SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 4
PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA
DIOCESE DE CAMPINA GRANDE
Formação Litúrgica - EUCARISTIA
Org. Pe. José Assis Pereira Soares
1. A Eucaristia no Novo Testamento I – Que sentido deu Cristo e a Igreja Primitiva à Eucaristia
# Finalidade do estudo: conhecer o sentido da Eucaristia, seu lugar na história da salvação, sua
estrutura, a dinâmica da sua celebração, sua projeção para a vida espiritual pessoal e comunitária, sua
tarefa catequética e pastoral.
èVale a pena estudar o mistério eucarístico.
A melhor condição para celebrá-lo bem é conhecê-lo mais a fundo!
“Somos uma Igreja eucarística... vamos a introduzir-nos naquele que chamamos o sacramento da
existência cristã. Não desejo meditá-lo nem contemplá-lo com peconceitos, com dogmatismos ou
interesse moralista. Tem tal riqueza, tal pluridimensionalidade, que nunca se esgotará o estudo e
contemplação da eucararistia. Desejaria unicamente ajudar a contemplar, ainda que seja do alto e à
distância, como Moisés, do monte Nebo avista o panorama belissimo desta terra prometida, deste pão e
deste cálice prometido”.(Paredes, José Cristo Rey Garcia. Iniciación cristiana y eucaristía, teología particular de los
sacrmaentos. Madrid, San Pablo, 1992)
Para isso vamos seguir este caminho:
• Que sentido Cristo deu à sua Eucaristia?
Fonte: Novo Testamento - conhecer a riqueza teológica e pastoral do NT em torno da Eucaristia.
(base para toda reflexão ulterior).
• A Eucaristia foi confiada por Cristo à sua Igreja para que a celebrasse:
Fonte: Tradição - estudar sobretudo os dados da tradição eclesial dos primeiros séculos, a celebração
das diversas gerações e a sua compreensão.
• Que sentido tem a Eucaristia no mistério cristão? (Reflexão Teológica)
Como se entende hoje a presença de Cristo e do seu acontecimento pascal em nossa celebração?
Pode-se exprimir este mistério com linguagem mais atual?
Qual é a conexão da Eucaristia com Cristo, com seu Espírito, com o homem e a mulher de hoje, com a
escatologia (futuro)?
• Análise da celebração Eucarística.
Entender a dinâmica de sua estrutura e a linguagem de seus textos e de seus gestos simbólicos..
Como teremos de apresentá-la e fazê-la apreciar pelos outros.
1. A EUCARISTIA NO NOVO TESTAMENTO
»»»» O que quis significar Cristo quando reuniu seus discípulos na ceia de despedida e lhes deu a comer
pão e vinho para beber dizendo que eram seu corpo e seu sangue, e recomendando-lhes que celebrassem
aquilo em sua memória?O que entenderam eles?
»»»» Quais eram as categorias mentais da Igreja Apostólica para avaliar este gesto sacramental
e o encargo de transmiti-lo às comunidades seguintes?
A fração do pão na comunidade apostólica
− A primeira coisa que sabemos é que a comunidade cristã se reunia, sobretudo no “primeiro dia da
semana” isto é, aos domingos, para celebrar o que chamam "a fração do pão" em obediência ao
mandato do Senhor: "Fazei isto em memória de mim".
− Como aparece esta celebração nas cartas de Paulo e nos Atos dos Apóstolos:
• Os textos:
# 1Cor 10;11 (ano 55)
"... o pão que partimos"
"... o cálice de benção que
abençoamos"
"... são comunhão com o corpo e
o sangue de Cristo"
"... a ceia do Senhor"
1
− A primeira notícia que temos da Eucaristia já é para denunciar que alguns grupos a entendem mal.
Paulo relaciona a "Ceia do Senhor" com a última ceia de Jesus e seu mandamento de celebrá-la como
memória sua.
# Atos 2,42-45 (sumário da vida da comunidade de Jerusalém)
− A Eucaristia não aparece como um rito isolado, mas fazendo parte do conjunto da vida comunitária.
A vida da comunidade é descrita com quatro rápidos traços que Lucas apresenta dois a dois:
"... o ensino dos Apóstolos (Palavra)
e a comunhão"
"... a fração do pão (Eucaristia)
e as orações”
− Os quatro elementos poderiam ser a ordem estrutural de uma celebração: “Palavra” = primeira parte
da celebração; “Comunhão” = partilha, ajuda às necessidades ou ágape fraterno, e “fração do pão” e
as orações como as fases conclusivas; ou um programa de vida comunitária: “Palavra – catequese -
ensinamento” = prolongamento mais sistemático do “Kerygma”; “Comunhão” = a união comunitária
na mesma fé, em torno de Cristo, que leva a sinais externos como a celebração e o compartilhar os
bens e a vida; = orações cristãs herdadas da sinagoga ou templo, sobretudo os salmos; “Eucaristia –
partir o pão” = nem sempre a expressão “partir o pão” ou “fração do pão” aponta para uma celebração
eucarística: depende do contexto em que se diz.
# At 20 (descrição de uma reunião comunitária cristã - a de Trôade)
− É claro o tom eucarístico da reunião:
"... o primeiro dia da semana", congrega-se a comunidade para a
"fração do pão"
"a pregação de Paulo, que se prolonga até o amanhecer"
"a ressurreição do rapaz"
− A Eucarisita está aqui relacionada por Lucas – com uma intenção catequética – com a ressurreição do
jovem e com o consolo da comunidade. Está escuro lá fora (e nesta escuridão cai o jovem). Dentro, a
