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Quanto vale ou é por quilo?
      Dicas e sugestões de atividades pedagógicas para o uso do filme em sala de
      aula.

      Autor(a): Danielle Lourenço
      Data de Publicação: 11/02/2011




      Ficha técnica do filme
      Título original: Quanto vale ou é por quilo?
      Gênero: Drama
      Duração: 104min
      Lançamento (Brasil): 2005
      Direção: Sérgio Bianchi
      Roteiro: Sérgio Bianchi, Eduardo Benaim e Newton Canitto
      Produção: Patrick Leblanc e Luís Alberto Pereira
      Fotografia: Marcelo Copanni
      Edição: Paulo Sacramento
      Sinopse
      Quanto vale ou é por quilo? é um filme baseado em um conto de Machado de Assis que propõe uma
      reflexão sobre a sociedade brasileira escravocrata do século XVIII e a contemporânea.
      Em diversos momentos, o filme retrata que a escravidão, os capitães do mato eram atores de uma
      história escrita no passado. Mas, em outros, que tais “personagens” ainda escrevem a história do nosso
      cotidiano...
      No período escravocrata, homens-escravos foram fonte de lucro e uma moeda corrente paralela aos
      contos de réis. A exploração humana era fonte de status e riqueza. O filme mostra, dentro dessa
      perspectiva, que o trabalho e o lucro de muitas ONGs se baseia no mesmo princípio: exploração da
      miséria humana.
      Crítica do filme
      “O filme é uma excelente fonte de aprendizado e reflexão. Mostra-nos que o tempo passou e (quase)
      nada mudou. E, principalmente, coloca uma pulga (gigante) atrás da orelha sobre como podemos
      intervir nesta realidade... Sobre as nossas ‘supostas’ ações sociais... Até que ponto efetivamente
      contribuímos para a melhoria da sociedade?
      O filme é forte, em alguns momentos tenso, mas muito valioso, além de ser um convite ao desafio: qual
      o significado de Quanto vale ou é por quilo?.”
      Danielle Lourenço – Pedagoga
      Sugestões pedagógicas
      1) Reflexão.
      O filme pode ser utilizado como instrumento de reflexão e expansão de consciência de modo
      transversal, porém é inegável que a história, a sociologia e a filosofia são vieses muito presentes em
      todo o desenrolar da trama.

      2) História, a escravidão no Brasil.




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Enfocando a história, o filme retrata fielmente as questões referentes à escravidão no Brasil. O
      professor pode explorar essa temática mostrando as cenas:

         1. A escrava que comprava escravos e teve seus direitos usurpados.
         2. Os inúmeros instrumentos de castigo aos negros mostrados detalhadamente já no início do filme.
         3. A ação dos capitães do mato.
         4. O comércio de escravos como negócio lucrativo e próspero.
         5. Os direitos dos alforriados.
         6. As cartas de alforria.
         7. A relação entre escravos e seus proprietários.
      3) História, relação entre passado e presente.
      Ainda dentro da perspectiva do trabalho com a disciplina História, é possível desmistificar a questão que
      muitos alunos, equivocadamente, pontuam: “História é coisa do passado!” ou “Já passou mesmo, o que
      isso tem a ver comigo nos dias de hoje”!
      O filme transpõe a escravidão do século XVIII para diversas situações de escravidão no século XXI. E
      vai mais além: apresenta a “máfia” a qual pertencem algumas ONGs (Organizações Não
      Governamentais), que visam lucro na miséria das comunidades.
      4) Análise crítica, questões para a sua turma.
      Para que a análise crítica tenha o máximo de profundidade possível, você, após assistir ao filme, pode
      lançar as seguintes questões para sua turma, para que sejam respondidas em grupos ou
      individualmente e depois debatidas no grande grupo:

