O documento discute os pronomes no português, definindo-os como palavras que determinam ou substituem substantivos. Apresenta as principais classes de pronomes (pessoais, possessivos, demonstrativos etc.) e explica suas funções sintáticas. Também aborda temas como a relação entre preposição e pronome e o uso correto dos pronomes pessoais retos e oblíquos.
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PRONOMES
Pronome é o vocábulo que, ao pé da letra, “fica no lugar do nome” (chamado de
pronome substantivo) ou o determina (pronome adjetivo).
Para compreender melhor a função dos pronomes, precisamos saber o conceito de
coesão textual, pois essas palavras, assim como os conectivos (conjunção e
preposição – a serem estudados na próxima aula), são responsáveis por estabelecer
nexo entre as idéias do texto.
Coesão textual é a ligação entre os elementos da oração e delas em relação ao texto.
A incoerência de um texto muitas vezes se deve à falta de coesão, exatamente porque
a leitura fica prejudicada pelo emprego inadequado de pronomes, conjunções ou
outros elementos textuais, inclusive a pontuação. Por exemplo, o uso inapropriado de
“porquanto” ou de “a ele” pode levar o leitor a uma conclusão diversa da que se
pretendia dar, ou até mesmo a nenhuma conclusão (alguns chamam de “ruptura
semântica”).
Os pronomes exercem um papel decisivo na construção de um texto coeso e coerente,
a partir de indicações corretas aos seus elementos.
Muitas questões de prova abordam esse conhecimento. Algumas vezes, a banca
(especialmente, ESAF e CESPE) faz afirmações sobre as referências textuais e o
candidato deve verificar se estão corretas essas indicações. Para isso, a compreensão
correta do texto e o domínio do significado de seus elementos são decisivos.
DEFINIÇÃO
Pronomes são palavras que determinam um substantivo ou ocupam o seu lugar. Daí, a
designação pronomes adjetivos ou pronomes substantivos, respectivamente.
Servem para, no primeiro caso, acompanhar um substantivo, determinando-lhe a
extensão (assim como o faz um adjetivo) e, no segundo, representar o próprio
substantivo, ficando em seu lugar.
Todo pronome tem uma função sintática, que pode ser própria do substantivo (sujeito,
objeto direto, objeto indireto) ou do adjetivo (adjunto adnominal, predicativo do
sujeito, predicativo do objeto).
Este produto é importado. (pronome adjetivo / função de adjunto adnominal)
Isto é importado. (pronome substantivo / função de sujeito)
Os pronomes podem ser pessoais, possessivos, demonstrativos, indefinidos,
interrogativos e relativos.
PESSOAIS representam as três pessoas do discurso - a que fala (1ª
pessoa), a com quem se fala (2ª pessoa) e a de quem se
fala (3ª pessoa);
dividem-se em retos e oblíquos. Regra geral, os retos
exercem a função de sujeito ou de predicativo do sujeito,
enquanto que os oblíquos funcionam como complementos
(objetos diretos, indiretos ou adjuntos);
os pronomes oblíquos devem obedecer a certas regras de
colocação (sintaxe de colocação pronominal), a serem
estudadas mais à frente.
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DE TRATAMENTO categoria dos pronomes pessoais que designa a forma de
tratamento a ser usada no trato com certas pessoas.
a pessoa com quem se fala pode ser expressa também
pelo pronome de tratamento, que leva tanto o verbo
quanto os pronomes para a 3ª pessoa;
os únicos pronomes de tratamento que admitem o uso do
artigo acompanhando-os são: senhor, senhora,
senhorita.
POSSESSIVOS estabelecem relação de posse entre os elementos regente
e regido;
como já vimos em aula anterior, há casos em que um
pronome pessoal oblíquo é usado com valor possessivo,
ponto a ser estudado mais adiante.
DEMONSTRATIVOS indicam a posição dos seres no espaço e no tempo
(função dêitica dos pronomes demonstrativos) ou em
referência aos elementos do texto (função anafórica ou
catafórica);
também podem substituir algum termo, expressão,
oração ou idéia, evitando sua repetição, no papel de
termos vicários (“Há muito tempo eu planejo sair de
férias e vou fazê-lo no meio desse ano.” – fazê-lo =
fazer isso = sair de férias, ou “Eu lhe jurei que seria
fiel e vou sê-lo” – ser isso – ser fiel – o pronome
permanece neutro, sem flexão de gênero ou número,
assim como acontece com o “isso”).
INDEFINIDOS têm sentido vago ou indeterminado.
INTERROGATIVOS é uma subclasse dos pronomes indefinidos. Muito
importante é compreender a distinção entre eles e os
pronomes relativos, já que a grafia é a mesma em alguns
casos (como, quando, quem etc): os pronomes
indefinidos são usados nas interrogações, diretas ou
indiretas, enquanto que os pronomes relativos
apresentam referência a termos antecedentes – veja mais
detalhadamente a seguir.
RELATIVOS referem-se a um termo anterior chamado antecedente
ou referente (substantivo ou pronome substantivo);
sempre dão início a orações subordinadas adjetivas.
1 - PESSOAIS
1.1 - CLASSIFICAÇÃO
Designam as três pessoas do discurso. Classificam-se em RETOS e OBLÍQUOS.
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RETOS: funcionam como sujeito ou predicativo do sujeito. Por isso, Rocha Lima os
denomina pronomes subjetivos (no papel de sujeito).
Tu não és eu.
O fato de ele reconhecer o erro não importa.
OBLÍQUOS: funcionam como complemento, motivo pelo qual Rocha Lima os chamou
de pronomes objetivos.
Vi-o na rua
Deu-lhe um bom presente
Quero comprá-las
Fi-los entrar
Nesse último exemplo (Fi-los entrar.) vemos um caso excepcional em que o pronome
oblíquo exerce a função sintática de sujeito (do verbo entrar), assunto que será
apresentado mais adiante (caso 1.3).
QUADRO RESUMO DOS PRONOMES PESSOAIS
CASO OBLÍQUO
PESSOA CASO RETO TÔNICO
ÁTONO
(sempre com preposição)
1ª EU ME MIM, COMIGO
SINGULAR
2ª TU TE TI, CONTIGO
3ª ELE/ELA SE, O, A, LHE SI, ELE*, ELA*
1ª NÓS NOS NÓS*, CONOSCO
PLURAL
2ª VÓS VOS VÓS*, CONVOSCO
SE, OS, AS,
3ª ELES/ELAS SI, ELES*, ELAS*
LHES
OBSERVAÇÕES:
1:(*) Quando oblíquos, são sempre preposicionados: “Nem ele entende a nós,
nem nós a ele.”. A preposição está na frase por força do uso do pronome, sendo o caso
de objeto direto preposicionado. Na linguagem coloquial informal, costumam ser
usados acompanhados de numerais (Encontrei elas duas.) ou pronome indefinido
(Trouxe todas elas.), construção não abonada pela linguagem culta formal
(Encontrei-as, as duas. / Trouxe-as todas.).
Os oblíquos “nós/vós” podem ser usados acompanhados da preposição com e
elementos reforçativos, como os pronomes demonstrativos “MESMOS” ou “PRÓPRIOS”.
Ex.: Só podemos contar com nós mesmos.
2: Os pronomes me, te, se, nos, vos podem exercer as funções de objeto
direto ou indireto, de acordo com a transitividade do verbo. Uma boa técnica de
saber se o pronome está na função de complemento direto ou indireto é trocar o
pronome por um NOME, ou seja, por um substantivo:
“Ele não me obedece.” – trocamos o “me” por “o pai”: “Ele não obedece ao pai”.
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Como o complemento verbal foi antecedido de preposição, o pronome “me” exerce a
função de objeto indireto.
Não adiantaria nada trocar o “me” por “a mim”, pois, como vimos acima, esse
pronome oblíquo sempre será preposicionado.
3: Os pronomes oblíquos podem ser, ainda, reflexivos e recíprocos. Os
primeiros, quando o objeto direto ou indireto representa a mesma pessoa ou coisa que
o sujeito do verbo; os recíprocos exprimem reciprocidade da oração.
Vamos ver como isso já foi objeto de prova?
(FCC / TRE PI / 2002) Afinal, os papéis não haviam ficado ......, mas sim ...... .
(A)) contigo - com nós mesmos
(B) contigo - conosco mesmos
(C) com ti - conosco mesmo
(D) com tu - conosco mesmos
(E) com tu - com nós mesmos
Na função de complemento, não se deve usar pronomes retos, como sugerem as
opções d e e (“com tu”).
A preposição com já faz parte da forma “contigo”, que deve preencher a primeira
lacuna.
Em seguida, o preposição com antecede o “nós”. Como esse pronome oblíquo está
acompanhado de um pronome demonstrativo mesmos, está correta a forma da opção
A – contigo / com nós mesmos.
1.2 - RELAÇÃO ENTRE PREPOSIÇÃO E PRONOME
As preposições de e em contraem-se com o pronome reto de 3ª pessoa ele(s) e
ela(s):
A pasta é dele, e nela está o meu livro.
Normalmente, após preposição usa-se o pronome oblíquo.
Entre mim e ti existe um abismo profundo.
Entretanto, se após a preposição, especialmente a preposição para, o pronome estiver
como sujeito do verbo no infinitivo, permanece sendo pronome reto e, segundo a
norma culta, não poderá se contrair, embora na linguagem coloquial já se admita a
contração. Observe os exemplos.
1) Apesar de ela não saber nada, passou no concurso.
(quem não sabia nada? Resposta: “ela” – sujeito pronome reto)
2) Isto não é trabalho para eu fazer.
(quem não vai fazer o trabalho? Resposta: “eu” - sujeito pronome reto)
3) Isto não é trabalho para mim.
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(O trabalho é para quem? Resposta: “para mim” = complemento nominal
pronome oblíquo)
4) O milagre de ele existir tinha-se dado naquele momento.
(quem existe? Resposta: “ele” - sujeito pronome reto)
5) Pouco depois de ela sair, fomos embora.
(quem saiu? Resposta: “ela” – sujeito pronome reto)
Faça agora um teste:
Para mim comparecer a essa reunião foi um prazer.
Até o corretor ortográfico do Word cai nessa pegadinha. Ele sugere a troca do “mim”
pelo “eu”. Será que isso estaria correto? Vejamos.
Primeira pergunta: o que foi um prazer?
Resposta: “comparecer a essa reunião”.
Então, na ordem direta (SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTO), teríamos:
“Comparecer a essa reunião foi um prazer”. Ótimo!
Isso (comparecer a essa reunião) foi um prazer para quem?
Resposta: “para mim”. Então, complementando a estrutura acima, teríamos:
“Comparecer a essa reunião foi um prazer para mim.”
O que levou o Word (e muitos alunos) a imaginar um erro (que não existe) foi o
deslocamento do complemento nominal para o início do período, causando, assim, a
aproximação do “mim” (que atua como complemento nominal de “prazer”) com o
verbo “comparecer” (que faz parte do sujeito oracional).
Nessa, até o Bill Gates caiu!!! Sorte dele não precisar fazer um concurso público aqui
no Brasil....rs....
