais difícil. Aliás, todos os cidadãos lúcidos têm essa certeza. Alguns podem até fingir que não sabem, por outros interesses. Mas é evidente que, sem a reforma, o futuro do Brasil é com- pletamente incerto e o rebaixamento da nossa nota pela agência Standard & Poor’s, de Nova Iorque, é só um sinal disso. O QUE SE PERCEBE É QUE OS PARTIDOS DA BASE E OS QUE ESTÃO NEGOCIANDO COM O GOVERNO QUEREM SEMPRE ALGUMA COISA EM TROCA. SÃO CARGOS, COMO NA CAIXA. COMO O GOVERNO ESTÁ TRABALHANDO COM ESSAS DEMANDAS? São várias pendências que estão sendo solu- cionadas, cada uma a seu tempo. As indica- ções na Caixa estão dentro da nova linha de governança decidida pelo próprio governo e aprovada em lei pelo Congresso Nacional. COMO ESTÁ SENDO EQUACIONADO O LOTEAMENTO DE CARGOS NO GOVERNO? Não existe loteamento no governo. Você pensa que um presidente da República tem condição de sozinho montar todo um governo? Ninguém tem essa condição. Só Deus teria uma condi- ção como esta. Temos que aceitar sugestões e fazê-lo de forma organizada. Se a pessoa vai procurar um professor particular para o filho, pede conselho para um inimigo ou para um amigo em relação a quem contratar? Pedimos sugestões e recebemos sugestões. Isso é um fato corriqueiro na política. O governo está monta- do. Essa questão de ocupação de espaço não faz parte do processo de aprovação da reforma da Previdência. Pode haver uma mudança aqui, uma mudança ali, mas o governo está montado. E A LIBERAÇÃO DAS EMENDAS PARLAMENTARES. O GOVERNO TEM RECURSOS PARA LIBERÁ- LAS E ACALMAR A BASE? As emendas parlamentares são impositivas e serão pagas como manda a lei no decorrer do ano de 2018.
  • 26. EM ALGUNS ESTADOS, O PMDB QUER SE ALINHAR AO PT, COMO EM MINAS. COMO O PARTIDO VAI TRATAR ESSA QUESTÃO? Acho que as alianças políticas devem se esta- belecer em torno de princípios. Não sou sim- pático à ideia de uma união entre PMDB e PT em Minas e em lugar nenhum. O Rodrigo Pacheco, por exemplo, é excelente nome no partido. Torço para que, tanto em Minas como em todos os estados da União, o PMDB lance candidato próprio ou faça aliança com parti- dos do nosso campo político. NACIONALMENTE, O PMDB VAI DESISTIR DO LANÇAMENTO DE CANDIDATURA PRÓPRIA? Não. Estamos nesse projeto de lançar candida- tura própria ou apoiarmos uma candidatura que represente esse campo no qual nós estamos inseridos.Essecampopolíticoqueapoiaasrefor- mas que nós estamos implementando no Brasil. INCLUSIVE COM A POSSIBILIDADE DE BUSCAR A REELEIÇÃO DO PRESIDENTE MICHEL TEMER? Vamos respeitar as outras candidaturas que já estão postas, como a do presidente da Câ- mara, Rodrigo Maia, a do ministro Henrique Meirelles, inclusive a candidatura do gover- nador Geraldo Alckmin. Mesmo o PSDB não sendo um partido que compõe a base do gover- no, pode ser sim uma opção. Não afastando a possibilidade de que o nome do presidente Michel Temer seja incluído nas discussões, se ele assim o desejar. Mas só vamos avaliar a eleição à Presidência depois da votação da reforma da Previdência. O SENHOR ACREDITA QUE A ECONOMIA BRA- SILEIRA VAI MELHORAR A PONTO DE VIABILI- ZAR A REELEIÇÃO DE TEMER? Tenho certeza de que a aprovação da reforma da Previdência vai provocar uma melhora tão efetiva na economia que vai possibilitar, sim, o surgimento de uma candidatura lúcida, que se coloque entre os radicalismos incon- sequentes de Bolsonaro e de Lula. Essa candi- datura lúcida vai representar nosso projeto e tem tudo para vencer as eleições. DEPOIS DE TUDO O QUE ACONTECEU NO PAÍS, O SENHOR ACREDITA QUE O BRASILEIRO ADQUIRIU MATURIDADE POLÍTICA E VAI SABER DIFERENCIAR OS PROJETOS DOS CANDIDATOS? Sim. As pessoas subestimam os brasileiros. A população tem maturidade política para, no momento certo, fazer a escolha certa. O que ele não pode é ser enganado por candidatos que buscam se eleger mentindo para a população, falando que a reforma da Previdência não é ne- cessária, quando qualquer pessoa, com um mí- nimo de racionalidade sabe que o Brasil não tem a mínima chance de futuro sem que a reforma seja rápida e efetivamente implementada. vb E NTR E V I S TA 26 F O T O S E C R E T A R I A - G E R A L D O G O V E R N O
  • 27. r. oriente 644 . serra (31) 3225-7303 verdemusgo@verdemusgo.com.br = verdemusgo.com.br = design floral cenografia . locação de mobiliário verdemusgo @verdemusgo
  • 28. A R TI CU LI S TA 28 REFORMA URGENTE casas populares/ano. Também seria possível construir 221.664 escolas e 40.786 hospitais. Reformar a Previdência, portanto, signifi- ca estancar uma sangria. Dezenas de nações mundo afora já reformaram seus sistemas pre- videnciários, adequando-os à nova realidade demográfica e expectativa de vida. Enquanto os brasileiros se aposentam, em média, com 59,4 anos, na maioria dos países, a idade é bem mais alta: Itália (61,4), Grécia (61,6), Espanha (62,2), Turquia (65,2), Estados Unidos (65,9), Portugal (67), Chile (70,9) e México (72). Soma-se ainda a necessidade de corrigir injustiças. Hoje, a aposentadoria dos trabalha- dores de empresas privadas é limitada ao teto de R$ 5.531, sendo que 64% dos beneficiários recebem apenas um salário mínimo. No setor público, a situação é bem diferente: as aposen- tadorias chegam a R$ 10 mil, R$ 20 mil e ao completo absurdo de mais de R$ 30 mil. A re- forma poderá promover maior equilíbrio nes- ses valores, reduzindo privilégios inaceitáveis. Por todos estes motivos, a indústria mineira está ao lado daqueles que querem construir uma nação próspera, geradora de riqueza e justa na distribuição dos frutos do crescimento econômico. Não podemos mais esperar. vb Com o fim do recesso parlamentar, deputados e senadores retornam com a missão crucial de aprovar a reforma da Previdência. Ao agirem assim, criarão condições para a construção de um Brasil moderno, mais justo e equilibra- do, sem privilégios e mais igual para todos. Também criarão ambiente propício a maiores investimentos em infraestrutura de apoio ao setor produtivo e em áreas fundamentais para a população: educação, saúde, saneamento e segurança pública. Esta é a posição defendida pelas entidades representativas do setor produtivo mineiro. Mobilizadas no Fórum das Entidades Empre- sariais de Minas Gerais, estas instituições re- novam e reafirmam seu mais irrestrito apoio à reforma. Nosso posicionamento se fundamen- ta na constatação de que não é mais possível conviver com o rombo anual de R$ 305 bilhões. Com a economia de R$ 1 trilhão até 2028, seria possível construir, por exemplo, 1 milhão de OS PARLAMENTARES DECIDIRÃO SOBRE O TIPO DE NAÇÃO QUE QUEREMOS CONSTRUIR Presidente do Sistema Fiemg OLAVO MACHADO
  • 29.
