Comunicadora graduada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero e pós-graduada em Gestão de Projetos Sociais pelo Centro Universitário Senac São Paulo. Há 11 anos atua em instituições e projetos de comunicação com foco em questões sociais e educacionais. É presidente (2009-2013) da Viração Educomunicação -- ONG que ajudou a criar e tem como missão fomentar e divulgar processos e práticas de educomunicação e mobilização entre jovens, adolescentes e educadores para a efetivação do direito humano à comunicação e para a transformação socioambiental.
No Senac São Paulo, atuou por dois anos como repórter do Portal Setor3 (www.setor3.com.br), chegando a finalista da edição 2007 do Prêmio Ethos de Jornalismo -- Empresas e Responsabilidade Social.Entre 2009 e 2011, foi responsável pela comunicação da área de Desenvolvimento Social. Hoje, é gestora de projeto de comunicação com foco no tema central da instituição, a Educação Profissional.
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Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Notas do Editor
Foi assim, reconhecendo que adolescentes e jovens como ele têm direitos, que estão em processo de desenvolvimento, com potencialidades e vulnerabilidades específicas, mas que representam uma grande oportunidade para suas famílias, comunidades, escolas, governos e para si mesmos, que esse jovem sonhalista iniciou em março de 2003, um movimento que propõe uma comunicação integral e integradora, uma comunicação que ilumina mentes.
A Viração nasce como iniciativa pessoal desse jovem, o jornalista Paulo Lima. Era inicialmente um projeto de elaboração de uma revista que não fosse apenas para adolescentes e jovens, mas que fosse construída por eles, um “projeto social impresso”, dizia Paulo. Aos poucos, esse projeto foi se tornando obra coletiva, que se alimenta em valores como a: - Defesa dos direitos humanos e de qualquer forma de diversidade - Defesa da justiça socioambiental; - Promoção de ações e projetos colaborativos e cooperativos; - Reconhecimento da Autodeterminação dos povos; - Percepção de uma comunicação integral e Integradora.
Várias vezes, Paulo fez dívidas pessoais para garantir que o projeto não terminasse. Contou com a ajuda de amigos da Viração. Foram “tempos de vacas magras”. Ele apresentava a Viração para potenciais financiadores e inscrevia projetos em diversos editais. Mas as portas e janelas, aos poucos, foram se abrindo. A gente foi sendo conhecido e reconhecido. Sete anos depois, a Viração já não é mais um projeto. Passa a ser uma organização de comunicação, educação e mobilização social entre adolescentes, jovens e educadores. Nessa fase a Educomunicação passa a incorporar integralmente o discurso da organização, é colocada como sua prática central.
Entender o que é educomunicação é uma operação de incorporação, que o Paulo explica citando um dos grandes referenciais do projeto e dele próprio, outro Paulo - o educador Paulo Freire: “Primeiro a gente faz, depois a gente dá nome”. Ou seja, lá atrás, ele, com alguns companheiros de jornalismo e da área de educação, estava começando um dos mais significativos projetos de Educomunicação do país, sem saber que era isso que estava fazendo desde o início. Depois de anos, a gente consegue entender o que é essa prática e até chegar a uma definição: a Educomunicação é um campo de intervenção socioeducativa. É um conjunto de ações que visam criar ecossistemas comunicativos abertos, democráticos e participativos, destinados a ampliar os espaços de expressão na sociedade, por meio de uma gestão democrática dos recursos da comunicação. Ambientes que promovam o desenvolvimento e a aprendizagem daqueles que estão envolvidos no processo.
Hoje, como uma ONG, a Viração tem como missão muito mais do que fazer uma grande revista e executar projetos. Hoje a gente tem uma visão global de fomentar e divulgar processos e práticas de educomunicação e mobilização entre jovens, adolescentes e educadores para a efetivação do direito humano à comunicação e para a transformação socioambiental. A Vira tem uma metodologia própria de trabalho e experiência comprovada em processos, projetos e produtos de educomunicação e de mobilização social juvenil; habilidade para trabalho em escolas e com grupos de diferentes naturezas; experiência em planejamento, gestão e habilidade de trabalho em grupo, em parcerias e redes, na implementação de projetos sociais na área da infância e juventude; e histórico de compromisso com os Direitos da Criança e do Adolescente. Até hoje, a organização que impactou na vida de mais de 3,5 milhões de pessoas no Brasil, por meio de seu carro-chefe, a Revista Viração, e de 31 projetos especiais desenvolvidos ao longo de seus quase nove anos. Garantir seu espaço em redes ligadas às temáticas da Viração (a juventude e a comunicação) é uma das essências do nosso trabalho. Desde a fundação da Vira, em março de 2003, a gente já fez parceria com 153 organizações dos três setores.