Veja, agora, como já caiu em prova.
(FUNDEC / TJ MG / 2002)
Tendo em conta o emprego das formas pronominais "eu" e "mim", assinale a
alternativa INCORRETA.
a) Toda a conversa entre eles e eu se deu a portas fechadas.
b) Seria muito penoso para mim comparecer ao julgamento.
c) Quando me aproximei, notei que falavam sobre você e mim.
d) Não há diferença entre eu lhes dar a notícia ou qualquer outra pessoa.
O gabarito foi letra a. A conversa rolou entre eles e MIM. Após uma preposição
(entre), o pronome a ser usado é o oblíquo: MIM.
Só se usa pronome reto após preposição quando este pronome exerce a função de
sujeito da forma verbal no infinitivo, como na construção da letra d: quem vai dar a
notícia? Resposta: “eu ou qualquer outra pessoa”. Como o pronome é o sujeito do
verbo dar, está correto o emprego do pronome reto (eu).
A opção b apresenta estrutura idêntica à do exemplo que apresentamos.
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Muitas vezes, quando o “mim” fica perto de um verbo no infinitivo, muita gente tem
cólicas e sai por aí berrando: “mim fazer” quem diz é índio!!! Em parte, tem razão.
Mas só em parte, pois é preciso analisar a estrutura para verificar se este “mim” é
mesmo o sujeito do verbo no infinitivo, antes de sair por aí condenando a estrutura.
Na ordem direta, a construção seria: “Comparecer ao julgamento seria muito penoso
para mim.”. O pronome, nesse caso, é complemento nominal ao adjetivo “penoso” (É
penoso para quem? Para mim.) e não sujeito de comparecer, que está sendo usado
em sentido genérico (verbo impessoal).
Note que o verbo continuaria inflexível qualquer que fosse o pronome: Comparecer ao
julgamento seria penoso para nós. Isso porque este verbo é impessoal (não tem
sujeito) e está sendo usado em sentido amplo (O ato de comparecer).
Está perfeita a construção da letra c. Após a preposição “sobre”, foi empregado
corretamente o oblíquo “mim” e o pronome de tratamento “você”.
1.3 - PRONOME OBLÍQUO ÁTONO SUJEITO DE UM INFINITIVO
CASO 1 - Mandei que ele saísse.
CASO 2 - Mandei-o sair.
Nos dois casos, o sujeito do verbo mandar é o mesmo e está indicado pela desinência
verbal: (eu) mandei.
No entanto, apresentam complementos diferentes. Verificamos que o objeto direto do
verbo mandar (Eu mandei o quê?) é expresso:
- no CASO 1: pela oração que ele saísse.
- no CASO 2: pelo pronome seguido de infinitivo o sair.
Agora, vamos analisar as orações que exercem a função de complemento do verbo
mandar.
CASO 1: oração desenvolvida (iniciada pela conjunção “que”) = que ele saísse. Quem
vai sair? Resposta: ele. Então, o sujeito de “saísse” é o pronome pessoal reto “ele”.
CASO 2: o sair = Quem vai sair? Resposta: o. Esse pronome oblíquo, que representa
algum substantivo (menino, rapaz, aluno etc.), é o sujeito do verbo “sair”.
Esse é o caso especial de que tratamos logo no início da nossa aula. Geralmente, a
função de sujeito é exercida por um pronome pessoal reto, enquanto que cabe aos
pronomes oblíquos a função de complemento verbal.
Pois essa é a única exceção: VERBOS CAUSATIVOS (mandar, deixar, fazer) ou
SENSITIVOS (ver, sentir, ouvir) acompanhados de complemento representado por um
pronome oblíquo na função de sujeito e um verbo no infinitivo.
Para treinar, vamos analisar a construção da belíssima canção:
“Deixe-me ir, preciso andar
Vou por aí a procurar
Rir pra não chorar
Quero assistir ao sol nascer
Ver as águas do rio correr
Ouvir os pássaros cantar
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Eu quero nascer, quero viver.”
(Preciso me encontrar, de Candeia)
Quem é o sujeito de “ir”, na primeira estrofe? O pronome oblíquo “me”.
Nas passagens “Ver as águas dos rios correr / Ouvir os pássaros cantar”, vimos que,
em relação à concordância do verbo correr/cantar, no infinitivo, quando se apresenta
um sujeito nominal (substantivo), não há consenso entre os gramáticos. Uns indicam a
flexão verbal obrigatória (Ver as águas dos rios correrem/ Ouvir os pássaros
cantarem); outros proíbem a flexão (Ver as águas dos rios correr / Ouvir os pássaros
cantar); há também os que facultam indistintamente essa flexão (Ver as águas dos
rios correr/correrem, Ouvir os pássaros cantar / cantarem).
Contudo, se no lugar dos nomes estiverem os pronomes oblíquos correspondentes, são
unânimes em afirmar que obrigatoriamente o verbo no infinitivo permaneceria sem
flexão: “Vê-las correr / Ouvi-los cantar”.
Na dúvida, releia o item 10.d da Aula 4 – Concordância – parte 2.
É muito comum, na linguagem coloquial, usar o pronome reto no lugar do oblíquo:
Mandaram eu sair. Vi ela sair.
O curioso é que tal incorreção não se repete quando se constrói uma oração negativa:
Não me mandaram sair. Não a vi sair.
Para fixar esse conceito, a partir de agora, procure usar a construção correta: Ouvi-o
dizer (e não “Ouvi ele dizer”) e afins.
Para terminar o ponto, vejamos como a ESAF abordou o tema.
(FISCAL MS / 2001) Marque a palavra, a seqüência ou o sinal de pontuação
sublinhado, que foi mal empregado.
Vivemos um período de adversidade,(A) mas contamos com o apoio de uma
política econômica adequada para contorná-lo(B). Prova disso é a atuação do
Banco Central no câmbio, que mantêm(C) também os juros sob(D) controle.
No passado, víamos os juros subirem(E) de 15% a 45% de uma só vez.
(Fernando Xavier Ferreira, adaptado)
a) A
b) B
c) C
d) D
e) E
O gabarito foi a letra C.
Na verdade, a questão versava sobre concordância.
O sujeito do verbo manter (pronome relativo que) tem como referente o substantivo
atuação, devendo ficar no singular. Afinal, é a atuação do Banco Central que
mantém os juros sob controle.
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Mas, mesmo que a sua interpretação seja de que o pronome relativo se refere a
“Banco Central” (“O Banco Central mantém os juros sob controle.”), o verbo
continuaria no singular.
Na aula sobre concordância, alertamos bastante para as construções com verbos
derivados de pôr, ter e vir. Suas formas plurais não apresentam nenhuma distinção
fonética em relação às formas singulares (mantém/mantêm, convém/convêm), o que
poderia enganar o ouvido do candidato. O mesmo pode ocorrer com outros verbos
(compor, propor, contrapor, supor, pressupor).
Observe, agora, o item (E) – “No passado, víamos os juros subirem(E)”.
Em estruturas como:
VERBO CAUSATIVO/SENSITIVO + PRONOME OBLÍQUO + INFINITIVO
o verbo no infinito NÃO PODE SE FLEXIONAR, por apresentar como sujeito um
pronome (Vi-os sair / Não os deixe fazer isso.).
Nessa questão, o verbo sensitivo (ver) vem acompanhado de um substantivo (juros)
que é o sujeito de um infinitivo (subirem).
Oração reduzida do infinitivo – “Víamos os juros subirem.”
Nessas construções, quando o sujeito do infinitivo vem sob a forma de um
substantivo (e não um pronome), há divergência doutrinária. Contudo, a banca da
ESAF considerou CORRETA a flexão verbal. Como não há consenso, a ESAF tratou de
definir o gabarito em outra opção, de modo que, passando ao largo da discussão, não
restasse dúvida acerca da resposta correta (apresentou um erro crasso de
concordância na opção C).
Resumindo:
VERBO CAUSATIVO/SENSITIVO + PRONOME OBLÍQUO + INFINITIVO
INFINITIVO SEM FLEXÃO
VERBO CAUSATIVO/SENSITIVO + SUBSTANTIVO + INFINITIVO O VERBO PODE
OU NÃO FLEXIONAR-SE (depende do autor, há divergência doutrinária) = busque nas
demais opções a resposta.
1.4 – ALTERAÇÃO GRÁFICA DOS VERBOS EM FUNÇÃO DA COLOCAÇÃO DOS
PRONOMES
Quando os pronomes átonos o, a, os, as se associam a uma forma verbal, pode haver
alterações gráficas nessa última:
- verbos terminados em r, s, z – caem essas consoantes e os pronomes são grafados
sob as formas lo, la, los, las.
Mandaram prender + o = Mandaram prendê-lo
- verbos terminados em terminação nasal (ão, õe, am, em) – os pronomes assumem
as formas no, na, nos, nas.
Sempre que meus pais têm roupas velhas, dão-nas as pobres.
1.5 - PRONOME OBLÍQUO COM VALOR POSSESSIVO
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Já falamos sobre isso nos comentários à questão 4 da aula 5 -
Sintaxe de Regência.
O pronome oblíquo pode ser usado com sentido possessivo, exercendo a função
sintática de ADJUNTO ADNOMINAL.
Roubou-lhe a voz, então não pôde mais reclamar. (= Roubou sua voz)
1.6 - COMBINAÇÕES E CONTRAÇÕES DOS PRONOMES ÁTONOS
Vamos ver agora construções raríssimas na linguagem moderna.
Quando numa mesma oração ocorrem dois pronomes átonos, um na função de objeto
direto e outro, objeto indireto, estes pronomes podem combinar-se, observadas as
seguintes regras:
o pronome se associa-se aos me, te, nos, vos, lhe(s), e NUNCA aos o(s),
a(s).
antepostos, conservam-se separados e, pospostos, ligam-se por hífen.
1) Eu quero paz. Dê-ma
ma = me (a mim) + a (a paz) = Dê a paz (= a) a mim (= me)
2) Apesar de não receber cartas minhas, envio-lhas sempre.
lhas = lhe (a ela) + as (as cartas) = Envio as cartas a ela = Envio-lhas.
3) Justiça se lhe faça.
se (pronome apassivador = Justiça seja feita / Justiça se faça) + lhe (a
ele/ela) = Justiça seja feita a ela.
1.7 - COLOCAÇÃO PRONOMINAL
Adoro essa parte da matéria! É o momento em que posso ajudá-lo(a) a nunca mais
errar uma questão sobre colocação pronominal. Basta que você estude bem o que será
apresentado a seguir.
Para começar, precisamos conhecer a terminologia que será usada.
Ênclise o pronome aparece após o verbo.
Próclise o pronome surge antes do verbo.
Mesóclise o pronome é colocado no meio do verbo.
Agora, a fim de facilitar a sua vida, resumimos a três todas as regras de colocação
pronominal: PRÓCLISE OBRIGATÓRIA / CASOS DE PROIBIÇÃO / EMPREGO
FACULTATIVO.
