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identificando plantas nativas na província de Cor-
rientes; o segundo era um naturalista sueco, que
estudou nossa flora viajando pelo Brasil, Paraguai,
Uruguai e Argentina, e Robert Chodat veio da
França para escrever Contribution a La Flore de la
République Argentine, em 1904.
Antonio Cânovas foi meu mestre. De suas mãos
surgiam desenhos, germinavam sementes e brota-
vam plantas; com essas mesmas mãos me segurou
mostrando-me os caminhos, enquanto falava de
jardineiros, alguns conhecidos, como os que citei,
outros ignorados e quase ignorantes de ciências,
mas não do conhecimento experiente.
A ele, meu reconhecimento.
UM	JARDIM	PARA	SEMPRE		•		RAUL	CÂNOVAS	
6 © RAUL CÂNOVAS, 2008.
CAPA
Marcelo Lisboa
ILUSTRAÇÕES
Karen Schneider e Candido Fagundes
DIGITAÇÃO
Rose Sandes “Sande”
EDITORAÇÃO E PROJETO GRÁFICO
DB Comunicação
www.dbcomunicacao.com.br
ASSISTÊNCIA EDITORIAL
Rose Canôvas e Lilian Klein
REVISÃO
Evelise Paulis
Reservados todos os direitos de publicação em língua portuguesa a
Raul Cânovas
www.raulcanovas.com.br
raulcanovaspaisagista@uol.com.br
Tel: (11) 3813-3212 Fax: (11) 3815-1340
CÂNOVAS, RAUL
UM JARDIM PARA SEMPRE : MANUAL PRÁTICO PARA MANUTENÇÃO
DE JARDINS / RAUL CÂNOVAS. — SÃO PAULO : ESTAÇÃO LIBERDADE, 2008.
152 P.; 14 X 21 CM
BIBLIOGRAFIA.
1. FLORES - CULTIVO 2. JARDINAGEM 3. PLANTAS - CULTIVO.
I. TÍTULO
CDD 635.9
7
Índice
Solo ...................................................................................................................................................................................... 11
Os elementos e sua ação especíica .................................................................. 17
Adubos e fertilizantes .................................................................................................................... 25
O pH ................................................................................................................................................................................... 41
Pragas e doenças na vegetação ornamental .................................... 45
Gramados ................................................................................................................................................................ 75
Canteiros loridos com herbáceas ......................................................................... 85
Água: um elemento essencial ......................................................................................... 91
Podas ................................................................................................................................................................................ 95
As fases da Lua e suas inluências no jardim ................................. 99
Os horóscopos e o jardim .................................................................................................. 101
As quatro estações ........................................................................................................................... 105
Luminosidade ............................................................................................................................................ 113
Ferramentas e maquinaria .............................................................................................. 115
Centros de controle de intoxicação ............................................................... 123
Bibliograia ...................................................................................................................................................... 127
Índice onomástico ............................................................................................................................ 129
9
Nota do Autor
Por que Um jardim para sempre? Simplesmente porque sou
paisagista, não um cenógrafo ou um vitrinista; já incursionei
nessas atividades na minha juventude e, apesar da magia dessas
profissões, não consegui me sentir um artífice capaz de fazer
coisas tão fantásticas, mas ao mesmo tempo, tão efêmeras.
O jardim deve ser pensado como algo que está sempre em
crescimento, um espaço que irá perdurar de forma perpétua,
tornando-se eterno através de seus rebentos. Essa idéia não é
apenas fascinante mas traz em si a magnanimidade de quem
precisa deixar um legado, não unicamente para seus filhos,
mas para todos os filhos daqueles que se sentem autênticos
genitores.
É realmente emocionante contemplar uma árvore anosa
e lembrar que foi plantada quando eu ainda era menino; ver
um jardim formado com a ajuda de décadas de calores e das
chuvas é algo indescritível. Ficar no meio de um gramado,
acompanhando com os olhos o contorno da paisagem que, em
um dia distante, foi traçada em um papel, onde imaginei uma
porção de plantas que hoje estão aí, adultas e cúmplices de um
delicioso plano de vida, é tudo aquilo que sonhei para uma
velhice que se aproxima.
