Este resumo apresenta as principais informações do documento em 3 frases:
1) A edição do jornal Enfoque Vila Brás aborda a história da rua Assuncenas e seus moradores unidos, além de reportagens sobre sonhos de jovens e lembranças de idosos.
2) O documento também discute o problema da pichação na Vila Brás, mostrando que prédios públicos e igrejas são alvos constantes, e como a impunidade contribui para a continuidade desse crime.
3) A reportagem apresenta
1. vila brás | são leopoldo | outubro/2011 | edição 130
Brassificados
Assuncenas
SOLORYA / SXC.HU
Recados e trocas
dos pequenos em
Conheça a história edição especial
da rua que mudou do Mês das
de cara graças à Crianças
força de vontade
e à união de seus
moradores Sexualidade
enfoque
O que os adolescentes
RAFAELA KLEY
pensam sobre o tema Páginas
Página 3 Página 11 14 e 15
BRUNA VARGAS
Brasinha
rsonagem
s desenham o pe
Escrevendo
Criança para ele
e criam histórias
sonhos
Jovens da Vila Brás entrevistam moradores para
conhecer a história de quem corre atrás de suas metas
Página 7 Páginas 8, 9 e 10
2. 2 Nostalgia Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011
Carta ao leitor Guardei isto em
Passam os meses, passam os anos, e hoje, na sua 130ª edi-
ção, o Enfoque Vila Brás mostra estar cada vez mais se tornando
um veículo da comunidade do que dos estudantes de jornalismo
– aquela turma que desembarca do ônibus, em algum sábado de
manhã, com blocos de anotações na mão e câmeras fotográficas
minha memória
no pescoço atrás de histórias para contar. No meio de algumas recordações, que lembrança te faz sorrir?
Nos temas diversificados, que vão desde curiosidades do dia
a dia e problemas da comunidade até, principalmente, sonhos e
alegrias de quem constrói a Brás, temos pistas do longo percurso Jaqueline Loreto (Texto) rias que acontecem, e ainda vão Para eles, visitar o passado
deste jornal que nasceu com a proposta de ter a cara da vila. A Dienifer Ceconello (Fotos) aparecer, nos fazem ter a consci- significou um sorriso não conti-
O
forte ligação dos moradores com a Brás, presente nos depoimen- ência de que vale a pena todo o do, um olhar com brilho de sau-
tos de pessoas que dizem não conseguir viver em outro lugar, por importante são as emo- caminho que traçamos dade, gestos prontos para dizer
si só já é o indício de que essa é uma caminhada natural. ções que vivemos, como Alguns moradores da Vila Brás mais, expressões marcadas pela
Nessa edição temos boas pistas dessa relação entre o Enfo- canta Roberto Carlos em contaram para o jornal Enfoque narrativas e pelo novo começo
uma de suas canções. As histó- suas memórias mais significativas. de uma jornada.
que e a comunidade. Numa parceria com a Escola João Goulart,
alguns alunos pegaram papel e caneta e foram entrevistar outros
jovens sobre seus sonhos profissionais. O que lemos é o desejo
de pessoas que vivem o presente não esquecendo de olhar para
o futuro. Essas entrevistas demonstram a pequena parte de um Causos da vida
universo repleto de sonhos e cheio de objetivos de qualificação e
crescimento, ocupando os planos de uma geração de moradores
que recebe como herança de seus pais a missão de fazer a Brás Na juventude, o trabalho e o
se desenvolver cada vez mais. lazer eram a vida de Osmar
de Oliveira, 69 anos. Volta e
TEM MAIS: com muita alegria, comemoramos nessa edição o meia ele se recorda do tempo
recebimento do diploma de Honra ao Mérito que o Enfoque Vila que tinha disponível para
Brás recebeu da Associação de Moradores, durante o aniversá- jogar futebol e ir aos bailes
rio de 30 anos da instituição. É um sinal concreto de que essa tro- com os amigos. A semana
ca é construtiva para ambas as partes. De um lado, estamos nós, era dedicada ao trabalho Seu Osmar
estudantes em formação entrando em contato e aprendendo no com couro, e os finais de com o
contato com diferentes realidades. De outro lado, está a comu- semana, com os colegas, eram registro
nidade, que se reconhece de forma positiva nas matérias e fotos destinados ao descanso e à de sua
sobre suas lutas diárias, e participa ativamente desse processo. diversão daquela época. mocidade
O Enfoque é um jornal direcionado aos moradores da O casal Maria da Beiga, 64 anos, e Rubinei
Vila Brás, em São Leopoldo/RS. A produção é dos alunos Jobim, 58, não teve dúvidas ao responder que
das disciplinas de Redação Experimental em Jornal e
a casa própria, com tudo novo, foi o que adquiriu
Fotojornalismo do Curso de Jornalismo da Unisinos.
com mais gosto. Frequentadores de uma igreja
Fale conosco! evangélica, reforçam sempre que, com a bênção
(51) 3590 8463 / 3590 8466 de Deus, conquistaram o espaço para morar.
enfoquevilabras@gmail.com
enfoque Av. Unisinos, 950 - Agexcom/Área 3 - São Leopoldo/RS
Confira quando circulam as próximas edições! Laura com sua foto do casamento
129 130 131
Para Laura Carolina Hentshke, 68
17/9 15/10 11/11
anos, todo dia é dia de uma lembrança
[REDAÇÃO] Orientação: professor Eduardo Veras. Monitoria: aluna boa. No entanto, a mais marcante é o seu
Lílian Stein. Textos: alunos André Fröhlich Seewald, Dieines Fróis, casamento. As emoções ficam por conta
Dierli dos Santos, Eduardo Saueressig, Fernanda Brandt, do vestido com véu e grinalda e a festa,
Jaqueline Fernanda Silva de Loreto, Júlia Klein Caldas, Juliana de Brito, realizada no interior de Rodeio Bonito,
Liliana Egewarth, Lorena de Risse Ferreira, Marcelo Ferreira da Silva (edição), que teve carne à vontade, salgadinhos e
Natália Barbosa Gaion, Natália Vitória de Oliveira Silva, Pablo Luis Furlanetto,
Priscila Guimarães Corrêa Gomes, Renata Parisotto, Rita de Cassia Trindade,
sobremesas feitas em casa. Batalha por casa própria foi vitoriosa
Thayná Candido de Almeida, Vitor de Arruda Pereira e Viviane Borba Bueno.
[FOTOGRAFIA] Orientação: professor Flávio Dutra. Monitoria: aluno André
Ávila. Fotos: alunos Amanda Pereira, Angelo de Zorzi, Bruna Vargas, Bruna Silva, Adelina de Oliveira, 55 nascimento. Adelina diz que sua Sua neta conta que viu o
Daniela Sgrillo, Daniela Fanti, Dienifer Martins, Douglas Bonesso, Eduardo Mei- anos, e Bruna de Oliveira, maior alegria foi a expectativa nascimento de sua cachorrinha,
reles, Fernanda Estrella, Gabriela Nunes, Greice Nichele, Joane dos Santos, João
11. Avó e neta respectivamente. da chegada de sua primeira Babi, de dois anos, e esse fato
Diego Dias, Lílian Stein, Lisiane Machado, Livia Saggin, Lucas Neto, Marília Dias,
Marina Cardozo, Natacha Oliveira, Rafaela Kley, Renata Strapazzon, Roberto Um fato curioso aproxima filha. O enxoval, ela mesma foi marcante em sua vida. O
Ferrari, Samantha Gonçalves, Stéfanie Telles e Tamires Fonseca. mais as duas: ambas têm preparou já imaginando a dengo da casa está sempre
como lembrança especial um pequena usando cada coisinha. coberto de carinho por Bruna.
