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Moção sobre Renovação Política




       Subo hoje a este púlpito para vos falar de renovação política que é tanto
necessária, num contexto actual de descrédito e de desconfiança pela classe política,
pelas instituições democráticas e pela democracia.

       Subo hoje a este púlpito não para vos deixar as minhas humildes e pobres
palavras, mas para que juntos e conscientes dos desafios do nosso tempo, façamos as
mudanças que se nos impõem e renovemos o regime democrático do nosso país.

       Todavia nunca poderemos falar de democracia em Portugal, sem falarmos da
revolução que ocorreu a 25 de Abril de 1974. Esta revolução por que alguns dos nossos
“irmãos” foram encarcerados, esta revolução por que alguns dos nossos “irmãos”
lutaram, esta revolução por que alguns dos nossos “irmãos” morreram, esta revolução
que num dia histórico e memorável para todos nós, encheu as ruas do nosso país,
nunca poderá ser esquecida. Pelo contrário, esta revolução deverá ser sempre para
todos nós uma inspiração, na nossa luta incessante por um país melhor.

       A revolução portuguesa não só mostrou ao mundo a força e as potencialidades
deste povo, como também possibilitou a eliminação de muitas das mais graves
desigualdades, discriminações e injustiças sociais. Acima de tudo, a revolução trouxe-
nos a Liberdade, que foi e é essencial para a construção de uma sociedade democrática.

       Mas, camaradas, não nos acomodemos e não vivamos à sombra das conquistas
da revolução, porque algumas das lutas travadas pelos nossos camaradas de Abril, são
agora lutas e desafios do nosso tempo.

       Guiados pelo espírito irreverente da revolução, assim como pela visão
republicana do serviço público, lutaremos. Como diria Guerra Junqueiro: “Hoje quem
diz pátria, diz república. Não uma república doutrinária, estupidamente jacobina, mas
uma república larga, franca, nacional onde caibam todos”.

       Esta memória de um passado glorioso comum é fundamental para
concretizarmos as mudanças no nosso país. Contudo não podemos nem devemos
agarrarmo-nos demasiado ao passado, muito menos devemos ficar reféns dos erros
que cometemos. Devemos aprender com o passado, tentando superar aquilo que
foram, para nós, obstáculos e ir mais longe naquilo que foram as nossas conquistas.

       Hoje é sentida por todos nós uma necessidade de mudança de paradigma, em
virtude da nossa insatisfação com aquilo que se encontra instituído. A nossa geração
enfrenta, hoje, novos problemas, exigindo-se por isso novas e diferentes respostas.

        Falemos dos problemas ambientais associados a uma necessidade de políticas
conducentes a um desenvolvimento sustentável, assumindo hoje uma urgência
inegável. Falemos das questões demográficas, nomeadamente, do envelhecimento da
população, que exige uma solidariedade inter-geracional. Falemos dos fluxos
migratórios, das minorias étnicas e religiosas associadas a este fenómeno. Falemos da
igualdade de género, tantas vezes arredada do debate político mas não menos
importante. Falemos da adopção por parte de casais do mesmo sexo, que tem divido
opiniões. Falemos da legalização das drogas leves e da legalização da prostituição, que
são fenómenos que existem e que por isso exigem uma resposta. Falemos da internet,
nomeadamente, das questões relacionadas com a privacidade, com a liberalização e
com a reforma da protecção dos direitos de autor. Falemos do eterno combate a
qualquer tipo de discriminação ou exclusão social. Falemos de questões fracturantes,
que são para nós estruturantes, como diz o nosso secretário-geral Pedro Alves.

       Temos então um difícil caminho pela frente que é a resposta a estas questões, na
qual teremos de apostar toda a nossa energia. Porém, só poderemos avançar se o povo
confiar em nós e se assim formos legitimados, para em seu nome, estarmos à frente dos
destinos deste país.

       Digo-vos que não é com acusações que vamos reconquistar a confiança dos
portugueses. Digo-vos que não é olhando de cima para este povo que vamos
reconquistar a confiança dos portugueses. Digo-vos que não é julgando-o ignorante e
culpado-o de todos os males, simultaneamente responsabilizando-o pelo seu voto, que
vamos reconquistar a confiança dos portugueses. Pelo contrário, digo-vos que é
respeitando o povo, respeitando a sua vontade e atendendo aos seus anseios, que
vamos reconquistar a confiança dos cidadãos. Digo-vos ainda que este papel, já não é
dos que estão, mas sim dos que virão!