Com toda certeza, você irá sentir uma emoção parecida se
cuidar de seu jardim com habilidade e capricho e, para auxiliar
sua tarefa, reuni nas próximas páginas, resumidamente, na
forma de manual, uma série de tópicos e dicas que respondem
às dúvidas mais freqüentes.
Abraços,
Raul Cânovas
11
Solo
Solo e terra são palavras tão diferentes e ao mesmo tempo
tão similares nos seus valores; o significado de cada uma delas
se mistura de tal forma que a acepção as transforma em pala-
vras quase sinônimas.
Juntas ou separadas, nos lembram do lugar sobre o qual an-
damos e construímos nossos jardins; trazem à memória o con-
ceito de terreno, de gleba e por fim, de pátria; mas, também,
fazem recordar o chão do planeta que nos acolhe.
Um planeta que surgiu pela generosidade da deusa Terra,
que acabou com o Caos e teve como filho o Céu.
O Alcorão, livro sagrado do islamismo, relata
que Israfel procurou a Terra para criar o primeiro
homem; mas a Terra, temerosa de se esgotar for-
necendo indefinidamente a matéria-prima para
dar vida e forma a novas mulheres e a novos ho-
mens, procurou Alá e pediu com humildade, em
tom de súplica, que lhe fosse devolvida na hora
da morte a substância, a argila que servira para criar uma exis-
tência temporal.
Alá, infinitamente justo, determinou que, a partir daque-
le momento, os corpos dos mortos deveriam ser enterrados e
pediu a Israfel que ficasse ao lado de seu trono, eliminando
da árvore do mundo as folhas com os nomes escritos dos que
devem morrer. É por isso que as folhas caem.
E é também por esse motivo que devemos respeito ao solo,
à parte branda da crosta terrestre. Os jardineiros, os jardinis-
UM	JARDIM	PARA	SEMPRE		•		RAUL	CÂNOVAS	
12 tas e os paisagistas precisam, antes de tudo, estar atentos para
suprir sempre as necessidades do solo, já que ele é o alicerce do
jardim.
É absurdo pensar apenas na aparência das plantas: sem ele-
mentos que as sustentem, elas irão se mostrar fracas e sem viço
da mesma forma como alguém que, preocupado com o lado ex-
terior, descuida de seus valores mais profundos acabará, mais
cedo ou mais tarde, por ter seu aspecto geral comprometido.
Matéria orgânica
É a camada escura e superficial, formada por detritos vegetais·
e animais que, com o tempo, se transformam em húmus.
Por causa de sua permeabilidade, absorve os nutrientes e as·
águas provenientes das chuvas e das regas.
Sua espessura é variável: maior no fundo dos vales e menor·
nas encostas dos morros.
Solos com alto teor de matéria orgânica são ácidos e ricos em·
húmus; possuem alta mobilidade de H2O e nutrientes.
Plantas que crescem na sombra ou na semi-sombra, precisam·
de solos humosos.
Argila
Aparece por baixo da primeira camada de solo, conservando·
a umidade e os nutrientes; é formada por partículas com me-
nos de 2 milésimos de milímetro de diâmetro.
Quando em excesso, dificulta a penetração das raízes e na·
época da seca se contrai trincando o solo.
13Os solos argilosos são lisos e pegajosos ao tato e, apesar de·
terem um manejo trabalhoso, são geralmente férteis.
Na época das chuvas, encharcam, facilitando, às vezes, o apa-·
recimento de fungos nas raízes das plantas mais suscetíveis.
Areia
No corte do solo, ela aparece com mais freqüência a 50 cm·
de profundidade, é inerte e sua presença indica uma maior
porosidade do solo. O diâmetro das partículas varia entre 2
centésimos de milímetros e 2 milímetros. Com granulometria
maior teremos: cascalhos e pedras.
Quando arenosos, os solos se apresentam secos e ásperos ao·
tato e, por serem muito permeáveis, precisam de adubações
e regas freqüentes, especialmente em áreas de barranco onde
a erosão é maior.
