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Jornalismo investigativo
por Rivaldo Chinem
em 26/1/2016
A Operação Lava Jato em curso pela
Polícia Federal não é jornalismo investigativo,
mas simplesmente declaratório. Nem juiz,
promotores e imprensa estão medindo as
consequências do noticiário em torno desta hoje
famosa operação. A imprensa pode fazer tudo?
Pode difamar, caluniar, injuriar sem nenhum tipo
de compensação? Quem levanta esta e outras
questões em 22 tópicos é o jornalista J. Carlos de
Assis em “Os sete mandamentos do jornalismo
investigativo – inteligência, ética e coragem na
construção da reportagem”, Textonovo editora.
Discrição, ensina Assis, é o primeiro mandamento. Há 32 anos atrás foi procurado pelo dono do
Grupo Delfin, Ronald Guimarães Levinsohn, que tinha dívida de 70 bilhões de cruzeiros com o Banco
Nacional da Habitação e havia pago com terrenos avaliados em cerca de 9 bilhões. Ele trabalhava na
sucursal carioca da Folha de S. Paulo, que submeteu a reportagem ao advogado, que deu parecer
favorável. Ganhou o Prêmio Esso de Reportagem.
Critério é o segundo mandamento. O autor volta no tempo para lembrar do escândalo Capemi, o
maior sistema de pecúlio do país, dirigido por militares. Um coronel da reserva, ex-funcionário do
Serviço Nacional de Informações- SNI entregou os papéis para um inexperiente repórter. O material
acabou nas mãos de Assis: eram contratos de exploração de madeira na região de Tucuruí. Com isso,
chegou aos altos dirigentes da empresa, todos militares. Um dos contratos suspeitos levavam ao general
Newton Cruz, então chefe do SNI. A reportagem inicialmente engavetada pela direção da Folha acabou
sendo publicada.
Tenha sorte, assinala Assis, porque a grande reportagem acaba caindo nas mãos dos repórteres.
Conta ter visto colegas que, para manter a reputação de grande jornalista, tinham de apresentar uma
grande matéria por semana. Pulou fora. Foi convidado a assessorar a Comissão Parlamentar de Inquérito
(CPI) do Sistema Financeiro, onde ficou por um ano. Voltou para o Jornal do Brasil. A convite do
ministro da Previdência do Governo Sarney logo depois do Plano Cruzado voltou ao setor público. Ele
conta que sorte tem de ser aliada à competência. No fim de um dia que havia rendido pouca notícia ouviu
conversa de elevador no prédio do Banco Central do Rio. Um funcionário dizia ter sido acusado de
corrupção. Conversou reservadamente com ele e chegou a um escândalo monumental, a compra da
corretora Coroa-Brastel por Paim Cunha para agradar ao então poderoso chefe da Casa Civil da
Presidência da República, general Golbery do Couto e Silva.
Persistência é o quarto mandamento. Desconfie, o quinto. Investigue mais, o sexto. Nada de
heroísmo, o sétimo. O livro é uma espécie de acerto de contas com o passado através das injustiças
cometidas contra os menos favorecidos no sistema econômico, as notícias de hoje distorcidas nesta época
de internet em que tudo muda como num passe de mágica, mas que parece mudar apenas para dar a
impressão de que tudo tem de ficar como está - muda apenas para que o leitor tenha a sensação de que o
lugar onde pisa já não é o mesmo, mas que no fundo é. Pois é.