       Mais do que nunca é necessária uma credibilização da política.
Mais do que nunca é necessária uma maior participação política.

       Mais do que nunca é necessária uma renovação política.

       Mais do que nunca é necessária uma reforma das estruturas e da máquina
partidária. Eu diria ainda, que mais do que nunca é necessário um “25 de Abril dentro
dos partidos políticos”.

       Não obstante, esta reforma que nos diz respeito só poderá ser efectiva, se
percebermos, primeiramente, o papel da esquerda democrática europeia e os desafios
que se lhe impõem neste início de século.

       Falemos, então, da crise de 2008. Ora, esta crise não marca só o ponto de partida
para a crise da zona euro que vivemos actualmente, como também o florescimento das
ideologias da direita neoliberal. Se alguns pensavam que este seria o momento em que
a desregulamentação financeira e o capitalismo selvagem seriam condenados pelos
seus crimes e que o seu reinado estaria prestes a terminar, enganaram-se. As vitórias
da direita conservadora neoliberal e as derrotas eleitorais da esquerda democrática
multiplicaram-se um pouco por toda a Europa. Vivemos hoje numa Europa governada
por conservadores e liberais e, ainda, com alguns nacionalistas atrás da cortina.
Precisamos, pois, de renovar esta esquerda em consonância com as novas dinâmicas
económicas, sociais e políticas do país e da Europa.

       Uma nova relação com o mercado, deverá estar na agenda. A dinamização das
economias, através de uma maior mobilidade empresarial estará directamente ligada à
actual necessidade do crescimento económico. Num contexto de instabilidade dos
mercados e de constrangimentos orçamentais, a defesa intransigente do Estado Social
não deverá ser preterida. Muito pelo contrário, esta defesa da justiça social deverá
continuar a ser a nossa bandeira, a bandeira da esquerda democrática europeia.

       Outra dos reptos será fazer face ao recrudescimento dos nacionalismos e das
paixões xenófobas e racistas, que exige uma reacção concertada a nível europeu.
Certamente que este caminho não poderá passará ao lado de uma eficaz harmonização
das relações entre as nações e de uma melhor convivência com o fenómeno da
mobilidade internacional das pessoas.

       No que respeita à renovação desta esquerda, muitos outros aspectos poderiam
ser postos em cima da mesa, mas aquele que mais importância merece é, sem dúvida, a
defesa do aprofundamento do projecto europeu, como o ambiente necessário e o
habitat natural da ideologia de esquerda. Compreendamos que sem Europa ou com
menos Europa, o socialismo será engolido pelas forças neoliberais e neoconservadoras,
veiculadas na acção dos organismos internacionais. Por isso não desistamos deste
nobre projecto de integração, porque, como defendia Jean Monnet, a Europa nasceu e
cresceu, num contexto de crise e eu acredito que desde que haja vontade política e
solidariedade europeias, o caminho para uma Europa mais coesa, mais justa e mais
solidária não tardará a revelar-se no horizonte.

       Como todos sabemos, o nosso caminho passará pelo Partido Socialista e é por
ele que teremos de lutar. Mas não nos esqueçamos que “sem democracia interna, os
valores socialistas tornam-se belas palavras sem credibilidade ideológica ou utilidade
para a modernização da sociedade portuguesa” (in Declaração de Princípios do PS)

       Discutamos, pois, aquilo que poderemos fazer para reformar o nosso partido,
para que os valores socialistas nunca morram e sejam sempre a nossa bandeira!

       Comecemos por procurar trazer para o PS mais pessoas, não apenas militantes
mas também simpatizantes, que se comprometem ideologicamente connosco. Neste
campo, as eleições primárias à semelhança do exemplo americano, poderia ser um bom
mecanismo de ponto de partida, no estudo de novas formas de participação interna.

