1. Animais ameaçados de extinção
Definição e causas
Os animais ameaçados de extinção são as espécies que correm risco de
desaparecer num futuro próximo. Hoje em dia mais de 5 200 espécies estão
nessa situação ao redor do mundo, e outros milhares são extintos sem que os
cientistas percebam isso. As causas principais associadas a esse fenômeno são
a destruição do hábitat pelo ser humano, a exploração comercial (como a caça
ou o comércio de partes de animais) e o desequilíbrio provocado pela introdução
em determinadas áreas de espécies mais aptas à sobrevivência nesses locais do
que as nativas. Desses itens, o mais destrutivo é, sem dúvida, o primeiro.
A drenagem e o aterramento de pântanos e mangues, o represamento de
rios, a redução de matas para fins imobiliários ou industriais, a mineração, os
derramamentos de óleo e a poluição do ar, do solo e da água deixam muitas
espécies sem nenhuma condição de sobrevivência.
A extinção de espécies animais e vegetais não é um fenômeno incomum
na natureza. Mudanças climáticas e incapacidade de adaptação a novas
condições de sobrevivência têm sido responsáveis pelo desaparecimento de
muitos animais, como os dinossauros. Desde 1600, porém, a taxa de extinção
começou a subir rapidamente, graças ao crescimento populacional da
humanidade e à redução ou destruição de fontes de alimento. Muitos cientistas
consideram que a era contemporânea está no meio da maior extinção em massa
ocorrida na Terra desde o desaparecimento dos dinossauros, há 65 milhões de
anos.
Para sobreviverem, os ecossistemas (as comunidades de plantas e
animais e o meio físico que as abriga) dependem de sua biodiversidade (a
variedade de organismos) e das interações entre essas espécies. A ausência de
uma dessas espécies pode causar efeitos extremamente danosos ao
ecossistema. Um exemplo disso é o que aconteceu na costa noroeste da
América do Norte nos séculos XIX e XX. O oceano abrigava naquela região
florestas de algas consideradas um dos mais ricos hábitats marinhos conhecidos,
fonte de alimento para peixes e outras espécies, como as lontras marinhas. A
caça indiscriminada à lontra marinha no litoral oeste do Canadá e dos Estados
Unidos, no século XIX e início do XX, deixou invertebrados, como o ouriço-do-
2. mar, sem o seu principal predador. A multiplicação rápida de ouriços-do-mar
levou a uma redução drástica na quantidade de algas, transformando aquele
ecossistema marinho numa área praticamente estéril. Os esforços
preservacionistas realizados naquela região na segunda metade do século
passado levaram à reintrodução da lontra marinha naquele ecossistema – e as
florestas de algas voltaram a crescer.
Esforços para proteção
A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) e o World
Conservation Monitoring Centre (WCMC) elaboraram e mantêm uma lista
mundial de espécies animais consideradas ameaçadas ou vulneráveis,
denominada Lista Vermelha. As informações contidas nessa lista servem de
base para trabalhos conduzidos por vários governos e organizações
internacionais, como o Greenpeace, a World Wildlife Foundation (WWF) e a
Conservation International (CI), a fim de preservar os hábitats dos animais
ameaçados e conscientizar as pessoas quanto a esse problema. Dentre as
estratégias adotadas estão a designação pelos governos de áreas que sirvam
como santuários para os animais, estímulo à procriação em cativeiro, com
posterior liberação de novas proles no hábitat original de sua espécie, e leis mais
rigorosas punindo a caça ilegal e a poluição.
Uma conferência realizada em Washington, em 1973, levou 125 países a
assinarem a Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e
da Flora Ameaçadas de Extinção (Cites), que protege mais de 600 espécies de
animais e plantas. Com o Cites, que entrou em vigor em 1975 e hoje está
assinado por 146 países, conseguiu-se na década de 1990 reduzir o comércio de
chifre de rinoceronte e marfim de elefante, na África, e papagaios sul-
americanos. Mas os fiscais ambientais nessas regiões enfrentam muitas
dificuldades para fazer as leis serem cumpridas.
De acordo com a IUCN existem sete categorias para o estado de
conservação das espécies, hoje consideradas um padrão internacional: extinta
(Ex), em perigo (E), vulnerável (V), rara (R), indeterminada (I), insuficientemente
conhecida (K) e não-ameaçada (NA). Esses critérios são adotados, com
pequenas modificações, no Brasil; a Lista Oficial de Espécies da Fauna Brasileira
Ameaçada de Extinção, elaborada pela Sociedade Brasileira de Zoologia para o
3. Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis), introduz a categoria “provavelmente extinta”, considerada mais
cautelosa que simplesmente “extinta”, para as espécies razoavelmente bem
estudadas e não verificadas na natureza nos últimos 50 anos.
Brasil
De acordo com o Ibama, o Brasil enfrenta um intenso processo de
extinção de espécies, graças principalmente à ampliação de áreas agrícolas e à
caça. A situação se agravou nos últimos 20 anos por causa do crescimento
populacional e do aumento nos índices de pobreza. O país possui atualmente
208 espécies na Lista Oficial de animais ameaçados de extinção; dez outras
espécies serão acrescentadas em breve. Entre as espécies listadas figuram o
mico-leão-dourado, o lobo-guará, a jaguatirica, a lontra, a ariranha, o tamanduá-
bandeira, o peixe-boi, a toninha, a baleia-franca-austral, a ararinha-azul e o
jacaré-de-papo-amarelo. A lista e outras informações sobre animais ameaçados
pode ser conferida no site do Ibama: www.ibama.gov.br.
No aspecto legal, a legislação ambiental brasileira é considerada uma das
mais avançadas do mundo. A Lei da Fauna, Lei n.º 5.197/67, e a Constituição de
1988 são demonstrativas dessa preocupação com os animais silvestres.
Texto escrito por Sônia Lopes e Eduardo Araia. Fontes: Enciclopédia Encarta
(http://encarta.msn.com); Ibama (www.ibama.gov.br) e Embrapa (www.embrapa.br).