Condicionadores de solo
São usados para deixar o terreno mais leve e permeável.·
Não têm um grande poder fertilizante, mas corrigem o esta-·
do físico do solo, aumentando a retenção de água e dos sais
minerais.
Os mais importantes são:·
TURFAS E FIBRA DE TURFAS
Material orgânico formado por componentes Vegetais. Em
condições especiais de umidade é usado em misturas para
melhorar as características físicas e químicas dos substratos.
UM	JARDIM	PARA	SEMPRE		•		RAUL	CÂNOVAS	
14 VERMICULITA
Material inorgânico útil para descompactar o solo e para re-
ter água e fertilizantes sem prejudicar a drenagem. É uma
argila produzida em escamas (mica) que, quando submetida
a calor, sofre dilatação, aumentando seu tamanho em até 400
vezes. Esse processo cria um espaço vazio entre uma escama e
outra, resultando num grande poro, que pode ser comparado
ao milho de pipoca que, quando aquecido, estoura aumen-
tando o seu volume inicial, tornando-se poroso e com grande
capacidade de reter água. A quantidade a ser utilizada pode
variar de 5% a 50% do volume do solo. A vermiculita é ex-
plorada em jazidas afastadas de rios, e o Brasil possui gran-
des reservas desse condicionador de solo.
FIBRA DE COCO E COXIM DE COCO
Substitui o xaxim contribuindo para o enraizamento e cres-
cimento das plantas.
SUBSTRATOS
Formado a partir de diversas matérias-primas de diferentes
origens.Serve na fixação de raízes e na sustentação e nutrição
das plantas.
SERRAGEM DE MADEIRAS
Apesar do baixo teor de nutrientes, pode ser indicada para
a descompactação do solo ou como cobertura morta para
gramados em formação e canteiros recém-plantados. É acon-
selhável molhar a serragem com uma solução feita com 2
g de salitre-do-chile por litro de água para evitar perda de
nitrogênio.

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Jardim para sempre

  • 1. 1 Um jardim para sempre Manual prático para manutenção de jardins
  • 2. 3 Raul Cânovas Um jardim para sempre Manual prático para manutenção de jardins A REALIZAÇÃO DESTE PROJETO SÓ FOI POSSÍVEL DEVIDO AO APOIO DA
  • 3. 5 Como é bom sentir-se grato! A meu pai, que me contou as estórias de Bon- pland, Lindman e Chodat. O primeiro chegou à Argentina e, como botânico, trabalhou até morrer identificando plantas nativas na província de Cor- rientes; o segundo era um naturalista sueco, que estudou nossa flora viajando pelo Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina, e Robert Chodat veio da França para escrever Contribution a La Flore de la République Argentine, em 1904. Antonio Cânovas foi meu mestre. De suas mãos surgiam desenhos, germinavam sementes e brota- vam plantas; com essas mesmas mãos me segurou mostrando-me os caminhos, enquanto falava de jardineiros, alguns conhecidos, como os que citei, outros ignorados e quase ignorantes de ciências, mas não do conhecimento experiente. A ele, meu reconhecimento.