[ARTE] Projeto gráfico e diagramação realizadas pela equipe de jornalismo
da Agência Experimental de Comunicação (Agexcom). Supervisão: professo-
res Eduardo Veras e Thaís Furtado. Projeto gráfico: jornalista Marcelo Garcia.
Dona Adelina,
Diagramação: estagiário Marcelo Grisa.
sua neta Bruna e
a cachorrinha da
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS família, Babi
Av. Unisinos, 950, Bairro Cristo Rei - São Leopoldo/RS
Telefone: (51) 3591 1122. E-mail: unisinos@unisinos.br
Reitor: Marcelo Fernandes de Aquino. Vice-reitor: José Ivo
Follmann. Pró-reitor Acadêmico: Pedro Gilberto Gomes.
Pró-reitor de Administração: João Zani. Diretor da Unidade de
Graduação: Gustavo Borba. Gerente de Bacharelados: Gustavo
Fischer. Coordenador do Curso de Jornalismo: Edelberto Behs.
3. Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011 Onde eu moro 3
À mercê da pichação Moradores
convivem com
a impunidade
Viviane Bueno (Texto) a parede da minha casa. Sei que minha pro-
Greice Nichele (Foto) priedade não tem muro, mas isso não dá
O
direito a ninguém de pichar minha residên-
s alvos são diversos: muros, a esco- cia”, desabafa ele.
la, portões e fachadas. Nem as igre- Nelson destaca também que a impu-
jas são poupadas. É normal pintar a nidade para o crime contribui para que a
parede em um dia e, na manhã seguinte, ter prática seja feita livremente. “Pelo fato de a
uma surpresa desagradável. Quem caminha pichação ser realizada durante a madruga-
pelas principais ruas da Brás pode perceber da, dificulta que a polícia realize o flagrante.
a quantidade de siglas e nomes pichados Muitos fazem de conta que não enxergam
em diversos pontos da vila. esse problema. Para mim, isso é vandalis-
A pichação é enquadrada como crime mo. Nossa sociedade chegou a um ponto
ambiental, através da lei n.º 9.605/98. Se o que o que é certo é errado e o errado é cer-
crime for realizado em monumento ou pa- to. Tenho estado muito decepcionado com
trimônio tombado em virtude do seu valor a vila. Acredito que nem vou cercar meu
artístico, arqueológico ou histórico, a pena pátio. Pretendo ir embora da Brás”, ressalta
é de seis meses a um ano, mas para que a Nelson. Nem mesmo as igrejas são poupa-
punição seja efetivada, o criminoso precisa das da ação dos vândalos. É o caso da Comu-
ser pego em flagrante. “É normal ver um nidade Católica Cristo Operário.
morador pintando um muro e pouco tempo Segundo Cecília Lisboa, de 46 anos, a fa-
depois, ter que repintá-lo por ter sido picha- chada está pichada há bastante tempo. “É
do. É uma falta de respeito”, confessa a fun- caro ter que pintar o tempo todo a igreja. O
cionária da loja Big Bazar, Lisiane Borges. problema é que não tem fiscalização e aí fica
Além de Lisiane, o morador Nelson José difícil ter controle sobre isso. Quando come-
das Neves, que vive na Brás há 18 anos, cei a rabalhar aqui, há mais de um ano, a
também reclama da pichação no bairro: fachada já estava completamente pichada’,
“Faz mais de um ano que desisti de pintar fala Cecília.
Lei proíbe venda de tintas para menores de 18
A Lei n.º 12.408, sancionada em O parágrafo único da lei diz que “toda
maio deste ano pela presidenta Dilma nota fiscal lançada sobre a venda des-
Rousseff, proíbe a comercialização de se produto deve possuir identificação
tintas em embalagens do tipo aerossol do comprador”. As embalagens tam-
a menores de 18 anos. bém deverão conter as expressões:
Segundo a lei, o produto só pode- “Pichação é crime (Art. 65 da Lei n.º
rá ser vendido no país a maiores, me- 9.605/98). Proibida a venda a menores
diante a apresentação de identidade. de 18 anos”.
Nem mesmo as igrejas são poupadas da ação dos vândalos
Assuncenas: o endereço da união
Priscila Gomes (Texto) “São cerca de 25 famílias que moram em 52 anos, um dos motivos de as pessoas nhos se respeitam”, diz. Josiane Klein não
Tamires Fonseca (Foto) toda a extensão dela”, diz Valmir. Ele diz serem unidas é a religião. A maioria visi- mora mais na Assuncenas, mas ela con-
que já pensou em se mudar, mas no fim, ta a igreja com frequência. “Em questão ta que esse é um dos lugares de que ela
Assim como a maioria das ruas da a opção é sempre a mesma: continuar no de segurança, sempre foi bem tranquilo. mais gosta. “Aqui é muito organizado por
Vila Brás, a Assuncenas também é dis- mesmo endereço. Segundo Antônio Joy, Acho que isso acontece porque os vizi- causa da força de vontade do pessoal.”
creta, com chão batido e algumas árvo-
res. Porém, ela possui algo que a difere
das outras: as pessoas. Pensar que todos Oito grávidas
os vizinhos se dão bem é difícil. Mas, na
Assuncenas isso acontece. Lá, cada mora- Uma das curiosidades que fa-
dor ajudou a construir a história do lugar. zem parte da história da Assuce-
Valimir Assis da Motta, 35 anos, que mora nas é o fato de que oito mulheres
na rua com a esposa, Márcia Vargas, 26, da rua ficaram grávidas na mesma
e com três filhos, conta que antigamente época. Márcia Vargas conta que
no local havia alguns problemas, como ela se surpreendeu ao perceber
alagamentos. “Lembro que desde o início que as vizinhas também estavam
da minha mudança, o pessoal daqui já esperando bebê. “O mais interes-
era unido. Nós juntamos dinheiro e colo- sante é que apenas duas tiveram
camos postes de luz e tivemos a iniciativa meninas e os outros todos meni-
de pagar os materiais e a mão de obra nos, que hoje estão com cerca de
para colocar canos de esgoto, o que me- um ano e alguns meses”, conta.
lhorou o acúmulo de água de chuva”, res- Além dos pequenos que nas-
salta. Com algumas mudanças, o ambien- ceram há pouco tempo, o local
te ficou com outra “cara”, os moradores também recebe a alegria de diver-
aumentaram e o ar cinzento que pairava sas crianças. Simpáticas, algumas
no lugar foi substituído pelo colorido das delas acompanharam a equipe do
casas. Hoje, muitos consideram a Assun- Enfoque no processo de elabora-
cenas umas das ruas mais organizadas. ção desta matéria. Os moradores ajudaram a colocar postes de luz e canos de esgoto no local
4. 4 Sabor Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011
Doce, gelado e cabe num saquinho
A venda de sacolés, além de ser uma diversão para as crianças, é uma opção para muitas famílias aumentarem a renda mensal durante o verão
Eduardo Saueressig (Texto) gredientes e os produz, e a gen-
LUCAS PORTAL (Fotos) te fica o dia todo vendendo em
C
casa. No verão, conseguimos
om o verão chegando, vender mais de R$ 50 por dia.
muitas casas na Vila Brás No final do mês é uma grande
começam a anunciar em ajuda”, ressalta Neuci Silva San-
placas improvisadas a venda de tos, uma das donas dos locais
sacolés. Esse serviço é bom tan- de venda.
to para quem oferece quanto Já no comércio, como mer-
para quem compra o produto. cados e lancherias, que também
Afinal, as crianças adoram e é comercializam o produto, o pro-
relativamente barato. Além de cesso é um pouco diferente. Na
tudo, o serviço gera uma renda maioria dos casos, os sacolés são
extra para as famílias e estabe- comprados prontos, e basta ape-
lecimentos que os vendem. Nor- nas congelar. Hoje em dia, exis-
malmente, o preço dos geladi- tem dois tipos de geladinhos, os
nhos varia de 20 a 40 centavos, cremosos, que são feitos com
de acordo com o tamanho. leite, e os de frutas, que são pro-
Como o retorno é rápido, os duzidos com água.
produtores já estão vendendo Em pleno setembro, várias
em plena primavera, o que não crianças já consumiam o produ-
impede a grande procura. “É to na rua, e dizem que no verão
uma renda extra para nossa fa- o geladinho é uma das principais
Com a chegada das estações mais quentes, a gurizada aproveita o comércio caseiro para se refrescar mília. Minha filha compra os in- diversões da gurizada.