sala está toda iluminada: um simbolismo da fé cristã no meio da sociedade pagã.
#At 27 (o naufrágio de Paulo em que ele era transferido para Roma)
− Lucas narra com uma terminologia muito eucarística a refeição que Paulo convidou insistentemente
os marinheiros e que foi um fator decisivo na salvação de todos.
− O relato parece indicar uma elaboração catequética de Lucas que, ao narrar como finalmente se salvou
o navio, quer que seus leitores “recordem” a Eucaristia, exaltando ao mesmo tempo o papel
protagonista do heroi da história, Paulo.
− As ações nos soam eucarísticas pelos termos utilizados:
"salvação", "tomou o pão"... "deu graças" - "partiu-o" e se pos a comer.
− Como no caso do jovem morto (At 20), também aqui a Eucaristia é apresentada num contexto de
"vida" (At 20,12) e salvação (At 27,20.31.34).
− Há outras alusões em Lucas que podem ser entendidas como referências à Eucaristia, embora não tão
claramente.
− É Lucas quem mais vezes fala da comida na história da primeira comunidade:
At 1,4 (Jesus comendo com os discípulos)
At 9,19 (depois da conversão de Paulo)
At 10,41 (os que comeram e beberam com o Ressuscitado)
At 16,34 (jantar com o carcereiro convertido)
− O mesmo acontece com o seu Evangelho: A multiplicação dos pães, a refeição na casa de Levi ou de
Zaqueu e a parábola do banquete do Reino (Lc 5,29; 10,36; 14,1; 19,1; 22,30).
#Lc 24,13-35 (Emaús)
− Resumo das principais linhas do Evangelho de Lucas.
− Não é um estilo histórico ou biográfico, mas "legendário", não no sentido de "lenda mítica", mas de
"algo para ler", uma catequese historicizada: a intenção central é sublinhar a presença nova do
ressuscitado, diferente da terrena pré-pascal. Sua presença agora é experimentável pela comunidade
cristã em chaves novas: a proclamação da Palavra, a fração do pão e a comunidade.
− “O texto tem como um duplo esquema: o caminho da fé e a eucaristia. Tem um esquema muito
próximo à celebração eucarística. Jesus instrue a seus dicipulos acerca das profecias que falam sobre o
Messias, de como era preciso que padecesse, de como já Moisés e os profetas haviam falado dele.
Uma vez instruidos estão dispostos a receber os sinais de sua presença, porque reagiram ante sua
palavra, convidando-o a ficar com eles. Este convite é como o “Maranatha” das liturgias primitivas.
É então quando Jesus repete os gestos da última ceia. Estamos ante uma experiência pascal percebida
e relatada com rasgos eucarísticos. Lucas nos está ensinando que somos nós os discípulso de Emaús,
quando ouvimos sua Palavra, quando esta nos faz arder o coração e quando na Fração do Pão
percebemos quem foi Jesus e quem é hoje para a Igreja”. (José Cristo Rey Garcia Paredes)
è Três chaves: Palavra - Eucaristia - Comunidade se concentram de modo privilegiado na celebração
cristã por excelência, a Eucaristia.
− Desde que Cristo inaugurou a nova era através de sua morte, os cristãos que não o conheceram em
vida terrena experimentam assim sua presença viva.
Visão de conjunto
a) O nome que esta celebração recebe no N.T. é duplo: "fração do pão" e "ceia do Senhor". Ambos se
referem ao contexto de uma REFEIÇÃO. Paulo também a chama “mesa do Senhor”, “cálice do
Senhor”. Só no fim do séc. I e inicio do séc. II, com a “Didaché" (Catequese dos Apóstolos) e nos
escritos de Sto. Inácio de Antioquia se introduzirá o nome de "Eucaristia" que aponta mais para a
bênção e ação de graças.
b) Trata-se de uma CELEBRAÇÃO COMUNITÁRIA: "reunir-se" (At 20,7; 1Cor
11,8.17.20.33.34..) É uma CELEBRAÇÃO ABERTA: não só de um círculo de amigos ou de um
círculo fechado numa classe social ou familiar, como se vê em 1Cor 11.
c) A celebração REALIZA-SE EM CONEXÃO COM A REFEIÇÃO como já indicam os nomes que
lhe dão: A “comunidade de mesa” como expressão e alimento da unidade e de vida 1Cor 10;11
provavelmente, no principio, os dois gestos do pão e do vinho demarcavam a ceia, com a fração do
pão no inicio e a bênção do vinho no final: Paulo e Lucas falam do vinho “depois da ceia”. Mas,
quando Paulo se refere à situação de Corinto, parece que primeiro tinha lugar a ceia comunitária e, no
final, tudo que é especifico da Eucaristia, com os gestos do pão e do vinho já unidos.
d) Desde a primeira geração se relacionava a refeição eucarística com a CELEBRAÇÃO DA
PALAVRA. At 2,42; 20; Lc 24
Esta inclusão da Palavra da Eucaristia seguiria a tradição sinagogal dos judeus, centrada nas leituras,
nos salmos e na oração, e a de bênçãos e de comida da ceia pascal.
e) A celebração não teve um rítmo anual, como a páscoa judaica, mas, SEMANAL. O DOMINGO, o
dia do Senhor pareceu o mais apropriado para que a comunidade se reunisse em torno da mesa do
Senhor. (At 20 "no primeiro dia da semana")
O Domingo tem toda uma carga de intenção teológica, pela superação do Sábado judaico e pela
recordação viva da ressurreição do Senhor. No “dia do kyrios” reúne-se “a comunidade do Kyrios”
para celebrar a “ceia do Kyrios”: toda a vida cristã está centrada no Senhor o Kyrios glorioso.