  • 4. UM JARDIM PARA SEMPRE • RAUL CÂNOVAS 6 © RAUL CÂNOVAS, 2008. CAPA Marcelo Lisboa ILUSTRAÇÕES Karen Schneider e Candido Fagundes DIGITAÇÃO Rose Sandes “Sande” EDITORAÇÃO E PROJETO GRÁFICO DB Comunicação www.dbcomunicacao.com.br ASSISTÊNCIA EDITORIAL Rose Canôvas e Lilian Klein REVISÃO Evelise Paulis Reservados todos os direitos de publicação em língua portuguesa a Raul Cânovas www.raulcanovas.com.br raulcanovaspaisagista@uol.com.br Tel: (11) 3813-3212 Fax: (11) 3815-1340 CÂNOVAS, RAUL UM JARDIM PARA SEMPRE : MANUAL PRÁTICO PARA MANUTENÇÃO DE JARDINS / RAUL CÂNOVAS. — SÃO PAULO : ESTAÇÃO LIBERDADE, 2008. 152 P.; 14 X 21 CM BIBLIOGRAFIA. 1. FLORES - CULTIVO 2. JARDINAGEM 3. PLANTAS - CULTIVO. I. TÍTULO CDD 635.9
  • 5. 7 Índice Solo ...................................................................................................................................................................................... 11 Os elementos e sua ação especíica .................................................................. 17 Adubos e fertilizantes .................................................................................................................... 25 O pH ................................................................................................................................................................................... 41 Pragas e doenças na vegetação ornamental .................................... 45 Gramados ................................................................................................................................................................ 75 Canteiros loridos com herbáceas ......................................................................... 85 Água: um elemento essencial ......................................................................................... 91 Podas ................................................................................................................................................................................ 95 As fases da Lua e suas inluências no jardim ................................. 99 Os horóscopos e o jardim .................................................................................................. 101 As quatro estações ........................................................................................................................... 105 Luminosidade ............................................................................................................................................ 113 Ferramentas e maquinaria .............................................................................................. 115 Centros de controle de intoxicação ............................................................... 123 Bibliograia ...................................................................................................................................................... 127 Índice onomástico ............................................................................................................................ 129
  • 6. 9 Nota do Autor Por que Um jardim para sempre? Simplesmente porque sou paisagista, não um cenógrafo ou um vitrinista; já incursionei nessas atividades na minha juventude e, apesar da magia dessas profissões, não consegui me sentir um artífice capaz de fazer coisas tão fantásticas, mas ao mesmo tempo, tão efêmeras. O jardim deve ser pensado como algo que está sempre em crescimento, um espaço que irá perdurar de forma perpétua, tornando-se eterno através de seus rebentos. Essa idéia não é apenas fascinante mas traz em si a magnanimidade de quem precisa deixar um legado, não unicamente para seus filhos, mas para todos os filhos daqueles que se sentem autênticos genitores. É realmente emocionante contemplar uma árvore anosa e lembrar que foi plantada quando eu ainda era menino; ver um jardim formado com a ajuda de décadas de calores e das chuvas é algo indescritível. Ficar no meio de um gramado, acompanhando com os olhos o contorno da paisagem que, em um dia distante, foi traçada em um papel, onde imaginei uma porção de plantas que hoje estão aí, adultas e cúmplices de um delicioso plano de vida, é tudo aquilo que sonhei para uma velhice que se aproxima. Com toda certeza, você irá sentir uma emoção parecida se cuidar de seu jardim com habilidade e capricho e, para auxiliar sua tarefa, reuni nas próximas páginas, resumidamente, na forma de manual, uma série de tópicos e dicas que respondem às dúvidas mais freqüentes. Abraços, Raul Cânovas