  • 30. 30 E S PE C I A L T E X T O E F O T O S A LY S S O N L I S B O A MINEIROS NO VALE DO SILÍCIO
  • 31. E D I ÇÃO 206 | F E V E R E I RO 2018 31 Conheça as histórias de quatro jovens que deixaram Minas Gerais para conquistar emprego na Google, uma das empresas mais inovadoras do mundo Conhecer a sede mundial da Google, para aficcionados em tecnologia como eu, equivale à cena de uma daquelas crianças entrando na Fantástica Fá- brica de Chocolates de Willy Wonka. Recebi meu crachá de visitante na re- cepção do Prédio 43 do Googleplex, em Mountain View, na Califórnia. Dife- rente do que é idealizado no filme da década de 1970, a magia do lugar não está apenas nos corredores coloridos, geladeiras repletas de guloseimas, mascotes espalhados por todo lado e bicicletas multicoloridas. O encanta- mento acontece também pelo impacto que cada produto desenvolvido naque- le lugar tem em nossas vidas e como o ambiente é repleto de jovens criati- vos. É de lá que saem soluções que alte- ram o cotidiano de bilhões de pessoas e empresas ao redor do mundo. Você consegue imaginar sua rotina sem um e-mail ou sem o mapa no celular? “Dar um Google” ou “Googlar” já virou ex- pressão usual, não é mesmo? Visitei a sede do Google em busca de boas histórias de mineiros que trabalham lá. Em meio a centenas de edifícios e paredes pintadas de vermelho, azul, verde e amarelo, en- contrei alguns jovens que deixaram Minas para buscar o sonho de tra- balhar nos Estados Unidos. A região escolhida, o Silicon Valley ou Vale do
  • 32. 32 E S PE C I A L Silício, abriga várias cidades que são sedes das principais empresas de tec- nologia do mundo. Ao visitar a Califórnia, tive a rá- pida sensação de estar realmente em um lugar muito particular. Além de ser um espaço rico, repleto de bele- zas naturais e excelentes universi- dades, como a Stanford e a Univer- sidade da Califórnia, em Berkeley, a região é cercada por cidades como San Francisco, Palo Alto, Los Gatos, Los Altos, San Bruno e a própria Moun- tain View. São locais que abrigam hoje as maiores empresas de tecnolo- gia e startups do sucesso do mundo e que já fazem parte do nosso cotidiano, como Apple, Facebook, Google, Micro- soft, Netflix, Twitter e tantas outras. Antes de visitar a sede do Google, uma parada na casa que, por 20 anos, pertenceu a Steve Jobs. Foi no núme- ro 2.101 da Waverley Street, em Palo Alto, que o gênio da Apple morou até sua morte, em outubro de 2011. A at- mosfera convida à reflexão por sua exuberante paisagem, canto de pás- saros e poucos pedestres ou curiosos. Fiz o percurso de Palo Alto em di- reção a Mountain View. Chegando à sede da Google, fui recebido pelos mineiros André Souza, Vinícius Feli- zardo, e Thales Filizola. Ana Carolina Gurgel, mesmo adoentada, contribuiu com a entrevista via chat hangout. Ela se recuperava de uma virose e traba- lhava de casa. Sim, isso é comum por lá, e as pessoas fazem isso porque gos- tam do trabalho. Esses mineiros que trabalham hoje no Google deixaram o — Casa da Steve Jobs, em Palo Alto — Vinícius Felizardo: da Google de São Paulo para a Califórnia
  • 33. E D I ÇÃO 206 | F E V E R E I RO 2018 33 Brasil para viver um sonho. Os jovens conta- ram um pouco sobre o que é viver e trabalhar naquela região. Aceitaram conversar com a reportagem da revista Viver Brasil para relatar sobre carreira, cotidiano, saudade de casa e desafios encontrados. UM PASSO DE CADA VEZ E UM OBJETIVO CLARO NA CABEÇA Aos 15 anos, Vinícius Felizardo deixou a peque- na Muriaé, na Zona da Mata, para estudar no Rio. Depois de passar por algumas faculdades, resolveu cursar Engenharia de Computação na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Durante os estudos, fez in- tercâmbio no Chile e, depois, no estado da Pensilvânia, já nos Estados Unidos. O jeito tímido e o tom baixo na conver- sa não escondem a inteligência e a per- cepção do jovem, que ainda conserva o sotaque mineiro. Depois de conseguir um estágio no setor de vendas da sede da Google em São Paulo, o felizardo Vinícius perce- beu que grande parte do trabalho rea- lizado poderia ser automatizado. E não deu outra: foi convidado para evoluir a solução na sede de Mountain View. Observando a oportunidade que tinha nas mãos, tratou de buscar uma vaga no time global da empresa. A PERSISTÊNCIA DE ANDRÉ E A CERTEZA DO CAMINHO QUE GOSTARIA DE TRILHAR “Quando decidi trabalhar na Google, cheguei a enviar 37 vezes o currícu- lo para seleção”, conta André Souza, que está na empresa desde novembro de 2016. O percurso para chegar até lá foi muito diferente da maioria das pessoas, mas a persistência fez toda a diferença na contratação. Formado em Letras pela UFMG, atualmente ele tra- balha como cientista de dados e con- centra seus esforços em um conceito bem atual, o aprendizado de máquina. “Esse é cargo que está presente em várias frentes dentro da Google. Então, enviei o currículo para diversas divi- sões aqui”, revela André. Não foi rápido conquistar uma cadeira na empresa, mas determinação nunca faltou ao
  • 34. 34 E S PE C I A L jovem. Quando chegou aos Estados Unidos, por meio de um convênio entre a UFMG e a Universidade do Texas, em Austin, trazia no bolso só US$ 25, dos quais gastou US$ 15 para comprar um pré-histórico cartão telefônico e avisar à mãe que estava bem. Ex-morador do bairro Vera Cruz, em Belo Horizon- te, André teve infância pobre, conhe- ceu de perto as dificuldades, mas isso nunca o amedrontou. Para sobreviver, aprendeu a fazer de tudo um pouco e não parou de tra- balhar. Cortava grama, lavava pratos até que, denunciado, teve que regres- sar ao Brasil. Ainda determinado a voltar aos Estados Unidos, conseguiu apoio da professora que conheceu no Texas e se ofereceu para ajudar na pesquisa como voluntário. A profes- sora, por sua vez, convidou André a voltar, dessa vez como estudante de doutorado em Psicologia Cognitiva. Mas,paraentrarnaGoogle,ocaminho continuava longo e estreito. “O processo de entrevista é bem demorado. Todas as semanas,chegampelomenos20milcur- rículosnaempresa,emenosde1%éapro- veitado”,informa.SegundoAndré,issose deve não por baixa formação ou falta de cursos de especialização, mas porque os entrevistadores exigem um pensamento lógico para a solução de problemas reais. “Oscandidatos,namaioriadasvezes,não estãopreparadospararesponderpergun- tas totalmente inusitadas, muitas vezes, deoutrasáreasdoconhecimento.” André,quetambémfezpós-doutora- donoCanadá,destacaaindaque,apesar de a Google ser uma empresa de enge- nharia, eles contratam psicólogos, bió- logos,historiadores,entreoutrosprofis- sionais. “Estar disposto a gerar impacto no mundo com soluções tecnológicas já fazdevocêumfortecandidato.Ocurrí- culo não é só o que conta”, completa. — André Souza, cientista de dados da Google “ESTAR DISPOSTO A GERAR IMPACTO NO MUNDO COM SOLUÇÕES TECNOLÓGICAS JÁ FAZ DE VOCÊ UM FORTE CANDIDATO”
  • 35. 35 PRESENÇA FEMININA “Nunca pensei que era um ambiente masculino. Fui atrás de informação e segui minha trajetória.” As aspas são de Ana Carolina Gurgel, que trabalha na Google da Califórnia e pede que mais mulheres busquem posições importantes em empresas de tecnologia. Para ela, não há barreiras. “As relações de trabalho são muito diferentes das do Brasil. Não há espaço para tantas brincadeira”, compara. Formada em Administração, Ana trabalhou na área de consultoria em Minas. Passou três anos no Canadá e em Nova Iorque, quando resolveu fazer MBA na França. Depois, fez vários cursos de empreendedorismo e de tecnologia. E a virada aconteceu. Atualmente, ela trabalha na ferramenta G Suite, serviço de produtos que podem ser personalizados pelo usuário. “O processo seletivo do Google é bem rigoroso, mas também é preciso sorte. Já contratei várias pessoas que não passaram na primeira vez e tentaram novamente”, diz ela, que trabalha na empresa há cinco anos. Apesar de flexível, Ana lembra o quanto o mercado norte-americano é competitivo. “Agora, por exemplo, estou em casa, gripada. Mas trabalho normalmente. Somos cobrados por resultados e não por estar trabalhando fisicamente na empresa”, ressalta. É nessas horas que a saudade de casa bate forte. “Nos dois primeiros anos, me senti muito sozinha. Foi muito difícil. Mudei para os Estados Unidos aos 30 anos, casada. O esquema é diferente, a cultura é bem fechada, os eventos têm hora para começar e para terminar.” Ela acredita que, para atrair cada vez mais mulheres para o campo da inovação e da tecnologia, é preciso ocorrer uma mudança cultural muito forte. Sem se intimidar, Ana só tinha uma obstinação: Como faço para entrar? Ela perguntava aos homens como fazer para alcançar determinados postos. Para ela, quanto mais mulheres estiverem em posições importantes, maior será a atração para que cheguem novas candidatas. E D I ÇÃO 206 | F E V E R E I RO 2018 CÉREBRO ELETRÔNICO O engenheiro de software Thales Fi- lizola começou a trabalhar no YouTu- be, braço da Google com sede em San Bruno, em outubro de 2015. Antes disso, passou por algumas startups e consultoria em big data e também realizou um trabalho para o gover- no de Minas, no setor de dados mas- sivos. Ele é um entusiasta das novas tecnologias e acredita que máquinas, cada vez mais inteligentes, poderão realizar rotinas mais rápido que nós, mas a criatividade é um dom natural humano, que dificilmente a máquina conseguirá substituir. “Conseguimos navegar em domínios que ela ainda não consegue”, afirma Thales. A máquina também não substitui a saudade de casa. Thales vem uma vez por ano ao Brasil, geralmente no Natal, para reencontrar a família. Pergun- tado se pensa em voltar para BH, ele não refuta: “O ambiente de trabalho é diferente. O impacto que podemos cau- sar nas pessoas e no mundo é incrível. Quero continuar aqui.” Trabalhar na Google coloca as pessoas em contato com uma nova cultura de informação e organização. “O choque cultural é muito marcante. Todos temos o modo ‘googleness’ de pensar. É uma cultura aberta”, completa. Na empresa, os fun- cionários dispõem de 20% do tempo para desenvolver qualquer tipo de negócio ou produto, mesmo projetos particulares. A cobrança é descentra- lizada, enquanto o envolvimento dos funcionários e o ambiente competitivo incentivam a busca pela superação.
