O documento discute a história do Brasil desde seu início como colônia até o final do século XX, destacando (1) o empreendimento econômico do ciclo da cana de açúcar e (2) o período em que o país buscou autonomia econômica na década de 1970. No entanto, a ênfase em metas de curto prazo nas décadas seguintes levou à perda da capacidade de projetar o futuro do país.
Brasil e México nos governos de Jair Bolsonaro e Andrés Manuel López Obrador:...
Construindo o futuro do Brasil
1. III Congresso Internacional Six Sigma Brasil e
evento acoplado VII Workshop GESITI – 2011
Um Olhar sobre o Brasil em distintos tempos: o empreendimento
econômico, a nação desenvolvida e o indizível futuro
Título alternativo:
Já pensou em construir o futuro do seu país?
Paulo Resende
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Introdução
O objetivo do presente trabalho é discutir a visão de futuro do país
a partir de dois recortes históricos específicos:
1) a criação do empreendimento econômico açucareiro, gênese da
nação; e
2) o período final do século XX, com a ascensão de políticas
governamentais tendo como referência predominante os
microciclos econômicos.
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Brasil: O maior empreendimento econômico da história
A exploração econômica do Brasil, como colônia de Portugal,
começa nas primeiras décadas após o seu descobrimento, de
forma muito tímida.
Interesse principal – controle territorial, de forma sustentável do
ponto de vista financeiro
O maior empreendimento econômico da história - capitais,
pessoas e equipamentos de diversas nações, sob a coordenação
da coroa portuguesa – consolidação do ciclo da cana de açucar.
4. III Congresso Internacional Six Sigma Brasil e
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Consequências do empreendimento
A ação da coroa portuguesa iniciou um processo histórico de
drásticas transformações:
a) miscigenação (primeiro com os portugueses e, posteriormente,
com negros e outras etnias);
b) Ocupação territorial (extrativismo, agricultura e pecuária, e na
expansão territorial);
c) Tecnologia (machado de lâmina de aço, arados de metal com
tração animal, cultivo extensivo, unidades produtivas mecanizadas,
armas de fogo, grandes embarcações, roupas, utensílios, criação
animal, procedimentos cirúrgicos – rápida aculturação tecnológica)
5. III Congresso Internacional Six Sigma Brasil e
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Consequências do empreendimento (cont.)
d) Matriz produtiva local (expansão da área cultivável à custa da
eliminação da fauna e da flora locais, com eliminação de culturas
que pudessem concorrer com a cana);
d) Poder local (concessão de terras e de atribuições determinada
pela coroa portuguesa)
A jovem colônia participava de um movimento global de expansão
e estruturação de rotas comerciais, e formação de estados
nacionais. Em meio a essa disputa, formou-se a semente daquilo
que um dia seria o Brasil.
Seu futuro, naquele momento, reproduzia a eterna sucessão de
ciclos de plantar, colher, produzir e vender.
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A Transitoriedade de uma nação
O país transcendeu de um estágio primitivo e, em um período de
pouco mais de dois séculos, já apresentava uma estrutura
geopolítica razoavelmente consistente, com atividade econômica
interna e uma burocracia estabelecida.
E pouco mais de dois séculos depois, o Brasil se apresenta como
uma potência industrial emergente.
Trata-se de uma terra de diferentes configurações políticas,
inserida de distintas formas na economia global.
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Emancipação frente a uma encruzilhada histórica
Década de 1970 – o país se viu frente à necessidade de
estabelecer uma política econômica para lidar com uma crise
mundial, contraposta a um projeto de desenvolvimento nacional.
Em 1974, o país fora profundamente afetado pela economia
global. As consequências de uma reversão do ciclo de crescimento
que o Brasil vivia eram incalculáveis naquele momento, e por essa
razão a alternativa encontrada foi a de promover a entrada de
novos investimentos, a fim de assegurar que em parte seria
mantida a expansão da renda e da capacidade produtiva
nacional.
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Emancipação frente a uma encruzilhada histórica (cont.)
Em resposta ao quadro global, o governo da época apresentou à
nação o II Plano Nacional de Desenvolvimento, ou II PND, com o
objetivo de substituir as importações e eventualmente promover as
exportações, de modo a sustentar a conjuntura econômica,
assegurar o espaço necessário à absorção dos investimentos
anteriores e modificar, no longo prazo, a estrutura produtiva.
O II PND foi o primeiro plano estabelecido sob uma clara visão do
panorama externo e com a intenção de minimizar a sua influência
sobre o país: o fato do II PND ter sido concebido de modo a
manter o crescimento interno mesmo sob condições desfavoráveis
no plano internacional, estabeleceu um modelo de contraposição
entre as dimensões local e global inédito até então.