f) A reunião CELEBRAVA-SE NAS CASAS particulares, em contraposição à sinagoga e ao templo
que os cristãos continuavam frequentando, mas só para atos de oração. Lucas e Paulo nos
conservaram os nomes de alguns cristãos de posses patrocinadores) que emprestaram suas casas para
estas reuniões comunitárias.
g) A comunidade cristã via na Eucaristia mais do que uma refeição fraterna normal. Certamente teriam
outras reuniões familiares, importantes para o sustento da fraternidade. Mas, nestas, celebradas no
Domingo, trata-se da "ceia do Senhor", na qual entram em "comunhão com o corpo e sangue do
Senhor" e na qual, como aponta a cena de Emaús, se dá o ENCONTRO E O
RECONHECIMENTO DA PRESENÇA VIVA DO RESSUSCITADO.
- As refeiçóes com "peixe" parece que nas primeiras décadas tiveram uma certa significação na
comunidade cristã. O peixe ("ichthys") foi um símbolo religioso - da vida, por exemplo - em
muitas culturas religiosas. Para os judeus parece que teve, sobretudo na literatura extrabíblica,
uma conotação messiânica e escatológica: sua comida de alguma forma antecipava os tempos
messiânicos. (Mc 6,41-43 multiplicação dos pães e peixes, Jo 21,9 pão e peixe que Jesus
ressuscitado oferece aos apóstolos).
- Surge até a teoria de que nas primeiras décadas houve dois tipos de Eucaristia. Uma “palestina”,
que estaria orientada para o futuro, à espera do Senhor, seriam ceias “com o Senhor”, cheias de
alegria. Estas Eucaristias se refletem em At 2 e na “Didaché”. Outro tipo, “paulino ou helenista”,
estaria mais centrado no passado, na morte de Cristo, e seria visto como memorial da mesma, ceia
“de Jesus”, participando de seu próprio corpo e sangue. A passagem 1Cor 10 e 11 seria o reflexo
desta concepção mais sacrifical e sacramental, para a qual teria evoluído a Eucaristia no ambiente
helênico. Hoje a maioria dos estudioso nega a validade desta teoria. Nos documenos mais antigos
coexistem as duas direções: a memorial e a escatológica, e, portanto, não se estabelece uma
evolução neste sentido.
Teologia e espiritualidade da celebração
− Resumo sobre a compreensão e a celebração da eucaristia na primeira comunidade cristã a partir da
descrição que nos fizeram At, Lc 24 e 1Cor.
a) A Eucaristia é celebrada dentro do contexto da vida eclesial.
Alguém é incorporado à comunidade por meio dos passos da iniciação (pregação, conversão, fé,
batismo) e começa a viver a vida desta comunidade. Mas no meio desta vida comunitária: a catequese,
a vida fraterna e o espírito de missão no meio da sociedade. Dentro desta vivência se celebra, como
momento de destaque, no primeiro dia da semana, a Eucaristia.
b) Celebra-se com simplicidade e alegria, num clima de louvor a Deus.
At 2,46-47: "alegria", "simplicidade de coração" "e louvor a Deus".
O traço que mais se destaca, é a alegria: uma alegria cúltica, religiosa, de alguém que se sente diante
de Deus e o louva pela salvação que Ele realizou.
Numa comunidade humana, a refeição sempre é motivo de alegria. A imagem da alimentação
exprime: a alegria escatológica e a comunhão salvadora com Deus.
c) Dimensão escatológica da espera da volta do Senhor.
A expressão "maranatha" que aparece no N.T. e depois na "Didaché" 10,6 parece significar sempre
uma reunião cúltica da comunidade. 1Cor 16,22 e Ap 22,20.
É uma atitude de alegre espera que não se relacione necessariamente com a volta do Senhor, mas
como a compreensão escatológica e definitiva da vinda do Messias que experimentaram com a
comunhão: A Eucaristia oferece a melhor experiência sacramental da presença do Senhor
Escatológico.
d) A ideia central é a presença do Senhor ressuscitado no meio dos seus precisamente no contexto
da Eucaristia. O Kyrios ressuscitado se torna presente à sua comunidade principalmente na
Eucaristia, como salvador, como libertador da morte, como aquele que enche de consolo e dá a vida.
Lucas não sublinhava tanto a espera escatológica nem a recordação memorial da morte de Cristo na
cruz, mas sua presença viva hoje, identificando a presença salvadora do Messias com a experiência
eucarística da comunidade.
(As aparições do Ressuscitado com frequência aparecem num contexto de refeição e também algumas
refeições de Jesus pré-pascal relatadas com terminologia eucarística).
Desde que Cristo inaugurou a nova era através de sua morte, os cristãos que não o conheceram em sua
vida terrena e não o vêm podem “encontrar-se com ele” e experimentar assim sua presença viva. E
precisamente as três chaves – PALAVRA, EUCARISTIA, E COMUNIDADE – se concentram de
modo privilegiado na celebração cristã por excelência, a fração do pão. Portanto, é uma catequese
escrita para leitores que não conheceram pessoalmente a Jesus, mas que assiduamente já estão
participando da Eucaristia. Ou seja, para nós.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Formação de Liturgia - 03/11/2013
Formação de Liturgia - 03/11/2013Formação de Liturgia - 03/11/2013
Formação de Liturgia - 03/11/2013eusouaimaculada
 