  • 36. 36 E S PE C I A L CIDADES E OS PONTOS DE INTERESSE SAN FRANCISCO Sede das empresas Twitter e Kiwi Landing Pad LOS ALTOS Início da Apple LOS GATOS Sede da Netflix MENLO PARK Sede do Facebook - A famosa avenida Sand Hill Road concentra boa parte dos investidores de startups. É considerada uma das cidades mais educadas da Califórnia e dos Estados Unidos, já que 70% dos residentes têm curso superior MOUNTAIN VIEW Sede do Google - Foi lá também que os primeiros 50 computadores da Apple foram vendidos, na loja Byte Shop PALO ALTO Sede da HP e da Tesla Motors SAN JOSE Sede das empresas Paypal, eBay e Adobe SAN MATEO Sede da Draper University – visitas guiadas às terças e quintas SANTA CLARA Sede da Intel e da IngDan e Robotx STANFORD Sede da Universidade de Stanford SUNNYVALE Sede das empresas Yahoo! e Linkedin TWITTER KIWI LANDING PAD YOUTUBE ORACLE GENENTECH FACEBOOK UNIVERSIDADE DE STANFORD MUSEU HP GARAGE 165 UNIVERSITY AVENUE GOOGLE NASA YAHOO! CASA DE STEVE JOBS APPLE INTEL CISCO EBAY 2 1 3 4 5 6 8 7 9 10 11 14 15 16 13 12 17 SAN FRANCI PAC
  • 37. E D I ÇÃO 206 | F E V E R E I RO 2018 37 17  East Palo Alto Newark  Fremont  Union City Menlo Park  San Carlos   Belmont  Foster CIty  San Mateo  San Bruno  Millbrae Burlingame   South San Francisco  Oakland  Emeryville  San Ramon  Redwood City Mountain View   Milpitas  SAN JOSE  Campbell  Los Gatos Scotts Valley   Santa Cruz Morgan Hill  Saratoga  Monte Sereno  Cupertino  Los Altos Hills   Los Altos  Santa Clara  Sunnydale  Palo alto ISCO  SILICON VALLEY SF CONTRA COSTA ALAMEDA SANTA CLARA SANTA CRUZ I FIC OCE AN SAN FR ANCISCO BAY SAN MATEO 2 1 3 4 5 6 8 7 9 10 11 14 15 16 13 12
  • 38. 38 E S PE C I A L Cerca de 33 mil funcionários trabalham atual- mente na Google de Mountain View. Somando os outros escritórios ao redor do mundo, a em- presa emprega mais de 72 mil colaboradores divididos pelos diversos produtos da marca. “Temos acesso a coisas que vão ditar o futuro. O carro que dirige sozinho é uma das coisas que nasceu aqui”, comemora André Souza. O prédio 43 do Googleplex, conhecido tam- bém como prédio dos nerds, foi nosso ponto de partida com esses mineiroS que deixaram para trás a família e os amigos em busca do sonho de trabalhar fora. Segundo o ranking Brand Finance Global 500, com as marcas mais pode- rosas no mundo, divulgado no início de 2017, a Google é hoje a marca mais valiosa do planeta, estimada em US$ 109 bilhões. G I GA N T E Q U E N ÃO PA R A D E C R E S C E R INTELIGÊNCIA DE MÁQUINA O carro da Tesla avisa um risco iminente de colisão. A máquina consegue processar os acontecimentos em uma rodovia de modo muito mais rápido e completo que nós, humanos. Mas, segundo André Souza, apesar do desenvolvimento da ciência e da compreensão do cérebro a partir de um nível neural, existem coisas que não conseguimos traduzir com máquinas. “A gente tem determinadas reações muito curiosas, como, por exemplo, não ir com a cara de fulano ou gostar de sicrano”, exemplifica André. E complementa: “Nosso processo criativo e a capacidade de realizar conexões são processos ainda muito complexos. As máquinas não conseguem simular essas relações – ainda”.
  • 39. 39 E D I ÇÃO 206 | F E V E R E I RO 2018 — Parque do sistema operacional Android — Thales Filizola: choque cultural é marcante — Recepção da Google: empresa flexível, mas competitiva
  • 40. 40 E S PE C I A L Os mineiros no Vale do Silício deixam algumas dicas valiosas para quem busca um lugar ao sol na terra mundial da inovação DICA 1: TENHA UMA REDE CONTATOS O norte-americano faz muito network. Entre em contato com as pessoas. Você tem que fazer pesquisa para entender o que quer. Depois, bus- que pessoas que possam te ajudar. “Pedir para ser ‘colocado’ no Google não é o tipo de coisa que as pessoas gostam de receber aqui. Esta- mos falando de uma empresa com mais de 70 mil funcionários. É preciso ter um propósito muito claro. Faça perguntas assim: ‘Queria saber como funciona o seu trabalho, o que você faz e que tipo de competências preciso ter?’” AnaCarolina,estrategistadaplataformaGSuite DICA 2: PESQUISA NO GOOGLE “Temos hoje um mar de informação sobre os processos de seleção. Até livros já foram publi- cados. Compre os livros e leia o material dispo- nível; acesse o site de carreiras careers.google. com, com muito conteúdo explicado. Tente pen- sar do outro lado: ‘O que o Google vai ganhar me contratando?’” Vinícius Felizardo, analista técnicodeoperaçãodevendas DICA 3: VÁ DEVAGAR Como ter êxito profissional fora do Brasil? “Temos a cultura de querer o sucesso muito rápido. Se você quer ser bom em alguma área, isso vai tomar tempo. Pense nisso e invista tempo. Para ser bem-sucedido no Google, seja pró-ativo. Você pega e faz. Tem um problema, tante resolver. Você terá um título aqui, mas terá que agir para além de suas atribuições.” AndréSouza,cientistadedados DICA 4: PENSAMENTO ABERTO PARA NOVAS COISAS As coisas não nasceram de um dia para o outro. O Facebook demorou dez anos para co- meçar a ser lucrativo. “Para engenheiros de software: pense fora das caixinhas. Liberte-se do pensamento: eu estudei computação e sei apenas computação. Você precisa entender os avanços do mundo e ter opinião formada. Como você pensa sobre os assuntos? É preci- so ter noção de como as coisas funcionam.” ThalesFilizola,engenheirodesoftware — Prédio 43 do Googleplex, em Mountain View
  • 41. E D I ÇÃO 206 | F E V E R E I RO 2018 41 “TENHA UMA VISÃO DE BIG PICTURE SOBRE SUA VIDA E PENSE RÁPIDO, SEM SER SUPERFICIAL” ENQUANTO ISSO, NA NETFLIX.. Formada em Fonoaudiologia, Luciane Carrillo é hoje gerente de experiência do consumidor na Netflix, em Santa Clara, também na Califórnia. Mas, para chegar até lá, ela precisou se reinventar. O primeiro obstáculo foi em relação à falta de domínio da língua inglesa, razão pela qual perdeu várias oportunidades. “Sem inglês você não vai ser ninguém.” Esse foi o conselho que ela escutou e a ajudou a perceber que algo precisava ser feito. Como o sonho era maior que as pedras pelo caminho, viajou para os Estados Unidos e se dedicou ao aprendizado da língua. Fez vários cursos para aprender inglês e também outros assuntos ligados à gestão nos negócios. Ela confessa que, nos primeiros meses, não entendia absolutamente nada, mas, depois de um ano, a coisa evoluiu, e ela entrou de cabeça no aprendizado da língua. Luciane chegou a Palo Alto em 2005 e foi acolhida por uma família via o programa de intercâmbio de au pair: ela cuidava das crianças em troca de residência e alimentação. Mesmo com dificuldade com a língua, a brasileira de São Paulo seguiu em frente, largando a família e o consultório montado no Brasil para se dedicar aos estudos. Em resumo: humildade para dar um passo para trás e a crença em um futuro diferente. “Basta ter determinação e saber para onde quer ir”, diz Luciane, entre uma garfada e outra de salada, no restaurante da Netflix. UM DEGRAU DE CADA VEZ “Vim para aprender inglês e queria voltar para o Brasil. Mas, quando já estava aqui, conheci meu atual marido e decidi ficar. Não poderia transferir minha graduação em Fonoaudiologia para trabalhar nos Estados Unidos. Então, o único caminho era me reinventar”. Como gostava de comunicação, Luciane foi estudar mestrado em Psicologia Organizacional na Universidade de Golden Gate, em San Francisco. Como o curso era muito caro, dividia os estudos com o trabalho de secretária em uma pequena empresa. Foram cinco longos anos até conquistar a vaga na Netflix. “Aqui, temos liberdade de criar, mas também precisamos assumir as consequências”, relata. Segundo a gerente, o ambiente da empresa favorece a contratação de pessoas pró- ativas e que olham o mundo como um todo. “Produzir muito e trazer resultados: essa é a cultura da empresa”, ressalta ela. Luciane trabalha na Netflix há aproximadamente sete anos e observou de perto muitas demissões, geralmente, daqueles ex-funcionários que demoravam tempo demais para trazer coisas novas. Como o mercado da tecnologia demanda uma performance dinâmica, inventar e reinventar faz parte do cotidiano profissional. Os horários de trabalho também são diversos. Ela conta que faz reuniões por telefone enquanto apronta os dois filhos para a escola e enfrenta trânsito, sempre conversando com pessoas do mundo inteiro. “Não há mais espaço para carreiristas, pessoas ligadas a processos sistemáticos do passado ou que buscam um emprego confortável.” Ela compara a tomada de cena de um filme de Hollywood hoje, de 2 segundos em média, com a década de 1950, de 27 segundos, demonstrando que o mundo pede outro olhar e movimentos mais rápidos. “É preciso ser ágil, produtivo e trazer resultados sólidos e rápidos para as corporações”, conclui. — Luciane Carrillo, gerente de experiência do consumidor da Netflix, na Califórnia
  • 42. MINAS INOVA téo scalioni e giuliano le senechal 4 2 F O T O D I V U L G A Ç Ã O H U B M I N A S D I G I T A L CICLO DE TRANSFORMAÇÃO As equipes que compõem o time do programa Hub Minas Digital estão em festa. O ciclo-piloto, que agregou três empresas privadas de médio e grande portes – Depyl Action, Brasif e a belga Solvay –, além da sociedade de economia mista Prodabel, foi concluído com êxito. É claro que, como todo processo em construção e que propõe, justamente, inovação e transformação digital, serão realizados ajustes para que as próximas experiências, essas oficiais, fiquem mais asser- tivamente alinhadas com os propósitos sistêmi- cos do programa. Mas, de maneira geral, o ciclo foi validado com sucesso. INSPIRAR E CONECTAR Sobre os tais propósitos sistêmicos do Hub Minas Digital, a ideia é encontrar gestores, sejam eles donos ou executivos de empresas de grande ou médio porte, para passar por um processo de mudança e abertura de visão em seus mindsets (modelos mentais ou atitudes mentais). O edital de chamamento para a pró- xima turma está previsto para ser publicado no mês que vem, e a expectativa é de que o pro- grama ganhe força, dado a grande adesão de parceiros e interessados. IMPACTO SOCIAL Buscando maior profissionalização e alternati- vas para aprimorar a gestão, o Instituto Mano Down celebra a incorporação de novos proces- sos de inovação. A instituição ultrapassa cinco anos de atuação e trabalha intensamente na causa do desenvolvimento e da inclusão social de pessoas com deficiência intelectual, espe- cialmente síndrome de Down. Até então man- tido apenas com ações filantrópicas, o Mano Down anunciou que passa a atuar como empre- endimento de impacto social, ou seja, irá gerar recursos para manter e investir na estrutura e em projetos. Sucesso ao parceiro Leonardo Gontijo e todos os seus apoiadores e seguidores.
