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ADUBAÇÃO LÍQUIDA E FOLIAR
PARA CITROS EM PRODUÇÃO
José Geraldo Baumgartner e Otávio Ricardo Sempionato
Baumgartner, José Geraldo
B349a Adubação líquida e foliar para citros em produção
/ José Geraldo Baumgartner, Otávio Ricardo
Sempionato. -- Jaboticabal : Funep, 1999.
36 p. : il. ; 21 cm.
1 - Adubação - citros. I. Título.
CDU: 631.87.634.3
Funep
Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/nº
14884-900 - Jaboticabal - SP
Tel: (16) 3209-1300
Fax: (16) 3209-1306
E-mail: livraria@funep.com.br
Home Page: http://www.funep.com.br
Ficha catalográfica preparada pela Seção de Aquisição e
Tratamento de Informação do Serviço de Biblioteca e Documentação
da FCAV.
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO.......................................................................1
2. ADUBAÇÃO LÍQUIDA VIA SOLO ........................................2
2.1. Princípios........................................................................2
2.2. Fontes de nutrientes ......................................................4
2.2.1. Uréia....................................................................4
2.2.2. Nitrato de amônio ..............................................6
2.2.3. Uran ....................................................................6
2.2.4. Fosfatos de amônio (MAP e DAP) ....................7
2.2.5. Cloreto de potássio.............................................7
2.2.6. Micronutrientes ...................................................7
2.3. Preparo e aplicação .......................................................8
2.4. Eficiência relativa .........................................................11
2.5. Fertirrigação..................................................................14
2.6. Considerações gerais ...................................................16
3. ADUBAÇÃO FOLIAR...........................................................16
3.1. Princípios......................................................................16
3.2. Fontes de nutrientes ....................................................18
3.3. Preparo e aplicação .....................................................20
3.4. Formulações .................................................................22
3.4.1. Fórmula 20-10-20 (N-P2
O5
-K2
O) + 0,06% de Mg
+ 0,08% de Mn + 0,14% de B e 1,5% de Zn ......23
3.4.2. Fórmula substitutiva (foliar/solo).....................24
3.4.3. Fórmulas para pré- e pós-florada ....................25
3.4.4. Fórmulas com potássio.....................................27
3.4.5. Fórmulas com micronutrientes quelatizados ou
sais.....................................................................30
3.5. Considerações gerais ...................................................32
4. LITERATURA CITADA .........................................................34
ADUBAÇÃO LÍQUIDA E FOLIAR PARA
CITROS EM PRODUÇÃO
José Geraldo Baumgartner
Otávio Ricardo Sempionato
1. INTRODUÇÃO
Para citros em produção, as doses de adubos são
calculadas considerando-se diferentes fatores como: estimativa
de safra, dados de fertilidade do solo, diagnose foliar, preço
de caixa de laranja, custos dos fertilizantes aplicados e outros.
No Brasil, por tradição, os produtores utilizam mais a
análise de solo do que a de folha, para avaliação do estado
nutricional do pomar, diferentemente do que se faz em outros
países de agricultura desenvolvida. As tabelas de
recomendações de adubação mais recentes incluem o teor
foliar de nitrogênio para estabelecer as doses deste nutriente,
e isso deverá incentivar um maior uso da análise foliar.
O nitrogênio é o nutriente cuja recomendação de uso é
a mais complexa, pois a análise de solo não permite estimativa
de disponibilidade e é difícil avaliar a ciclagem desse elemento,
no ambiente do pomar. Segundo OBREZA (1996), a dose de
N é a base de um programa de adubação de citros na Califórnia,
USA, e todos os fatores devem ser ponderados na definição
da mesma. Na prática é comum empregar o potássio a 80% da
dose de nitrogênio e a partir daí, as doses dos demais nutrientes.
Definidas as doses de nutrientes a serem aplicadas, o
passo seguinte é decidir sobre fontes e formas de aplicação.
A adubação líquida para citros é uma alternativa
relativamente recente. Até 1985, mais de 90% do fertilizante
líquido produzido no Brasil era destinado à cultura de cana-
de-açúcar, na qual essa forma de adubação teve muito sucesso.
1
Desde aquele ano o uso vem se expandindo para diferentes
culturas, especialmente citros, café e cereais (CAMARGO, 1996).
Há vantagens em substituir a adubação tradicional com
adubos sólidos pela adubação líquida? Diversos fatores devem
ser considerados, mas um dos mais importantes relacionando
interesses da indústria e do agricultor é a fonte de nitrogênio.
Os adubos líquidos usam Uran com freqüência, e este contém
partes equilibradas de nitrato (NO3
-
), amônio (NH4
+
) e uréia.
O Uran permite o uso de fontes concentradas de N com
possibilidade de diminuição de possíveis perdas de N por
volatilização, em comparação com a uréia sólida usada
isoladamente ou em mistura de grânulos.
Outra alternativa de fornecimento de nutrientes é a
adubação foliar, que sempre foi entendida como complementar
à adubação via solo. Seu uso na citricultura tem sido
predominante para a aplicação de micronutrientes. Entretanto
a pesquisa nessa área é insuficiente, e a prática vem atropelando
a pesquisa, tendo como conseqüência as recomendações de
“coquetéis” de macro e micronutrientes para serem pulverizados
nas folhas. É possível substituir temporariamente adubação
via solo pela adubação foliar? A via foliar é mais eficiente que
a via solo no fornecimento dos diferentes nutrientes?
Essas são algumas questões importantes que pesam no
momento de decidir por uma ou outra forma de adubação. A
pesquisa proporciona parte das informações necessárias, mas
outra parte importante deve ser buscada pelos produtores na
observação e no monitoramento de seus próprios pomares.
2. ADUBAÇÃO LÍQUIDA VIA SOLO
2.1. Princípios
Por adubação líquida entende-se a aplicação direta de
soluções claras, com uma só fase, ou suspensões, com duas
2
fases, uma líquida e outra sólida, de fontes solúveis de um ou
mais nutrientes de plantas. As soluções claras têm a
concentração limitada pela solubilidade dos diferentes solutos
à temperatura ambiente, enquanto as suspensões permitem
maiores concentrações usando-se artifícios como a adição de
argilas e/ou agitação mecânica. As soluções claras podem ser
armazenadas, enquanto as suspensões, em repouso, sofrem a
separação das fases.
Se o processo de manutenção da suspensão não for
eficiente, no final da aplicação ocorrerá deposição de sólidos
no fundo do tanque, com conseqüente perda de fertilizantes.
Podem ser preparadas como suspensões, diferentes
fórmulas de uso na citricultura, como as conhecidas 10-10-10,
12-06-12, 20-05-20 (N-P2
O5
-K2
O). Nas suspensões industriais a
argila é adicionada na proporção de 1 a 3% em peso. Entretanto,
quando são preparadas na fazenda não é comum a adição de
argila e, por isso, o período entre preparo e aplicação deverá
ser mais curto, no máximo dois dias, com agitação eficiente
(MALAVOLTA, 1993).
As formulações tradicionais nem sempre atendem as
necessidades, e é freqüente a elaboração de fórmulas para
situações específicas dos pomares. Nesse particular, as fontes
e os processos de preparação dos adubos líquidos permitem
maior flexibilidade em comparação aos sólidos.
Além dessa vantagem, BITTENCOURT & BEAUCLAIR
(1992) citaram outras como: facilidade de manuseio,
uniformidade da aplicação no solo, eliminação de problemas
de armazenamento e menores custos operacionais.
Não há estudos econômicos comparando adubação sólida
e líquida para a citricultura, no Brasil. No caso da cana-de-
açúcar, as avaliações feitas em usinas que preparam as próprias
formulações mostram economia da ordem de 15 a 20% para
cana planta e 30 a 40% para cana soca. Entretanto a aquisição
do adubo líquido aplicado que predomina na citricultura não
possibilita esse nível de economia. Atualmente o preço de
3
uma tonelada de adubo líquido é mais alto que o
correspondente em adubo sólido, mas poderá haver vantagem
no transporte, armazenamento e aplicação.
2.2. Fontes de nutrientes
Para a produção de adubos líquidos é mais econômico
o uso de matérias primas básicas mais concentradas em
nutrientes, em razão do custo de transporte, manejo e
armazenamento. Havendo viabilidade técnica, deve-se usar
amônia anidra (82% N), aquamônia (21% N), ácido fosfórico
(54% P2
O5
), entre outras.
Para as empresas misturadoras, em função de aspectos
agronômicos, econômicos e industriais, várias fontes de
nutrientes foram sendo excluídas do processo, e atualmente,
na citricultura, predominam as seguintes fontes: Uran, fosfatos
mono e diamônico, cloreto de potássio e, para micronutrientes,
o ácido bórico e em menor proporção os sulfatos de Mn e Zn
(CAMARGO, 1996).
Para os macronutrientes secundários Ca, Mg e S, na
citricultura os dois primeiros são eficientemente fornecidos
através da calagem, e o último tem sido suprido através de
defensivos. Para casos específicos poder-se-ia incluir o sulfato
de magnésio nas formulações líquidas.
2.2.1. Uréia
A uréia tem 45% de N, e sua solubilidade é de 119 g do
produto por 100 g de água. Uma solução saturada de uréia
terá 24 a 25% de N na faixa de temperatura ambiente de 24 a
30o
C. Nas formulações líquidas ela é usada como matéria-
prima fertilizante na preparação de Uran.
A uréia é destacadamente o adubo nitrogenado mais
produzido e utilizado no Brasil. Dados recentes mostram que
4
entre os nitrogenados mais importantes produzidos no país,
uréia, sulfato de amônio, nitrato de amônio e nitrocálcio, a
primeira tem representado cerca de 74% do total de nitrogênio,
nos últimos anos (ANDA, 1998).
A capacidade industrial instalada no país garante que a
produção de uréia, comparativamente aos demais nitrogenados,
tende a se manter ou até se ampliar. As características físicas e
químicas da mesma, especialmente sua alta concentração em
N, lhe conferem também maior economia para transporte e
aplicação, inferior apenas à amônia anidra, cujo uso tem sérias
limitações técnicas, no nosso meio.
Entretanto a uréia para uso isolado ou em formulações
vem sofrendo restrições de recomendação por pesquisadores
que detectaram altas perdas de N por volatilização de NH3
da
uréia aplicada em superfície, nos pomares (CANTARELLA &
QUAGGIO, 1996). Há que se considerar ainda que as avaliações
de perdas de nitrogênio nas aplicações superficiais de uréia
têm mostrado resultados divergentes entre pesquisadores, pois
a volatilização do NH3
produzido é dependente de diversos
fatores ambientais. Sendo assim, ao par de elevadas perdas de
N também já foram observadas excelentes respostas de
diferentes espécies vegetais à aplicação superficial desta fonte
nitrogenada.
As dúvidas quanto à eficiência da uréia em pomares não
podem bani-la da citricultura, deixando os produtores privados
das vantagens econômicas dessa fonte concentrada. Há que
se procurar caminhos para utilizá-la, e um deles é a produção
de Uran para uso em formulações líquidas. Não que essa forma
elimine a possibilidade das perdas de NH3
por volatilização,
mas garante ao citricultor uma fonte de nitrogênio mista em
que a uréia em solução estará associada aos ions NH4
+
e NO3
-
.
Por outro lado, trabalhos recentes mostram que parte do NH3
é captado pelas folhas, via estômatos, e o nitrogênio é assim
incorporado pelas diferentes espécies vegetais (MARSCHNER,
1995). Sabe-se também que a incidência de chuvas adequadas
após a aplicação minimiza as possíveis perdas de NH3
.
5
2.2.2. Nitrato de amônio
O nitrato de amônio tem 32% de N, mas sua solução
saturada terá 22 a 23% de N na faixa de temperatura ambiente
de 24 a 30 o
C. Este adubo é um oxidante muito forte e tende a
provocar explosões em presença de matéria orgânica. O preço
unitário do nitrogênio na indústria é mais alto para essa fonte
em relação à uréia e a diferença será aumentada no transporte
e posterior manejo na misturadora ou no pomar.
2.2.3. Uran
O Uran é um produto obtido pela dissolução a quente
de uréia e nitrato de amônio. Sua composição fínal é de 32%
de nitrogênio total, sendo 14% na forma amídica (uréia), 9%
como NH4
+
e 9% como NO3
-
.
O produto tem densidade de 1,326 kg/L, e isso significa
que 100 litros de Uran terão 18,6 kg de N como uréia, 11,9 kg
como NH4
+
e 11,9 kg como NO3
-
.
É interessante observar que a solução saturada de uréia
tem 24 a 25% de N, enquanto a de nitrato de amônio, 22 a
23%. Dissolvidos em conjunto, esses adubos originam o Uran
com 32% de N, com ganho portanto significativo de
concentração de N do produto final. Tanto para uréia quanto
para o nitrato de amônio isolados não se consegue dissolver
mais que 1 kg de adubo por litro de água. Ambos estando
presentes no processo, chega-se à dissolução total de 4 kg/L
de água (MALAVOLTA, 1981).
No preparo dessas soluções que não apresentam amônia
livre ou pressão gasosa, podem ser combinadas diferentes
proporções de cada adubo e de água. Para preparar 100 kg de
uma solução com 30% de N empregam-se, por exemplo, 44,3
kg de NH4
NO3
, 35,4 kg de uréia e 20,3 kg de água, em
dissolução a quente.
6
2.2.4. Fosfatos de amônio (MAP e DAP)
O MAP é um adubo binário com 11% de N e 50% de
P2
O5
. É dosado para fornecer o fósforo das formulações, mas
contribui com uma parcela do N amoniacal. Sua solubilidade
é de 38 g em 100 g de água a 21 o
C. Adquirido na forma de pó,
tem facilitada a sua dissolução e emprego no preparo das
formulações fluidas. Já o DAP é mais solúvel que o MAP (70
g/100 g de água) e apresenta concentração de 18% de N e
46% de P2
O5
. No preparo de adubos líquidos, ambos são
previamente processados para soluções de diferentes
proporções, como a 10-30-00 (17% de MAP + 46% de DAP).
2.2.5. Cloreto de potássio
O cloreto de potássio tem 60% de K2
O e é totalmente
solúvel em água. Todas as unidades produtoras de adubos
líquidos utilizam o KCl como fonte exclusiva de potássio, em
razão de sua disponibilidade, concentração e preço.
Na preparação de formulações líquidas o KCl é
previamente peneirado, para separar as partículas maiores ou
impurezas eventualmente presentes. Nas soluções claras
preparadas com o KCl obtém-se, no máximo, concentração
de 10% de K2
O, enquanto nas suspensões com argila podem
ser feitas concentrações mais elevadas. A solubilidade teórica
do cloreto de potássio estabelece que as soluções saturadas
têm até 16% de K2
O à temperatura ambiente, mas na prática
sua solubilidade é inibida por outros constituintes, havendo
necessidade de preparo de suspensões para atingir
concentrações maiores.
2.2.6. Micronutrientes
Nas fórmulas líquidas para laranja, o micronutriente mais
usado tem sido o boro, desde que a pesquisa constatou que
sua aplicação via solo é mais eficiente que a via foliar. São
7
comuns fórmulas NPK acrescidas de 0,3% de B obtido com
adição de ácido bórico (17% de B). A demanda por fórmulas
com Zn e Mn é menor, pois a aplicação de ambos é mais
viável por via foliar.