Como fazer
Os geladinhos de frutas são
os mais fáceis de produzir,
pois basta fazer suco da
fruta escolhida, adicionar
açúcar, colocar no saquinho
e congelar. Já os cremosos,
utilizam leite ao invés de
água, e normalmente frutas
raladas ou em pedaços.
Churrasco na avenida
Thayná Candido (Texto) não dá conta. Domingo precisamos de
BRUNA SANTOS (Foto) duas pessoas para atender, porque todo
mundo quer churrasco!”, comemora
Todos nós já passamos pela se- Alexandre Alves de Andrades, filho do
guinte situação: final de semana, você casal proprietário do Mercado Müller.
acorda tarde, bate aquela fome e a O horário de atendimento da chur-
preguiça de cozinhar. A melhor pedida rasqueira é bem flexível, para quem
é comprar um churrasco pronto! E foi acordar tarde também almoçar tran-
pensando nisso que o Mercado Mül- quilo. O assador começa às 9h e só ter-
ler resolveu expandir os negócios da mina quando vender o último pedaço.
família, construindo uma ampla chur- “Tem gente que chega aqui bem mais
rasqueira em plena Avenida Rodolfo tarde querendo comprar, mas não pas-
Wassun. O mercado, que existe há sete sa muito das 15h, porque acaba antes.”
anos na Brás, já trabalhava com venda afirma Alexandre.
de espetinhos em uma pequena chur- Os espetos variam de R$ 15 a R$
rasqueira, mas a demanda foi tanta, 20, entre coxa, sobrecoxa, costela e
que decidiram ampliar a produção e carne de porco. O melhor de tudo?
construir uma estrutura maior, que su- Aceita até cartão. Portanto, os atrasa-
prisse essas necessidades. dinhos de plantão ou aqueles que re-
A instalação foi inaugurada há ape- solveram dormir mais que a cama po-
nas um mês e as vendas estão indo além derão comprar um almoço prontinho
do esperado. “Tem dias em que a gente por um preço bacana! Mercado oferece coxa, sobrecoxa, costela e porco a preços que vão de R$ 15 a R$ 20
5. Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011 Cotidiano 5
Um torpedo entre rodas
A moda na Vila Brás é trocar o freio de mão da bicicleta pelo sistema de parada com o contra pedal
Natália Vitória (Texto)
Daniela Sgrillo (Foto)
N
ão é preciso caminhar
mais de uma quadra para
perceber que na Vila Brás
os moradores são adeptos de
um popular meio de locomoção.
Crianças, jovens, adultos, homens
e mulheres. Não existe distinção
de idade ou sexo. Em cada esqui-
na tem uma bicicleta estacionada
ou alguém pedalando.
O uso das bicicletas pelos mo-
radores não é apenas por hobby.
Há aqueles que aproveitam a fol-
ga ou algum tempo livre para pe-
dalar, mas, na maioria dos casos,
elas são utilizadas para trabalhar.
Embora o uso seja intenso, O torpedo
são poucos os lugares que dispo- tem formato
nibilizam um bicicletário, espaço cilíndrico e
exclusivo para o estacionamento vai acoplado
de bicicletas. Na Vila Brás, as “bi- na roda da
kes”, como são carinhosamente bicicleta
chamadas pelos donos, ficam pa-
radas nas portas das casas, bares,
mercados e igrejas. Nada de cor-
rentes ou cadeados, basta encos-
tar em algum cantinho.
Porém, as bicicletas da Brás
tem outra peculiaridade. Sua dife-
rença está no freio. A maioria de-
las tem o sistema de contra pedal,
mais conhecido como “torpedo”.
É mais fácil contar quantas
contam com o tradicional freio de
mão do que com o contrapé. Em
apenas 15 minutos, 20 bicicletas rou febre na Brás. Segundo Ivaldir passam pelas mãos de Ivaldir e de saiba é que eles resgataram uma da preferência pelo “torpedo”: “O
passaram pela frente do ponto Andrade, 36 anos, dono da Baik seus três funcionários. Eles traba- moda antiga. O chamado “tor- pessoal gosta de ter uma emoção,
de ônibus da Avenida Leopoldo Sul, estabelecimento que realiza lham das 8h às 21h e realizam vá- pedo” foi uma marca de freio gosta de frear no pé”. A confirma-
Wasun, quase ao lado da Comu- concerto de bicicletas, a febre é rios tipos de concerto. A troca de que surgiu no final da década ção está na resposta de Mateus
nidade Cristo Operário. Dessas maior entre os jovens: “A guri- pneus, por exemplo, custa a partir de 1940 em países como Alema- Guidini, 11 anos. Ele aprendeu a
20, somente oito eram com freio zada está colocando o banco em de R$18. Já o ajuste do freio sai nha, Suécia e Áustria. Com for- andar de bicicleta com freio aos
de mão, as demais, 12 no total, cima da garupeira, daí fica mais de graça: “Para tirar o freio, não mato cilíndrico ele é acoplado sete anos e hoje possui uma com
tinham o “torpedo”. baixo, os freios são os pés”. cobro nada”, ressalta. na roda da bicicleta. freio torpedo, afinal “é legal dar
Mudar os freios realmente vi- Por dia, cerca de 50 bicicletas Talvez o que a gurizada não Ivaldir tenta explicar o motivo aquela paradinha para trás”.
A única da Vila
Liliana Egewarth (Texto) Dona Leci aproveita a praticida- mesmo tendo uma aparência
Greice Nicheli (Foto) de de a farmácia estar localiza- diferenciada, a população já se
da perto de sua casa, para fazer acostumou com o visual do lo-
Entre os muitos mercados, suas compras lá mesmo. Dessa cal. Isso sem falar que os assal-
brechós, igrejas, fruteiras, ba- forma, não precisa se deslocar tos quase não acontecem mais.
res, briques e lojas de mate- até o centro da cidade para pro- Ao contrário do que pen-
riais de construção, há apenas videnciar medicamentos. sava dona Leci, a farmácia já
uma farmácia na Avenida Leo- Ao conversar com Nelson está na Brás há 15 anos e o
poldo Wasun. Oro, funcionário da Farmácia movimento é bastante inten-
Segundo a moradora Leci Sulbrasileira da Vila Brás há dois so. Para fidelizar ainda mais
Rodrigues da Silva, de 69 anos, anos, percebemos uma diferen- a clientela, são feitas diversas
moradora do bairro há 22, a ciada estrutura na loja: há uma promoções. Além dos tradi-
única farmácia fica localizada grade que protege os medica- cionais remédios, perfuma-
bem no começo da avenida. mentos e cosméticos ali vendi- rias e maquiagens, é possível
Conforme ela, o estabelecimen- dos. Segundo Nelson, logo que também contar com um aten-
to facilita a vida da população a farmácia se instalou no bair- dimento diferenciado, em di-
que mora nas redondezas, pois ro haviam tentativas e assaltos versos horários, sem falar da
Há 15 anos na Brás, a farmácia oferece facilidades como a telentrega também conta com telentrega. frequentes. Mas, hoje em dia, facilidade da telentrega.