REGRA GERAL: ÊNCLISE
Segundo a norma culta, a regra é ênclise, ou seja, o pronome após o verbo. Isso tem
origem em Portugal, onde essa colocação é mais comum. No Brasil, o uso da próclise
(antes do verbo) é mais freqüente, por apresentar maior informalidade. Mas, como
devemos abordar os aspectos formais da língua, a regra será ênclise, usando
próclise em situações excepcionais.
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a) CASOS DE PRÓCLISE OBRIGATÓRIA:
Desde que não haja pausa (normalmente marcada na escrita pela vírgula), as
PALAVRAS INVARIÁVEIS atraem o pronome. Por “palavras invariáveis”,
entendemos as que não se flexionam (olhe o quadro da primeira aula!!!): os
advérbios; as conjunções; alguns pronomes, como o pronome relativo que,
os pronomes indefinidos quanto/como/ninguém, os pronomes
demonstrativos isso/aquilo/isto.
Ele não se encontrou com a namorada. (advérbio de negação)
Quando se encontra com a namorada, ele fica muito feliz. (conjunção)
Havendo pausa, não ocorre a atração.
Aqui se aprende a estudar.(sem pausa, advérbio atrai)
Aqui, aprende-se a estudar. (com pausa, recai na regra geral)
ORAÇÕES EXCLAMATIVAS ou que expressam desejo, chamadas de
OPTATIVAS – próclise obrigatória.
“Vou te matar!”
“Que Deus o abençoe!”
“Macacos me mordam!”
ORAÇÕES SUBORDINADAS
“... e é por isso que nele se acentua o pensador político”
(oração subordinada adverbial causal)
Há pessoas que nos querem bem.
(oração subordinada adjetiva restritiva)
Não se preocupe com esses “nomes e sobrenomes” das orações. Tudo isso será objeto
de aula específica (Períodos).
b) CASOS DE PROIBIÇÃO:
Iniciar período com pronome - a forma correta é: Dá-me um copo d’água (e
não “Me dá”), Permita-me fazer uma observação (e não “Me permita”);
Pronome átono após verbo (ênclise) no particípio, no futuro do presente e
no futuro do pretérito. Com essas formas verbais, usa-se a próclise (desde
que não caia na proibição acima – iniciar período), modifica-se a estrutura
(troca o “me” por “a mim”) ou, no caso dos futuros, emprega-se o pronome
em mesóclise.
Concedida a mim a licença, pude começar a trabalhar.
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(Não havia outra saída. A troca foi necessária por não podermos colocar o pronome
após o particípio - “concedida-me” – nem iniciar período com ele – “me concedida”
esse são dois CASOS DE PROIBIÇÃO).
Recolher-me-ei à minha insignificância.
(Não poderia ser “recolherei-me” nem “Me recolherei” CASOS DE PROIBIÇÃO).
c) EMPREGO FACULTATIVO:
Com o verbo no INFINITIVO, mesmo que haja uma palavra “atrativa”,
a colocação do verbo pode ser enclítica (após o verbo) ou proclítica
(antes do verbo). Tanto faz, desde que não recaia em um dos casos
proibidos (como iniciar período).
Para não me colocar em situação ruim, encerrei a conversa.
Para não colocar-me em situação ruim, encerrei a conversa.
Assim, com infinitivo está sempre certa a colocação, desde que não
caia em um caso de proibição (começar período, por exemplo).
CUIDADO!!!
NÃO CONFUNDA INFINITIVO COM FUTURO DO SUBJUNTIVO – Na maior parte
dos verbos, essas formas são iguais (para comprar = INFINITIVO /quando comprar
= FUTURO DO SUBJUNTIVO).
Contudo, a regra da colocação pronominal só se aplica ao infinitivo. Se o verbo
estiver no futuro do subjuntivo, aplica-se a regra geral.
Para ter certeza de que é o infinitivo mesmo e não o futuro do subjuntivo, troque o
verbo por um que apresente formas diferentes, como o verbo trazer (para trazer /
quando trouxer), fazer (para fazer/ quando fizer), pôr (para pôr/ quando puser),
e tire a prova dos noves. Se for infinitivo, pode colocar o pronome antes ou depois,
tanto faz. De qualquer jeito, estará certo, mesmo que haja uma palavra atrativa
(invariável).
Observação importante: quando houver DUAS palavras invariáveis, o pronome
poderá ser colocado entre elas. A essa intercalação dá-se o nome de APOSSÍNCLISE.
“Para não levar-me a mal, irei apresentar minhas desculpas.” – como vimos, com
infinitivo está sempre certa a colocação (caso facultativo), mesmo que haja uma
palavra invariável (no caso, são duas – para e não).
COLOCAÇÕES IGUALMENTE POSSÍVEIS:
(1) “Para não me levar a mal, ...”- O pronome foi atraído pelo advérbio não.
(2) “Para me não levar a mal, ...” – O pronome foi atraído pela preposição para.
1.8 - COLOCAÇÃO PRONOMINAL EM LOCUÇÃO VERBAL
Locuções verbais são construções que apresentam um só conceito verbal sob a forma
de um verbo auxiliar (ou mais) e um verbo principal. O auxiliar (o primeiro, no caso de
mais de um) irá se flexionar, enquanto que o verbo principal ficará em uma das
formas nominais: infinitivo, particípio ou gerúndio (assim como os demais auxiliares).
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Em relação à colocação pronominal, valem os conceitos já apresentados.
1 – COM INFINITIVO ESTÁ SEMPRE CERTO;
2 – COM GERÚNDIO – ARROZ COM FEIJÃO: REGRA GERAL É ÊNCLISE – HAVENDO
PALAVRA INVARIÁVEL, O PRONOME É ATRAÍDO (PRÓCLISE);
3 – COM PARTICÍPIO, A ÊNCLISE (PRONOME APÓS O VERBO) É PROIBIDA.
A colocação do pronome será analisada em relação a cada um dos verbos que
compõem a locução.
COM O VERBO PRINCIPAL NO INFINITIVO
1. PRONOME EM RELAÇÃO AO VERBO AUXILIAR
- Eu lhe devo pedir um favor. Próclise ao verbo auxiliar – CERTO
Ainda que a regra seja a ênclise,
modernamente não se condena a próclise
em estruturas como essa, desde que não
recaia em algum caso de proibição (iniciar
período, por exemplo).
- Não lhe devo pedir um favor. Próclise ao verbo auxiliar - CERTO
Como o advérbio atrai, está CERTÍSSIMA
a colocação! Caso de próclise
obrigatória.
- Eu devo-lhe pedir um favor. Ênclise ao verbo auxiliar – CERTO
- Não devo-lhe pedir um favor. Ênclise ao verbo auxiliar – ERRADO.
O advérbio atrai o pronome, devendo ser
empregada a próclise.
2. PRONOME EM RELAÇÃO AO VERBO PRINCIPAL
- Eu devo lhe pedir um favor. A norma culta condena a próclise ao verbo
principal, ou seja, o pronome “solto” no
meio da locução verbal.
Na linguagem coloquial, é o mais usado.
- Não devo lhe pedir um favor. Note que o advérbio está próximo do
verbo auxiliar, e não do principal.
Este verbo auxiliar atua como uma pausa,
reduzindo o “poder” da palavra invariável.
Como já mencionamos, a norma culta
condena essa colocação “solta” do
pronome no meio da locução.
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- Eu devo pedir-lhe um favor. Ênclise em relação ao verbo principal –
CERTO. Essa é a construção abonada pela
gramática normativa.
Não devo pedir-lhe um favor. Como já observamos, há uma “distância”
entre o advérbio e o verbo principal.
Assim, está CORRETA a colocação do
pronome após o verbo.
COM O VERBO PRINCIPAL NO GERÚNDIO (igualzinho ao anterior)
1. PRONOME EM RELAÇÃO AO VERBO AUXILIAR
Eu lhe estou pedindo perdão. Próclise ao verbo auxiliar – CERTO
Não lhe estou pedindo perdão. Próclise ao verbo auxiliar - CERTO
Como o advérbio atrai, está CERTÍSSIMA
a colocação!
Caso de próclise obrigatória.
Eu estou-lhe pedindo perdão. Ênclise ao verbo auxiliar – CERTO
Não estou-lhe pedindo perdão. Ênclise ao verbo auxiliar – ERRADO.
O advérbio atrai o pronome, devendo ser
empregada a próclise.
2. PRONOME EM RELAÇÃO AO VERBO PRINCIPAL
Eu estou lhe pedindo perdão. A norma culta condena a próclise ao verbo
principal, ou seja, o pronome “solto” no
meio da locução verbal.
Na linguagem coloquial, é o mais usado.
Não estou lhe pedindo perdão. Note que o advérbio está próximo do
verbo auxiliar, e não do principal.
Este verbo auxiliar atua como uma pausa,
reduzindo o “poder” da palavra invariável.
Como já mencionamos, a norma culta
condena essa colocação “solta” do
pronome no meio da locução.
Eu estou pedindo-lhe perdão. Ênclise em relação ao verbo principal –
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CERTO.
Essa é a construção abonada pela
gramática normativa.
Não estou pedindo-lhe perdão. Como já observamos, há uma “distância”
entre o advérbio e o verbo principal.
Assim, está CORRETA a colocação do
pronome após o verbo principal.
COM O VERBO PRINCIPAL NO PARTICÍPIO
1. PRONOME EM RELAÇÃO AO VERBO AUXILIAR
Eu lhe tenho obedecido. Próclise ao verbo auxiliar – CERTO
Não lhe tenho obedecido. Próclise ao verbo auxiliar - CERTO
Como o advérbio atrai, está CERTÍSSIMA
a colocação!
Caso de próclise obrigatória.
Eu tenho-lhe obedecido. Ênclise ao verbo auxiliar – CERTO
Não tenho-lhe obedecido. Ênclise ao verbo auxiliar – ERRADO.
O advérbio atrai o pronome, devendo ser
empregada a próclise.
2. PRONOME EM RELAÇÃO AO VERBO PRINCIPAL
Eu tenho lhe obedecido. A norma culta condena a próclise ao verbo
principal, ou seja, o pronome “solto” no
meio da locução verbal.
Na linguagem coloquial, é o mais usado.
Não tenho lhe obedecido. Note que o advérbio está longe do verbo
principal.
Este verbo auxiliar atua como uma pausa,
reduzindo o “poder” da palavra invariável.
Como já mencionamos, a norma culta
condena essa colocação “solta” do
pronome no meio da locução, construção
bastante comum na linguagem coloquial.
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Eu tenho obedecido-lhe. (ERRADO!) Está INCORRETA a colocação do
Não tenho obedecido-lhe. (ERRADO!) pronome após o verbo principal, pois ele
está no PARTICÍPIO, e pronome após
particípio é um dos casos de PROIBIÇÃO.
Veja, agora, como esse assunto já foi abordado em prova.
(CESGRANRIO / MPE RO / 2005)
Indique a opção em que o pronome oblíquo NÃO está colocado corretamente,
de acordo com a norma culta.
(A) O professor levou a moto para ser consertada – levou-a.
(B) O professor levará a moto para ser consertada – levá-la-á.
(C) O professor levaria a moto para ser consertada – a levaria.
(D) O professor tinha levado a moto para ser consertada – tinha levado-a.