  • 43. VOCÊ ACREDITA EMTUDO OQUELÊ? As pessoas estão confusas por receberem grande quantidade de notícias falsas. Sejam impressas, online, no celular ou em vídeo, as informações divulgadas pelas revistas são reais e baseadas em pesquisa e investigação jornalística. Leitores de revistas são mais envolvidos e propensos a recomendar suas matérias nas redes sociais. Revistas #euacredito!
  • 44. A R TI CU LI S TA 4 4 A ESPERANÇA NÃO APLACARÁ O MEDO Entre os estrategistas políticos, é comum a con- vicção de que o sucesso de um candidato está na capacidade de oferecer esperanças para o eleitor. Assim, não cabe em suas mensagens propostas de medidas amargas, como corte de gastos, redução de programas sociais ou ajustes econômicos que resultem em recessão e desem- prego, mesmo quando necessários para garan- tir a prosperidade em um segundo momento. Oferecem sonhos e ocultam a verdade nua e crua. É o lado real das campanhas eleitorais. O medo costuma predominar nos eleitores reacionários e resistentes a mudanças. Mas a história comprova que a esperança quase sem- pre venceu o medo, como ficou visível na ree- leição de Lula. Afinal, eleitores são frequente- mente cativados pela ilusão da felicidade fácil. Mauro Paulino, diretor do Instituto Datafo- lha, vem chamado a atenção para um fato novo: ao contrário do passado recente, mais de 70% dos eleitores têm demonstrado sentimento de medo, derivado de forte rejeição aos políticos e à política em geral. Por causa da perda de credi- bilidade dos políticos, eleitores têm declarado preferir não votar ou, se forem às urnas, votar em branco ou anular o voto. Não demonstram sedução pelas velhas e vagas promessas. A apreensão é generalizada. Há medo da falta de segurança e da violência. Medo da perda de direitos, quer pelas consequências das reformas da Previdência e trabalhista, quer pela insegurança que essas discussões cau- sam. Medo do desemprego e da volta da infla- ção. Medo da continuidade do governo Temer. A ampla rejeição aos políticos é atribuída ao elevado nível de corrupção que corroeu a con- fiança. O risco agora é de que, do medo, possa florescer um desejo difuso de mudança para o desconhecido. Enfim, há no ar grande hostili- dade à política e uma profunda insegurança, refletidas no sentimento de temor. Enquanto isso, os velhos e eternos políticos estão cuidando de sua própria sobrevivência, com expectativa de conquistar o eleitorado, oferecendo, como no passado, falsas esperan- ças e sonhos. Parece que neste ano a esperança não aplacará o medo. vb MAIS DE 70% DOS ELEITORES DEMONSTRAM SENTIR MEDO, DERIVADO DA REJEIÇÃO À POLÍTICA Professor associado da Fundação Dom Cabral e ex-ministro do Trabalho e do Planejamento e Orçamento no governo FHC PAULO PAIVA
  • 45. SEMI & NOVOS William Bonjardim com rodrigo gini 4 5 F O T O V O L K S W A G E N P R E S S VIRTUS GANHA VERSÕES E PREÇOS Com a chegada às concessionárias previs- ta para fevereiro, a Volkswagen detalhou versões, equipamentos e preços de seu sedã médio Virtus. Embora fabricado sobre a mesma plataforma do Polo (MQB A0), ele é mais extenso (42,5 cm) e tem entre-eixos maior (8,6 cm) do que o hatch. A configura- ção de entrada MSI (R$ 59.990) é empurrada pelo 1.6 MSI 16V de 117 cv (etanol), acoplado a uma caixa manual de cinco marchas. Já a intermediária Highline (R$ 73.490) e a topo de linha Comfortline (R$ 79.990) contam com o 1.0 três cilindros turbo TSI de 128 cv e 20 kgfm de torque, com câmbio automático Tip- tronic de seis marchas. O controle de tração é de série, mas os freios a disco traseiros estão presentes apenas nas versões TSI. ENQUANTO ISSO, EM DETROIT... Numa edição marcada por poucas novidades, o Salão de Detroit (berço da indústria auto- mobilística dos EUA) serviu como palco para a apresentação do “irmão maior” do Virtus, outro que virá ao Brasil. O novo VW Jetta ganhou linhas inspiradas no sedã premium Arteon, mais fluidas e elegantes, e motor 1.4 TSI turbo. Outra atração é a nova geração do Hyundai Veloster, cupê esportivo que cos- tuma despertar reações opostas – amor ou ódio. Ele ganhou mais potência, uma versão preparada (N) com 275 cv e perdeu parte da personalidade, aproximando-se do visual dos demais modelos sul-coreanos. As marcas da casa apostaram em SUVs e picapes: a Ford re- lança na terra do Tio Sam a nossa conhecida Ranger, com motorização EcoBoost 2.3. VÍDEO Se você recebeu nos últimos dias mensagens em grupos de Whatsapp ou ouviu falar de mudanças nas leis de trânsito e na aplicação de multas, é bom não acreditar em tudo que lê. Realmente houve alterações em algumas infrações e nas penas, mas o que realmente muda está disponível em mais um vídeo do canal Seminovos BH Notícias (www.seminovosbh.com.br/ noticias). Confira no goo.gl/8pjDxP.
  • 46. A R TI CU LI S TA 4 6 O QUE SERÁ, QUE SERÁ? Justa ou injustamente, o cidadão coloca par- tidos e políticos no mesmo balaio de gatos, des- tinando-lhes, com escárnio, uma hostilidade crescente. Os candidatos até então ventilados para concorrerem à presidência – aí incluído Lula, que se julga o homem mais honesto do país – são objetos do descrédito coletivo e não se mostram imbuídos dos valores necessários para empolgar uma eleição. Esse fenômeno reduz nosso estoque de homens e ideias confi- áveis, dispostas a enfrentar esse desafio. E o que pode resultar de tudo isso, após o de- sembargador João Pedro Gebran Neto, desmas- carar todo esse esquema de governo viciado e corrupto? A não ser que surja um outsider que consiga aglutinar valores ao seu redor, corre- mos o risco de eleger alguém que possa – aliás, vai! - encontrar um ambiente turbulento ao assumir o poder, tornando-se refém dessa ver- dadeira herança maldita. vb Quando Collor sucedeu ao trapalhão José Sar- ney e caiu em desgraça depois de tantas maze- las éticas e econômicas, ainda assim conseguiu montar um ministério de notáveis, a exemplo de Célio Borja, Adib Jatene, Marcílio Marques Moreira, Celso Lafer, Eliezer Batista, José Lut- zenberger e Ozires Silva, nomes que, num certo sentido, compensavam nulidades como Ber- nardo Cabral e Zélia Cardoso. Constato com tristeza a ausência de pessoas acima de suspei- ta nesse atual ministério chinfrim, para não dizer outra coisa. A equipe econômica, única exceção, já demonstra sinais de cansaço em razão do imenso balcão de negócios que Temer montou, em busca da reforma da Previdência. A nação assiste, sobressaltada, a cada troca de ministro, a substituição do roto pelo duvi- doso. Nesse processo cabuloso, o povo sabe o que é deixado para trás, mas nem imagina o que encontrará no sucessor. O cenário, além de medíocre, vexaminoso e patético, produz uma dispersão típica de desesperados. A Lava Jato explodiu como um tiro no galinheiro, fazendo com que as penas voassem em todas as dire- ções, deixando nuas muitas de nossas vestes políticas. Se antes representavam a esperança, agora encarnam o pesadelo. A NAÇÃO ASSISTE, A CADA SUBSTITUIÇÃO DE MINISTROS, A TROCA DO ROTO PELO DUVIDOSO WAGNER GOMES Administrador de empresas
  • 47. — Arthur Rocha, 4, diagnosticado em abril, com a mãe, Ana Carla: “sou o o Super-Homem e vou matar as células más” F O T O P E D R O V I L E L A A G Ê N C I A I 7 LIGA DA JUSTIÇA T E X T O M A Í R A L E N I Minas Tênis Clube e Hospital das Clínicas se unem para mostra com heróis-mirins em tratamento contra o câncer quanto o protocolo quimioterápico. “Atividades lúdicasmelhoramainteração,aumentamaade- são ao tratamento e a aceitação da realização de procedimentos”, ressalta ela. O ensaio só foi possível graças à mobiliza- ção da oncologista pediátrica Karla Rodrigues, do Hospital das Clínicas e professora da UFMG, inspirada pelo fotógrafo norte-americano Josh Rossi,quefezumensaiodecriançascomneces- sidades especiais. A partir daí, o ObservaPed começou a angariar voluntários. As fantasias foram doadas pelo restaurante Aroma Brasil, de Nova Iorque, e customizadas pela estilista Patrícia Nascimento. Já o designer Gabriel Fam elaborou os pôsteres; o salão Marcus Martinelli produziu cabelo e maquiagem; enquanto o fotó- grafo Waldemar Gontijo produziu as fotos. A mostra estará no Centro Cultural Minas TênisClubeaté28defevereiro.Delá,seguepara o Hall da Arena Urbano Brochado Santiago / CTJK–MinasI,de5a31março,eparaaPraçade Esportes do Minas II, de 1º a 30 de abril. vb Capa, superpoderes, identidade secreta...o que defineumsuper-herói?Paraascriançaseospe- diatrasdoHospitaldasClínicasdaUFMG,basta ter disposição para ajudar ao próximo. É com esse intuito que o Minas Tênis Clube, por meio do programa Minas Tênis Solidário, e o Obser- vaPed(ObservatóriodaCriançaedoAdolescente da Faculdade de Medicina da UFMG) realizam até abril a exposição fotográfica itinerante 2018 Heróisdeverdade,quereúnepôsteresde17crian- ças e adolescentes em tratamento contra o cân- cer, vestidos como super-heróis. O câncer infantojuvenil é tema de extrema relevância,poisrepresenta,segundooInstituto Nacional de Câncer (Inca), a principal causa de morte por doença até os 19 anos. “As fotos in- centivam a sociedade a se solidarizar com os pacientes, valorizando-os como verdadeiros heróis na luta contra a doença”, afirma Denise Lobão, uma das coordenadoras do Minas Tênis Solidário. Segundo ela, estudos têm mostrado que cuidar da saúde mental é tão importante 47 S O LI DA R I E DA D E