         • O que é justiça afinal? Aponte situações no filme em que a justiça foi cumprida e outras em que a
      justiça falhou.
         • A escravidão realmente acabou?
         • Quais são as novas formas de escravidão?
         • Como o filme retrata as favelas? Comente a cena na qual Ricardo atola o carro próximo à cena de
      um assassinato.
         • De acordo com seu entendimento, qual é o papel das ONGs? Como o filme retrata esta realidade?
         • No Brasil há seriedade? Como o filme traça o perfil social do nosso país?
         • Existe ética na publicidade/marketing? Como essa situação é abordada no filme?
         • O que é caridade? O que é doação? A doação é somente algo material?
         • O que é assistencialismo? Em sua opinião, o Brasil é um país assistencialista?
         • Como você analisa a situação mostrada no filme, em que duas ONGs brigam entre si para darem
      alimentos, sopa e cobertores a mendigos de rua?
         • Por que as doações são, muitas vezes, vinculadas a crescimento espiritual?
          • A oferta de Noemia a Mônica, para o custeio do casamento, é uma forma de escravidão? Que
      outra situação do filme retrata a mesma situação?
         • Como os esquemas de corrupção são mostrados no filme? Em que situações?
         • Mônica decide criar uma menina negra. Por quê?
         • O filme retrata o crescimento das penitenciárias como fator de aquecimento da economia. Por quê?
      Em sua opinião, este pensamento é correto?
         • Aumentar o número de penitenciárias no Brasil pode diminuir os índices da violência urbana?
           • Por que o personagem interpretado por Lazaro Ramos compara as penitenciárias a navios
      negreiros?
         • O que o personagem interpretado por Lazaro Ramos quer dizer com a expressão “Liberdade para
      consumir”?
         • Como Candinho se envolve no mundo do crime?
         • Qual é a visão da sobrinha de Mônica sobre o mundo da moda? E seus valores?
         • Quem são os novos capitães do mato?
         • Como o filme retrata as campanhas publicitárias desconexas da realidade?
         • O que é abismo social?
          • Por que o personagem interpretado por Lazaro Ramos afirma que sequestro é uma forma de
      distribuição de renda?
         • O filme menciona o marketing da violência. O que isso quer dizer?
         • O sequestro de Marco Aurélio foi fruto da desigualdade social?
         • O que é um favor? Favor se paga? Ou se retribui? Qual a “moeda corrente” nos pagamentos dos
      favores?
         • Como o filme retrata a “reinclusão social”? Analise a fala de Ricardo durante a festa de premiação,
      quando menciona a empregabilidade dos ex-detentos.




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• Em sua opinião, o que significa a expressão: “Vale quanto pesa ou é por quilo?”
      5) Projeto multidisciplinar, dados estatísticos.
       Ainda é possível, dentro da disciplina de matemática ou em um projeto multidisciplinar, analisar os
      dados numéricos levantados pelo filme. Sugiro que eles sejam pesquisados novamente pelos alunos de
      modo a atualizar os valores que se referem ao ano de lançamento do filme: 2005.
      Dados para análise:

          1. Em determinada situação do filme, uma escrava Lucrecia necessitava de 34 mil réis para comprar
      sua carta de alforria. Quanto equivale essa quantia em reais?
          2. Maria Antonia vende a carta de alforria a Lucrecia por 42238 réis, obtendo uma lucratividade de
      7,5% ao ano. Que operações financeiras da atualidade podem render percentuais iguais ou superiores
      a esses?
          3. No mercado da solidariedade, cada criança carente corresponde a 5 novos empregos. Qual é a
      dimensão desta empregabilidade neste ano?
          4. Segundo o filme, é levantada ao ano uma quantia de U$ 10.000,00 por criança carente ao ano no
      Brasil. O que seria possível realizar se essa verba efetivamente fosse utilizada para o fim a que se
      destina?
         5. Quanto custa a manutenção mensal de presidiários no Brasil?
         6. Qual o volume anual de recursos financeiros movimentados anualmente por ONGs brasileiras?
      6) Relação com outros eventos recentes.
      É possível comparar as situações vistas no filme com a cena trágica da interceptação da ajuda
      humanitária a Gaza?
      7) ONGs, todas são como as retratadas no filme?
      É necessário fazer um fechamento com os alunos no sentido de esclarecimento: nem todas as ONGs
      funcionam como as retratadas no filme. Há muita gente séria no terceiro setor! Para diferenciar o joio do
      trigo é necessário acompanhar as atividades, analisar as finanças e ser crítico.
      8) Últimas dicas.
      E a última dica. Assista ao filme até o final mesmo! Você pode pensar que o filme acabou, mas logo
      após os letreiros do final, há mais um “pedacinho” surpreendente e que amplia a discussão!
      Nos extras, há um depoimento muito interessante de Iná Camargo. Confira também!
      Links complementares
      O filme sustenta os fatos com base em documentos do Arquivo Nacional Brasileiro.
      O site para consulta é: www.arquivonacional.gov.br




