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Pesquisa de Iniciação Científica


Título: Filmes de Terror e Psicanálise: um esboço sobre os mecanismos psíquicos subjacentes
a espectadores.
Pesquisador: Diego Amaral Penha
Orientador: Prof.ª Drª Ana Cristina Marzolla



       Relatório de Atividades


      A pesquisa que apresento agora na entrega deste relatório difere
substancialmente do projeto entregue em 2010. Em sua essência o objetivo da
pesquisa foi mantido, mas maneira que o tema foi abordado sofreu muitas
mudanças.
       Durante a elaboração do projeto de pesquisa a professora Paula Regina
Peron havia sido minha orientadora. Quando a pesquisa foi aprovada, a
professora Paula me informou que durante sua licença maternidade não
poderia continuar com a orientação, portanto me indicou a professora Ana
Cristina Marzolla que aceitou a tarefa de me orientar neste projeto a ela
estranho.
       Assim, no final do mês de agosto e início de setembro pesquisador e
orientadora revisaram o projeto e decidiram que inicialmente o foco da
pesquisa deveria ser melhor delimitado, para que desta maneira fizéssemos as
necessárias mudanças de cronograma. Tal caminho também nos havia sido
indicado pelos pareceres da CONSULTEG.
       Minha ambição sempre foi a produção de uma pesquisa teórica assim
como já tinha interesse pelos filmes de terror. Quando decidi por fazer este
trabalho de iniciação científica já desejava trabalhar com filmes de terror,
porém encontrei escassa produção acadêmica sobre o tema. Este fato me
incentivou em insistir na teoria, para que essa pesquisa possa servir como uma
possível bibliografia para trabalhos futuros.
        Apropriados desta decisão, eu e minha orientadora traçamos uma nova
estratégia e delimitamos nosso foco de pesquisa. Decidimos manter o objetivo
inicial de reconhecer e trabalhar, a partir do referencial psicanalítico, quais
mecanismos psíquicos fazem as pessoas gostarem de assistir filmes de terror.
Decidimos que evitaríamos a unilateralidade e a taxação científica se
optássemos por produzir um esboço. Um esboço poderia mostrar nossas
reflexões e ser comprovado hipoteticamente, sendo ele uma das inúmeras
maneiras de abordar o fenômeno.
       Para tanto optamos pela utilização de textos de Freud como eixo
principal da pesquisa, o que levou à mudança no cronograma inicial. Esta
ocorreu devido a minha própria afinidade com a teoria psicanalítica e pelo
desejo de me aprofundar nos textos do pai da psicanálise.
Também discutimos sobre a utilização do filme “Silent Hill” (2006) na
pesquisa. Ficou claro que o filme será usado, assim como outros filmes de
terror, para ilustrar ideias apresentadas pela pesquisa acerca do objeto tratado.
Afinal, o foco deste estudo não é a análise de um filme, e sim buscar uma
compreensão sobre os mecanismos inconscientes subjacentes ao interesse
por filmes de terror. Acreditamos que, desta forma, a pesquisa está mais bem
delimitada. Abandonamos, portanto, a concepção de que um filme poderia ser
analisado como um sonho: evidenciou-se para nós que este tipo de concepção
não se coaduna com os conceitos psicanalíticos que optamos por trabalhar.
       Decidimos, portanto, realizar as leituras que previmos conforme a linha
que decidimos tomar, levando em conta as colaborações feitas pelos
pareceristas, quando julgamos pertinentes. As discussões dos textos foram
feitas quinzenalmente a partir dos resumos contendo as ideias principais de
cada texto lido. As leituras e discussões deram subsídios para a produção do
trabalho que está sendo entregue.
       A leitura dos textos de Freud “O Estranho” (1919) e “A Cabeça de
Medusa” (1940 [1922]) apresentaram conteúdo suficiente para que
discutíssemos em nossas reuniões a proposta de Freud para compreender o
que é assustador e provoca medo.
       Durante as orientações elaboramos um cronograma para ser seguido
durante o semestre que passou. Decidimos manter nossa estratégia e
continuarmos o estudo das obras freudianas para respondermos nossa
questão inicial. Assim, em março partimos para a leitura e discussão do texto
de Freud, “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade” (1905). Decidimos nos
voltar para as fantasias infantis presentes nas raízes do terror. Pareceu-nos
que este seria um caminho que nos ajudaria a compreender os mecanismos
psíquicos envolvidos nas escolhas objetais. De fato, trabalhar com estes textos
favoreceu o esclarecimento de alguns conceitos que se tornaram
imprescindíveis para nossa hipótese. Esta leitura trouxe para pesquisa a
concepção econômica da psique em relação ao prazer e desprazer. O termo
„gostar‟ pode ser destrinchado e compreendido em seu amplo aspecto na
Psicanálise.