Formação em Liturgia
Formação em LiturgiaFormação em Liturgia
Formação em Liturgiaiaymesobrino
 
Formação para leitores e salmistas
Formação para leitores e salmistasFormação para leitores e salmistas
Formação para leitores e salmistaspascomichu
 
Curso de liturgia
Curso de liturgiaCurso de liturgia
Curso de liturgiambsilva1971
 
Liturgia Fundamental - Noções de Liturgia segundo o Concílio Vaticano II.pptx
Liturgia Fundamental - Noções de Liturgia segundo o Concílio Vaticano II.pptxLiturgia Fundamental - Noções de Liturgia segundo o Concílio Vaticano II.pptx
Liturgia Fundamental - Noções de Liturgia segundo o Concílio Vaticano II.pptxPadre Anderson de Lima Alencar
 
Liturgia: SAGRADA CEIA DO SENHOR: “O MISTÉRIO DA FÉ”
Liturgia: SAGRADA CEIA DO SENHOR: “O MISTÉRIO DA FÉ”Liturgia: SAGRADA CEIA DO SENHOR: “O MISTÉRIO DA FÉ”
Liturgia: SAGRADA CEIA DO SENHOR: “O MISTÉRIO DA FÉ”Leandro Couto
 
Introdução à mariologia (2012)
Introdução à mariologia (2012)Introdução à mariologia (2012)
Introdução à mariologia (2012)Afonso Murad (FAJE)
 
A missa parte por parte
A missa parte por parteA missa parte por parte
A missa parte por partenyllolucas
 
Livro Catequese com estilo catecumenal - Padre Lelo
Livro Catequese com estilo catecumenal - Padre LeloLivro Catequese com estilo catecumenal - Padre Lelo
Livro Catequese com estilo catecumenal - Padre LeloVitor Nunes Rosa
 
2 timóteo comentário esperança
2 timóteo comentário esperança2 timóteo comentário esperança
2 timóteo comentário esperançaMarcos Henrique
 
A vida cristã sacramentos
A vida cristã sacramentosA vida cristã sacramentos
A vida cristã sacramentosLéo Mendonça
 
Eucaristia
EucaristiaEucaristia
EucaristiaJean
 
SINODALIDADE - CAMINHADA HISTÓRICA
SINODALIDADE - CAMINHADA HISTÓRICASINODALIDADE - CAMINHADA HISTÓRICA
SINODALIDADE - CAMINHADA HISTÓRICAPaulo David
 

Mais procurados (20)

Formação de Liturgia - 03/11/2013
Formação de Liturgia - 03/11/2013Formação de Liturgia - 03/11/2013
Formação de Liturgia - 03/11/2013
 
Formação em Liturgia
Formação em LiturgiaFormação em Liturgia
Formação em Liturgia
 
Formação para leitores e salmistas
Formação para leitores e salmistasFormação para leitores e salmistas
Formação para leitores e salmistas
 
Curso de liturgia
Curso de liturgiaCurso de liturgia
Curso de liturgia
 
Liturgia Fundamental - Noções de Liturgia segundo o Concílio Vaticano II.pptx
Liturgia Fundamental - Noções de Liturgia segundo o Concílio Vaticano II.pptxLiturgia Fundamental - Noções de Liturgia segundo o Concílio Vaticano II.pptx
Liturgia Fundamental - Noções de Liturgia segundo o Concílio Vaticano II.pptx
 
Mariologia - Dogmas
Mariologia - DogmasMariologia - Dogmas
Mariologia - Dogmas
 
Ano litúrgico
Ano litúrgicoAno litúrgico
Ano litúrgico
 
Liturgia: SAGRADA CEIA DO SENHOR: “O MISTÉRIO DA FÉ”
Liturgia: SAGRADA CEIA DO SENHOR: “O MISTÉRIO DA FÉ”Liturgia: SAGRADA CEIA DO SENHOR: “O MISTÉRIO DA FÉ”
Liturgia: SAGRADA CEIA DO SENHOR: “O MISTÉRIO DA FÉ”
 
Power point da formação
Power point da formaçãoPower point da formação
Power point da formação
 
01 Dei Verbum
01  Dei Verbum01  Dei Verbum
01 Dei Verbum
 
Introdução à mariologia (2012)
Introdução à mariologia (2012)Introdução à mariologia (2012)
Introdução à mariologia (2012)
 
A missa parte por parte
A missa parte por parteA missa parte por parte
A missa parte por parte
 
Formação – leitores
Formação – leitoresFormação – leitores
Formação – leitores
 
Livro Catequese com estilo catecumenal - Padre Lelo
Livro Catequese com estilo catecumenal - Padre LeloLivro Catequese com estilo catecumenal - Padre Lelo
Livro Catequese com estilo catecumenal - Padre Lelo
 
Liturgia
LiturgiaLiturgia
Liturgia
 
2 timóteo comentário esperança
2 timóteo comentário esperança2 timóteo comentário esperança
2 timóteo comentário esperança
 
IV Ministério de leitores
IV Ministério de leitoresIV Ministério de leitores
IV Ministério de leitores
 
A vida cristã sacramentos
A vida cristã sacramentosA vida cristã sacramentos
A vida cristã sacramentos
 
Eucaristia
EucaristiaEucaristia
Eucaristia
 
SINODALIDADE - CAMINHADA HISTÓRICA
SINODALIDADE - CAMINHADA HISTÓRICASINODALIDADE - CAMINHADA HISTÓRICA
SINODALIDADE - CAMINHADA HISTÓRICA
 

Semelhante a 1. a eucaristia no Antigo Testamento

Amissaparteporparte 101224221903-phpapp02
Amissaparteporparte 101224221903-phpapp02Amissaparteporparte 101224221903-phpapp02
Amissaparteporparte 101224221903-phpapp02Paróquia Menino Jesus
 
2. categoria previas a eucaristia e relatos da instituicao
2. categoria previas a eucaristia e relatos da instituicao2. categoria previas a eucaristia e relatos da instituicao
2. categoria previas a eucaristia e relatos da instituicaoHelio Diniz
 
-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA/AGROPECUÁRIA E ESTUDANTE DE DIR...
-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA/AGROPECUÁRIA E ESTUDANTE DE DIR...-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA/AGROPECUÁRIA E ESTUDANTE DE DIR...
-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA/AGROPECUÁRIA E ESTUDANTE DE DIR...ANTONIO INACIO FERRAZ
 
Identidade Da C Atequese Em Pdf
Identidade Da C Atequese Em PdfIdentidade Da C Atequese Em Pdf
Identidade Da C Atequese Em PdfAlexandre
 