  • 48. VIVER GOURMET 4 8 ingredientes (serve 4 pessoas) 250 g de lombo de atum limpo 5 g de sal de cura (500 g de sal fino e 65 g de açúcar mascavo) 500 g de coalhada seca 10 g de óleo de pequi 2 unidades de maxixe Sal fino a gosto Castanhas de pequi Brotos de coentro Azeite extravirgem — modo de preparo Corte o atum em postas seme- lhantes às de sashimi. Sal- gue o peixe com o sal de cura e deixe por 24 horas na gela- deira. Fatie o maxixe e salgue com sal fino por dez minutos. Lave e mantenha refrigerado. Envolva a coalhada seca com o óleo de pequi. Coloque-a no fundo do prato de servir, para dar base. Cubra a coalhada com o atum e com o maxixe. Sirva com as castanhas e o co- entro, regados com azeite. F O T O B A R B A R A L A N D I M ATUM DO SERTÃO CHEF PABLO OAZEN GARAGEM GASTROBAR Vencedor da última edição do MasterChef Profissionais (Band), o mineiro Pablo Oazen se preocupa em desenvolver uma cozinha baseada no terroir local. Em seu restaurante, o Garagem Gastrobar, em Juiz de Fora, ele anuncia a linha “mineiroca” – neologismo para a mistura de mineiro + carioca, com ingredientes e receitas de Minas, alinhados a peixes e frutos do mar. Antes de chegar a TV, o chef se formou em Turismo e cursou pós-graduação no Sheraton Lisboa. Percorreu vários restaurantes renomados na Europa, como o Au Comte de Gascogne, na França, e o El Cingle, na Espanha, cada um com uma estrela Michelin. Já no Brasil, foi sous chef do finado La Brasserie, de Erick Jacquin, em São Paulo. Até que, com saudades da terrinha, abriu a própria casa, em 2012. F O T O W A N D E R S O N M O N T E I R O
  • 49. 49 F O T O A G E N D A C O M U N I C A Ç Ã O I N T E G R A D A — Siga as redes sociais! | @vivergourmet | fb.com/vivergourmet DOCE FRANÇA LUCAS ROCHA  Seus doces já faziam sucesso desde o pré-vestibular, mas foi em 2011, quando começou a receber encomendas de festas infantis, debu- tantes e casamentos, que a mineira Elisa Dayrell percebeuqueaformaçãoemadministraçãoseria de grande valia na cozinha. Com diploma de for- maçãonarenomadaLeCordonBleu,elaéonome portrásdaEspetacularDoceria,noFuncionários, onde é possível encomendar doces, tortas e bolos, mas que também é uma charmosa cafeteria que remeteaoclimadaFrançaemcadadetalheesabor. Entre os queridinhos, destaque para as entremets (tortas francesas entre camadas, com a base de musse), as tartelettes e os tradicionais macarons. Além disso, a loja reúne uma seleção de chás que prometemudardeopiniãoatéosmaisreticentes.
  • 50. F O T O P E D R O V I L E L A A G Ê N C I A I 7 T E X T O I A Ç A N Ã W O YA M E S REINVENTOR GASTRONÔMICO Eterno pesquisador de sabores e ingredientes, Ivo Faria enaltece a cozinha brasileira e promete novidades Ele comanda um dos restaurantes mais pre- miados de BH e já foi eleito mais de 12 vezes como chef do ano na cidade. Ivo Faria soma quatro décadas dedicadas a gastronomia, sendo 22 anos somente ao Vecchio Sogno, re- ferência nacional de cozinha italiana, brasi- leira e internacional. Desde 2013, comanda, ao lado da filha, Naiara, a pizzaria e restaurante La Palma, na Pampulha. “Sou um eterno pes- quisador de sabores, ingredientes e de culturas gastronômicas, mas sempre com foco na minha essência e grande paixão pela cozinha brasi- leira e seus ingredientes”, autodescreve-se ele, — Planos para 2018 envolvem reforma do Vecchio Sogno e escrever um livro — Gotas de chocolate com framboesa, uma das sobremesas da casa F O T O J U L I A N A F L I S T E R A G Ê N C I A I 7 sentado no bem decorado e organizado salão de sua casa, no bairro Santo Agostinho. Ver o sucesso do Ivo chef e do Ivo empresá- rio pode levar a supor que o trajeto até aqui foi fácil. Mas quando ele começou, aos 17 anos, havia pouca literatura, e a gastronomia ainda era uma área restrita. Ivo conta que, à época, ser chef era considerado subemprego. “Já na dé- cada de 1970, eu enxergava a profissão de forma diferenciada. Quando resolvi fazer curso téc- nico e depois nutrição e dietética, algumas pes- soas diziam que não precisava estudar para cozinhar. Mas eu não acreditava nisso.” 5 0 C H E FS D E M I N AS
  • 51. Ivo fez diversos estágios, tanto no Brasil quanto no exterior, além de cursos em diferen- tes áreas ligadas à culinária e à administração de restaurantes. “Fui selecionado para uma bolsa de estudos em gastronomia na Escola Hoteleira do Centro Internacional de Glion, na Suíça. Foi quase como servir ao Exército, tamanho o rigor. Mas aprendi muito.” A paixão pela gastronomia veio de casa, das duas avós que cozinhavam muito bem, das tias e de sua mãe. Lembranças que ele considera importantíssimas para ser o chef que é. “Tenho uma memória familiar gustativa. Sentar à mesa, discutir a comida, os assuntos, saborear o prato que alguém fez.” Ivo conta que, ele e a mulher, Elizabeth, seguem esta tradição junto aos três filhos e diz que ainda não realizou todos os seus sonhos, apesar de deixar claro que se considera uma pessoa feliz. “Este ano, pretendo reformar o Vecchio Sogno. Quero mudar um pouco a cara do restaurante, do espaço físico ao cardápio. Meu público mudou ao longo dos anos, rejuvenesceu e quero dar uma cara mais moderna e jovial à casa.” Outro projeto é o lançamento de um livro. “Ainda não posso contar muito, mas será a realização de um propósito”, tergiversa. Ivo também não tem problema em falar sobres os desafios ao longo da carreira, ou me- lhor, “experiências que trouxeram grandes aprendizados”. “Nunca recuei. Tem pessoas que desistem quando tudo parece difícil. Eu não. Enfrentei muitas dificuldades, mas foi nelas que cresci”. Ivo lembra, por exemplo, alguns períodos complicados como em 2014, quanto o Vecchio Sogno passou por uma de suas piores crises. “Tudo estava perfeito – res- taurante reformado e sempre cheio, cardápio e atendimento alinhado – até o dia em que acor- dei e tinha uma baita obra da prefeitura na porta, que afugentou 40% dos meus clientes. Foi algo que fugiu totalmente do meu controle e precisei de muita resiliência e coragem para atravessar”, conta. Dentro da cozinha, Ivo se considera exi- gente. “Um dos principais ensinamentos que aprendi com o professor francês Lucien Iltis, referência de minha carreira, foi a discipli- na.” Reivenção é a principal dica para quem gosta de se aventurar pela cozinha. Conhecido por sempre renovar o cardápio, ele reforça: não se pode parar no tempo. Defensor da cozinha brasileira, Ivo sempre se destacou pela utilização de ingredientes típicos, inclusive os de Minas, como taioba, mostarda e ora-pro-nóbis, e revela que sempre teve o sonho de montar um restaurante de gastronomia 100% nacional. “Gosto de valo- rizar as coisas da nossa terra. Infelizmente, o país ainda não dá o devido valor a sua cozi- nha. Se há 22 anos eu tivesse aberto uma casa de comida brasileira, já teria falido. Hoje, os clientes estão começando a valorizar história e cultura, mas é preciso ir além”, defende. vb UM CHEF EMPREENDEDOR Muito além de chef, Ivo é grande empreendedor. Sua capacidade de liderança e de gestão foi adquirida quando atuou nos anos 1980 para a antiga rede Delikatessen Alpino, empresa pertencente ao grupo Kaiser e Coca-Cola de Minas Gerais, onde foi responsável pela montagem e administração de 14 casas, entre bares, cafés, cervejarias e restaurantes, além de supervisionar o trabalho de vários outros chefs. “Foi neste trabalho que aprendi a ser empreendedor. Por isso, uma dica que sempre falo para quem quer ser chef é dedicar parte do seu tempo para ser líder e empresário. É a união das duas coisas que o fará ter inteligência e conhecimento para tornar o seu negócio um sucesso, na cozinha e fora dela.” 51 E D I ÇÃO 206 | F E V E R E I RO 2018