       Cabe contar que no dia 16/04, participei de uma mesa na Semana de
Integração de Psicologia na PUC – Barueri. O tema da mesa era: “Conversa
sobre iniciação científica: Alunos de Barueri que participam de pesquisas
contam sobre suas experiências.” Em conjunto com outros alunos contei sobre
minhas experiências na realização da iniciação cientifica e comentei por cima
sobre o tema. Meu tema provocou interesse em alguns alunos que me
procuraram para saber mais sobre a pesquisa.
      Em maio e junho, o tema estudado foi as dinâmicas pulsionais e o
conceito de pulsão de morte, que já se enunciava no texto “O Estranho” assim
como foi apontado em parecer da CONSULTEG. Para tanto utilizamos o texto
“Além do Princípio do Prazer” (1920).
       Este texto exigiu demasiado trabalho, já que coube a ele o fechamento
das especulativas construídas na pesquisa até então. Portanto, o trabalho com
ele estendeu-se até o início de julho. Neste mês, devido a circunstâncias que
se impuseram, os contatos orientando – orientadora foram realizados via
internet.
       O mês de julho e início de agosto foram dedicados à edição e
formatação da pesquisa. A edição demonstrou-se necessária, já que algumas
reflexões presentes no trabalho ficavam „soltas‟ e somente faziam sentido no
texto original do Freud. A formatação consistiu na produção de conclusão,
resumo e relatórios.
       Em vista de todas as modificações, o titulo da atual pesquisa precisou
ser reformulado pela segunda vez. A primeira reformulação emergiu a partir da
nova delimitação realizada, mais focada e por indicação do parecer da
CONSULTEG recebido no dia 26/04/2011 sobre o relatório parcial. O título
escolhido era: “Motivos para o Terror: os mecanismos inconscientes em
espectadores de filmes de terror” e tinha como objetivo esclarecer melhor do
que se trata a pesquisa. Porém, durante o desenrolar da pesquisa, percebemos
que este titulo não traduzia as ideias que estavam se delineando. Assim
trocamos o titulo para “Filmes de Terror e Psicanálise: um esboço sobre os
mecanismos psíquicos subjacentes a expectadores.” Esta mudança foi
realizada para indicar que a pesquisa tratava-se de um esboço, no sentido que
não seria possível abranger os inumeráveis mecanismos psíquicos que podem
estar em jogo na situação tema.
        Outra alteração significativa foi quanto ao termo „mecanismos psíquicos‟,
pois percebemos que no trabalho tratamos tanto de mecanismos inconscientes,
quanto conscientes. Também retiramos do título „expectadores de filme de
terror‟, já que estes mecanismos também são encontrados em outros
expectadores.
       A professora Ana Cristina foi para mim algo como uma benção. Eu
gostava muito da orientação com a professora Paula Peron, mas com a Ana eu
me „sintonizei‟ como muito mais velocidade. Pareceu-me que trabalhamos no
mesmo ritmo e com o mesmo empenho. A orientadora demonstrou-se desde o
início 100% disponível. Quando não podíamos nos encontrar pessoalmente
fazíamos reuniões online. Ela me indicou textos que me satisfizeram quanto ao
resultado de minha pesquisa. É uma ótima orientadora e possui grande
apropriação de conceitos psicanalíticos.
      Fazer iniciação científica foi uma experiência que mudou a minha vida.
Digo isto não por demagogia, mas o processo de realização transformou a
minha maneira de me relacionar com a profissão. No início imaginava minha
pesquisa de uma maneira absolutamente oposta do que ela é hoje. Mas
realmente ela é hoje o que eu quis. Descobri durante este processo um prazer
imenso neste tipo trabalho acadêmico. Relacionar o estudo de Freud com
minhas próprias reflexões em um tema que foge do cotidiano acadêmico foi um
ganho de grande valor. Ganhei a oportunidade de me aprofundar na
Psicanálise e hoje tenho mais confiança na minha própria maneira de
compreender a teoria. Reconheci o meu estilo de trabalho e produção e nele
pude dedicar meu tempo livre com muita dedicação. Gostei de ter recebido a
oportunidade de me aprofundar em um tema que sempre me intrigou como os
filmes de terror. Além disso, creio que durante o processo perdi meu
preconceito em relação a outras abordagens e outras maneiras de tentar
explicar o tema de minha pesquisa. No fim a iniciação científica me abriu portas
e me auxiliou de maneira incalculável na criação de meu projeto de trabalho de
conclusão de curso.