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  • 1. Quanto vale ou é por quilo? Dicas e sugestões de atividades pedagógicas para o uso do filme em sala de aula. Autor(a): Danielle Lourenço Data de Publicação: 11/02/2011 Ficha técnica do filme Título original: Quanto vale ou é por quilo? Gênero: Drama Duração: 104min Lançamento (Brasil): 2005 Direção: Sérgio Bianchi Roteiro: Sérgio Bianchi, Eduardo Benaim e Newton Canitto Produção: Patrick Leblanc e Luís Alberto Pereira Fotografia: Marcelo Copanni Edição: Paulo Sacramento Sinopse Quanto vale ou é por quilo? é um filme baseado em um conto de Machado de Assis que propõe uma reflexão sobre a sociedade brasileira escravocrata do século XVIII e a contemporânea. Em diversos momentos, o filme retrata que a escravidão, os capitães do mato eram atores de uma história escrita no passado. Mas, em outros, que tais “personagens” ainda escrevem a história do nosso cotidiano... No período escravocrata, homens-escravos foram fonte de lucro e uma moeda corrente paralela aos contos de réis. A exploração humana era fonte de status e riqueza. O filme mostra, dentro dessa perspectiva, que o trabalho e o lucro de muitas ONGs se baseia no mesmo princípio: exploração da miséria humana. Crítica do filme “O filme é uma excelente fonte de aprendizado e reflexão. Mostra-nos que o tempo passou e (quase) nada mudou. E, principalmente, coloca uma pulga (gigante) atrás da orelha sobre como podemos intervir nesta realidade... Sobre as nossas ‘supostas’ ações sociais... Até que ponto efetivamente contribuímos para a melhoria da sociedade? O filme é forte, em alguns momentos tenso, mas muito valioso, além de ser um convite ao desafio: qual o significado de Quanto vale ou é por quilo?.” Danielle Lourenço – Pedagoga Sugestões pedagógicas 1) Reflexão. O filme pode ser utilizado como instrumento de reflexão e expansão de consciência de modo transversal, porém é inegável que a história, a sociologia e a filosofia são vieses muito presentes em todo o desenrolar da trama. 2) História, a escravidão no Brasil. Este conteúdo foi extraído do site www.editorapositivo.com.br 15/12/2011 Página 1 de 3
  • 2. Enfocando a história, o filme retrata fielmente as questões referentes à escravidão no Brasil. O professor pode explorar essa temática mostrando as cenas: 1. A escrava que comprava escravos e teve seus direitos usurpados. 2. Os inúmeros instrumentos de castigo aos negros mostrados detalhadamente já no início do filme. 3. A ação dos capitães do mato. 4. O comércio de escravos como negócio lucrativo e próspero. 5. Os direitos dos alforriados. 6. As cartas de alforria. 7. A relação entre escravos e seus proprietários. 3) História, relação entre passado e presente. Ainda dentro da perspectiva do trabalho com a disciplina História, é possível desmistificar a questão que muitos alunos, equivocadamente, pontuam: “História é coisa do passado!” ou “Já passou mesmo, o que isso tem a ver comigo nos dias de hoje”! O filme transpõe a escravidão do século XVIII para diversas situações de escravidão no século XXI. E vai mais além: apresenta a “máfia” a qual pertencem algumas ONGs (Organizações Não Governamentais), que visam lucro na miséria das comunidades. 4) Análise crítica, questões para a sua turma. Para que a análise crítica tenha o máximo de profundidade possível, você, após assistir ao filme, pode lançar as seguintes questões para sua turma, para que sejam respondidas em grupos ou individualmente e depois debatidas no grande grupo: • O que é justiça afinal? Aponte situações no filme em que a justiça foi cumprida e outras em que a justiça falhou. • A escravidão realmente acabou? • Quais são as novas formas de escravidão? • Como o filme retrata as favelas? Comente a cena na qual Ricardo atola o carro próximo à cena de um assassinato. • De acordo com seu entendimento, qual é o papel das ONGs? Como o filme retrata esta realidade? • No Brasil há seriedade? Como o filme traça o perfil social do nosso país? • Existe ética na publicidade/marketing? Como essa situação é abordada no filme? • O que é caridade? O que é doação? A doação é somente algo material? • O que é