2.3. Preparo e aplicação
O preparo das formulações nas fazendas é limitado pela
necessidade de infra-estrutura, que, apesar de relativamente
simples, depende da adoção desta forma de adubação em
grande escala, para justificar sua implantação. Uma alternativa
para o agricultor é adquirir das firmas produtoras o adubo e o
serviço de aplicação e outra é comprar um tanque aplicador
tracionado por trator e um tanque depósito, além de
formulações prontas. É necessário lembrar que os adubos
líquidos são corrosivos, e assim os tanques deverão ter
revestimentos apropriados de aço-inox, polietileno, fibra, etc.
Há necessidade também de agitação constante das suspensões,
que deverá ser eficientemente feita por bombas presentes nos
tanques (Foto 1).
A aplicação do adubo líquido nos pomares segue a mesma
recomendação para os adubos sólidos, ou seja, em faixas laterais
dos dois lados da planta, com largura igual ao raio da copa, um
terço para dentro e dois terços para fora da linha de projeção
da copa. São usadas barras com bicos de inox e defletor para
aplicação uniforme nas faixas (Fotos 2, 3 e 4).
Sabendo-se a quantidade de N-P2
O5
-K2
O por planta e a
densidade do produto, determina-se o volume a ser aplicado
por planta e a velocidade da máquina. A regulagem é simples
e a necessidade de mão-de-obra é bastante inferior à necessária
para a adubação sólida.
Segundo CAMARGO (1996), adubam-se de 4.000 a 10.000
plantas por dia (em média 6.000), por máquina, em jornada
de oito horas.
Os demais critérios para adubação líquida também são
os mesmos da tradicional, como parcelamento e épocas de
aplicação (3 parcelas no período das águas).
8
A mistura de Uran, MAP, DAP, e KCl pode proporcionar
diferentes combinações de N-P2
O5
e K2
O para citros, cuja
somatória em termos percentuais pode atingir 40%. As fórmulas
líquidas mais comumente usadas na citricultura têm sido as
seguintes: 14-07-14, 20-05-10, 15-10-10, 18-6-12, 15-15-10 e a
12-6-12. Nessas suspensões, a bentonita é a argila mais usada,
na proporção em peso de 1,5 a 2%.
Foto 1. Aquisição de adubo líquido aplicado. Abastecimento de
aplicadores (gentileza da CARGILL Agrícola S.A.).
Foto 2. Aplicação de adubo líquido em pomar adulto (gentileza de
CARGILL Agrícola S.A.).
9
Foto 3. Detalhe da aplicação em faixa. Asa protetora, bico de
pulverização com defletor (gentileza de CARGILL Agrícola
S.A.).
Foto 4. Detalhe da asa protetora de bico de pulverização.
10
2.4. Eficiência relativa
Para comparar a eficiência relativa de adubos líquidos e
sólidos, são desenvolvidos experimentos de campo com aplicação
dos dois tipos de adubos e avaliações de produtividade e
características tecnológicas dos frutos, diagnose de foliar e análise
de solo. Os poucos resultados experimentais obtidos no país até
agora indicam desempenho similar desses tipos de adubos. Para
ilustração serão apresentados os dados mais recentes que foram
obtidos por BAUMGARTNER & SEMPIONATO (1998).
Na Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro,
SP, foi conduzido um experimento em pomar de laranja ‘Pêra’,
por quatro safras, no período de 1995 a 1998. Foram
comparadas as fórmulas sólidas e líquidas de composição 12-
06-12, incluindo-se variáveis como ausência de P, de K e dose
mínima de N.
Na Tabela 1 são apresentados os dados de produção
acumulada nos quatro anos (kg/planta) e teores foliares de N,
P e K (g/kg) de amostras coletadas no último ano.
Tabela 1. Produção acumulada de quatro safras e teores de NPK
nas terceiras e quartas folhas de ramos frutíferos em
amostras de folhas coletadas na última safra (1998).
Tratamentos Produção Teores foliares (g/kg)
kg/planta N P K
1,2-06-12 (sólido) 319 25,0 1,1 10,9 a
1,2-06-12 (líquido) 301 26,2 1,2 10,4 ab
12-06-12 (sólido) 362 26,6 1,1 9,1 abc
12-06-12 (líquido) 334 26,7 1,1 10,1 ab
12-00-12 (sólido) 336 25,2 1,1 10,3 ab
12-00-12 (líquido) 348 25,4 1,1 9,7 abc
12-06-00 (sólido) 338 25,2 1,2 7,8 c
12-06-00 (líquido) 335 25,6 1,2 8,4 bc
F (Tratamentos) - 0,64 2,12 5,99**
CV% - 6,41 3,91 9,07
11
A adubação referencial nessa pesquisa foi a fórmula 12-
06-12 aplicada em três parcelas de 800 g/planta em faixas
laterais dos dois lados da planta. A análise estatística feita a
cada ano mostrou efeitos não significativos dos tratamentos
sobre a produção de frutos e, na diagnose foliar, efeitos
significativos apenas para o K, nos dois últimos anos.
É interessante observar que nos tratamentos com omissão
de fósforo (12-00-12) e com doses mínimas de N (1,2-06-12),
por quatro anos consecutivos, não houve redução de produção
com relação ao tratamento completo, bem como não houve
efeitos nos teores foliares desses nutrientes. Esses dados
mostram a capacidade das plantas cítricas, em pomares bem
conduzidos, de manterem a produtividade, na ausência de
adubação por períodos relativamente longos, às custas de suas
reservas e da ciclagem dos nutrientes no ambiente do pomar.
Apenas para o K as análises registraram desgaste nas reservas
das folhas que não afetou a produção, no período. É necessário
esclarecer, entretanto, que a produtividade do pomar ao longo
das quatro safras foi relativamente baixa em função de
condições climáticas desfavoráveis, principalmente quanto à
distribuição de chuvas. Mesmo assim, os dados obtidos
evidenciam a similaridade das fontes líquidas e sólidas para
os parâmetros avaliados.
Após quatro anos de adubações diferenciadas com as
fontes líquidas e sólidas, foram feitas também amostragens de
solo, a 0-20 cm de profundidade, no centro das faixas adubadas
em todas as parcelas, e os resultados estão na Tabela 2.
No início do experimento, a análise prévia de fertilidade
do solo, na faixa adubada a 0-20 cm de profundidade, mostrou
os seguintes valores: pH = 5,1; P = 52 mg.dm-3
; mmolc
.dm-3
(K
= 5,8; Ca = 15; Mg = 12; H + Al = 34) e V% = 49. Em maio do
segundo ano foi aplicado calcário dolomítico na dose de 2 t/
ha.
12
Tabela 2. Análises de fertilidade do solo, em amostras a 0-20 cm de
profundidade nas faixas adubadas, no quarto ano, em
pomar de laranja Pêra. EECB, 1999.
Tratamentos mg.dm-3
mmolc
.dm-3
V%
P K Ca Mg
1,2-06-12 (sólido) 76 abc 2,4 a 28 19 64
1,2-06-12 (líquido) 83 a 2,2 a 33 23 71
12-06-12 (sólido) 81a 1,5 ab 33 21 68
12-06-12 (líquido) 79 ab 2,2 a 29 23 60
12-00-12 (sólido) 38 c 1,4 ab 38 30 73
12-00-12 (líquido) 39 c 2,4 a 25 16 61
12-06-00 (sólido) 82 a 0,7 b 29 22 65
12-06-00 (líquido) 105 a 0,8 b 29 19 60
F (Tratamentos) 7,16** 7,19** 0,75 0,74 0,77
CV% 23,49 30,86 30,42 42,58 16,89
Os dados da Tabela 2 mostram, basicamente, que os
resultados das análises de solo foram coerentes com os
tratamentos, isto é, os teores de P e K foram significativamente
menores nas parcelas que não receberam esses elementos para
ambas as fontes. Apesar do decréscimo nos teores de P, estes
permaneceram superiores a 30 mg.dm-3
, limite acima do qual
não se recomenda adubação fosfatada. Já para o potássio houve
decréscimo, mesmo nas parcelas tratadas, em relação a análise
prévia de área experimental, e, nas parcelas com omissão do
nutriente, os teores trocáveis no solo caíram para níveis muito
baixos. Houve coerência entre as análises de solo e de folhas
para potássio, sugerindo que essas plantas poderiam apresentar
problemas de deficiência desse nutriente nas próximas safras.
Não houve efeito diferenciado das fontes de adubos em relação
ao teor de K trocável das parcelas, dentro de cada relação
NPK.
Quanto ao possível efeito de acidificação do solo por
efeito dos adubos, os dados de saturação por bases da Tabela
2 indicam também que o comportamento das fontes líquidas
e sólidas foi similar.
13
2.5. Fertirrigação
Fertirrigação consiste na aplicação de adubos líquidos
através dos sistemas de irrigação. Permite múltiplas aplicações
a baixo custo, pois se utiliza de estrutura preexistente. Tem
também a vantagem de aplicar os adubos em solo molhado,
na projeção da copa das plantas, onde se concentram as raízes
mais ativas na absorção.
Os fertilizantes injetados via irrigação devem ser
inteiramente solúveis e permanecer solubilizados durante toda
a operação. Há possibilidade de problema de entupimentos
de bicos devido à interação entre algumas fontes. Por exemplo,
a amônia anidra e a aqüamônia elevam o pH da água e causam
precipitação de cálcio e magnésio. Para contornar o problema
pode-se usar o ácido fosfórico como fonte de P e paralelamente
acidificar a calda, no limite necessário para evitar a precipitação
daqueles nutrientes. Por outro lado, o sistema de irrigação
deve ser dotado de filtros para retirada de contaminantes e
precipitados.
As doses de adubos e a freqüência de aplicação devem
ser inicialmente calibradas e freqüentemente conferidas, para
garantir o êxito do processo.
Um problema importante a ser considerado é a salinidade
induzida na irrigação. Recomenda-se que a solução de irrigação
não tenha salinidade superior a 1.000 mg/L. A maneira de
medir a salinidade da solução é o uso de um condutivímetro,
pois há relação direta entre concentração salina e condutividade
elétrica da mesma. Em média, a condutividade elétrica expressa
em dS/m, multiplicada pelo fator 700 expressa a concentração
salina em mg/L. Outra forma de evitar problemas de salinidade
é a combinação de doses e freqüência de aplicação. É preferível
aplicar mais vezes pequenas doses que doses mais altas menos
vezes. A combinação dose x freqüência deve ser calibrada
para cada área irrigada.
Para calcular o volume de solução de adubos líquidos
necessários a um programa anual pode-se empregar a fórmula
adaptada de BOMAN & TUCKER (1995):
14
Vol = A x N em que:
F x d
Vol = volume da fórmula em litros
A = área a ser irrigada (hectares)
N = quantidade de N por hectare (kg/ha/aplicação)
F = quantidade de N da fórmula expressa em fração
(ex. 8% = 0,08)
d = densidade da fórmula (kg/L)
Por exemplo, pretende-se aplicar 150 kg N/ha em
fertirrigação usando-se a fórmula comercial 08-02-08 (N-P2
O5
-
K2
O) preparada com mistura de nitrato de amônio, ácido
fosfórico e cloreto de potássio. Estabeleceu-se parcelar em
vinte aplicações ao longo do ano. O pomar em questão tem
30 ha e uma população de 358 plantas por hectare. O sistema
de irrigação descarrega 40 L por hora em cada planta através
de gotejadores.
Aplicando-se a fórmula:
Vol =30 x 7,5 kg/ha/vez de N
0,08 x 1,2
Vol = 2.343 L (volume da fórmula 08-02-08 por irrigação
em toda área = 10.740 plantas)
Injetando-se o fertilizante no sistema de irrigação em
períodos de 60 minutos vai se ter um gasto de 39 litros por
minuto. As taxas de injeção do fertilizante precisam ser ajustadas
para a capacidade do equipamento. Se 39 litros por minuto
estiver acima do sistema de injeção, o tempo de injeção deve
ser aumentado ou as fertirrigações feitas com maior freqüência.
Na vazão padrão de microgotejadores, os fluxos de
fertirrigação devem ser completados em 2 ou 3 horas. Para
tempos menores de injeção há risco de excesso salino e para
15
os tempos maiores pode haver lixiviação, isto é, água e
nutrientes saem da zona de raízes.
2.6. Considerações gerais
Para a adubação líquida de citros são utilizadas as mesmas
fontes de nutrientes solúveis da adubação sólida tradicional,
com modificações no preparo das fórmulas. A localização e a
época de aplicações também são as mesmas. Não são portanto
esperados resultados agronômicos diferenciados, em termos
de produção ou qualidade de frutos. Mesmo assim foram
desenvolvidos alguns experimentos que confirmam isso, bem
como demonstram efeitos similares dos adubos sólidos e
líquidos na fertilidade do solo, na faixa adubada.
No sistema de compra do adubo aplicado, que é o que
prevalece atualmente para a adubação líquida na citricultura,
as avaliações de ordem econômica são complicadas, pois um
fator importante é a distância entre a fazenda e a empresa
fornecedora. Em termos gerais, distâncias superiores a 150 km
resultam em acréscimo no frete. Cada propriedade precisa,
portanto, avaliar o custo unitário do fertilizante sólido ou
líquido aplicado no pomar, para comparação. Restam como
principais vantagens do adubo líquido a rapidez de aplicação,
a economia de mão-de-obra e a despreocupação com as
operações de manejo e armazenamento. As estatísticas de
consumo indicam que essas vantagens vêm sendo bem aceitas
pelos citricultores, pois é crescente a demanda de adubos
líquidos a cada ano.
3. ADUBAÇÃO FOLIAR
3.1. Princípios
As células epidérmicas das folhas de todas as espécies
vegetais são recobertas por cutículas e camadas de cera. Essas
16
estruturas diferem entre as espécies quanto a espessura,
composição e organização de seus componentes, resultando
em maior ou menor resistência à passagem de soluções através
das mesmas.
As plantas cítricas e outras espécies como o cafeeiro
apresentam cutículas espessas e conseqüentemente baixas taxas
de penetração de solução, que são características desfavoráveis
à prática da adubação foliar (MARSCHNER, 1995).
As cutículas têm em sua composição misturas de ácidos
graxos e ceras com ação repelente a água e foram, em princípio,
sintetizadas como barreira contra as perdas de água e solutos
que chegam às folhas via vasos do xilema. Entretanto sabe-se
que a água e os solutos atravessam a cutícula, e a hipótese
mais recente é que a penetração deve ocorrer através de poros
hidrofílicos presentes na cutícula. A maioria desses poros têm
diâmetro inferior a 1 nm e apresentam cargas negativas fixas
que aumentam em densidade de dentro para fora da cutícula.
Essas estruturas explicam a passagem facilitada de pequenas
moléculas sem cargas, como a uréia (raio de 0,44 nm), e a
dificuldade de passagem de macromoléculas de quelatos
sintéticos, bem como a passagem mais rápida de cátions em
relação aos ânions.
A densidade de poros é maior na região ao redor das
células guardas dos estômatos, o que explica a absorção
diferencial entre as superfícies superiores e inferiores das folhas,
das soluções pulverizadas.