(E) O professor estava levando a moto para ser consertada – a estava levando.
A banca apresentou a letra d como o gabarito, e cheia de razão para isso. O pronome
está INDEVIDAMENTE após um verbo no PARTICÍPIO, um dos casos de proibição.
Veja as demais opções:
a) Construção certinha. Como vimos, segundo a norma culta, a regra é a ênclise.
Assim, a forma “levou-a” é abonada pela gramática.
b) Em “levá-la-á” temos um caso de mesóclise. A forma verbal está no futuro do
presente do indicativo. Seria válida também a próclise, uma vez que o pronome não
iria iniciar período: “O professor a levará ...”. Aproveite para observar a acentuação
dessa forma mesoclítica. Cada segmento é considerado um vocábulo para as regras de
acentuação (lá do início do nosso curso, lembra-se ainda?).
c) Como o verbo está no futuro do pretérito do indicativo (levaria), o examinador
apresentou o pronome proclítico ao verbo. Também estaria correta a forma
mesoclítica: O professor levá-la-ia.
e) Desta vez, optou-se pela próclise em relação à locução verbal (O professor a estava
levando). As demais colocações possíveis seriam: O professor estava-a levando
(ênclise ao verbo auxiliar, menos recomendável por formar um eco “va-a”) ou
O professor estava levando-a (ênclise ao verbo principal).
Como podemos ver, nenhuma das opções apresentou próclise ao verbo principal
(aquela do pronome ‘solto’ no meio da locução verbal).
1.9 – PRONOMES DE TRATAMENTO
Entre os pronomes pessoais, destacam-se os pronomes de tratamento, que são usados
no trato com as pessoas.
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O pronome a ser utilizado vai depender da intimidade (você, senhor, senhora) e/ou da
cerimônia que se tenha com essa pessoa, de acordo com seu cargo, função, título etc.
Esses são pronomes da segunda pessoa do discurso, ou seja, representam a pessoa
com quem falamos. Para isso, usamos um pronome de 2ª pessoa (vós) – Vossa
Majestade, Vossa Excelência, Vossa Senhoria etc.
Não obstante serem usados ao nos dirigirmos a alguém (2ª pessoa do discurso), esses
pronomes de tratamento levam o verbo e os pronomes possessivos à 3ª pessoa:
Vossa Excelência tem manifestado sua opinião.
Para simplificar, basta lembrar o mais famoso pronome de tratamento: VOCÊ.
Tudo o que acontece com VOCÊ vai acontecer com qualquer outro pronome de
tratamento.
Você sabia que seu desempenho em Português tem melhorado bastante?
Então, se usássemos “Vossa Senhoria”, a construção seria:
Vossa Senhoria sabia que seu desempenho em Português tem melhorado bastante?
Isso tudo se explica: originalmente, a forma de tratamento era “Vossa Mercê”, que
variou para “vosmecê”, dando origem a “você”. Hoje em dia, na linguagem cotidiana,
chegamos a abreviar ainda mais: falando, usamos “cê" (‘Cê soube da última?); na
escrita, é comum colocarmos “vc”, especialmente em textos coloquiais e da internet.
Assim, encolhemos cada vez mais o pobrezinho! Qualquer dia ele some... rs...
Quando nos referimos a pessoa de cerimônia (sem nos dirigirmos a ela), o pronome a
ser usado passa a ser de 3ª pessoa: Sua Majestade, Sua Excelência, Sua Senhoria etc.
Raramente, esse tema é objeto de prova. Vejamos uma dessas raras questões:
(FUNDEC / TRT 2ª Região / 2003)
Se na festa de inauguração dos trens alguém resolvesse dirigir-se ao
Governador do Estado para agradecer a obra realizada, usando uma linguagem
correta e adequada, deveria expressar-se de acordo com a forma da opção:
A) Senhor Governador, Vossa Excelência tem conhecimento das dificuldades do
povo e sabe que todos lhe são extremamente agradecidos por esta obra.
B) Senhor Governador, Vossa Excelência tendes conhecimento das dificuldades
do povo e sabeis que todos lhe são extremamente agradecidos por esta obra.
C) Senhor Governador, Sua Excelência tem conhecimento das dificuldades do
povo e sabe que todos lhe são extremamente agradecidos por esta obra.
D) Senhor Governador, Sua Excelência tens conhecimento das dificuldades do
povo e sabes que todos te são extremamente agradecidos por esta obra.
E) Senhor Governador, Vossa Senhoria tem conhecimento das dificuldades do
povo e sabe que todos te são extremamente agradecidos por esta obra.
Para nos dirigirmos cerimoniosamente a uma autoridade, usamos o pronome de
tratamento “Vossa Excelência”. Quem acompanha os debates do Congresso Nacional
vê que cortesia e cerimônia se resumem ao emprego do pronome – o teor do discurso
e o timbre da voz derrubam qualquer centelha de respeito entre os parlamentares.
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De volta à questão, vamos eliminar a opção e, por apresentar a forma “Vossa
Senhoria”, que se usa especialmente em ofícios, correspondências e outros
tratamentos cerimoniosos a pessoas “comuns”.
Vimos que os pronomes de tratamento, apesar de se dirigem às segundas pessoas do
discurso (com quem se fala), levam o verbo e os pronomes para a 3ª pessoa
(exatamente como faz o pronome “você”). Então, podemos eliminar, também, as
opções b e d (que empregam verbos nas segundas pessoas, respectivamente do plural
e do singular: tendes/tens).
Ao nos dirigirmos à pessoa do Governador (como indica o enunciado), devemos usar o
pronome sob a forma de “Vossa Excelência” (pronome de 2ª), como apresentado na
opção a (gabarito), e não “Sua Excelência”, utilizado em referência a ele (O
Governador chegou à capital. Sua Excelência – ELE - deve permanecer na cidade até
sexta-feira – pronome de 3ª pessoa).
2. POSSESSIVOS
Esses pronomes referem-se às pessoas do discurso, atribuindo-lhes posse dos
elementos possuídos.
PESSOA POSSESSIVOS
1ª – EU MEU, MINHA, MEUS, MINHAS
SINGULAR
2ª – TU TEU, TUA, TEUS, TUAS
3ª – ELE / ELA / VOCÊ SEU, SUA, SEUS, SUAS
1ª – NÓS NOSSO, NOSSA, NOSSOS, NOSSAS
PLURAL
2ª – VÓS VOSSO, VOSSA, VOSSOS, VOSSAS
3ª – ELES / ELAS / VOCÊS SEU, SUA, SEUS, SUAS
Algumas bancas examinadoras exploram bastante a referência textual, solicitando que
o candidato indique a qual elemento se refere o pronome possessivo. Muitas vezes, é
preciso voltar a ler o texto para identificar a relação entre os vocábulos destacados
pelo examinador.
O pronome varia em gênero e número de acordo com a coisa possuída.
O promotor almoçou em sua casa.
Em função do emprego do pronome possessivo “sua” também em relação ao pronome
de tratamento “você”, é preciso cuidado para não gerar ambigüidade ao texto.
No exemplo acima, de quem era a casa: do promotor ou de você?
Para eliminar a confusão, lança-se mão de expressão dele(s)/dela(s).
Vimos anteriormente que os pronomes oblíquos podem ser usados com valor
possessivo. Trata-se de construção que imprime ao texto elegância.
O vento acariciava-lhe os cabelos. (= os seus cabelos / os cabelos dela)
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3. DEMONSTRATIVOS
Indicam a posição dos seres em relação às três pessoas do discurso. Essa referência
pode ser em relação a um lugar (posição espacial), a um momento (posição temporal)
ou aos elementos de um texto (referência textual).
3.1 – FUNÇÕES DOS PRONOMES DEMONSTRATIVOS
No quadro a seguir, serão apresentadas as funções dêitica, anafórica e catafórica
dos pronomes demonstrativos.
O que foi??? Algum problema?? Parece que você levou um susto com essas
expressões. Vamos entender o que cada uma delas significa.
- FUNÇÃO DÊITICA: é a capacidade de indicar um objeto sem nomeá-lo. Assim,
quando dizemos “aquele tempo era maravilhoso!”, o pronome demonstrativo indica o
tempo a que me refiro (tempo distante ocorrido no passado – usamos o pronome
“aquele” para indicá-lo).
- FUNÇÃO ANAFÓRICA e CATAFÓRICA: em relação ao texto, o pronome
demonstrativo pode se referir a algum elemento que já surgiu (referência anafórica –
passado – para trás) ou que ainda surgirá (referência catafórica – futuro – para a
frente).
PESSOA 1ª pessoa 2ª pessoa 3ª pessoa
AQUELE, AQUELA,
PRONOME ESTE, ESTA, ISTO ESSE, ESSA, ISSO
AQUILO
POSIÇÃO Perto do falante Perto do ouvinte
Longe do falante e do
ESPACIAL ouvinte
Este documento é Esse documento é Aquele documento
meu. - O documento meu. - O documento que está na mesa é
está bem próximo do está bem próximo do seu? - O documento
falante (ou mesmo em ouvinte. está distante tanto do
suas mãos). falante quanto do
ouvinte.
POSIÇÃO Em referência a um Em referência a um Em referência a
momento presente ou momento passado. tempos distantes, tanto
TEMPORAL
que ainda não passou. no passado quanto no
futuro.
Este ano está sendo Essa noite sonhei Naquela
proveitoso. – O ano a com ela. – A noite a oportunidade algo
que se refere está em que se refere já passou estranho ocorreu.. –
curso (momento (passado próximo). Faz-se menção a um
presente). momento que ocorreu
em um passado
remoto.
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REFERÊNCIA Em relação ao que se Em relação ao que já Em relação ao que se
vai enunciar (futuro foi mencionado encontra mais distante
TEXTUAL
próximo). anteriormente. no texto, fazendo
distinção entre dois
elementos textuais.
O problema é este: Ninguém está João e Mário
ninguém está satisfeito com você. estudam na UERJ.
satisfeito com você. Esse é o problema – Este, Física; aquele,
–ainda será O pronome faz menção Letras. – O pronome
mencionado aquilo que ao que já foi “este” (Mário) faz
é indicado pelo apresentado . menção ao mais
pronome. próximo, enquanto que
“aquele” (João) se
refere ao mais
distante.
Em relação às referências textuais, podemos simplificar a sua vida um pouquinho. Veja
a seguir um método para memorizar o correto emprego dos pronomes demonstrativos.
3.2 - PRONOMES DEMONSTRATIVOS EM REFERÊNCIAS TEXTUAIS
Quando um pronome demonstrativo faz referência a algo já mencionado no texto, ou
seja, a algo que está no “paSSado” do texto, deve-se usar ESSE / ESSA / ISSO (com o
SS do paSSado). Se a referência ainda vier a ser apresentada (pertence ao fuTuro),
usa-se ESTE / ESTA / ISTO (com o T do fuTuro) – gostou dessa dica mnemônica?
Modernamente, reduziu-se o rigor no emprego do pronome demonstrativo em
referências textuais, inclusive em relação às provas (veremos em seguida). Contudo,
em textos formais, deve-se observar o correto emprego dos pronomes demonstrativos.
