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  Mitigação – Medidas para a
    Atenuação de Eventos
   Mário Macedo – Setembro 2010
O risco é real…
            Fuga de ácido. China. 18SET2010
O ciclo do “desastre”

    Recuperação   Mitigação




      Resposta    Preparação
Mitigação – Definições
   NFPA 1600:2007
       Actividades adoptadas para reduzir a severidade
        ou consequências de uma emergência
   Michael Wallace & Lawrence Webber in The
    Disaster Recovery Handbook
       Algo que se faz para reduzir a probabilidade de
        ocorrência ou a dimensão do dano provocado por
        um evento que não possa ser evitado
Mitigação – Definições - #2
   Damon Coppola in Introduction to
    Internacional Disaster Management
      Qualquer esforço sustentado com o

       objectivo de reduzir a probabilidade e/ou
       as consequências de um risco
Em qualquer dos casos…
   A mitigação, que alguns autores referem como
    prevenção ou redução do risco, é frequentemente
    considerada como a pedra angular da gestão da
    emergência (FEMA 2005)
   Enquanto os restantes três componentes do ciclo da
    gestão da emergência são aplicados quer na reacção
    a eventos ou na antecipação das suas
    consequências, as medidas de mitigação têm por
    objectivo reduzir a probabilidade ou as
    consequências de um evento antes da sua ocorrência
Porquê mitigar?
   A construção de habitação e outros
    equipamentos em áreas ameaçadas tem
    aumentado
   Eventos de pequena/média dimensão (uma
    tempestade, por exemplo) podem provocar
    danos consideráveis
   A engenharia possui capacidade para, através
    de medidas pouco dispendiosas, reduzir
    significativamente os danos
Cenoura ou chicote?
   Poderão apenas as leis do mercado serem
    bem sucedidas na implementação de uma
    estratégia de mitigação ou a política da
    coacção é a única opção?
Chicote…
   Desencorajar ou proibir o
    desenvolvimento em áreas de risco
   Implementação, com fiscalização
    rigorosa, dos códigos de construção
   Desenvolver novos códigos de
    construção para outros tipos de risco
Cenoura…
   Para o mercado funcionar tem de haver
    procura para o produto
   Os pressupostos assumidos para a
    mitigação é que existe uma procura
    muito reduzida de medidas de mitigação
   Sem procura, confiar “apenas” nas
    soluções do mercado é (ainda) utópico.
Objectivos da mitigação
            Redução da probabilidade
                Possível para a generalidade dos riscos de
                 origem antropogénica
                Aplicação limitada em riscos de origem
                 natural (cheias,…)
            Redução das consequências
                Possível para riscos de todos os tipos de
                 origem

San Bruno (Califórnia). Setembro 2010
Tipos de mitigação
            Estrutural
                Envolve a implementação de medidas de
                 engenharia ou de outras alterações com
                 vista à redução da probabilidade ou
                 consequências
            Não estrutural
                Envolve modificações no comportamento
                 humano ou processos sem recurso a
                 medidas de engenharia
San Bruno (Califórnia). Setembro 2010
Mitigação estrutural
       Construção resistente
           A melhor forma de assegurar que uma estrutura
            irá resistir aos esforços infligidos pelos riscos é
            projectá-la com esse fim
           Nem sempre os projectos têm de ser muito
            elaborados…




Construção acima dos níveis e cheia anuais.
Província de Guayas, Equador
Mitigação estrutural
   Códigos de construção
       Forma de as autoridades assegurarem que as
        populações aplicam princípios mínimos de
        construção resistente
       Exemplos:
            Acelerações laterais e/ou verticais (sismos)
            Cargas laterais ou pressões verticais (tempestades,
             ciclones, ventos fortes)
            Isolamento térmico (incêndios estruturais e/ou florestais)
            Cargas nas coberturas (nevões, queda de granizo e/ou
             cinzas)
            Pressão hidrológica (cheias, inundações)
Mitigação estrutural
   Códigos de construção (contras…)
       Qualquer acréscimo da resistência da construção
        traduz-se num aumento dos custos
       Redução das margens de lucro dos promotores
       Obriga ao acréscimo dos custos de verificação/
        inspecção de conformidade
       Muito dependente da qualificação dos técnicos e
        inspectores
Mitigação estrutural
   Relocalização
       Dos receptores do risco
       Do risco
       Nem sempre é possível (exemplo: património
        cultural)
       Exemplos
            Deslocalização (90m) do templo Abu Simbel (Egipto)
             antes do enchimento da barragem de Assuão
            Aldeia da Luz
            Alemanha
            Cidade de Valdez (Alasca). Deslocada cerca de 6km por
             estar construída sobre solos instáveis
Mitigação estrutural
   Modificação estrutural
       Alterações em estruturas localizadas em áreas de risco de
        modo a que possam resistir aos esforços previstos