Um nutriente pulverizado nas folhas deverá atravessar
as barreiras externas de ceras, pelos, cutícula, parede celular e
membrana celular, atingindo o citoplasma das células da
epiderme e se translocando para outras células do mesófilo
ou, através do floema, para outros órgãos da planta. É evidente
que os nutrientes estando presentes na solução pulverizada
em diferentes espécies iônicas, moleculares ou quelatizadas
sofrerão efeitos diversos nessa trajetória. Um nutriente que
caminhe lentamente nesse percurso acumula-se próximo ao
local de aplicação, e sua utilização por via foliar será pouco
17
eficiente. A melhor maneira de avaliar os diferentes nutrientes
com relação à mobilidade na via foliar é o emprego de
elementos radioativos. Esses estudos são limitados pela falta
de isótopos viáveis para alguns elementos e foram
desenvolvidos em pequeno número, especialmente em relação
às diferentes espécies vegetais. Em decorrência disso, há
dúvidas com relação à eficiência das diferentes fontes de
nutrientes e seus reflexos na prática da adubação foliar. Um
mesmo elemento é mais móvel quelatizado ou na forma de
sal? Qual é o efeito de íons acompanhantes e de moléculas
neutras na absorção e transporte dos diferentes nutrientes?
Questões como essas e tantas outras carecem de pesquisas
mais conclusivas que possam dar suporte às recomendações
de adubação. Novamente o agricultor deverá fazer sua própria
avaliação e seu próprio monitoramento dos pomares. A
adubação em citros, seja sólida ou líquida, entretanto, é
essencial (Fotos 5 e 6).
3.2. Fontes de nutrientes
Os fertilizantes para uso via foliar são encontrados no
comércio na forma sólida separados ou em mistura e na forma
de soluções claras contendo NPK e/ou micronutrientes. Os
mais freqüentemente usados são:
1) Macronutrientes: uréia, nitrato de amônio, ácido
fosfórico purificado, fosfato monoamônico (MAP), cloreto de
potássio purificado, sulfato de potássio purificado, sulfato de
magnésio.
2) Micronutrientes: sulfatos ou cloretos de cobre, ferro,
manganês e zinco, ácido bórico, bórax, molibdatos de sódio
ou amônio. Os micronutrientes podem ser encontrados ainda
como quelatos orgânicos sintéticos (ex. EDTA) ou naturais
(ex. ácidos polifenólicos).
Os adubos para uso foliar são todos solúveis em água,
facilitando o preparo das soluções, pois basta pesar as
quantidades recomendadas para determinado volume (ex.
2.000 L). As soluções comerciais concentradas são de uso mais
18
simples, bastando seguir a recomendação de diluição (litros
por tanque).
Foto 5. Pomar de citros com adubação adequada. Notar
enfolhamento e copa até o solo.
Foto 6. Pomar de citros sem adubação. Notar copa alta e pouco
enfolhamento.
19
De um modo geral, nas formulações previamente
preparadas disponíveis no mercado, os macronutrientes
secundários, exceto o S e os micronutrientes, exceto B, Mo e
Cl, estão quelatizados.
A unidade de cada nutriente quelatizado tem preço mais
elevado em comparação aos sais, e procura-se compensar a
diferença de preço com recomendação de menor quantidade.
Em tese, o elemento quelatizado teria melhor aproveitamento
no processo de absorção foliar em comparação ao elemento
catiônico livre na calda de pulverização. A pesquisa já
comprovou que a absorção e o transporte de quelatos por via
foliar depende da natureza do quelante usado, e nem sempre
as empresas informam a esse respeito.
Por outro lado, não há pesquisa conclusiva sobre a
absorção diferenciada de sais e quelatos. A decisão de usar
um produto mais caro, em tese mais eficiente, de uso mais
fácil (apenas diluição) em relação a outro mais barato, para
ser usado em quantidade maior, cujo preparo exige pesagem
e diluição, fica a critério do agricultor. É importante usar
comparativamente as diferentes fontes, lembrando ainda que
não se devem aplicar os micronutrientes preventivamente, mas
sim após diagnóstico nutricional e dentro de um programa de
adubação pré-elaborado.
3.3. Preparo e aplicação
A adubação foliar, sendo entendida como complementar
à adubação do solo e visando corrigir mais rapidamente
problemas nutricionais constatados através de sintomas,
pressupõe preparo de soluções específicas para as diferentes
situações. Sendo assim, não há receitas prontas de caldas para
pulverizações rotineiras, definidas pela pesquisa. Da mesma
forma, para soluções de diferentes composições, não se têm
especificações para ajuste de pH, adição de surfatantes e
aditivos que tenham seus benefícios experimentalmente
comprovados na citricultura.
20
A pulverização de uma solução aquosa em superfície
cerosa, repelente à água, provavelmente terá benefícios de
substâncias que promovam melhor contato e permanência da
solução na superfície das folhas. Surfatante é a denominação
genérica dada a diferentes substâncias que, de acordo com
suas propriedades, exercem efeitos espalhantes, molhantes,
adesivos, humectantes, dispersantes e emulsionantes
(CAMARGO & SILVA, 1975). Um mesmo surfatante reúne
diversas propriedades, e encontram-se no comércio diferentes
espalhantes - adesivos com especificação de uso. Além de
melhorar o tempo de contato de solução com a superfície
absorvente, a experimentação feita com outras culturas
demonstra que os surfatantes atenuam também as
“queimaduras” causadas pelo excesso de salinidade, verificadas
em determinadas situações.
Embora existam dados experimentais sobre efeitos
específicos de diferentes surfatantes para diferentes
composições de caldas na citricultura, são esperados efeitos
benéficos dessas substâncias, sendo aconselhável seu uso em
mistura de sais. A quantidade necessária geralmente é baixa,
da ordem de 0,1% a 2%, em volume, nas soluções ou
suspensões. A propaganda de algumas soluções comerciais
de quelatos indica a dispensa do uso de espalhante adicional,
sugerindo que a calda a ser diluída já contém os aditivos
indicados.
Outro fator importante a ser considerado no preparo da
solução de nutrientes é o pH. Os efeitos de maior ou menor
presença de H+
ou OH-
na calda de pulverização afetam
diferentemente a absorção dos nutrientes. De um modo geral,
numa mistura de nutrientes, o abaixamento do pH dentro de
certos limites parece benéfico. Alguns quelantes orgânicos
acidificam a solução, e essa propriedade tem sido usada
comercialmente, seja na propaganda de quelatos de ácidos
orgânicos, seja na recomendação específica como acidificante,
por exemplo, a solução comercial do ácido 2 hidroxi 1-2-3
propano tricarboxílico.
21
Na cultura do algodão, SNYDER, 1998, relatou benefícios
do tamponamento, na faixa de pH de 4 a 6, de soluções com
diferentes fontes de K (KNO3
-
K2
SO4
, KOH).
Também para o fósforo são esperados efeitos benéficos
do pH mais baixo, pois a espécie iônica H2
PO4
-
predomina
em meios ácidos em relação a HPO4
2-
, mais presente em meio
neutro ou alcalino. A pesquisa já demonstrou que o H2
PO4
-
é
preferentemente absorvido por mecanismos ativos pelas células
vegetais, em comparação ao HPO4
2-
.
Por outro lado, SHU et al., 1991, demonstraram que a
absorção foliar do boro é máxima na faixa de pH de 7 a 8.
Entretanto, como esse nutriente é pouco móvel nas plantas,
via floema, o mais indicado é aplicá-lo ao solo, na adubação
líquida, ou em solução de herbicidas.
Na prática, qual é o procedimento a ser adotado para
ajustar o pH da solução a ser pulverizada? Uma maneira simples
seria coletar uma amostra de solução pronta, por exemplo 0,5
L, e medir o pH com fita de papel indicador e adicionar
pequenas alíquotas do acidificante comercial (ex. ácido 2
hidroxi - 1, 2, 3 propano tricarboxílico) sob agitação, anotando
o volume gasto do ácido quando o pH desejado for atingido.
Calcula-se depois o volume necessário do ácido por tanque
(ex. 2.000 L).
Nos pomares em produção, gastam-se cerca de 12 litros
de calda por planta, devendo-se fazer pelo menos três
aplicações no período de setembro a março. A primeira
aplicação depende do início das chuvas, devendo ser feita no
florescimento após a queda das pétalas.
3.4. Formulações
Como foi considerado anteriormente, não se deve adotar
um programa de adubação foliar, com emprego de soluções
padronizadas de fontes de macro e micronutrientes, em
operação rotineira. Ao contrário, deve-se procurar estabelecer
22
as soluções específicas para as diferentes situações encontradas
nos pomares.
Para auxiliar na preparação das soluções pode-se levar
em consideração o que já foi usado na citricultura em diferentes
situações, para evitar possíveis danos decorrentes das
pulverizações. Os riscos maiores são de causar queimaduras e
queda das folhas por salinidade, especialmente no uso de
macronutrientes, e sintomas de toxidade, mais comuns, na
adubação foliar, para os micronutrientes.
A seguir são apresentadas e comentadas algumas
formulações de macro e/ou micronutrientes encontradas na
literatura ou em folhetos comerciais de diferentes empresas,
indicadas para citros.
3.4.1. Fórmula 20-10-20 (N-P2
O5
-K2
O) + 0,06% de
Mg + 0,08% de Mn + 0,14% de B e 1,5% de Zn
Esta é uma fórmula comercial recomendada para ser
aplicada de 4 a 6 vezes, com intervalos de 20 a 30 dias, sendo
2 aplicações antes da florada e o restante depois. Para preparar
a solução, devem-se diluir de 2 a 5 kg da fórmula por hectare.
Considerando-se uma média de 300 plantas por hectare e o
gasto de 12 litros de solução por planta, seriam usados 3 .600
litros de água para diluir de 2 a 5 kg da fórmula. Na dose
maior, o nitrogênio estaria na solução final em concentração
de 0,028% e seria fornecido na base de 1 kg N/ha/ vez ou 3,3
g N/planta a cada pulverização.
Para efeito de comparação, poder-se-ia fornecer o
nitrogênio com uma solução de uréia que é tolerada pelas
plantas cítricas em concentração de até 1,2% (0,54% de N),
conforme CAMARGO & SILVA, 1975. Esta solução usada nas
mesmas condições anteriores (3.600 L/ha) forneceria 19,5 kg
de N/ha ou 65 g de N/planta por pulverização.
No caso do zinco, a fórmula diluída na recomendação
de 5 kg/ha resulta em solução final com concentração de
0,0021% ou 0,021mg/L (ppm).
23
O sulfato de zinco comercial tem 20% de Zn e é
recomendado para uso em solução com 0,3% a 0,5% do sulfato
ou 0,06% a 0,1% de Zn elementar. Isso significa que
preparando-se uma solução com sulfato de zinco a 0,5% aplica-
se quase 50 vezes mais do nutriente em relação à formulação
comercial em questão
3.4.2. Fórmula substitutiva (foliar/solo)
ROSSETO (1993), um citricultor do Estado de São Paulo,
publicou sugestão de solução de macro e micronutrientes
para citros a ser usada em substituição à adubação via solo,
com base em observação de seus efeitos sobre a produtividade
de pomares por duas safras consecutivas.
A solução que segundo o autor deve ser aplicada em 5
parcelas por safra é preparada diluindo-se em tanque de 2.000
litros: 10-25 kg de uréia, 1 – 5 kg de fosfato monoamônico
(MAP), 5 – 10 kg de cloreto de potássio, 5 – 10 kg de sulfato
de potássio, 1 – 3 de sulfato de zinco, 1 – 2 kg de ácido
bórico. A sugestão ainda é que se aplique um tanque (2.000 L)
para 70 árvores ou 28,5 L/planta.
Observa-se nessa fórmula que a recomendação máxima
de uréia está próxima do limite indicado por CAMARGO &
SILVA (1975) (1,2%). Todavia há um acréscimo em nitrogênio
amoniacal da fonte fosfata (MAP), que usada a 5 kg/tanque
corresponderá a mais 0,0275% de N na fórmula final. Esse
pequeno acréscimo não altera substancialmente o limite de
tolerância de planta cítrica e significa apenas 3 g de N/planta
a mais em relação ao uso só de uréia
A adição de nitrogênio, se aplicadas as doses máximas,
corresponderá a 340 g de N por planta ou 102 kg/ha. As doses
recomendadas de N para aplicação via solo na citricultura
situam-se entre 60 e 260 kg/ha/ano. Uma adubação referencial
seria, por exemplo, a fórmula 12-06-12 na dose de 3 kg/planta/
safra. Nesta adubação, via solo, estão sendo aplicados 108 kg/
ha de N, e portanto a recomendação do produtor, no tocante
a nitrogênio, propõe a substituição praticamente na relação
24
de 1:1 entre adubação foliar e adubação via solo. Por outro
lado, para o potássio as doses máximas aplicadas pela adubação
foliar recomendada corresponderão a 47 kg/ha de K2
0. A
relação N:K2
O da fórmula foliar aplicada será 2,l7 : 1,00,
desfavorável para a nutrição potássica e contrariando a tradição
de se aplicar em adubação de citros uma relação N: K2
O da
ordem de 1:1 a 1:0,8.
Cabe ainda observar que a proposta de substituição da
adubação do solo pela adubação foliar demanda tempo maior
de observação, pois, mesmo omitindo totalmente qualquer
adubação, as plantas poderão manter a produtividade durante
um certo tempo às custas de suas reservas e da ciclagem dos
nutrientes no pomar, especialmente quando as condições
climáticas limitam a produção.
3.4.3. Fórmulas para pré- e pós-florada
Souza (1995), citado por MARINO (1997), sugere para
manejo de adubações foliares anuais dos pomares as seguintes
soluções, por bomba de 2.000 litros.
a) Pré-florada
2 kg de uréia + 2 kg de MAP purificado + 1 kg de sulfato
de Mg + 2 kg de cloreto de cálcio + 500 g de ácido bórico +
500 g de sulfato de manganês.
b) Pós-florada
1 kg de uréia + 3 kg de MAP + 3 – 4 kg de cloreto de
cálcio + 500 g de ácido bórico + 500 g de sulfato de manganês.
c) Início do período chuvoso
5 kg de uréia + 3 kg de MAP + 2,5 kg de cloreto de
potássio + 5 a 10 kg de sulfato de magnésio + 2 kg de cloreto
25
de cálcio + 2 kg de sulfato de zinco + 1 a 4 kg de sulfato de
manganês + 0,5 a 2,0 kg de ácido bórico + 10 – 50 g de
molibdato de sódio.
Como se pode observar, essas formulações tipo
“coquetéis” visam fornecer preventivamente, e para
manutenção, praticamente todos os nutrientes com exceção
de cobre, ferro e cloro, este último já em excesso nas fontes
de potássio e cálcio.
Apesar de diversos produtos estarem incluídos na calda,
a concentração salina final estará abaixo da tolerância das
plantas cítricas e também de outras soluções anteriormente
citadas. Observe-se que nesses coquetéis empregam-se de 1 a
5 kg de uréia, e a fórmula substitutiva (item 4.3.2) emprega até
25 kg de uréia por bomba de 2.000 L.
Esses coquetéis já foram usados sem causar danos às
plantas, mas também seus benefícios não são comprovados.
Percebem-se nessas formulações algumas propostas
especulativas, como por exemplo a adição de cálcio em pré-
florada.
Trabalhos de pesquisa em condições controladas
mostraram que o cálcio tem ação antagônica à síntese de etileno
que pode ser causa da abscisão. A adição de cálcio visaria o
aumento do teor desse nutriente na zona de abscisão de flores
favorecendo o pegamento da florada. Todavia alguns
experimentos de campo já foram desenvolvidos para estudar
efeitos do cálcio por via foliar em citros sem que se lograsse
obter os efeitos esperados. A adição foliar de cálcio em citros
continua polêmica e demanda pesquisa.