Veja como isso foi explorado em uma questão de prova da ESAF.
(TRF 2002.1) Assinale a opção em que uma das duas possibilidades de redação
está gramaticalmente incorreta.
a) A economia americana sobreviveu a muitos percalços e, até o início da curta e
moderada recessão, da qual parece começar a emergir, conheceu nove anos de
uma das mais exuberantes expansões de sua história. / A economia americana
sobreviveu a muitos percalços e conheceu nove anos de uma das mais
exuberantes expansões de sua história até o início da curta e moderada recessão,
de que parece começar a emergir.
b) O professor Paul Kennedy, figura expressiva da “escola do declínio” na década
de 80, confessa ter mudado de posição. Temia o pior em 1985, quando o esforço
militar consumia 45% do PIB. / Figura expressiva da “escola do declínio” na
década de 80, o professor Paul Kennedy confessa que mudou de posição. Temia
o pior em 1985, quando o esforço militar consumia 45% do PIB.
c) Pensa hoje que se tornou barato adquirir a hegemonia ao preço de 3,8% de
PIB florescente e produtividade que permite encarar sem susto o momento
próximo em que os EUA gastarão com a defesa US$ 1 bilhão por dia. / Seu
pensamento hoje é esse: tornou-se barato adquirir a hegemonia ao preço de
3,8% de PIB florescente e produtividade que permite encarar sem susto o
momento próximo em que os EUA gastarão com a defesa US$ 1 bilhão por dia.
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d) Não quer isso dizer que os americanos sejam onipotentes ou possam ignorar
para sempre alguns ameaçadores desequilíbrios de sua economia e as reações do
resto do mundo. / Não quer isso dizer que os americanos sejam onipotentes ou
que alguns ameaçadores desequilíbrios de sua economia e as reações do resto do
mundo possa por eles serem ignorados para sempre.
e) Significa apenas reconhecer que a atual configuração do poder mundial está
longe do declínio e que um país como os Estados Unidos tem uma extraordinária
capacidade para recuperar-se de erros que para outros seriam provavelmente
fatais. / Significa apenas o reconhecimento de que a atual configuração do poder
mundial está longe do declínio e de que um país como os Estados Unidos tem
uma extraordinária capacidade para recuperar-se de erros que para outros
seriam provavelmente fatais.
(Itens adaptados de Rubens Ricupero)
O gabarito foi a letra d. O segundo segmento apresenta um erro de construção da
locução verbal: alguns ameaçadores desequilíbrios de sua economia e as reações
do resto do mundo possa por eles serem ignorados.
O sujeito é composto e tem dois núcleos: desequilíbrios e reações. Em uma locução
verbal que apresente dois verbos auxiliares (poder + ser + ignorar), o que se flexiona
é o primeiro verbo auxiliar (PODER), enquanto que o segundo auxiliar e o verbo
principal ficam sob formas nominais (respectivamente, infinitivo e particípio). O
correto, portanto, seria “possam ser ignorados”.
O que nos interessa, para esta aula de PRONOMES, é observar a opção c. Este item foi
considerado CORRETO pela banca da ESAF.
Note que, no segundo segmento, o autor usa o pronome demonstrativo esse em
referência catafórica (algo que ainda será mencionado – para frente): “Seu
pensamento hoje é esse: tornou-se barato adquirir a hegemonia ...”.
Isso, segundo os puristas, seria um erro. Contudo, a banca indicou esse item como
correto, reforçando a tese de que se reduziu o rigor gramatical no emprego do
pronome demonstrativo em relação aos elementos textuais.
E na hora da prova, o que fazer??? Neste caso, o candidato, para indicar a forma
incorreta, estava diante de uma forma duvidosa de referência pronominal (em vez de
“este” foi empregado “esse”) e de uma locução verbal com construção totalmente
inaceitável. Ele deveria ficar com a segunda. Analise todas as opções antes de marcar.
3.3 – CONTRAÇÃO DO PRONOME COM PREPOSIÇÃO
Pode ocorrer a contração dos pronomes demonstrativos com as preposições a, de e
em.
Àquela hora morta da madrugada, todos dormiam.
Daquele dia em diante, nunca mais fumei.
Ficaremos nesta posição até você chegar.
OBSERVAÇÃO: Em expressões de tempo (dia, mês, ano, dia da semana), pode-se
omitir a preposição em. Na linguagem formal, recomenda-se manter a preposição.
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Vou viajar (n)este ano.
(N)esta segunda-feira, será divulgado o resultado do concurso.
“(No) Domingo, eu vou ao Maracanã,...”
3.4 OUTROS PRONOMES DEMONSTRATIVOS
O pronome o (e flexões - a, os, as) também pode ser demonstrativo e aparecer junto
ao relativo que ou da preposição de, equivalendo a aquele(s)/ aquela(s) /aquilo.
Fiz o que você mandou.
Somos o que podemos ser.
Prefiro a da direita.
Pode também figurar sozinho, equivalendo a “isto, isso, aquilo”.
Ele me pediu para sair da sala, e o fiz. (fiz isso – “sair da sala”)
Nesse caso, quando um pronome demonstrativo faz referência a algum elemento do
texto, quer antecedente (referência anafórica), quer subseqüente (referência
catafórica), lança-se mão de um recurso lingüístico para evitar a repetição de palavras,
expressões ou mesmo orações:
“Os sem-terra ameaçavam invadir a fazenda e isso aconteceu no último domingo.”.
(isso = invadir a fazenda).
“Para obter a aprovação em um concurso público, são necessários estes elementos:
estudo, dedicação e persistência.” (estes = estudo, dedicação e persistência).
Esse pronome demonstrativo (o) pode, inclusive, representar toda a oração:
Sua mãe não era fácil, ele mesmo o sabia (= que sua mãe não era fácil).
Aparecem ainda como demonstrativos os vocábulos tal, mesmo, próprio e
semelhante, quando equivalerem aos casos já citados.
Vimos, inclusive, na aula sobre Concordância (Aula 3 – item 1.5) que, como pronomes
demonstrativos, essas palavras se flexionam em gênero e número com o substantivo
que acompanham.
Estamos no mesmo lugar. (NESSE LUGAR)
Tal atitude é inaceitável. (ESSA ATITUDE)
Lucas errou e doeu-se por semelhante descuido. (ESSE DESCUIDO)
Como realce, estes pronomes também se harmonizam com o substantivo
correspondente:
Elas chegaram à conclusão por si próprias, por si mesmas.
Não há respaldo para o emprego do vocábulo mesmo (e variantes) no lugar de um
substantivo, como se observa atualmente na linguagem coloquial:
Para abrir a porta, bata até que a mesma quebre. (Ui! Essa doeu!!)
Para evitar esse tipo de construção, sugerem os gramáticos a substituição por
pronomes pessoais ou demonstrativos, por um sinônimo ou até mesmo a repetição da
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palavra. Tudo menos esse mostrengo (é assim mesmo que se escreve essa palavra –
se não acreditar, procure o Aurélio!).
Não confunda esse pronome MESMO (demonstrativo) com:
a) a palavra denotativa de inclusão mesmo (equivalente a até).
Mesmo uma ameba retardada seria capaz de entender aquela lição.
(Esse exemplo é uma homenagem ao Godinho – prof. Matemática/RJ!)
b) advérbio mesmo, equivalente a “realmente”, “de fato”, “de verdade”.
O que ela queria mesmo era me atingir.
Uma dica: palavras denotativas e advérbios são INVARIÁVEIS!
4 - INDEFINIDOS
Como o próprio nome já indica, referem-se à terceira pessoa com sentido vago ou
indeterminado.
São exemplos: algum, nenhum, todo, outro, muito, certo, vários, demais, tanto,
quanto, qualquer, alguém, ninguém, tudo, outrem, nada, cada, algo, mais,
menos, que, quem, (LOCUÇÕES) cada qual, qualquer um, quem quer etc.
4.1 – OBSERVAÇÕES SOBRE ALGUNS PRONOMES INDEFINIDOS
ALGUM - O pronome indefinido algum, posposto ao substantivo, assume valor
negativo:
Problema algum irá me fazer desistir de estudar. (=NENHUM PROBLEMA)
Acredite se puder: esse conceito já caiu em prova:
(NCE UFRJ / INCRA / 2005)
38 - Assinale a opção em que a mudança na ordem dos termos altera
substancialmente o conteúdo semântico do enunciado:
(A) Algum valor deve ser dado a este tipo de quadro / A este tipo de quadro, valor
algum deve ser dado;
(B) São duas estas ofertas especiais / Estas ofertas especiais são duas;
(C) Qualidades que são pelos inimigos reconhecidas / Qualidades que são
reconhecidas pelos inimigos;
(D) É isto que permite ao professor ganhar um melhor salário / Isto é que permite
ao professor ganhar um melhor salário;
(E) Esta qualidade intelectual pode ser construída aos poucos / Pode esta qualidade
intelectual ser construída aos poucos.
A resposta foi, logicamente, a letra A.
Em “algum problema”, o pronome indica a existência de pelo menos um problema. Já
em “problema algum”, o pronome passa a ter valor negativo, indicando a presença de
nenhum problema.
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DEMAIS - Não confunda o pronome indefinido demais com o advérbio homônimo.
Esse vocábulo é indefinido quando equivale a ‘outros’ e se referem a substantivos. Já o
advérbio indica intensidade, modificando um verbo (Ele bebe demais), adjetivo (Ele é
alto demais) ou um advérbio (Ele fala alto demais).
Fiquei com dois cãezinhos. Os demais (= OUTROS) foram vendidos na feira.
QUALQUER – É o único vocábulo da língua portuguesa que se flexiona “no meio” –
quaisquer – em virtude do processo de formação (pronome indefinido qual + verbo
quer).
TODO – Existe diferença entre o emprego desse pronome diretamente ligado ao
substantivo e acompanhado de um artigo. Isso só acontece no singular.
No primeiro caso, assume valor indefinido:
Toda criança tem direito a assistência familiar. (= qualquer criança)
No segundo caso, acompanhado de artigo, passa a significar “inteiro”.
Toda a criança ficou machucada. (= a criança toda – inteira)
Treine agora essa distinção em:
TODO LIVRO É INTERESSANTE x TODO O LIVRO É INTERESSANTE
Na primeira oração, o autor demonstra prazer na leitura. Acha que qualquer livro (todo
livro) é interessante.
Já na segunda, ele se refere especificamente a um livro, dizendo que ele é
interessante, do começo ao fim (todo o livro).
5 - INTERROGATIVOS
Como os pronomes indefinidos (que no fundo também são), referem-se à terceira
pessoa de modo vago em interrogações (diretas e indiretas)
As diretas exigem uma resposta imediata e terminam com um ponto de interrogação.
Já as indiretas se constroem em períodos compostos (normalmente com verbos saber,
ver, verificar, ignorar etc.) e não terminam com ponto de interrogação (com ponto
final, reticências etc).
Quem vai à praia? / Eu não sei o que você tem feito.
Cuidado para não confundir certos pronomes indefinidos com pronomes relativos de
mesma grafia.
Os pronomes indefinidos formam perguntas, mesmo que indiretamente.
