Este documento discute o slogan como uma forma concisa e memorável de propaganda. Explica que slogans, assim como haikais, podem expressar ideias profundas em poucas palavras e são fáceis de serem retidos na memória coletiva. Fornece exemplos clássicos de slogans brasileiros bem-sucedidos e seus equivalentes modernos.
1. SLOGAN: O MINIMALISMO NA
PROPAGANDA
Explicar em poucas e precisas palavras
sensações ou conceitos profundos é uma
tarefa difícil.
Uma boa palavra vale mais que mil imagens
2. Se muito ou pouco veiculada, uma mensagem
publicitária perde sua atualidade em tempo
reduzido.
Ela é sempre criada para o presente, como
uma notícia,
Ex: Ou você compra seu imóvel hoje ou continua no aluguel. Morou?
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Seus apelos não se mantêm up-to-date, a
propaganda está condenada ao esquecimento
e caduca no próprio momento de nascer
- O anuncio novo de hoje já é velho amanhã.
3. Por outro lado, o slogan, como linguagem
compactada — e por ser intensamente repetido, é
mais fácil de permanecer retido na memória coletiva.
Instala-se na mente como um poema, como uma
idéia, um conceito.
Terrível contra os insetos, contra os
insetos...
De mulher para mulher...
Porque nós somos mamíferos...
4. Na literatura
O slogan é um elemento pragmático que
objetiva obter a memorização da mensagem.
Nos menores frascos se encontram os
melhores perfumes. (é impossível esquecer)
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o slogan é um aliado incontestável de toda e
qualquer ideologia. Em rigor, o esquema de
construção de um slogan é simples, pois
quanto mais complexo for, mais deixa de
ser um slogan, anulando-se numa frase
comum.
5. Em geral, o slogan é uma conclusão, visto que
encerra em si todo o posicionamento de um produto,
serviço ou marca.
Slogan é a palavra de ordem, o call to action, no
jargão publicitário, o imperativo, a chamada para o
consumo, uma frase de efeito, assertiva enxuta.
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É o final feliz de um bom texto publicitário.
6. Não é novidade que a propaganda, desde seus
primórdios, foi buscar, em outras áreas do
conhecimento, artifícios para fortalecer-se como
estratégia discursiva de persuasão.
Talvez, o slogan tenha um digno e nobre
ascendente no universo da poesia: os
haikais japoneses.
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O haikai: uma arte secular oriental. O slogan,
uma artimanha do Ocidente no século XX.
Uma vez lidos, é difícil esquecê-los.
7. Os haikais e os slogans
O haikai é um pequeno poema de 17 sílabas,
distribuídas esquematicamente em três
versos. O primeiro verso é de cinco sílabas, o
segundo de sete e o último novamente de
cinco. O conteúdo dessa forma poética é
sempre emotivo, sensorial.
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O slogan, por sua vez, costuma ser uma frase
curta, às vezes duas, não ultrapassando em geral
oito palavras. Seu reino é da razão, já que é
sempre o fecho de uma mensagem, a peroração
de um discurso deliberativo.
8. A poesia do instante
A cigarra... Ouvi
Nada revela em seu canto
Que ela vai morrer.
Bashô
Quatro horas soaram.
Levantei-me nove vezes
Para ver a lua.
9. Bashô
Sobre o tanque morto
Um ruído de rã
Que mergulha.
Bashô
De que árvore florida Chega?
Não sei.
Mas é o seu perfume.
10. Buson
Neve se desfaz.
E a aldeia está inundada.
De crianças.
Issa
Caracol! Docemente,
Docemente,
Escala o Fuji!
17. Tomou Doril, a dor sumiu.
Pense forte, pense Ford.
Tudo anda bem com Bardall.
18. US Top. O mundo trata melhor quem
se veste bem.
GM. 60 anos na frente em tecnologia.
Volkswagen. Você conhece, você
confia.
19. Nescau. Energia que dá gosto.
Dumont. O primeiro a cada segundo.
Abuse, use C&A.
20. DHL. Nossa pressa é maior que a sua.
Danoninho vale por um bifinho.
Deu duro, tome um Dreher.
21. Notas bibliográficas
1 Ariscóteles. Arte retórica e arte poética. Rio de Janeiro, Ediouro,
1967, p. 42.
2 Os dois primeiros haikais foram traduzidos por Manuel Bandeira. In
Estrela da vida inteira. São
Paulo, Círculo do Livro, 1995, p. 398. Os demais por Maria Ramos. In
Osvaldo Svanascini. Três mestres
do haikai. Rio de Janeiro, Cátedra, 1974, p. 33, 34, 46, 47, 48, 58 e 59,
respectivamente.