A aplicação preventiva de coquetéis contraria a idéia de
aplicar os nutrientes apenas quando os sintomas são detectados
e, no caso de micronutrientes, especialmente Mn e Zn, quando
os sintomas persistem, pois podem ser ocasionados apenas
por condições climáticas desfavoráveis.
Para todas as culturas e citros não é exceção, o uso de
boro deve ser cuidadoso pois é estreito o limite entre o nível
adequado e o tóxico.
26
Quando se propõe a usar coquetéis multinutrientes, deve-
se considerar também a inclusão de outros produtos.
É comum na citricultura o aproveitamento das
pulverizações de adubos para tratamento de pragas e doenças.
A química da mistura de macro e micronutrientes, pesticidas,
surfatantes, redutores de pH é pouco conhecida. A combinação
de interações químicas na calda com fatores de estresses
ambientais pode contribuir para efeitos fitotóxicos e até induzir
abscisão de folhas e frutos. FERGUSON et al. (1995)
recomendam que se reduza o número de componentes das
fórmulas e que as aplicações sejam feitas nas situações de
mínimo estresse ambiental. Não são aconselháveis portanto
as pulverizações em pré-florada se as plantas estão submetidas
por exemplo a um período de seca. Além dos efeitos citados,
a hidratação das cutículas das folhas é fundamental para a
absorção, e a eficiência da pulverização é mínima sob estresse
hídrico.
3.4.4. Fórmulas com potássio
CHABOUSSOU (1976) publicou dados de pesquisa em
que constatou o aumento de resistência de plantas cítricas a
diferentes pragas, como cochonilhas e ácaros, em função da
adição de fontes de potássio (K2
SO4
KNO3
), por via foliar.
Também MARSCHNER (1995) relatou que a adição de potássio
em plantas deficientes diminui a suscetibilidade das plantas a
diferentes parasitas. Esse efeito está relacionado às funções
metabólicas do K, pois nas plantas deficientes há
comprometimento da síntese de compostos de alto peso
molecular, como proteínas, amido e celulose, resultando em
acúmulo de metabólitos intermediários de baixo peso molecular
importantes na nutrição de insetos sugadores.
Por outro lado, a participação do potássio no metabolismo
nitrogenado tem reflexos na produção e na qualidade de frutos
cítricos (efeitos da relação N : K).
27
A mobilidade do nitrogênio é mais alta que a do potássio
nos diferentes tipos de solo, especialmente naqueles com
valores maiores de capacidade de troca de cátions (CTC). Dessa
forma, quando se deseja um aporte mais rápido de K às plantas,
pensa-se na adubação foliar.
Com base nas informações citadas, surgiram indicações
de aplicação de diferentes fontes de K, especialmente o KCl e
o KNO3
em doses relativamente altas por via foliar, na
citricultura. Há pouca pesquisa para verificar efeitos em termos
de produção e qualidade dos frutos bem como a tolerância
das plantas cítricas às diferentes doses e fontes de potássio.
Na Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro,
SP, BAUMGARTNER & SEMPIONATO conduziram um
experimento de adubação foliar com KNO3
em laranjeira Pêra,
nos anos de 1996 a 1998 (não publicado).
O experimento foi instalado em pomar de oito anos de
idade, em Latossolo Vermelho-Escuro de textura média, cuja
análise prévia de fertilidade, segundo metodologia de RAIJ &
QUAGGIO (1983), apresentou os seguintes valores: pH = 5,4;
M.O% = 1,9; P = 16 mg.dm-3
; K = 1,5; Ca = 22,0; Mg = 13,0; H +
Al = 22,0 sendo esses últimos dados expressos em mmolc
.dm-3
.
O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com
três repetições. Cada parcela foi constituída por seis plantas
em linha, considerando-se como área útil as quatro plantas
centrais. Os tratamentos, em número de sete, consistiram na
combinação de doses de KNO3
(soluções a 2% e a 4%), com
freqüência de aplicação via foliar (1 a 3 vezes). O pH das
soluções foi ajustado a 5,5 empregando-se o ácido 2 – hidroxi
1,2,3 propanotricarboxílico. Em todos os tratamentos fez-se
ainda uma adubação rotineira via solo empregando-se a
fórmula sólida granulada 12-06-12 em 3 parcelas de 1 kg/planta,
em faixas laterais, nos dois lados da planta, por ocasião das
pulverizações foliares (meses de novembro, janeiro e março
de 1996 a 1998). Nas pulverizações foliares foram aplicados
12 litros de solução (2% e 4%) por planta, por aplicação.
28
Todos os anos foram feitas amostragens de folhas para
fins de diagnose foliar coletando-se as terceiras e quartas folhas
de ramos com frutos, 12 folhas por planta, ao redor da copa,
no mês de março de cada ano.
Os dados de produção de frutos e de teores totais de N
e K nas folhas referentes ao último ano (safra de 1998) são
apresentados na Tabela 3
Tabela 3. Produção de frutos de laranjeira Pêra e teores de N e K
nas terceiras e quartas folhas de ramos frutíferos (safra
de 1998).
Tratamentos Produção Teores foliares (g/kg)
Kg/planta N K
Testemunha (T) 110,1 25,9 8,6 c
KNO3
2% , 1 vez 117,7 26,5 10,0 bc
KNO3
2%, 2 vezes 103,1 26,4 11,0 abc
KNO3
2%, 3 vezes 139,3 26,3 11,2 abc
KNO3
4%, 1 vez 99,3 26,7 11,5 ab
KNO3
4%, 2 vezes 131,2 26,6 11,8 ab
KNO3
4%, 3 vezes 121,3 27,4 13,2 a
F (Tratamentos) 0,65 0,33 7,08 **
CV(%) 26,60 5,30 8,40
Os dados da tabela 3 mostram que, após 3 anos de
pulverizações com KNO3
via foliar em doses e freqüências
variáveis, a produção de frutos do último ano não foi
significativamente alterada em relação ao tratamento
testemunha (sem adubação foliar), como já havia sido
constatado nos anos anteriores.
Com relação à diagnose foliar, não obstante o KNO3
ser
um adubo binário com 13% de N e 46% de K2
O, apenas os
teores totais de K nas folhas foram afetados pelos tratamentos.
Os dados mostram aumento significativo dos teores de K nas
folhas nos tratamentos com 4% de KNO3
, para qualquer
freqüência de aplicação (1 a 3 vezes).
29
Os dados sugerem que as plantas testemunhas estavam
se esgotando em potássio (teor foliar abaixo da faixa adequada),
e seria provável uma resposta das plantas em produção, à
pulverização foliar, nos próximos anos. Deve-se lembrar que
todas as plantas, inclusive as testemunhas, receberam adubação
NPK via solo, todos os anos. Por outro lado, não se avaliaram
possíveis efeitos da pulverização foliar sobre a população de
pragas, pois foram feitos os tratos fitossanitários normais.
A produtividade obtida foi relativamente baixa devido a
problemas climáticos (períodos longos de seca), e, nessas
condições, não são mesmo esperados resultados favoráveis
de complementação nutricional por via foliar. Todavia o
experimento mostrou aspectos de interesse prático. Pôde-se
verificar pelos teores foliares de K que o KNO3
é fonte eficiente
no fornecimento desse nutriente por via foliar e que a
concentração de KNO3
a 4% (80 kg por bomba de 2.000 L) foi
bem tolerada pelas plantas. Sabe-se, por exemplo, que o KCl,
nessa concentração, causa desfolha de plantas cítricas.
3.4.5. Fórmulas com micronutrientes quelatizados
ou sais
O uso de micronutrientes na citricultura brasileira tem
se restringido aos elementos B, Mn e Zn. O uso de defensivos
à base de cobre tem suprido as necessidades desse nutriente,
e não há notícias de problemas nutricionais relativos ao Fe e
ao Cl.
O Grupo Paulista de Adubação e Calagem para Citros
(GPACC, 1994) propôs a seguinte solução para suprimento de
micronutrientes:
Sulfato de zinco a 0,30% (3 kg/1.000 L)
Sulfato de manganês a 0,20% (2 kg/1.000 L)
Ácido bórico a 0,10% (1kg/1.000 L)
Uréia a 0,50% (5 kg/1.000 L)
Cloreto de potássio a 0,25% (2,5 kg/1.000 L)
30
Nessa solução, as presenças da uréia e do cloreto de
potássio visam favorecer a absorção dos micronutrientes.
A posição dos pesquisadores do Grupo Paulista é
favorável ao uso de sais (sulfatos de Zn e Mn), embora não
façam restrição clara aos quelatos. Consideram que o boro é
mais eficiente via solo, mas mantêm a recomendação via foliar,
ao menos na primeira parcela.
No caso do zinco, a recomendação é para aumentar a
concentração da solução para 0,50% em sulfato de zinco caso
se constate deficiência aguda.
O sulfato de zinco contém 20% em peso do
micronutriente. Gastando-se 12 litros por planta de uma calda
com 0,30% de sulfato de zinco, isso corresponderá ao
fornecimento de 7,2 g de Zn/planta/aplicação. Essa quantidade
aplicada é relativamente alta, considerando-se que uma planta
cítrica adulta contém no total cerca de 0,45 g de Zn e exporta
de 0,028 a 0,056 g por caixa de frutos (40,8 kg). Não há portanto
interesse em aumentar a concentração desse micronutriente,
como também dos demais, na calda de pulverização.
Como alternativa ao preparo de solução de
micronutrientes, há no mercado soluções prontas com
manganês e zinco quelatizados e mais o boro. Como exemplo
desse tipo de adubo foliar, uma das fórmulas comerciais, entre
outras, apresenta a seguinte garantia mínima em peso: Zn =
3%, Mn = 3%, B = 0,5%. A densidade dessa solução é de
1,2 g . cm -3
, e recomenda-se aplicá-la na dose de 3L/ha, em
duas parcelas, na brotação e em janeiro/fevereiro.
Considerando-se o fornecimento de zinco dessa fonte,
nessa recomendação se estará fornecendo 0,36 g de Zn/planta/
aplicação. Comparando-se com a recomendação anterior de
solução de sais pode-se constatar que na forma quelatizada
aplicam-se 20 vezes menos do micronutriente por planta, por
aplicação.
Não há pesquisa conclusiva para auxiliar na escolha de
sais ou quelatos. As aplicações de sais pressupõem altas perdas,
31
pois apesar das soluções serem bastante diluídas, cada
aplicação supre em mais de 10 vezes a necessidade total das
plantas (caso de Zn). Por outro lado, a recomendação de
quelatos pressupõe alta eficiência, pois em apenas duas
aplicações seria suprida em excesso a mesma demanda.
Outro aspecto interessante desses dados diz respeito ao
costume de aplicar rotineiramente Mn, Zn e B nos pomares,
sem avaliação de necessidade de correção. Os dados mostram
que os riscos de atingir níveis tóxicos mesmo com soluções
diluídas são reais.
3.5. Considerações gerais
As adubações foliares devem ser aplicadas apenas quando
necessárias, visando correção de deficiências específicas dos
pomares. Podem, neste critério, ser associadas à maioria dos
tratamentos fitossanitários. As soluções multinutrientes
(coquetéis) associadas a pesticidas, surfatantes, redutores de
pH devem ser evitadas em razão de riscos de efeitos fitotóxicos,
especialmente em coincidência com outras situações de estresse
de pomares. As soluções contendo apenas micronutrientes
também não devem ser usadas em rotina, pois há situações de
risco de fitotoxicidade.
A aplicação de boro é mais eficiente via solo, e não há
razão para mantê-la via foliar. Não há pesquisa conclusiva
sobre maior ou menor eficiência de fontes quelatizadas de
Cu, Fe, Mn e Zn em comparação aos respectivos sais.
O abaixamento do pH da calda (faixa de 5 a 6) e o uso
de surfatante são indicados na elaboração de soluções
específicas com reduzido número de nutrientes.
Apesar das plantas cítricas apresentarem alta resistência
à penetração de soluções através das folhas e da pesquisa não
ter mostrado claramente os benefícios da adubação na
produção e/ou qualidade dos frutos, há que se considerar,
por analogia, que a correção de algumas deficiências ainda
32
pode ser mais eficientemente feita por via foliar, em
comparação à via solo. O uso comparativo de diferentes fontes
e formas de aplicação de nutrientes deve ser feito na
propriedade, levando em conta as informações e
recomendações já disponíveis.
33
4. LITERATURA CITADA
ANDA. Anuário Estatístico, Setor de Fertilizantes São Paulo,
SP 1998. 154 p.
BAUMGARTNER, J,G.; SEMPIONATO, O. R. Uso de fertilizantes
fluidos em citros. In: IV Seminário Internacional de Citros
– Tratos Culturais. 1998. Bebedouro, SP. Resumos p 46-48.
BITTENCOURT, V.C.; BEAUCLAIR, E.G.F. Fertilizantes Fluídos.
In: XX Reunião Brasileira de Fertilidade do Solo e Nutrição
de Plantas. 1992. Piracicaba, SP. Anais p. 255-273.
BOMAN, B.J.; TUCKER, D.P.H. Methods of application. In:
Nutrition of Florida Citrus Trees. University of Florida (USA).
1995. 60p.
CAMARGO, R. L. Fertilizantes líquidos. In: Seminário
Internacional de Citros – Nutrição e Adubação, 1996.
Bebedouro – SP., Anais. P. 201-210.
CAMARGO, P.N.; SILVA, O. Manual de adubação foliar. Ed.
Herba Ltda. São Paulo. 1975. 258p.
CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A. Adubação com macro e
micronutrientes em citros. In: IV Seminário Internacional
de Citros – Nutrição e Adubação. 1996 . Bebedouro, SP,
Anais. P. 201-210.
CHABOUSSOU, F. Cultural factors and the resistance of citrus
plants to scale insects and mites. Fertilizer use and plant
health. 12th
Colloquium of the International Potash Institute.
Turbey, 1976. p.259-280.
FERGUSON, J.J; DAVIES, F.S; TUCKER, D.P.H; ALVA, A.K.;
WHEATON, T.A. Fertilizer guidelines In: Nutrition of Flórida
Citrus Trees. University of Flórida, USA, 1995. 61p.
34
GRUPO PAULISTA DE ADUBAÇÃO E CALAGEM PARA CITROS
(GPACC). Recomendações para adubação e calagem para
citros no Estado de São Paulo. 3ª ed. LARANJA.
Cordeirópolis, SP. 1994. 27p.
MALAVOLTA, E. Manual de Química Agrícola. Editora
Agronômica Ceres Ltda, São Paulo, 1981. 595 p.
MALAVOLTA, E. A situação da adubação fluida no Brasil. In:
Simpósio Brasileiro sobre Fertilizantes Fluidos. 1993.
Piracicaba, SP. Anais, p. 37-64.
MARINO, M.K. Adubação Foliar em Laranjeira Pêra. Trabalho
apresentado à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias
de Jaboticabal, Unesp, para graduação em Agronomia. 1997.
MARSCHNER, H. Mineral Nutrition of Higher Plants. Academic
Press Inc (de) London. 1995.
OBREZA, T. A. Adubação de plantas cítricas na Flórida, EUA.