Não sei quantas velas serão colocadas em seu bolo de aniversário.
Quantas velas serão colocadas?
Já os pronomes relativos possuem referentes que já foram mencionados.
Coloque tantas velas quantas sejam necessárias.
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O pronome relativo quantas se refere a velas. Não poderia ser construída uma oração
interrogativa direta, como no exemplo anterior.
6 - RELATIVOS
Sem medo de errar, afirmo que a maior parte das questões de prova que tratam de
PRONOMES exploram o conhecimento do candidato acerca do emprego dos PRONOMES
RELATIVOS.
6.1 - DEFINIÇÃO
Os pronomes relativos referem-se a termos antecedentes. Já falamos sobre
concordância e regência com pronomes relativos. Agora, veremos quais são esses
pronomes e como devem ser empregados na oração subordinada adjetiva que
iniciam, especialmente em relação aos seus referentes e ao emprego de preposição.
Sempre que abordo “pronomes relativos”, lembro a história da Branca de Neve (é
sério!!!) – dos sete anões, seis apresentavam características particulares e fisicamente
eram parecidos (pareciam gnomos); somente um deles se destacava dos demais – era
completamente diferente (parecia um duende, era mudo) e recebia tratamento
especial (dizem que era o preferido da princesa).
Agora, vamos fazer uma analogia com os pronomes relativos.
Os pronomes que/o qual, onde, quando, quanto, como e quem devem ser usados,
cada qual, de acordo com seus próprios referentes, mas, grosso modo, fazem a
mesma coisa - referência a um substantivo antecedente.
Já “cujo” (o “Dunga” do grupo e, sem dúvida, o predileto das bancas examinadoras) é
diferente de todos – liga dois substantivos com “idéia de posse” (coisa que os outros
não fazem), flexiona-se em gênero e número com o substantivo subseqüente (coisa
que os outros também não fazem – “o qual” varia, mas de acordo com o antecedente).
Talvez seja esse o motivo de tanta gente já ter abolido o pobrezinho do seu dia-a-dia
(mataram o Dunga, e não é o técnico da nossa seleção – é o pronome CUJO!!!),
usando o “que” indevidamente no seu lugar.
Não é raro ouvirmos esse erro por aí, inclusive em músicas. Veja um exemplo disso:
Eu presto atenção em cores que eu não sei o nome/ Cores de Almodóvar/ Cores de
Frida Khalo... cores
(Esquadros – Adriana Calcanhoto)
O que ela não sabe? O nome das cores.
Então, a construção seria: Eu presto atenção em cores cujos nomes não sei.
Mas NINGUÉM IA CANTAR ISSO AÍ!!! A música não faria tanto sucesso...rs...
Vou passar um “dever de casa” para vocês: quero ver quem encontra uma música
cuja letra (gostou dessa?) tenha o pronome CUJO (ou variantes) usado de forma
correta.
Confesso que não consegui encontrar nenhum exemplo para colocar aqui.
Pode ser sertaneja, rock, pop... qualquer uma, desde que use o “cujo” certinho. Vou
aguardar as mensagens no fórum. Vamos ver se alguém consegue... Está lançado o
desafio!
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6.2 – CARACTERÍSTICAS DOS PRONOMES RELATIVOS
QUE Pode ser usado com qualquer antecedente, por isso chamado de “pronome
relativo universal”. Normalmente é empregado em relação a “coisa”, já que
os demais referentes têm pronomes relativos específicos (lugar, quantidade,
modo).
Aceita somente preposições monossilábicas, exceto sem e sob.
O QUAL Assim como “que”, pode ser usado com qualquer antecedente. Aceita
preposição com duas ou mais sílabas, locuções prepositivas, além de sem e
sob (rejeitadas pelo “que”).
É usado quando o referente se encontra distante ou para evitar
ambigüidade: Visitei a tia do rapaz que sofreu o acidente.
Quem se acidentou? O rapaz ou a tia dele? Para evitar a dúvida, uso “o
qual” para ele ou “a qual” para ela.
QUEM Somente usado com antecedente PESSOA. Sempre virá antecedido de
preposição – Ele é o rapaz de quem lhe falei.
ONDE Utilizado quando o referente for lugar, ou qualquer coisa que a isso se
assemelhe (livro, jornal, página etc.) – “A gaveta onde guardei o dinheiro foi
arrombada.”; pode ser substituído por “em que”.
COMO Usado com antecedente que indique MODO ou MANEIRA – O jeito como
escreve mostra a pessoa que é.
QUANDO O antecedente dá idéia de TEMPO, também equivalente a “em que” – Época
de ouro era aquela, quando todos andavam tranqüilos pelas ruas.
QUANTO O antecedente dá idéia de QUANTIDADE - normalmente precedido de um
pronome indefinido (tudo, tanto(s), todos, todas) – Tenho tudo quanto
quero. Leve tantos quanto quiser.
Esses pronomes relativos representam sempre substantivos ou pronomes substantivos
nas orações adjetivas que formam.
Mais uma vez alertamos para não confundi-los com pronomes interrogativos que idêntica
grafia. Estes não têm antecedentes e podem aparecer em orações interrogativas diretas
ou indiretas (Quem bateu? / Não sei onde moras/ Quanto custa? / Como farei? / Preciso
saber quando estará pronto o almoço. / Que gostaria de saber?).
CUJO (e flexões) – o mais especial de todos; liga dois substantivos indicando idéia
de posse (entre os substantivos, haveria uma preposição de) – “O rapaz cuja mãe
faleceu recentemente procurou por você.” (mãe do rapaz faleceu – rapaz cuja mãe
faleceu); concorda com o substantivo subseqüente, flexionando-se em gênero e número,
e dispensa o artigo (não existe “cujo o” ou “cuja a”);
DICA:
Ao usar o pronome relativo, verifique:
1 – qual deve ser o pronome mais adequado, a depender do antecedente
(coisa, pessoa, tempo, modo, lugar...);
2 – se o algum termo na oração adjetiva exige preposição.
Para não errar, os conceitos de regência devem estar “vivinhos” em sua memória.
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Exemplo:
(1) Este é o livro | que ganhei.
Oração principal: Este é o livro
Oração subordinada adjetiva: que ganhei - O verbo ganhar é transitivo direto (eu
ganhei o livro) e não rege preposição.
(2) Este é o livro | a que me referi.
Oração principal: Este é o livro
Oração subordinada adjetiva: a que me referi – o verbo referir-se é indireto e
rege a preposição a (eu me referi ao livro). Por isso, a preposição antecede o pronome
relativo, que está no lugar do termo regido – “livro”.
(3) Aquele é o professor | por quem eu tenho muita admiração.
Oração principal: Aquele é o professor
Oração subordinada adjetiva: por quem eu tenho muita admiração – o substantivo
admiração rege preposição por, que antecede o pronome relativo que substitui o
termo regido – “professor” (eu tenho muita admiração pelo professor).
Algumas bancas, como a Fundação Carlos Chagas, se cansam de apresentar questões
que envolvem o emprego de preposição (sintaxe de regência) com pronomes relativos.
Veremos uma série delas nos exercícios de fixação.
Para compreender a “mecânica” da coisa, vamos treinar:
(NCE UFRJ / ARQUIVO NACIONAL Agente Adm./ 2006)
“com a qual ninguém deseja se identificar”; a utilização da preposição COM antes
do pronome relativo QUE se deve à regência cobrada pelo verbo IDENTIFICAR-
SE. A alternativa em que houve erro num caso semelhante de regência é:
(A) da qual ninguém desejava afastar-se;
(B) contra a qual ninguém queria lutar;
(C) com a qual ninguém discordava;
(D) sem a qual ninguém podia sair;
(E) pela qual ninguém escapava.
O enunciado já ajuda o candidato. Ele apresenta a regência do verbo identificar-se:
Alguém se identifica COM alguma coisa/alguém.
O candidato deve marcar o item que apresenta erro no emprego da preposição antes
do pronome relativo. Para isso, deverá analisar a regência de cada um dos verbos.
A) ninguém desejava afastar-se – O verbo afastar-se (pronominal) rege a
preposição de: Alguém se afasta de algum lugar.
Por isso, está correto o emprego da preposição antes do pronome relativo “a qual”: da
qual ninguém desejava afastar-se.
B) contra a qual ninguém queria lutar – Vamos verificar a regência do verbo lutar:
Alguém luta contra algo ou alguém. Como devemos usar uma preposição dissílaba, o
único pronome relativo cabível é “a qual”. Está certa.
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C) com a qual ninguém discordava. O verbo discordar rege a preposição de, e não
“com”. Alguém discorda de alguma coisa. Por isso, está INCORRETA essa construção.
Esse é o gabarito. A forma correta seria: da qual ninguém discordava.
D) sem a qual ninguém podia sair – Vimos também que, com a preposição sem, não
podemos usar o pronome relativo que; assim, está correta a forma apresentada.
E) pela qual alguém escapava – Essa era a opção mais difícil. O verbo escapar
apresenta as seguintes possibilidades de regência:
- escapar a/de: livrar-se – “eu escapei de ser assaltado.”;
- escapar a ou escapar-lhe: passar despercebido, ser omitido – “esse assunto escapa
à minha memória.”;
- escapar (intransitivo): sobreviver – “O carro bateu fortemente, mas eu escapei.”;
- escapar por: fugir por algum lugar, indicando direção – o ladrão escapou pelo
telhado.
Como outra opção (C) apresentou um erro grosseiro de regência (C), não resta dúvida
de que o examinador optou pela última construção (escapar por alguma saída = pela
qual alguém escapava).
Mais uma questão de prova.
(FGV / MPE AM / 2002)
Assinale a alternativa em que a preposição utilizada antes de cuja NÃO é a
correta.
(A) Ele é o cronista sobre cuja prosa escrevi alguns artigos.
(B) Ele é o cronista de cuja prosa já me pronunciei.
(C) Ele é o cronista com cuja prosa mais me entretenho.
(D) Ele é o cronista a cuja prosa já fiz reparos.
(E) Ele é o cronista por cuja prosa mais me interesso.
Agora, vamos botar o preconceito de lado e usar o pronome CUJO (coitadinho...).
Entre “cronista” e “prosa” (dois substantivos), há uma relação de subordinação (a
prosa do cronista).
Então, o pronome adequado é CUJO (... cronista cuja prosa...).
Não há diferença alguma em relação ao que já vimos. Identifique a preposição
porventura exigida pelo verbo da oração adjetiva e coloque-a antes do pronome
relativo, assim como você fez no exemplo anterior.
Analisando cada uma das opções:
A) Eu escrevi alguns artigos sobre a prosa do cronista = sobre cuja prosa eu
escrevi
B) Eu já me pronunciei .... a prosa do cronista – bem, no sentido de emitir opinião, o
verbo PRONUNCIAR-SE aceita as preposições / locuções prepositivas:
• em - pronunciar-se em algum assunto;
• sobre - pronunciar-se sobre algum assunto;
• acerca de - pronunciar-se acerca de algum assunto;
• a respeito de - pronunciar-se a respeito de algum assunto;
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• por - pronunciar-se por alguém (a favor ou contra).