       Os militantes são para um partido, o que os cidadãos são para um regime
democrático. Ou melhor os militantes são para os eleitos, o que os cidadãos são para os
governantes. Por isso mesmo, uma maior aproximação entre os militantes e os eleitos
será tanto melhor, como uma maior aproximação entre os cidadãos e os governantes.
Maior proximidade significará também sempre maior participação e maior
convergência.

       Todos nós reconhecemos o meritório papel dos movimentos sociais quer para o
enriquecimento da democracia, quer para a difusão de novas correntes de opinião.
Sendo este fenómeno um catalisador da opinião pública e um agente importante para a
democracia, é da extrema importância que os partidos se abram à sociedade civil e que
auscultem estes movimentos, que são instrumentos estratégicos do exercício da
cidadania. Esta necessidade dos partidos dialogarem com a sociedade civil poderia
consubstanciar-se na criação de órgãos de auscultação e de debate, assim como, no
diálogo sério com as associações, com os sindicatos e com as universidades. Porém não
é essa a atitude que os partidos políticos e o próprio Partido Socialista têm tido para
com estes movimentos, o que se tem traduzido numa proliferação de ideias e de
movimentos antidemocráticos e anti partidários, que ameaçam a democracia e a
fragmentação dos partidos políticos.

       Como, tantas vezes, diz o nosso Secretário-geral, António José Seguro, o PS é
um partido com vocação governativa, cabendo-nos quando estamos na oposição, fazê-
lo de uma forma responsável e não com mera avidez de poder. Esta oposição
responsável deve, então, no meu entender, ter dois aspectos, que são: a cimeira defesa
do interesse das pessoas e a apresentação de credíveis propostas alternativas de
governação. Existe, pois, para mim um órgão central para a elaboração de propostas
governativas, que é o Gabinete de Estudos. Este órgão deverá ser uma das apostas
constantes do PS, tornando-o cada vez mais numa plataforma de conhecimento
aprofundado e variado sobre as condições económicas, sociais, políticas e jurídicas do
nosso país, para que se possam elaborar propostas efectivas e coerentes de governação.

       Estando a falar de renovação política e da reforma das estruturas partidárias,
existe um combate central que teremos de travar e ao qual não poderemos fugir, que é
o carreirismo e a profissionalização da política. Todos nós assumimos que estes casos
de aproveitamento da actividade política são felizmente minorias no que toca à
realidade político-partidária, mas não é por constituírem uma minoria que devemos
deixar de os combater. Não é obviamente saudável que as mesmas pessoas se
perpetuem no poder, quer para elas próprias que inexoravelmente se vão
descredibilizando, como também para a saúde da nossa democracia, que muitas vezes
padece da promiscuidade fraudulenta e mafiosa entre o poder político e o poder
económico. A resolução deste cancro, que corrói a democracia e que corrói as
estruturas partidárias, passará por algumas soluções. Por um lado, um dos caminhos
deverá ser um maior envolvimento e uma maior auscultação das juventudes
partidárias, por parte do Partido. Encarando-as como estruturas progressistas e como o
garante do futuro do partido, ao invés de as verem como estruturas “concorrentes”.
Por outro lado, outra das soluções deverá passar pela limitação do número de
mandatos e pela incompatibilidade de acumulação de certos cargos políticos.

       Muitas outras reformas precisarão os partidos políticos de levar a cabo, muitas
outras reformas precisará o Partido Socialista de levar a cabo, por isso eu acredito que
vocês, tal como eu, quererão fazê-las para que tenhamos um melhor partido e para que
vivamos sempre em democracia e numa melhor democracia.

        Convoco-vos, então, a todos para que, hoje, nos comprometamos a nunca
deixarmos morrer os valores que defendemos.

        Convoco-vos, a todos para que, hoje, nos comprometamos a colocar os
interesses do PS acima dos nossos interesses individuais.

        Convoco-vos, a todos para que, hoje, nos comprometamos a lutar em nome dos
portugueses e por um país melhor.

        Convoco-vos a fazê-lo, porque sei que somos capazes!

        Terminaria, servindo-me das palavras de Jonh F. Kennedy. Não procurem o
que o vosso país poderá fazer por vós, mas sim o que vocês poderão fazer pelo vosso
país.