  • 52. VIVER MELHOR Fernando Torres 52 BACTÉRIAS DO BEM Bebida milenar chinesa, o kombucha ganhou as altas-rodas das comidas fit. Isso devido à sua essência probiótica, adquirida na fermentação de seis a sete dias dos chás verde, branco e preto (Camellia Sinensis) pelo scoby, uma colônia de bactérias e leve- duras. “A cultura de micro-organismos se alimenta do açúcar presente na composição e agrega nutrientes como vitaminas B e C”, descreve a chef de gastronomia viva Isadora Darwich, uma das criadoras da marca Soul Kombucha. Natural, a infusão ajuda a melhorar a digestão, a fortalecer o sistema imunológi- co e a eliminar toxinas. E também refresca, com sua textura levemente gaseificada e saborizada com limão, gengibre, pi- menta-rosa... “É menos calórico que um suco”, garante Isadora. Onde encontrar: Guaja, Academia do Café e DNA Emporium IOGA NA ACADEMIA As tradicionais asanas agora dividem espaço com hal- teres e kettlebells. Mas há quem torça o nariz para a ioga na academia, apontada como uma das dez principais tendências para 2018 pela Academia Americana de Medicina Esportiva. “Ioga não é só atividade física. É uma prática em nível mais profundo”, assinala a iogue e instrutora Sabrina Brandão. Em compensação, é ine- gável que uma aula equivale a um treino, ainda mais quando desdobrada em subvertentes como power ioga, em ritmo mais agitado; hot ioga, em altas temperatu- ras; e acroioga, com acrobacias. “As posturas ajudam a ganhar flexibilidade, a desenvolver o tônus muscular e a capacidade cardiorrespiratória”, enumera Sabrina. F O T O V E R A V I A F O T O P E D R O V I L E L A A G Ê N C I A I 7
  • 53. 53 F O T O S T U D I O T E R T U L I A GELATO E ALGO MAIS Para aliviar o calor sem peso na consciência, as sorveterias mais descoladas da cidade investem em opções de sabores com ingredientes funcionais e veganos, livres de lactose e glúten e baixos índices de gordura e açúcar – em alguns casos, o índice chega a zero. Quem brilha na vitrine são os sorbets, feitos apenas com a fruta em polpa ou in natura e água. Outra novidade: as casquinhas – e até sorvete! – de carvão vegetal, ativo natural capaz de reter toxinas e auxiliar o fígado no processo de desintoxicação. — Mirtilo Rosso: uva-roxa + morango + cranberry + chia Onde: Lullo — Bolo de banana: banana + aveia + linhaça + uva- passa + canela + óleo de coco + açúcar mascavo Onde: Lullo — Sorbet de laranja + pêssego – 60 kcal Onde: Alessa — Amendoim + leite de amendoim + chia (zero lactose) – 58 kcal Onde: LeGattò — Manga-ubá diet: zero açúcar, adoçado com estévia (adoçante extraído da planta Stevia Rebaudiana) – 49 kcal Onde: Fiorella — Detox: abacaxi + hortelã + gengibre – 54 kcal Onde: Fiorella — Carbono Black: sorbet de carvão vegetal ativado + água de coco + grãos de cacau cru – 46 kcal Onde: LeGattò — Iogurte adoçado com mel + granola sem glúten + castanha do Pará (contém lactose) Onde: Lullo F O T O S J U L I A N A F L I S T E R ( L U L L O ) E P E D R O V I L E L A * Número de kcal equivalem a 60 g de sorvete Cambuci + goma guar* – 61 kcal* Onde: Easyice Fruta da Mata Atlântica ameaçada de extinção, o cambuci tem altas doses de vitamina C e é rica em propriedades antioxidantes e adstringentes. * espessante de origem vegetal
  • 54. 54 tathya taranto À FLOR DA PELE TECNOLOGIA REVOLUCIONÁRIA — A celulite incomoda todas as mulheres – os homens também não estão livres dela – e, por mais horas do dia que se passe na academia, ela não vai embora. Outra vilã que não dá sossego é a gordura localizada. E o que dizer da flacidez, que evolui com o processo de envelhecimento? Se você evita dar o famoso “tchauzinho” para não revelar as gordurinhas, ou prefere mor- rer de calor a vestir um short ou saia e foge de clubes e praias, para não mostrar furinhos in- desejáveis, existe uma forma de dar um basta. O VelaShape apareceu por aqui no início dos anos 2000 e ganhou força e potência conforme recebeu atualizações. De mecanismo incom- parável, o VelaShape 3, o modelo mais recente, uma versão turbo que combate celulite, flacidez e gordura localizada ao mesmo tempo, além de promover remodelação corporal, com melhora da qualidade da pele e redução de medidas. Não é mágica, e, sim, resultado de tecnolo- gia de ponta e muitos estudos. O que me deixa ainda mais feliz é poder proporcionar essa ex- periência de tratamento médico corporal sem que os pacientes tenham que se deslocar até São Paulo ou Rio, como acontecia até certo tempo. O VelaShape 3 combina radiofrequência bipolar com 150 W de potência, energia infra- vermelha e uma ponteira que faz calor, vácuo e massagem. Na combinação das tecnologias, a radiofrequência induz a produção de colá- geno, que alivia a fibrose, enquanto a luz in- fravermelha promove a morte das células de gordura a uma temperatura entre 42ºC e 45ºC, sem queimar a pele, retirando a pressão sobre os vasos e facilitando a circulação, juntamente com a modelação corporal, promovida pela ma- nipulação mecânica que tonifica os músculos e reduz a flacidez. O software empregado no processo otimiza a operacionalização. O procedimento não é invasivo e não exige tempo de recuperação: após o tratamento o pa- ciente pode voltar de imediato à rotina. O mais indicado é fazer um número mínimo de quatro sessões, com intervalos a cada 15 dias – na pri- meira, já é possível notar os resultados. F O T O C L Í N I C A T A T H YA T A R A N T O
  • 55. A R TI CU LI S TA 55 TRÂNSITO: A PREVENÇÃO QUE EVITA A SANÇÃO do álcool ou outra substância psicoativa deve ser substancialmente agravada. Temos de criar a consciência coletiva de que essa é uma conduta reprovável e absolutamente desnecessária e despropositada. Não prego aqui o fim dos bares, das festas, das confraterniza- ções ou confrarias. Prego apenas uma mudança coletiva de conduta: se for beber, não dirija; mas, se for dirigir, não beba. Afinal, há inúmeros meios alternativos de locomoção. Portanto, apesar do avanço proporcionado pelas alterações, não se pode deixar de lado a ne- cessidade da imposição de substancial e efetiva punição à conduta que precede os acidentes que produzem milhares de vítimas no trânsito. E que a prevenção possa, criando essa consciência coletiva, fazer com que nenhum condutor tenha de se submeter a uma reclusão carcerária pela conduta absolutamente desnecessária, trazendo melhores números em 2018. vb Com a Lei 13.546, de 19/12/2017, o Código de Trânsito Brasileiro sofreu alterações que, fi- nalmente, responsabilizam de forma efetiva o condutor de veículos sob a influência de ál- cool ou qualquer outra substância psicoativa. A nova lei, que entra em vigor em abril, prevê penas mais severas nos casos de acidentes com vítimas fatais ou que provoquem lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, passando de cinco a oito anos de reclusão. Contudo, há duas questões que ainda preci- sam ser aperfeiçoadas. A primeira diz respeito à aresta deixada nos casos em que o acidente cause lesão corporal de natureza grave ou gra- víssima, já que a nova lei, para que seja aplicada a pena mais severa, exige que se comprove que o condutor tenha sua capacidade psicomotora alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância psicoativa, abrindo espaço para a impunidade. A outra, ainda mais im- portante, diz respeito à necessidade de conferir mecanismos preventivos mais eficientes. Ex- plico: devem ser adotadas iniciativas que efeti- vamente desestimulem o condutor a assumir o risco, ou seja, ainda que não tenha causado aci- dente, com ou sem vítimas, a conduta deve ser criminalizada e a pena por dirigir sob o efeito NOVA LEI PREVÊ PENAS MAIS SEVERAS EM CASOS DE VÍTIMAS FATAIS OU COM LESÕES GRAVES SÉRGIO MURILO BRAGA Presidente da Caixa de Assistência dos Advogados de Minas Gerais
  • 56. DE BH PARA… 56 PALÁCIO DOS LEÕES O palácio (foto) onde hoje funciona o museu municipal completou cem anos em novembro. Sendo o primeiro prédio de dois andares da ci- dade, a construção abrigou a sede dos poderes Legislativo e Executivo antes de ser tombada. Fica localizada na praça Clarimundo Carneiro, entre o centro e o bairro Fundinho, um ponto cultural, gastronômico e comercial. MERCADO MUNICIPAL “Todo turista deve conhecer o mercado mu- nicipal, com queijos de toda a região do Tri- ângulo e do Alto Paranaíba, doces de leite e outras delícias”, indica o deputado. O mercado também comercializa frutas, legumes e car- nes selecionadas e tem unidades das cerve- jarias locais, que vendem chopes artesanais. MERCURE UBERLÂNDIA PLAZA SHOPPING A rede hoteleira conta com uma unidade do Mercure dentro do Center Shopping. O hotel mais moderno da cidade oferece seis categorias de quartos, centro de reuniões e eventos, área de lazer com piscina, sauna e academia. TEATRO MUNICIPAL Uberlândia atualmente está na rota da drama- turgia nacional, com peças sendo montadas regularmente no teatro municipal. O prédio imponente foi projetado por Oscar Niemeyer e fica no alto da avenida Rondon Pacheco, com capacidade para 819 pessoas. A estrutura per- mite ainda que o palco seja aberto para a área externa, transformando-se em um grande an- fiteatro, com capacidade para 20 mil pessoas. PARQUE DO SABIÁ Maior área verde dentro do perímetro urbano, criada para concentrar lugares para prática esportiva e de lazer. O parque conta com uma série de atrações, como conjunto hidrográfico, zoológico, aquário, quadras poliesportivas e 35 hectares de área verde. Estão lá também o está- dio Parque do Sabiá, segundo maior de Minas, e a arena Sabiazinho. Nessa edição, a Viver Brasil aterrissa em Uberlândia, onde o deputado estadual Felipe Attiê nos apresenta a cidade pela qual é apaixonado. Na página ao lado, confira sugestões de passeios para quem chega a BH. UBERLÂNDIA — F O T O P R E F E I T U R A D E U B E R L Â N D I A dalila coelho felipe attiê