Tríduo pascal - indicações litúrgico-pastorais
Tríduo pascal - indicações litúrgico-pastoraisTríduo pascal - indicações litúrgico-pastorais
Tríduo pascal - indicações litúrgico-pastoraisPNSPS
 
Portifolio André Kinal
Portifolio André Kinal Portifolio André Kinal
Portifolio André Kinal Andre kinal
 
Roteiro homilético solenidade de pentecostes – ano c – vermelho – 15.05.2016
Roteiro homilético  solenidade de pentecostes – ano c – vermelho – 15.05.2016Roteiro homilético  solenidade de pentecostes – ano c – vermelho – 15.05.2016
Roteiro homilético solenidade de pentecostes – ano c – vermelho – 15.05.2016José Luiz Silva Pinto
 
Repasse do nordestão(liturgia) 1
Repasse do nordestão(liturgia) 1Repasse do nordestão(liturgia) 1
Repasse do nordestão(liturgia) 1Jean
 
Identidade Da C Atequese Em Pdf
Identidade Da C Atequese Em PdfIdentidade Da C Atequese Em Pdf
Identidade Da C Atequese Em PdfAlexandrebn
 
Teologia da sacrosanctum concilium
Teologia da sacrosanctum conciliumTeologia da sacrosanctum concilium
Teologia da sacrosanctum conciliumSamuel Elanio
 
A missa parte por parte
A missa parte por parteA missa parte por parte
A missa parte por partenyllolucas
 
Liturgia breve histórico
Liturgia   breve históricoLiturgia   breve histórico
Liturgia breve históricoNúccia Ortega
 
Lição 11 - A Páscoa Desejada
Lição 11 - A Páscoa DesejadaLição 11 - A Páscoa Desejada
Lição 11 - A Páscoa DesejadaÉder Tomé
 
Fontes bíblicas da eucaristia
Fontes bíblicas da eucaristiaFontes bíblicas da eucaristia
Fontes bíblicas da eucaristiaFábio Soares
 
Glorificacao de deus e salvacao do homem perspectivas liturgicas do vaticano ii
Glorificacao de deus e salvacao do homem perspectivas liturgicas do vaticano iiGlorificacao de deus e salvacao do homem perspectivas liturgicas do vaticano ii
Glorificacao de deus e salvacao do homem perspectivas liturgicas do vaticano iiAlvaro Nortok
 

Semelhante a 1. a eucaristia no Antigo Testamento (20)

Amissaparteporparte 101224221903-phpapp02
Amissaparteporparte 101224221903-phpapp02Amissaparteporparte 101224221903-phpapp02
Amissaparteporparte 101224221903-phpapp02
 
2. categoria previas a eucaristia e relatos da instituicao
2. categoria previas a eucaristia e relatos da instituicao2. categoria previas a eucaristia e relatos da instituicao
2. categoria previas a eucaristia e relatos da instituicao
 
-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA/AGROPECUÁRIA E ESTUDANTE DE DIR...
-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA/AGROPECUÁRIA E ESTUDANTE DE DIR...-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA/AGROPECUÁRIA E ESTUDANTE DE DIR...
-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA/AGROPECUÁRIA E ESTUDANTE DE DIR...
 
Identidade Da C Atequese Em Pdf
Identidade Da C Atequese Em PdfIdentidade Da C Atequese Em Pdf
Identidade Da C Atequese Em Pdf
 
Tríduo pascal - indicações litúrgico-pastorais
Tríduo pascal - indicações litúrgico-pastoraisTríduo pascal - indicações litúrgico-pastorais
Tríduo pascal - indicações litúrgico-pastorais
 
Portifolio André Kinal
Portifolio André Kinal Portifolio André Kinal
Portifolio André Kinal
 
Roteiro homilético solenidade de pentecostes – ano c – vermelho – 15.05.2016
Roteiro homilético  solenidade de pentecostes – ano c – vermelho – 15.05.2016Roteiro homilético  solenidade de pentecostes – ano c – vermelho – 15.05.2016
Roteiro homilético solenidade de pentecostes – ano c – vermelho – 15.05.2016
 
Repasse do nordestão(liturgia) 1
Repasse do nordestão(liturgia) 1Repasse do nordestão(liturgia) 1
Repasse do nordestão(liturgia) 1
 
Identidade Da C Atequese Em Pdf
Identidade Da C Atequese Em PdfIdentidade Da C Atequese Em Pdf
Identidade Da C Atequese Em Pdf
 
Teologia da sacrosanctum concilium
Teologia da sacrosanctum conciliumTeologia da sacrosanctum concilium
Teologia da sacrosanctum concilium
 
A missa parte por parte
A missa parte por parteA missa parte por parte
A missa parte por parte
 
Pentecostes
PentecostesPentecostes
Pentecostes
 
Pentecostes
PentecostesPentecostes
Pentecostes
 
01 paroquia imaculadocoracao
01 paroquia imaculadocoracao01 paroquia imaculadocoracao
01 paroquia imaculadocoracao
 
Liturgia breve histórico
Liturgia   breve históricoLiturgia   breve histórico
Liturgia breve histórico
 
Pentecostes
Pentecostes Pentecostes
Pentecostes
 
Lição 11 - A Páscoa Desejada
Lição 11 - A Páscoa DesejadaLição 11 - A Páscoa Desejada
Lição 11 - A Páscoa Desejada
 
A ceia
A ceiaA ceia
A ceia
 
Fontes bíblicas da eucaristia
Fontes bíblicas da eucaristiaFontes bíblicas da eucaristia
Fontes bíblicas da eucaristia
 
Glorificacao de deus e salvacao do homem perspectivas liturgicas do vaticano ii
Glorificacao de deus e salvacao do homem perspectivas liturgicas do vaticano iiGlorificacao de deus e salvacao do homem perspectivas liturgicas do vaticano ii
Glorificacao de deus e salvacao do homem perspectivas liturgicas do vaticano ii
 