                      Silo automóvel reforçado estruturalmente.
                      Cidade do México
Mitigação estrutural
   Construção de abrigos comunitários
       Para protecção de vidas contra as consequências dos riscos
       Utilizáveis quando for improvável ou irrealista admitir que os
        membros de uma comunidade se possam proteger por si mesmos
        nas suas casas ou em outros locais
       Implica um sistema de aviso antecipado e a educação das
        populações




                               Abrigo comunitário contra furacões. Baldwin
                               County. Alabama. EUA
Mitigação estrutural
             Construção de barreiras e sistemas de
              deflecção ou retenção
                 Barreiras – têm por função absorver a energia do impacto

Barreiras do sistema de protecção contra   Novas barreiras do sistema de protecção
cheias do Rio Tamisa. Londres. Reino       contra cheias em New Orleans. EUA
Unido
Mitigação estrutural
   Construção de barreiras e sistemas de
    deflecção ou retenção
      Barreiras – Aplicações

          Paredões
          Portões/Eclusas
          Espaços defensivos (contra incêndios florestais)
          Protecção contra deslizamento de massas
          Isolamento e contenção (bacias de retenção em armazenagem)
Mitigação estrutural
   Construção de barreiras e sistemas de
    deflecção ou retenção
      Sistemas de deflecção – projectados para desviar

       a acção física do risco de modo a evitar que as
       estruturas situadas no caminho inicial sofram dano
      Exemplos

           Desvios de avalanches
           Canais / caminhos de escape
Mitigação estrutural
   Deflecção - Exemplos



                           Canal de escoamento no Lago Hayes,
                           Roseau River (Minnesota), EUA
Mitigação estrutural
   Construção de barreiras e sistemas de
    deflecção ou retenção
      Retenção – Projectados para conter o risco

       prevenindo a libertação de energia
      Exemplos:

           Barragens
           Estabilização de vertentes
Mitigação estrutural
   Retenção - Exemplos




                     Trabalhos de estabilização da vertente Sul
                     da Serra da Arrábida (EN 379-1)
Mitigação estrutural
   Modificação física
       Alteração do “paisagem” de modo a reduzir a probabilidade
        ou as consequências dos riscos
       Exemplos
            Regularização de vertentes
            Drenagem de vertentes
            Construção de patamares em vertentes
            Ancoramentos e reforços
            Remoção/substituição de solos
            Posse de áreas alagáveis
            Dragagem, limpeza e regularização de leitos
Mitigação não estrutural
   Medidas regulatórias
       Ordenamento do território; distâncias de segurança; áreas
        de protecção; avaliação de compatibilidade de localização;
        licenciamento; regulação de consumo de recursos naturais;
        regulamentação da protecção ambiental
   Programas de sensibilização educação das
    comunidades
       Educação pública (sensibilização para os riscos,
        comportamentos, avisos); sistemas de aviso; mapeamento
        dos riscos
San Bruno (Califórnia). Setembro 2010
Mitigação não estrutural
   Modificações físicas não estruturais
       Fixação de mobiliário, quadros e outros acessórios; remoção
        ou fixação de “projécteis”;
   Controlo ambiental
       Demolições controladas; explosões controladas (redução do
        risco sísmico e de avalanches); queimadas controladas;
        gestão da floresta; substituição de solos; controlo de
        vectores
   Alteração de comportamentos
       Racionamento de recursos; boas práticas ambientais;
        incentivos fiscais e outras recompensas para práticas
        seguras
Um (mau) exemplo de controlo
de vectores
Quando a mitigação falha

    San Bruno, Califórnia, 2010
        Kobe, Japão, 1995
         Bam, Irão, 2003
Bam (Irão) – 2003
6,6 Richter
Kobe (Japão) - 1995
7,2 Richter
Conclusão
   Não é possível prevenir uma catástrofe
    natural mas é possível mitigá-la e planear a
    sua resposta
   Acidentes graves de origem tecnológica são
    parcialmente preveníveis e é igualmente
    possível a sua mitigação e planeamento para
    a resposta
Conclusão
   A teoria por detrás da mitigação de riscos é
    simples:


Através do investimento de tempo, recursos
financeiros e planeamento antes da materialização
de um risco podem obter-se ganhos consideráveis
na redução do impacto dos riscos que,
inevitavelmente, irão ocorrer.
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Mitigação de Riscos em Cidades Resilientes

  • 1. WORKSHOP: CIDADES RESILIENTES Mitigação – Medidas para a Atenuação de Eventos Mário Macedo – Setembro 2010
  • 2. O risco é real… Fuga de ácido. China. 18SET2010
  • 3.
  • 4.
  • 5. O ciclo do “desastre” Recuperação Mitigação Resposta Preparação
  • 6. Mitigação – Definições  NFPA 1600:2007  Actividades adoptadas para reduzir a severidade ou consequências de uma emergência  Michael Wallace & Lawrence Webber in The Disaster Recovery Handbook  Algo que se faz para reduzir a probabilidade de ocorrência ou a dimensão do dano provocado por um evento que não possa ser evitado
  • 7. Mitigação – Definições - #2  Damon Coppola in Introduction to Internacional Disaster Management  Qualquer esforço sustentado com o objectivo de reduzir a probabilidade e/ou as consequências de um risco
  • 8. Em qualquer dos casos…  A mitigação, que alguns autores referem como prevenção ou redução do risco, é frequentemente considerada como a pedra angular da gestão da emergência (FEMA 2005)  Enquanto os restantes três componentes do ciclo da gestão da emergência são aplicados quer na reacção a eventos ou na antecipação das suas consequências, as medidas de mitigação têm por objectivo reduzir a probabilidade ou as consequências de um evento antes da sua ocorrência
  • 9. Porquê mitigar?  A construção de habitação e outros equipamentos em áreas ameaçadas tem aumentado  Eventos de pequena/média dimensão (uma tempestade, por exemplo) podem provocar danos consideráveis  A engenharia possui capacidade para, através de medidas pouco dispendiosas, reduzir significativamente os danos
  • 10. Cenoura ou chicote?  Poderão apenas as leis do mercado serem bem sucedidas na implementação de uma estratégia de mitigação ou a política da coacção é a única opção?
  • 11. Chicote…  Desencorajar ou proibir o desenvolvimento em áreas de risco  Implementação, com fiscalização rigorosa, dos códigos de construção  Desenvolver novos códigos de construção para outros tipos de risco
  • 12. Cenoura…  Para o mercado funcionar tem de haver procura para o produto  Os pressupostos assumidos para a mitigação é que existe uma procura muito reduzida de medidas de mitigação  Sem procura, confiar “apenas” nas soluções do mercado é (ainda) utópico.
  • 13. Objectivos da mitigação  Redução da probabilidade  Possível para a generalidade dos riscos de origem antropogénica  Aplicação limitada em riscos de origem natural (cheias,…)  Redução das consequências  Possível para riscos de todos os tipos de origem San Bruno (Califórnia). Setembro 2010
  • 14. Tipos de mitigação  Estrutural  Envolve a implementação de medidas de engenharia ou de outras alterações com vista à redução da probabilidade ou consequências  Não estrutural  Envolve modificações no comportamento humano ou processos sem recurso a medidas de engenharia San Bruno (Califórnia). Setembro 2010
  • 15. Mitigação estrutural  Construção resistente  A melhor forma de assegurar que uma estrutura irá resistir aos esforços infligidos pelos riscos é projectá-la com esse fim  Nem sempre os projectos têm de ser muito elaborados… Construção acima dos níveis e cheia anuais. Província de Guayas, Equador
  • 16. Mitigação estrutural  Códigos de construção  Forma de as autoridades assegurarem que as populações aplicam princípios mínimos de construção resistente  Exemplos:  Acelerações laterais e/ou verticais (sismos)  Cargas laterais ou pressões verticais (tempestades, ciclones, ventos fortes)  Isolamento térmico (incêndios estruturais e/ou florestais)  Cargas nas coberturas (nevões, queda de granizo e/ou cinzas)  Pressão hidrológica (cheias, inundações)
  • 17. Mitigação estrutural  Códigos de construção (contras…)  Qualquer acréscimo da resistência da construção traduz-se num aumento dos custos  Redução das margens de lucro dos promotores  Obriga ao acréscimo dos custos de verificação/ inspecção de conformidade  Muito dependente da qualificação dos técnicos e inspectores