Na Vira, a Taluh, o Anjinho, o Doug, o Eric, a Pilar e a Mari foram ou são, no caso da Mari, são jovens que integraram os Conselhos Jovens, chamados de Virajovens. A revista é produzida a partir dos Conselhos Jovens (Virajovens) com uma metodologia de participação de adolescentes e jovens por meio da comunicação. Hoje, só do projeto carro-chefe da Viração que é a Revista Viração, participam cerca de 300 jovens. A ideia surgiu para unir jovens de todo o Brasil em torno de alguns princípios, como a defesa dos direitos humanos, a educação para a paz e a solidariedade entre os povos e o empoderamento juvenil. Cada Virajovem é montado à base do voluntariado, possui um mobilizador, que recebe uma formação específica e um acompanhamento da equipe (enxuta, viu, gente?) que dá o apoio daqui de São Paulo, da nossa sede, na rua Augusta. A formação e o acompanhamento acontecem por meio de poucos encontros pessoais, por limitações de orçamento, e muitos contatos por telefone e principalmente internet (correio eletrônico, redes sociais, chats, mensagens instantâneas e outras ferramentas que a moçada vai descobrindo). E a gente também tem materiais de apoio, como cartazes, cartilhas e a própria revista. Para ajudar nesse processo de formação e consolidação de um Virajovem, existe um guia com um passo a passo. Em cada Conselho, a gente conta com o apoio de uma organização não-governamental, para dar espaço para as reuniões presenciais, em troca de espaço para anúncio e de distribuição de renda, em caso de captação de assinaturas da revista na região. Nessas reuniões fica claro o caráter comunitário de produção. Há participação constante dos adolescentes e jovens na sugestão de pautas, apuração de matérias e redação de textos e produção de imagens; bem como sugestões quanto à administração, diagramação, vendas e publicidade da revista. Os participantes colaboram para que se redesenhe um novo discurso jornalístico sobre a juventude e para a juventude. Em geral, durante a reunião presencial do Virajovem, há oficinas de redação, debates e palestras em função dos temas que serão sugeridos para a revista. Em alguns Virajovens, há participação efetiva de adolescentes em medida socioeducativa ou jovens com deficiência. Também colaboram para o funcionamento do Virajovem profissionais de educação e comunicação na qualidade de mediadores, facilitadores (geralmente é integrante dos quadros da organização parceira). Além das reuniões presenciais, os integrantes de cada Virajovem participam de uma lista de discussão, onde podem opinar, sugerir pautas e avaliar o andamento da edição do mês, entre outros assuntos. Até a capa da revista, enviada a todos em baixa resolução, é avaliada por meio dessa lista de discussão e de um chat nacional feito no início de cada mês. Tudo isso é mediado pela equipe de Redação em São Paulo e também discutido com os coordenadores de cada Virajovem. Uma vez finalizado o texto, o mobilizador faz uma primeira edição juntamente com os autores do texto e das imagens, e envia uma primeira versão para a sede da revista, com as dicas de uso de imagens e de diagramação. Os textos passarão por mais uma edição final na Redação. Depois disso, é enviado de volta para o mobilizador, para que veja e aprove as mudanças. Quando aprovado pelo Virajovem, o texto é passa por uma revisão final e é enviado para a diagramação. Cada produção diagramada é enviada de volta para o respectivo Virajovem responsável em forma de arquivo em PDF, para revisão e aprovação. A tiragem da revista, atualmente, é de 8,5 mil exemplares mensais. Hoje existem 44 Conselhos Jovens (Virajovens). Eles estão presentes em 22 Estados e Distrito Federal e estão em fases diferentes. Já foram realizados 4 encontros nacionais: 2006, 2008, 2009, 2010. O perfil dos leitores da Revista Viração está na faixa etária média entre 14 e 22 anos. E o potencial de leitores da Revista Viração é grande. O Brasil tem 21 milhões de adolescentes entre 12 e 17 anos. Em quase nove anos, a Viração ganhou 14 prêmios nacionais e internacionais.