assistencialismo? Em sua opinião, o Brasil é um país assistencialista? • Como você analisa a situação mostrada no filme, em que duas ONGs brigam entre si para darem alimentos, sopa e cobertores a mendigos de rua? • Por que as doações são, muitas vezes, vinculadas a crescimento espiritual? • A oferta de Noemia a Mônica, para o custeio do casamento, é uma forma de escravidão? Que outra situação do filme retrata a mesma situação? • Como os esquemas de corrupção são mostrados no filme? Em que situações? • Mônica decide criar uma menina negra. Por quê? • O filme retrata o crescimento das penitenciárias como fator de aquecimento da economia. Por quê? Em sua opinião, este pensamento é correto? • Aumentar o número de penitenciárias no Brasil pode diminuir os índices da violência urbana? • Por que o personagem interpretado por Lazaro Ramos compara as penitenciárias a navios negreiros? • O que o personagem interpretado por Lazaro Ramos quer dizer com a expressão “Liberdade para consumir”? • Como Candinho se envolve no mundo do crime? • Qual é a visão da sobrinha de Mônica sobre o mundo da moda? E seus valores? • Quem são os novos capitães do mato? • Como o filme retrata as campanhas publicitárias desconexas da realidade? • O que é abismo social? • Por que o personagem interpretado por Lazaro Ramos afirma que sequestro é uma forma de distribuição de renda? • O filme menciona o marketing da violência. O que isso quer dizer? • O sequestro de Marco Aurélio foi fruto da desigualdade social? • O que é um favor? Favor se paga? Ou se retribui? Qual a “moeda corrente” nos pagamentos dos favores? • Como o filme retrata a “reinclusão social”? Analise a fala de Ricardo durante a festa de premiação, quando menciona a empregabilidade dos ex-detentos. Este conteúdo foi extraído do site www.editorapositivo.com.br 15/12/2011 Página 2 de 3
  • 3. • Em sua opinião, o que significa a expressão: “Vale quanto pesa ou é por quilo?” 5) Projeto multidisciplinar, dados estatísticos. Ainda é possível, dentro da disciplina de matemática ou em um projeto multidisciplinar, analisar os dados numéricos levantados pelo filme. Sugiro que eles sejam pesquisados novamente pelos alunos de modo a atualizar os valores que se referem ao ano de lançamento do filme: 2005. Dados para análise: 1. Em determinada situação do filme, uma escrava Lucrecia necessitava de 34 mil réis para comprar sua carta de alforria. Quanto equivale essa quantia em reais? 2. Maria Antonia vende a carta de alforria a Lucrecia por 42238 réis, obtendo uma lucratividade de 7,5% ao ano. Que operações financeiras da atualidade podem render percentuais iguais ou superiores a esses? 3. No mercado da solidariedade, cada criança carente corresponde a 5 novos empregos. Qual é a dimensão desta empregabilidade neste ano? 4. Segundo o filme, é levantada ao ano uma quantia de U$ 10.000,00 por criança carente ao ano no Brasil. O que seria possível realizar se essa verba efetivamente fosse utilizada para o fim a que se destina? 5. Quanto custa a manutenção mensal de presidiários no Brasil? 6. Qual o volume anual de recursos financeiros movimentados anualmente por ONGs brasileiras? 6) Relação com outros eventos recentes. É possível comparar as situações vistas no filme com a cena trágica da interceptação da ajuda humanitária a Gaza? 7) ONGs, todas são como as retratadas no filme? É necessário fazer um fechamento com os alunos no sentido de esclarecimento: nem todas as ONGs funcionam como as retratadas no filme. Há muita gente séria no terceiro setor! Para diferenciar o joio do trigo é necessário acompanhar as atividades, analisar as finanças e ser crítico. 8) Últimas dicas. E a última dica. Assista ao filme até o final mesmo! Você pode pensar que o filme acabou, mas logo após os letreiros do final, há mais um “pedacinho” surpreendente e que amplia a discussão! Nos extras, há um depoimento muito interessante de Iná Camargo. Confira também! Links complementares O filme sustenta os fatos com base em documentos do Arquivo Nacional Brasileiro. O site para consulta é: www.arquivonacional.gov.br Este conteúdo foi extraído do site www.editorapositivo.com.br 15/12/2011 Página 3 de 3