                                                                         Subscritores

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                                      - Ricardo Simões – Juventude Socialista de Tomar

                                          -Hugo Costa – Juventude Socialista de Tomar

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Moção Sectorial - Renovação Política

  • 1. Moção sobre Renovação Política Subo hoje a este púlpito para vos falar de renovação política que é tanto necessária, num contexto actual de descrédito e de desconfiança pela classe política, pelas instituições democráticas e pela democracia. Subo hoje a este púlpito não para vos deixar as minhas humildes e pobres palavras, mas para que juntos e conscientes dos desafios do nosso tempo, façamos as mudanças que se nos impõem e renovemos o regime democrático do nosso país. Todavia nunca poderemos falar de democracia em Portugal, sem falarmos da revolução que ocorreu a 25 de Abril de 1974. Esta revolução por que alguns dos nossos “irmãos” foram encarcerados, esta revolução por que alguns dos nossos “irmãos” lutaram, esta revolução por que alguns dos nossos “irmãos” morreram, esta revolução que num dia histórico e memorável para todos nós, encheu as ruas do nosso país, nunca poderá ser esquecida. Pelo contrário, esta revolução deverá ser sempre para todos nós uma inspiração, na nossa luta incessante por um país melhor. A revolução portuguesa não só mostrou ao mundo a força e as potencialidades deste povo, como também possibilitou a eliminação de muitas das mais graves desigualdades, discriminações e injustiças sociais. Acima de tudo, a revolução trouxe- nos a Liberdade, que foi e é essencial para a construção de uma sociedade democrática. Mas, camaradas, não nos acomodemos e não vivamos à sombra das conquistas da revolução, porque algumas das lutas travadas pelos nossos camaradas de Abril, são agora lutas e desafios do nosso tempo. Guiados pelo espírito irreverente da revolução, assim como pela visão republicana do serviço público, lutaremos. Como diria Guerra Junqueiro: “Hoje quem diz pátria, diz república. Não uma república doutrinária, estupidamente jacobina, mas uma república larga, franca, nacional onde caibam todos”. Esta memória de um passado glorioso comum é fundamental para concretizarmos as mudanças no nosso país. Contudo não podemos nem devemos agarrarmo-nos demasiado ao passado, muito menos devemos ficar reféns dos erros
  • 2. que cometemos. Devemos aprender com o passado, tentando superar aquilo que foram, para nós, obstáculos e ir mais longe naquilo que foram as nossas conquistas. Hoje é sentida por todos nós uma necessidade de mudança de paradigma, em virtude da nossa insatisfação com aquilo que se encontra instituído. A nossa geração enfrenta, hoje, novos problemas, exigindo-se por isso novas e diferentes respostas. Falemos dos problemas ambientais associados a uma necessidade de políticas conducentes a um desenvolvimento sustentável, assumindo hoje uma urgência inegável. Falemos das questões demográficas, nomeadamente, do envelhecimento da população, que exige uma solidariedade inter-geracional. Falemos dos fluxos migratórios, das minorias étnicas e religiosas associadas a este fenómeno. Falemos da igualdade de género, tantas vezes arredada do debate político mas não menos importante. Falemos da adopção por parte de casais do mesmo sexo, que tem divido opiniões. Falemos da legalização das drogas leves e da legalização da prostituição, que são fenómenos que existem e que por isso exigem uma resposta. Falemos da internet, nomeadamente, das questões relacionadas com a privacidade, com a liberalização e com a reforma da protecção dos direitos de autor. Falemos do eterno combate a qualquer tipo de discriminação ou exclusão social. Falemos de questões fracturantes, que são para nós estruturantes, como diz o nosso secretário-geral Pedro Alves. Temos então um difícil caminho pela frente que é a resposta a estas questões, na qual teremos de apostar toda a nossa energia. Porém, só poderemos avançar se o povo confiar em nós e se assim formos legitimados, para em seu nome, estarmos à frente dos destinos deste país. Digo-vos que não é com acusações que vamos reconquistar a confiança dos portugueses. Digo-vos que não é olhando de cima para este povo que vamos reconquistar a confiança dos portugueses. Digo-vos que não é julgando-o ignorante e culpado-o de todos os males, simultaneamente responsabilizando-o pelo seu voto, que vamos reconquistar a confiança dos portugueses. Pelo contrário, digo-vos que é respeitando o povo, respeitando a sua vontade e atendendo aos seus anseios, que vamos reconquistar a confiança dos cidadãos. Digo-vos ainda que este papel, já não é dos que estão, mas sim dos que virão! Mais do que nunca é necessária uma credibilização da política.