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Efeitos colaterais de uma aposta econômica
A estratégia emancipatória traçada para os anos seguintes não foi
suficiente para promover o desenvolvimento frente a um cenário
global recessivo.
Mesmo com o avanço na matriz econômica nacional, o II PND
promoveu um paradoxo: a promoção da autonomia em relação ao
ambiente externo resultou exatamente numa maior dependência
em relação à economia global (endividamento externo estatal).
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A década de 1980 e a perda da visão de futuro
Até o II PND, o projeto brasileiro estabelecia uma visão de longo
prazo. Desde o Plano de Metas, era possível enxergar além,
conceber uma visão de um Brasil soberano e desenvolvido.
Uma vez perdida a aposta feita com o II PND, referente à
capacidade de manter-se o desenvolvimento mesmo em um
cenário global adverso, o país mergulhou em um quadro de crise
vinculado a ciclos cada vez menores – qüinqüênio - biênio -
metas anuais - mensal - “gatilho”.
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A década de 1980, de 1990 e a perda da visão de futuro (cont.)
Final do século XX – objetivo de tornar o Brasil um país
desenvolvido não fora alcançado. O país não apresentava
condições autônomas para lidar com o novo panorama econômico
mundial (subordinação à visão neoliberal da política econômica)
Redução do Estado - O Estado perdeu a capacidade de enxergar
o seu futuro (foco no curtíssimo prazo) e também a capacidade de
intervenção direta com vistas ao desenvolvimento econômico e
produtivo.
Nisso consistiu o sacrifício do futuro, em detrimento de
prioridades econômicas emanadas de um consenso internacional.
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A década de 1990
A política econômica da década de 1990 padece, em sua prática e
em seu debate, da hipertrofia do curto prazo. A preocupação
com o controle da inflação ocupou todos os espaços, expulsando a
discussão sobre o longo prazo. Temas como a estrutura desejada
da oferta física de longo prazo, planejamento econômico, vontade
nacional, ocupação territorial, distribuição de renda, diversificação
da estrutura produtiva, desenvolvimento científico-tecnológico etc.
foram cancelados da nossa agenda (LESSA e EARP, 1999).
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Brasil, o país do indizível futuro
A plena inserção do país no atual sistema multipolarizado
planetário “captura” uma visão de futuro, sob a perspectiva do
fluxo de capitais internacionais. A ciência dos fatos e das decisões
econômicas dos grandes blocos mundiais permitem ao Brasil
saber com razoável precisão como os recursos financeiros se
comportarão, permitindo assim ajustar suas políticas de câmbio,
de juros e de controle da inflação.
Não temos mais um futuro: hoje possuímos metas.
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Faces históricas contrapostas no espelho
O que aquele Brasil, distante e colonial, enxergaria à sua frente se
tentasse antever o seu próprio futuro?
O jovem país foi capaz de transitar por diferentes ciclos
econômicos, formar cultura própria, tornar-se independente e,
coroamento maior, conceber um futuro.
A capacidade de projetar um futuro, no entanto, foi subtraída pela
sucessão de novos microclicos; ao invés da vinculação ao tempo
de maturação da cana, hoje estamos atrelados à apuração dos
indicadores macroeconômicos, ao índice de inflação, aos juros
internacionais, à variação cambial, à Balança de Pagamentos...
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Faces históricas contrapostas no espelho (cont.)
Se um encontro entre passado e presente do país fosse real, que
mensagem a jovem colônia poderia transmitir ao Brasil de hoje?
Talvez um convite à observação de um outro momento, no qual
pudesse enxergar até onde iria a sua miopia do presente. Talvez a
percepção de um momento histórico posterior, no qual o país se
emancipe da visão do presente e recupere a ousadia e a
capacidade de apostar em uma projeção futura, distinta entre as
demais nações.
Se falta ao país a visão, ao menos lhe sobram recursos e
capacidade para enxergar – e construir – o seu próprio futuro.
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Uma Provocação Final
Que indivíduos e instituições se revelam capazes de discutir o
futuro que o Brasil deve almejar?
Seria uma responsabilidade exclusiva do governo?
Seria um “ônus” para a sociedade?
Como as redes de informação (redes sociais, listas de discussão,
grupos) podem se inserir em discussões para a projeção do Brasil
de 2025, 2050 etc.?
Você já pensou em construir o seu país?
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Agradeço a atenção e que se faça o debate!
Paulo Resende
Maio de 2011