6. 6 Amigo imaginário Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011
Simplesmente criança
Em diferentes instantâneos, a gurizada mostra como se diverte no dia a dia da Vila
Vitor de Arruda Pereira (Texto)
ROBERTO FERRARI
RENATA STRAPAZZON
Lixo? Que lixo? Para os gêmeos Ester e Estevão
Fallro, sete anos, ali é um lugar que dá para brincar
de casinha. Possui sala, cozinha e até quarto. Eles não
têm videogame ou notebook, a diversão é imaginação
pura. Aproveitam os objetos largados numa das várias
vielas da Vila Brás para se divertir. Com uma fita e
uns pedaços de madeira, dá para brincar de “polícia e
ladrão”, diferente dos seus vizinhos que procuram as
locadoras em busca de diversão.
ROBERTO FERRARI
RENATA STRAPAZZON
Micael Luiz, sete anos,
se diverte com uma roda de
bicicleta na Rua Onze Horas.
Ele conta que iria encontrar Paola Ares, seis anos, com
um amigo, mas, como não sua boneca preferida,
apareceu, a diversão não a Eduarda
podia parar. Simples: pega,
empurra e joga o brinquedo
improvisado.
NATACHA OLIVEIRA
ROBERTO FERRARI
Os irmãos Luiz Gabriel
Northon Selister, 12 (de vermelho), três anos, e
anos, tem uma doença que Maikiel Santos, sete anos,
dificulta sua locomoção, se imaginam como nos filmes
mas não perde o espírito de de ação. Cuidando para não
criança. Ele conta que gosta se machucar, duelam com
de jogar jogos radicais no pedaços de pau. A brincadeira
seu notebook. é na frente de casa, com areia
ao redor para amortecer
possíveis quedas.
ROBERTO FERRARI
DIEGO DIAS
Gauchinha com orgulho.
A pequena prenda Nicoly
Barros tem sete anos e
já demonstra todo o seu As irmãs Gabriela, sete
amor pelo tradicionalismo. anos, e Camile Prestes,
Seja rodopiando com seu quatro anos brincam na
vestido vermelho pela casinha que fica dentro do
Avenida Leopoldo Wasum pátio onde moram.
ou tomando um chimarrão,
ela vive o espírito gaudério
sempre que pode.
ARQUIVO ESCOLA JOÃO GOULART
O desfile foi na Brás
DIERLI SANTOS (Texto) Dividido em oito alas, o desfile abor-
dou temas como profissão, esporte,
O tradicional desfile de 7 de se- preconceito, liberdade de expres-
tembro foi diferente na Brás este são, violência contra a mulher, paz,
ano. A Escola Municipal João Gou- amos e patriotismo.
lart realizou o desfile na Avenida Le- Professores e funcionários da
opoldo Wasun. escola também participaram da ce-
Com a participação da banda da lebração, que foi assistida por mais
escola – coordenada pela professora de cinco mil moradores. Segundo
Raquel Prux, do projeto Mais Educa- o diretor da escola, Cláudio Hatje,
ção –, o evento contou com a par- o desfile na Brás tem o objetivo de
ticipação de mais de 1.300 alunos. presentear a comunidade.
7. Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011 Amigo imaginário 7
Era uma vez
na Vila...
Oito crianças criam diferentes histórias para um
mesmo personagem, o garoto Brasinha, 10 anos
RITA TRINDADE (Texto) analisar que as crianças que
LISIANE MACHADO (Foto) têm um incentivo, seja da fa-
P
mília ou dos professores, se
esquisas apontam que identificam com o mundo das
a criança que lê e tem histórias. Já as que não têm,
contato com a literatura não apresentam grande in-
desde cedo, principalmente teresse. Como por exemplo,
se for com o acompanhamen- o menino Carlos Vitor dos
to dos pais, é beneficiada em Santos, 11 anos, morador da Em uma manhã de sábado, com lápis de cor nas mãos, a meninada botou a cabeça para funcionar
diversos sentidos: a criança Vila Brás, que tem o incenti-
aprende melhor, pronuncia vo dentro de casa pela sua
melhor as palavras. Por meio irmã de 14 anos. “Adoro ler,
da leitura, a criança desenvol- o livro que mais gostei de ler
ve a criatividade, a imagina- foi Eclipse”, conta.
ção e adquire conhecimentos Para exercitar a criativida-
e valores para a vida de dos pequenos da Brás, cria-
A leitura frequente facilita mos então um personagem
a alfabetização e ajuda em to- para essa matéria, o Brasinha,
das as disciplinas. um jovem de 10 anos que
Pensando nesse contex- mora na Vila Brás desde que
to, essa matéria tem o obje- nasceu. Confira abaixo as di- “A cor amarela é a favorita “O Brasinha nasceu na Vila Brás “O Brasinha mora na Vila Brás,
tivo de mostrar como se dá a ferentes histórias vividas por de Brasinha, ele adora comer e gosta muito da cor preta, sua sua cor favorita é o rosa, sua
relação entre as crianças da nosso personagem criadas por abacaxi e desde pequeno torce comida favorita é lasanha, ele comida preferida é bolachinha.
Vila Brás e a leitura. Pôde-se nossos pequenos autores. pelo Inter, que, para ele, é o torce pelo Grêmio e sua banda O time que Brasinha torce é o
melhor time do mundo. Seu preferida é os Rebeldes, ele quer Inter. Ele gosta muito de jogar
sonho é ser jogador do Colorado, ser artista quando crescer. A bola e por isso, quer ser jogador
a música que ele mais gosta é brincadeira que Brasinha mais de futebol quando crescer. O
o hino do Inter. Sua brincadeira gosta é o pega-pega, ele adora Brasinha gosta muito de música
preferida é jogar futebol com brincar com seus amigos na Vila sertaneja e o que ele mais gosta
os amigos. O que ele mais gosta Brás e a coisa que ele menos de fazer é ir no centro da cidade.”
de fazer quando está em casa gosta é quando brigam com ele.”
é apreciar a Vila Brás, o que ele Autora: Vitória da Silva,
menos gosta é de ver a maldade”. Autora: Alessandra Alves de nove anos
Andrade, nove anos.
Autora: Érica Cristina de Oliveira
Dahmer, 11 anos.
O Brasinha é um menino muito levado, sua cor preferida é o
amarelo e sua comida favorita é pizza. O time que Brasinha torce é o
Grêmio, e a música que ele mais gosta é o hino do Grêmio. Quando
crescer, Brasinha quer ser advogado, o que ele mais gosta de fazer é
pular corda. O Brasinha gosta também de ver as pessoas felizes”.
