2. Biografia
Considerado um dos mais importantes diretores de cinema, Alexander Sokurov nasceu a 14 de
junho de 1951, na cidade de Podorvikha (Sibéria).
O seu pai era um oficial do Exército russo, veterano da Segunda Guerra Mundial. Como a família
estava em constante deslocamento, Sokurov iniciou a sua vida escolar na Polónia, prosseguindo
os seus estudos no Turquemenistão.
Formou-se em História em 1974 e, posteriormente, estudou na Moskow Filmschool VGIK, o
famoso Instituto de “cinema” da Rússia, onde obteve o seu diploma em 1979. Os seus trabalhos,
ainda como estudante, eram inaceitáveis para a burocracia russa(os primeiros filmes de Sokurov
em Leninegrado foram recebidos negativamente pelas lideranças do Partido Comunista.
Por um longo período, até as reformas democráticas dos anos 80, nenhum dos seus filmes
recebeu aprovação para exibições públicas pela censura soviética e ele foi acusado de
formalismo e de assumir “visões antissoviéticas”.
3. A sua primeira longa-metragem, “A Voz Solitária do Homem“, foi recusado como projeto de
graduação no VGIK. Nesta época recebeu o importante e decisivo apoio de Andrei Tarkovsky, que
se entusiasmou com o seu filme de estreia.
Por influência do consagrado cineasta, o jovem Sokurov foi empregado pelos estúdios Lenfilm
em1980, o que possibilitou a realização dos seus trabalhos iniciais a partir de 1986, com a
reforma democrática promovida pela glasnost, o público pôde assistir às suas criações.
Durante os anos de 1990, os filmes de Sokurov foram apresentados em diversos festivais pelo
mundo, recebendo prémios internacionais e em 1995, a European Film Academy adicionou
Sokurov à sua lista dos 100 melhores diretores do cinema mundial. Sokurov esteve também
envolvido em programas de rádio não-comerciais voltados para os jovens, e ministrou uma
disciplina de direção no Estúdio Lenfilm. Em 1998–1999 dirigiu um programa de televisão, “Ostrov
Sokurova” (A Ilha de Sokurov), em que se discutia o lugar do cinema na contemporaneidade.
4. Técnica
Sokurov é um cineasta visionário e por vezes incompreendido que através da sua forma de
esculpir a imagem, de apresentar as personagens sob um viés quase pictórico, literário e
metafísico transmite o seu carácter único e genial. Tudo é imagem e nada está ali apenas para
ser apenas compreendido. É, por um lado, um herdeiro da cinematografia de grandes nomes
como o seu conterrâneo Andrei Tarkovski. Pode ser chocante e imprevisível, mas permanece
sempre fiel à sua própria abordagem pessoal. As características distintas dos seus trabalhos
incluem: prolongados pontos de vista, métodos elaborados de filmar e de processamento, a
combinação de documental e ficção o seu estilo busca aquilo que é intemporal e universal – o
que indiretamente se refere ao aspeto invisível de uma história, Sokurov preocupa-se com o
enquadramento aplicado a uma paisagem ou a qualquer representação de um "ambiente". A
representação do mundo nos seus filmes é aberta a todos os detalhes imprevisíveis da realidade
objetiva, enquanto que ao mesmo tempo se apresenta como uma composição abstrata, uma
metáfora artística; mesmo nos casos em que o material de origem é a filmagem documental o
trabalho de Sokurov não serve apenas como uma ilustração ou interpretação de um determinado
conceito ou ideia, mas como uma revelação do estado inesperado emocional de quem a vê e que
se replete de sensações líricas.
5. Sokurov aplica as novas tecnologias do cinema como um meio sugestivo, sem subjugar-se às
normas da sua aplicação convencional; pelo contrário, domina essas possibilidades técnicas às
suas intenções artísticas; atualiza-os constantemente para que eles finalmente ultrapassam os
métodos contemporâneos de produção de filmes, mesmo nas formas de transmissão de filmes.
A tendência avant-garde no seu trabalho evoluiu a partir das origens e fundação do imaginário
cinematográfico. Conhecido pelos trabalhosos “planos-sequência” traduz uma profunda carga
emotiva às suas rodagens; Este cineasta seleciona um conjunto de detalhes muito específicos, a
fim de melhor descrever o ambiente, a atmosfera, mesmo os fenómenos naturais de uma época,
ou lugar, por isso os seus filmes tiveram sempre as abstrações de uma parábola, pois incorpora
detalhes especialmente escolhidos - sejam eles históricos, psicológicos, fisiológicos, ou extraído
das várias esferas da existência humana.
6. Prémios
• Festival Internacional de Cinema de Locarno, Bronze Leopard (Voz do homem solitário, 1987)
• Festival Internacional de Cinema de Moscovo, Prémio FIPRESCI (fora de competição, A Voz do
homem solitário, 1987)
• Festival Internacional de Berlim - programa do Fórum Especial (Dias de Eclipse, 1989)
• Festival Internacional Rotterdam - Prémio FIPRESCI, KNF Award ( Uma elegia simples, 1991)
• Prémio Estado da Federação Russa (Mãe e Filho, 1997)
• Prémio Estado da Federação Russa (Moloch, Taurus, 2001)
• Grémio russo de Melhor Diretor (Taurus, 2001)
• Prémio de Melhor Diretor e Melhor Filme (Taurus, 2001)
• Festival Internacional de Toronto - Prémio Visão IFC (Russian Ark, 2002)
• Festival Internacional de São Paulo - Prémio Especial para o Lifetime Achievement (2002)
• Festival de Cannes, FIPRESCI (Pai e Filho, 2003)
• Argentina Film Critics Association Award Condor de Prata (Arca Russa, 2004)Festival
internacional Yerevan - Golden Apricot de Melhor Filme (O sol,2005)
• Festival Internacional de Cinema de Locarno, o Leopardo de Honra para a sua realização de vida
(2006)
• Festival de Veneza, Robert Bresson Prémio para pesquisa espiritual e promoção da cultura
humana (2007)
• Festival de Veneza (68ª Edição) - Leão de Ouro de melhor filme (Fausto, 2011)