  • 18. Mitigação estrutural  Relocalização  Dos receptores do risco  Do risco  Nem sempre é possível (exemplo: património cultural)  Exemplos  Deslocalização (90m) do templo Abu Simbel (Egipto) antes do enchimento da barragem de Assuão  Aldeia da Luz  Alemanha  Cidade de Valdez (Alasca). Deslocada cerca de 6km por estar construída sobre solos instáveis
  • 19. Mitigação estrutural  Modificação estrutural  Alterações em estruturas localizadas em áreas de risco de modo a que possam resistir aos esforços previstos Silo automóvel reforçado estruturalmente. Cidade do México
  • 20. Mitigação estrutural  Construção de abrigos comunitários  Para protecção de vidas contra as consequências dos riscos  Utilizáveis quando for improvável ou irrealista admitir que os membros de uma comunidade se possam proteger por si mesmos nas suas casas ou em outros locais  Implica um sistema de aviso antecipado e a educação das populações Abrigo comunitário contra furacões. Baldwin County. Alabama. EUA
  • 21. Mitigação estrutural  Construção de barreiras e sistemas de deflecção ou retenção  Barreiras – têm por função absorver a energia do impacto Barreiras do sistema de protecção contra Novas barreiras do sistema de protecção cheias do Rio Tamisa. Londres. Reino contra cheias em New Orleans. EUA Unido
  • 22. Mitigação estrutural  Construção de barreiras e sistemas de deflecção ou retenção  Barreiras – Aplicações  Paredões  Portões/Eclusas  Espaços defensivos (contra incêndios florestais)  Protecção contra deslizamento de massas  Isolamento e contenção (bacias de retenção em armazenagem)
  • 23. Mitigação estrutural  Construção de barreiras e sistemas de deflecção ou retenção  Sistemas de deflecção – projectados para desviar a acção física do risco de modo a evitar que as estruturas situadas no caminho inicial sofram dano  Exemplos  Desvios de avalanches  Canais / caminhos de escape
  • 24. Mitigação estrutural  Deflecção - Exemplos Canal de escoamento no Lago Hayes, Roseau River (Minnesota), EUA
  • 25. Mitigação estrutural  Construção de barreiras e sistemas de deflecção ou retenção  Retenção – Projectados para conter o risco prevenindo a libertação de energia  Exemplos:  Barragens  Estabilização de vertentes
  • 26. Mitigação estrutural  Retenção - Exemplos Trabalhos de estabilização da vertente Sul da Serra da Arrábida (EN 379-1)
  • 27. Mitigação estrutural  Modificação física  Alteração do “paisagem” de modo a reduzir a probabilidade ou as consequências dos riscos  Exemplos  Regularização de vertentes  Drenagem de vertentes  Construção de patamares em vertentes  Ancoramentos e reforços  Remoção/substituição de solos  Posse de áreas alagáveis  Dragagem, limpeza e regularização de leitos
  • 28. Mitigação não estrutural  Medidas regulatórias  Ordenamento do território; distâncias de segurança; áreas de protecção; avaliação de compatibilidade de localização; licenciamento; regulação de consumo de recursos naturais; regulamentação da protecção ambiental  Programas de sensibilização educação das comunidades  Educação pública (sensibilização para os riscos, comportamentos, avisos); sistemas de aviso; mapeamento dos riscos
  • 29. San Bruno (Califórnia). Setembro 2010
  • 30. Mitigação não estrutural  Modificações físicas não estruturais  Fixação de mobiliário, quadros e outros acessórios; remoção ou fixação de “projécteis”;  Controlo ambiental  Demolições controladas; explosões controladas (redução do risco sísmico e de avalanches); queimadas controladas; gestão da floresta; substituição de solos; controlo de vectores  Alteração de comportamentos  Racionamento de recursos; boas práticas ambientais; incentivos fiscais e outras recompensas para práticas seguras
  • 31. Um (mau) exemplo de controlo de vectores
  • 32. Quando a mitigação falha San Bruno, Califórnia, 2010 Kobe, Japão, 1995 Bam, Irão, 2003
  • 33.
  • 34.
  • 35.
  • 36. Bam (Irão) – 2003 6,6 Richter
  • 37.
  • 38. Kobe (Japão) - 1995 7,2 Richter
  • 39.
  • 40. Conclusão  Não é possível prevenir uma catástrofe natural mas é possível mitigá-la e planear a sua resposta  Acidentes graves de origem tecnológica são parcialmente preveníveis e é igualmente possível a sua mitigação e planeamento para a resposta
  • 41. Conclusão  A teoria por detrás da mitigação de riscos é simples: Através do investimento de tempo, recursos financeiros e planeamento antes da materialização de um risco podem obter-se ganhos consideráveis na redução do impacto dos riscos que, inevitavelmente, irão ocorrer.