Autora Jamilly Ficanha Borges, sete anos. “O Brasinha é um menino muito “O Brasinha mora na Vila Brás “Brasinha é um menino
legal, sua cor preferida é o verde, e gosta muito da cor vermelha, corintiano, ele tem 10 anos e
ele está na 5° série e seu melhor a comida que ele mais gosta é adora a cor azul, ele come muito,
amigo é o Carlos, com quem ele pizza e o time que ele torce é o e a comida que ele mais gosta é
brinca desde pequeno. A comida Grêmio, sua música favorita é o lasanha. Brasinha ama escutar
preferida de Brasinha é arroz e hino do Grêmio, o Brasinha gosta funk, mas quando crescer quer
feijão, seu time do coração é o de ser professor da escolinha e ser um cantor sertanejo. Sua
Inter. Brasinha adora música e adora a escola. Ele é um menino brincadeira preferida é jogar
sua banda preferida é o Restart, muito bom com seus amigos. bola”.
ele toca bateria desde pequeno Brasinha não gosta quando seus
e seu maior sonho é ser médico. amigos brigam. Quando crescer, Autora: Fabíola Parmigiani,
A brincadeira preferida dele é Brasinha será advogado”. nove anos.
o esconde-esconde, o que ele
mais gosta na Vila Brás são seus Autora: Elizete de Oliveira
amigos, o que ele menos gosta Dahmer, nove anos.
é o trânsito. Brasinha tem um
carro muito bonito, é um Camaro
“O Brasinha gosta de azul e de borboleta. Ele não gosta de amarelo”.
pular corda mas adora tirar fotos”.
Autor: Carlos Vitor dos Santos,
Autora: Nicole de Oliveira Dahmer, sete anos. 11 anos.
8. 8 Mãos à obra
Os nossos
sonhos
A escolha profissional é um processo demorado, que
começa na infância e amadurece na adolescência.
Para explorar esse assunto, o Enfoque convidou
estudantes a falar sobre seus sonhos e
aprender um pouco sobre o jornalismo
André Seewald (Texto)
Dierli Santos (Texto)
Juliana de Brito (Texto)
BRUNA VARGAS (Fotos)
O Enfoque dá continuidade ao
assunto profissões, tratado
na edição 129, por meio de
uma pareceria com a Escola João
Goulart. Convidamos a professora
par de uma oficina jornalística. Na
ocasião conversamos com os estu-
dantes sobre a diferença dos gê-
neros informativo, interpretativo e
opinativo. O bate-papo teve como
de Língua Portuguesa Renata Gar- ponto de partida os sonhos de cada
cia Marques a selecionar um gru- um. Com esse assunto, desafiamos
po de oito alunos, oriundos das cada jovem a entrevistar um cole-
turmas 1 e 2 do projeto Seguindo ga e redigir um texto sobre sonhos
em Frente (também conhecidos profissionais. Confira o resultado
como “Aceleração”) para partici- aqui, nas páginas 8, 9 e 10.
Qual é o seu desejo? Enquete realizada por Jennifer Guimarães da Silva e Rodrigo Santos,
com orientação de Dierli Santos. Fotos de BRUNA VARGAS
“Sonho com a aposentadoria. Com 62
“O meu sonho é ser anos, não consigo mais trabalho nem
jogador de futebol.” consigo me aposentar.” “Meu sonho é comprar um carro.”
Gabriel Porto Silveira, 16 anos. Cirlei da Silveira, 62 anos. Flávio Luiz Lahm, 45 anos.
9. Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011
9
Rodrigo, Jennifer, Ânderson, o Luane, a
o jogador a advogada empresário enfermeira
Por Jennifer Guimarães da Silva Por Rodrigo Santos Por Luane Soares Por Ânderson Rodrigues
Rodrigo Santos tem 15 anos. Quan- Jennifer Guimarães da Silva tem 17 Ânderson Rodrigues, 17 anos, ins- Luane Soares tem 15 anos – com-
do era pequeno, seu sonho era ser joga- anos. Quando pequena, sonhava ser pro- creveu-se em um curso de manutenção pletará 16 em outubro diz que já
dor de futebol, mas diz que a vida sem- fessora, mas agora, com o decorrer do de micro-computadores aos 15 anos e tem planos para o ano de 2012. Des-
pre foi o redirecionando para outros tempo, percebeu que não era bem o que o concluiu até seguir essa profissão. de os nove anos sonha ser enfermei-
caminhos. No momento, ele dedica-se esperava: “Percebo que a vida muda al- Rodrigues diz que no começo teve mui- ra, mas sua idade ainda não permite
aos estudos para pensar em um futuro gumas situações”. No momento, conside- tas dificuldades, pois é uma área que que ela faça esse curso.
mais profissional. ra que a melhor profissão é de advogada, exige muita dedicação, responsabilida- O desejo em seguir essa profissão
Ainda não sabe exatamente qual pois há bons cursos para isso. de e cuidado. Complementa dizendo começou quando passou um mês no
profissão quer seguir, mas já tem muitas Ela acredita que para alcançar esse que é uma área em que é preciso estar hospital, cuidando de sua mãe. Lua-
idéias, as quais acredita que certamente objetivo precisará esforçar-se muito e es- atualizado, pois a cada dia surgem no- ne diz que foi muito difícil ver as en-
poderão trazer bons rendimentos para tudar, estudar e estudar. Se precisar sair vos programas e inovações. fermeiras fazendo seu trabalho sem
seu futuro. Por fim, ele afirma que, se ti- de São Leopoldo para isso, Jennifer diz: Depois disso, fez um curso de vontade, foi aí que surgiu o amor
vesse que sair de São Leopoldo, não sai- “Se eu gostar realmente da profissão, não webdesign na Escola e Faculdade por essa profissão, por gostar de
ria, pois prefere fazer com que as coisas me importaria”. Ela conta que quem a QI, concluído no início de setembro. tratar e cuidar das pessoas com ca-
aconteçam em sua cidade. inspirou foi um ex-advogado de sua mãe. Lá aprendeu a criar websites e rinho. Ela conta que essa também é
Foi aí que Jennifer começou a gostar da dar movimentação aos desenhos. a vontade de sua mãe. Luane diz que
profissão à qual quer se dedicar. Atualmente, não está empregado, mas agora mais do que nunca vai realizar
procura um trabalho nessa área e diz seu sonho e também a vontade de
que é bem complicado encontrar um sua família.
emprego quando se está cursando o Ela comenta que muitas pesso-
Ensino Fundamental. as dizem que esta é uma profissão
Seu maior sonho é abrir uma em- que mexe muito com o psicológico,
presa de manutenção de microcom- pois lidará com vários casos e nem
putadores ou ser brigadiano, mas sempre o final será feliz. Seu maior
ressalta que essa é uma profissão que sonho é se formar cursando uma fa-
seus pais não concordam por acha- culdade e alcançar seus objetivos.
rem perigosa. Ele diz que fazia o curso Atualmente, não está trabalhando,
aos sábados e por isso deixava de sair mas gostaria de fazer um estágio
na sexta à noite. Agora que concluiu quando chegar ao Ensino Médio.
aproveita para se divertir e conhecer Perguntada sobre as festas e a vida
pessoas novas. Finaliza rindo ao dizer amorosa, ela apenas respondeu ti-
que está solteiro. midamente sorrindo.
“Meu sonho é ser bailarina
profissional, faço jazz e street dance
“Sonho entrar em uma faculdade.” há seis anos.” “Quero ser jogador de futebol.”
Jonathan da Cunha, 16 anos. Sonia Macedo, 18 anos. Wellington, 11 anos.