Uma visão geral. In: IV Seminário Internacional de Citros –
Nutrição e Adubação. 1996. Bebedouro, SP. Anais p. 27-39.
RAIJ, B.V.E.; QUAGGIO, J.A. Métodos de análises de solo para
fins de fertilidade. Campinas, Instituto Agronômico, 1983
(Boletim Técnico 81).
ROSSETO, A. Adubação foliar traz boa economia ao laranjal –
Suplemento Agrícola do “O Estado de São Paulo”, 17/02/
1993.
SHU, Z, H; WU, W.Y.; OBERLY, G. H. Boron uptake by peach
leaf slice. I. Plant Nutrition 14 (8) 867-881. 1991
SNYDER, C.S. Adubação foliar nitrogenada e potássica em
algodão. Informações Agronômicas, nº 83. POTAFOS (ed).
1998.
35
Apoio:
CARGILL AGRÍCOLA S/A
Depto. de Fertilizantes
Tel.: (0xx16) 344-1117
Monte Alto -SP
36

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Adubaçao foliar

  • 1.
  • 2. ADUBAÇÃO LÍQUIDA E FOLIAR PARA CITROS EM PRODUÇÃO José Geraldo Baumgartner e Otávio Ricardo Sempionato
  • 3. Baumgartner, José Geraldo B349a Adubação líquida e foliar para citros em produção / José Geraldo Baumgartner, Otávio Ricardo Sempionato. -- Jaboticabal : Funep, 1999. 36 p. : il. ; 21 cm. 1 - Adubação - citros. I. Título. CDU: 631.87.634.3 Funep Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/nº 14884-900 - Jaboticabal - SP Tel: (16) 3209-1300 Fax: (16) 3209-1306 E-mail: livraria@funep.com.br Home Page: http://www.funep.com.br Ficha catalográfica preparada pela Seção de Aquisição e Tratamento de Informação do Serviço de Biblioteca e Documentação da FCAV.
  • 4. ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO.......................................................................1 2. ADUBAÇÃO LÍQUIDA VIA SOLO ........................................2 2.1. Princípios........................................................................2 2.2. Fontes de nutrientes ......................................................4 2.2.1. Uréia....................................................................4 2.2.2. Nitrato de amônio ..............................................6 2.2.3. Uran ....................................................................6 2.2.4. Fosfatos de amônio (MAP e DAP) ....................7 2.2.5. Cloreto de potássio.............................................7 2.2.6. Micronutrientes ...................................................7 2.3. Preparo e aplicação .......................................................8 2.4. Eficiência relativa .........................................................11 2.5. Fertirrigação..................................................................14 2.6. Considerações gerais ...................................................16 3. ADUBAÇÃO FOLIAR...........................................................16 3.1. Princípios......................................................................16 3.2. Fontes de nutrientes ....................................................18 3.3. Preparo e aplicação .....................................................20 3.4. Formulações .................................................................22 3.4.1. Fórmula 20-10-20 (N-P2 O5 -K2 O) + 0,06% de Mg + 0,08% de Mn + 0,14% de B e 1,5% de Zn ......23 3.4.2. Fórmula substitutiva (foliar/solo).....................24 3.4.3. Fórmulas para pré- e pós-florada ....................25 3.4.4. Fórmulas com potássio.....................................27 3.4.5. Fórmulas com micronutrientes quelatizados ou sais.....................................................................30 3.5. Considerações gerais ...................................................32 4. LITERATURA CITADA .........................................................34
  • 5.
  • 6. ADUBAÇÃO LÍQUIDA E FOLIAR PARA CITROS EM PRODUÇÃO José Geraldo Baumgartner Otávio Ricardo Sempionato 1. INTRODUÇÃO Para citros em produção, as doses de adubos são calculadas considerando-se diferentes fatores como: estimativa de safra, dados de fertilidade do solo, diagnose foliar, preço de caixa de laranja, custos dos fertilizantes aplicados e outros. No Brasil, por tradição, os produtores utilizam mais a análise de solo do que a de folha, para avaliação do estado nutricional do pomar, diferentemente do que se faz em outros países de agricultura desenvolvida. As tabelas de recomendações de adubação mais recentes incluem o teor foliar de nitrogênio para estabelecer as doses deste nutriente, e isso deverá incentivar um maior uso da análise foliar. O nitrogênio é o nutriente cuja recomendação de uso é a mais complexa, pois a análise de solo não permite estimativa de disponibilidade e é difícil avaliar a ciclagem desse elemento, no ambiente do pomar. Segundo OBREZA (1996), a dose de N é a base de um programa de adubação de citros na Califórnia, USA, e todos os fatores devem ser ponderados na definição da mesma. Na prática é comum empregar o potássio a 80% da dose de nitrogênio e a partir daí, as doses dos demais nutrientes. Definidas as doses de nutrientes a serem aplicadas, o passo seguinte é decidir sobre fontes e formas de aplicação. A adubação líquida para citros é uma alternativa relativamente recente. Até 1985, mais de 90% do fertilizante líquido produzido no Brasil era destinado à cultura de cana- de-açúcar, na qual essa forma de adubação teve muito sucesso. 1
  • 7. Desde aquele ano o uso vem se expandindo para diferentes culturas, especialmente citros, café e cereais (CAMARGO, 1996). Há vantagens em substituir a adubação tradicional com adubos sólidos pela adubação líquida? Diversos fatores devem ser considerados, mas um dos mais importantes relacionando interesses da indústria e do agricultor é a fonte de nitrogênio. Os adubos líquidos usam Uran com freqüência, e este contém partes equilibradas de nitrato (NO3 - ), amônio (NH4 + ) e uréia. O Uran permite o uso de fontes concentradas de N com possibilidade de diminuição de possíveis perdas de N por volatilização, em comparação com a uréia sólida usada isoladamente ou em mistura de grânulos. Outra alternativa de fornecimento de nutrientes é a adubação foliar, que sempre foi entendida como complementar à adubação via solo. Seu uso na citricultura tem sido predominante para a aplicação de micronutrientes. Entretanto a pesquisa nessa área é insuficiente, e a prática vem atropelando a pesquisa, tendo como conseqüência as recomendações de “coquetéis” de macro e micronutrientes para serem pulverizados nas folhas. É possível substituir temporariamente adubação via solo pela adubação foliar? A via foliar é mais eficiente que a via solo no fornecimento dos diferentes nutrientes? Essas são algumas questões importantes que pesam no momento de decidir por uma ou outra forma de adubação. A pesquisa proporciona parte das informações necessárias, mas outra parte importante deve ser buscada pelos produtores na observação e no monitoramento de seus próprios pomares. 2. ADUBAÇÃO LÍQUIDA VIA SOLO 2.1. Princípios Por adubação líquida entende-se a aplicação direta de soluções claras, com uma só fase, ou suspensões, com duas 2
  • 8. fases, uma líquida e outra sólida, de fontes solúveis de um ou mais nutrientes de plantas. As soluções claras têm a concentração limitada pela solubilidade dos diferentes solutos à temperatura ambiente, enquanto as suspensões permitem maiores concentrações usando-se artifícios como a adição de argilas e/ou agitação mecânica. As soluções claras podem ser armazenadas, enquanto as suspensões, em repouso, sofrem a separação das fases. Se o processo de manutenção da suspensão não for eficiente, no final da aplicação ocorrerá deposição de sólidos no fundo do tanque, com conseqüente perda de fertilizantes. Podem ser preparadas como suspensões, diferentes fórmulas de uso na citricultura, como as conhecidas 10-10-10, 12-06-12, 20-05-20 (N-P2 O5 -K2 O). Nas suspensões industriais a argila é adicionada na proporção de 1 a 3% em peso. Entretanto, quando são preparadas na fazenda não é comum a adição de argila e, por isso, o período entre preparo e aplicação deverá ser mais curto, no máximo dois dias, com agitação eficiente (MALAVOLTA, 1993). As formulações tradicionais nem sempre atendem as necessidades, e é freqüente a elaboração de fórmulas para situações específicas dos pomares. Nesse particular, as fontes e os processos de preparação dos adubos líquidos permitem maior flexibilidade em comparação aos sólidos. Além dessa vantagem, BITTENCOURT & BEAUCLAIR (1992) citaram outras como: facilidade de manuseio, uniformidade da aplicação no solo, eliminação de problemas de armazenamento e menores custos operacionais. Não há estudos econômicos comparando adubação sólida e líquida para a citricultura, no Brasil. No caso da cana-de- açúcar, as avaliações feitas em usinas que preparam as próprias formulações mostram economia da ordem de 15 a 20% para cana planta e 30 a 40% para cana soca. Entretanto a aquisição do adubo líquido aplicado que predomina na citricultura não possibilita esse nível de economia. Atualmente o preço de 3
  • 9. uma tonelada de adubo líquido é mais alto que o correspondente em adubo sólido, mas poderá haver vantagem no transporte, armazenamento e aplicação. 2.2. Fontes de nutrientes Para a produção de adubos líquidos é mais econômico o uso de matérias primas básicas mais concentradas em nutrientes, em razão do custo de transporte, manejo e armazenamento. Havendo viabilidade técnica, deve-se usar amônia anidra (82% N), aquamônia (21% N), ácido fosfórico (54% P2 O5 ), entre outras. Para as empresas misturadoras, em função de aspectos agronômicos, econômicos e industriais, várias fontes de nutrientes foram sendo excluídas do processo, e atualmente, na citricultura, predominam as seguintes fontes: Uran, fosfatos mono e diamônico, cloreto de potássio e, para micronutrientes, o ácido bórico e em menor proporção os sulfatos de Mn e Zn (CAMARGO, 1996). Para os macronutrientes secundários Ca, Mg e S, na citricultura os dois primeiros são eficientemente fornecidos através da calagem, e o último tem sido suprido através de defensivos. Para casos específicos poder-se-ia incluir o sulfato de magnésio nas formulações líquidas. 2.2.1. Uréia A uréia tem 45% de N, e sua solubilidade é de 119 g do produto por 100 g de água. Uma solução saturada de uréia terá 24 a 25% de N na faixa de temperatura ambiente de 24 a 30o C. Nas formulações líquidas ela é usada como matéria- prima fertilizante na preparação de Uran. A uréia é destacadamente o adubo nitrogenado mais produzido e utilizado no Brasil. Dados recentes mostram que 4
  • 10. entre os nitrogenados mais importantes produzidos no país, uréia, sulfato de amônio, nitrato de amônio e nitrocálcio, a primeira tem representado cerca de 74% do total de nitrogênio, nos últimos anos (ANDA, 1998). A capacidade industrial instalada no país garante que a produção de uréia, comparativamente aos demais nitrogenados, tende a se manter ou até se ampliar. As características físicas e químicas da mesma, especialmente sua alta concentração em N, lhe conferem também maior economia para transporte e aplicação, inferior apenas à amônia anidra, cujo uso tem sérias limitações técnicas, no nosso meio. Entretanto a uréia para uso isolado ou em formulações vem sofrendo restrições de recomendação por pesquisadores que detectaram altas perdas de N por volatilização de NH3 da uréia aplicada em superfície, nos pomares (CANTARELLA & QUAGGIO, 1996). Há que se considerar ainda que as avaliações de perdas de nitrogênio nas aplicações superficiais de uréia têm mostrado resultados divergentes entre pesquisadores, pois a volatilização do NH3 produzido é dependente de diversos fatores ambientais. Sendo assim, ao par de elevadas perdas de N também já foram observadas excelentes respostas de diferentes espécies vegetais à aplicação superficial desta fonte nitrogenada. As dúvidas quanto à eficiência da uréia em pomares não podem bani-la da citricultura, deixando os produtores privados das vantagens econômicas dessa fonte concentrada. Há que se procurar caminhos para utilizá-la, e um deles é a produção de Uran para uso em formulações líquidas. Não que essa forma elimine a possibilidade das perdas de NH3 por volatilização, mas garante ao citricultor uma fonte de nitrogênio mista em que a uréia em solução estará associada aos ions NH4 + e NO3 - . Por outro lado, trabalhos recentes mostram que parte do NH3 é captado pelas folhas, via estômatos, e o nitrogênio é assim incorporado pelas diferentes espécies vegetais (MARSCHNER, 1995). Sabe-se também que a incidência de chuvas adequadas após a aplicação minimiza as possíveis perdas de NH3 . 5
  • 11. 2.2.2. Nitrato de amônio O nitrato de amônio tem 32% de N, mas sua solução saturada terá 22 a 23% de N na faixa de temperatura ambiente de 24 a 30 o C. Este adubo é um oxidante muito forte e tende a provocar explosões em presença de matéria orgânica. O preço unitário do nitrogênio na indústria é mais alto para essa fonte em relação à uréia e a diferença será aumentada no transporte e posterior manejo na misturadora ou no pomar. 2.2.3. Uran O Uran é um produto obtido pela dissolução a quente de uréia e nitrato de amônio. Sua composição fínal é de 32% de nitrogênio total, sendo 14% na forma amídica (uréia), 9% como NH4 + e 9% como NO3 - . O produto tem densidade de 1,326 kg/L, e isso significa que 100 litros de Uran terão 18,6 kg de N como uréia, 11,9 kg como NH4 + e 11,9 kg como NO3 - . É interessante observar que a solução saturada de uréia tem 24 a 25% de N, enquanto a de nitrato de amônio, 22 a 23%. Dissolvidos em conjunto, esses adubos originam o Uran com 32% de N, com ganho portanto significativo de concentração de N do produto final. Tanto para uréia quanto para o nitrato de amônio isolados não se consegue dissolver mais que 1 kg de adubo por litro de água. Ambos estando presentes no processo, chega-se à dissolução total de 4 kg/L de água (MALAVOLTA, 1981). No preparo dessas soluções que não apresentam amônia livre ou pressão gasosa, podem ser combinadas diferentes proporções de cada adubo e de água. Para preparar 100 kg de uma solução com 30% de N empregam-se, por exemplo, 44,3 kg de NH4 NO3 , 35,4 kg de uréia e 20,3 kg de água, em dissolução a quente. 6