Rivaldo Chinem é autor vários livros, como “Terror Policial” com Tim Lopes (Global), Sentença – Padres e Posseiros do
Araguaia” (Paz eTerra), “Imprensa Alternativa – Jornalismo de Oposição e Inovação” (Ática), “Comunicação Corporativa”
(Escala com prefácio de Heródoto Barbeiro), “Marketing e Divulgação da Pequena Empresa” (Senac) na 5ª.edição,
“Assessoria de Imprensa – como fazer” (Summus) na 3ª. Edição, “Jornalismo de Guerrilha – a imprensa alternativa brasileira
da censura à Internet” editora Disal, Comunicação empresarial – teoria e o dia-a-dia das Assessorias de Comunicação” ,
editora Horizonte, “Introdução à comunicação empresarial”, editora Saraiva, “Comunicação Corporativa” editora Escala com
prefácio de Heródoto Barbeiro ; e "Comunicação empresarial - uma nova visão da empresa moderna" (Discovery Publicações).i
Fonte: http://www.megabrasil.com.br/NovoJCC/MateriaCompleta.aspx?idMateria=26084 (Acesso em 27jan16)
Rivaldo Chinem escreve semanalmente para
o Jornal da Comunicação Corporativa

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  • 1. Jornalismo investigativo por Rivaldo Chinem em 26/1/2016 A Operação Lava Jato em curso pela Polícia Federal não é jornalismo investigativo, mas simplesmente declaratório. Nem juiz, promotores e imprensa estão medindo as consequências do noticiário em torno desta hoje famosa operação. A imprensa pode fazer tudo? Pode difamar, caluniar, injuriar sem nenhum tipo de compensação? Quem levanta esta e outras questões em 22 tópicos é o jornalista J. Carlos de Assis em “Os sete mandamentos do jornalismo investigativo – inteligência, ética e coragem na construção da reportagem”, Textonovo editora. Discrição, ensina Assis, é o primeiro mandamento. Há 32 anos atrás foi procurado pelo dono do Grupo Delfin, Ronald Guimarães Levinsohn, que tinha dívida de 70 bilhões de cruzeiros com o Banco Nacional da Habitação e havia pago com terrenos avaliados em cerca de 9 bilhões. Ele trabalhava na sucursal carioca da Folha de S. Paulo, que submeteu a reportagem ao advogado, que deu parecer favorável. Ganhou o Prêmio Esso de Reportagem. Critério é o segundo mandamento. O autor volta no tempo para lembrar do escândalo Capemi, o maior sistema de pecúlio do país, dirigido por militares. Um coronel da reserva, ex-funcionário do Serviço Nacional de Informações- SNI entregou os papéis para um inexperiente repórter. O material acabou nas mãos de Assis: eram contratos de exploração de madeira na região de Tucuruí. Com isso, chegou aos altos dirigentes da empresa, todos militares. Um dos contratos suspeitos levavam ao general Newton Cruz, então chefe do SNI. A reportagem inicialmente engavetada pela direção da Folha acabou sendo publicada. Tenha sorte, assinala Assis, porque a grande reportagem acaba caindo nas mãos dos repórteres. Conta ter visto colegas que, para manter a reputação de grande jornalista, tinham de apresentar uma grande matéria por semana. Pulou fora. Foi convidado a assessorar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Sistema Financeiro, onde ficou por um ano. Voltou para o Jornal do Brasil. A convite do ministro da Previdência do Governo Sarney logo depois do Plano Cruzado voltou ao setor público. Ele conta que sorte tem de ser aliada à competência. No fim de um dia que havia rendido pouca notícia ouviu conversa de elevador no prédio do Banco Central do Rio. Um funcionário dizia ter sido acusado de corrupção. Conversou reservadamente com ele e chegou a um escândalo monumental, a compra da corretora Coroa-Brastel por Paim Cunha para agradar ao então poderoso chefe da Casa Civil da Presidência da República, general Golbery do Couto e Silva. Persistência é o quarto mandamento. Desconfie, o quinto. Investigue mais, o sexto. Nada de heroísmo, o sétimo. O livro é uma espécie de acerto de contas com o passado através das injustiças cometidas contra os menos favorecidos no sistema econômico, as notícias de hoje distorcidas nesta época de internet em que tudo muda como num passe de mágica, mas que parece mudar apenas para dar a impressão de que tudo tem de ficar como está - muda apenas para que o leitor tenha a sensação de que o lugar onde pisa já não é o mesmo, mas que no fundo é. Pois é. Rivaldo Chinem é autor vários livros, como “Terror Policial” com Tim Lopes (Global), Sentença – Padres e Posseiros do Araguaia” (Paz eTerra), “Imprensa Alternativa – Jornalismo de Oposição e Inovação” (Ática), “Comunicação Corporativa” (Escala com prefácio de Heródoto Barbeiro), “Marketing e Divulgação da Pequena Empresa” (Senac) na 5ª.edição, “Assessoria de Imprensa – como fazer” (Summus) na 3ª. Edição, “Jornalismo de Guerrilha – a imprensa alternativa brasileira da censura à Internet” editora Disal, Comunicação empresarial – teoria e o dia-a-dia das Assessorias de Comunicação” , editora Horizonte, “Introdução à comunicação empresarial”, editora Saraiva, “Comunicação Corporativa” editora Escala com prefácio de Heródoto Barbeiro ; e "Comunicação empresarial - uma nova visão da empresa moderna" (Discovery Publicações).i Fonte: http://www.megabrasil.com.br/NovoJCC/MateriaCompleta.aspx?idMateria=26084 (Acesso em 27jan16) Rivaldo Chinem escreve semanalmente para o Jornal da Comunicação Corporativa