10. 10 Mãos à obra Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011
Os nossos
sonhos
Luana, a Elismara, Miriam , a Bruna, a
veterinária a técnica jornalista professora
Por Elismara de Andrade Bonato Por Luana Patrícia de Freitas Esper Por Bruna Dalpiaz Por Miriam Kelly da Silva
Luana Patrícia de Freitas Esper A jovem Elismara Andrade Bo- Miriam Kelly Fagundes da Silva, aos Bruna Dalpiaz, aos 16 anos, sonha ser
tem 16 anos e pretende seguir a nato tem 16 anos e pretende fazer seus 16 anos, conseguiu dar o primeiro professora de Língua Portuguesa. Ela conta
profissão de veterinária, pois, desde um curso profissionalizante para, no passo para ser uma jornalista. Com o Pro- que, após terminar o Ensino Médio, quer
pequena, gosta de animais e sem- futuro, ser uma grande técnica em jeto Seguindo em Frente, foi selecionada entrar em uma faculdade federal para se for-
pre sonhou em poder ajudá-los de computação. Mas, por enquanto, para a oficina de jornalismo. Ela sonha em mar em Letras.
alguma maneira. Ela já sabe como está apenas estudando, pois ainda entrevistar seu ídolo Luan Santana. Para isso, espelha-se muito em sua pro-
se deve cuidar de ferimentos leves e não teve oportunidades de cursar Ela diz gostar muito dessa profissão, fessora de Português, Renata Garcia Mar-
doenças comuns entre animais. essa área. pois gostaria de entrevistar várias pesso- ques. Com muito incentivo da “sora”, sente-
Neste momento Luana está tra- Atualmente, Elismara está traba- as e conhecer lugares diferentes. Ela quer se segura para exercer essa profissão. Apesar
balhando em uma empresa gráfica lhando na empresa de sua família, estudar na Universidade Federal de Santa de gostar muito de Matemática, não se con-
para poder adquirir alguns livros mas ainda sem Carteira de Traba- Maria. Gosta de sair com os amigos, ir ao sidera tão afinada como em Português.
para se especializar na área. Seus lho assinada, pois está terminando cinema e ao shopping. Miriam ainda não Ela ainda não trabalha, mas nas horas de
animais favoritos são os felinos. Ela os estudos para poder trabalhar na trabalha, mas nas horas de lazer gosta de lazer gosta de ler revistas e jornais. Tem o so-
vai tentar se qualificar estudando e área que tanto sonha. ler livros, revistas de ídolos e jornais. A nho de conhecer o seu ídolo, o cantor Luan
trabalhando em uma petshop. O interesse surgiu há cerca de estudante diz se dedicar para conseguir Santana.
Luana afirma com convicção que três anos, quando ganhou seu pri- alcançar seu objetivo. Bruna acha que é importante ensinar
não vai desistir de seus objetivos: meiro computador. Até agora, Elis- Para finalizar a entrevista, Miriam cita Português para poder se comunicar melhor,
“Eu sei que haverá muitas dificul- mara já aprendeu coisas básicas uma música do seu ídolo, Luan Santana: para que as crianças possam aprender a ler e
dades até eu conseguir, mas não como Word, Excel, Windows, lim- “Já viajei por todo universo, todas as galá- a escrever. Ela diz que se empenhará muito
vou desistir de lutar pelos meus peza de placas, como montar e des- xias, a procura de um sonho. Eu demorei em sua profissão e finaliza com a frase: “Só
sonhos”. montar peças, entre outras coisas. mas eu encontrei o que eu procurava”. quem sonha consegue alcançar”.
Qual é o seu desejo?
“Meu sonho é ser modelo.” “Meu sonho é ser policial.” “Sonho ser cabeleireira.”
Maristela Gubert, 11 anos. Eduardo Silva, 8 anos. Camila Martins, 14 anos.
11. Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011 Comportamento 11
Falando sobre aquilo
O que cinco jovens pensam sobre sexo, prevenção e namoro. Acredite: é um retrato consciente
LORENA RISSE (Texto e foto) ne Rossato, encontrou um espaço
I
para discutir sexualidade com os
magine: às 9 da manhã de uma alunos. Munida de um material
quinta-feira, cinco jovens da didático produzido pela Secretaria
sexta série do ensino funda- de Assistência, Cidadania e Inclu-
mental são abordados na aula de são Social de São Leopoldo, a Sa-
Educação Física da Escola Munici- cis, ela pôde ensinar aos estudan-
pal de Ensino Fundamental João B. tes como identificar um abusador
M. Goulart, na Vila Brás, para falar e o que fazer para ajudar quem
de um tema que está borbulhan- precisa. O tema foi tão comenta-
do na vida deles: a sexualidade. do entre os alunos que não se res-
A ideia é saber o que o jovem tringiu e abrangeu outros questio-
da Vila Brás pensa quando o as- namentos. “Eles tinham dúvidas
sunto é sexo, prevenção e namo- sobre a relação sexual e sobre o
ro – temas importantes na ado- comportamento naquele momen-
lescência, já que dominam parte to ainda novo para eles”, comenta
das emoções novas que o jovem Janine. Com a idade da primeira
está conhecendo e provando relação sexual cada vez mais cedo,
nessa época da vida. A geração, é natural a conversa e o aprendi-
que hoje está com idade de 12 a zado sobre o tema dentro da sala
16, é muito bem informada, se de aula. “A escola educa para os
não a melhor informada sobre conhecimentos gerais e também
sexo de todos os tempos. Os jo- para a cidadania, que é um princí-
vens discutem o tema na escola, pio básico da sociedade”, constata
leem sobre em revistas conheci- a professora.
das como teens e, se quiserem, Larissa*, de 14 anos, quer ser
podem acessar um site e ter suas pediatra quando crescer, mas só
perguntas respondidas. Mas uma quer cuidar de crianças quando
coisa é certa: o diálogo com pais crescer mesmo. A gravidez na
e amigos ainda é a melhor forma, adolescência é um fato que mui-
segundo eles, de se aprender so- tas jovens enfrentam, algumas
bre sexualidade. com maiores dificuldades, outras
João* é um exemplo disso. não. Larissa acha que se proteger
Aos 13 anos, o garoto da 6ª sé- na transa é muito mais fácil do
rie, que almeja ser juiz de Direito, que cuidar de um filho, depois
conversa sempre com os amigos que ele nasce. “A menina perde
e fala com propriedade sobre a um pedaço da vida dela, tem que
garota perfeita para um relaciona- estudar, trabalhar para depois
mento, ou seja, não só um “ficar”, pensar nisso”, diz ela. E ela está
mas algo mais sério, com direito à certa. Uma gravidez em um mo-
vida sexual. “Ah, ela tem que ser mento em que não se está prepa-
dedicada aos estudos, que tenha
serviço, compromisso e que não
fique por aí com os guris”, diz ele.
rada pode ser, literalmente, uma
pedra no sapato.