Mais de Helio Diniz

Mais de Helio Diniz (12)

Os mandamentos
Os mandamentosOs mandamentos
Os mandamentos
 
TODOS OS ARTIGOS DE PADRE ASSIS
TODOS OS ARTIGOS DE PADRE ASSISTODOS OS ARTIGOS DE PADRE ASSIS
TODOS OS ARTIGOS DE PADRE ASSIS
 
Cat09
Cat09Cat09
Cat09
 
Cat08
Cat08Cat08
Cat08
 
Cat07
Cat07Cat07
Cat07
 
Cat06
Cat06Cat06
Cat06
 
Cat05
Cat05Cat05
Cat05
 
Cat04
Cat04Cat04
Cat04
 
Cat03
Cat03Cat03
Cat03
 
Cat02
Cat02Cat02
Cat02
 
INICIAÇÃO CRISTÃ Nº01
INICIAÇÃO CRISTÃ Nº01INICIAÇÃO CRISTÃ Nº01
INICIAÇÃO CRISTÃ Nº01
 
Conferência nacional dos bispos do brasil
Conferência nacional dos bispos do brasilConferência nacional dos bispos do brasil
Conferência nacional dos bispos do brasil
 

1. a eucaristia no Antigo Testamento

  • 1. PARÓQUIA DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA DIOCESE DE CAMPINA GRANDE Formação Litúrgica - EUCARISTIA Org. Pe. José Assis Pereira Soares 1. A Eucaristia no Novo Testamento I – Que sentido deu Cristo e a Igreja Primitiva à Eucaristia # Finalidade do estudo: conhecer o sentido da Eucaristia, seu lugar na história da salvação, sua estrutura, a dinâmica da sua celebração, sua projeção para a vida espiritual pessoal e comunitária, sua tarefa catequética e pastoral. èVale a pena estudar o mistério eucarístico. A melhor condição para celebrá-lo bem é conhecê-lo mais a fundo! “Somos uma Igreja eucarística... vamos a introduzir-nos naquele que chamamos o sacramento da existência cristã. Não desejo meditá-lo nem contemplá-lo com peconceitos, com dogmatismos ou interesse moralista. Tem tal riqueza, tal pluridimensionalidade, que nunca se esgotará o estudo e contemplação da eucararistia. Desejaria unicamente ajudar a contemplar, ainda que seja do alto e à distância, como Moisés, do monte Nebo avista o panorama belissimo desta terra prometida, deste pão e deste cálice prometido”.(Paredes, José Cristo Rey Garcia. Iniciación cristiana y eucaristía, teología particular de los sacrmaentos. Madrid, San Pablo, 1992) Para isso vamos seguir este caminho: • Que sentido Cristo deu à sua Eucaristia? Fonte: Novo Testamento - conhecer a riqueza teológica e pastoral do NT em torno da Eucaristia. (base para toda reflexão ulterior). • A Eucaristia foi confiada por Cristo à sua Igreja para que a celebrasse: Fonte: Tradição - estudar sobretudo os dados da tradição eclesial dos primeiros séculos, a celebração das diversas gerações e a sua compreensão. • Que sentido tem a Eucaristia no mistério cristão? (Reflexão Teológica) Como se entende hoje a presença de Cristo e do seu acontecimento pascal em nossa celebração? Pode-se exprimir este mistério com linguagem mais atual? Qual é a conexão da Eucaristia com Cristo, com seu Espírito, com o homem e a mulher de hoje, com a escatologia (futuro)? • Análise da celebração Eucarística. Entender a dinâmica de sua estrutura e a linguagem de seus textos e de seus gestos simbólicos.. Como teremos de apresentá-la e fazê-la apreciar pelos outros. 1. A EUCARISTIA NO NOVO TESTAMENTO »»»» O que quis significar Cristo quando reuniu seus discípulos na ceia de despedida e lhes deu a comer pão e vinho para beber dizendo que eram seu corpo e seu sangue, e recomendando-lhes que celebrassem aquilo em sua memória?O que entenderam eles? »»»» Quais eram as categorias mentais da Igreja Apostólica para avaliar este gesto sacramental e o encargo de transmiti-lo às comunidades seguintes? A fração do pão na comunidade apostólica − A primeira coisa que sabemos é que a comunidade cristã se reunia, sobretudo no “primeiro dia da semana” isto é, aos domingos, para celebrar o que chamam "a fração do pão" em obediência ao mandato do Senhor: "Fazei isto em memória de mim". − Como aparece esta celebração nas cartas de Paulo e nos Atos dos Apóstolos: • Os textos: # 1Cor 10;11 (ano 55) "... o pão que partimos" "... o cálice de benção que abençoamos" "... são comunhão com o corpo e o sangue de Cristo" "... a ceia do Senhor" 1
  • 2. − A primeira notícia que temos da Eucaristia já é para denunciar que alguns grupos a entendem mal. Paulo relaciona a "Ceia do Senhor" com a última ceia de Jesus e seu mandamento de celebrá-la como memória sua. # Atos 2,42-45 (sumário da vida da comunidade de Jerusalém) − A Eucaristia não aparece como um rito isolado, mas fazendo parte do conjunto da vida comunitária. A vida da comunidade é descrita com quatro rápidos traços que Lucas apresenta dois a dois: "... o ensino dos Apóstolos (Palavra) e a comunhão" "... a fração do pão (Eucaristia) e as orações” − Os quatro elementos poderiam ser a ordem estrutural de uma celebração: “Palavra” = primeira parte da celebração; “Comunhão” = partilha, ajuda às necessidades ou ágape fraterno, e “fração do pão” e as orações como as fases conclusivas; ou um programa de vida comunitária: “Palavra – catequese - ensinamento” = prolongamento mais sistemático do “Kerygma”; “Comunhão” = a união comunitária na mesma fé, em torno de Cristo, que leva a sinais externos como a celebração e o compartilhar os bens e a vida; = orações cristãs herdadas da sinagoga ou templo, sobretudo os salmos; “Eucaristia – partir o pão” = nem sempre a expressão “partir o pão” ou “fração do