As possibilidades seriam: Eu já me pronunciei sobre/a respeito da/ acerca da/ na
prosa do cronista. O verbo não aceita a preposição de. Essa é a opção INCORRETA.
C) Eu me entretenho com a prosa do cronista = com cuja prosa eu me entretenho
D) Eu já fiz reparos (fazer observação, comentário crítico) à prosa do cronista–
(também se admite a preposição sobre) = a cuja prosa eu fiz reparos
E) Eu me interesso pela prosa do cronista = por cuja prosa eu me interesso
Mais uma questão para treinarmos.
(FCC / BANCO DO BRASIL / 2006)
A expressão de que preenche corretamente a lacuna da frase:
(A) A privação ...... o autor não se conforma é a de itens como aspirina,
fósforos e leituras.
(B) O cronista não está nada interessado num tipo de vida ...... muita gente
aspira.
(C) Há detalhes desagradáveis da vida rústica ...... muita gente parece omitir,
no entusiasmo de seus relatos.
(D) Muitos leitores partilharão das mesmas fobias ...... o cronista enumerou em
seu texto.
(E)) Há quem veja como supérfluos os recursos urbanos ...... o cronista se
recusa a abrir mão.
Essa é a banca campeã nesse assunto.
Nessa questão, o examinador procura a opção que deve ser preenchida com DE QUE.
Para isso, o verbo da oração adjetiva deve reger a preposição DE. Vamos buscá-lo.
A) O autor não se conforma COM a privação – a preposição que antecede o pronome
relativo que é COM e não DE.
B) Muita gente aspira A um tipo de vida – também não é essa a resposta correta.
C) Muita gente parece omitir detalhes desagradáveis da vida rústica – o verbo
OMITIR é transitivo direto e não exige nenhuma preposição nesta acepção.
D) O cronista enumerou as mesmas fobias – outro verbo transitivo direto. O verbo
enumerar se liga diretamente ao seu complemento, dispensando a preposição.
E) O cronista se recusa a abrir mão DOS recursos urbanos – Ufa! Até que enfim! Já
estava ficando nervosa. Essa expressão (“abrir mão”) exige a preposição DE. É essa a
resposta correta.
Gabarito: E
6.3 – COM A EXPRESSÁO “O QUE”
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O pronome “que” sempre será um pronome relativo após o pronome demonstrativo
“O”.
Cuidado com a concordância verbal nesse caso. Por estar se referindo ao
demonstrativo (que está no singular), o relativo, na função de sujeito, leva o verbo
também para o singular:
O que importa para mim são os meus filhos.
Análise:
• o = aquilo – pronome demonstrativo
• que = pronome relativo
• o que importa = Aquilo que importa para mim são os meus filhos.
Mais um exemplo:
O que falta são recursos.
O sujeito do verbo faltar é o pronome relativo que. O verbo ser concorda com o
predicativo do sujeito, que está no plural. Essa possibilidade de concordância foi
abordada na aula específica (item 5.c da Aula 4 – Concordância parte 2).
Políticos corruptos é o que não falta nesse país.
Nessa construção, o sujeito de faltar é novamente o pronome relativo, presente no
segmento “o que não falta”.
O antecedente do pronome relativo, em todos esses casos, é o pronome demonstrativo
“o”.
Quando, em vez de sujeito, o pronome relativo é complemento verbal, todo cuidado é
pouco com a preposição exigida pelo verbo da oração adjetiva.
Preciso saber no que ele pensa.
Alguém pensa em alguma coisa. O verbo pensar rege a preposição em.
Já o verbo saber, da primeira oração, é transitivo direto (alguém sabe alguma coisa).
(eu) preciso saber isso: "aquilo em que ele pensa”.
O registro culto formal da construção deveria ser, portanto:
Preciso saber o em que ele pensa.
Já vamos começar a nos ambientar com a divisão dos períodos.
Para visualizar melhor, vamos dividir o período em orações:
1ª oração - Preciso saber o (= isso)
2ª oração - em que ele pensa. (A preposição é exigida pelo verbo pensar; por isso,
pertence à segunda oração).
Em virtude disso, há erro de regência em construção como esta:
O que mais gosto é chocolate.
Alguém gosta de alguma coisa. Há necessidade de se empregar a preposição antes do
elemento que representa essa “coisa”:
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O de que mais gosto é chocolate.
Só que a proximidade do “o” com a preposição “de” acabou formando, na linguagem
coloquial: Do que eu mais gosto é (de) chocolate.
Essa forma recebe a simpatia de muitos gramáticos, embora não seja endossada pelos
puristas.
Vamos, agora, analisar uma questão de prova da ESAF.
(Analista Comércio Exterior/ 1998)
Marque o item sublinhado que apresenta erro gramatical ou impropriedade
vocabular.
A primeira expedição científica à(A) Amazônia foi feita em 1638 por George
Marcgrave, um naturalista alemão. Até o final do século XVII, o que se
procuravam(B) eram animais exóticos, dentro da ótica do "estranho mundo novo":
peixe que dá choque, aranhas gigantes, mamíferos que vivem submersos nos rios.
Nos séculos seguintes, o objetivo passou a ser a coleta do maior número possível de
bichos de diferentes espécies. Até os anos 40, os museus estrangeiros pagavam
coletores profissionais(C) para levar espécimes(D) da fauna e flora nacionais(E) para
suas coleções. O Brasil só assumiu a pesquisa científica na Amazônia há poucas
décadas. Agora, a idéia é conhecer para preservar.
a) A
b) B
c) C
d) D
e) E
O gabarito foi letra B
O tema era concordância verbal com construção de voz passiva. Na passagem,
podemos observar a forma abordada neste último ponto – pronome demonstrativo “o”
acompanhado do pronome relativo “que”.
Vamos aproveitar para relembrar um pouco de sintaxe de concordância.
Quando um verbo de transitividade direta ou direta e indireta estiver acompanhado do
pronome se, todo cuidado é pouco: poderemos estar diante de uma construção de voz
passiva.
Para confirmação, temos de fazer duas perguntas:
1 – O verbo é transitivo direto (TD) ou transitivo direto e indireto (TDI)?
2 – Existe uma idéia passiva na construção?
Se ambas as respostas forem SIM, estamos diante de uma construção de voz passiva
e, então, o verbo deverá se flexionar de acordo com o sujeito paciente.
A existência de um objeto direto na transitividade do verbo é necessária pois, como
vimos na aula sobre verbos, o objeto direto da construção de voz ativa irá exercer a
função essencial de sujeito da voz passiva.
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Na questão de prova ora comentada, “o que se procuravam eram animais exóticos”,
temos de fazer duas análises: a primeira, em relação à construção:
1ª pergunta: O verbo é transitivo direto (TD) ou transitivo direto e indireto (TDI)?
Resposta: O verbo procurar é transitivo direto (alguém procura alguma coisa).
2ª pergunta: Existe uma idéia passiva na construção?
Resposta: Sim, existe idéia passiva – os animais eram procurados.
Conclusão: temos uma construção de voz passiva.
A segunda análise versa sobre o antecedente do pronome relativo que. Para isso,
vamos separar as orações:
Período composto: “o | que se procuravam |eram animais exóticos”
1ª oração: o [pronome demonstrativo = aquilo] eram animais exóticos – ORAÇÃO
PRINCIPAL
2ª oração: que se procuravam – ORAÇÃO SUBORDINADA ADJETIVA (lembre-se:
pronome relativo sempre inicia uma oração adjetiva!)
O pronome que é relativo e tem como antecedente o pronome demonstrativo o. Por
isso, o verbo que o segue deverá ficar no singular.
Para melhor compreensão, iremos fazer a substituição do pronome relativo QUE pelo
termo que substitui, o pronome demonstrativo “o”. Para simplificar ainda mais, em vez
de “o”, colocaremos “aquilo”, seu equivalente.
“que se procurava” - “aquilo se procurava” = AQUILO era procurado.
Viu? O verbo só poderá ficar no singular.
Na oração principal (“o eram animais exóticos”), devemos relembrar a concordância do
verbo ser.
Esse é aquele verbo especial, que admite a concordância tanto com o sujeito quanto
com o seu predicativo.
De um lado, como sujeito, existe um pronome substantivo demonstrativo o - COISA.
De outro lado, na função de predicativo do sujeito, há um substantivo acompanhado
de um adjetivo: animais exóticos - COISA.
Portanto, tanto de um lado (sujeito) como de outro (predicativo), os elementos são
“coisas” (substantivos, pronomes substantivos ou orações substantivas).
Assim, a concordância pode se dar com qualquer deles, PREFERENCIALMENTE com o
elemento que estiver no PLURAL – “... eram animais exóticos”.
Isso justifica a flexão do verbo ser no plural.
Por hoje é só. Bons estudos e até a próxima aula.
Grande abraço.
QUESTÕES DE FIXAÇÃO
01 – (FUNDEC / TJ MG / 2002)
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Tendo em conta o emprego dos pronomes pessoais oblíquos átonos, assinale a
alternativa em que a substituição das expressões sublinhadas nas sentenças abaixo
esteja CORRETA.
Os fãs cercaram os cantores,
Não pôde dar a informação aos repórteres.
Não se sabe quando receberão a restituição desses valores.
a) cercaram-os – lhes pôde dar – quando a receberão
b) os cercaram – pôde lhes dar – quando recebê-la-ão
c) cercaram-nos – pôde dar-lhes – quando a receberão
d) os cercaram – lhes pôde dar – quando recebê-la-ão
02 - (FCC / AFTE PB / 2006)
A frase inteiramente de acordo com a norma culta é:
(A) De fato, punições seriam-lhe impostas, caso não se provasse sua inocência em
relação às graves denúncias.
(B) Os relatórios foram-lhe entregues pelos representantes da bancada ruralista.
(C) O povo vota à muito tempo sob a influência das elites e dos chefes partidários.
(D) A Câmara dos Deputados ficou meia preocupada com as repercuções das últimas
votações nos processos de cassação.
(E) Apenas 20% dos deputados estão dispostos à respeitar as conclusões dos relatores
dos processos.
03 - (FUNDAÇÃO JOÃO GOULART / SMG - AGENTE DE POSTURAS / 2005)
TEXTO – EMPRESAS ACOMPANHAM O RESTO DA SOCIEDADE
Toni Marques
À medida que a cultura pop divulga bem-sucedidos personagens que são tatuados –
atletas, cantores, modelos e atores – maior é a chance de as sociedades ocidentais
passarem a aceitar a tatuagem como um adorno tão corriqueiro quanto brincos em
orelhas furadas.
Com elas, as orelhas, aconteceu o mesmo. Houve tempo e lugar em que mulher de
orelha furada não era digna da atenção das pessoas de bem, dada a relação que tais
pessoas estabeleciam entre a mulher e indígenas diversos. Foi assim na Grã-Bretanha,
onde tatuagem, desde o século XIX, é símbolo de orgulho imperial, patriótico e
religioso. Até a década de 50, lá ainda se discutia se mulher podia ou não furar a
orelha, muito embora o povo soubesse que o rei Eduardo VII foi tatuado, assim como
seus dois filhos, um deles também monarca.