  • 57. 57 EM BELO HORIZONTE — UM CLUBE PARA APAIXONADOS POR CARROS! CADASTRE-SE CADASTRE-SE E aproveite os descontos... o primeiro mês é grátis www.carroemdia.com.br MEMORIAL MINAS GERAIS VALE Construído em 1897, o prédio abrigava a Secretaria da Fazenda e, desde 2010, integra o Circuito Cultural Praça da Liberdade. Os três andares colecionam fragmentos da história de Minas, com espaços dedicados a artistas como Drummond e Guimarães Rosa, áreas que recriam os costumes do estado e espaços dedicados a exposições. MERCADO CENTRAL Com mais de 400 lojas, foi inaugurado em 1929, com o intuito de reunir os feirantes da então jovem BH. Hoje, é um dos principais pontos turísticos, reunindo aro- mas, sabores, crenças e cores. Lá, encontra-se de tudo: cachaças, queijos, temperos, frutas, doces e até bares. CAESAR BUSINESS O quatro-estrelas está localizado no Belvedere, em frente ao BH Shopping. Além dos 158 apartamentos, conta com piscina, academia, bar e salas de reunião. Imperdível jantar no Udon, um dos melhores restau- rantes japoneses da cidade, com unidade no lobby. CINE THEATRO BRASIL O mais tradicional cinema de BH foi inaugurado em 1932, em um icônico prédio art déco. Fechado em 1999, foi reinaugurado em 2013 como centro cultural. Abriga galerias de arte, um teatro de câmara e o Grande Teatro. PARQUE ECOLÓGICO DA PAMPULHA A ilha da Ressaca, na lagoa da Pampulha, abriga ex- tensa área gramada, ideal para jogar bola e soltar pipa. Possui bosque, lago, playground, pista de caminhada, área de ginástica e o Memorial da Imigração Japonesa.
  • 58. F O T O S P I E R R E M O N E T T A O ENDEREÇO DA ALTA-COSTURA T E X T O D A L I L A C O E L H O Hotel Plaza Athénée, em Paris, oferece localização privilegiada para quem gosta de moda e luxo O Plaza Athénée não é o hotel da alta moda à toa.Alémdepossuircostureirosàdisposiçãodos hóspedes para ajustar as peças recém-adquiri- das,várioseventosqueenvolvemamodapassam por lá. Durante a Semana de Moda de Paris, o restauranteLeRelaisPlazapropõeoMenuDior, jantarinspiradonolivrodereceitasdeChristian Diorequehomenageiaomestredaelegânciapa- risienseservindoseuspratosfavoritos.Em14de março,ohotelrecebeoDandy’sNight,eventovol- tadoparaamodamasculinadeluxo,promoven- do workshops e ambientes de grifes masculinas dediferentesáreas,comoalfaiataria,sapataria, relojoariaeótica.Osparticipantespoderão,além Em meio a tantas lojas no coração da haute coutureparisiense,aclássicafachadahaussman- niana do hotel Plaza Athénée se destaca pelas quase 2 mil mudas de gerânio vermelho que co- lorem a sua frente com a cor da cidade mais ro- mânticadomundo.Localizadonasuntuosaave- nue Montaigne, o hotel pertence ao triângulo de ouro de Paris, um dos perímetros mais chiques dacidade.Aolongodaavenida,grifescomoDior, Chanel, Louis Vuitton, Saint Laurent e Dolce & Gabbana oferecem um espaço mais reservado para as compras de luxo do que as tradicionais unidades da Champs-Élysées e das Galeries La- fayette, sempre apinhadas de turistas. — Alain Ducasse au Plaza Athenée: três estrelas Michelin 5 8 TU R I S M O
  • 59. de conhecer as marcas, assistir cursos querevelarãoossegredosdosnósdegra- vatas e as formas de cuidar de sapatos sociais. A localização privilegiada do hotel garante também, além de muitas atra- ções para compras e passeios, uma das mais belas vistas da cidade: nas varan- das floridas das suítes é possível tomar umcafédamanhãbemparisiensetendo como fundo a torre Eiffel, que está a poucos minutos dali. Na parte interna, a vista do jardim secreto do hotel tam- bém não fica para trás. Com um jardim vertical colorindo todas as paredes do pátiodeverde,o Plaza Athénée recebe, entremaioesetembro,aLaCourJardin, um restaurante al fresco que serve pra- tossazonaisdaculináriamediterrânea e que durante o inverno faz as vezes de rinque para patinação no gelo. Quem se hospeda no Plaza Athénée não precisa se preocupar com o né- cessaire. Dentre os mimos oferecidos pelo hotel, como o serviço excepcio- nal de concierges, o melhor café da manhã de Paris e toalhas e roupas de cama luxuosas, os hóspedes têm à sua disposição produtos da linha Eau Imperiale de Guerlain, como xampu, condicionador e hidratante corporal. Outro diferencial que a casa ofe- rece é o livre acesso ao Dior Institut. O spa traz tecnologia de tratamentos assinada pela Dior e escolheu há dez anos o hotel de luxo para ser a sua casa, tratando os hóspedes com tera- peutas especializados e produtos de qualidade da grife. Dentre os servi- ços oferecidos estão desde manicure — Amenidades da grife Guerlain — Le Relais Plaza: clássica brasserie parisiense — No Dior Institut, tratamentos de qualidade F O T O G A L L A N D F O T O N I A L L C L U T T O N F O T O P. M O N E T T A 59 E D I ÇÃO 206 | F E V E R E I RO 2018
  • 60. — Dandy’s Night: cursos e workshops para o público masculino — Suíte Eiffel Signature: requinte e tratamentos faciais e corporais de rejuve- nescimento até massagens de tecido, técnica exclusiva da marca. Moda e gastronomia andam juntas, e no hotel da haute couture isso não é diferente. Reunindo cinco restaurantes e um bar, todos supervisionados pelo renomado chef Alain Ducasse, a casa oferece opções para os mais refinados gostos. O restaurante homônimo ao chef possui três estrelas Michelin e serve o melhor da cozinha contemporânea inspirada na trilogia peixe, vegetais e cereais desenvol- vida por Ducasse. Já o restaurante Le Relais Plaza é uma clássica brasserie parisiense, explorando a requintada culinária francesa. A casa ainda possui um café, um restaurante de verão, um terraço e um bar. Nesta época, a cidade oferece muitas op- ções para quem quer fugir dos passeios tradi- cionais. Ao invés de filas enormes no Centre Pompidou, visite o Palais de Tokyo. A nova exposição do museu de arte contemporânea, que aos fins de semana faz as vezes de balada, estreia em 16 de fevereiro. No lugar das expo- sições blockbuster do Musée des Arts Decora- tifs, visite o Palais Galliera. O museu da moda de Paris estreia a nova exposição Margiela/ Galliera 1989-2009 em 3 de março. Para fazer um passeio fora da cidade, es- colha a Fondation Louis Vuitton. Inaugura- da em 2014, a fundação fica no parque Bois de Boulogne e é um espaço com arquitetura exuberante criado para receber grandes ex- posições de arte moderna e contemporânea. E entre 5 e 8 de abril, o Grand Palais recebe a Art Paris, feira de arte que reúne dezenas de galerias com uma seleção de obras que mes- cla a exploração regional da arte europeia do pós-guerra aos dias de hoje e um olhar cosmo- polita sobre a criação mundial emergente. vb F O T O E R I C L A I G N E L F O T O B O A C H E & S A L V U C C I 60 TU R I S M O