  • 7. 11 Solo Solo e terra são palavras tão diferentes e ao mesmo tempo tão similares nos seus valores; o significado de cada uma delas se mistura de tal forma que a acepção as transforma em pala- vras quase sinônimas. Juntas ou separadas, nos lembram do lugar sobre o qual an- damos e construímos nossos jardins; trazem à memória o con- ceito de terreno, de gleba e por fim, de pátria; mas, também, fazem recordar o chão do planeta que nos acolhe. Um planeta que surgiu pela generosidade da deusa Terra, que acabou com o Caos e teve como filho o Céu. O Alcorão, livro sagrado do islamismo, relata que Israfel procurou a Terra para criar o primeiro homem; mas a Terra, temerosa de se esgotar for- necendo indefinidamente a matéria-prima para dar vida e forma a novas mulheres e a novos ho- mens, procurou Alá e pediu com humildade, em tom de súplica, que lhe fosse devolvida na hora da morte a substância, a argila que servira para criar uma exis- tência temporal. Alá, infinitamente justo, determinou que, a partir daque- le momento, os corpos dos mortos deveriam ser enterrados e pediu a Israfel que ficasse ao lado de seu trono, eliminando da árvore do mundo as folhas com os nomes escritos dos que devem morrer. É por isso que as folhas caem. E é também por esse motivo que devemos respeito ao solo, à parte branda da crosta terrestre. Os jardineiros, os jardinis-
  • 8. UM JARDIM PARA SEMPRE • RAUL CÂNOVAS 12 tas e os paisagistas precisam, antes de tudo, estar atentos para suprir sempre as necessidades do solo, já que ele é o alicerce do jardim. É absurdo pensar apenas na aparência das plantas: sem ele- mentos que as sustentem, elas irão se mostrar fracas e sem viço da mesma forma como alguém que, preocupado com o lado ex- terior, descuida de seus valores mais profundos acabará, mais cedo ou mais tarde, por ter seu aspecto geral comprometido. Matéria orgânica É a camada escura e superficial, formada por detritos vegetais· e animais que, com o tempo, se transformam em húmus. Por causa de sua permeabilidade, absorve os nutrientes e as· águas provenientes das chuvas e das regas. Sua espessura é variável: maior no fundo dos vales e menor· nas encostas dos morros. Solos com alto teor de matéria orgânica são ácidos e ricos em· húmus; possuem alta mobilidade de H2O e nutrientes. Plantas que crescem na sombra ou na semi-sombra, precisam· de solos humosos. Argila Aparece por baixo da primeira camada de solo, conservando· a umidade e os nutrientes; é formada por partículas com me- nos de 2 milésimos de milímetro de diâmetro. Quando em excesso, dificulta a penetração das raízes e na· época da seca se contrai trincando o solo.
  • 9. 13Os solos argilosos são lisos e pegajosos ao tato e, apesar de· terem um manejo trabalhoso, são geralmente férteis. Na época das chuvas, encharcam, facilitando, às vezes, o apa-· recimento de fungos nas raízes das plantas mais suscetíveis. Areia No corte do solo, ela aparece com mais freqüência a 50 cm· de profundidade, é inerte e sua presença indica uma maior porosidade do solo. O diâmetro das partículas varia entre 2 centésimos de milímetros e 2 milímetros. Com granulometria maior teremos: cascalhos e pedras. Quando arenosos, os solos se apresentam secos e ásperos ao· tato e, por serem muito permeáveis, precisam de adubações e regas freqüentes, especialmente em áreas de barranco onde a erosão é maior. Condicionadores de solo São usados para deixar o terreno mais leve e permeável.· Não têm um grande poder fertilizante, mas corrigem o esta-· do físico do solo, aumentando a retenção de água e dos sais minerais. Os mais importantes são:· TURFAS E FIBRA DE TURFAS Material orgânico formado por componentes Vegetais. Em condições especiais de umidade é usado em misturas para melhorar as características físicas e químicas dos substratos.
  • 10. UM JARDIM PARA SEMPRE • RAUL CÂNOVAS 14 VERMICULITA Material inorgânico útil para descompactar o solo e para re- ter água e fertilizantes sem prejudicar a drenagem. É uma argila produzida em escamas (mica) que, quando submetida a calor, sofre dilatação, aumentando seu tamanho em até 400 vezes. Esse processo cria um espaço vazio entre uma escama e outra, resultando num grande poro, que pode ser comparado ao milho de pipoca que, quando aquecido, estoura aumen- tando o seu volume inicial, tornando-se poroso e com grande capacidade de reter água. A quantidade a ser utilizada pode variar de 5% a 50% do volume do solo. A vermiculita é ex- plorada em jazidas afastadas de rios, e o Brasil possui gran- des reservas desse condicionador de solo. FIBRA DE COCO E COXIM DE COCO Substitui o xaxim contribuindo para o enraizamento e cres- cimento das plantas. SUBSTRATOS Formado a partir de diversas matérias-primas de diferentes origens.Serve na fixação de raízes e na sustentação e nutrição das plantas. SERRAGEM DE MADEIRAS Apesar do baixo teor de nutrientes, pode ser indicada para a descompactação do solo ou como cobertura morta para gramados em formação e canteiros recém-plantados. É acon- selhável molhar a serragem com uma solução feita com 2 g de salitre-do-chile por litro de água para evitar perda de nitrogênio.