  • 12. 2.2.4. Fosfatos de amônio (MAP e DAP) O MAP é um adubo binário com 11% de N e 50% de P2 O5 . É dosado para fornecer o fósforo das formulações, mas contribui com uma parcela do N amoniacal. Sua solubilidade é de 38 g em 100 g de água a 21 o C. Adquirido na forma de pó, tem facilitada a sua dissolução e emprego no preparo das formulações fluidas. Já o DAP é mais solúvel que o MAP (70 g/100 g de água) e apresenta concentração de 18% de N e 46% de P2 O5 . No preparo de adubos líquidos, ambos são previamente processados para soluções de diferentes proporções, como a 10-30-00 (17% de MAP + 46% de DAP). 2.2.5. Cloreto de potássio O cloreto de potássio tem 60% de K2 O e é totalmente solúvel em água. Todas as unidades produtoras de adubos líquidos utilizam o KCl como fonte exclusiva de potássio, em razão de sua disponibilidade, concentração e preço. Na preparação de formulações líquidas o KCl é previamente peneirado, para separar as partículas maiores ou impurezas eventualmente presentes. Nas soluções claras preparadas com o KCl obtém-se, no máximo, concentração de 10% de K2 O, enquanto nas suspensões com argila podem ser feitas concentrações mais elevadas. A solubilidade teórica do cloreto de potássio estabelece que as soluções saturadas têm até 16% de K2 O à temperatura ambiente, mas na prática sua solubilidade é inibida por outros constituintes, havendo necessidade de preparo de suspensões para atingir concentrações maiores. 2.2.6. Micronutrientes Nas fórmulas líquidas para laranja, o micronutriente mais usado tem sido o boro, desde que a pesquisa constatou que sua aplicação via solo é mais eficiente que a via foliar. São 7
  • 13. comuns fórmulas NPK acrescidas de 0,3% de B obtido com adição de ácido bórico (17% de B). A demanda por fórmulas com Zn e Mn é menor, pois a aplicação de ambos é mais viável por via foliar. 2.3. Preparo e aplicação O preparo das formulações nas fazendas é limitado pela necessidade de infra-estrutura, que, apesar de relativamente simples, depende da adoção desta forma de adubação em grande escala, para justificar sua implantação. Uma alternativa para o agricultor é adquirir das firmas produtoras o adubo e o serviço de aplicação e outra é comprar um tanque aplicador tracionado por trator e um tanque depósito, além de formulações prontas. É necessário lembrar que os adubos líquidos são corrosivos, e assim os tanques deverão ter revestimentos apropriados de aço-inox, polietileno, fibra, etc. Há necessidade também de agitação constante das suspensões, que deverá ser eficientemente feita por bombas presentes nos tanques (Foto 1). A aplicação do adubo líquido nos pomares segue a mesma recomendação para os adubos sólidos, ou seja, em faixas laterais dos dois lados da planta, com largura igual ao raio da copa, um terço para dentro e dois terços para fora da linha de projeção da copa. São usadas barras com bicos de inox e defletor para aplicação uniforme nas faixas (Fotos 2, 3 e 4). Sabendo-se a quantidade de N-P2 O5 -K2 O por planta e a densidade do produto, determina-se o volume a ser aplicado por planta e a velocidade da máquina. A regulagem é simples e a necessidade de mão-de-obra é bastante inferior à necessária para a adubação sólida. Segundo CAMARGO (1996), adubam-se de 4.000 a 10.000 plantas por dia (em média 6.000), por máquina, em jornada de oito horas. Os demais critérios para adubação líquida também são os mesmos da tradicional, como parcelamento e épocas de aplicação (3 parcelas no período das águas). 8
  • 14. A mistura de Uran, MAP, DAP, e KCl pode proporcionar diferentes combinações de N-P2 O5 e K2 O para citros, cuja somatória em termos percentuais pode atingir 40%. As fórmulas líquidas mais comumente usadas na citricultura têm sido as seguintes: 14-07-14, 20-05-10, 15-10-10, 18-6-12, 15-15-10 e a 12-6-12. Nessas suspensões, a bentonita é a argila mais usada, na proporção em peso de 1,5 a 2%. Foto 1. Aquisição de adubo líquido aplicado. Abastecimento de aplicadores (gentileza da CARGILL Agrícola S.A.). Foto 2. Aplicação de adubo líquido em pomar adulto (gentileza de CARGILL Agrícola S.A.). 9
  • 15. Foto 3. Detalhe da aplicação em faixa. Asa protetora, bico de pulverização com defletor (gentileza de CARGILL Agrícola S.A.). Foto 4. Detalhe da asa protetora de bico de pulverização. 10
  • 16. 2.4. Eficiência relativa Para comparar a eficiência relativa de adubos líquidos e sólidos, são desenvolvidos experimentos de campo com aplicação dos dois tipos de adubos e avaliações de produtividade e características tecnológicas dos frutos, diagnose de foliar e análise de solo. Os poucos resultados experimentais obtidos no país até agora indicam desempenho similar desses tipos de adubos. Para ilustração serão apresentados os dados mais recentes que foram obtidos por BAUMGARTNER & SEMPIONATO (1998). Na Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro, SP, foi conduzido um experimento em pomar de laranja ‘Pêra’, por quatro safras, no período de 1995 a 1998. Foram comparadas as fórmulas sólidas e líquidas de composição 12- 06-12, incluindo-se variáveis como ausência de P, de K e dose mínima de N. Na Tabela 1 são apresentados os dados de produção acumulada nos quatro anos (kg/planta) e teores foliares de N, P e K (g/kg) de amostras coletadas no último ano. Tabela 1. Produção acumulada de quatro safras e teores de NPK nas terceiras e quartas folhas de ramos frutíferos em amostras de folhas coletadas na última safra (1998). Tratamentos Produção Teores foliares (g/kg) kg/planta N P K 1,2-06-12 (sólido) 319 25,0 1,1 10,9 a 1,2-06-12 (líquido) 301 26,2 1,2 10,4 ab 12-06-12 (sólido) 362 26,6 1,1 9,1 abc 12-06-12 (líquido) 334 26,7 1,1 10,1 ab 12-00-12 (sólido) 336 25,2 1,1 10,3 ab 12-00-12 (líquido) 348 25,4 1,1 9,7 abc 12-06-00 (sólido) 338 25,2 1,2 7,8 c 12-06-00 (líquido) 335 25,6 1,2 8,4 bc F (Tratamentos) - 0,64 2,12 5,99** CV% - 6,41 3,91 9,07 11
  • 17. A adubação referencial nessa pesquisa foi a fórmula 12- 06-12 aplicada em três parcelas de 800 g/planta em faixas laterais dos dois lados da planta. A análise estatística feita a cada ano mostrou efeitos não significativos dos tratamentos sobre a produção de frutos e, na diagnose foliar, efeitos significativos apenas para o K, nos dois últimos anos. É interessante observar que nos tratamentos com omissão de fósforo (12-00-12) e com doses mínimas de N (1,2-06-12), por quatro anos consecutivos, não houve redução de produção com relação ao tratamento completo, bem como não houve efeitos nos teores foliares desses nutrientes. Esses dados mostram a capacidade das plantas cítricas, em pomares bem conduzidos, de manterem a produtividade, na ausência de adubação por períodos relativamente longos, às custas de suas reservas e da ciclagem dos nutrientes no ambiente do pomar. Apenas para o K as análises registraram desgaste nas reservas das folhas que não afetou a produção, no período. É necessário esclarecer, entretanto, que a produtividade do pomar ao longo das quatro safras foi relativamente baixa em função de condições climáticas desfavoráveis, principalmente quanto à distribuição de chuvas. Mesmo assim, os dados obtidos evidenciam a similaridade das fontes líquidas e sólidas para os parâmetros avaliados. Após quatro anos de adubações diferenciadas com as fontes líquidas e sólidas, foram feitas também amostragens de solo, a 0-20 cm de profundidade, no centro das faixas adubadas em todas as parcelas, e os resultados estão na Tabela 2. No início do experimento, a análise prévia de fertilidade do solo, na faixa adubada a 0-20 cm de profundidade, mostrou os seguintes valores: pH = 5,1; P = 52 mg.dm-3 ; mmolc .dm-3 (K = 5,8; Ca = 15; Mg = 12; H + Al = 34) e V% = 49. Em maio do segundo ano foi aplicado calcário dolomítico na dose de 2 t/ ha. 12
  • 18. Tabela 2. Análises de fertilidade do solo, em amostras a 0-20 cm de profundidade nas faixas adubadas, no quarto ano, em pomar de laranja Pêra. EECB, 1999. Tratamentos mg.dm-3 mmolc .dm-3 V% P K Ca Mg 1,2-06-12 (sólido) 76 abc 2,4 a 28 19 64 1,2-06-12 (líquido) 83 a 2,2 a 33 23 71 12-06-12 (sólido) 81a 1,5 ab 33 21 68 12-06-12 (líquido) 79 ab 2,2 a 29 23 60 12-00-12 (sólido) 38 c 1,4 ab 38 30 73 12-00-12 (líquido) 39 c 2,4 a 25 16 61 12-06-00 (sólido) 82 a 0,7 b 29 22 65 12-06-00 (líquido) 105 a 0,8 b 29 19 60 F (Tratamentos) 7,16** 7,19** 0,75 0,74 0,77 CV% 23,49 30,86 30,42 42,58 16,89 Os dados da Tabela 2 mostram, basicamente, que os resultados das análises de solo foram coerentes com os tratamentos, isto é, os teores de P e K foram significativamente menores nas parcelas que não receberam esses elementos para ambas as fontes. Apesar do decréscimo nos teores de P, estes permaneceram superiores a 30 mg.dm-3 , limite acima do qual não se recomenda adubação fosfatada. Já para o potássio houve decréscimo, mesmo nas parcelas tratadas, em relação a análise prévia de área experimental, e, nas parcelas com omissão do nutriente, os teores trocáveis no solo caíram para níveis muito baixos. Houve coerência entre as análises de solo e de folhas para potássio, sugerindo que essas plantas poderiam apresentar problemas de deficiência desse nutriente nas próximas safras. Não houve efeito diferenciado das fontes de adubos em relação ao teor de K trocável das parcelas, dentro de cada relação NPK. Quanto ao possível efeito de acidificação do solo por efeito dos adubos, os dados de saturação por bases da Tabela 2 indicam também que o comportamento das fontes líquidas e sólidas foi similar. 13
  • 19. 2.5. Fertirrigação Fertirrigação consiste na aplicação de adubos líquidos através dos sistemas de irrigação. Permite múltiplas aplicações a baixo custo, pois se utiliza de estrutura preexistente. Tem também a vantagem de aplicar os adubos em solo molhado, na projeção da copa das plantas, onde se concentram as raízes mais ativas na absorção. Os fertilizantes injetados via irrigação devem ser inteiramente solúveis e permanecer solubilizados durante toda a operação. Há possibilidade de problema de entupimentos de bicos devido à interação entre algumas fontes. Por exemplo, a amônia anidra e a aqüamônia elevam o pH da água e causam precipitação de cálcio e magnésio. Para contornar o problema pode-se usar o ácido fosfórico como fonte de P e paralelamente acidificar a calda, no limite necessário para evitar a precipitação daqueles nutrientes. Por outro lado, o sistema de irrigação deve ser dotado de filtros para retirada de contaminantes e precipitados. As doses de adubos e a freqüência de aplicação devem ser inicialmente calibradas e freqüentemente conferidas, para garantir o êxito do processo. Um problema importante a ser considerado é a salinidade induzida na irrigação. Recomenda-se que a solução de irrigação não tenha salinidade superior a 1.000 mg/L. A maneira de medir a salinidade da solução é o uso de um condutivímetro, pois há relação direta entre concentração salina e condutividade elétrica da mesma. Em média, a condutividade elétrica expressa em dS/m, multiplicada pelo fator 700 expressa a concentração salina em mg/L. Outra forma de evitar problemas de salinidade é a combinação de doses e freqüência de aplicação. É preferível aplicar mais vezes pequenas doses que doses mais altas menos vezes. A combinação dose x freqüência deve ser calibrada para cada área irrigada. Para calcular o volume de solução de adubos líquidos necessários a um programa anual pode-se empregar a fórmula adaptada de BOMAN & TUCKER (1995): 14
  • 20. Vol = A x N em que: F x d Vol = volume da fórmula em litros A = área a ser irrigada (hectares) N = quantidade de N por hectare (kg/ha/aplicação) F = quantidade de N da fórmula expressa em fração (ex. 8% = 0,08) d = densidade da fórmula (kg/L) Por exemplo, pretende-se aplicar 150 kg N/ha em fertirrigação usando-se a fórmula comercial 08-02-08 (N-P2 O5 - K2 O) preparada com mistura de nitrato de amônio, ácido fosfórico e cloreto de potássio. Estabeleceu-se parcelar em vinte aplicações ao longo do ano. O pomar em questão tem 30 ha e uma população de 358 plantas por hectare. O sistema de irrigação descarrega 40 L por hora em cada planta através de gotejadores. Aplicando-se a fórmula: Vol =30 x 7,5 kg/ha/vez de N 0,08 x 1,2 Vol = 2.343 L (volume da fórmula 08-02-08 por irrigação em toda área = 10.740 plantas) Injetando-se o fertilizante no sistema de irrigação em períodos de 60 minutos vai se ter um gasto de 39 litros por minuto. As taxas de injeção do fertilizante precisam ser ajustadas para a capacidade do equipamento. Se 39 litros por minuto estiver acima do sistema de injeção, o tempo de injeção deve ser aumentado ou as fertirrigações feitas com maior freqüência. Na vazão padrão de microgotejadores, os fluxos de fertirrigação devem ser completados em 2 ou 3 horas. Para tempos menores de injeção há risco de excesso salino e para 15
  • 21. os tempos maiores pode haver lixiviação, isto é, água e nutrientes saem da zona de raízes. 2.6. Considerações gerais Para a adubação líquida de citros são utilizadas as mesmas fontes de nutrientes solúveis da adubação sólida tradicional, com modificações no preparo das fórmulas. A localização e a época de aplicações também são as mesmas. Não são portanto esperados resultados agronômicos diferenciados, em termos de produção ou qualidade de frutos. Mesmo assim foram desenvolvidos alguns experimentos que confirmam isso, bem como demonstram efeitos similares dos adubos sólidos e líquidos na fertilidade do solo, na faixa adubada. No sistema de compra do adubo aplicado, que é o que prevalece atualmente para a adubação líquida na citricultura, as avaliações de ordem econômica são complicadas, pois um fator importante é a distância entre a fazenda e a empresa fornecedora. Em termos gerais, distâncias superiores a 150 km resultam em acréscimo no frete. Cada propriedade precisa, portanto, avaliar o custo unitário do fertilizante sólido ou líquido aplicado no pomar, para comparação. Restam como principais vantagens do adubo líquido a rapidez de aplicação, a economia de mão-de-obra e a despreocupação com as operações de manejo e armazenamento. As estatísticas de consumo indicam que essas vantagens vêm sendo bem aceitas pelos citricultores, pois é crescente a demanda de adubos líquidos a cada ano. 3. ADUBAÇÃO FOLIAR 3.1. Princípios As células epidérmicas das folhas de todas as espécies vegetais são recobertas por cutículas e camadas de cera. Essas 16
  • 22. estruturas diferem entre as espécies quanto a espessura, composição e organização de seus componentes, resultando em maior ou menor resistência à passagem de soluções através das mesmas. As plantas cítricas e outras espécies como o cafeeiro apresentam cutículas espessas e conseqüentemente baixas taxas de penetração de solução, que são características desfavoráveis à prática da adubação foliar (MARSCHNER, 1995). As cutículas têm em sua composição misturas de ácidos graxos e ceras com ação repelente a água e foram, em princípio, sintetizadas como barreira contra as perdas de água e solutos que chegam às folhas via vasos do xilema. Entretanto sabe-se que a água e os solutos atravessam a cutícula, e a hipótese mais recente é que a penetração deve ocorrer através de poros hidrofílicos presentes na cutícula. A maioria desses poros têm diâmetro inferior a 1 nm e apresentam cargas negativas fixas que aumentam em densidade de dentro para fora da cutícula. Essas estruturas explicam a passagem facilitada de pequenas moléculas sem cargas, como a uréia (raio de 0,44 nm), e a dificuldade de passagem de macromoléculas de quelatos sintéticos, bem como a passagem mais rápida de cátions em relação aos ânions. A densidade de poros é maior na região ao redor das células guardas dos estômatos, o que explica a absorção diferencial entre as superfícies superiores e inferiores das folhas, das soluções pulverizadas. Um nutriente pulverizado nas folhas deverá atravessar as barreiras externas de ceras, pelos, cutícula, parede celular e membrana celular, atingindo o citoplasma das células da epiderme e se translocando para outras células do mesófilo ou, através do floema, para outros órgãos da planta. É evidente que os nutrientes estando presentes na solução pulverizada em diferentes espécies iônicas, moleculares ou quelatizadas sofrerão efeitos diversos nessa trajetória. Um nutriente que caminhe lentamente nesse percurso acumula-se próximo ao local de aplicação, e sua utilização por via foliar será pouco 17