A aceitação da tatuagem nas classes médias do Ocidente se deu a partir do movimento
hippie. [....] O mundo corporativo tende a acompanhar o resto da sociedade nessa
matéria. Afinal, a estrelinha que Giselle Bundchen tem no pulso não a impediu de se
tornar a maior modelo do mundo. Do mesmo modo, o jogador de futebol Beckham tem
mais ou menos tantas tatuagens quanto tem zeros no seu salário no Real Madrid.
Giselle e Beckham sabem negociar seus talentos respectivos.
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O antecedente do pronome relativo está indicado incorretamente na seguinte
alternativa:
A) “..dada a relação QUE tais pessoas estabeleciam...” - relação
B) “Foi assim na Grã-Bretanha, ONDE tatuagem...” – Grã-Bretanha
C) “Afinal, a estrelinha QUE Giselle Bundchen tem no pulso...” - a estrelinha
D) “À medida que a cultura pop divulga bem-sucedidos personagens QUE são
tatuados...” - a cultura pop
04 - (FEPESE / TCE SC / 2006 - adaptada)
Leia o texto abaixo para responder à questão.
Meu pai abraçou-me com lágrimas.
— Tua mãe não pode viver, disse-me.
Com efeito, não era já o reumatismo que a matava, era um cancro no estômago.
A infeliz padecia de um modo cru, porque o cancro é indiferente às virtudes do sujeito;
quando rói, rói; roer é o seu ofício. Minha irmã Sabina, já então casada com o Cotrim,
andava a cair de fadiga. (...)
— Meu filho!
A dor suspendeu por um pouco as tenazes; um sorriso alumiou o rosto da
enferma, sobre o qual a morte batia a asa eterna. Era menos um rosto do que uma
caveira: a beleza passara, como um dia brilhante; restavam os ossos, que não
emagrecem nunca. Mal poderia conhecê-la; havia oito ou nove anos que nos não
víamos. Ajoelhado, ao pé da cama, com as mãos dela entre as minhas, fiquei mudo e
quieto, sem ousar falar, porque cada palavra seria um soluço, e nós temíamos avisá-la
do fim. Vão temor! Ela sabia que estava prestes a acabar; disse-mo; verificamo-lo na
seguinte manhã.
Longa foi a agonia, longa e cruel, de uma crueldade minuciosa, fria, repisada,
que me encheu de dor e estupefação. Era a primeira vez que eu via morrer alguém.
Conhecia a morte de outiva; quando muito, tinha-a visto já petrificada no rosto
de algum cadáver, que acompanhei ao cemitério, ou trazia-lhe a idéia
embrulhada nas amplificações de retórica dos professores de cousas antigas,
— a morte aleivosa de César, a austera de Sócrates, a orgulhosa de Catão. Mas esse
duelo do ser e do não ser, a morte em ação, dolorida, contraída, convulsa, sem
aparelho político ou filosófico, a morte de uma pessoa amada, essa foi a primeira vez
que a pude encarar. Não chorei; lembra-me que não chorei durante o espetáculo:
tinha os olhos estúpidos, a garganta presa, a consciência boquiaberta.
Quê? uma criatura tão dócil, tão meiga, tão santa, que nunca jamais fizera
verter uma lágrima de desgosto, mãe carinhosa, esposa imaculada, era força que
morresse assim, trateada, mordida pelo dente tenaz de uma doença sem misericórdia?
Confesso que tudo aquilo me pareceu obscuro, incongruente, insano...
(Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, cap. 23, com
adaptações)
Indique V para as assertivas verdadeiras e F para as falsas. Em seguida, assinale a
opção que apresenta a ordem correta.
( ) No trecho “trazia-lhe a idéia embrulhada nas amplificações de retórica” (ls. 20 e
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21), o pronome enclítico retoma por substituição coesiva o vocábulo “morte” (l.
18).
( ) O trecho “Tua mãe não pode viver, disse-me” (l. 2) está em desacordo com as
regras da gramática normativa, pois o não atrairia o pronome me.
( ) No trecho “tinha-a visto já petrificada no rosto de algum cadáver” (ls. 18 e 19),
o pronome a faz remissão ao vocábulo “morte” (l. 18).
( ) O pronome no trecho “tudo aquilo me pareceu obscuro” (l. 42) admite mudança
de colocação em consonância com as regras da gramática normativa.
a) V FVF
b) V VFV
c) V VVF
d) V FFF
e) V FFV
05 - (FUNDAÇÃO JOÃO GOULART / ENGENHEIRO CIVIL / 2004)
Reescreve-se em cada alternativa abaixo uma frase do texto mediante inclusão de um
pronome pleonástico. A nova redação não é bem sucedida em:
A) Um estado emocional patológico pode intensificar ao máximo a tendência às ilusões.
A tendência às ilusões, um estado emocional patológico pode intensificá-las ao
máximo.
B) A emoção tem o poder de transformar ilusoriamente nossas percepções.
Nossas percepções, a emoção tem o poder de transformá-las ilusoriamente.
C) Diz-se comumente que não há lobos pequenos, todos são enormes.
Lobos pequenos, diz-se comumente que não os há, todos são enormes.
D) Por si mesma, a ilusão não constitui sintoma de doença mental.
Sintoma de doença mental, a ilusão não o constitui por si mesma.
06 - (FCC / BANCO DO BRASIL / 2006)
O sonho desse amanuense Belmiro vem registrado e desenvolvido em seu diário
pessoal, que é a forma pela qual o romance se apresenta: anotações metódicas,
datadas, em que o funcionário fala do que lhe ocorreu na repartição, ou na rua, ou nos
encontros com os amigos. Mas fala também de seu amor por Carmélia, moça que lhe é
inacessível, que ele idealiza a não mais poder, fazendo dela o mito de sua vida. O
leitor do romance acompanha nas páginas do diário esse ir e vir entre o sonho e
rotina, entre a vida estreita do funcionário tímido e as projeções de sua fantasia
romântica. A única compensação real para o amanuense está, de fato, em dar à
linguagem de seu diário o capricho da melhor forma possível; seu consolo é a
literatura, ainda que na forma modesta das páginas de um caderno pessoal.
Do trecho acima transcrito, no período: Mas fala também de seu amor por Carmélia,
moça que lhe é inacessível, que ele idealiza a não mais poder, fazendo dela o mito de
sua vida.
(A)) as duas ocorrências da palavra que têm o mesmo referente da palavra dela.
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(B) as palavras seu e sua referem-se a pessoas distintas.
(C) o pronome lhe tem como referência a moça Carmélia.
(D) a forma lhe poderia ser desdobrada e substituída por com ele.
(E) o segmento que ele idealiza pode ser substituído por que é idealizado.
07 - (ESAF/AFRE MG/2005)
O setor público não é feito apenas de filas, atrasos, burocracia, ineficiência e
reclamações. A sétima edição do Prêmio de Gestão Pública, coordenado pelo Ministério
do Planejamento, mostra que o serviço público federal também é capaz de oferecer
serviços com qualidade de primeiro mundo. De 74 instituições públicas inscritas, 13
foram selecionadas por ter conseguido, ao longo dos anos, implantar e manter práticas
e rotinas de gestão capazes de melhorar de forma crescente seus resultados,
tornando-os referências nacionais. O perfil dos premiados mostra que o que está em
questão não é tamanho, visibilidade ou importância estratégica, mas, sim, a
capacidade de fazer com que as engrenagens da máquina funcionem de forma
eficiente, constante e muito bem controlada.
(Ilhas de Excelência. ISTOÉ, 2/3/2005, com adaptações)
Julgue a assertiva abaixo, em relação aos aspectos textuais.
d) A retirada do pronome do termo “tornando-os”(l.8) preserva a correção gramatical
e a coerência textual, deixando subentendido o objeto de “referências nacionais”(l.8).
08 - (ESAF/Auditor TCE ES/2001)
Os contratos e seus aditamentos serão lavrados nas repartições interessadas, as quais
manterão arquivo cronológico dos seus autógrafos e registro sistemático do seu
extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre imóveis, que se formalizam por
instrumento lavrado em cartório de notas, de tudo juntando-se cópia no processo que
lhe deu origem.
Julgue a proposição abaixo, em relação aos elementos do texto.
c) Os pronomes possessivos na segunda oração referem-se a “arquivo cronológico”.
09 - (ESAF/TFC SFC/2000)
O saber produzido pelo iluminismo não conduzia à emancipação e sim à técnica e
ciência moderna que mantêm com seu objeto uma relação ditatorial. Se Kant ainda
podia acreditar que a razão humana permitiria emancipar os homens de seus entraves,
auxiliando-os a dominar e controlar a natureza externa e interna, temos de reconhecer
hoje que essa razão iluminista foi abortada. A razão que hoje se manifesta na ciência e
na técnica é uma razão instrumental, repressiva. Enquanto o mito original se
transformava em Iluminismo, a natureza se convertia em cega objetividade.
Inicialmente a razão instrumental da ciência e técnica positivista tinha sido parte
integrante da razão iluminista, mas no decorrer do tempo ela se autonomizou,
voltando-se inclusive contra as suas tendências emancipatórias.
(B. Freitag, A Teoria Crítica Ontem e Hoje, p. 35, com adaptações)
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Das seguintes expressões retiradas do texto, indique o item em que o elemento da
coluna da esquerda faz remissão incorreta às expressões da coluna da direita.
a) seu (l.2) .......... técnica e ciência moderna
b) seus(l.4) ......... homens
c) os (l.4) .............homens
d) ela (l.9) ..........razão instrumental
e) suas (l.10) .......cega objetividade
10 - (ESAF/MPU/2005)
Assinale a opção que preenche corretamente as lacunas do texto.
A _______ intelectual de Nabuco provém de suas ________ e é por isso que nele
______, mais do que o artista, o pensador político. É uma tradição espiritual que ele
conserva e eleva a um grau superior, ainda que a______ vocação política se alie
______ sensibilidade artística.
(Baseado em Graça Aranha)
a) essência origens se acentua essa a
b) riqueza raízes se acentua esta à
c) carreira influências marca-se tal à
d) qualidade raízes acentua-se esta a
e) vivência raízes acentua-se essa à
11 - (FCC/TRT 3ª Região – Técnico Judiciário / Janeiro 2005)
Em cada um dos segmentos abaixo, a substituição da expressão grifada pelo pronome
correspondente está INCORRETA em:
(A) para oferecer trabalho = para oferecê-lo.
(B) evocar a lembrança de outro colega = evocar-lhe a lembrança.
(C) tomaram caminhos paralelos = tomaram-nos.
(D) a ocupar boa parte de minha vida = a ocupar-lhe.
(E) cativava inteligências e paladares = cativava-os.
12 - (FCC/TCE MA – Analista / Novembro 2005)
A maior parte da água da chuva é interceptada pela copa das árvores, ...... cobrem
toda a região. ...... evapora rapidamente, causando mais chuva, o que não ocorre em
áreas desmatadas, ...... solo é pobre em matéria orgânica.
As lacunas da frase acima estão corretamente preenchidas, respectivamente, por
(A) onde - A chuva - que o
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