  • 61. 61 A R TI CU LI S TA A ATIVIDADE DE CONSULTORIA instituições que podem prover esta expertise, entre as quais, o Instituto Aquila de Gestão e a Fundação de Desenvolvimento Gerencial (FDG), esta dedicada à gestão educacional. A melhor maneira de selecionar uma em- presa de consultoria é informar-se sobre os resultados já obtidos. Também são importantes a experiência da equipe em trabalhos no país e no exterior e o tempo de vinculação dos seus técnicos. Se há rotatividade, torna-se mais di- fícil o trabalho em equipe e a complementari- dade. Outro item importante é a questão dos honorários: a boa consultoria especifica valo- res compatíveis com os desafios, não transige e não dá descontos. Da minha experiência, o que mais contribui para o acerto na contratação é a indicação. É muito comum um empresário sugerir uma consultoria que lhe prestou um bom trabalho a outro empresário que precisa melhorar seus resultados. vb Muitos técnicos de alto nível se aposentam e se transformam em consultores. Muito justo, pois têm significativo conteúdo e respeitável experiência. Mas a alta taxa de desemprego tem feito com que muitos se aventurem neste mister. Esse pessoal, juntamente com os técni- cos que já militam na consultoria, constitui um número alarmante de “consultores”, improviso que causa certo descrédito à atividade pela pro- dução de resultados insatisfatórios. Na área de gestão, já faz mais de 30 anos que iniciamos um movimento para a melho- ria da qualidade e da produtividade. Assim, os fundamentos são um conhecimento bastante difundido e há vários livros-textos disponí- veis. Muitas empresas já alcançaram níveis elevados em gestão, sendo, é claro, que a me- lhoria contínua deve ser perseguida, assim como a redução de custos. Porém, os problemas que se apresentam, diferença do nível atual para aquele desejado, são bastante exigentes. Reclamam comprovada competência analítica para encontrar as causas que podem propiciar as melhorias, vivência no ataque às causas e, sobretudo, perseverança. Outra faceta que deve ser entendida é que os problemas são multidis- ciplinares, exigindo complementaridade. Há O IMPROVISO CAUSA CERTO DESCRÉDITO À ATIVIDADE PRODUZIDA PELOS CONSULTORES JOSÉ MARTINS DE GODOY Engenheiro pela UFMG, doutor engenheiro pela Norges Tekniske Hogskole, ex-diretor da Escola de Engenharia da UFMG, cofundador do INDG, instituidor e integrante do Conselho de Administração Superior da FDG, presidente do Conselho de Administração do Instituto Aquila
  • 62. T E X T O F E R N A N D O T O R R E S RESISTÊNCIA ELÉTRICA Referência underground, a boate Deputamadre debuta em meio ao renascimento da cena eletrônica em BH Em tempos de pasteurização da noite, é lon- gínquo pensar que Belo Horizonte já foi cha- mada de Meca brasileira da música eletrônica. Naquele remoto fim dos anos 1990 e início dos 2000, as festas de techno e house eram o que havia de mais moderno na programação dos inferninhos. O êxtase do público, montado com visual fluorescente, se desdobrou no estouro das raves e de diversos clubs – mas só um deles sobreviveu. Aberto em 2003, no Floresta, o De- putamadre completa 15 anos em março como bastião da resistência. Embora a cena de hoje não esteja no auge, a casa persevera e continua a promover, todas as sextas e sábados, baladas de lineup exclusivamente eletrônico. F O T O S P E D R O V I L E L A A G Ê N C I A I 7 QuempersonificaacoisatodaéoDJeproprie- tário Alexandre Ribeiro. Sem bala na agulha, Lelê,comoéconhecido,reaproveitouoespaçoda oficinadeautopeçasdopai,pintouasparedesde preto e, em uma noite de quarta, abriu a boate, batizadaapartirdeumaexpressãoemespanhol usadapelospersonagensdofilmeAmoresBrutos, do mexicano Alejandro Iñárritu. Foi ele quem imprimiu, ao longo dos anos, a vertente eletrô- nica da casa, alinhada ao circuito do gênero no Brasil, segundo a revista especializada House Mag. Isso devido à extensa lista de atrações in- ternacionais de peso que já comandaram as pick ups, como o canadense Richie Hawtin e a alemã Ellen Allien, somadas aos DJs locais, a exemplo — Lelê, o criador da coisa toda: apenas música alternativa e conceitual 62 E M PR E SA
  • 63. INTERNACIONAIS Booka Shade John Digweed Richie Hawtin Marco Carola Green Velvet Carl Craig Claude VonStroke Felix da Housecat Nastia Ellen Allien BRASILEIROS Anderson Noise Robinho Marky Mau Mau Renato Cohen Maurício Lopes QUEM JÁ PASSOU PELAS CABINES de Anderson Noise, precursor da e-music em Minas (veja quadro na página seguinte). “Nomes de referência do meio underground ficam entu- siasmadosemtocarnoDeputa,porserumespaço pequeno, próximo do público. Alguns nunca ou- viram falar de Belo Horizonte antes, mas saem daqui encantados”, conta. Lelê considera que, em se tratando de boa- tes, não há concorrência direta. “Nossa música é diferente do rock d’A Obra, do pop da DDuck, doeletrônicomainstreamdanaSalaeatémesmo da vertente das raves. Aqui, no Deputa, a gente tocamúsicaeletrônicaconceitual,devanguarda, uma coisa bem urbana, quadrado preto, alter- nativa, mais clubber, mais Berlim”, descreve. No detalhamentodaconcepçãodaboate,oprodutor rejeitaotermoamplode“músicaeletrônica”–“é queimado, tem muita coisa malfeita que se diz eletrônica” – e prefere especificar as vertentes tocadas: house, techno, nu-disco e acid house. “Psy tranceélegal,mastemavercomnatureza,praia, open air. Brazilian bass e EDM já deram o que tinha que dar, mas, comercialmente, ainda en- chem casa, dão grana. Só que não aqui”, decreta. De certa forma, é esse purismo cheio de es- crúpulos, tão distante da realidade comercial da noite, que garante o début do Deputa. Mas que não se pense que a boate surfa apenas na doce vida. Lelê reconhece: “Temos altos e bai- xos, todo ano tem inverno e verão. Se o imóvel não fosse da família, já teríamos fechado.” O desafio maior, segundo ele, é lidar com a reno- vação de público, já que a nova geração tende a escutar sertanejo, funk, pop, rap... Em contrapartida, a e-music também vive certo renascimento em BH, com os eventos de rua, como os promovidos pelos coletivos inde- pendentes MASTERp la n o e 1O1Ø. De caráter experimental, as festas ocupam espaços al- ternativos, como estacionamentos, terrenos baldios e viadutos da região central. “Foram eles que salvaram a cena nos últimos três anos”, reconhece Lelê. “Agora, observo que essa nova galera começa a migrar para os espaços fecha- dos. Festa em lugares públicos cansa, dá traba- lho, e o club está ali, toda semana. A tendência é só aumentar, tanto nos lineups, quanto na pista”, aposta, já pensando em virar trintão. vb 63 E D I ÇÃO 206 | F E V E R E I RO 2018
  • 64. T E X T O M A R C E L O M O R E I R A SEGUIR EM FRENTE Músico Célio Balona prepara novidades para 2018, quando completa 80 anos, mais de 60 deles dedicados à música Antiguidade é posto. Se para muita gente o di- tado é quase um mantra para o conformismo e a acomodação, o músico mineiro Célio Balo- na, com mais de seis décadas de trabalho e às vésperas de completar 80 anos, segue contra essa filosofia e prepara novidades para 2018. O multi-instrumentista que começou a tocar profissionalmente aos 13, quer marcar a data com um novo álbum, Balona e BR Groove, onde, na companhia de novos músicos, compõe de mãos dadas com a música eletrônica. “Sempre fui inquieto. O eletrônico deu ao tecladista uma infinidade de sons que o ouvido humano não estava acostumado a ouvir. Ele conhecia o acústico, o piano, mas o eletrôni- co trouxe timbres completamente diferentes”, explica Balona, na terceira pessoa. Amúsica com o sintetizador, em seu entendimento, seria um sopro à criatividade, trazendo novos ares e múltiplas possibilidades. “Pra quem compõe, é uma festa”, declara-se. A inquietação e a inclinação para o novo pa- recem ser o segredo para a vitalidade. Além do álbum, que também marca 15 anos do projeto BR Groove, o músico quer fazer apresentações com orquestra de câmara, ampliando as come- morações. “Eu me olho no espelho e falo que meu pai me registrou na data errada. Não me sinto com a idade que tenho, mas tenho maior orgulho dela. Brinco que quero ser um velho moço e não um moço velho, o cara que vai estar com a cabeça a mil, sempre ligado ao novo.” E ele está ligado mesmo, principalmente nos rumos do mercado fonográfico. Para Balona, a música hoje é business, deixou de ser uma arte mais sofisticada e trabalhada e a qualidade foi descartada, tudo para fazer a fila para os sucessos da temporada seguinte. “Hoje é a Ma- thilde, amanhã vai ser a Tereza. A música é um negócio, e a qualidade brasileira foi para o chão, isso é inegável. O que está sendo feito de novo em termos de qualidade? Daqui a um ano você vai perguntar quem fez sucesso no ano passado e ninguém vai saber”, opina. O músico aponta o recifense Lenine como o “último dos moicanos”, que tem um trabalho voltado para a qualidade, tanto de letra quanto de melodia, que já é lá de trás, de uma outra época. “É muito difícil analisar a música brasileira hoje por- que ela está sem conteúdo, é muito mais o lado erótico, a palavra que quer dizer duas coisas ao mesmo tempo”, critica. Para Balona, um dos problemas é que a mídia, principalmente a audiovisual, está comprometida. Antigamente o artista tocava na rádio porque o programador gostava da mú- sica. Hoje, na maioria dos casos, uma produtora compra o horário. “Se você chegar com um tra- balho mais elaborado, de qualidade, eles não se interessam. Se for música instrumental, então, não tem espaço”, lamenta. Daí a necessidade, segundo ele, das leis de incentivo à cultura, visto que além das difi- culdades que um músico enfrenta na hora de 6 4 PE R F I L