  • 23. eficiente. A melhor maneira de avaliar os diferentes nutrientes com relação à mobilidade na via foliar é o emprego de elementos radioativos. Esses estudos são limitados pela falta de isótopos viáveis para alguns elementos e foram desenvolvidos em pequeno número, especialmente em relação às diferentes espécies vegetais. Em decorrência disso, há dúvidas com relação à eficiência das diferentes fontes de nutrientes e seus reflexos na prática da adubação foliar. Um mesmo elemento é mais móvel quelatizado ou na forma de sal? Qual é o efeito de íons acompanhantes e de moléculas neutras na absorção e transporte dos diferentes nutrientes? Questões como essas e tantas outras carecem de pesquisas mais conclusivas que possam dar suporte às recomendações de adubação. Novamente o agricultor deverá fazer sua própria avaliação e seu próprio monitoramento dos pomares. A adubação em citros, seja sólida ou líquida, entretanto, é essencial (Fotos 5 e 6). 3.2. Fontes de nutrientes Os fertilizantes para uso via foliar são encontrados no comércio na forma sólida separados ou em mistura e na forma de soluções claras contendo NPK e/ou micronutrientes. Os mais freqüentemente usados são: 1) Macronutrientes: uréia, nitrato de amônio, ácido fosfórico purificado, fosfato monoamônico (MAP), cloreto de potássio purificado, sulfato de potássio purificado, sulfato de magnésio. 2) Micronutrientes: sulfatos ou cloretos de cobre, ferro, manganês e zinco, ácido bórico, bórax, molibdatos de sódio ou amônio. Os micronutrientes podem ser encontrados ainda como quelatos orgânicos sintéticos (ex. EDTA) ou naturais (ex. ácidos polifenólicos). Os adubos para uso foliar são todos solúveis em água, facilitando o preparo das soluções, pois basta pesar as quantidades recomendadas para determinado volume (ex. 2.000 L). As soluções comerciais concentradas são de uso mais 18
  • 24. simples, bastando seguir a recomendação de diluição (litros por tanque). Foto 5. Pomar de citros com adubação adequada. Notar enfolhamento e copa até o solo. Foto 6. Pomar de citros sem adubação. Notar copa alta e pouco enfolhamento. 19
  • 25. De um modo geral, nas formulações previamente preparadas disponíveis no mercado, os macronutrientes secundários, exceto o S e os micronutrientes, exceto B, Mo e Cl, estão quelatizados. A unidade de cada nutriente quelatizado tem preço mais elevado em comparação aos sais, e procura-se compensar a diferença de preço com recomendação de menor quantidade. Em tese, o elemento quelatizado teria melhor aproveitamento no processo de absorção foliar em comparação ao elemento catiônico livre na calda de pulverização. A pesquisa já comprovou que a absorção e o transporte de quelatos por via foliar depende da natureza do quelante usado, e nem sempre as empresas informam a esse respeito. Por outro lado, não há pesquisa conclusiva sobre a absorção diferenciada de sais e quelatos. A decisão de usar um produto mais caro, em tese mais eficiente, de uso mais fácil (apenas diluição) em relação a outro mais barato, para ser usado em quantidade maior, cujo preparo exige pesagem e diluição, fica a critério do agricultor. É importante usar comparativamente as diferentes fontes, lembrando ainda que não se devem aplicar os micronutrientes preventivamente, mas sim após diagnóstico nutricional e dentro de um programa de adubação pré-elaborado. 3.3. Preparo e aplicação A adubação foliar, sendo entendida como complementar à adubação do solo e visando corrigir mais rapidamente problemas nutricionais constatados através de sintomas, pressupõe preparo de soluções específicas para as diferentes situações. Sendo assim, não há receitas prontas de caldas para pulverizações rotineiras, definidas pela pesquisa. Da mesma forma, para soluções de diferentes composições, não se têm especificações para ajuste de pH, adição de surfatantes e aditivos que tenham seus benefícios experimentalmente comprovados na citricultura. 20
  • 26. A pulverização de uma solução aquosa em superfície cerosa, repelente à água, provavelmente terá benefícios de substâncias que promovam melhor contato e permanência da solução na superfície das folhas. Surfatante é a denominação genérica dada a diferentes substâncias que, de acordo com suas propriedades, exercem efeitos espalhantes, molhantes, adesivos, humectantes, dispersantes e emulsionantes (CAMARGO & SILVA, 1975). Um mesmo surfatante reúne diversas propriedades, e encontram-se no comércio diferentes espalhantes - adesivos com especificação de uso. Além de melhorar o tempo de contato de solução com a superfície absorvente, a experimentação feita com outras culturas demonstra que os surfatantes atenuam também as “queimaduras” causadas pelo excesso de salinidade, verificadas em determinadas situações. Embora existam dados experimentais sobre efeitos específicos de diferentes surfatantes para diferentes composições de caldas na citricultura, são esperados efeitos benéficos dessas substâncias, sendo aconselhável seu uso em mistura de sais. A quantidade necessária geralmente é baixa, da ordem de 0,1% a 2%, em volume, nas soluções ou suspensões. A propaganda de algumas soluções comerciais de quelatos indica a dispensa do uso de espalhante adicional, sugerindo que a calda a ser diluída já contém os aditivos indicados. Outro fator importante a ser considerado no preparo da solução de nutrientes é o pH. Os efeitos de maior ou menor presença de H+ ou OH- na calda de pulverização afetam diferentemente a absorção dos nutrientes. De um modo geral, numa mistura de nutrientes, o abaixamento do pH dentro de certos limites parece benéfico. Alguns quelantes orgânicos acidificam a solução, e essa propriedade tem sido usada comercialmente, seja na propaganda de quelatos de ácidos orgânicos, seja na recomendação específica como acidificante, por exemplo, a solução comercial do ácido 2 hidroxi 1-2-3 propano tricarboxílico. 21
  • 27. Na cultura do algodão, SNYDER, 1998, relatou benefícios do tamponamento, na faixa de pH de 4 a 6, de soluções com diferentes fontes de K (KNO3 - K2 SO4 , KOH). Também para o fósforo são esperados efeitos benéficos do pH mais baixo, pois a espécie iônica H2 PO4 - predomina em meios ácidos em relação a HPO4 2- , mais presente em meio neutro ou alcalino. A pesquisa já demonstrou que o H2 PO4 - é preferentemente absorvido por mecanismos ativos pelas células vegetais, em comparação ao HPO4 2- . Por outro lado, SHU et al., 1991, demonstraram que a absorção foliar do boro é máxima na faixa de pH de 7 a 8. Entretanto, como esse nutriente é pouco móvel nas plantas, via floema, o mais indicado é aplicá-lo ao solo, na adubação líquida, ou em solução de herbicidas. Na prática, qual é o procedimento a ser adotado para ajustar o pH da solução a ser pulverizada? Uma maneira simples seria coletar uma amostra de solução pronta, por exemplo 0,5 L, e medir o pH com fita de papel indicador e adicionar pequenas alíquotas do acidificante comercial (ex. ácido 2 hidroxi - 1, 2, 3 propano tricarboxílico) sob agitação, anotando o volume gasto do ácido quando o pH desejado for atingido. Calcula-se depois o volume necessário do ácido por tanque (ex. 2.000 L). Nos pomares em produção, gastam-se cerca de 12 litros de calda por planta, devendo-se fazer pelo menos três aplicações no período de setembro a março. A primeira aplicação depende do início das chuvas, devendo ser feita no florescimento após a queda das pétalas. 3.4. Formulações Como foi considerado anteriormente, não se deve adotar um programa de adubação foliar, com emprego de soluções padronizadas de fontes de macro e micronutrientes, em operação rotineira. Ao contrário, deve-se procurar estabelecer 22
  • 28. as soluções específicas para as diferentes situações encontradas nos pomares. Para auxiliar na preparação das soluções pode-se levar em consideração o que já foi usado na citricultura em diferentes situações, para evitar possíveis danos decorrentes das pulverizações. Os riscos maiores são de causar queimaduras e queda das folhas por salinidade, especialmente no uso de macronutrientes, e sintomas de toxidade, mais comuns, na adubação foliar, para os micronutrientes. A seguir são apresentadas e comentadas algumas formulações de macro e/ou micronutrientes encontradas na literatura ou em folhetos comerciais de diferentes empresas, indicadas para citros. 3.4.1. Fórmula 20-10-20 (N-P2 O5 -K2 O) + 0,06% de Mg + 0,08% de Mn + 0,14% de B e 1,5% de Zn Esta é uma fórmula comercial recomendada para ser aplicada de 4 a 6 vezes, com intervalos de 20 a 30 dias, sendo 2 aplicações antes da florada e o restante depois. Para preparar a solução, devem-se diluir de 2 a 5 kg da fórmula por hectare. Considerando-se uma média de 300 plantas por hectare e o gasto de 12 litros de solução por planta, seriam usados 3 .600 litros de água para diluir de 2 a 5 kg da fórmula. Na dose maior, o nitrogênio estaria na solução final em concentração de 0,028% e seria fornecido na base de 1 kg N/ha/ vez ou 3,3 g N/planta a cada pulverização. Para efeito de comparação, poder-se-ia fornecer o nitrogênio com uma solução de uréia que é tolerada pelas plantas cítricas em concentração de até 1,2% (0,54% de N), conforme CAMARGO & SILVA, 1975. Esta solução usada nas mesmas condições anteriores (3.600 L/ha) forneceria 19,5 kg de N/ha ou 65 g de N/planta por pulverização. No caso do zinco, a fórmula diluída na recomendação de 5 kg/ha resulta em solução final com concentração de 0,0021% ou 0,021mg/L (ppm). 23
  • 29. O sulfato de zinco comercial tem 20% de Zn e é recomendado para uso em solução com 0,3% a 0,5% do sulfato ou 0,06% a 0,1% de Zn elementar. Isso significa que preparando-se uma solução com sulfato de zinco a 0,5% aplica- se quase 50 vezes mais do nutriente em relação à formulação comercial em questão 3.4.2. Fórmula substitutiva (foliar/solo) ROSSETO (1993), um citricultor do Estado de São Paulo, publicou sugestão de solução de macro e micronutrientes para citros a ser usada em substituição à adubação via solo, com base em observação de seus efeitos sobre a produtividade de pomares por duas safras consecutivas. A solução que segundo o autor deve ser aplicada em 5 parcelas por safra é preparada diluindo-se em tanque de 2.000 litros: 10-25 kg de uréia, 1 – 5 kg de fosfato monoamônico (MAP), 5 – 10 kg de cloreto de potássio, 5 – 10 kg de sulfato de potássio, 1 – 3 de sulfato de zinco, 1 – 2 kg de ácido bórico. A sugestão ainda é que se aplique um tanque (2.000 L) para 70 árvores ou 28,5 L/planta. Observa-se nessa fórmula que a recomendação máxima de uréia está próxima do limite indicado por CAMARGO & SILVA (1975) (1,2%). Todavia há um acréscimo em nitrogênio amoniacal da fonte fosfata (MAP), que usada a 5 kg/tanque corresponderá a mais 0,0275% de N na fórmula final. Esse pequeno acréscimo não altera substancialmente o limite de tolerância de planta cítrica e significa apenas 3 g de N/planta a mais em relação ao uso só de uréia A adição de nitrogênio, se aplicadas as doses máximas, corresponderá a 340 g de N por planta ou 102 kg/ha. As doses recomendadas de N para aplicação via solo na citricultura situam-se entre 60 e 260 kg/ha/ano. Uma adubação referencial seria, por exemplo, a fórmula 12-06-12 na dose de 3 kg/planta/ safra. Nesta adubação, via solo, estão sendo aplicados 108 kg/ ha de N, e portanto a recomendação do produtor, no tocante a nitrogênio, propõe a substituição praticamente na relação 24
  • 30. de 1:1 entre adubação foliar e adubação via solo. Por outro lado, para o potássio as doses máximas aplicadas pela adubação foliar recomendada corresponderão a 47 kg/ha de K2 0. A relação N:K2 O da fórmula foliar aplicada será 2,l7 : 1,00, desfavorável para a nutrição potássica e contrariando a tradição de se aplicar em adubação de citros uma relação N: K2 O da ordem de 1:1 a 1:0,8. Cabe ainda observar que a proposta de substituição da adubação do solo pela adubação foliar demanda tempo maior de observação, pois, mesmo omitindo totalmente qualquer adubação, as plantas poderão manter a produtividade durante um certo tempo às custas de suas reservas e da ciclagem dos nutrientes no pomar, especialmente quando as condições climáticas limitam a produção. 3.4.3. Fórmulas para pré- e pós-florada Souza (1995), citado por MARINO (1997), sugere para manejo de adubações foliares anuais dos pomares as seguintes soluções, por bomba de 2.000 litros. a) Pré-florada 2 kg de uréia + 2 kg de MAP purificado + 1 kg de sulfato de Mg + 2 kg de cloreto de cálcio + 500 g de ácido bórico + 500 g de sulfato de manganês. b) Pós-florada 1 kg de uréia + 3 kg de MAP + 3 – 4 kg de cloreto de cálcio + 500 g de ácido bórico + 500 g de sulfato de manganês. c) Início do período chuvoso 5 kg de uréia + 3 kg de MAP + 2,5 kg de cloreto de potássio + 5 a 10 kg de sulfato de magnésio + 2 kg de cloreto 25
  • 31. de cálcio + 2 kg de sulfato de zinco + 1 a 4 kg de sulfato de manganês + 0,5 a 2,0 kg de ácido bórico + 10 – 50 g de molibdato de sódio. Como se pode observar, essas formulações tipo “coquetéis” visam fornecer preventivamente, e para manutenção, praticamente todos os nutrientes com exceção de cobre, ferro e cloro, este último já em excesso nas fontes de potássio e cálcio. Apesar de diversos produtos estarem incluídos na calda, a concentração salina final estará abaixo da tolerância das plantas cítricas e também de outras soluções anteriormente citadas. Observe-se que nesses coquetéis empregam-se de 1 a 5 kg de uréia, e a fórmula substitutiva (item 4.3.2) emprega até 25 kg de uréia por bomba de 2.000 L. Esses coquetéis já foram usados sem causar danos às plantas, mas também seus benefícios não são comprovados. Percebem-se nessas formulações algumas propostas especulativas, como por exemplo a adição de cálcio em pré- florada. Trabalhos de pesquisa em condições controladas mostraram que o cálcio tem ação antagônica à síntese de etileno que pode ser causa da abscisão. A adição de cálcio visaria o aumento do teor desse nutriente na zona de abscisão de flores favorecendo o pegamento da florada. Todavia alguns experimentos de campo já foram desenvolvidos para estudar efeitos do cálcio por via foliar em citros sem que se lograsse obter os efeitos esperados. A adição foliar de cálcio em citros continua polêmica e demanda pesquisa. A aplicação preventiva de coquetéis contraria a idéia de aplicar os nutrientes apenas quando os sintomas são detectados e, no caso de micronutrientes, especialmente Mn e Zn, quando os sintomas persistem, pois podem ser ocasionados apenas por condições climáticas desfavoráveis. Para todas as culturas e citros não é exceção, o uso de boro deve ser cuidadoso pois é estreito o limite entre o nível adequado e o tóxico. 26