pão” aponta para uma celebração eucarística: depende do contexto em que se diz. # At 20 (descrição de uma reunião comunitária cristã - a de Trôade) − É claro o tom eucarístico da reunião: "... o primeiro dia da semana", congrega-se a comunidade para a "fração do pão" "a pregação de Paulo, que se prolonga até o amanhecer" "a ressurreição do rapaz" − A Eucarisita está aqui relacionada por Lucas – com uma intenção catequética – com a ressurreição do jovem e com o consolo da comunidade. Está escuro lá fora (e nesta escuridão cai o jovem). Dentro, a sala está toda iluminada: um simbolismo da fé cristã no meio da sociedade pagã. #At 27 (o naufrágio de Paulo em que ele era transferido para Roma) − Lucas narra com uma terminologia muito eucarística a refeição que Paulo convidou insistentemente os marinheiros e que foi um fator decisivo na salvação de todos. − O relato parece indicar uma elaboração catequética de Lucas que, ao narrar como finalmente se salvou o navio, quer que seus leitores “recordem” a Eucaristia, exaltando ao mesmo tempo o papel protagonista do heroi da história, Paulo. − As ações nos soam eucarísticas pelos termos utilizados: "salvação", "tomou o pão"... "deu graças" - "partiu-o" e se pos a comer. − Como no caso do jovem morto (At 20), também aqui a Eucaristia é apresentada num contexto de "vida" (At 20,12) e salvação (At 27,20.31.34). − Há outras alusões em Lucas que podem ser entendidas como referências à Eucaristia, embora não tão claramente. − É Lucas quem mais vezes fala da comida na história da primeira comunidade: At 1,4 (Jesus comendo com os discípulos) At 9,19 (depois da conversão de Paulo) At 10,41 (os que comeram e beberam com o Ressuscitado) At 16,34 (jantar com o carcereiro convertido) − O mesmo acontece com o seu Evangelho: A multiplicação dos pães, a refeição na casa de Levi ou de Zaqueu e a parábola do banquete do Reino (Lc 5,29; 10,36; 14,1; 19,1; 22,30). #Lc 24,13-35 (Emaús) − Resumo das principais linhas do Evangelho de Lucas. − Não é um estilo histórico ou biográfico, mas "legendário", não no sentido de "lenda mítica", mas de "algo para ler", uma catequese historicizada: a intenção central é sublinhar a presença nova do
  • 3. ressuscitado, diferente da terrena pré-pascal. Sua presença agora é experimentável pela comunidade cristã em chaves novas: a proclamação da Palavra, a fração do pão e a comunidade. − “O texto tem como um duplo esquema: o caminho da fé e a eucaristia. Tem um esquema muito próximo à celebração eucarística. Jesus instrue a seus dicipulos acerca das profecias que falam sobre o Messias, de como era preciso que padecesse, de como já Moisés e os profetas haviam falado dele. Uma vez instruidos estão dispostos a receber os sinais de sua presença, porque reagiram ante sua palavra, convidando-o a ficar com eles. Este convite é como o “Maranatha” das liturgias primitivas. É então quando Jesus repete os gestos da última ceia. Estamos ante uma experiência pascal percebida e relatada com rasgos eucarísticos. Lucas nos está ensinando que somos nós os discípulso de Emaús, quando ouvimos sua Palavra, quando esta nos faz arder o coração e quando na Fração do Pão percebemos quem foi Jesus e quem é hoje para a Igreja”. (José Cristo Rey Garcia Paredes) è Três chaves: Palavra - Eucaristia - Comunidade se concentram de modo privilegiado na celebração cristã por excelência, a Eucaristia. − Desde que Cristo inaugurou a nova era através de sua morte, os cristãos que não o conheceram em vida terrena experimentam assim sua presença viva. Visão de conjunto a) O nome que esta celebração recebe no N.T. é duplo: "fração do pão" e "ceia do Senhor". Ambos se referem ao contexto de uma REFEIÇÃO. Paulo também a chama “mesa do Senhor”, “cálice do Senhor”. Só no fim do séc. I e inicio do séc. II, com a “Didaché" (Catequese dos Apóstolos) e nos escritos de Sto. Inácio de Antioquia se introduzirá o nome de "Eucaristia" que aponta mais para a bênção e ação de graças. b) Trata-se de uma CELEBRAÇÃO COMUNITÁRIA: "reunir-se" (At 20,7; 1Cor 11,8.17.20.33.34..) É uma CELEBRAÇÃO ABERTA: não só de um círculo de amigos ou de um círculo fechado numa classe social ou familiar, como se vê em 1Cor 11. c) A celebração REALIZA-SE EM CONEXÃO COM A REFEIÇÃO como já indicam os nomes que lhe dão: A “comunidade de mesa” como expressão e alimento da unidade e de vida 1Cor 10;11 provavelmente, no principio, os dois gestos do pão e do vinho demarcavam a ceia, com a fração do pão no inicio e a bênção do vinho no final: Paulo e Lucas falam do vinho “depois da ceia”. Mas, quando Paulo se refere à situação de Corinto, parece que primeiro tinha lugar a ceia comunitária e, no final, tudo que é especifico da Eucaristia, com os gestos do pão e do vinho já unidos. d) Desde a primeira geração se relacionava a refeição eucarística com a CELEBRAÇÃO DA PALAVRA. At 2,42; 20; Lc 24 Esta inclusão da Palavra da Eucaristia seguiria a tradição sinagogal dos judeus, centrada nas leituras, nos salmos e na oração, e a de bênçãos e de comida da ceia pascal. e) A celebração não teve um rítmo anual, como a páscoa judaica, mas, SEMANAL. O DOMINGO, o dia do Senhor pareceu o mais