  • 3. Mais do que nunca é necessária uma maior participação política. Mais do que nunca é necessária uma renovação política. Mais do que nunca é necessária uma reforma das estruturas e da máquina partidária. Eu diria ainda, que mais do que nunca é necessário um “25 de Abril dentro dos partidos políticos”. Não obstante, esta reforma que nos diz respeito só poderá ser efectiva, se percebermos, primeiramente, o papel da esquerda democrática europeia e os desafios que se lhe impõem neste início de século. Falemos, então, da crise de 2008. Ora, esta crise não marca só o ponto de partida para a crise da zona euro que vivemos actualmente, como também o florescimento das ideologias da direita neoliberal. Se alguns pensavam que este seria o momento em que a desregulamentação financeira e o capitalismo selvagem seriam condenados pelos seus crimes e que o seu reinado estaria prestes a terminar, enganaram-se. As vitórias da direita conservadora neoliberal e as derrotas eleitorais da esquerda democrática multiplicaram-se um pouco por toda a Europa. Vivemos hoje numa Europa governada por conservadores e liberais e, ainda, com alguns nacionalistas atrás da cortina. Precisamos, pois, de renovar esta esquerda em consonância com as novas dinâmicas económicas, sociais e políticas do país e da Europa. Uma nova relação com o mercado, deverá estar na agenda. A dinamização das economias, através de uma maior mobilidade empresarial estará directamente ligada à actual necessidade do crescimento económico. Num contexto de instabilidade dos mercados e de constrangimentos orçamentais, a defesa intransigente do Estado Social não deverá ser preterida. Muito pelo contrário, esta defesa da justiça social deverá continuar a ser a nossa bandeira, a bandeira da esquerda democrática europeia. Outra dos reptos será fazer face ao recrudescimento dos nacionalismos e das paixões xenófobas e racistas, que exige uma reacção concertada a nível europeu. Certamente que este caminho não poderá passará ao lado de uma eficaz harmonização das relações entre as nações e de uma melhor convivência com o fenómeno da mobilidade internacional das pessoas. No que respeita à renovação desta esquerda, muitos outros aspectos poderiam ser postos em cima da mesa, mas aquele que mais importância merece é, sem dúvida, a
  • 4. defesa do aprofundamento do projecto europeu, como o ambiente necessário e o habitat natural da ideologia de esquerda. Compreendamos que sem Europa ou com menos Europa, o socialismo será engolido pelas forças neoliberais e neoconservadoras, veiculadas na acção dos organismos internacionais. Por isso não desistamos deste nobre projecto de integração, porque, como defendia Jean Monnet, a Europa nasceu e cresceu, num contexto de crise e eu acredito que desde que haja vontade política e solidariedade europeias, o caminho para uma Europa mais coesa, mais justa e mais solidária não tardará a revelar-se no horizonte. Como todos sabemos, o nosso caminho passará pelo Partido Socialista e é por ele que teremos de lutar. Mas não nos esqueçamos que “sem democracia interna, os valores socialistas tornam-se belas palavras sem credibilidade ideológica ou utilidade para a modernização da sociedade portuguesa” (in Declaração de Princípios do PS) Discutamos, pois, aquilo que poderemos fazer para reformar o nosso partido, para que os valores socialistas nunca morram e sejam sempre a nossa bandeira! Comecemos por procurar trazer para o PS mais pessoas, não apenas militantes mas também simpatizantes, que se comprometem ideologicamente connosco. Neste campo, as eleições primárias à semelhança do exemplo americano, poderia ser um bom mecanismo de ponto de partida, no estudo de novas formas de participação interna. Os militantes são para um partido, o que os cidadãos são para um regime democrático. Ou melhor os militantes são para os eleitos, o que os cidadãos são para os governantes. Por isso