A mesma dinâmica de produção permeia outro importante projeto: a Agência Jovem de Notícias A iniciativa tem origem no V Fórum Social Mundial, em janeiro de 2005, em Porto Alegre (RS), quando a Revista Viração e o Projeto Agente Jovem, do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), promoveram a cobertura jovem do evento. A ideia é uma equipe de adolescentes e jovens interessados em aprender as práticas da Educomunicação produzir notícias diariamente sobre os diversos temas ligados aos jovens e adolescentes e o interesse público que esses jovens enxergam e que está em pauta ao longo dos acontecimentos de um determinado evento. O conteúdo multimídia (textos, rádioweb, vídeo, fotos) é publicado em tempo real num site criado especialmente para o evento e hospedado no portal Viração. A equipe preparada pela Viração promove, diariamente, oficinas de educomunicação entre os grupos de participantes para que adolescentes e jovens façam uma cobertura de qualidade e inovadora, protagonista dos acontecimentos que eles mesmos estão presenciando. De janeiro de 2005 até dezembro de 2009, a Agência Jovem de Notícias atuou em 50 eventos nacionais e internacionais; numa média de 10 eventos por ano, totalizando uma média de 1500 jovens e adolescentes participantes diretamente. Jornal Mural na Escola Desde janeiro de 2007, por meio do Projeto Jornal Mural na Escola, a Viração capacitou mais de 500 estudantes e professores de 170 escolas públicas estaduais do Ensino Médio da cidade de São Paulo a criar, de forma coletiva, seus próprios meios de comunicação, a partir de uma proposta básica de jornal mural. Programa de TV Quarto Mundo Projeto em parceria com a TV USP, o Quarto Mundo é um programa feito por uma equipe de 12 jovens, de 14 a 18 anos, com origens variadas e um objetivo em comum: mostrar que a juventude não está perdida. Hoje o programa está em sua 5ª temporada. Os jovens passam por oficinas e gravações, que incluíram assuntos como operação de câmeras, produção, pesquisa, roteiro, iluminação, áudio, reportagem e apresentação. Também foram feitos debates sobre a história da TV, papel das TVs públicas e comerciais e análises críticas dos conteúdos (jornalísticos ou não) veiculados nas emissoras em geral.
Em 2009, a Viração foi reconhecida como Ponto de Leitura e Ponto de Mídia Livre pelo Ministério da Cultura. Também venceu o edital para aquisição de periódicos para todos os pontos de cultura e leitura e bibliotecas públicas do Ministério da Cultura, totalizando cerca de 7 mil assinaturas.
Pesquisas de opinião com os públicos atingidos diretamente, realizada em duas ocasiões ao longo dos seis anos, revelam que a revista contribui para elevar a autoestima de jovens e adolescentes, a pensar os problemas e suas soluções de forma global, a desenvolver e valorizar o trabalho em equipe, a buscar respostas em mutirão. A participação dos adolescentes e jovens nos conselhos jovens tem levado eles a sentir orgulho de suas comunidades e de suas vidas, à compreensão crítica e maior competência de mídia, ao fortalecimento da curiosidade; a um desenvolvimento de um sentimento de maior justiça social; ao interesse por uma sociedade mais democrática. Isso porque a participação levou ao maior conhecimento e um maior interesse pela comunidade local, inspirando ações coletivas. Eles dizem ainda ter ampliado o seu vocabulário e repertório cultural, aumentado suas habilidades de comunicação. Dizem ter desenvolvido competências em trabalho em grupo, negociação de conflitos e planejamento de projetos, melhorado o desempenho escolar, entre outros ganhos. Além disso, a partir dessa participação surgem grêmios estudantis, novas ONGs, cooperativas de trabalho, grupos juvenis de intervenção comunitária e produção de periódicos.
A Viração tem potencial de sustentabilidade da ação pela própria ação. E também por que a temática do direito à comunicação e a própria realização de uma Conferência Nacional de Comunicação em 2009 estão contribuindo para a consolidação de projetos especiais como a Viração, uma Ação que ilumina mentes! Mas vocês devem estar se perguntando cadê aquele jovem que começou essa história? Como eu contei no começo, ele ganhou asas e hoje está voando por outros continentes, levando as sementes da Viração para outros terrenos. E já têm árvores nascendo na Itália, na Espanha, em Burkina Faso (África ocidental)! É a Viração World!