                                                     Barueri, 01 de agosto de 2011.



                                       _______________________________
                                               Diego Amaral Penha

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  • 1. Pesquisa de Iniciação Científica Título: Filmes de Terror e Psicanálise: um esboço sobre os mecanismos psíquicos subjacentes a espectadores. Pesquisador: Diego Amaral Penha Orientador: Prof.ª Drª Ana Cristina Marzolla Relatório de Atividades A pesquisa que apresento agora na entrega deste relatório difere substancialmente do projeto entregue em 2010. Em sua essência o objetivo da pesquisa foi mantido, mas maneira que o tema foi abordado sofreu muitas mudanças. Durante a elaboração do projeto de pesquisa a professora Paula Regina Peron havia sido minha orientadora. Quando a pesquisa foi aprovada, a professora Paula me informou que durante sua licença maternidade não poderia continuar com a orientação, portanto me indicou a professora Ana Cristina Marzolla que aceitou a tarefa de me orientar neste projeto a ela estranho. Assim, no final do mês de agosto e início de setembro pesquisador e orientadora revisaram o projeto e decidiram que inicialmente o foco da pesquisa deveria ser melhor delimitado, para que desta maneira fizéssemos as necessárias mudanças de cronograma. Tal caminho também nos havia sido indicado pelos pareceres da CONSULTEG. Minha ambição sempre foi a produção de uma pesquisa teórica assim como já tinha interesse pelos filmes de terror. Quando decidi por fazer este trabalho de iniciação científica já desejava trabalhar com filmes de terror, porém encontrei escassa produção acadêmica sobre o tema. Este fato me incentivou em insistir na teoria, para que essa pesquisa possa servir como uma possível bibliografia para trabalhos futuros. Apropriados desta decisão, eu e minha orientadora traçamos uma nova estratégia e delimitamos nosso foco de pesquisa. Decidimos manter o objetivo inicial de reconhecer e trabalhar, a partir do referencial psicanalítico, quais mecanismos psíquicos fazem as pessoas gostarem de assistir filmes de terror. Decidimos que evitaríamos a unilateralidade e a taxação científica se optássemos por produzir um esboço. Um esboço poderia mostrar nossas reflexões e ser comprovado hipoteticamente, sendo ele uma das inúmeras maneiras de abordar o fenômeno. Para tanto optamos pela utilização de textos de Freud como eixo principal da pesquisa, o que levou à mudança no cronograma inicial. Esta ocorreu devido a minha própria afinidade com a teoria psicanalítica e pelo desejo de me aprofundar nos textos do pai da psicanálise.
  • 2. Também discutimos sobre a utilização do filme “Silent Hill” (2006) na pesquisa. Ficou claro que o filme será usado, assim como outros filmes de terror, para ilustrar ideias apresentadas pela pesquisa acerca do objeto tratado. Afinal, o foco deste estudo não é a análise de um filme, e sim buscar uma compreensão sobre os mecanismos inconscientes subjacentes ao interesse por filmes de terror. Acreditamos que, desta forma, a pesquisa está mais bem delimitada. Abandonamos, portanto, a concepção de que um filme poderia ser analisado como um sonho: evidenciou-se para nós que este tipo de concepção não se coaduna com os conceitos psicanalíticos que optamos por trabalhar. Decidimos, portanto, realizar as leituras que previmos conforme a linha que decidimos tomar, levando em conta as colaborações feitas pelos pareceristas, quando julgamos pertinentes. As discussões dos textos foram feitas quinzenalmente a partir dos resumos contendo as ideias principais de cada texto lido. As leituras e discussões deram subsídios para a produção do trabalho que está sendo entregue. A leitura dos textos de Freud “O Estranho” (1919) e “A Cabeça de Medusa” (1940 [1922]) apresentaram conteúdo suficiente para que discutíssemos em nossas reuniões a proposta de Freud para compreender o que é assustador e provoca medo. Durante as orientações elaboramos um cronograma para ser seguido durante o semestre que passou. Decidimos manter nossa estratégia e continuarmos o estudo das obras freudianas para respondermos nossa questão inicial. Assim, em março partimos para a leitura e discussão do texto de Freud, “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade” (1905). Decidimos nos voltar para as fantasias infantis presentes nas raízes do terror. Pareceu-nos que este seria um caminho que nos ajudaria a compreender os mecanismos psíquicos envolvidos nas escolhas objetais. De fato, trabalhar com estes textos favoreceu o esclarecimento de alguns conceitos