E se a gravidez chegasse cedo
Mitos e verdades
O sexo sem compromisso, na vida desses jovens? A resposta
pelo menos para esses jovens foi unânime entre eles: ficar com Para manter
da Vila Brás, não é uma constan- a criança. O aborto foi uma pos- uma vida sexual Se eu tomo pílula estou livre A tabelinha é um método
te. Como vimos na fala de João, sibilidade totalmente descartada. saudável, o cuidado de engravidar e de doenças. totalmente seguro.
o compromisso é levado a sério Segundo a última pesquisa reali- e a prevenção contra
e é pré-requisito para a relação. zada pelo Datafolha sobre o tema doenças sexualmente FALSO FALSO
A tabelinha é um método que
Além disso, a proteção é fator no ano de 2010, apenas 7% dos transmissíveis, DSTs, O único método contraceptivo as mulheres podem utilizar,
crucial. Rebeca*, de 12 anos, entrevistados foi a favor a des- são obrigatórios. Aqui que protege contra gravidez mas não é 100% seguro. Ele
por enquanto só beijou na boca, criminalização da prática, contra você encontra alguns e DSTs é a camisinha. Isso não protege contra DSTs e no
mas já conhece as maneiras de 71% que preferem que a legisla- mitos sobre o sexo e o acontece porque ela não caso das adolescentes é falho,
se proteger de Doenças Sexual- ção permaneça como está: classi- cuidado com o corpo permite o contato dos órgãos já que o ciclo menstrual jovem
mente Transmissíveis (DSTs) e da ficando o aborto entre os crimes que fazem a diferença sexuais durante o ato sexual. ainda não está totalmente
gravidez indesejada. Mas, revela contra a vida. na vida da gente. Por isso, use camisinha! regularizado. Atenção!
que em casa o assunto não é ex- Conversar com estes jovens foi
plorado de maneira efetiva, como um desafio já que, desde o início,
ela gostaria. O que aprendeu foi minha proposta era deixá-los à von- Sempre posso tomar a pílula
na escola e com as amigas. “Na tade para que as respostas fluíssem do dia seguinte como um É possível engravidar na
verdade, só falam por cima, que da melhor forma possível. Para a método contraceptivo. primeira vez.
a gente tem que se proteger, mas minha surpresa, eles estão muito
não posso falar certas coisas. Acho mais preparados do que imagina- FALSO VERDADEIRO
que não entenderiam”, revela Re- mos. E desejam que os familiares A pílula do dia seguinte é A virgindade não impede que
beca, referindo-se aos pais. mantenham um bate-papo franco, um medicamento de uso a menina engravide. Esse
As consequências de um sexo com orientações para toda a vida emergencial, ou seja, que só momento tem os mesmos
inseguro são para a vida toda, dis- . O que se espera é que eles apli- pode ser utilizado em último efeitos de uma vida sexual
caso. Se a menina usa a pílula
so eles sabem. Tanto sabem que quem este conhecimento na vida ativa. Então, mesmo na
sempre pode ter um quadro
dentro da sala de aula o assunto real, e se mantenham saudáveis e de descontrole hormonal e primeira vez, se previna.
foi abordado. Com um tema inicial felizes ao longo de toda a vida. problemas de saúde.
sobre Violência Sexual, a profes-
sora de Sociologia da Escola, Jani- * Nomes fictícios
12. 12 Cidadania Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011
Recolocando a vida
nos trilhos
O projeto Pão da Vida socorre a comunidade em questões
que vão desde alimentação básica até a recuperação de
pessoas como Kenedy (foto), que vivia na marginalidade
JÚLIA KLEIN (Texto) dona Sirlei. Só que, nesse caso, foi ela mesma deles: “Através da palavra de Deus já liberta- consumiu álcool e, por diversas vezes, quase
MARINA CARDOZO (Foto) quem pediu auxílio: “Cansei de cair na rua. mos muitas pessoas”. O pastor conta que em perdeu a vida ao se envolver em tiroteios e
P
Gastava todo meu dinheiro com cachaça. De- algumas situações, os dependentes químicos brigas. Até que, de repente, resolveu mudar.
erci Pereira, 48 anos, desenvolve um pois do trabalho ia direto para o bar”, conta. que procuram o Pão da Vida são encaminha- “Recebi uma carta, de uma vizinha. Nela ha-
trabalho social e espiritual na Vila Brás. Sirlei Terezinha Tavares, 50 anos, bebeu des- dos para centros de recuperação. Quando a via alguns trechos da Bíblia. Fiquei pensando
Pastor há 30 anos, trabalha na Igreja de os 25. Sempre trabalhou, mas nunca con- família ou o próprio paciente não tem condi- naquilo alguns dias e logo procurei o seu Per-
Evangélica Ministério à Glória de Deus, onde seguiu guardar dinheiro, pois todas as suas ções de pagar pelo tratamento, Perci entra em ci”, relata. Andrews continua, empolgado: “A
ministra cultos e, junto de três irmãs, coman- economias financiavam o vício. Por vontade ação e pede a ajuda da comunidade. fé mudou minha vida. Meus amigos que an-
da o projeto social Pão da Vida, que dá assis- própria, a senhora chegou a ser internada por Assalto, furto, armas. Palavras que faziam davam comigo naquela época e continuam
tência à comunidade local. Os fiéis colaboram algumas semanas, mas não teve resultado. parte da vida de Andrews Fonseca, 26 anos, vivos, hoje estão presos”.
como podem e os valores arrecadados servem Segundo ela, foi com a ajuda do projeto que também conhecido na Brás como “Kenedy”. O
de ajuda aos que necessitam de comida, mó- conseguiu se recuperar. “Hoje estou na esco- jovem conta que entrou no mundo do crime
veis, roupas, colchões e outros utensílios. Mas la, conhecendo as letras. Quero fazer de mim aos 14 anos, influenciado pelos amigos. Foi O Projeto Pão da Vida funciona
o socorro vai além dos bens materiais. uma grande pessoa”, finaliza. um adolescente muito revoltado, pois vivia so- na Igreja Evangélica Ministério à
Diversas famílias procuram o pastor quan- Os casos de recuperação de moradores da mente com a mãe, que trabalhava fora o dia Glória de Deus, que fica na Avenida
do um ente querido passa por dificuldades Vila que trocaram o tráfico, o vício e a bandi- todo. Muitos vizinhos diziam que Andrews não Leopoldo Wasun, nº. 1.341.
com drogas ou álcool, como aconteceu com dagem pela fé, são muitos. E Perci se orgulha chegaria aos 18 anos. Foi usuário de drogas,
Mais de 200 na festa da Associação
PABLO FURLANETTO (Texto) pessoas. Na ocasião, ocorreu uma home- A Associação de Moradores da Vila tária. “Hoje temos muitas crianças que não
nagem, honra ao mérito, para pessoas e Brás, que tem como presidente Claudimir têm o que comer no contraturno da aula”,
A data de fundação é 21 de março organizações que, de alguma forma, con- Schütze, já realizou inúmeras ações para frisa o presidente.
de 1981. O dia em que foram festejados tribuíram ou contribuem para os trabalhos melhorias na vila. Agora, o objetivo é dar Para os moradores da Vila Brás, além de
os 30 anos da Associação de Moradores da associação. O prefeito de São Leopoldo, continuidade aos planos que já estão ocor- referência, a associação é o local para unir
da Vila Brás foi o último 24 de setembro. Ary José Vanazzi, esteve presente na festa e rendo e iniciar outros. “Temos vários pro- seus anseios. Para o radialista Bruno Gar-
Mesmo com um pouco de atraso, a co- recebeu o reconhecimento. Além dele, ex- jetos. Um deles é a biblioteca comunitária, cia, a entidade é um espaço que fortalece a
munidade pôde aproveitar o baile da prefeitos, ex-presidentes da organização, cujo valor de R$ 20 mil foi aprovado pelo coletividade. “A associação é fundamental.
cuca e da linguiça, animado pela banda vereadores e o jornal Enfoque Vila Brás governo”, diz Schütze. Busca as diretrizes para o interesse coleti-
Veneza, para comemorar as três décadas também foram lembrados. O documen- A entidade batalha também para a cons- vo”, diz Bruno.
de vida da entidade. to entregue tinha a seguinte mensagem: trução do centro esportivo, ampliação da Assim trabalha a entidade, tentando bus-
O evento, que ocorreu na própria sede “Um dia compareceremos diante do grande creche, regularização fundiária, segundo car a parceria com os moradores para suprir
da entidade na Avenida Leopoldo Wasun, trono, para prestar contas do talento a nós grau para a região nordeste e, um dos mais os anseios comuns. Consequentemente, a
contou com grande público, cerca de 200 confiado”, de autor desconhecido. importantes, a criação da cozinha comuni- qualidade de vida melhora e todos ganham.
13. Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011
13
Reclame!
Marcelo Ferreira (Textos) - Stéfanie Telles (Fotos)
Nesta seção, o Enfoque abre espaço aos moradores para fazerem
reivindicações ou reclamações que são encaminhadas à prefeitura
ou aos órgãos competentes. As respostas você confere abaixo:
Praça Creche
Leandro Ferreira,
35 anos, pede um
cuidado maior
com a Praça da
Vila Brás, que foi
construída há
mais de quatro
anos para ser
um local de lazer
e atualmente
serve como
depósito de lixo. O
descaso com esse espaço foi
uma reclamação recorrente Olinda da Silva, 61 anos,
Ü
na fala de outros moradores sente falta de mais creches
entrevistados. Entre os
relatos comuns, falou-se
do desrespeito de alguns
Ü Resposta: Acúmulos de lixo em
local público devem ser informados
à Secretaria de Limpeza Pública
públicas. Bisavó de três crianças
com idade entre três e cinco
anos, ela relata a dificuldade do
Resposta: A rede infantil está com
inscrições fechadas. Novas vagas
serão anunciadas até novembro.
frequentadores ao espaço (3568-1780) ou à Secretaria do trabalhador que ganha um salário Informações sobre novas vagas,
das crianças e da falta de Meio Ambiente (3592-2004). mínimo e, por falta de vagas na preenchimento das mesmas ou
conscientização de quem Todos os moradores devem estar única creche municipal da Vila dúvidas referente a escolas da rede
joga seus objetos velhos por comprometidos com a limpeza. A Brás, precisa desembolsar entre municipal podem ser solucionadas
lá. Segundo Ferreira, muitas Brás conta com coleta seletiva terças R$ 100 e R$ 150 mensais para com a Secretaria Municipal de
pessoas já deixaram de (Taurino de Resende direção Centro) que alguém cuide das crianças. Educação (3589-6666).
frequentar o local. e sextas-feiras (Taurino de Resende
“Infelizmente, a praça está direção Bom Fim) e de lixo domiciliar
jogada às traças”, lamenta. as segundas, quartas e sextas-feiras.
Segurança
Para Oscar de Lima, o maior problema da Vila Brás é a falta de segurança. “Não
Cachorros de rua se acha policial por aqui, me sinto inseguro de sair andando”, relata. O morador
de 43 anos diz que, às vezes, vê uma viatura da Brigada Militar passando pela
Avenida Leopoldo Wasun, mas rondas a pé não acontecem. Ele também relata
“Existem muitos cachorros que a polícia chega a demorar mais de uma hora para atender ao chamado de
Ü
abandonados nas ruas da Vila Brás.” algum cidadão.
Essa é a reclamação da moradora Resposta: A Prefeitura
Ü
Marisa Silveira Soares, que conta ter informa que não há
feito a sua parte ao curar um cão com procedimento padrão para o Resposta: O policiamento ostensivo é de responsabilidade da
sarna e adotá-lo. Para ela, muitos dos recolhimento de animais nessa Brigada Militar e é realizado nos horários verificados como de maior
animais abandonados são deixados situação. O Canil Municipal, necessidade, devido ao efetivo insuficiente. Além de chamados através
lá por pessoas de outros lugares. A responsável por atender do telefone 190, a Corporação ressalta estar aberta ao diálogo com
moradora conta que, em algumas ruas, animais em situação de a comunidade para discutir prioridades. A Secretaria de Segurança
uma simples caminhada chega a ser abandono e maus tratos, pode Pública também pode ser contatada, através do telefone 153, e
perigosa, pois os cachorros mordem. ser contatado de segunda à informa estar à disposição da comunidade para colaboração. Além
Além disso, o latido dos cães torna-se sexta-feira, das 8h às 12h e das disso, todas as dificuldades de atendimento relacionadas à segurança
um problema para quem precisa ter 13h30 às 17h30, nos números pública podem ser relatadas à corregedoria, na própria Secretaria (Rua
uma boa noite de sono. 3572-0320 ou 9739-3491. Saldanha da Gama, 975, Sala 01 – Centro).
Elogios ao que melhorou
Ozeias Ariel dos Santos, 32 anos, é um criança, às vezes era mandado mais cedo
dos que preferem falar dos avanços na para casa durante os estudos, pois a única
Vila Brás ao longo dos anos. Morador sala de aula precisava ser usada para a
da comunidade há mais de 20 anos, ele realização de um velório. Hoje, ele tem
lembra do tempo em que não havia água uma filha de quatro anos, é cobrador de
encanada, asfalto nas ruas, praças, posto ônibus na linha Santos Dumont, que cruza
de saúde, nem linha de ônibus. Ele também Avenida Leopoldo Wasun, e demonstra
conta que a Vila era muito violenta, orgulho em fazer parte da comunidade,
recordando a infelicidade de ver pessoas ressaltando o fato de nunca ter sido
sendo mortas nas esquinas. Quando assaltado durante o trabalho.
14. 14 Enfoque - Vila Brás, São Leopoldo - Outubro de 2011
Brassificados
Textos
Dieines Fróis
Fernanda Brandt
Especial Mês da Criança
“Te amo
RAFAELA KLEY
DANEILA FANTI
RECADOS muito. As
nossas
brincadeiras
são muito
divertidas.
Gosto quando
ficamos juntas
e quando tu
faz almoço pra
mim.” Daniele
de Oliveira
Laguni, seis
anos, para a “Eu te amo do fundo do meu
mãe Andréia. coração.” Miquéias Pereira, 12 anos,
para a mãe Noeli.
LIVIA SAGGIN
RAFAELA KLEY
LIVIA SAGGIN
“Te amo
muito e
sem você
eu não
sou nada.”
Lucas
“Os nossos amigos são os melhores. Fernando “Pai, o carinho que recebo de ti é o
Sempre jogamos bola e andamos de Bernardes melhor presente que posso ter. Gosto
bicicleta. E o nosso primo Luís Fernando da Silva, muito de ti porque tu cuida e brinca
também é muito legal. Nos divertimos nove comigo. Obrigada por tudo que faz por
muito, ainda mais quando brincamos anos, para mim.” Angélica Nascimento Laureano,
de pula-pula.” Isaías Andrade, 12 anos, a mãe 11 anos, para o pai Valdir Fernandes
e o irmão Eliéser, seis. Eliane. dos Anjos.
“Nós te
DANIELA FANTI
LIVIA SAGGIN
RAFAELA KLEY
amamos. Tu
sabes nos
dar carinho,
brincar e
divertir a
gente. Mas
o mais legal
de tudo
é quando “Mãe, tenho muita saudade de ti. O
estamos só meu maior presente seria receber
nós em casa a tua visita, porque só por telefone
e podemos dormir os três contigo.” não é o suficiente para a gente “Mãe, gostamos muito da tua comida.”
Kathiane Teixeira, seis anos, e os irmãos conversar.” Rafael Correa, 11 anos, Dienifer Lieberknecht, oito anos e
Cristiam, oito, e Victor, quatro, para a para a mãe Sandra, que mora em Priscila Lieberknecht, dois anos, para a
mãe Natiane. Fazenda Vilanova. mãe Neuza.