apropriado para que a comunidade se reunisse em torno da mesa do Senhor. (At 20 "no primeiro dia da semana") O Domingo tem toda uma carga de intenção teológica, pela superação do Sábado judaico e pela recordação viva da ressurreição do Senhor. No “dia do kyrios” reúne-se “a comunidade do Kyrios” para celebrar a “ceia do Kyrios”: toda a vida cristã está centrada no Senhor o Kyrios glorioso. f) A reunião CELEBRAVA-SE NAS CASAS particulares, em contraposição à sinagoga e ao templo que os cristãos continuavam frequentando, mas só para atos de oração. Lucas e Paulo nos conservaram os nomes de alguns cristãos de posses patrocinadores) que emprestaram suas casas para estas reuniões comunitárias. g) A comunidade cristã via na Eucaristia mais do que uma refeição fraterna normal. Certamente teriam outras reuniões familiares, importantes para o sustento da fraternidade. Mas, nestas, celebradas no Domingo, trata-se da "ceia do Senhor", na qual entram em "comunhão com o corpo e sangue do Senhor" e na qual, como aponta a cena de Emaús, se dá o ENCONTRO E O RECONHECIMENTO DA PRESENÇA VIVA DO RESSUSCITADO. - As refeiçóes com "peixe" parece que nas primeiras décadas tiveram uma certa significação na comunidade cristã. O peixe ("ichthys") foi um símbolo religioso - da vida, por exemplo - em
  • 4. muitas culturas religiosas. Para os judeus parece que teve, sobretudo na literatura extrabíblica, uma conotação messiânica e escatológica: sua comida de alguma forma antecipava os tempos messiânicos. (Mc 6,41-43 multiplicação dos pães e peixes, Jo 21,9 pão e peixe que Jesus ressuscitado oferece aos apóstolos). - Surge até a teoria de que nas primeiras décadas houve dois tipos de Eucaristia. Uma “palestina”, que estaria orientada para o futuro, à espera do Senhor, seriam ceias “com o Senhor”, cheias de alegria. Estas Eucaristias se refletem em At 2 e na “Didaché”. Outro tipo, “paulino ou helenista”, estaria mais centrado no passado, na morte de Cristo, e seria visto como memorial da mesma, ceia “de Jesus”, participando de seu próprio corpo e sangue. A passagem 1Cor 10 e 11 seria o reflexo desta concepção mais sacrifical e sacramental, para a qual teria evoluído a Eucaristia no ambiente helênico. Hoje a maioria dos estudioso nega a validade desta teoria. Nos documenos mais antigos coexistem as duas direções: a memorial e a escatológica, e, portanto, não se estabelece uma evolução neste sentido. Teologia e espiritualidade da celebração − Resumo sobre a compreensão e a celebração da eucaristia na primeira comunidade cristã a partir da descrição que nos fizeram At, Lc 24 e 1Cor. a) A Eucaristia é celebrada dentro do contexto da vida eclesial. Alguém é incorporado à comunidade por meio dos passos da iniciação (pregação, conversão, fé, batismo) e começa a viver a vida desta comunidade. Mas no meio desta vida comunitária: a catequese, a vida fraterna e o espírito de missão no meio da sociedade. Dentro desta vivência se celebra, como momento de destaque, no primeiro dia da semana, a Eucaristia. b) Celebra-se com simplicidade e alegria, num clima de louvor a Deus. At 2,46-47: "alegria", "simplicidade de coração" "e louvor a Deus". O traço que mais se destaca, é a alegria: uma alegria cúltica, religiosa, de alguém que se sente diante de Deus e o louva pela salvação que Ele realizou. Numa comunidade humana, a refeição sempre é motivo de alegria. A imagem da alimentação exprime: a alegria escatológica e a comunhão salvadora com Deus. c) Dimensão escatológica da espera da volta do Senhor. A expressão "maranatha" que aparece no N.T. e depois na "Didaché" 10,6 parece significar sempre uma reunião cúltica da comunidade. 1Cor 16,22 e Ap 22,20. É uma atitude de alegre espera que não se relacione necessariamente com a volta do Senhor, mas como a compreensão escatológica e definitiva da vinda do Messias que experimentaram com a comunhão: A Eucaristia oferece a melhor experiência sacramental da presença do Senhor Escatológico. d) A ideia central é a presença do Senhor ressuscitado no meio dos seus precisamente no contexto da Eucaristia. O Kyrios ressuscitado se torna presente à sua comunidade principalmente na Eucaristia, como salvador, como libertador da morte, como aquele que enche de consolo e dá a vida. Lucas não sublinhava tanto a espera escatológica nem a recordação memorial da morte de Cristo na cruz, mas sua presença viva hoje, identificando a presença salvadora do Messias com a experiência eucarística da comunidade. (As aparições do Ressuscitado com frequência aparecem num contexto de refeição e também algumas refeições de Jesus pré-pascal relatadas com terminologia eucarística). Desde que Cristo inaugurou a nova era através de sua morte, os cristãos que não o conheceram em sua vida terrena e não o vêm podem “encontrar-se com ele” e experimentar assim sua presença viva. E precisamente as três chaves – PALAVRA, EUCARISTIA, E COMUNIDADE – se concentram de modo privilegiado na celebração cristã por excelência, a fração do pão. Portanto, é uma catequese escrita para leitores que não conheceram pessoalmente a Jesus, mas que assiduamente já estão participando da Eucaristia. Ou seja, para nós.