que se tornaram imprescindíveis para nossa hipótese. Esta leitura trouxe para pesquisa a concepção econômica da psique em relação ao prazer e desprazer. O termo „gostar‟ pode ser destrinchado e compreendido em seu amplo aspecto na Psicanálise. Cabe contar que no dia 16/04, participei de uma mesa na Semana de Integração de Psicologia na PUC – Barueri. O tema da mesa era: “Conversa sobre iniciação científica: Alunos de Barueri que participam de pesquisas contam sobre suas experiências.” Em conjunto com outros alunos contei sobre minhas experiências na realização da iniciação cientifica e comentei por cima sobre o tema. Meu tema provocou interesse em alguns alunos que me procuraram para saber mais sobre a pesquisa. Em maio e junho, o tema estudado foi as dinâmicas pulsionais e o conceito de pulsão de morte, que já se enunciava no texto “O Estranho” assim como foi apontado em parecer da CONSULTEG. Para tanto utilizamos o texto “Além do Princípio do Prazer” (1920). Este texto exigiu demasiado trabalho, já que coube a ele o fechamento das especulativas construídas na pesquisa até então. Portanto, o trabalho com ele estendeu-se até o início de julho. Neste mês, devido a circunstâncias que
  • 3. se impuseram, os contatos orientando – orientadora foram realizados via internet. O mês de julho e início de agosto foram dedicados à edição e formatação da pesquisa. A edição demonstrou-se necessária, já que algumas reflexões presentes no trabalho ficavam „soltas‟ e somente faziam sentido no texto original do Freud. A formatação consistiu na produção de conclusão, resumo e relatórios. Em vista de todas as modificações, o titulo da atual pesquisa precisou ser reformulado pela segunda vez. A primeira reformulação emergiu a partir da nova delimitação realizada, mais focada e por indicação do parecer da CONSULTEG recebido no dia 26/04/2011 sobre o relatório parcial. O título escolhido era: “Motivos para o Terror: os mecanismos inconscientes em espectadores de filmes de terror” e tinha como objetivo esclarecer melhor do que se trata a pesquisa. Porém, durante o desenrolar da pesquisa, percebemos que este titulo não traduzia as ideias que estavam se delineando. Assim trocamos o titulo para “Filmes de Terror e Psicanálise: um esboço sobre os mecanismos psíquicos subjacentes a expectadores.” Esta mudança foi realizada para indicar que a pesquisa tratava-se de um esboço, no sentido que não seria possível abranger os inumeráveis mecanismos psíquicos que podem estar em jogo na situação tema. Outra alteração significativa foi quanto ao termo „mecanismos psíquicos‟, pois percebemos que no trabalho tratamos tanto de mecanismos inconscientes, quanto conscientes. Também retiramos do título „expectadores de filme de terror‟, já que estes mecanismos também são encontrados em outros expectadores. A professora Ana Cristina foi para mim algo como uma benção. Eu gostava muito da orientação com a professora Paula Peron, mas com a Ana eu me „sintonizei‟ como muito mais velocidade. Pareceu-me que trabalhamos no mesmo ritmo e com o mesmo empenho. A orientadora demonstrou-se desde o início 100% disponível. Quando não podíamos nos encontrar pessoalmente fazíamos reuniões online. Ela me indicou textos que me satisfizeram quanto ao resultado de minha pesquisa. É uma ótima orientadora e possui grande apropriação de conceitos psicanalíticos. Fazer iniciação científica foi uma experiência que mudou a minha vida. Digo isto não por demagogia, mas o processo de realização transformou a minha maneira de me relacionar com a profissão. No início imaginava minha pesquisa de uma maneira absolutamente oposta do que ela é hoje. Mas realmente ela é hoje o que eu quis. Descobri durante este processo um prazer imenso neste tipo trabalho acadêmico. Relacionar o estudo de Freud com minhas próprias reflexões em um tema que foge do cotidiano acadêmico foi um ganho de grande valor. Ganhei a oportunidade de me aprofundar na Psicanálise e hoje tenho mais confiança na minha própria maneira de compreender a teoria. Reconheci o meu estilo de trabalho e produção e nele pude dedicar meu tempo livre com muita dedicação. Gostei de ter recebido a oportunidade de me aprofundar em um tema que sempre me intrigou como os filmes de terror. Além disso, creio que durante o processo perdi meu preconceito em relação a outras abordagens e outras maneiras de tentar
  • 4. explicar o tema de minha pesquisa. No fim a iniciação científica me abriu portas e me auxiliou de maneira incalculável na criação de meu projeto de trabalho de conclusão de curso. Barueri, 01 de agosto de 2011. _______________________________ Diego Amaral Penha