  • 32. Quando se propõe a usar coquetéis multinutrientes, deve- se considerar também a inclusão de outros produtos. É comum na citricultura o aproveitamento das pulverizações de adubos para tratamento de pragas e doenças. A química da mistura de macro e micronutrientes, pesticidas, surfatantes, redutores de pH é pouco conhecida. A combinação de interações químicas na calda com fatores de estresses ambientais pode contribuir para efeitos fitotóxicos e até induzir abscisão de folhas e frutos. FERGUSON et al. (1995) recomendam que se reduza o número de componentes das fórmulas e que as aplicações sejam feitas nas situações de mínimo estresse ambiental. Não são aconselháveis portanto as pulverizações em pré-florada se as plantas estão submetidas por exemplo a um período de seca. Além dos efeitos citados, a hidratação das cutículas das folhas é fundamental para a absorção, e a eficiência da pulverização é mínima sob estresse hídrico. 3.4.4. Fórmulas com potássio CHABOUSSOU (1976) publicou dados de pesquisa em que constatou o aumento de resistência de plantas cítricas a diferentes pragas, como cochonilhas e ácaros, em função da adição de fontes de potássio (K2 SO4 KNO3 ), por via foliar. Também MARSCHNER (1995) relatou que a adição de potássio em plantas deficientes diminui a suscetibilidade das plantas a diferentes parasitas. Esse efeito está relacionado às funções metabólicas do K, pois nas plantas deficientes há comprometimento da síntese de compostos de alto peso molecular, como proteínas, amido e celulose, resultando em acúmulo de metabólitos intermediários de baixo peso molecular importantes na nutrição de insetos sugadores. Por outro lado, a participação do potássio no metabolismo nitrogenado tem reflexos na produção e na qualidade de frutos cítricos (efeitos da relação N : K). 27
  • 33. A mobilidade do nitrogênio é mais alta que a do potássio nos diferentes tipos de solo, especialmente naqueles com valores maiores de capacidade de troca de cátions (CTC). Dessa forma, quando se deseja um aporte mais rápido de K às plantas, pensa-se na adubação foliar. Com base nas informações citadas, surgiram indicações de aplicação de diferentes fontes de K, especialmente o KCl e o KNO3 em doses relativamente altas por via foliar, na citricultura. Há pouca pesquisa para verificar efeitos em termos de produção e qualidade dos frutos bem como a tolerância das plantas cítricas às diferentes doses e fontes de potássio. Na Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro, SP, BAUMGARTNER & SEMPIONATO conduziram um experimento de adubação foliar com KNO3 em laranjeira Pêra, nos anos de 1996 a 1998 (não publicado). O experimento foi instalado em pomar de oito anos de idade, em Latossolo Vermelho-Escuro de textura média, cuja análise prévia de fertilidade, segundo metodologia de RAIJ & QUAGGIO (1983), apresentou os seguintes valores: pH = 5,4; M.O% = 1,9; P = 16 mg.dm-3 ; K = 1,5; Ca = 22,0; Mg = 13,0; H + Al = 22,0 sendo esses últimos dados expressos em mmolc .dm-3 . O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com três repetições. Cada parcela foi constituída por seis plantas em linha, considerando-se como área útil as quatro plantas centrais. Os tratamentos, em número de sete, consistiram na combinação de doses de KNO3 (soluções a 2% e a 4%), com freqüência de aplicação via foliar (1 a 3 vezes). O pH das soluções foi ajustado a 5,5 empregando-se o ácido 2 – hidroxi 1,2,3 propanotricarboxílico. Em todos os tratamentos fez-se ainda uma adubação rotineira via solo empregando-se a fórmula sólida granulada 12-06-12 em 3 parcelas de 1 kg/planta, em faixas laterais, nos dois lados da planta, por ocasião das pulverizações foliares (meses de novembro, janeiro e março de 1996 a 1998). Nas pulverizações foliares foram aplicados 12 litros de solução (2% e 4%) por planta, por aplicação. 28
  • 34. Todos os anos foram feitas amostragens de folhas para fins de diagnose foliar coletando-se as terceiras e quartas folhas de ramos com frutos, 12 folhas por planta, ao redor da copa, no mês de março de cada ano. Os dados de produção de frutos e de teores totais de N e K nas folhas referentes ao último ano (safra de 1998) são apresentados na Tabela 3 Tabela 3. Produção de frutos de laranjeira Pêra e teores de N e K nas terceiras e quartas folhas de ramos frutíferos (safra de 1998). Tratamentos Produção Teores foliares (g/kg) Kg/planta N K Testemunha (T) 110,1 25,9 8,6 c KNO3 2% , 1 vez 117,7 26,5 10,0 bc KNO3 2%, 2 vezes 103,1 26,4 11,0 abc KNO3 2%, 3 vezes 139,3 26,3 11,2 abc KNO3 4%, 1 vez 99,3 26,7 11,5 ab KNO3 4%, 2 vezes 131,2 26,6 11,8 ab KNO3 4%, 3 vezes 121,3 27,4 13,2 a F (Tratamentos) 0,65 0,33 7,08 ** CV(%) 26,60 5,30 8,40 Os dados da tabela 3 mostram que, após 3 anos de pulverizações com KNO3 via foliar em doses e freqüências variáveis, a produção de frutos do último ano não foi significativamente alterada em relação ao tratamento testemunha (sem adubação foliar), como já havia sido constatado nos anos anteriores. Com relação à diagnose foliar, não obstante o KNO3 ser um adubo binário com 13% de N e 46% de K2 O, apenas os teores totais de K nas folhas foram afetados pelos tratamentos. Os dados mostram aumento significativo dos teores de K nas folhas nos tratamentos com 4% de KNO3 , para qualquer freqüência de aplicação (1 a 3 vezes). 29
  • 35. Os dados sugerem que as plantas testemunhas estavam se esgotando em potássio (teor foliar abaixo da faixa adequada), e seria provável uma resposta das plantas em produção, à pulverização foliar, nos próximos anos. Deve-se lembrar que todas as plantas, inclusive as testemunhas, receberam adubação NPK via solo, todos os anos. Por outro lado, não se avaliaram possíveis efeitos da pulverização foliar sobre a população de pragas, pois foram feitos os tratos fitossanitários normais. A produtividade obtida foi relativamente baixa devido a problemas climáticos (períodos longos de seca), e, nessas condições, não são mesmo esperados resultados favoráveis de complementação nutricional por via foliar. Todavia o experimento mostrou aspectos de interesse prático. Pôde-se verificar pelos teores foliares de K que o KNO3 é fonte eficiente no fornecimento desse nutriente por via foliar e que a concentração de KNO3 a 4% (80 kg por bomba de 2.000 L) foi bem tolerada pelas plantas. Sabe-se, por exemplo, que o KCl, nessa concentração, causa desfolha de plantas cítricas. 3.4.5. Fórmulas com micronutrientes quelatizados ou sais O uso de micronutrientes na citricultura brasileira tem se restringido aos elementos B, Mn e Zn. O uso de defensivos à base de cobre tem suprido as necessidades desse nutriente, e não há notícias de problemas nutricionais relativos ao Fe e ao Cl. O Grupo Paulista de Adubação e Calagem para Citros (GPACC, 1994) propôs a seguinte solução para suprimento de micronutrientes: Sulfato de zinco a 0,30% (3 kg/1.000 L) Sulfato de manganês a 0,20% (2 kg/1.000 L) Ácido bórico a 0,10% (1kg/1.000 L) Uréia a 0,50% (5 kg/1.000 L) Cloreto de potássio a 0,25% (2,5 kg/1.000 L) 30
  • 36. Nessa solução, as presenças da uréia e do cloreto de potássio visam favorecer a absorção dos micronutrientes. A posição dos pesquisadores do Grupo Paulista é favorável ao uso de sais (sulfatos de Zn e Mn), embora não façam restrição clara aos quelatos. Consideram que o boro é mais eficiente via solo, mas mantêm a recomendação via foliar, ao menos na primeira parcela. No caso do zinco, a recomendação é para aumentar a concentração da solução para 0,50% em sulfato de zinco caso se constate deficiência aguda. O sulfato de zinco contém 20% em peso do micronutriente. Gastando-se 12 litros por planta de uma calda com 0,30% de sulfato de zinco, isso corresponderá ao fornecimento de 7,2 g de Zn/planta/aplicação. Essa quantidade aplicada é relativamente alta, considerando-se que uma planta cítrica adulta contém no total cerca de 0,45 g de Zn e exporta de 0,028 a 0,056 g por caixa de frutos (40,8 kg). Não há portanto interesse em aumentar a concentração desse micronutriente, como também dos demais, na calda de pulverização. Como alternativa ao preparo de solução de micronutrientes, há no mercado soluções prontas com manganês e zinco quelatizados e mais o boro. Como exemplo desse tipo de adubo foliar, uma das fórmulas comerciais, entre outras, apresenta a seguinte garantia mínima em peso: Zn = 3%, Mn = 3%, B = 0,5%. A densidade dessa solução é de 1,2 g . cm -3 , e recomenda-se aplicá-la na dose de 3L/ha, em duas parcelas, na brotação e em janeiro/fevereiro. Considerando-se o fornecimento de zinco dessa fonte, nessa recomendação se estará fornecendo 0,36 g de Zn/planta/ aplicação. Comparando-se com a recomendação anterior de solução de sais pode-se constatar que na forma quelatizada aplicam-se 20 vezes menos do micronutriente por planta, por aplicação. Não há pesquisa conclusiva para auxiliar na escolha de sais ou quelatos. As aplicações de sais pressupõem altas perdas, 31
  • 37. pois apesar das soluções serem bastante diluídas, cada aplicação supre em mais de 10 vezes a necessidade total das plantas (caso de Zn). Por outro lado, a recomendação de quelatos pressupõe alta eficiência, pois em apenas duas aplicações seria suprida em excesso a mesma demanda. Outro aspecto interessante desses dados diz respeito ao costume de aplicar rotineiramente Mn, Zn e B nos pomares, sem avaliação de necessidade de correção. Os dados mostram que os riscos de atingir níveis tóxicos mesmo com soluções diluídas são reais. 3.5. Considerações gerais As adubações foliares devem ser aplicadas apenas quando necessárias, visando correção de deficiências específicas dos pomares. Podem, neste critério, ser associadas à maioria dos tratamentos fitossanitários. As soluções multinutrientes (coquetéis) associadas a pesticidas, surfatantes, redutores de pH devem ser evitadas em razão de riscos de efeitos fitotóxicos, especialmente em coincidência com outras situações de estresse de pomares. As soluções contendo apenas micronutrientes também não devem ser usadas em rotina, pois há situações de risco de fitotoxicidade. A aplicação de boro é mais eficiente via solo, e não há razão para mantê-la via foliar. Não há pesquisa conclusiva sobre maior ou menor eficiência de fontes quelatizadas de Cu, Fe, Mn e Zn em comparação aos respectivos sais. O abaixamento do pH da calda (faixa de 5 a 6) e o uso de surfatante são indicados na elaboração de soluções específicas com reduzido número de nutrientes. Apesar das plantas cítricas apresentarem alta resistência à penetração de soluções através das folhas e da pesquisa não ter mostrado claramente os benefícios da adubação na produção e/ou qualidade dos frutos, há que se considerar, por analogia, que a correção de algumas deficiências ainda 32
  • 38. pode ser mais eficientemente feita por via foliar, em comparação à via solo. O uso comparativo de diferentes fontes e formas de aplicação de nutrientes deve ser feito na propriedade, levando em conta as informações e recomendações já disponíveis. 33
  • 39. 4. LITERATURA CITADA ANDA. Anuário Estatístico, Setor de Fertilizantes São Paulo, SP 1998. 154 p. BAUMGARTNER, J,G.; SEMPIONATO, O. R. Uso de fertilizantes fluidos em citros. In: IV Seminário Internacional de Citros – Tratos Culturais. 1998. Bebedouro, SP. Resumos p 46-48. BITTENCOURT, V.C.; BEAUCLAIR, E.G.F. Fertilizantes Fluídos. In: XX Reunião Brasileira de Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas. 1992. Piracicaba, SP. Anais p. 255-273. BOMAN, B.J.; TUCKER, D.P.H. Methods of application. In: Nutrition of Florida Citrus Trees. University of Florida (USA). 1995. 60p. CAMARGO, R. L. Fertilizantes líquidos. In: Seminário Internacional de Citros – Nutrição e Adubação, 1996. Bebedouro – SP., Anais. P. 201-210. CAMARGO, P.N.; SILVA, O. Manual de adubação foliar. Ed. Herba Ltda. São Paulo. 1975. 258p. CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J. A. Adubação com macro e micronutrientes em citros. In: IV Seminário Internacional de Citros – Nutrição e Adubação. 1996 . Bebedouro, SP, Anais. P. 201-210. CHABOUSSOU, F. Cultural factors and the resistance of citrus plants to scale insects and mites. Fertilizer use and plant health. 12th Colloquium of the International Potash Institute. Turbey, 1976. p.259-280. FERGUSON, J.J; DAVIES, F.S; TUCKER, D.P.H; ALVA, A.K.; WHEATON, T.A. Fertilizer guidelines In: Nutrition of Flórida Citrus Trees. University of Flórida, USA, 1995. 61p. 34
  • 40. GRUPO PAULISTA DE ADUBAÇÃO E CALAGEM PARA CITROS (GPACC). Recomendações para adubação e calagem para citros no Estado de São Paulo. 3ª ed. LARANJA. Cordeirópolis, SP. 1994. 27p. MALAVOLTA, E. Manual de Química Agrícola. Editora Agronômica Ceres Ltda, São Paulo, 1981. 595 p. MALAVOLTA, E. A situação da adubação fluida no Brasil. In: Simpósio Brasileiro sobre Fertilizantes Fluidos. 1993. Piracicaba, SP. Anais, p. 37-64. MARINO, M.K. Adubação Foliar em Laranjeira Pêra. Trabalho apresentado à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias de Jaboticabal, Unesp, para graduação em Agronomia. 1997. MARSCHNER, H. Mineral Nutrition of Higher Plants. Academic Press Inc (de) London. 1995. OBREZA, T. A. Adubação de plantas cítricas na Flórida, EUA. Uma visão geral. In: IV Seminário Internacional de Citros – Nutrição e Adubação. 1996. Bebedouro, SP. Anais p. 27-39. RAIJ, B.V.E.; QUAGGIO, J.A. Métodos de análises de solo para fins de fertilidade. Campinas, Instituto Agronômico, 1983 (Boletim Técnico 81). ROSSETO, A. Adubação foliar traz boa economia ao laranjal – Suplemento Agrícola do “O Estado de São Paulo”, 17/02/ 1993. SHU, Z, H; WU, W.Y.; OBERLY, G. H. Boron uptake by peach leaf slice. I. Plant Nutrition 14 (8) 867-881. 1991 SNYDER, C.S. Adubação foliar nitrogenada e potássica em algodão. Informações Agronômicas, nº 83. POTAFOS (ed). 1998. 35
  • 41. Apoio: CARGILL AGRÍCOLA S/A Depto. de Fertilizantes Tel.: (0xx16) 344-1117 Monte Alto -SP 36