mesmo, uma maior aproximação entre os militantes e os eleitos será tanto melhor, como uma maior aproximação entre os cidadãos e os governantes. Maior proximidade significará também sempre maior participação e maior convergência. Todos nós reconhecemos o meritório papel dos movimentos sociais quer para o enriquecimento da democracia, quer para a difusão de novas correntes de opinião. Sendo este fenómeno um catalisador da opinião pública e um agente importante para a democracia, é da extrema importância que os partidos se abram à sociedade civil e que auscultem estes movimentos, que são instrumentos estratégicos do exercício da cidadania. Esta necessidade dos partidos dialogarem com a sociedade civil poderia consubstanciar-se na criação de órgãos de auscultação e de debate, assim como, no diálogo sério com as associações, com os sindicatos e com as universidades. Porém não
  • 5. é essa a atitude que os partidos políticos e o próprio Partido Socialista têm tido para com estes movimentos, o que se tem traduzido numa proliferação de ideias e de movimentos antidemocráticos e anti partidários, que ameaçam a democracia e a fragmentação dos partidos políticos. Como, tantas vezes, diz o nosso Secretário-geral, António José Seguro, o PS é um partido com vocação governativa, cabendo-nos quando estamos na oposição, fazê- lo de uma forma responsável e não com mera avidez de poder. Esta oposição responsável deve, então, no meu entender, ter dois aspectos, que são: a cimeira defesa do interesse das pessoas e a apresentação de credíveis propostas alternativas de governação. Existe, pois, para mim um órgão central para a elaboração de propostas governativas, que é o Gabinete de Estudos. Este órgão deverá ser uma das apostas constantes do PS, tornando-o cada vez mais numa plataforma de conhecimento aprofundado e variado sobre as condições económicas, sociais, políticas e jurídicas do nosso país, para que se possam elaborar propostas efectivas e coerentes de governação. Estando a falar de renovação política e da reforma das estruturas partidárias, existe um combate central que teremos de travar e ao qual não poderemos fugir, que é o carreirismo e a profissionalização da política. Todos nós assumimos que estes casos de aproveitamento da actividade política são felizmente minorias no que toca à realidade político-partidária, mas não é por constituírem uma minoria que devemos deixar de os combater. Não é obviamente saudável que as mesmas pessoas se perpetuem no poder, quer para elas próprias que inexoravelmente se vão descredibilizando, como também para a saúde da nossa democracia, que muitas vezes padece da promiscuidade fraudulenta e mafiosa entre o poder político e o poder económico. A resolução deste cancro, que corrói a democracia e que corrói as estruturas partidárias, passará por algumas soluções. Por um lado, um dos caminhos deverá ser um maior envolvimento e uma maior auscultação das juventudes partidárias, por parte do Partido. Encarando-as como estruturas progressistas e como o garante do futuro do partido, ao invés de as verem como estruturas “concorrentes”. Por outro lado, outra das soluções deverá passar pela limitação do número de mandatos e pela incompatibilidade de acumulação de certos cargos políticos. Muitas outras reformas precisarão os partidos políticos de levar a cabo, muitas outras reformas precisará o Partido Socialista de levar a cabo, por isso eu acredito que
  • 6. vocês, tal como eu, quererão fazê-las para que tenhamos um melhor partido e para que vivamos sempre em democracia e numa melhor democracia. Convoco-vos, então, a todos para que, hoje, nos comprometamos a nunca deixarmos morrer os valores que defendemos. Convoco-vos, a todos para que, hoje, nos comprometamos a colocar os interesses do PS acima dos nossos interesses individuais. Convoco-vos, a todos para que, hoje, nos comprometamos a lutar em nome dos portugueses e por um país melhor. Convoco-vos a fazê-lo, porque sei que somos capazes! Terminaria, servindo-me das palavras de Jonh F. Kennedy. Não procurem o que o vosso país poderá fazer por vós, mas sim o que vocês poderão fazer pelo vosso país. Subscritores 1º - Daniel Nobre – Juventude Socialista de Tomar - Nuno Ferreira – Juventude Socialista de Tomar - Sara Costa – Juventude Socialista de Tomar - Ricardo Simões – Juventude Socialista de Tomar -Hugo Costa – Juventude Socialista de Tomar